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AGRAVO INTERNO
Nestes termos,
Pede e aguarda deferimento.
COLENDA CÂMARA
ÍNCLITOS JULGADORES
I – PRELIMINARMENTE:
I.1 – Da tempestividade:
II – BREVE HISTÓRICO
”Nos termos do disposto no parágrafo 2º, do artigo 99, do novo Código de Processo Civil, o juiz somente poderá
indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão
de gratuidade. Nesse passo, embora a jurisprudência desta Câmara e do Superior Tribunal de Justiça admita a
possibilidade de a pessoa natural pedir assistência judiciária, tal como prevê o artigo 98 do novo CPC, tal
concessão deve observar um mínimo de razoabilidade diante de elementos concretos, não se confundindo com
momentânea situação de dificuldade. O Juiz não é mero expectador na concessão dos benefícios da Justiça
Gratuita e a regra deve ser interpretada, valendo destacar que dificuldade financeira não se confunde com
pobreza jurídica. E, na hipótese, o recorrente alienou ao recorrido veículo de valor considerável, incompatível,
inclusive, com a renda informada à fl. 160, circunstância que não se compatibiliza com a alegada pobreza.
Acrescente-se que o apelante não exibiu qualquer elemento, tal como declaração de bens, no intuito de demonstrar
sua impossibilidade de arcar com as custas do processo, instruindo o pedido unicamente com a declaração de
insuficiência de recursos (fl. 159) e documentos médicos que, por si sós, não corroboram a situação noticiada.
Assim, não está evidenciada a hipossuficiência econômica declarada. Diante de tais considerações e sendo
necessária a demonstração de insuficiência de recursos para que possa desfrutar dos benefícios da assistência
judiciária gratuita, não há como deferir a pretendida gratuidade processual com os subsídios apresentados.
Intime-se o apelante para, em cinco dias, recolher o preparo recursal, nos termos do art. 1.007, § 4º, do CPC, sob
pena de deserção. Int. São Paulo, 6 de abril de 2018. Kioitsi Chicuta Relator”.
No entanto, pela simples leitura da decisão guerreada, evidencia-se que a mesma
vai de encontro com Legislação Pátria e a Jurisprudência dominante, haja vista, que a mesma
reconhece a parca renda do agravante, porém, o nobre Relator, cria uma situação hipotética,
presumindo a condição financeira do mesmo, devendo portanto a mesma ser modificada.
Feito este breve relato dos fatos, passaremos daqui por diante a demonstrar que
a decisão guerreada não deve prevalecer.
III – DO DIREITO
Diante dos fatos acima narrados e por tudo que dos Autos consta, não agiu o
Relator com o costumeiro acerto, não existindo razões para que não sejam deferidos os
benefícios da AJG ao agravante, já que este não possui condições financeiras de suportar com
o pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo de seu próprio
sustento e de seus familiares, devendo ser reformada a decisão de fls.: , para deferir o referido
benefício ao mesmo e consequentemente, conhecer o recurso de apelação apresentado.
Assim, o argumento utilizado, não é suficiente, uma vez que, o agravante não
necessita viver em estado de miserabilidade ou penúria, para fazerem jus ao deferimento do
citado benefício.
Ainda que o agravante possua patrimônio ou renda, o que não foi exigida a
comprovação, afrontando o disposto no § 2º do art. 99 do CPC/15, isto, por si só, não
significa que têm capacidade financeira para suportar os encargos do processo sem prejuízo do
próprio sustento, porquanto para o deferimento da gratuidade da justiça, não se exige o
estado de penúria ou miséria absoluta, mas pobreza na acepção jurídica do termo, o que
equivale a dizer que a condição meramente econômica de que tem bens ou de que
contratou advogado particular não afasta o direito ao beneplácito, se não restar
suficientemente comprovado que a parte, ao contrário do que afirma, tem sim condições
de arcar com o pagamento dos custos do processo, o que não encontramos nos Autos, já
que violado o disposto no §2º do art. 99 do CPC/15.
“Art. 99 – (...) - § 2º - O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos
elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de
gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação
do preenchimento dos referidos pressupostos.
Ainda, há de se ressaltar que qualquer decisão restringindo direitos deve ser vista
com cautela, sob pena de ofensa a Princípios Constitucionais, como os da Razoabilidade e
Proporcionalidade, verdadeiros norteadores para o julgador.
XXXX
Além do mais, apenas a título de argumentação, para que não se alegue que o
agravante pretende se livrar dos ônus sucumbências, caso o mesmo não obtenha êxito na
demanda, não ficara livre dos ônus sucumbenciais, com o deferimento dos benefícios da AJG,
pois, o que fica suspensa é a exigibilidade dos créditos decorrentes da sucumbência, e caso
a situação do agravante se altere, daí sim pode ser exigido o pagamento decorrente do ônus da
sucumbência.
Nestes termos,
Pede e aguarda deferimento.
São Lourenço, 18 de abril de 2018.