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Insuficiência respiratória

HABILIDADES 2020
COMPONENTES DO SISTEMA RESPIRATÓRIO

BOMBA VENTILATÓRIA

Ventilação Difusão Transporte


Definição

A insuficiência respiratória aguda (IRespA) pode ser definida como uma incapacidade
do sistema respiratório em captar oxigênio (PO2) e/ou remover o gás carbônico (PCO2)
do sangue e dos tecidos do organismo. Trata-se de uma síndrome e não de uma
doença, sendo diversas as entidades clínicas que podem causar IRespA. Isso se deve a
própria complexidade do sistema respiratório e dos seus vários componentes.

• Pontos de corte na gasometria arterial para a caracterização da insuficiência


respiratória aguda, para um paciente respirando ar ambiente: FiO2 = 0,21

• PaO2 < 55 a 60 mmHg ou SpO2 < 90%, associado ou não á PaCO2 > 45 a 50
mmHg (exceto para pacientes retentores crônicos de gás carbônico.)

Insuficiência Respiratória Aguda: classificação, abordagem diagnóstica e terapêutica


Marcelo Alcântara Holanda
Classificação
Podemos classificar a Insuficiência Resp Aguda em três tipos
principais do ponto de vista gasométrico: hipercápnica, hipoxêmica
ou mista.

A IRespA hipoxêmica é definida por uma PaO2 < 55 a 60mmHg, em ar


ambiente, ou caracteristicamente, na vigência de oxigenoterapia.

A IRespA hipercápnica se caracteriza por uma elevação da PaCO2


acima de 45 a 50mmHg com acidemia resultante, ou seja pH<7,34.

O tipo misto está presente quando ocorre hipoxemia grave associada


à retenção de CO2 com acidose respiratória. Insuficiência Respiratória Aguda: classificação, abordagem diagnóstica e terapêutica
Marcelo Alcântara Holanda
Tipo I Pulmonar ou Hipoxemica Tipo II Extra Pulmonar ou Hipercapnica

Disfunção Pulmonar Disfunção da Bomba Ventilatória

PaO2 PaCO2 NL ou PaO2 PaCO2


Tipo I
Pulmonar ou Hipoxemica

Também chamada de alvéolo-capilar, os distúrbios fisiopatológicos levam à instalação de hipoxemia,


mas a ventilação está mantida.

Caracteriza-se, portanto, pela presença de quedas da PaO2 com valores normais


ou reduzidos da PaCO2.

Nesses casos observa-se elevação do gradiente alvéolo-arterial de oxigênio devido a distúrbios


da relação V/Q.

Compreende doenças que afetam, primariamente, vasos, alvéolos e interstício pulmonar.

Insuficiência Respiratória Aguda: classificação, abordagem diagnóstica e terapêutica


Marcelo Alcântara Holanda
Tipo I
Pulmonar ou Hipoxemica

 Pneumonia  Pneumotórax

 Sindrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA ou SARA)  Tromboembolismo Pulmonar

 Crise Aguda de Asma (Estado de Mal Asmático)  Doenças Intersticiais Pulmonares

 Exacerbação de DPOC  Edema Pulmonar

Insuficiência Respiratória Aguda: classificação, abordagem diagnóstica e terapêutica


Marcelo Alcântara Holanda
Tipo II
Extra Pulmonar ou Hipercapnica

Ocorre elevação dos níveis de gás carbônico por falência ventilatória. Além disso,
também é comum hipoxemia em pacientes, respirando ar ambiente. Esse tipo de IR
também é chamado de insuficiência ventilatória.

Pode estar presente em pacientes com pulmão normal como, por exemplo, na presença
de depressão do SNC e nas doenças neuromusculares.

Insuficiência Respiratória Aguda: classificação, abordagem diagnóstica e terapêutica


Marcelo Alcântara Holanda
Tipo II
Extra Pulmonar ou Hipercapnica

 Doenças que acometem o Sistema Nervoso: Central, Periférico, Placa Mioneural ou Músculos.
Ex: Sd Guillain-Barré, Miastenia gravis, Distrofias Musculares, uso Bloqueadores neuromusculares.

 Disfunção de Parede Torácica: Cifoescoliose, Obesidade.

 Obstrução das Vias Aéreas Superiores: Epiglotite, Edema de Glote, Aspiração de Corpo Estranho

Insuficiência Respiratória Aguda: classificação, abordagem diagnóstica e terapêutica


Marcelo Alcântara Holanda
Tipo Mista

O tipo misto está presente quando ocorre hipoxemia grave associada à retenção de CO2
com acidose respiratória.

Exemplo: Edema Agudo de Pulmão com fadiga de diafragma.


DPOC com fadiga de diafragma.
Pneumonia Grave que evolui para quadro de fraqueza muscular.

Insuficiência Respiratória Aguda: classificação, abordagem diagnóstica e terapêutica


Marcelo Alcântara Holanda
SINTOMAS E SINAIS

CO2 O2
HIPERCAPNIA HIPOXEMIA

Sonolência, letargia, Coma, Ansiedade, Taquicardia,


Tremor, fala arrastada, taquipnéia, diaforese, arritmias,
cefaléia, papiledema cianose, confusão,
hipertensão, convulsões,
acidose lática

Insuficiência Respiratória Aguda: classificação, abordagem diagnóstica e terapêutica


Marcelo Alcântara Holanda
Mecanismos de Hipoxemia

• Alterações da relação Ventilação/Perfusão (V/Q)

• Baixa V/Q (efeito Shunt): há áreas com baixa ventilação


em relação a perfusão, diminuindo a oxigenação do sangue
que por aí passa.

• Alta V/Q (efeito espaço-morto): há áreas com baixa perfusão


em relação a ventilação.
Mecanismos de Hipoxemia

V Ventilação

Q Perfusão

Mecanismos de disfunção da relação ventilação/perfusão no parênquima


pulmonar que podem causar hipoxemia e/ou hipercapnia.
Área com Shunt Área com
Área Normal Área Normal
Espaço Morto

Alvéolo com ar Alvéolo ventilado


Alvéolo não ventilado, porém
no seu interior
perfundido Alvéolo ventilado

Ausência de fluxo
Sangue Sangue oxigenado
sanguíneo
Sangue não oxigenado oxigenado nesse alvéolo

Shunt Espaço Morto Fisiológico


Mecanismos de Hipoxemia

 Defeito de difusão: dificuldade de troca gasosa entre o ar no


interior dos alvéolos e sangue no interior do capilar pulmonar,
em virtude de espessamento da membrana alvéolo-capilar

 Respiração de ar com níveis menores de oxigênio


Mecanismos de Hipoxemia

Hipoventilação:

• Diminuição da ventilação alveolar, (renovação do ar contido nos


alvéolos por ar atmosférico).

• Diminuição do volume minuto ( f x VC)


f=frequência respiratória VC=Volume Corrente
Mecanismos de Hipercapnia

• Hipoventilação

• Graves distúrbios da relação ventilação/perfusão

• Respiração de ar contendo gás carbônico


Alterações na Gasometria arterial

Tipos da Insuf Resp Alterações Gasométricas Fisiopatologia Cenários Clínicos


Aguda

PH PaCO2 PaO2 VA D(A-a) O2

Hipercápnica     Normal Doenças


Neuromusculares
Overdose de
sedativos
Hipoxêmica      Pneumonia Grave e
SDRA
Mista      Edema Ag de
Pulmão com fadiga
de diafragma
Insuficiência Respiratória Crônica

Quando as alterações das trocas gasosas se instalam de maneira progressiva ao longo de meses ou anos,
estaremos diante de casos de IR crônica. Nessas situações, as manifestações clínicas podem ser mais sutis e as
alterações gasométricas do equilíbrio ácido-base, ausentes.
Como exemplos de tal condição temos a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) avançada.
Classificação
da Insuficiência Respiratória Crônica:

1- insuficiência respiratória crônica obstrutiva:


A- por redução crônica e pouco reversível do fluxo aéreo expiratório
1- Bronquiolites/bronquiectasias.
2- Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. (DPOC)
Paciente com DPOC

DPOC

Cianose e dedos amarelados por uso


Paciente emagrecido IMC 17,30
de cigarro de palha
Classificação
da Insuficiência Respiratória Crônica:

2- insuficiência respiratória crônica restritiva:


A- Doenças que reduzem a complacência pulmonar
1- Doença parenquimatosa fibrosante
B- Doença de preenchimento alveolar
1- Proteinose alveolar, pneumonia eosinofílica crônica
C- Doença de hipoventilação global
I- Persistente e progressiva II- Intermitente
1- Deformidade da caixa torácica 1- Síndrome da apneia/hipopneia obstrutiva do sono
2- Apneias centrais
2- Doenças neurológicas e neuromusculares
3- Hipoventilação alveolar do obeso
Classificação
da insuficiência respiratória crônica:

3- insuficiência respiratória crônica de causa vascular:

I- hipertensão pulmonar por alterações da rede vascular pulmonar


II- hipertensão pulmonar secundária a doença do coração esquerdo
Quadro
Clínico
Geralmente um paciente com queixa de dispneia que se
instalou subitamente ou piorou um quadro de dispnéia que
já existia anteriormente.
Investigar condições de início: O que estava fazendo
quando o quadro iniciou ou agravou.(esforço, repouso,
trauma)
Graduar a dispneia: Grandes, médios, pequenos esforços,
repouso ou decúbito.
Perguntar sobre sintomas que acompanham: Tosse,
expectoração, chiado no peito, febre, dor torácica, edema
Anamnese de membros Inferiores ou generalizado.
Repercussão dos sintomas no estado nutricional.

Perguntar sobre Doenças pré-existentes e tratamentos em


curso.
Perguntar sobre história familiar de doenças Pulmonares,
cardiovasculares, neurológicas, endócrinas ou
hematológicas.
Investigar sobre Tabagismo: idade que começou a fumar e
quanto fuma por dia. Exposição ocupacional ou fogão a
lenha.
Uso de Bebidas alcoólicas ou drogas ilicitas.
Exame Físico

 Etiologia variada: achados de uma doença de base.


Exemplo:
PNEUMONIA
SINTOMAS:
TOSSE, EXPECTORAÇÃO, FEBRE E
DOR TORÁCICA VENTILATÓRIO
DEPENDENTE, INSTALAÇÃO AGUDA.

SINAIS:
INSPEÇÃO: FORMA NORMAL,
PALPAÇÃO: EXPANSIBILIDADE ↓ E FTV AUMENTADO NO HTD.
PERCUSSÃO: MACICEZ NO HTD.
AUSCULTA: MV AUSENTE NO HTD, SOPRO BRÔNQUICO OU
ESTERTORES FINOS , AUSCULTA DA VOZ AUMENTADA
NO HTD.
Exame Físico

 Verificar Estado de Consciência, Capacidade de falar uma frase ou cansaço para falar.
Verificar a presença de Cianose mais comum nos casos crônicos.

 Aferir FC , FR, Pressão Arterial, Oximetria de Pulso.

 Taquipnéia f > 20 resp/min em adultos

 Bradipnéia (drogas depressoras do SNC)

 Tiragens intercostais, batimentos de asa de nariz

 Utilização de musculatura acessória da respiração

 Respiração paradoxal (fadiga de diafragma)


Exacerbação da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
DPOC

Cianose Central
Tórax em Tonel
Tiragem
Intercostal
Sinal de Hoover ou respiração paradoxal é um sinal no qual existe uma assincronia entre
a respiração abdominal e a respiração torácica.
Assim, o abdome movimenta-se para fora enquanto o tórax se movimenta
para dentro durante a inspiração.

Ocorre na Insuficiência respiratória quando há falência de diafragma, ocorre em casos graves e indica
necessidade de suporte ventilatório.

http://www.youtube.com/watch?
v=8ywOTa4ZFXA&feature=related
Exames Laboratoriais

A oximetria de pulso em ar ambiente evidencia redução da SpO2 para


valores inferiores a 90-93%.

Ressalte-se que a oximetria de pulso tem reduzida acurácia em situações


de má perfusão periférica (estados de choque), em casos de
metamoglobinemia e mal posicionamento do sensor no dedo.

A gasometria arterial é portanto exame obrigatório, devendo ser colhida


em todos os casos onde a intubação traqueal não é necessária de
imediato. Além disso, os seguintes exames devem ser realizados: raio-X
de tórax, ECG, provas bioquímicas (eletrólitos, lactato, Mg, Cálcio,
glicemia, função renal, hemograma, TSH, T3,T4).
Oxímetro
de Pulso

SpO2
https://aphysiocursos.maestrus.com/ver/artigo/gasometria/

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