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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE DIREITO
2o ANO – LABORAL

Direito Internacional Público

Tema: “Caso Lotus”

GRUPO 14

Discentes:
Machaieie, Márcia

Machava, Alfredo Boavida

Ndima, Ananias Daniel

Saíde, Euclivan Omar Ismael Omar

Sambo, Alfredo Armando – Chefe do Grupo

Zacarias, Anísio Dos Santos

Docentes:
Me. Ângelo Matusse - Regente

Me. Farida Mamad - Assistente

Me. Ivan Caetano - Assistente

Maputo, Maio, 2015

Introdução
O presente trabalho versa sobre o “Caso Lotus”.

Os Métodos utilizados ao longo da elaboração do mesmo são os da Pesquisa


Bibliográfical1, onde foram utilizadas diversos manuais de Direito Internacional
Público, bem como o da Pesquisa Documental2, recorrendo-se a principal legislação
sobre as fontes do Direito Internacional e do Direito do Mar. Para além dos manuais e
das convenções recorreu-se à sítios da internet melhor especificados nas referências
bibliográficas.

Os Objectivos da realização deste trabalho são:

a) Objectivos gerais – Versar sobre o “Caso Lotus” numa perpectiva da matéria


sobre as fontes do Direito Internacional Público.
b) Objectivos específicos – Analisar este mesmo caso no âmbito da
responsabilidade internacional dos Estados.

O trabalho aborda dois principais Problemas:

1º Qual a relevância do caso no que diz respeito às fontes do DIPu3?

2º Poderá/poderia ou não a França ser responsabilizada internacionalmente?

O Desenvolvimento será apresentado de forma resumida e iniciará com uma


recapitulação daquilo que foi o “Caso Lotus” em concreto e de seguida o modo como
este actua nas matérias leccionadas na disciplina de Direito Internacional Público,
respeitando a seguinte estrutura:

Após o desenvolvimento, vem a Conclusão onde se encontra basicamente aquilo que é


o posicionamento do grupo relativamente ao caso.

Por fim um anexo, contendo Bibliografia utilizada ao longo da realização do presente


trabalho, e como já é de se esperar um Relatório destacando-se a participação
individual de cada membro do grupo.

1
método em que se realiza um trabalho de investigação científica com base em manuais.
2
método em que se realiza um trabalho de investigação científica com base em documentos.
3
Direito Inernacional Público

“Caso Lotus”
Historial
O “Caso Lotus”, vulgarmente chamado assim, é um sinistro que ocorreu no alto mar
entre um navio francês e outro turco no ano de 1926. É um caso que relativamente ao
DIPu é muito iportante porque pode ser visto em duas perspectivas:

- A do costume internacional como fonte de DIPu; e

- A da responsabilidade internacional dos Estados.

Partes envolvidas no caso


As partes envolvidas no caso são o Estado Francês e o Estado Turco, ou seja, França e
Turquia.

Problema do caso
Conflito de fixação de jurisdição para a fixação de julgamento de um facto ocorrido no
alto mar, caso que envolve os dois Estados acima referidos.
Em face disto os franceses não admitiam que a Turquia tivesse a legitimidade de julgar
o caso alegando que este tenha ocorrido no alto mar e não em território turco, pois seria
a extensão do território deste último.

Argumentos das partes


A França alegava que a nacionalidade da vítima não seria suficiente para fixar o regime
de competência de julgar. Insistia que o direito internacional reconhecia jurisdição
exclusiva do Estado cuja bandeira se navegasse. Os franceses entendiam que o princípio
da bandeira se aplicava, especialmente, nos casos de colisão em alto-mar (Invocando
assim um costume internacional).

A Turquia argumentava ter agido em conformidade com o direito internacional, e com


seus princípios, como os praticados pelas nações civilizadas. Aplicou o art. 6º do seu
código penal que reproduzia literalmente a solução dada pelo código penal italiano.
Navios que transitavam em alto mar seriam extensões do território sob cujas bandeiras
se matriculavam. E, em alto-mar, ocorreu sinistro envolvendo navio turco, e que
redundou na morte de marinheiros da Turquia. Ter-se-ia conexão penal, que afastaria a
competência da França, dado que o resultado do crime ocorrera na embarcação turca,
ainda que tudo tivesse se passado em alto-mar. Além disso, prosseguiam os turcos,
ainda que a questão fosse avaliada apenas pelo ângulo da colisão que houve, nenhum
princípio de direito internacional afastaria, explicitamente, a competência da Turquia
para julgar a questão.

Os franceses insistiam que a competência para o julgamento do tenente Demons era da


justiça francesa, e de nenhuma outra. Princípios de direito internacional, aos quais se
referia o artigo 15 do Tratado de Lausanne, de 24 de Julho de 1923, no que diz
respeito a jurisdição fixada por razões de residência ou de negócio
que, consequentemente não há que se julgar eventual reparação pecuniária
supostamente devida ao tenente Demons se Turquia processando-o como acima
indicado, não agiu contrariamente aos princípios de direito internacional.

O governo turco contestou a pretensão francesa de modo minimalista. Apenas pediu que
os juízes confirmassem o julgamento já realizado pela justiça turca. Centraram
primeiramente a argumentação na prestabilidade do julgamento já feito. Não tocaram no
problema da fixação da competência, que seria efectivamente preliminar no deslinde da
questão.

À França foi concedido o direito de réplica. Argumentaram que o Tratado de Lausanne,


ao invocar princípio de direito internacional, não permitiria que a justiça turca
processasse cidadão francês, por crime que não fora cometido no território turco. De
acordo com o direito internacional, como praticado pelas nações civilizadas (na dicção
do advogado francês), a um Estado não se permitiria que estendesse sua jurisdição
criminal, de modo a julgar crime cometido por estrangeiro, fora do território de sua
jurisdição, somente pelo facto de que nacional seu fora vítima, a menos que houvesse
acordo explícito nesse sentido. Além do que, se evidenciava dano moral sofrido pelo
tenente Demons, a par de dano material, resultante do pagamento da fiança. A

França pediu que o tenente Demons fosse indemnizado no valor de 6.000 libras turcas.
Por isso, além de competente para apreciar a matéria, ainda que o réu fosse cidadão
francês, a Turquia insistia que não era obrigada a indemnizar o tenente, que teria sido
moralmente ofendido.

Tribunal/ forum
É importante referir que este caso teve duas apreciações, isto é, foi julgado em dois
tribunais:
 Primeiro foi no tribunal turco, onde o tenente Demons foi condenado a 80 dias
de prisão e ao pagamento de uma multa de 22 libras turcas. Porém o Governo
frances não aceitava, a prisão do tenente Demons, pois não admitiam que a
Turquia tivesse competência para julgar o caso, dado que o sinistro teria se
ocorrido em alto-mar, sem ter sido informada ao Governo francês muito menos
o Consulado da Franca na Turquia.

 Em segundo lugar a França entendendo que a Turquia não tem essa legitimidade
dado que não se tratava de um facto ocorrido no seu território e nem
no território de qualquer Estado, havia necessidade de ser julgado pelo tribunal
internacional razão pela qual o caso foi submetido para a sua apreciação pelo
Tribunal Internacional de Justiça.

Decisão
O Tribunal Internacional entendia que não havia necessidade de se considerar pertinente
a discussão, no sentido de que um Estado não poderia julgar e punir delidos cometidos
fora de seu território, apenas em função da nacionalidade da vítima. Para o
Tribunal, se um ilícito é cometido, o Estado pode exigir reparação e implementar a
exigência. Neste contexto, tal espaço deve ser preenchido por meio da criação de
regras, pelas quais sejam fixadas orientações.
É que leis universais, relativas à codificação do direito internacional, alcançariam
solução; mas tais leis não existiam ou sequer existem, pelo que necessário que costumes
regulassem a matéria. No entender do Tribunal, a Turquia não agira de acordo com o
direito internacional, mas também não poderia ser reputada como agressiva, do ponto de
vista moral.

Relevância do Costume para o “Caso Lotus”


Até o fim do século XIX, o DIPu foi essencialmente um Direito costumeiro, com
número reduzido de tratados. As normas costumeiras eram reconhecidas como
obrigatórias, estando os Estados convencidos de sua justiça e necessidade.

A norma jurídica costumeira, nos termos do artigo 38, do Estatuto do Tribunal


Internacional de Justiça, resulta de "uma prática geral aceite como sendo fonte do
DIPu".

A França alegando que a nacionalidade da vítima não seria suficiente para fixar o
regime de competência de julgar. Insistia que o direito internacional reconhecia
jurisdição exclusiva do Estado cuja bandeira se navegasse. Os franceses entendiam que
o princípio da bandeira se aplicava, especialmente, nos casos de colisão em alto-mar,
invocava deste modo um costume internacional.
Não teve sucesso

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