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Destaques Direito Empresarial – Principais julgados

- O art. 1.647, III, do Código Civil (que exige outorga do cônjuge para aval) só se aplica
aos títulos de crédito inominados (atípicos) regidos pelo Código Civil.

 No caso de títulos de crédito nominados (típicos), é desnecessária a outorga uxória ou


marital para prestar aval, não se aplicando a regra do Código Civil.

- Recuperação judicial e momento em que se considera “existente o crédito”.

 O crédito derivado de fato ocorrido em momento anterior àquele em que requerida a


recuperação judicial deve sujeitar-se ao plano de soerguimento da sociedade
devedora, independentemente da prolação de sentença.
 A constituição do crédito pode decorrer de um ato ilícito ou do inadimplemento de
obrigações trabalhistas, por exemplo, e não se encontra condicionada a uma decisão
judicial. Em outras palavras, o crédito surge antes da sentença, que apenas declara a
existência do crédito.
 Assim, tratando-se de vínculo jurídico decorrente de evento que causou dano ao
consumidor ou da prestação do serviço pelo empregado ao empregador, a constituição
do crédito correspondente não se dá com a prolação da decisão judicial que o
reconhece e o quantifica, mas com a própria ocorrência daqueles eventos.
 O sujeito prejudicado assume a posição de credor da reparação civil derivada de ato
lesivo contra ele intentado desde sua prática, e não com a declaração judicial de sua
ocorrência.

- Contratos de trespasse e cláusula de não restabelecimento.

 Nos contratos de trespasse (alienação do estabelecimento comercial) existe, de forma


implícita, por força de lei, uma cláusula de não concorrência (cláusula de não
restabelecimento). Isso significa que, em regra, o alienante não pode praticar
concorrência com o adquirente.
 Segundo o art.1.147, o prazo da cláusula de não concorrência é de 5 anos.
 As partes podem estabelecer prazo maior que o de 5 anos! Todavia, não podem prever
que a cláusula de "não restabelecimento" será por prazo indeterminado. O
ordenamento jurídico pátrio, salvo expressas exceções, não aceita que cláusulas que
limitem ou vedem direitos sejam estabelecidas · por prazo indeterminado. Logo, a
cláusula de não restabelecimento fixada por prazo indeterminado é considerada
abusiva.

- Validade da cláusula de não concorrência, desde que limitada espacial e


temporalmente.

 É válida a cláusula contratual de não concorrência, desde que limitada espacial e


temporalmente. Isso porque esse tipo de cláusula protege a concorrência e os efeitos
danosos decorrentes de potencial desvio de clientela, sendo esses valores jurídicos
reconhecidos constitucionalmente.
 Assim, quando a relação estabelecida entre as partes for eminentemente comercial, a
cláusula que estabeleça dever de abstenção de contratação com sociedade empresária
concorrente pode sim irradiar efeitos após a extinção do contrato, desde que por prazo
certo e em determinado lugar específico (limitada temporária e espacialmente.
- Cláusula-mandato nos contratos e cartão de crédito.

 1) Cláusula-mandato que autoriza a administradora a contrair empréstimos para saldar


a dívida do contratante: é válida. A cláusula-mandato que, no bojo do contrato de
cartão de crédito, permite que a administradora do cartão de crédito tome recursos
perante instituições financeiras em nome do contratante para saldar sua dívida é
válida, pois esse empréstimo é tomado no interesse do consumidor.
 2) Cláusula-mandato que autoriza a administradora a emitir título cambial contra o
contratante: é abusiva. Nos contratos de cartão de crédito, é abusiva a previsão de
cláusula-mandato que permita à operadora emitir título cambial contra o usuário do
cartão, pois não traz qualquer benefício ao contratante. Ao contrário, o torna
vulnerável, já que autoriza seja constituído unilateralmente contra si um título
executivo, o que lhe reduz a capacidade de defesa.
 Há, ainda, outra acepção da cláusula-mandato que está presente em todos os
contratos de cartão de crédito e é intrínseca ao negócio: 3) Cláusula-mandato significa
a previsão existente em todos os contratos de cartão de crédito segundo o qual a
administradora do cartão se compromete a honrar, mediante eventual anuidade e até
o limite de crédito estipulado para aquele consumidor, as despesas feitas por este
perante comerciantes ou prestadores de serviços.

- Oposição de exceções pessoais à empresa de factoring.

 O STJ decidiu que é possível o protesto de cheque, por endossatário terceiro de boa-fé,
após o decurso do prazo de apresentação, mas antes da expiração do prazo para ação
cambial de execução, ainda que, em momento anterior, o título tenha sido sustado
pelo emitente em razão do inadimplemento do negócio jurídico subjacente à emissão
da cártula.
 Em regra, se o título circulou e se encontra nas mãos de terceiro de boa-fé, este poderá
cobrar o valor do devedor. O devedor, por seu turno, não poderá invocar contra o
portador exceções pessoais que tenha e que estejam relacionadas com o beneficiário
original.
 Exceção: factoring. Se o título tiver sido cedido para uma empresa de factoring, há
verdadeira cessão de crédito, e não mero endosso, razão pela qual fica autorizada a
discussão da causa debendi, conforme prevê o art. 294 do CC. A faturizadora
(factoring) não pode ser equiparada a um terceiro de boa-fé porque ela tem uma
relação mais profunda com a faturizada, devendo fazer uma análise do crédito que lhe
está sendo transferido.
 O sacado pode opor à faturizadora a qual pretende lhe cobrar duplicata recebida em
operação de factoring exceções pessoais que seriam passíveis de contraposição ao
sacador, ainda que o sacado tenha eventualmente aceitado o título de crédito. STJ,
REsp 1.439.749-RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 2/6/2015.

- Cheque, prazo de apresentação e protesto.

 O protesto do cheque efetuado contra os coobrigados para o exercício do direito de


regresso deve ocorrer antes de expirado o prazo de apresentação (art. 48 da Lei
7.357/85). Trata-se do chamado protesto necessário.
 O protesto de cheque efetuado contra o emitente pode ocorrer mesmo depois do
prazo de apresentação, desde que não escoado o prazo prescricional. Esse é o protesto
facultativo.

- Ausência de responsabilidade do banco por cheque cancelado.

 A instituição financeira não deve responder pelos prejuízos suportados por sociedade
empresária que, no exercício de sua atividade empresarial, recebera como pagamento
cheque que havia sido roubado durante o envio ao correntista e que não pode ser
descontado em razão do prévio cancelamento do talonário (motivo 25 da Resolução
1.631/1989 do Bacen).
 Aceitar ou não cheques como forma de pagamento é uma faculdade do comerciante. A
partir do momento em que decide trabalhar com esse tipo de título de crédito, ele
passa a assumir o risco de recebê-lo. Deverá, portanto, adotar todas as cautelas e
diligências com o objetivo de conferir a idoneidade do título, assim como de seu
apresentante (e suposto emitente).

- Caução na sustação de protesto é regra.

 A legislação de regência estabelece que o documento hábil a protesto extrajudicial é


aquele que caracteriza prova escrita de obrigação pecuniária líquida, certa e exigível.
Portanto, a sustação de protesto de título, por representar restrição a direito do credor,
exige prévio oferecimento de contracautela, a ser fixada conforme o prudente arbítrio
do magistrado (repetitivos).

- Não se deve cancelar o protesto pela perda da força executiva do título.

 A prescrição da pretensão executória de título cambial não enseja o cancelamento


automático de anterior protesto regularmente lavrado e registrado.
 A validade do protesto não está diretamente relacionada com a exequibilidade do
título ou de outro documento de dívida, mas sim com a inadimplência e o
descumprimento da obrigação representada nestes papéis.
 A inadimplência e o descumprimento não desaparecem com a mera prescrição do
título executivo não quitado. Em outras palavras, o devedor continua sendo
inadimplente, apesar de o título não poder mais ser cobrado mediante execução.
 Então, não pode o protesto ser cancelado simplesmente pelo fato de que não mais
pode ser executado.
 Vale lembrar que, mesmo havendo a prescrição da ação executiva, o credor ainda
poderá cobrar o valor da nota promissória por meio da ação monitória.

- Falido é legítimo para propor ação rescisória.

 O falido tem capacidade para propor ação rescisória para desconstituir a sentença
transitada em julgado que decretou a sua falência.
 A decisão que decreta a falência, conquanto acarrete ao falido uma capitis diminutio
(diminuição da capacidade) em relação aos seus bens, não o torna incapaz, de sorte
que ele mantém a legitimidade para a propositura de ações pessoais. Desse modo, ele
tem todos os poderes processuais e todos os poderes como sujeito de direito para
tentar reverter o referido decreto falimentar.
- Processamento de recuperação judicial não implica em exclusão do SERASA, mas a
aprovação do plano de recuperação sim.

 O deferimento do processamento de recuperação judicial, por si só, não enseja a


suspensão ou ó cancelamento da negativação do nome do devedor nos cadastros de
restrição ao crédito e nos tabelionatos de protestos.
O deferimento do processamento de recuperação judicial suspende o curso das ações
e execuções propostas em face do devedor. Como vimos acima, isso está
expressamente previsto no art. 6°, caput e § 4°, da Lei n° 11.101/2005. Contudo, essa
providência (suspensão das ações e execuções) não significa que o direito dos credores
(direito creditório propriamente dito) tenha sido extinto. A dívida continua existindo.
Assim, se a dívida continua existindo (e apenas a execução é que está suspensa), não
se pode aceitar a retirada do nome da empresa em recuperação dos serviços de
proteção ao crédito e tabelionato de protesto.
 Quando o plano de recuperação judicial for aprovado, será possível providenciar a
baixa dos protestos e a retirada do nome da empresa dos cadastros de inadimplentes
em relação às dívidas que estiverem sujeitas ao referido plano. Isso porque, havendo a
aprovação do plano, ocorre a novação dos débitos, ou seja, as dívidas anteriores serão
substituídas pelas novas condições firmadas no plano. Ressalte-se, no entanto, que
essa baixa dos protestos e retirada do nome dos cadastros ficará sob condição
resolutiva, devendo a empresa cumprir todas as obrigações previstas no acordo de
recuperação judicial uma vez que, se desatendê-las, será possível voltara incluí-la nos
referidos cadastros.

- Súmula 564-STJ.

 No caso de reintegração de posse em arrendamento mercantil financeiro, quando a


soma da importância antecipada a título de valor residual garantido (VRG) com o valor
da venda do bem ultrapassar o total do VRG previsto contratualmente, o arrendatário
terá direito de receber a respectiva diferença, cabendo, porém, se estipulado no
contrato, o prévio desconto de outras despesas ou encargos pactuados.

- Contrato de locação de espaço em shopping center.

 É válida a mera previsão contratual que estabelece o aluguel em dobro no mês de


dezembro em contrato de locação de espaço em shopping center (13º aluguel).
 Em tese, não é abusiva a previsão, em normas gerais de empreendimento de shopping
center (“estatuto”), a denominada “cláusula de raio”, segundo a qual o locatário de um
espaço comercial se obriga, perante o locador, a não exercer atividade similar à
praticada no imóvel objeto da locação em outro estabelecimento situado a um
determinado raio de distância contado a partir de certo ponto do terreno do shopping
center. Não se aplica a Súmula 646/STF (que diz que é inconstitucional lei municipal
que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em
determinada área).

- Cheque “pré-datado” (ou “pós-datado”).


 O cheque pós-datado pode ser conceituado como um cheque no qual o emitente e
beneficiário combinaram que seria colocado um dia futuro na cártula, a fim de que a
apresentação do título somente ocorresse a partir daquela data.
 Existem duas formas de pós-datação:
a) Pós-datação regular: ocorre quando o emitente, no campo reservado para o dia de
emissão, escreve uma data futura que foi combinada entre as partes;
b) Pós-datação irregular: ocorre quando o emitente, no campo reservado para o dia de
emissão, escreve a data atual, ou seja, o dia real da emissão. No entanto, no verso da
cártula ou em outro local, ele escreve um aviso de que o cheque somente deverá ser
descontado em uma data futura (“bom para”).
 O cheque pós-datado é válido, mas somente entre as partes. Continua sendo uma
ordem de pagamento à vista e não produz efeitos perante a instituição financeira.
 Entretanto, o cheque pós-datado é um acordo de vontades, de modo que o
beneficiário, ao descumprir esse pacto, pratica um ilícito contratual, podendo,
portanto, a ser condenado a indenizar o sacador por danos morais e materiais. Súmula
370/STJ: Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado.
 Prazo de apresentação: o cheque com pós-datação regular amplia o prazo de
apresentação e, consequentemente, o prazo prescricional. Já o cheque com pós-
datação irregular não modifica o prazo de apresentação nem o prazo de prescrição do
título.

- Cheque e termo inicial da correção (emissão) e dos juros (primeira apresentação).

 Em qualquer ação utilizada pelo portador para cobrança do cheque, a correção


monetária incide a partir da data de emissão da cártula e os juros de mora começam a
ser contados da primeira apresentação à instituição financeira sacada ou câmara de
compensação (art. 52, II, da Lei do Cheque).

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