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protocolo se detém, em sua primeira parte, na definição de insuficiência

respiratória aguda, classificação, causas, bases para o diagnóstico clinico e

laboratorial dos distúrbios associados, bem como nos cuidados de

enfermagem dispensados aos clientes, como se segue:

PROTOCOLO PARA IDENTIFICAÇÃO DOS DISTÚRBIOS ASSOCIADOS À


INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA BASEADOS NOS ACHADOS
SEMIOLOGICOS DO CLIENTE

1 – DEFINIÇÃO:
A Insuficiência Respiratória Aguda (IRA) caracteriza-se pelo distúrbio funcional agudo ocasionado pela
incapacidade do sistema respiratório em manter a necessidade de ventilação/oxigenação, existindo
comprometimento grave no processo de hematose.

2 – CLASSIFICAÇÃO:
2.1- Insuficiência Respiratória Aguda Hipoxêmica:
Condição que pode reduzir, acentuadamente, a tensão de oxigênio arterial. Resulta de distúrbios da
relação ventilação alveolar/perfusão, caracterizando-se gasometricamente por hipoxemia sem
retenção de CO2.

2.2 – Insuficiência Respiratória Aguda Hipercapnica-Hipóxica / Insuficiência Ventilatória Aguda


Condição em que há eliminação inadequada de CO2. Resulta da Hipoventilação alveolar, caracterizando-
se gasometricamente por hipoxemia associada a elevação da PaCO2.

3- CAUSAS DA INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA:


3.1- Insuficiência Respiratória Aguda Hipoxemica:
· Lesão pulmonar aguda
· Síndrome da angustia respiratória aguda (SARA)
· Edema Pulmonar cardiogenico
· Pneumonias
· Embolia pulmonar
3.2 - Insuficiência Ventilatória Aguda:
a) Desordens que comprometem o estímulo respiratório:
· Overdose
· Infarto do Tronco cerebral
b) Comprometimento da função muscular respiratória:
· Esclerose lateral amiotrofica
· Síndrome de Guillain-Barré
· Miastenia grave
c) Aumento do trabalho respiratório:
· Asma
· Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)

4- BASES PARA O DIAGNÓSTICO:


Os sinais e sintomas clínicos observados podem ser derivados de uma grande variedade de doenças
que podem causar a IRA.

As manifestações clínicas originam-se das condições de hipoxia e hipercapnia, não exercendo


especificidade sobre o diagnóstico da insuficiência respiratória aguda. Portanto, o diagnostico da IRA,
para ser precoce e preciso, depende da análise gasométrica do sangue arterial.

Classificação Achados gasométricos arteriais


da IRA pH PaO2 PaCO2 SaO2 Mecanismo
Básico

IRA ≥ 7,4 < 55-60 ≤ 40 < 90 % Déficit da


Hipoxemica mmHG mmHg oxigenação

IRA < 7,35 ↓ dos valores > 50 ↓ dos Déficit da


Ventilatória previstos mmHg níveis ventilação
previstos

4.1 – SINTOMATOLOGIA GUIA:


É um sinal/sintoma que permite ao enfermeiro recompor a história da doença atual com maior facilidade
e precisão. A alteração da freqüência e/ou ritmo respiratório é considerada como achado básico da
insuficiência respiratória aguda, estando, obrigatoriamente, presente nesses distúrbios.

 Dispnéia: habitualmente observada e de maior relevância na


Insuficiência Respiratória Aguda.

4.2 – SINAIS DE ALERTA:


Juntamente com a dispnéia, a manifestação de dois ou mais sinais/sintomas determina a presença de
distúrbio respiratório agudo.

ESTADO DE ESTADO DE
DISPNÉIA AGUDA
HIPOXEMIA HIPERCAPNIA

Taquipneia Dor torácica


Alteração da frequência cardíaca Nível de consciência alterado
Ansiedade Ansiedade
Nível de consciência alterado Alterações na fala
Cianose Cefaléia
Alterações na pressão arterial Papiledema
Dor torácica Tosse – expectoração
Tosse – expectoração

4.3 – SINAL DE GRAVIDADE:


Indica agravamento do quadro de IRA.
 Cianose: manifestação tardia, considerada importante na avaliação da
IRA pode indicar hipoxemia acentuada ( PaO2 < 50 mmHg):

5 – OBJETIVOS DA INTERVENÇÃO EM CASOS DE IRA:


Corrigir a causa subjacente e restaurar a adequada troca gasosa, através de quatro métodos:

 Manutenção e permeabilidade das vias aéreas


 Mobilização das secreções
 Promoção da expansibilidade torácica
 Oxigenoterapia

6 - INTERVENÇOES DE ENFERMAGEM EM CASOS DE IRA:

O tratamento pode contemplar medidas farmacológicas (*), técnicas físicas, psicossociais e


oxigenoterapia.

Algumas atribuições requerem intervenção de outros profissionais (*), sendo necessário o


acompanhamento conjunto da equipe de saúde envolvida no atendimento ao cliente acometido com IRA
6.1 - Manutenção da permeabilidade e desobstrução das vias aéreas
Técnica da tosse - manutenção da permeabilidade das vias aéreas.
Aspiração orofaríngea/nasofaringea e/ou orotraqueal/nasotraqueal.
Suporte ventilatório invasivo para correção da IRA, caso necessário.
6.2 – Mobilização das secreções:
Hidratação - manter a limpeza mucociliar normal.
Umidificação - fluidificar e mobilizar as secreções pulmonares.
Nebulização – melhorar a limpeza das secreções pulmonares.
Drenagem postural.
6.3 – Promoção da expansibilidade torácica:
Mudança de decúbito – diminuir a dificuldade respiratória, facilitar a expansibilidade torácica e
mobilização de secreções pulmonares.
Suporte ventilatório adequado - promover recrutamento alveolar, facilitar a expansibilidade
torácica.
6.4 – Manutenção e promoção da oxigenação:
Oxigenoterapia – utilização de máscara facial.
· Mudança de decúbito – diminui a dificuldade ventilatória/respiratória.

Os protocolos assistenciais quando aplicados de maneira lógica e coerente, em casos previamente


definidos, resultam em importante instrumento de melhoria da qualidade e da relação custo-benefício.
Buscou-se aproximar a organização da síntese do protocolo com uma árvore de decisão (algoritmo), que
pudesse auxiliar o enfermeiro a tomar decisões com maior acurácia no seu dia a dia.

Figura 1: Modelo do Algoritimo de Cuidados de Enfermagem aos Clientes com Distúrbios Respiratórios
Agudos (FASE 1)
Figura 2: Modelo do Algoritimo de Cuidados de Enfermagem aos Clientes com Distúrbios Respiratórios
Agudos (FASE 2)

Figura 3: Modelo do Algoritimo de Cuidados de Enfermagem aos Clientes com Distúrbios Respiratórios
Agudos (FASE 3)
CONCLUSÃO
Foi possível evidenciar que protocolos clínicos aplicáveis podem delinear a tomada de decisões no
atendimento a clientes em condições que requeiram intervenções imediatas. Ao propor um protocolo de
atendimento ao cliente com distúrbio respiratório agudo pensou-se em utilizá-lo como uma estratégia de
sistematização de uma assistência de enfermagem diferenciada e otimizada, capaz de estabelecer
adequadamente prioridades em clientes críticos.
A discussão do grupo avaliador mostrou que o protocolo de interpretação dos distúrbios respiratórios
agudos contribuiu positivamente na avaliação de casos propostos através de situações-problema. Para
tanto, a aplicação de protocolos, depende de ampla discussão e adequação, levando em conta,
população/cliente e características dos setores/unidades onde serão aplicados.
O aperfeiçoamento de protocolos na prática clínica, depende de um amplo processo de testagem e
validação. Características como reprodutibilidade e validade nunca estão dissociadas. Estamos certos de
que a participação de especialistas, capazes de agregar contribuições técnico-científicas através de suas
expertises poderá no futuro auxiliar no que diz respeito à aplicabilidade do protocolo apresentado.
Estudos que se atém ao processo de trabalho têm mostrado que a padronização de
etapas/fluxos/prioridades apresenta promove a melhoria da qualidade e do andamento das atividades
laborais.10 Na enfermagem não é diferente. Nos serviços de enfermagem, as pessoas desempenham
melhor suas funções se lhes forem propostos instrumentos que direcionem a assistência, guias ou fluxos
padronizados capazes de dirigir a execução de uma tarefa, com base na ordem e na estabilidade, para
proporcionar um melhor e mais rápido andamento de qualquer serviço. 1
As diretrizes para a prática clínica podem se tornar um subsídio valioso para os enfermeiros, se
utilizadas para a incorporação de estratégias e “passos” pré-estabelecidos informados por protocolos na
elaboração do processo assistencial de enfermagem. 2
Acreditamos que pesquisas como esta apontam uma perspectiva consistente para pensarmos e
discutirmos o cotidiano profissional da Enfermagem nas tomadas de decisão clínica, bem como a
possibilidade de prósperos caminhos para a melhoria do cuidado de enfermagem em si, por si, e per si.
Além de contribuir para a construção e incorporação das evidências acerca dos cuidados de enfermagem
prestados aos clientes com distúrbios respiratórios agudos.

Ventilação mecânica invasiva


Ventilação mecânica invasiva

Consiste em um suporte ventilatório com utilização de pressão positiva empregado em pacientes que estejam
fazendo uso de qualquer tipo de via aérea artificiais (tubo endotraqueal ou cânula de traqueostomia) que fazem a
conexão entre o dispositivo ventilatório e o paciente. Embora o paciente em ventilação mecânica geralmente fique
internado em Unidade de Terapia Intensiva, é relativamente comum que alguns pacientes permaneçam algumas
horas na unidade de emergência, em espera por transferência para outra unidade ou instituição, ou por
indisponibilidade de vaga.

Parâmetros básicos para regulagem do ventilador mecânico

O papel do enfermeiro na assistência ventilatória mecânica é intenso, extenso e complexo. Os cuidados de


enfermagem para minimizar os eventos adversos da instalação e manutenção da ventilação mecânica incluem a
monitorização dos parâmetros ventilatórios, o controle das condições gerais do paciente, a umidificação e o
aquecimento dos gases inalados, a mobilização e a remoção de secreções.

Os parâmetros podem variar de uma rotina para outra, mas de uma forma geral eles consistem em:

Fração inspirada de oxigênio


Concentração percentual de oxigênio no ar inspirado; pode variar de 0.21 a 1.0. Geralmente, na fase inicial da VM
a FiO2 indicada é de 100%. A FiO2 é reajustada conforme análise da gasometria arterial seguinte, sendo
progressivamente reduzido, objetivando uma FIO< 0,5, porém adequada para manter uma oxigenação adequada,
ou seja, superior a 90%.

Frequência respiratória
Recomenda-se uma frequência respiratória de 12 incursões por minuto para pacientes estáveis.

Volume corrente
É o volume de ar fornecido a cada ventilação. É calculado para a regulagem inicial de 7 a 8 ml/kg para prevenir
lesão pulmonar por hiperdistensão alveolar. O volume pode variar se utilizada pressão positiva ao final da
expiração (PEEP).

Fluxo inspiratório
Velocidade com que o volume corrente é liberado a cada ciclo; geralmente é regulado de 5 a 6 vezes o volume
minuto ou conforme o peso e pode variar de 0,7 tempo inspiratório desejado em ventilação controlada, geralmente
entre 40 e 60 l/minKg.

Relação inspiração: expiração


Na respiração normal, a inspiração é mais curta que a expiração; na ventilação mecânica esta relação geralmente é
de 1:2, com tempo inspiratório de 0,8 a 1,2 segundos.

Sensibilidade
Usada para determinar o esforço do paciente para iniciar um ciclo na modalidade ventilação assistida.

PEEP (pressão expiratória final positiva)


Iniciada geralmente e 5cmH2O; recurso utilizado para otimizar a pressão positiva ao fim da expiração, de forma a
manter os alvéolos abertos, em substituição ao mecanismo da glote.
Para a escolha da modalidade ventilatória a ser utilizada, é considerada a condição clínica
do paciente e os objetivos da ventilação mecânica; a modalidade ventilatória determinará
como o paciente irá interagir com o equipamento.
Veja na animação a seguir as modalidades ventilatórias mais comuns.

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