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Para as vigas hiperestáticas, as incógnitas (reações) são em número superior as três equações de
equilíbrio da estática, sendo necessários então novos métodos para determinação dos seus esforços.
Foram criados então vários métodos para o cálculo das reações de apoio e dos momentos fletores nos
vãos. Uma vez conseguidos estes valores, pode-se calcular os momentos fletores e forças cortantes nos
demais pontos da viga e consequentemente desenhar os diagramas.
Nesse modelo as incógnitas hiperestáticas a serem determinadas serão os momentos atuantes nas
seções transversais situadas sobre os apoios internos, uma vez que os apoios externos serão nulos ou
facilmente identificáveis caso exista algum balanço nas extremidades.
O método calcula os momentos fletores em 3 apoios (Xn-1, Xn e Xn+1) sequenciais de uma viga, a
partir dos quais pode-se calcular os esforços atuantes (cortante e momentos fletores), em qualquer seção.
Para iniciarmos a aplicação do método, vamos escolher, uma viga contínua sujeita a um
carregamento qualquer e destacar apenas dois vãos ( e ) e de três apoios (n-1, n e n+1) dessa viga,
conforme ilustra a Figura 1.
A Equação dos 3 Momentos apresentada abaixo é válida para uma viga com momento de inércia
constante no vão e de vão para vão.
Onde:
carregamentos para as rotações nos apoios ocasionadas, oriundas dos momentos fletores nos vãos. Essas
constantes (fatores de carga) podem ser obtidas através de alguns métodos (Integração Direta e Teorema
de Castigliano). No entanto, para simplificação do assunto, apresenta-se na Tabela 1 os valores dos fatores
É oportuno ressaltar que é válido o princípio da superposição dos efeitos dessas ações para o
cálculo dos fatores de carga, ou seja, quando houver mais de uma carga atuando em um mesmo vão, os
fatores de carga finais são dados pela soma dos fatores de carga de cada uma das cargas.
q.l 3 q.l 3
24 24
M( l 2 - 3.a2 ) -
M( l 2 - 3.b 2 )
6l 6l
P.a.b P.a.b
.(b + l ) .(a + l )
6l 6l
q.l 3 7.q.l 3
45 360
7.q.l 3 q.l 3
360 45
Observação
O índice "1", nas fórmulas de fatores de carga, indica apoio da esquerda e o índice "2" indica apoio da direita. Adotar sempre este
procedimento, independente de qual trecho da viga esteja sendo tratado.
(a)
(b)
X 0 q X 1 X 2 X 3 X 4
l 1 l 2 l 3 l 4
1ª aplicação X 0 X 1 X 2
conhecido
2ª aplicação X 1 X 2 X 3
3ª aplicação X 2 X 3 X 4
conhecido
(c)
Figura 2. Viga contínua com a) dois vãos, b) três vãos e c) com quatro vãos.
Exemplo 1: Calcular e desenhar diagrama dos esforços seccionais de viga contínua ilustrada na Figura 3.
Dois vão → Uma aplicação. Para nomear vãos e apoios, sempre iniciar com n=1.
Vãos Apoios
n -1 = 0
n=1
n=1
n +1 = 2
n +1 = 2
Vão 1 Vão 2
As reações de apoio devem ser calculadas separadamente para cada vão. Além das cargas nos
vãos (distribuídas e/ou concentradas), devem-se aplicar também os momentos nos apoios do respectivo
vão. O sentido destes momentos (horário ou anti-horário) deve deformar o vão da mesma maneira que a
carga aplicada sobre ele.
⊕ ∑ M0 = 0
3,5 × 4 × 2 - (-8,44) - R1 × 4 = 0
R1 = 9,11kN
↑ ⊕∑V = 0
R 0 + 9,11 - 3,5 × 4 = 0
R 0 = 4,89 kN
Para vão 2:
ΣM1 = 0
10 . 2,00 + (-8,44) – R2 . 5,00 = 0
R2 = 2,31 kN
ΣV = 0
R1 + 2,31 – 10 = 0
R1 = 7,69 kN
OBSERVAÇÕES PERTINENTES:
• A reação no apoio 1 é igual a soma das reações do apoio 1 para os vãos 1 e 2 (Figura 9);
M0 = X0 = 0 M1 = X1 = - 8,44 kN.m
Seção A Seção 2
M2 = X2 = 0
Olhando as cargas à direita:
Convenção:
Com os valores dos momentos fletores nos vários pontos da viga, pode-se fazer o desenho do
diagrama.
i. Valores de momento fletor positivos, abaixo da linha de referência e negativos, acima desta
linha.
- se não houver carga entre estes dois pontos, a linha é reta e inclinada;
- se houver carga distribuída entre estes dois pontos, a linha é uma parábola do 2o grau. A
parábola do 2o grau necessita de três pontos para ser desenhada. No diagrama de
momentos fletores, dois dos pontos da parábola são os momentos fletores nos pontos
extremos. Há a necessidade então de um terceiro ponto. Este ponto é conseguido
“pendurando-se” (pendurar significa no mesmo sentido da carga) o valor de [(qx²)/8] (q:
valor da carga, x: distância entre os dois pontos) a partir da metade da reta que une os
pontos extremos. (obs.: o sentido da carga sempre empurra a “barriga” da parábola).
A B
q
(q.l ²)/8 M
B
M
A
Desenho Final:
Observação
O ponto sob o qual se "pendura" o valor qx2/8 não é necessariamente o ponto de máximo momento fletor.
3,5 kN/m 10 kN
1
0 2
1 2
4,0 m 2,0 m 3,0 m
7,89
4,89
+
DEC
2,31
-
9,11
8,44
- -
DMF
+
+ +
3,41
x = 1,41
6,93
25 kN/m
15 kN/m
0 2
1 1 2
3,0 m 4,0 m
Observação:
Nos apoios de extremidade o valor do momento será igual a 0 (zero) - se não houver balanço
Etapa 2: Aplicação da equação dos 3 momentos: como a viga tem 2 vãos, será necessária apenas 1
aplicação do método.
l1 . X 0 + 2( l1 + l 2 ) . X1 + l 2 . X 2 = - 6( µ 21 + µ 12 )
• CÁLCULO DOS FATORES DE CARGA (Figura 12) - Consultar Tabela 1. Cargas distribuídas.
ql 3 15 × 3 3 ql 3 25 × 4 3
µ 21 = = = 16,875 µ 22 = = = 66,67
24 24 24 24
2( l1 + l 2 ) . X1 = - 6( µ 21 + µ12 )
2 × (3,0 + 4,0) × X1 = - 6 × (16,875 + 66,67)
X1 = - 35,81 kN.m
As reações de apoio devem ser calculadas separadamente para cada vão. Além das cargas nos
vãos (distribuídas e/ou concentradas), devem-se aplicar também os momentos nos apoios do respectivo
vão (Figura 14 (a), (b) (c) e (d)). O sentido destes momentos (horário ou anti-horário) deve deformar o vão
da mesma maneira que a carga aplicada sobre ele.
Para vão 1:
⊕ ∑ M0 = 0
15 × 3 × 1,5 - (-35,81) - R 1 × 3 = 0
R 1 = 34,44 kN
↑ ⊕∑V = 0
R 0 + 34,44 - 15 × 3 = 0
R 0 = 10,56 kN
(a).
Para vão 2:
⊕ ∑ M1 = 0
25 × 4 × 2 + (-35,81) - R 2 × 4 = 0
R 2 = 41,05 kN
↑ ⊕∑V = 0
R1 + 41,05 - 25 × 4 = 0
R1 = 58,95 kN
(c).
(d).
Figura 14. Identificação dos carregamentos e momento (a), (b) no vão 1 e no vão 2 (c) e (d).
X1 = -35,81 kN
25 kN/m
15 kN/m
0 2
1 1 2
R 0 = 10,57 kN R1 = (34,44 + 58,95) = 93,39 kN R2 = 41,05 kN
3,0 m 4,0 m
58,95
10,57 +
+ -
DEC
- - +
34,43 41,05
41,05
- -
+ DMF
3,72 +
+
33,70
Vãos Apoios
n -1 = 0
n=1
n=1
n +1 = 2
n +1 = 2
Etapa 2: Aplicação da equação dos 3 momentos: como a viga tem 2 vãos, será necessária apenas 1
aplicação do método.
1º aplicação (vãos e ): Para primeira aplicação n = 1
l1 . X 0 + 2( l1 + l 2 ) . X1 + l 2 . X 2 = - 6( µ 21 + µ 12 )
Cálculo Cálculo
ql3
33 × 3,5
3
Pab 15 × 1,5 × 2,0
µ12 = = = 58,95 µ12 = (b + l ) = (2,0 + 3,5) = 11,79
24 24 6l 6 × 3,5
Pab 8 × 2,5 × 1,0
µ12 = (b + l ) = (1,0 + 3,5) = 4,29
6l 6 × 3,5
X1 = - 55,41 kN.m
0 2
1 1 2
R0 = 29,9 kN R1 = 144,54 kN R2 = 54,06 kN
84,44
34,94
29,9
19,94
+
DEC
13,06 -
20,1 21,06
30,1
54,06
60,1
55,41
DMF
+
12,25
22,35
34,13
37,56
40,15
Etapa 2: Aplicação da equação dos 3 momentos: como a viga tem 2 vãos, será necessária apenas 1
aplicação do método.
l1 . X 0 + 2( l1 + l 2 ) . X1 + l 2 . X 2 = - 6( µ 21 + µ 12 )
FATOR DE CARGA
Vão ❶
25 kN/m
µ1 µ2
1
1
5,0 m
Cálculo
q l 3 25 × 5 3
µ 21 = = = 130,2
24 24
Vão ❷
7 [kN]
2
µ1
1 2
2
2,0 m 2,5 m
Cálculo
ql 3 25 × 4,5 3
µ12 = = = 94,9
24 24
Pab 7 × 2,0 × 2,5
µ12 = .(b + l ) = .(2,5 + 4,5) = 9,07
6l 6 × 4,5
Cálculo
2( l 1 + l 2 ) . X1 = - 6( µ 21 + µ 12 )
2.(5,0 + 4,5) . X 1 = - 6(130,2 + 94,9 + 9,07
X 1 = - 73,9 kN.m
X0 = 0
Então: X1 = -73,9 kN.m
X2 = 0
Conclusão
A partir daí pode ser feito o cálculo das reações de apoio e dos valores dos momentos fletores nos
pontos necessários para possibilitar o desenho dos diagramas.
Exemplo 5: Calcular e desenhar diagrama dos esforços seccionais de viga contínua ilustrada na Figura 20.
Etapa 2: Aplicação da equação dos 3 momentos: como a viga tem 3 vãos, serão necessárias 2 aplicações
do método.
l1 . X 0 + 2( l1 + l 2 ) . X1 + l 2 . X 2 = - 6( µ 21 + µ 12 )
2º aplicação (vãos ❷ e ❸): Para a segunda aplicação n = 2
l 2 . X1 + 2( l 2 + l 3 ) . X 2 + l 3 . X 3 = - 6( µ 22 + µ 13 )
Cálculo
ql 3 2 × 4,5 3
µ 21 = = = 7,59
24 24
FATOR DE CARGA
Cálculo
Pab 8 ×1,5 × 2
µ 21 = (b + l ) = (2 + 3,5) = 6,29
6l 6 × 3,5
Pab 8 ×1,5 × 2
µ 22 = (a + l ) = (1,5 + 3,5) = 5,71
6l 6 × 3,5
Cálculo
µ 31 = 0
Observação
Cálculo dos fatores de carga em um determinado vão:
se não houver carga neste vão o fator de carga é igual a zero.
se houver mais de uma carga neste vão o fator de carga final é igual a soma dos fatores de carga
das cargas atuantes.
2( l1 + l 2 ) . X1 + l 2 . X 2 = - 6( µ 21 + µ 12 )
16 . X 1 + 3,5 . X 2 = - 83,28)
3,5.X1 + 15 . X2 = - 1,74
X0 = 0
X1 = -5,51 kN.m
Então:
X2 = 1,40 kN.m
X3 = -9,00 kN.m
Conclusão
A partir daí pode ser feito o cálculo das reações de apoio e dos valores dos momentos fletores nos pontos
necessários para possibilitar o desenho dos diagramas.
Exemplo 6: Calcular e desenhar diagrama dos esforços seccionais de viga contínua ilustrada na Figura 21.
7 [kN/m] 4 [kN/m]
3 [kN/m] 2 [kN/m] 2 [kN/m]
1 2 3
2,0 m 2,0 m 1,0 m 3,0 m 1,0 m 2,0 m 2,0 m
Etapa 2: Aplicação da equação dos 3 momentos: como a viga tem 3 vãos, serão necessárias 2 aplicações
do método.
l1 . X 0 + 2( l1 + l 2 ) . X1 + l 2 . X 2 = - 6( µ 21 + µ 12 )
2º aplicação (vãos ❷e ❸): Para a segunda aplicação n = 2
l 2 . X1 + 2( l 2 + l 3 ) . X 2 + l 3 . X 3 = - 6( µ 22 + µ 13 )
q.[ l 4 - a 2 .(2.l - a) 2 - b 2 (2 l 2 - b 2 )]
µ12 =
24 l
2 × [3 4 - 0 2 × (2 × 3 - 0) 2 - 12 × (2 × 3 2 - 12 )]
µ12 = - 6( = 1,78
24 × 3
FATOR DE CARGA
q.l 3 7 × 3 3
µ12 = = = 7,875 (1a aplicação)
24 24
q.l 3 7 × 3 3
µ 22 = = = 7,875 (2 a aplicação)
24 24
Observação:
Cálculo dos fatores de carga em um determinado vão:
se não houver carga neste vão o fator de carga é igual a zero.
se houver mais de uma carga neste vão o fator de carga final é igual a soma dos fatores de carga
das cargas atuantes.
l1 . X 0 + 2( l1 + l 2 ) . X1 + l 2 . X 2 = - 6( µ 21 + µ 12 )
3.(-6) + 2(3 + 3) . X 1 + 3 . X 2 = - 6( µ 21 + µ 12 )
- 18 + 12 . X1 + 3 . X 2 = - 6(1,78 + 7,875)
- 18 + 12 . X1 + 3 . X 2 = - 57,93
12 . X1 + 3 . X 2 = - 39,93
3 . X1 + 12 . X 2 = - 56,61
X0 = - 6 kN,m
X1 = - 2,29 kN.m
Então:
X2 = - 4,14 kN.m
X3 = - 4 kN.m
Conclusão
A partir daí pode ser feito o cálculo das reações de apoio e dos valores dos momentos fletores nos pontos
necessários para possibilitar o desenho dos diagramas.
❶ Desenhar diagramas de Esforços Internos Solicitantes da Viga Hiperestática ilustrada na Figura 22.
Vão 1
M( l 2 - 3.b 2 )
- = 2,17
6l
VÃO 1
VÃO 2
ESFORÇO CORTANTE
VOa =0
VO
VOd =8,65
VA = 8,65 x 2,5 - 4x2,5x1,25 = 9,13
VB = -1,36
V2a = -1,36
V2
V2d = -1,36 + 1,36 = 0
MOMENTO FLETOR
MO =0
MA = 8,65X2,5 - 4x2,5X1,25 = 9,13
M1 = 8,65 x 4,5 – 4x2,5x3,25 - 7x2x1 = -7,58
MBa = 8,65x6,5 – 4x2,5x5,25 – 7x2x3 +13,99x2 = -10,30
MB
MBd = -10,30 + 13,0 = 2,71
M2 =0
Vão 1
Vão 2
VÃO 1
VÃO 2
ESFORÇO CORTANTE
VOa =0
VO
VOd =7,25
VAa == 7,25 – [(4+1,78)/2] x 2,5 = 0,03
VA
VAd = 0,03 – 10 = - 9,97
V1a = -9,97 – (2x1,78)/2 = -11,75
V1
V1d = -11,75 + 26,84 = 15,09
VBa = 15,09 – (2x2,5) = 10,09
VB
VBd = 10,09 – 13,0 = - 2,91
V2a = -2,91 – (2x2,5) = -7,91
V2
V2d = -7,91 + 7,91 = 0
MO =0
M2 =0
13 [kN] 7 [kN]
7,5 [kN/m]
0 2
1 1 2
2,5 m 2,5 m 1,0 m 2,5 m
Figura 24.
5 [kN/m]
4 [kN] 3 [kN]
0 1
2
1 2
4,0 m 2,0 m 2,0 m
Figura 25.
5,8 [kN]
4 [kN/m]
2,5 [kN] 3,75 [kN]
1 2
0 1 2
2,0 m 1,5 m 3,0 m 2,5 m 1,0 m
Figura 26.
7 [kN/m] 4 [kN/m]
3 [kN/m] 2 [kN/m] 2 [kN/m]
1 2 3
2,0 m 2,0 m 1,0 m 3,0 m 1,0 m 2,0 m 2,0 m
Figura 27.
0 2
1 1 2
2,0 m 2,0 m 2,0 m 2,0 m 2,0 m 2,0 m
Figura 28.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Anotações de Aula do Prof. Borja
http://www.lami.pucpr.br/cursos/estruturas
SILVA, L.F. Cálculo dos esforços internos e deflexões de vigas sobre base elástica não linear usando o
método da flexibilidade. Dissertação. Departamento de Engenharia Civil da Escola de Minas. UFOP.
Ouro Preto-MG, 2004.