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APOSTILA DE FISIOTERAPIA EM CTI

PROFESSOR GUILHERME ALVES

Prof: Guilherme Alves 1


Disciplina: Fisioterapia em CTI
INTRODUÇÃO:

A Fisioterapia Respiratória nos últimos anos tem se


mostrado cada vez mais eficiente na unidade de
tratamento intensivo, diminuindo o tempo de internação e
acelerando a recuperação do paciente crítico, eficiência
esta, produto do acompanhamento do avanço tecnológico
e continuo aprimoramento profissional.
As orientações contidas nesta apostila não tem a
pretensão de determinar, impor procedimentos ou
técnicas da Fisioterapia Respiratória desenvolvidas junto
ao paciente, mas sim proceder uma revisão e atualização
no que há de mais novo e está sendo feito atualmente no
mundo.

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Disciplina: Fisioterapia em CTI
AVALIAÇÃO FISIOTERÁPICA EM CTI:

É importante frisar que o paciente quando é admitido no CTI já tem um


prontuário e uma patologia pré-determinada sendo assim, possui uma
anamnese onde identifica a causa da internação no Nosocômio.

OBJETIVO.

O objetivo da avaliação no CTI é identificar a causa primária e a causa


secundária da internação no setor, para através destas informações
traçar um programa de tratamento fisioterapêutico baseado em
evidências clínicas.
A avaliação deve ser resumida, pois o prontuário do paciente é um
documento, onde todos os profissionais de saúde evoluem os
procedimentos realizados e não justificaria o Fisioterapeuta repetir na
sua evolução o que um outro profissional da equipe interdisciplinar já
tivesse descrito.

Exemplo de causas primárias e secundárias de internação no CTI:

* Paciente deu entrada com Insuficiência Respiratória + Pneumonia +


DPOC: causa primária: Insuficiência Respiratória com Pneumonia e
causa secundária: DPOC.

* Paciente deu entrada em pós-operatório de Transplante Hepático por


cirrose hepática: causa primária: Pós-operatório de Transplante
Hepático e causa secundária: Cirrose hepática.

* Paciente deu entrada com TCE e Coma por acidente automobilístico:


causa primária: Coma por TCE e causa secundária: inexistente.

Na avaliação fisioterápica em CTI alguns pontos serão importantes tais


como: 10 -Nível de consciência, 20 -Padrão respiratório, 30 -Ausculta
pulmonar, 40 –Teste manual muscular e teste manual muscular, 5 0 –
Programa de tratamento Fisioterapêutico.

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Disciplina: Fisioterapia em CTI
Exemplo de avaliação fisioterápica em CTI.

Paciente acordado, agitado, proferindo palavras desconexas, respirando


espontaneamente com predomínio abdominal apresentando assimetria
em htd.
AR-Murmúrio vesicular audível com diminuição em base do htd com
roncos difusos.
Sem apresentar déficit motor ou bloqueios articulares para todas as
articulações.
Conduta: 1- Nebulização com soro fisiológico a 0,9%.
2- Vibratoterapia
3- higiene brônquica
4- Reexpansão pulmonar
5- Cinesioterapia motora

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Escala de Coma de Glasgow

A escala de glasgow foi criada com o objetivo de avaliar o grau de


comprometimento neurológico de pacientes vitimas de TCE, porem ela é
usada em todos os pacientes que apresentem distúrbios neurológicos.
A quantificação da escala de glasgow é o resultado do somatório das
respostas obtidas pelo examinador, sendo o menor valor 3 e o maior
valor a ser obtido 15. Ela se baseia em função de pontos que serão
observados com relação à abertura ocular, melhor resposta verbal e
melhor resposta motora.
Na avaliação da escala de glasgow é importante frisar que quanto menor
o valor numérico, maior será o comprometimento neurológico e quanto
maior o valor numérico menor o comprometimento neurológico
caracterizando assim, um paciente que se encontra com valores < ou = a
8 esta em coma.

Tabela:
Espontânea 4
Ordem verbal 3
Abertura Ocular
Dor 2
Sem Resposta 1
Orientado 5
Confuso 4
Melhor resposta verbal Palavras inapropriadas 3
Sons 2
Sem resposta 1
Obedece a comandos 6
Localiza a dor 5
Flexão normal
4
(inespecífica)
Melhor resposta motora Flexão anormal
3
(decorticação)
Extensão à dor
2
(descerebração)
Sem resposta 1
Total (mínimo e máximo) 3 - 15

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Propriedades Elásticas do Pulmão

Características Torácicas e Dinâmicas da Ventilação

Durante a ventilação espontânea, ao comando neural deflagrador da


inspiração segue-se à contração muscular do diafragma, a expansão
torácica e o movimento de ar para o interior dos pulmões, em
decorrência da pressão negativa gerada no espaço pleural. O término da
inspiração corresponde ao relaxamento da musculatura respiratória,
ocorrendo à exalação dos gases através da força de retração elástica do
pulmão (componente elástico), até que reste apenas a capacidade
funcional residual pulmonar. Este processo, aparentemente simples, é
estritamente dependente da integridade anatomofuncional das
estruturas torácicas e pulmonares.

Tórax e Musculatura Respiratória

A cavidade torácica é formada por estruturas ósseas (coluna vertebral,


costela e esterno) e por diversos grupamentos musculares sendo
revestida internamente pela pleura parietal e externamente pelo
tegumento. O principal músculo respiratório é o diafragma.

Na inspiração fisiológica, a contração do diafragma aumenta as


dimensões verticais do tórax, enquanto que os músculos externos
deslocam as costelas no sentido anterior e superior, aumentando os
diâmetros Antero posterior e lateral do tórax.

O deslocamento das cúpulas diafragmáticas em torno de 1 a 5 cm são


capazes de gerar volumes correntes adequados às situações de repouso,
em torno de 5 a 7 ml por Kg. A excursão frênica pode atingir 7 a 8 cm,
na inspiração forçada, mobilizando volumes aéreos considerável e
superior.

Resistência Respiratória

Define-se resistência respiratória como o conjunto de forças opostas ao


fluxo aéreo, pode-se conceituar resistência como uma relação entre o
gradiente de pressão e o fluxo.

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Complacência Pulmonar

É o conjunto de forças que se opõem à distensão na fase inspiratória,


esta importante definição é uma relação existente entre a alteração do
volume gasoso pulmonar conseqüente a um determinado valor máximo
de variação na pressão das vias aéreas.

Elasticidade Pulmonar

Denomina-se elasticidade à propriedade de um determinado material


(Pulmão) retornar ao seu estado morfológico de repouso após ter sofrido
deformação causada por uma força externa.

FATORES QUE ALTERAM AS PROPRIEDADES ELÁSTICAS DO


PULMÃO:

Doenças restritivas: Enfisema pulmonar, Mucovicidose, Doenças


ocupacionais, Deformidades torácicas, Pneumotórax, Derrame pleural,
Hemotórax, Fraturas de costelas, Obesidade mórbida e Distensão
abdominal.

Doenças Obstrutivas: DBPOC (doença bronco pulmonar obstrutiva


crônica), Tumor de mediastino, Bronquiectasia, Pneumonia,
Broncoespasmo, Edema pulmonar, SARA, etc.

Hipoxemia e Hipercapnia

Hipoxemia é a diminuição da concentração de O 2 no sangue arterial


podendo levar a uma hipóxia tissular, que é um dos mais importantes
mecanismos fisiopatogênicos da lesão tissular no paciente grave. A
hipóxia celular produz várias lesões. Entre elas temos as alterações na
bomba de cálcio, aumento de radicais livres de oxigênio que lesam os
mecanismos metabólicos e destroem a parede celular.

Valor de normalidade da PaO2: 80 a 100 mmhg

Classificação da hipoxemia:

Leve: 79 a 70 mmhg

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Moderada: 69 a 60 mmhg
Severa: < 59 mmhg

Complicações da hipoxemia

Excitação
Alteração do comportamento
Insônia
Diminuição do QI
Cefaléia
Convulsão
Coma
Vasoconstrição periférica e aumento do débito cardíaco na fase inicial
Vasodilatação periférica e diminuição do débito cardíaco tardiamente
Cianose
Aumento da pressão arterial
Baqueteamento digital
Eritrocitose

Hipercapnia: É o aumento da concentração do CO2 no sangue arterial,


considerando que os valores normais da PaCO 2 estão em torno de 35 a
45 mmhg e valores abaixo dos níveis normais pode causar hipocapnia
causando a depressão do centro respiratório (alcalose respiratória); e
valores acima do normal pode causar hiperexcitabilidade do centro
respiratório (acidose respiratória), pelo acúmulo de CO2.
Obs: A hipercapnia permissiva é usada como estratégia ventilatória na
SARA, com o objetivo de aumentar o tempo inspiratório promovendo a
hiperinsuflção causando a retenção de CO2 podendo-se permitir até o
patamar de 120mmhg.

Complicações da hipercapnia:

Vasodilatação encefálica (edema cerebral)


Hipertensão endocraniana
Sonolência
Torpor
Coma
Vasoconstrição periférica e aumento do débito cardíaco
Aumento da pressão arterial
Aumento da pressão arterial pulmonar
Sudorese
Aumento das secreções gástricas e pulmonares

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Disciplina: Fisioterapia em CTI
Tratamento:
Desobstrução Brônquica
Ventilação Mecânica
Fisioterapia Respiratória

Toxicidade do oxigênio

O dano causado pela oxigenoterapia resulta na oxidação de pontes de


sulfidrilas, peroxidação de pontes duplas de lipídios e degradação de
neurotransmissores no cérebro. Mesmo que a administração de oxigênio
a 100% não seja acompanhada de manifestação clínica pulmonar
aparente, não significa que não estejam ocorrendo lesões tóxicas. A
oxigenoterapia a 100% por 3horas ou mais, diminui a depuração
produzida pelo movimento mucociliar.

A oxigenoterapia em concentrações iguais ou inferiores a 40% por tempo


prolongado (30 dias ou mais) não se acompanha de lesão pulmonar
clinicamente aparente.Quando se usa FiO2 acima de 70% e por tempo
superior a 48 – 72 horas, ocorrem lesões pulmonares observadas a
anatomopatologia mais mesmo antes deste período já existe lesão à
microscopia eletrônica.

Obs: O oxigênio passa a ser tóxico com FiO 2 a partir de 60% pelo
consenso de terapia intensiva (AMIB).

Efeitos tóxicos da oxigenoterapia

Pulmão:
Diminuição da complacência pulmonar e da capacidade vital
Atelectasia
Traqueobronquite
Pulmão de choque (SARA)

No SNC:

Convulsões (com FiO2 100% durante horas e em uso hiperbárico)


Vasoconstrição arteriolar cerebral
Vasoconstrição arteriolar retiniana

Outras complicações:

Vasodilatação conjuntival (conjuntivite)


Carbonarcose
Otalgia e dor nos seios da face
Hemólise
Renal (retenção hídrica)
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Tabela de FiO2 na Oxigenoterapia por Cateter Nasal

Fluxo em l por min FiO2 média (%) FiO2 esperada (%)


1 21 a 24 24
2 23 a 28 28
3 27 a 34 32
4 31 a 37 36
5–6 32 a 44 40 a 44
>8 40 a 60 > 48

A administração de oxigênio em concentrações mais altas é possível com


o uso de máscaras e tendas. Com máscaras abertas a FiO 2 pode-se
alcançar entre 50 e 60 % e as máscaras com reservatório, quando bem
ajustadas, podem chegar a valores altos de oxigênio como FiO 2 de 70%.
Máscaras que utilizam sistema Venturi, isto é, um alto fluxo gasoso com
enriquecimento de oxigênio, e que são providas de anéis que permitem
juntamente com o controle do fluxo de oxigênio, administrar FiO 2 de 24,
2 8, 35 ou 40 %.

Em pacientes portadores de Doenças Pulmonares Obstrutivas


Crônicas com insuficiência respiratória crônica agudizada,
geralmente por infecção broncopulmonar e insuficiência cardíaca,
nos obesos e nos previamente hipercápnicos, a administração de
oxigênio deve ser realizada com fluxos de 1 a 2 Litros por minuto, e
acompanhando-se o estado mental do paciente. Em presença de
depressão mental é importante determinar nova gasometria arterial
para verificar se houve elevação da PaCO2 e confirmar o diagnóstico
de carbonarcose. Nestes pacientes e em casos mais graves indica-se
a prótese ventilatória.

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Insuficiência Respiratória

Definição: É a incapacidade dos pulmões realizarem as trocas gasosas


para suprir as necessidades orgânicas metabólicas, a partir de uma
história clínica patológica de uma PaCO 2 > 50 mmhg e uma PaO 2 < 60
mmhg. A doença pode ser ou não primariamente dos pulmões. É possível
que um paciente portador de pneumopatia crônica e tendo concentrações
normais no sangue de oxigênio e gás carbônico, sob condições que este
novo acréscimo da demanda, como é freqüente em portadores de
pneumopatias obstrutiva crônica quando submetidos a atos cirúrgicos.
Arbitrariamente o reconhecimento da insuficiência respiratória aguda é
definida e baseada nas alterações da gasometria arterial, instaladas
agudamente, quando a pressão arterial parcial de oxigênio for igual ou
inferior a 60 mmhg e a pressão arterial parcial de gás carbônico for igual
ou superior a 50 mmhg.

OBS: Não há aceitação unânime destes critérios e podem ser aceitos


valores acima ou abaixo destes parâmetros.

Diagnóstico da Insuficiência Respiratória

•Critérios clínicos: Hipoxemia e Hipercapnia, critérios laboratoriais,


aumento do trabalho respiratório, sudorese, taquipnéia, batimento de
asa de nariz e respiração paradoxal.

Etiologia da Insuficiência Respiratória

LESÕES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL (SNC)

•Traumatismo Crânio Encefálico


•Acidente Vascular Cerebral (isquêmico e hemorrágico)
•Infecções: Meningo-encefalites, abscessos
•Intoxicações exógenas: opiáceos, barbitúricos, diazepínicos
•Hipertensão Endocraniana
•Tumores Benignos e Malignos
•Doenças Degenerativas: esclerose em placas

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LESÕES RAQUIMEDULARES

•Traumatismo Raquimedular (principalmente quando ao nível de C 3, em


virtude de serem acima da saída das raízes dos nervos frênicos)
•Infecções: viroses, bacterioses, mielite transversa, poliomielite.
•Tumores Benignos e Malignos
•Doenças Degenerativas

LESÕES NEURO-MUSCULARES

•Miopatias Degenerativas
•Miastenia Gravis
•S. Guillain Barré
•Botulismo, Tétano
•Intoxicação por organofosforados
•Curarização

LESÕES DA PAREDE TORÁCICA (NÃO NEURO-MUSCULARES)

•Malformações da caixa torácica (Cifoescoliose)


•Fraturas de múltiplas costelas, fratura esternal
•Pneumotórax
•Hidrotórax
•Hemotórax

OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS

•Traumatismo facial (com lesão nasal e oral) e do pescoço


•Tumores benignos e malignos: da faringe, da laringe e da traquéia
•Edema de laringe (infecções, trauma, edema de Quincke), laringo-
espasmo
•Fibrose e estenose traqueal ou laríngea pós intubação
•Compressão extrínseca da laringe e da traquéia
•Secreções retidas ou aspiradas
•Aspiração de corpo estranho

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•Bronquite aguda e crônica, enfisema pulmonar
•Asma severa
•Bronquiolite

LESÕES DO PARÊNQUIMA PULMONAR

•Qualquer doença com acometimento extenso dos pulmões


•Ressecções pulmonares
•Atelectasias
•Edema cardiogênico e não cardiogênico
•Inalação de gases e líquidos tóxicos
•Aspiração de vômitos
•Síndrome da membrana hialina
•SARA
•Pneumonias virais e bacterianas
•Fibroses intersticiais difusas (primárias e secundárias)
•Enfisema pulmonar

LESÕES DA VASCULARIZAÇÃO PULMONAR

•Doenças embólicas (coágulos, líquido amniótico, gordura...)


•Hipertensão pulmonar idiopática e secundária (Esquistossomose,
pneumopatias extensas, vasculites...)

Classificação:

Aguda, Crônica e Crônica Agudizada.

Aguda: É aquela em que a forma de instalação ocorre nas primeiras 24


horas por uma patologia aguda ou por depressão do centro respiratório.

Exemplo: Sedação, TRM, Pós-operatório imediato, Sara, etc.

Crônica: Ocorre quando já existe uma doença de base que se caracteriza


pelo aumento do trabalho respiratório e distúrbio de troca gasosa

Exemplo: DBPOC e Enfisema Pulmonar Avançado

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Crônica Agudizada: O ocorre quando a doença pré-existente evolui com
uma patologia de acometimento agudo (Pneumonia e Broncoespasmo)

Forma de Apresentação

Sem Fadiga ou tipo I (com diminuição da PaO2 sem alteração da PaCO2)


Com Fadiga ou tipo II (com diminuição da PaO2 e aumento da PaCO2)

Tratamento:

Sem Fadiga - Cpapterapia, Evitar a sedação, Fisioterapia respiratória e


tratar a causa básica.

Com Fadiga – Ventilação Mecânica de 24 a 48 horas, sedação,


curarização se necessário e tratar a causa básica.

VENTILAÇÃO MECÂNICA

Definição - Entende-se por ventilação mecânica, a substituição total ou


parcial da atividade ventilatória espontânea.

Indicação – Na insuficiência respiratória

Objetivo – Reverter a hipoxemia e a fadiga muscular; tratar a acidose


respiratória e aliviar o desconforto respiratório.

Complicações da Ventilação Mecânica

Na intubação traqueal

•Trauma •Condrite de orelha


•Lesões labiais •Paralisia das cordas vocais
•Dentárias •Intubação seletiva
•Nasais •Estenose e malácia
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•Amigdalianas •Extubação não programada

Nas Aspirações e Microaspirações


Infecciosas:

•Sinusite
•Traqueobronquite
•Pneumonia

Cardiovasculares

•↓ do volume sistólico (hipotensão arterial)


•↓ da volemia e edema (PEEP)
•Isquemia da mucosa brônquica
•Isquemia cerebral
•Embolia gasosa sistêmica e cerebral

Neurológicas

•↓ da pressão intracraniana e ↓ fluxo sangüíneo cerebral

Neuromusculares
•Polineuromiopatia (hipotrofia muscular)
•↓ da força de contração diafragmática
•Incoordenação muscular respiratória

Barotrauma e Volutrauma

•Enfisema intersticial pulmonar


•Pneumotórax unilateral e bilateral
•Pneumomediastino
•Pneumoperitônio
•Edema pulmonar (SDRA)

Benefícios da PEEP em diferentes condições

A pressão positiva no final da expiração (PEEP) tornou-se uma técnica


muito difundida no tratamento de pacientes com I. R. A, submetidos ou
não à ventilação mecânica.
A PEEP é usada como rotina em todos os pacientes ventilados
mecanicamente pós intubação orotraqueal ou em traqueostomia com o

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Disciplina: Fisioterapia em CTI
objetivo de impedir o colabamento alveolar, sua indicação esta
relacionada para o recrutamento das unidades alveolares que se
encontram fechadas ou na redistribuição de líquidos extravasculares
intra-alveolar com isso iremos obter com o uso da PEEP, aumento da
capacidade residual funcional, da complacência pulmonar e melhora na
troca gasosa, os valores a serem usados variam de acordo com a
indicação e podem variar de 3 a 5 cmH2O (Fisiológica) ou Recrutativas >
14 cmH2O.

Na SDRA e LPA

•Melhora a oxigenação
•↓ da lesão pulmonar causada pelo ventilador

Na DPOC

•↓ do trabalho ventilatório imposto pela PEEP intrínseca

Na Asma

•↓ da resistência das vias aéreas


•↓ do trabalho ventilatório imposto pela PEEP intrínseca

No Edema Agudo de Pulmão

•↓ do retorno venoso
•↓ da pressão transmural do VE
•↑ da pressão intra-alveolar

EFEITOS INDESEJAVEIS DA PEEP

•↓ do retorno venoso, podendo comprometer o débito cardíaco


•↓ da força dos músculos inspiratórios
•Risco de hiperinsuflação e barotrauma

CONTRA INDICAÇÕES

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Disciplina: Fisioterapia em CTI
•Hipertensão craniana
•Fistula broncopleural ativa
•Instabilidade hemodinâmica ou choque

MODALIDADES VENTILATÓRIAS

•Controlado ou Mandatório: Cada ciclo é disparado, ciclado e limitado


pelo ventilador mecânico sem que o paciente participe.

•Assistido: Disparado pelo paciente, ciclado e limitado pelo ventilador.

•Suportado (pressão de suporte): O paciente inicia e termina a fase


inspiratória e ventilador limita a pressão.

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Disciplina: Fisioterapia em CTI
•Espontâneo: Todo o ciclo respiratório é feito pelo paciente (a CPAP é um
modo espontâneo)

ESTRATÉGIAS VENTILATÓRIAS

Em Pneumopatas ou não Pneumopatas

Modo: Controlado
VC: 8 a 10 ml/Kg
Fr: < 22 ipm
Fluxo: decrescente entre 40 a 60 l/min
PEEP: 5 cmH2O
I/E: 1:2
FiO2: Iniciar com 100% e corrigir com a gasometria arterial

Na DPOC com fadiga muscular

Modo: Controlado por 48 horas


VC: 8 ml/Kg
Fr: < 12 ipm (propiciar tempo expiratório prolongado)
Fluxo: alto (entre 50 a 60 l/min)
PEEP: 85% da PEEP intrínseca
FiO2: Iniciar com 50%

Na Asma severa

Modo: Controlado por 48 horas


VC: 8 ml/Kg
Fr: <12 ipm (propiciar tempo expiratório prolongado)
Fluxo: acelerado > 60 l/min
PEEP: zero na fase inicial
FiO2: Iniciar com 50%

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Disciplina: Fisioterapia em CTI
Na hipertensão craniana

Modo: Controlado
VC: 8 a 10 ml/Kg
Fr: Capaz de manter uma PaCO2 em torno de 25 a 30 mmhg com o
objetivo de diminuir a pressão intracraniana
PEEP: < 5 para não diminuir o retorno venoso do sangue ao SNC
FiO2: de acordo com a gasometria

Na SARA

Modo: Controlado
VC: 4 a 7 ml/Kg
Fr: < 22 ipm
Platô: a 35 cmH2O
PEEP: Recrutativas (monitorizada)
FiO2: até 65%

DESMAME

Definições:

Desmame - Processo de transição da ventilação mecânica para a


ventilação espontânea.

Interrupção – Rápida transição à ventilação espontânea, com autonomia


ventilatória por 24 horas.

Desmame Gradual – Processo que envolve a instituição de intervenções


terapêuticas apropriadas (correção de impedimentos funcionais e
psicológicos) para reassumir a autonomia ventilatória.

Desmame Difícil: Planejamento apropriado para cuidados da retirada da


ventilação mecânica por período prolongado.

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Disciplina: Fisioterapia em CTI
Critério para se considerar o desmame:

• Controle da causa determinante


• Estabilidade hemodinâmica
• Temperatura corpórea < 380C
• Hemoglobina > 10 g %
• Ausência de perspectiva de cirurgias próximas

Prognóstico do desmame

• Freqüência respiratória < 35 ipm


• VC > 5 ml/Kg
• VM < 10 l/min
• CV > 15 ml/Kg ou 2 x o VC
• Pimáx > - 25 cmH2O
• Pemáx > + 25 cmH2O
• Tobin < 100 (índice preditivo de desmame fr/vc em litros)

Tipos de desmame

• Peça T
• SIMV + PSV
• PSV + PEEP
• CPAP + PEP

Treinamento Muscular Respiratório

Objetivo: Aumentar a coordenação e eficiência dos músculos


respiratórios.

Indicação: Desmame difícil.

Protocolo:
Carga – 40% da Pimáx
Freqüência – três vezes ao dia

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Disciplina: Fisioterapia em CTI
Duração – Iniciar com 5min e progredir até 20 min por sessão.

Obs: Pode ser usado EPAP ou threshold.

Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas (CPAP)

Consiste na aplicação terapêutica de uma pressão positiva expiratória


(PEP) em respiração espontânea, onde é mantido um elevado débito de
fluxo (Pressão) com uma mistura gasosa na fase inspiratória e níveis de
PEP na fase expiratória. Na CPAP, todo ciclo respiratório é realizado com
um sistema pressurizado positivo e constante.

Indicações Clínicas

• Profilaxia da I.R.A
• Hipoxemia (PaO2 < 60 mmhg)
• Dispnéia
• Shunt direito e esquerdo
• Hipoventilação alveolar
• Colapso alveolar
• Microatelectasias

Efeitos Fisiológicos da CPAP

• Diminuição gradual da freqüência respiratória


• Aumento da PaO2
• Aumento da SaO2
• Desaparecimento do Shunt direito ou esquerdo
• Aumento da Capacidade Residual Funcional (CRF)
• Aumento da complacência pulmonar
• Reabsorção da água extravascular pulmonar

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Disciplina: Fisioterapia em CTI
• Aumento da ventilação colateral

CONTRA INDICAÇÕES DA CPAP

• Enfisema pulmonar avançado


• Hipovolemia
• Hipotensão arterial
• Pneumotórax não drenado
• Cardiopatia severa
• Insuficiência renal

Pressão Positiva Bifásica nas Vias Aéreas (BIPAP)

Definição: É a combinação da respiração espontânea ciclada a tempo e


ventilação controlada a pressão.

Indicação: Distúrbios da mecânica ventilatória

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Disciplina: Fisioterapia em CTI
ALTERAÇÕES RESPIRATÓRIAS E EQUILÍBRO ÁCIDO-BÁSICO

As variações da PaCO2 alteram o equilíbrio ácido-básico. O gás


carbônico, sendo rapidamente difusível, produz alterações no pH
intracelular e extracelular.
Variações agudas da ventilação alveolar se refletem na hemogasometria
arterial. Entretanto o equilíbrio entre o sangue e a maioria dos tecidos
leva cerca de 16 minutos. Assim, na avaliação da ventilação alveolar,
quando se inicia a ventilação mecânica ou se modificam os parâmetros
do suporte ventilatório, a coleta de sangue para a hemogasometria
arterial deve ser feita após este tempo(entre 16 e 20 minutos).

A gasometria arterial é um método invasivo que tem o objetivo de avaliar


as trocas gasosas e as alterações metabólicas do organismo e deve-se
realizá-la rotineiramente a cada 12 horas ou a cada mudança nos
parâmetros ventilatórios.

Material Necessário

1- Seringa de 3 ml
2- Agulha descartável 30 x 8 ou 30 x 7
3- Algodão com álcool a 70%
4- Heparina sódica
5- Luva de procedimento
6- Gelo
7- Cuba rim

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Sítios de Punção e Ângulos de Penetração da Agulha

Artéria radial - 450

Artéria braquial - 900

Artéria femoral - 900

DISTÚRBIO RESPIRATÓRIO
Acidose Base Alcalose
↓ pH 7.35 a 7.45 ↑
N PaO2 80 a 100 mmhg N
↑ PaCO2 35 a 45 mmhg ↓
N EB -2 a +2 N
N HCO3 22 a 29 mEq/dl N
N SaO2 94 ± 4% N

Exemplo:
pH:7.22
PaO2: 85 mmhg
PaCO2: 58 mmhg
EB: - 1,5
HCO3: 25 mEq/dl
SaO2: 96 %
Acidose respiratória primária ou simples

pH:7.50
PaO2: 92 mmhg
PaCO2: 28 mmhg
EB: + 1,0
HCO3: 26 mEq/dl
SaO2: 93%
Alcalose respiratória primária ou simples

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Disciplina: Fisioterapia em CTI
DISTÚRBIO METABÓLICO
Acidose Base Alcalose
↓ pH 7.35 a 7.45 ↑
N PaO2 80 a 100 mmhg N
N PaCO2 35 a 45 mmhg N
↓ EB -2 a +2 ↑
↓ HCO3 22 a 29 mEq/dl ↑
N SaO2 94 ± 4% N

Exemplo:

pH:7.20
PaO2: 97 mmhg
PaCO2: 38 mmhg
EB: - 5,0
HCO3: 16 mEq/dl
SaO2: 93%
Acidose metabólica

pH:7.50
PaO2: 90 mmhg
PaCO2: 40 mmhg
EB: + 7,0

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Disciplina: Fisioterapia em CTI
HCO3: 36 mEq/dl
SaO2: 93%
Alcalose metabólica

BIBLIOGRAFIA:

AMARAL, Gomide do. Assistência Ventilatória Mecânica, 1a ed 1997


editora Atheneu
AZEREDO, CAC.Ventilação Mecânica (Invasiva e não Invasiva), 1a ed
1994 editora Revinter RJ.
DAVID,CMN.Ventilação Mecânica ( Da Fisiologia ao Consenso brasileiro)
1a ed 1996 editora Revinter RJ.
DAVID,CMN.Medicina Intensiva( Diagnóstico e Tratamento), 1a ed 1997
Editora Revinter RJ.

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Disciplina: Fisioterapia em CTI

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