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CURSO DE PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA NO REGIME GER

PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA
Carlos Renato Domingos

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL PRESIDENTE DO JUIZADO


ESPECIAL FEDERAL PREVIDENCIÁRIO DE SANTOS/SP

................................ vem, por seu advogado infra firmado, respeitosamente perante Vossa Excelência,
propor a presente

AÇÃO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR TEMPO DE


SERVIÇO – COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO LIMINAR DA TUTELA JURISDICIONAL

em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS,


autarquia federal com sede em Brasília e Gerência Regional Executiva sita em Santos, à Av. Epitácio
Pessoa, n.º 441, Aparecida, com supedâneo nos motivos fáticos e jurídicos que passa a expor:

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PROÊMIO

“...A questão do benefício especial vive, pois, um momento crucial. Os


avanços obtidos desde o Estado Novo até a novíssima republiqueta em que
vegetamos foram sustados; depois castrados à altura da legislação de 1995.
Portanto, aos interessados cabe „segurar‟ a ofensiva e fazer retroagir a tal
mão da história (a propósito, o avanço para os trabalhadores vem sempre
na contramão da história - favor meditarem os intelectuais a respeito...)...”
(Anníbal Fernandes, na apresentação do livro de Sérgio Pardal Freudenthal,
in Aposentadoria Especial, Editora LTr)

PRIMEIRAMENTE: Requer os benefícios da Assistência Judiciária


Gratuita, por se tratar o obreiro de pessoa pobre, na literal acepção da palavra, desprovido de condições
para arcar com as custas e despesas processuais, sem prejudicar sua mantença e, por conseguinte, a de
sua família, consoante a anexa declaração (doc. 02).

DOS FATOS

Durante sua vida laboral urbana, iniciada em 22/06/76, o autor


trabalhou somente em três empresas, possuindo maior relevância o período em que ativou-se na Rede
Ferroviária Federal S/A (20/04/78 a 04/11/99), onde desenvolveu os ofícios de assistente administrativo
(20/04/78 a 30/04/84), operador de telecomunicação (01/05/84 a 30/04/94), operador de movimento de
trens (01/05/94 a 31/10/98) e agente de estação pleno (20/04/78 a 04/11/99).

Ativou-se ainda como autônomo de novembro/2000 a novembro/2004


e de março/2005 a outubro/2008.

Importante salientar que o obreiro labutou por mais de vinte e um anos


na mencionada empresa, sendo que em grande parte deste extenso lapso desempenhou atribuições
exposto a níveis de ruído nocivos à sua saúde e integridade física.

Assim, em 31/10/08, munido dos documentos necessários, requereu


junto à autarquia-ré, através da Agência de São Vicente, aposentadoria por tempo de contribuição integral,
ocasião na qual contava com 38 (trinta e oito) e 06 (seis) meses e 10 (dez) dias, procedidas as devidas
conversões de especial para comum, conforme demonstra a anexa contagem (doc. __).

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Referido pedido, autuado como procedimento administrativo ora


carreado integralmente em fotocópia (doc. __), recebeu o número 42/147.199.560-4.

Contudo, como de praxe, o setor específico da autarquia para análise


de laudos e PPP´s rechaçou a especialidade de todas as funções desenvolvidas pelo obreiro.

DO DIREITO

a) Da Aposentadoria Especial:

a.1.) Conceito:

Trata-se a aposentadoria especial de “modalidade de aposentadoria


por tempo de serviço, diminuído para 15, 20 ou 25 anos em razão das condições de trabalho insalubres,
periculosas ou penosas a que estiver submetido o trabalhador” (Freudenthal, Sérgio Pardal; in
Aposentadoria Especial; Ed. LTr; 1ª edição; pág. 13).

Nesta mesma obra, o sábio professor cita Marly Cardone, que com
notável didática explana em seu livro “Previdência, Assistência, Saúde - o Não Trabalho na Constituição
de 1988”, Editora LTr, 1990, pág. 81, que: “o trabalho em condições especiais, que são insalubres,
perigosas e penosas, que prejudicam a saúde ou integridade física do trabalhador, merecem uma
aposentadoria precoce, como a lei ordinária já prevê (CLPS, art. 35), consentânea com o direito
comparado.”

Sérgio Pinto Martins, com brilhante clareza, assim define o benefício


especial: “Pode ser conceituada a aposentadoria especial como o benefício decorrente do trabalho em
condições prejudiciais à saúde ou à integridade física do segurado, de acordo com a previsão da lei. Trata-
se de um benefício de natureza extraordinária, tendo por objetivo compensar o trabalho do segurado que
presta serviços em condições adversas à sua saúde ou desempenha atividade com riscos superiores aos
normais”.

Continua o ilustre jurisconsulto: “A aposentadoria especial pressupõe


agressão à saúde do trabalhador por meio de exposição a agentes nocivos” (in Direito da Seguridade
Social, Ed. Atlas, 1998, 9ª edição; pág. 323).

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Ratifica o mestre Wladimir Novaes Martinez: “Pressupõe,


cientificamente, danos ao organismo, seja à saúde ou à integridade física. Presunção jurídica absoluta,
não comporta prova em contrário, por parte do INSS ou de terceiros” (Aposentadoria Especial; Ed. LTr; 2ª
edição; 1999, pág. 28) (grifei).

a.2) Breve histórico legislativo, conversão em tempo de serviço comum e formas de comprovação:

Desde de seu surgimento, com a Lei Orgânica da Previdência Social


(3.807/60), de 26 de agosto de 1960, a aposentadoria especial garante ao labutador exposto a condições
agressivas de trabalho, sejam elas insalubres, penosas ou perigosas, a diminuição do tempo de serviço
mínimo necessário à sua aposentação.

Notável proteção ganhou a honrosa forma de garantia constitucional


com a Carta Cidadã de 1988, que em seu artigo 202, II, logo após estabelecer o tempo de serviço mínimo
necessário para obtenção de aposentadoria integral, dispunha:

“Art. 202 - É assegurada aposentadoria, nos termos...

II-...ou em tempo inferior, se sujeitos a trabalho sob condições especiais, que


prejudiquem a saúde ou integridade física, definidas em lei.”

Infelizmente, tão brilhante instituto, de notório cunho humano/social,


tem sofrido constantes e preocupantes ataques, emanados dos Poderes Legislativo e Executivo.

Constitucionalmente, o que era antes assegurado, com a promulgação


da Emenda n.º 20, de 16 de dezembro de 1998, transformou-se em ressalva, exceção. É que a
aposentadoria especial, insculpida, como já citado, no inciso II, do art. 202, da Carta Cidadã, com o
advento da referida Emenda, agora figura no artigo 201, § 1º, com a seguinte redação:

“Art. 201 - A previdência social será organizada sob a ...

§ 1º- É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de


aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os

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casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a


integridade física, definidos em lei complementar” (destaquei).

Com efeito. Em obediência ao disposto no artigo 31 da mencionada


Lei n.º 3.807/60 - LOPS, editou-se o Decreto 53.831/64, que em seu Quadro Anexo elencava as atividades
caracterizadas como especiais – insalubres, perigosas ou penosas.

Em 24/01/79 surge o Decreto 83.080, que em seus Anexos I e II trazia


novo rol de atividades especiais e agentes agressivos. Saliente-se que o aludido regulamento não revogou
o supra citado Decreto 53.831/64, sendo assente na doutrina e na jurisprudência que ambos convivem em
absoluta parcimônia e se complementam.

Nasce em 24 de julho de 1991 o Plano de Benefícios da Previdência


Social (Lei n.º 8.213/91), que em seu artigo 57 definia a aposentadoria especial, e no artigo 58
determinava que a relação de atividades profissionais que ensejariam o benefício seria objeto de lei
específica, relação esta que deveria ser submetida à apreciação do Congresso Nacional, no prazo de 30
dias a partir da publicação da Lei n.º 8.213/91, sendo que, durante o lapso, continuaria prevalecendo a
legislação então vigente, consoante dispunha o artigo 152, do mesmo diploma legal. Previa, ainda, o
suscitado artigo 57, em seu § 3º, a conversão dos tempos de serviço de especial para comum e vice-
versa. Outrossim, como já dito, a concessão de aposentadoria especial regia-se, até então, pelos Decretos
53.831/64 (Quadro Anexo) e 83.080/79 (Anexos I e II).

Então veio a Lei n.º 9.032, de 28 de abril de 1995, que modificou


abruptamente todo o artigo 57 do PBPS sem, no entanto, alterar diretamente o artigo 58. Entre as diversas
mudanças ocorridas, estava a eliminação do caput do artigo do termo “atividade profissional”, sendo certo
que, a partir de então, estava o segurado obrigado a comprovar a “exposição aos agentes nocivos
químicos, físicos ou biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física”, por
força da nova redação dada ao § 3º.

Como continuava em vigor o já mencionado artigo 152, da Lei n.º


8.213/91 a interpretação mais adotada foi a de que, a partir da publicação da Lei n.º 9.032/95, somente
possuía valia o Anexo I do Decreto 83.080/79, vez que o Anexo II elencava os “grupos profissionais”,
coexistindo ainda os agentes nocivos constantes do Quadro Anexo ao Decreto 53.831/64.

A medida provisória 1.523, de 11 de outubro de 1996, alterando o


artigo 58, da Lei n.º 8.213/91, conferiu ao Poder Executivo, a competência para elaboração da relação dos
agentes nocivos químicos, físicos ou biológicos, para fins de concessão de aposentadoria especial. Com
isso, veio o Decreto 2.172, de 05 de março de 1997, que em seu Anexo IV, traz referido rol.

Referida Medida Provisória (1.523/96), depois 1.596-14/97, e


finalmente convolada na Lei n.º 9.528, de 10 de dezembro de 1.997,estabeleceu ainda a forma como
deveria se dar “a comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos”, impondo a
seguinte redação ao parágrafo 1º do artigo 58, da Lei n.º 8.213/91:

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“§ 1º - A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita


mediante formulário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social –
INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições
ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do
trabalho”.

Nasce, portanto, com a transformação da Medida Provisória 1.523/96


(depois 1.596-14/97) na Lei 9.528/97 a controvertida figura do “laudo técnico pericial”, geradora das mais
diversas interpretações, além de calorosas e acirradas discussões que perduram até hoje entre os
operadores do direito previdenciário. Urge anotar que citado documento (laudo) só pode ser exigido após
10/12/97, data de transformação da aludida M.P. na Lei 9.528.

Em 28 de maio de 1998, foi editada a Medida Provisória n.º 1.663-10


que, ao revogar expressamente o § 5º do artigo 57, da Lei n.º 8.213/91, pôs fim a qualquer espécie de
conversão.

Na sua 13ª edição, de 26/08/98, a Medida Provisória n.º 1.663, atribuiu


ao Poder Executivo a competência para adoção de critérios para a aplicação da conversão, estabelecendo
um percentual mínimo de efetivo exercício do tempo de serviço especial.

O Decreto n.º 2.782, de 14 de setembro de 1998, regulamentou a


matéria, criando a exigência de que para que se proceda a conversão, deverá o segurado ter completado,
até 28/05/98, “pelo menos vinte por cento do tempo necessário para a obtenção da respectiva
aposentadoria especial...”, desde que tenha havido efetiva exposição aos agentes nocivos descritos no
anexo IV, do Decreto n.º 2.172/97.

Assim, através do Decreto n.º 2.782/98, foi temporariamente abolida a


conversão de especial para comum, das atividades profissionais e/ou agentes agressivos previstos nos
Decretos 53.831/64 e 83.080/79.

A Lei n.º 9.711, de 20 de novembro de 1998, em seu artigo 28,


amenizou a atrocidade cometida pelo decreto supra citado, retirando a absurda exigência de que, para
proceder à conversão, deva o segurado comprovar a efetiva exposição aos agentes agressivos constantes
do Anexo IV do Decreto 2.172/97, inclusive para períodos anteriores a 05/03/1997 (data da publicação
deste regulamento).

E o § único, do artigo 70 do Decreto n.º 3.048/99 disciplinou a matéria,


permitindo a conversão, do tempo de trabalho exercido com efetiva exposição aos agentes agressivos

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elencados nos Decretos 53.831/64 e 83.080/79 até 05/03/97, e até 28/05/98 dos períodos laborados com
exposição aos elementos previstos no Anexo IV do Decreto n.º 2.172/97.

Em outubro de 2000 a Douta 4ª Vara Previdenciária de Porto Alegre,


concedeu tutela antecipada, posteriormente convertida em definitiva, nos autos da Ação Civil Pública –
processo n.º 2000.71.00.030435-2, decisum este mantido pelo E. TRF da 4ª Região, determinando, entre
outras medidas, a conversão de tempo de serviço especial em comum para períodos posteriores a
28/05/98.

Contudo, em 08/08/03 o Colendo Superior Tribunal de Justiça, no


julgamento do REsp 531.419, acolheu a preliminar argüida pela autarquia, de ser o Ministério Público parte
ilegítima para ajuizar ação civil pública versando sobre aposentadoria.

Finalmente, em 03/09/03, o Poder Executivo edita o Decreto n.º 4.827,


que alterando o artigo 70 do Decreto n.º 3.048/99, autoriza a conversão de tempo de serviço especial em
comum em qualquer período.

B.1) Do reconhecimento como especial e conseqüente conversão para comum do período de (20/04/78 a
30/04/84), laborado como assistente administrativo na RFFSA:

Consoante informa o formulário DSS 8030 tecido pela empregadora e


abojado à fl. 10 do processo administrativo, no interregno supra o autor “executou suas atividades em
escritório localizado no interior de galpão fechado, de concreto pré-moldado, piso de concreto rústico,
iluminação com lâmpada mista, ventilação natural, dotado de valeta sem iluminação”.

Ainda conforme mencionado documento, corroborado pelo Perfil


Profissiográfico Previdenciário encartado às fls. 33/34 do P.A., o escritório localizava-se na “Gerência de
Pátios e Terminais de Santos” e, durante todo o período em que desenvolveu a atividade em tela esteve
exposto de modo habitual e permanente a ruído médio de 88 decibéis.

Logo, inafastável a especialidade do lapso em estudo, vez que a


sujeição ao agente físico ruído superior a 80 decibéis está expressamente prevista no Quadro Anexo ao
Decreto 53.831/64, código 1.1.6.

B.2) Do reconhecimento como especial e conseqüente conversão para comum do período de (01/05/84 a
30/04/94), trabalhado como operador de telecomunicação na RFFSA:

No desenvolvimento do mister supra o obreiro “transmitia e recebia


mensagens, utilizando sistemas de radiotelegrafia e radiotelecomunicações: estabelecia e mantinha
comunicação com o Centro de Controle, pátios e estações” (fls. 11 do doc. __).

Os formulários DSS 8030 e PPP, abojados respectivamente às fls. 11


e 33/34 do P.A., informam exposição habitual e permanente a ruído superior a 91 decibéis, caracterizando
especialidade nos termos dos Decretos 53.831/64, 83.080/79, 2.172/97 e 3.048/99.

Ademais, a função de OPERADOR DE TELECOMUNICAÇÕES


enseja enquadramento POR CATEGORIA/ATIVIDADE, vez que descrita no item 2.4.5 do Quadro Anexo
ao Decreto 53.831/64, a saber:

QUADRO A QUE SE REFERE O ART. 2º DO DECRETO Nº 53.831, DE 25 DE MARÇO DE 1964

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REGULAMENTO GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

SERVIÇOS E TEMPO DE
CAMPO DE
CÓDIGO ATIVIDADES CLASSIFICAÇÃO TRABALHO OBSERVAÇÕES
APLICAÇÃO
PROFISSIONAIS MÍNIMO

2.0.0 OCUPAÇÕES

Jornada normal ou
TELEGRAFIA, Telegrafista, especial, fixada em
TELEFONIA, telefonista, rádio Lei. Artigo 227 da
2.4.5 Insalubre 25 anos
RÁDIO operadores de CLT.
COMUNICAÇÃO. telecomunicações. Portaria Ministerial
20, de 6-8-62.

Destarte, imperiosa se faz a conversão do presente período.

B.3) Do reconhecimento como especial e conseqüente conversão para comum do período de (01/05/94 a
05/03/97), laborado como operador de movimento de trens na RFFSA:

De acordo com o PPP tecido pela empregadora, neste interregno as


atribuições do obreiro consistiam em:

“- Operar a distância, chaves e sinais de pátios através de equipamentos mecânicos, eletro-


mecânicos, etétricos e eletrônicos;

- Receber e registrar a movimentação diária do material rodante;

- Fiscalizar se a lotação dos trens está de acordo com a capacidade de tração;

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- Transmitia avisos às estações e maquinistas de acordo com as instruções recebidas do Centro


de Controle Operacional, órgão de tração ou da sua supervisão, fazendo uso de aparelho
seletivo e magneto” (fls. 33 do P.A.).

Conforme o citado formulário no desempenho da função de


operador de movimento de trens, o autor expunha-se habitual e permanentemente a ruído médio de
84,5 decibéis, nível este considerado especial até o advento do Decreto 2.172, de 05 de março de
1997.

Ressalto que a vigência do Decreto 53.831/64 até 05/05/97,


principalmente do código 1.1.6 que considerava insalubre/especial a exposição a ruído maior que 80
decibéis, é expressamente reconhecida pela autarquia através do artigo 168, da Instrução Normativa
20/2007.

DA ANTECIPAÇÃO LIMINAR DA TUTELA JURISDICIONAL

O deferimento da pretendida antecipação prescinde dos requisitos


elencados no artigo 273, do Estatuto de Rito, a seguir transcrito:

“Art. 273 - O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela
pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da
alegação e:

I – haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação;

II – fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu”.

Ora Excelência, os documentos colacionados à peça vestibular,


traduzem-se em “provas mais que inequívocas”, irrefutáveis, inexoráveis, das alegações apresentadas
pelo autor.
O receio de dano irreparável ou de difícil reparação, no caso em tela,
reside no próprio caráter alimentar do benefício, reconhecido pela Carta Cidadã, em seu artigo 100, § 1º.

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Ademais, o obreiro não exerce qualquer atividade remunerada há mais


de um ano (desde outubro/2008), sobrevivendo graças à ajuda de seus pais e irmão, vivendo aquém da
dignidade humana pretendida pela Carta Cidadã.

Portanto, Excelência, imprescindível se faz a antecipação liminar da


tutela jurisdicional ora pleiteada, determinando que o Instituto Nacional do Seguro Social, através da
Agência de São Vicente conceda Aposentadoria por Tempo de Contribuição Integral ao autor, (B 42) ao
autor, desde a data do requerimento administrativo (31/10/2008 – processo 42/147.199.560-4), com as
devidas conversões de especial para comum dos períodos laborados como assistente administrativo
((20/04/78 a 30/04/84), operador de telecomunicação (01/05/84 a 30/04/94) e operador de movimento de
trens (01/05/94 a 05/03/97), todos na Rede Ferroviária Federal S/A, vez que apresentados para todos os
lapsos mencionados os documentos necessários à aludida conversão.

E já em sede de considerações finais, a antecipação da tutela a ser


concedida, caso necessite de reversão, o que se admite apenas para efeito de dialética, poderá ser
facilmente revertida, com a simples extinção do benefício a ser concedido, e conseqüente devolução dos
valores porventura percebidos.

DOS PEDIDOS:

Diante de todo o exposto, requer a Vossa Excelência:

a) Concessão dos benefícios da Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da Lei n.º 1.060/50, por se
tratar a requerente de pessoa pobre, na literal acepção da palavra, desprovida de condições para arcar
com as custas e despesas processuais, sem prejuízo de sua mantença;

b) citação do instituto-réu para, querendo, contestar a presente demanda, sob pena de revelia e confissão;

c) com fulcro no artigo 273 e parágrafos do Estatuto de Rito, com as alterações introduzidas pela Lei n.º
8.952/94, o deferimento do pedido de antecipação liminar da tutela jurisdicional pleiteada para os fins
supra descritos, mediante intimação pessoal da Ilma. Sra. Gerente Regional do INSS, devendo constar do
mandado prazo de 10 (dez) dias para cumprimento da determinação, sob pena de multa diária de R$
1.000,00 (hum mil reais);

d) TOTAL PROCEDÊNCIA DA AÇÃO, com a condenação da autarquia ao ora postulado, ou seja, na


concessão do benefício Aposentadoria por Tempo de Contribuição Integral ao autor, desde a data do
requerimento administrativo (31/10/08 – processo 42/147.199.560-4), com as devidas conversões de

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especial para comum dos períodos laborados como assistente administrativo ((20/04/78 a 30/04/84),
operador de telecomunicação (01/05/84 a 30/04/94) e operador de movimento de trens (01/05/94 a
05/03/97), todos na Rede Ferroviária Federal S/A, vez que apresentados para todos os lapsos
mencionados os documentos necessários à aludida conversã, tudo corrigido monetariamente, acrescido
ainda de juros de mora de 1% (um por cento) ao mês, e honorários advocatícios de 20% (vinte por cento)
do valor da condenação (arts. 54 e 55 da Lei 9.099/95), apurados até o trânsito em julgado da sentença.

Protesta provar o alegado por todos os meios probatórios em direito


admitidos, sem exceção.

Termos em que, atribuindo à causa o valor de R$ 20.000 (vinte mil


reais),

Pede deferimento.

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