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JEZABEL

A SENHORA DO ANEL
Coordenação Editorial: Pr. Romney Cruz
Produção Textual: Claudia Helena de Oliveira / Débora Guillen
Revisão: Etiene Arruda
Capa: Marcus Castro
Diagramação: D-Estudio

Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, guardada pelo sistema “retrieval”
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Guillen, Fernando Jezabel : A Senhora do Anel / Fernando Guillen. --


Belo Horizonte, MG : Sete Montes, 2011.

ISBN 978-85-63767-02-8
1. Bíblia. A.T. Reis - Crítica e interpretação, etc. 2. Bíblia - Crítica narrativa 3. Jezebel, Rainha,
consorte de Ahab, Rei de Israel I. Título.

11-02901 CDD-222.5092

Índices para catálogo sistemático:


1. Jezebel : Livro dos Reis : Antigo Testamento : Bíblia : Biografia 222.5092

1ª edição: março de 2011


JEZABEL
A SENHORA DO ANEL

AP. FERNANDO GUILLEN


Dedico este livro a todos os profetas valentes que compõe a geração
de Elias, chamados a reedificar o altar ao único Deus, YWVH, e a
todos os reis guerreiros que formam a geração de Jeú, chamados a
destronar para sempre o governo de Jezabel!
Reconheço que somente o Filho de Deus, que tem olhos como
chama de fogo, e pés como latão reluzente é digno de receber toda
honra e glória por esta obra, que foi divinamente inspirada por Ele
mesmo!
ÍNDICE

Prefácio................................................................ 13

Introdução............................................................ 17

O Gênesis de Elias............................................... 23

capítulo i A Rainha Jezabel.................................................. 35

capítulo ii O Principado Jezabel............................................ 49

capítulo iii O Corpo de Jezabel.............................................. 61

capítulo iv Jezabel x Rainha dos Céus.................................... 73

11
capítulo v O Anel de Selar.................................................... 89

capítulo vi O Selo de Manipulação...................................... 103

capítulo vii O Selo de Destruição Familiar........................... 125

capítulo viii O Selo de Rebelião/Ódio Contra a Autoridade..... 149

capítulo xi O Selo de Perversão Sexual................................ 167

capítulo x O Selo de Castidade........................................... 191

capítulo xi O Selo de Incubação Jezabélica.......................... 205

capítulo xii O Selo de Alianças de Paz.................................. 215

capítulo xiii Libertando-se da Estrutura Jezabélica................ 235


PREFÁCIO

Este não é um livro que queríamos escrever, é um livro que tive-


mos que escrever. Houve muitos confrontos espirituais de intimida-
ção, terror, complô, ataques financeiros, ameaças de morte de Jezabel
enquanto viajávamos pelo Brasil e escrevíamos esse livro. Em muitas
cidades, por exemplo, quando estávamos prestes a aterrissar, nuvens
escuras, neblinas e até fortes chuvas apareciam de repente e fechavam
as pistas dos aeroportos, nos impedindo de descer.
Por várias vezes, enquanto trazíamos revelação sobre quem
Jezabel realmente é, o computador se formatava sozinho, até que in-
tercedíamos e os arquivos novamente apareciam.
Certa vez, em uma madrugada, fomos despertados pelos
passos furiosos de Jezabel no telhado da casa em que nos hospedá-
vamos. Em outra ocasião, enquanto descrevíamos a operação de cada
selo, a luz foi cortada somente no quarto em que nos encontrávamos.
Ataques ao nosso corpo físico com enfermidades foram inu-
meráveis. E sabíamos que era um confronto jezabélico porque sempre
aparecia quando nos dedicávamos a escrever o livro.

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AP. FERNANDO GUILLEN

Em grande parte das igrejas que ministrávamos, discernía-


mos profeticamente que Jezabel estava atacando ou já havia atacado,
ou estava prestes a atacar, tal como acontecia na igreja em Tiatira.
O padrão mais comum que encontrávamos era de pessoas
que faziam parte da liderança e, influenciadas por Jezabel, contami-
navam todos os membros com rebeldia em relação ao líder principal.
Isso aconteceu de maneira muito forte em uma cidade no norte do
país, onde chegamos para ministrar e encontramos os membros da
igreja totalmente controlados por uma líder que astutamente estava
assumindo a liderança do pastor dessa igreja. Ao discernirmos isso,
alertamos o pastor, que nos pediu que ministrássemos essa palavra.
Após a mensagem, Jezabel foi desmascarada e essa líder, vendo que
havia perdido o poder, veio nos intimidar. Nós, contudo, a confronta-
mos com a verdade, e para a glória de Deus, ela saiu da igreja sem levar
ninguém com ela.
Outra experiência que tivemos foi durante a ministração a
muitas esposas de pastores que estavam enfermas devido às orações
contrárias de pessoas que estavam debaixo da influência de Jezabel.
Poderia seguir relatando neste prefácio inúmeras experiên-
cias que tivemos como oposição para impedir que esse material che-
gasse em suas mãos. Sabíamos que enfrentaríamos essa guerra, pois
para adquirir autoridade e expor as obras desse principado na Igreja,
teríamos que, como Elias, enfrentá-lo primeiro em nossas vidas e mi-
nistério.
Esse livro foi um treinamento intensivo em nossas vidas,
mas também se tornou uma alegria disponibilizá-lo para o Corpo de

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JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Cristo, àqueles que são guerreiros, corajosos, zelosos, que possuem a


unção de Elias e reconhecem as artimanhas de Jezabel.
Por isso incentivo você a não somente ler, mas também a
estudar esse manual de guerra espiritual, que não é apenas um do-
cumento de informação, mas uma revelação de como nós podemos
limpar e libertar as nossas próprias vidas desse governo demoníaco.
Seja você parte dessa geração de Elias que está sendo levan-
tada nesse tempo para derrotar Jezabel!

Débora Guillen

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INTRODUÇÃO

Anel é um artefato usado ao longo de toda a história da humani-


dade para ilustrar uma aliança, em geral de casamentos, acordos, selos.
Mas representou, também, ao longo dos séculos, um selo
de autoridade, em diferentes níveis, e uma ferramenta para outorgar
destinos.
Vivemos num século em que conflitos aparentemente catas-
tróficos nos emudecem, literalmente, especialmente dentro da Igre-
ja – tempos de despotismo, tempos de contaminação em suas mais
variadas formas – , e por vezes nos perguntamos de onde surgiu tudo
isso, após tantas camadas de pregação, ajuntamento, disseminação de
grandes composições musicais que nos edificam, e tantas falas difusas
sobre uma santidade que conviva socialmente, sem agredir, sem con-
frontar, sem incomodar o mundo.
Este é o século do Cristianismo conivente, em que se aper-
tam as mãos crentes e incrédulos em nome de causas comuns, como
bem cantou em poesia o músico sacro que marcou sua época com seu
testemunho e gravidade diante da Palavra de Deus, Sergio Pimenta:

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AP. FERNANDO GUILLEN

“Se há conveniência mesmo na incoerência,


Farta adesão,
Em que se congratulam
O que crê e o que não.”

A Igreja do século 21 é uma igreja que prefere a aceitação


social do que o confronto às grandes mazelas provocadas pelos peca-
dos tolerados.
A consequência disso é um desnorte que se multiplica dano-
samente, e atinge toda a Igreja: uma prostituição “cristã” que vai desde
a relação com o dinheiro até os relacionamentos dos mais variados
níveis. O altar está contaminado.
E é neste contexto que este livro se propõe refletir sobre um
principado que crassou ao longo dos séculos: Jezabel, a rainha mais
perversa que Israel já conheceu.
Um dos significados do seu nome é sem marido, o que nos
permite notar que ela não reconhecia autoridade alguma. Sua religião
era politeísta, e seu caráter, matriarcal.
Seus feitos são descritos no livro de I Reis, no Antigo Tes-
tamento. Ela seduzia as pessoas, levando-as às profundezas de Sa-
tanás.
Por meio de sua linha de pensamento e de suas doutrinas,
Jezabel levou o povo ao cativeiro e à apostasia.
Trata-se de um principado, e não de uma mulher.
Erroneamente se fala nas teologias mais radicais e desavisa-
das que Jezabel é um espírito que age em mulheres mas isso não passa

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JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

de lenda eclesiástica, pois espíritos são assexuados – ou seja, enquanto


a Igreja brame sua voz nos meios mais radicais contra usos e costumes
ou comportamentos, esse principado desfila calmamente nos púlpitos,
onde aumenta o número de líderes afeminados e prostituição traves-
tida de santidade.
Falta ao povo conhecimento, falta a verdade, e por isso au-
menta a morte espiritual e a prisão múltipla, onde deveria haver avanço
e conquista – a Igreja de Jesus assumindo seu real papel na sociedade,
tanto quanto Elias assumiu diante de Jezabel, como veremos no livro.

E o anel de Jezabel trazia a morte:

Então, escreveu cartas em nome de Acabe, selou-as


com o sinete dele e as enviou aos anciãos e aos nobres
que havia na sua cidade e habitavam com Nabote.(I
Reis 21:8)

Em Apocalipse 2, temos o respaldo para essa compreensão


da manisfestação dessa entidade demoníaca.
Na época em que Jezabel reinava, a assinatura era feita com
um selo contido em um anel. Em hebraico, referia-se a um selo que dava
completa legalidade. Esse anel dava autoridade para estabelecer decretos
a favor ou contra o povo de Deus. E como tirar dela esta autoridade? É o
que precisamos fazer hoje, e para isto o caminho é um só, como fez Elias:
restaurar o altar de Deus, através do arrependimento, confissão e renúncia
diários, tirando de Jezabel a autoridade usurpadora sobre o cristão.

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AP. FERNANDO GUILLEN

No filme “O Senhor dos Anéis” (filme embasado na obra de


John Ronald Reuel Tolkien – 1892-1973), toda a batalha se move em
torno do Anel. O poder se encontrava no anel. Quem tivesse o anel,
teria toda autoridade.
Sabemos que estamos em um tempo de Guerra Espiritual.
E o mundo espiritual se move através de decretos – por isso precisa-
mos saber quem está com o anel de selar.
Jezabel atua dentro da igreja. As pessoas podem ser vítimas
de um selo, ou ter uma atitude correspondente ao selo de Jezabel.

Porque confiaste na tua maldade e disseste: Não há


quem me veja. A tua sabedoria e a tua ciência, isso te
fez desviar, e disseste contigo mesma: Eu só, e além de
mim não há outra. (Isaías 47:10)

O objetivo de Jezabel é permanecer encoberta, entrelaçar e


executar suas obras dentro do Corpo de Cristo sem ser percebida. Por
esta razão, em Apocalipse Jesus se apresenta como Filho de Deus que
tratará com os filhos de Jezabel. E Jesus se mostra com olhos como
chama de fogo, para penetrar no mais íntimo e desmascarar toda teia
satânica que ela tramou contra nós, e pés de bronze para quebrar e
esmagar todo selo que ela cauterizou em nossa vida:

[assim diz] aquele que vive; estive morto, mas eis que
estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da
morte e do inferno. (Apocalipse 1:18)

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JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Convido você a vir comigo nesta busca do conhecimento de


Deus.
Minha sugestão pessoal é que você se mantenha em vi-
gilância e oração ao longo desta leitura, para que a revelação dessa
estratégia demoníaca seja eficiente para produzir em você um novo
posicionamento espiritual e, consequentemente, uma transformação
pelo poder de Deus, saindo da passividade dos profetas coniventes do
século 21 para um Elias, pronto a restaurar altares, confrontar o siste-
ma religioso e não tolerar a Jezabel em nome de Jesus.

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O GÊNESIS DE ELIAS

Então, lhe veio a palavra do Senhor, dizendo: Dis-


põe-te , e vai a Sarepta, que pertence a Sidom, e demo-
ra-te ali, onde ordenei a uma mulher viúva que te dê
comida. Então ele se levantou e se foi a Sarepta; che-
gando à porta da cidade, estava ali uma mulher viúva
apanhando lenha; ele a chamou e lhe disse: Traze-me,
peço-te, uma vasilha de água para eu beber. Indo ela a
buscá-la, ele a chamou e lhe disse: Traze-me também
um bocado de pão na tua mão. Porém ela respondeu:
Tão certo como vive o Senhor, teu Deus, nada tenho
cozido; há somente um punhado de farinha numa pa-
nela e um pouco de azeite numa botija; e vês, aqui,
apanhei dois cavacos e vou preparar esse resto de co-
mida para mim e para o meu filho; comê-lo-emos e
morreremos.

Elias lhe disse: Não temas; vai e faze o que disseste;


mas primeiro faze dele para mim um bolo pequeno e

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AP. FERNANDO GUILLEN

traze-mo aqui fora; depois, farás para ti mesma e para


teu filho. Porque assim diz o Senhor, Deus de Israel:
A farinha da tua panela não se acabará, e o azeite da
tua botija não faltará, até ao dia em que o Senhor fizer
chover sobre a terra.

Foi ela e fez segundo a palavra de Elias; assim, co-


meram ele, ela e a sua casa muitos dias. Da panela a
farinha não se acabou, e da botija o azeite não faltou,
segundo a palavra do Senhor, por intermédio de Elias.
Depois disto, adoeceu o filho da mulher, da dona da
casa, e a sua doença se agravou tanto, que ele morreu.
Então disse ela a Elias: Que fiz eu, ó homem de Deus?
Vieste a mim para trazeres à memória a minha ini-
quidade e matares o meu filho? Ele lhe disse: Dá-me o
teu filho; tomou-o dos braços dela, e o levou para cima,
ao quarto, onde ele mesmo se hospedava, e o deitou em
sua cama; então, clamou ao Senhor e disse: Ó Senhor,
meu Deus, também até a esta viúva, com quem me
hospedo, afligiste, matando-lhe o filho? E estendendo-
se três vezes sobre o menino, clamou ao Senhor e disse:
Ó Senhor, meu Deus, rogo-te que faças a alma deste
menino tornar a entrar nele.

O Senhor atendeu à voz de Elias; e a alma do menino


tornou a entrar nele, e reviveu. Elias tomou o menino, e

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JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

o trouxe do quarto à casa, e o deu à sua mãe, e lhe disse:


Vê, teu filho vive. Então a mulher disse a Elias: Nisto
conheço agora que tu és homem de Deus e que a palavra
do Senhor na tua boca é verdade. (I Reis 17:8-24)

Deus treina seus profetas guerreiros e conquistadores em


pequenas batalhas, com vitórias que detém todos os elementos de uma
guerra maior. Davi lutou contra um simples leão e um urso para se
preparar para um Golias!
Moisés cuidou de um rebanho de ovelhas durante 40 anos
no deserto, e lá aprendeu a ter paciência infinita com animais errantes.
Assim, ele estava pronto para levar cinco milhões de hebreus em cir-
cunstâncias como aquela, pois foi educado para aquele tipo de desafio,
em escala menor.
Deus pode expandir você, mas nunca o deixará sem um pre-
cedente. Ele tem a integridade de não lhe atribuir uma tarefa com a
qual você não saiba lidar ou não tenha enfrentado em escala menor.
O profeta Elias foi comissionado para derrotar Jezabel, e
Deus o moldou para aquele momento através da experiência de mila-
gre para com uma viúva e seu filho.
Quando você for confrontar o pecado de toda uma nação,
terá que fazê-lo primeiro com o pecado individual.
Ao lidar com poucas pessoas, você estará sendo treinado
com o protótipo que te revelará todo o esquema espiritual territorial,
bem como sua solução. E, ao quebrar o cativeiro de um indivíduo, os
poderes demoníacos em uma nação começarão a ser enfraquecidos.

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AP. FERNANDO GUILLEN

Elias aprendeu em Sarepta as maquinações de seu inimigo. São os


mesmos problemas pecaminosos que permitem a Jezabel governar uma vida,
e como se dá a morte ao eu, passo necessário para sair do seu esquema.
Sarepta era uma cidade na região de Sidom (v.9), o lugar onde o
pai de Jezabel era o rei. Era o centro de adoração ao seu deus pagão, Baal.
Elias se infiltrou numa fortaleza construída contra o Deus
Altíssimo para abalar aquele império desde o interior. Ele resgataria
duas vítimas pobres e pouco conhecidas: a viúva e o menino.
Para realmente vencer o mal, aquele que tem um chamado, como
Elias, entra na própria vida da vítima, e por essa perspectiva interior conquista
a tirania de Jezabel. Essa é a dignidade de alguém que realmente busca o
coração de Deus, e é enviado como Seu profeta para destruir o território do
inimigo. Há de viver, servir e lutar até que a liberdade seja garantida.
Elias conquistou o domínio da viúva e a morte do meni-
no – ou seja, as raízes de Jezabel: iniquidades de homens e mulheres
mostrados em uma pequena casa.
A viúva representa a mulher sem o homem, sem marido,
sem sacerdócio. O objetivo principal de Jezabel é a destruição do ho-
mem. Deus é patriarcal. O Salvador é varonil. A feminilidade não é
negada, e Deus tem Seu caráter cortês. Mas sem o gênero masculino
e feminino, não há vida.
Jezabel quer o fim da autoridade do homem, e trazer um
turbilhão de total confusão, a qual o inimigo possa aproveitar.
Em Sidom os homens haviam saído de cena. A mulher, ago-
ra sem o cabeça é destituída, infrutífera e derrotada – como também
derrotado é o homem sem sua masculinidade.

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JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

O profeta pediu como presente à viúva seu último bocado de


comida: um pouco de farinha e uma botija de azeite (v.10-13).
No esquema jezabélico, a mulher é tentada a fazer a sua
própria vontade a fim de controlar. Elias tocou o coração da ambição
jezabélica. E a viúva cedeu. O profeta trouxe a escolha de Deus, e sua
decisão era a vida ou morte. Dar e viver, ou segurar e morrer.
Renunciar ao controle é o desafio que Deus faz. Reter é per-
der a Sua provisão. Ceder com todos os seus riscos aterrorizantes é a
provisão durante a estação de escassez.
Jezabel é o governo de roubo e assassinato, que é a essência
da natureza de Satanás, manifesto por meio de um vaso humano que
compartilha a sua mesma ambição de possuir.
Jezabel possuía a posição de seu marido, a vinha de Nabote,
os profetas de Deus. E tudo o que ela tinha sob sua autoridade, era
exterminado – esta é a influência de Jezabel.
A viúva, sob o domínio do culto a Baal, o deus de seu país,
foi tentada a resolver a vida pela possessividade de Jezabel. Elias mos-
trou-lhe outra escolha, uma maneira diferente.
O que a mulher rendesse a Deus seria devolvido com multi-
plicação. A força de uma mulher reside em sua vulnerabilidade femi-
nina, que Deus se deleita em cobrir.
Mulheres sem homens podem fazer maridos em miniatura
de seus filhos, privando-os da autoridade e sacerdócio, e tornando-os
escravos dos medos da mulher.
Tais homens nunca escapam das prisões internas em que
“mães dominadoras” os colocam, e nesses cativeiros vão perecendo aos

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AP. FERNANDO GUILLEN

poucos. As mulheres podem fazer meninos dos seus maridos, assu-


mindo o papel de “mãe” em vez de mulher.

A Biblia relata:

O menino ficou doente e ficou cada vez pior. (v.17)

Mulheres com medo, decepcionadas com os homens, muitas


vezes são possessivas com seus filhos e assim os impedem de crescer
em sua masculinidade, mantendo-os como meninos malcriados. Este
é o espírito de Acabe – o enfraquecimento dos homens até a morte
total de sua identidade.
Meninos-Acabe com viúvas-Jezabel, morrem de forma len-
ta e sufocante. A morte da individualidade, da energia e, pior, a morte
do seu sexo, anulando a masculinidade que Deus criou e que a socie-
dade precisa.
Quando Jezabel governa, ela mata a virilidade. Sua ambição
não é ser rainha, mas ser rei, com os privilégios e o poder que pertencem
aos homens. Seu rival não é outra mulher, mas outro homem. Quando
uma mulher assume uma posição dominante, ela está acolhendo Jezabel.
Quando a mulher se entrega ao medo e cobiça, ela dá lugar
ao governo de Jezabel. Ela consome a vida do menino, a identidade
do sexo masculino. E ele dormirá na paralisia, pela perda de sua au-
toridade.
A viúva tem algum sentimento de culpa, uma idéia do seu
erro, assim como todas as mulheres que anulam os homens:

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JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Então disse ela a Elias: Que fiz eu, ó homem de Deus?


Vieste a mim para trazeres à memória a minha iniqui-
dade e matares o meu filho? (I Reis 17:18)

Mais uma vez, a solução é entregar o que se tem. Elias disse


a ela: “Dê-me seu filho” (v.19). Ele era o “seu filho”, de sua propriedade,
para seu uso – essa propriedade sufoca o homem.
A mulher deve renunciar a seu poder sobre o homem, mas
o homem deve também recuperar a própria autoridade. A natureza de
Deus vem para que isso aconteça através de Elias.

Ele lhe disse: Dá-me o teu filho; tomou-o dos braços


dela, e o levou para cima, ao quarto, onde ele mesmo
se hospedava, e o deitou em sua cama; (I Reis 17:19)

Este profeta de Deus, com todo fogo e coragem patriarcal e


inflamado pelo conhecimento de Deus, começou a orar:

Então, clamou ao Senhor e disse: Ó Senhor, meu Deus,


também até a esta viúva, com quem me hospedo, afli-
giste, matando-lhe o filho? E estendendo-se três vezes
sobre o menino, clamou ao Senhor e disse: Ó Senhor,
meu Deus, rogo-te que faças a alma deste menino tor-
nar a entrar nele. O Senhor atendeu à voz de Elias; e
a alma do menino tornou a entrar nele, e reviveu. (I
Reis 17:20-22)

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AP. FERNANDO GUILLEN

Oração fervorosa, apaixonado empenho, envolvimento pes-


soal – são os poderes divinos da unção de Elias para levantar o homem
do túmulo de aniquilação de Jezabel.
Elias permaneceu até que a vida voltasse. Ele faria tudo que
fosse exigido como sacrifício pessoal para ver a ressurreição. Ele inter-
cede profeticamente, anelando que o propósito de Deus reine sobre o
menino.
A dependência de Deus através da oração e o poder de res-
surreição, foram armas que Elias descobriu em Sarepta para derrotar o
regime demoníaco de Jezabel e Acabe, os inimigos de Deus.
Elias serviu no tempo de “pequenos começos”. Ele demons-
trou ser fiel, focado em apenas obedecer e se preocupar com a pessoa
certa – estava sendo preparado, na verdade, para enfrentar a grande
batalha que estava por vir.

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A RAINHA JEZABEL
CAPÍTULO I

A RAINHA JEZABEL

No livro de I Reis, encontramos a história de Jezabel, uma princesa


fenícia cujo pai foi o bruxo-tirano Etbaal, rei dos sidônios, um dos
principais povos fenícios, situado ao norte de Israel, onde hoje está
o Líbano. Etbaal conseguiu chegar ao trono de Sidom assassinando
seus irmãos. Ele foi, também, um sumo sacerdote que participava na
adoração ao deus sol fenício, a quem sacrificavam os primogênitos no
fogo (chamado de Baal). Etbaal significa literalmente estou com Baal,
vivendo com Baal e desfrutando de sua ajuda.

E Acabe, filho de Onri, começou a reinar sobre Israel


no ano trigésimo oitavo de Asa, rei de Judá; e reinou
Acabe, filho de Onri, sobre Israel, em Samaria, vin-
te e dois anos. E fez Acabe, filho de Onri, o que era
mau aos olhos do SENHOR, mais do que todos os que

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AP. FERNANDO GUILLEN

foram antes dele. E sucedeu que (como se fora pouco


andar nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate) ainda
tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos
sidônios; e foi e serviu a Baal, e o adorou. E levan-
tou um altar a Baal, na casa de Baal que edificara em
Samaria. Também Acabe fez um ídolo; de modo que
Acabe fez muito mais para irritar ao SENHOR Deus
de Israel, do que todos os reis de Israel que foram antes
dele. (I Reis 16:29-33)

Um dos significados em hebraico do nome Jezabel é infiel, ou Baal


é seu marido. Na passagem destacada acima, Jezabel aparece como a esposa de
Acabe, rei de Israel, o que a tornou filha-esposa de rei. Seu casamento, tinha
como objetivo político fortalecer as relações entre Israel e a Fenícia.
O pai de Acabe, Onri, estabeleceu acordo com o rei-sacerdote
de Tiro e Sidom e pai de Jezabel, Etbaal. Fazia parte dessa aliança estabe-
lecida entre esses dois reis um acordo que garantia a Jezabel o direito de
continuar adorando seus ídolos em sua nova casa, Samaria. Esse foi o caso
do trágico casamento entre o rei de Israel e uma princesa pagã.
Jezabel não apenas se dedicou com suas servas em introduzir
a adoração a Baal em Samaria, mas também adoração a Astarte ou
Astarote, a deusa fenícia da guerra, prosperidade e fertilidade, adorada
também pelos filisteus – essa deusa também é reconhecida pelas es-
cavações arqueológicas como uma espécie de prostituta celestial, pois
seu culto envolvia muita orgia e sacrifícios humanos, especialmente
de recém nascidos. O Senhor chamou estas práticas de abominações.

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JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Então o rei ordenou, e todos os anciãos de Judá e de


Jerusalém se reuniram a ele.

O rei subiu à casa do SENHOR, e com ele todos os


homens de Judá, e todos os moradores de Jerusalém, os
sacerdotes, os profetas e todo o povo, desde o menor até
ao maior; e leu aos ouvidos deles todas as palavras do
livro da aliança, que se achou na casa do SENHOR.

E o rei se pôs em pé junto à coluna, e fez a aliança perante


o SENHOR, para seguirem o SENHOR, e guardarem
os seus mandamentos, os seus testemunhos e os seus esta-
tutos, com todo o coração e com toda a alma, confirmando
as palavras desta aliança, que estavam escritas naquele
livro; e todo o povo apoiou esta aliança.

E o rei mandou ao sumo sacerdote Hilquias, aos sacerdo-


tes da segunda ordem, e aos guardas do umbral da porta,
que tirassem do templo do SENHOR todos os vasos que
se tinham feito para Baal, para o bosque e para todo o
exército dos céus e os queimou fora de Jerusalém, nos cam-
pos de Cedrom e levou as cinzas deles a Betel.

Também destituiu os sacerdotes que os reis de Judá es-


tabeleceram para incensarem sobre os altos nas cidades
de Judá e ao redor de Jerusalém, como também os que

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AP. FERNANDO GUILLEN

queimavam incenso a Baal, ao sol, à lua, e aos plane-


tas, e a todo o exército dos céus.

Também tirou da casa do SENHOR o ídolo do bosque


levando-o para fora de Jerusalém até ao ribeiro de Ce-
drom, e o queimou junto ao ribeiro de Cedrom, e o desfez em
pó, e lançou o seu pó sobre as sepulturas dos filhos do povo.

Também derrubou as casas dos sodomitas que estavam


na casa do SENHOR, em que as mulheres teciam ca-
sinhas para o ídolo do bosque.

E a todos os sacerdotes trouxe das cidades de Judá, e


profanou os altos em que os sacerdotes queimavam in-
censo, desde Geba até Berseba; e derrubou os altos que
estavam às portas, junto à entrada da porta de Josué, o
governador da cidade, que estava à esquerda daquele
que entrava pela porta da cidade.

Mas os sacerdotes dos altos não sacrificavam sobre o


altar do SENHOR em Jerusalém; porém comiam pães
ázimos no meio de seus irmãos.

Também profanou a Tofete, que está no vale dos filhos


de Hinom, para que ninguém fizesse passar a seu filho,
ou sua filha, pelo fogo a Moloque.

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JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Também tirou os cavalos que os reis de Judá tinham


dedicado ao sol, à entrada da casa do SENHOR, perto
da câmara de Natã-Meleque, o camareiro, que estava
no recinto; e os carros do sol queimou a fogo.

Também o rei derrubou os altares que estavam sobre o terra-


ço do cenáculo de Acaz, os quais os reis de Judá tinham feito,
como também o rei derrubou os altares que fizera Manassés
nos dois átrios da casa do SENHOR; e esmiuçados os tirou
dali e lançou o pó deles no ribeiro de Cedrom.

O rei profanou também os altos que estavam defron-


te de Jerusalém, à mão direita do monte de Masite,
os quais edificara Salomão, rei de Israel, a Astarote, a
abominação dos sidônios, e a Quemós, a abominação
dos moabitas, e a Milcom, a abominação dos filhos de
Amom. (II Reis 23:1-13)

Jezabel era auto sacerdotisa do culto baalístico. Assim, ao


entender o que há por detrás da figura de Baal, compreenderemos o
perfil de sua adoradora, afinal as pessoas tendem a ser iguais aos deu-
ses que adoram.
Baal era o principal deus dos fenícios, também chamado o
deus das tempestades. Era feito de ferro e possuía um chicote ou vara
de disciplina em sua mão, indicando uma imagem altamente autorita-
rista e déspota – aliás, era assim que os seus adoradores o enxergavam.

39
AP. FERNANDO GUILLEN

Em algumas outras representações, Baal segura além da vara


de repreensão ou chicote, uma lança como se estivesse para combater
alguém. O uso desses pequenos ídolos como amuleto de proteção e
sorte estavam em moda nos dias de Israel.
É importante notar que o culto a Baal e outros deuses foi
uma prática proibida por Deus desde a chegada dos hebreus em Ca-
naã, mas que infelizmente contaminou, não poucas vezes, os seus des-
cendentes que agora habitavam na terra.
O próprio rei Salomão, embora fosse um monarca sincero e
tivesse o privilégio de construir o templo judeu, casou-se com várias
mulheres cananitas, a fim de obter alianças políticas, e o resultado foi
que ele mesmo cedeu às práticas religiosas de algumas de suas esposas.
Mais tarde, seu filho Jeroboão se rebelou contra ele e iniciou
uma adoração pagã em Teodã, ao norte do país. Nesse entremeio, vá-
rios reis como Ezequias e Josias, pediram perdão a Deus e tentaram
reformar o culto a YWVH, o Deus verdadeiro de Israel.
Sacerdotes piedosos também participaram da restauração.
Mas finalmente surgia outro rei, que conhecendo as leis e os manda-
mentos do Deus de Israel, era espiritualmente fraco em seu caráter, e
a idolatria voltava a imperar sobre o reino, agora dividido de Judá e
Israel.
Foi numa dessas situações que o fraco rei Acabe, para fazer
aliança com os fenícios, se casou com a perversa princesa Jezabel, que
se tornaria, então, a rainha dos israelitas. Como foi dito, muito prova-
velmente, esse foi um casamento mais político do que motivado por
amor.

40
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

A guerra, principalmente contra o rei da Síria, Ben-Hada-


de, dominou a cena do reinado de vinte e dois anos de Acabe. Esse
conflito propiciou alianças com outros vizinhos ameaçados e resultou
no casamento de Acabe com Jezabel. Algum tempo depois, Atalia,
filha de Acabe, ajudou a fortalecer os laços com Judá, casando-se com
Jeorão, filho de Josafá, príncipe e herdeiro de Judá.
Como Jezabel era auto sacerdotisa de Astarte ou Astarote,
a esposa de Baal, combateu explicitamente o culto ao Deus de Israel,
recolheu dinheiro público para sustentar a religião dedicada a Baal e
pagar ainda o salário de quatrocentos e cinqüenta profetas ou sacerdo-
tes de dedicação exclusiva ao culto a este deus.
Outra parte do dinheiro público ainda era desviada para o
sustento de pelo menos quatrocentos profetas da deusa Asera (I Reis
18:19). Ela era considerada a mãe dos deuses. A postura em sua está-
tua original demonstra que o fato dela segurar com as duas mãos os
dois seios é o gesto de vínculo com os promíscuos cultos da fertilidade
praticados em Canaã.
Os sacerdotes e profetas israelitas, é claro, foram eliminados,
e alguns tiveram que se exilar no deserto devido à perseguição pro-
movida pela nova rainha, pois aparentemente o seu próprio marido
sentiu-se atraído pelo culto dessas divindades relegando a segundo
plano o Deus de Israel.
Jezabel era a personificação da perversidade. Foi uma das
quatro mulheres que desenvolveu um plano para dominar os territó-
rios. Uma mulher idólatra e religiosa (I Reis 18:19), forte, autoritária,
vingativa (I Reis 19:2), assassina (I Reis 21:5-13), sedutora (II Reis

41
AP. FERNANDO GUILLEN

9:30), impetuosa, tinha sede de poder, manipuladora e acima de tudo,


incitava o rei Acabe para o mal (I Reis 21:25). Exigiu direitos iguais
e liberdade de culto ao seu deus Baal, afrontando o verdadeiro Deus,
levando quase dez milhões de pessoas a apostatar da fé, fazendo-os
dobrar os joelhos diante de Astarte (ou Astarote) e Baal. Apenas sete
mil não aderiram a esse sistema cultual:

Também deixei ficar em Israel sete mil: todos os joelhos


que não se dobraram a Baal, e toda a boca que não o
beijou. (I Reis 19:18)

A postura dessa rainha atraiu um forte inimigo, chamado Elias.


Seu nome significa “YWVH é Deus”. Não Jezabel, nem Baal. Deus é
Deus, e Elias foi enviado para provar isso. Era notória a fúria de Jezabel
contra esse profeta de Deus, que desafiou os profetas de Baal no monte
Carmelo, derrotando-os à vista de todos (I Reis 18:17-40).
O extermínio dos profetas de Baal não foi suficiente para
parar Jezabel – ao contrário, o fato alimentou seu zelo religioso, in-
tensificando seu ódio contra o profeta. Ela perseguiu e intimidou a
Elias com tal fúria que o levou a fugir de sua presença e a se esconder
em uma caverna. O domínio de Jezabel permaneceu mesmo depois da
morte de seu marido.
O rei Acabe, sétimo rei de Israel, foi morto na batalha con-
tra Ramote-Gileade e sepultado em Samaria. Após sua morte, seu
filho Acazias assumiu o trono e andou pelos mesmos caminhos de seu
pai (I Reis 22:52-54). Teve sua morte vaticinada pelo profeta Elias, a

42
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

qual se cumpriu fielmente (I Reis 21:28-29; II Reis 9:27). Por não ter
filhos que o sucedesse ao trono de Israel, Jorão, seu irmão, foi coroado
rei sobre Israel. Em todos esses reinados encontrava-se a influência de
Jezabel. Até que Jeú, filho de Josafá, foi ungido rei pelo sucessor de
Elias, o profeta Eliseu.

Após ser ungido rei, uma mensagem da parte de Deus foi


entregue a Jeú:

Ferirás a casa de Acabe, teu senhor, para que eu vingue


da mão de Jezabel o sangue de meus servos, os profetas,
e o sangue de todos os servos do Senhor. Pois toda a
casa de Acabe perecerá; e destruirei de Acabe todo filho
varão, tanto o escravo como o livre em Israel. Porque
hei de fazer a casa de Acabe como a casa de Jeroboão,
filho de Nebate, e como a casa de Baasa, filho de Aías.
Os cães comerão a Jezabel no campo de Jezreel; não
haverá quem a enterre. Então o mancebo abriu a por-
ta e fugiu. (II Reis 9:7-10)

Jezabel, ao saber que vinha Jeú contra ela, pintou em volta


dos olhos, adornou sua cabeça e foi esperá-lo na janela.

Depois Jeú veio a Jezreel; o que ouvindo Jezabel,


pintou-se em volta dos olhos, e enfeitou a sua cabeça,
e olhou pela janela. Quando Jeú entrava pela porta,

43
AP. FERNANDO GUILLEN

disse ela: Teve paz Zinri, que matou a seu senhor? Ao


que ele levantou o rosto para a janela e disse: Quem é
comigo? Quem? E dois ou três eunucos olharam para
ele. Então disse ele: Lançai-a daí abaixo. E lançaram-
na abaixo; e foram salpicados com o sangue dela a pa-
rede e os cavalos; e ele a atropelou. E tendo ele entrado,
comeu e bebeu; depois disse: Olhai por aquela maldita,
e sepultai-a, porque é filha de rei. Foram, pois, para a
sepultar; porém não acharam dela senão a caveira,
os pés e as palmas das mãos. Então voltaram, e lho
disseram. Pelo que ele disse: Esta é a palavra do Se-
nhor, que ele falou por intermédio de Elias, o tisbita,
seu servo, dizendo: No campo de Jezreel os cães come-
rão a carne de Jezabel, e o seu cadáver será como esterco
sobre o campo, na herdade de Jezreel; de modo que não
se poderá dizer: Esta é Jezabel. (II Reis 9:30-37)

Nessa passagem, encontra-se registrada a morte da rainha


Jezabel. É interessante notar os detalhes do relato de sua morte – o
Senhor deixa registrado em sua Palavra as partes do corpo de Jezabel
que foram encontradas.
Devemos ter em mente que toda vez que se ressaltam deta-
lhes na Bíblia é porque Deus quer nos mostrar alguma coisa e trazer
revelação por meio desses detalhes.
Guarde-os, pois serão importantes para compreender a atu-
ação dessa estrutura demoníaca nos dias atuais.

44
O PRINCIPADO JEZABEL
CAPÍTULO II

O PRINCIPADO JEZABEL

Como vimos na Bíblia, Jezabel aparece no livro de I Reis, e segue


vigente até o livro de Apocalipse:

Ao anjo da igreja em Tiatira escreve: Isto diz o Filho


de Deus, que tem os olhos como chama de fogo, e os pés
semelhantes a latão reluzente: Conheço as tuas obras,
e o teu amor, e a tua fé, e o teu serviço, e a tua perse-
verança, e sei que as tuas últimas obras são mais nu-
merosas que as primeiras. Mas tenho contra ti que to-
leras a mulher Jezabel, que se diz profetisa; ela ensina
e seduz os meus servos a se prostituírem e a comerem
das coisas sacrificadas a ídolos; e dei-lhe tempo para
que se arrependesse; e ela não quer arrepender-se da

49
AP. FERNANDO GUILLEN

sua prostituição. Eis que a lanço num leito de dores, e


numa grande tribulação os que cometem adultério com
ela, se não se arrependerem das obras dela; e ferirei de
morte a seus filhos, e todas as igrejas saberão que eu
sou aquele que esquadrinha os rins e os corações; e da-
rei a cada um de vós segundo as suas obras. Digo-vos,
porém, a vós os demais que estão em Tiatira, a todos
quantos não têm esta doutrina, e não conhecem as cha-
madas profundezas de Satanás, que outra carga vos
não porei; mas o que tendes, retende-o até que eu ve-
nha. Ao que vencer, e ao que guardar as minhas obras
até o fim, eu lhe darei autoridade sobre as nações, e com
vara de ferro as regerá, quebrando-as do modo como
são quebrados os vasos do oleiro, assim como eu recebi
autoridade de meu Pai; também lhe darei a estrela da
manhã. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz
às igrejas. (Apocalipse 2:18-29)

Conforme registrado no livro dos Reis, a rainha Jezabel


morreu. Entretanto, no livro de Apocalipse encontramos sua figura
novamente atuando na igreja de Tiatira. Vejamos como.
Tiatira era um centro comercial na Ásia menor, hoje, a atual cidade
de Akhisar, na Turquia. Apesar de ter sido construída para ser um posto mili-
tar, ficou famosa pelo comércio de tecidos tingidos com púrpura.
A Bíblia nos fala de uma moradora de Tiatira, a primeira
convertida na Europa, Lídia, a vendedora de púrpura.

50
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

E certa mulher chamada Lídia, vendedora de púr-


pura, da cidade de Tiatira, e que temia a Deus, nos
escutava e o Senhor lhe abriu o coração para atender
às coisas que Paulo dizia. (Atos 16:14)

Os comerciantes e artesãos dessa cidade organizavam-se em


associações, historicamente, conhecidas como Guildas. Esse modelo
de organização se assemelha às modernas associações de profissio-
nais, mas com forte influência religiosa pagã. Segundo historiadores,
as reuniões eram finalizadas com orgias sexuais.
Havia em Tiatira vários templos de adoração pagã, nos quais
sobressaíam os cultos às divindades representadas por mulheres, tais
como Artemis (a mesma deusa chamada Diana pelo Romanos) e Si-
bila.
Esse ambiente promíscuo, de muita perversão sexual, e cujo
contexto religioso sofria a influência da figura feminina, facilitou a
atuação da estrutura jezabélica nesta cidade, alcançando até mesmo
a igreja.
Em Apocalipse, a igreja em Tiatira era frutífera, tinha amor,
perseverança, fé, serviço, e suas últimas obras eram maiores do que as
primeiras – aparentemente uma igreja exemplar, pois nela se destaca-
vam aspectos que agradavam a Deus.
Contudo, Deus tinha algo contra esta igreja: sua tolerância
à mulher Jezabel, que enganava, estabelecia doutrinas e os levava a se
prostituir e a comer os sacrifícios da idolatria. Por isso Jesus se apre-
senta com olhos de fogo e pés de bronze para confrontar a Jezabel:

51
AP. FERNANDO GUILLEN

E ao anjo da igreja de Tiatira escreve: Isto diz o Filho


de Deus, que tem seus olhos como chama de fogo, e os
pés semelhantes ao latão reluzente (Apocalipse 2:18)

A palavra tolerar nessa passagem refere-se a dar permissão,


autorização de operação. Tolerar Jezabel é incorrer em oposição a
Deus e, pior, receber o seu julgamento severo e real. É a falta de obje-
ção contra algo que está contrário a seus valores. É uma fraqueza de
caráter, o que o torna cúmplice do mal, só por querer apenas ficar fora
do caminho da fúria de Jezabel. É tornar-se fraco e sem autoridade,
deixando que ela estabeleça seu domínio, o que o levará a ser punido
com a agonia real da doença e tribulação:

Eis que a porei numa cama, e sobre os que adulteram


com ela virá grande tribulação, se não se arrepende-
rem das suas obras. (Apocalipse 2:22)

Jezabel busca um lugar dentro da igreja. Por isso todo crente


terá um encontro com Jezabel. O regime de Jezabel é intimidá-lo,
deixando-o mudo com a infâmia.
Jezabel se apresenta na forma de pai, mãe, irmã, amigo, ir-
mão, cônjuge, filhos, mesmo cristãos. Não é carne e sangue, mas sim
um principado e poder, cujo objetivo é matar o seu “não” e roubar o seu
relacionamento com Deus.
Quando você já não pode se opor ao que te oprime, quando
o “não” é silenciado e até mesmo seu coração aceita a perda de sua

52
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

vontade, então você permite o governo de Jezabel sobre sua vida, um


governo de terror e controle por medo deliberado.
Tolerar Jezabel é dormir com o inimigo e deixar a cobertura
da sombra do Grande Pastor.
Para trazê-lo de volta ao trono de sua vida, o próprio Senhor
o despertará pela vara de Sua correção e lhe mostrará que Ele deve ser
o único a ser adorado. Ele o encherá com cordas de amor e provará
que vale a pena a luta pela liberdade.

A ENTIDADE JEZABÉLICA

É interessante verificar que, se Jezabel havia morrido no livro


dos Reis, então, por que essa carta a Tiatira faz referência à mulher Jeza-
bel? Atentemos para o fato de que o Espírito Santo não está se referindo
a uma mulher que tinha o espírito de Jezabel, mas sim à “mulher Jezabel”.
Erroneamente, interpretamos a partir desse ponto de vista de gênero que
somente as mulheres podem receber influência jezabélica.
Todavia, a Palavra de Deus quer nos revelar que Jezabel não
representa apenas um espírito demoníaco, mas sim uma estrutura in-
fernal, um corpo espiritual que permaneceu ao longo do tempo, desde
a época descrita no livro dos Reis e continuava vigente na igreja da
Ásia. Segundo a Bíblia, há corpos naturais e corpos espirituais.

Semeia-se corpo animal, é ressuscitado corpo espiritu-


al. Se há corpo animal, há também corpo espiritual. (I
Coríntios 15:4)

53
AP. FERNANDO GUILLEN

Na carta à Tiatira, Jezabel é apresentada como uma estrutu-


ra espiritual, um corpo demoníaco, uma entidade.
Essa perspectiva segue a linha de pensamento da autora
Mary Baxter em seu livro A Divina Revelação do Inferno, no qual, atra-
vés de distintas experiências, a autora estabelece uma analogia entre
a estrutura infernal e o corpo humano, chegando a definir o inferno
como um organismo vivo.
Enfatizo que Jezabel não é apenas um espírito. É um prin-
cipado que tem sob seu comando muitas potestades, governadores, e
hostes de iniquidade. Esse principado se estabelece dentro das igrejas,
essencialmente, como um sistema demoníaco.
Por isso é importante entendermos o que é um principado –
e para termos clara essa definição, analisaremos a seguinte Escritura:

Pois não é contra carne e sangue que temos que lutar, mas
sim contra os principados, contra as potestades, contra os
príncipes do mundo destas trevas, contra as hostes espi-
rituais da iniqüidade nas regiões celestes. (Efésios 6:12)

O apóstolo Paulo descreve uma hierarquia espiritual das tre-


vas contra a qual devemos lutar. Ele começa a lista pelos principados.
A palavra principado no grego é a palavra arché, que significa
primeiro em autoridade. Desta palavra derivam duas palavras: arquéti-
po e arquiteto, o que nos possibilita perceber que os principados são
espíritos demoníacos de alta patente e que constroem, edificam ou
arquitetam fortalezas (arquétipos) mentais, que afetam diretamente

54
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

o comportamento das pessoas levando-as a terem uma resistência aos


princípios do Reino dos Céus, muitas vezes inconsciente, devido ao
controle que exercem sobre as linhas de pensamento.
A Batalha Espiritual é uma peleja não somente contra espí-
ritos, mas contra toda uma estrutura de governo, de planos, modelos e
arquétipos demoníacos.
O próprio apóstolo Paulo afirmou que se trata de uma bata-
lha de destruição de fortalezas espirituais, mentais e racionais. E, de-
pendendo da maneira que as pessoas pensam e atuam, essas fortalezas
se manifestam na cultura ou na sociedade onde vivem:

Porque, embora andando na carne, não militamos se-


gundo a carne, pois as armas da nossa milícia não são
carnais, mas poderosas em Deus, para demolição de
fortalezas; derribando raciocínios e toda altivez que
se ergue contra o conhecimento de Deus, e levando ca-
tivo todo pensamento a obediência a Cristo; e estando
prontos para vingar toda desobediência, quando for
cumprida a vossa obediência. (II Coríntios 10:3-6)

Há três palavras nessa passagem que devemos considerar:


fortalezas, raciocínios e altivez. A palavra fortaleza é a palavra grega
ojúroma que significa fortificar, sustentar com segurança, castelo.
Castelo, por sua vez, seguindo esta definição, ilustra a mag-
nitude das fortalezas mentais que limitam e encerram a mente da pes-
soa, não permitindo que a luz de Cristo entre em tais fortificações.

55
AP. FERNANDO GUILLEN

Uma fortaleza é um padrão de idéias que governam indiví-


duos, comunidades e nações com o objetivo de limitar sua experiência
com Cristo.
A segunda palavra é raciocínios que vem do grego logismós e
significa computação, cálculo, argumento, raciocínio (consciência, arro-
gância). Esse tipo de estrutura mental faz com que as pessoas fiquem
argumentando, baseadas em seus próprios raciocínios arrogantes já pro-
gramados.
A outra palavra é altivez, que é a palavra grega supsoma, e
significa lugar elevado, o qual nos mostra que esta estrutura se levanta
para tomar o lugar da revelação da Palavra do Senhor.
Portanto, é importante ter o entendimento de que não con-
seguiremos romper a influência dos principados atuando somente em
nível espiritual, mas sim removendo também as estruturas mentais,
através do estabelecimento de uma cultura de Reino, regida por meio
de princípios eternos da Palavra de Deus.
Tendo esse entendimento, podemos concluir que, quando
a Palavra de Deus nos fala de Jezabel, está fazendo referência a um
arquiteto espiritual, a um sistema de governo.
Essa estrutura movia-se na Igreja de Tiatira porque a igre-
ja tolerava ou dava legalidade aos arquétipos de maldade jezabélicos
permitindo que houvesse uma influência dentro do Corpo de Cristo,
estabelecendo então, um corpo demoníaco.
Observe que a advertência em Apocalipse é para os crentes,
não para os incrédulos. A pessoa que se rende ao sistema jezabélico e
o tolera torna-se partícipe desse corpo demoníaco.

56
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Algumas das manifestações dessa presença são: a religiosi-


dade, o ódio e a perseguição aos ministros de Deus, as mulheres in-
submissas, a fraqueza dos homens, a imoralidade sexual desenfreada, o
homossexualismo, a pornografia, o incesto, a impotência, e uma igreja
sem unção e poder do Espírito Santo.
Jezabel é uma estrutura de domínio que ataca a Noiva de
Cristo e ofende a Santidade do Eterno e Sua varonilidade, pois é um
operar matriarcal.
Jezabel transforma homens em Acabes – eles se tornam ho-
mens fracos e submissos sob seu controle. Os homens perdem sua for-
ça, seu fogo emocional e virilidade, e se tornam preguiçosos e dormen-
tes excessivos, sendo levados a uma passividade sem energia ou zelo.
Jezabel também tornou os homens eunucos, ou seja, incapa-
zes de gerarem filhos. Quando ela é derrotada, a masculinidade dos
homens é restaurada, e eles deixam de ser cativos e enfraquecidos pelo
inimigo em seu gênero – são libertos para gerar filhos, tanto espiritu-
ais quanto naturais, e ter um coração voltado para eles.
O capítulo seguinte nos mostra como esse corpo demoníaco
se faz presente entre o povo de Deus.

57
O CORPO DE JEZABEL
CAPÍTULO III

O CORPO DE JEZABEL

Então disse ele: Lançai-a daí abaixo. E lança-


ram-na abaixo; e foram salpicados com o seu san-
gue a parede e os cavalos, e Jeú a atropelou. En-
trando ele e havendo comido e bebido, disse: Olhai
por aquela maldita, e sepultai-a, porque é f ilha de
rei. E foram para a sepultar; porém não acharam
dela senão somente a caveira, os pés e as palmas das
mãos. (II Reis 9:33-35)

Essa passagem registra somente três partes do corpo de


Jezabel que foram encontradas: a cabeça ou caveira, as pernas, e as
palmas das mãos. Esse detalhe é chave para compreender a atuação
desse principado como corpo espiritual que, embora tenha morrido
fisicamente, continua operando em todos os lugares onde é tolerado,

61
AP. FERNANDO GUILLEN

a fim de arrastar aqueles que se deixam enregedar às profundezas de


Satanás. Vejamos o significado dessas partes encontradas.
A cabeça ou crânio, no original hebraico, é gulgoleth. Termo
do qual se deriva Golgotha , o monte da caveira onde Jesus foi crucifi-
cado. Essa parte da estrutura jezabélica representa a morte, não como
um estado final, mas como um império – ou seja, um estado de cati-
veiro com distintas manifestações.
Depressão, tristeza, solidão, doenças, angústia, dor, incredu-
lidade, mente corrompida, dentre outros quadros, são evidências da
operação jezabélica através da morte. Essas eram fortalezas evidentes
na igreja de Tiatira. Mesmo sendo uma igreja com amor, perseverança,
obras e fé, apresentava um corpo jezabélico de morte.
A cabeça também nos revela o esquema mental utilizado
por Jezabel com o objetivo de trazer confusão. Hoje em dia, há di-
versas doenças psicossomáticas tidas como “doenças da moda”: stress,
transtorno bipolar, esquizofrenia, síndrome do pânico, depressão, etc.
Tais doenças tem suas raízes na dimensão espiritual, e estão ligadas à
operação jezabélica.
A partir da cabeça de Jezabel, compreendemos as linhas de
pensamentos que se estabeleciam na mente dos membros em Tiatira.
Os principados constroem arquétipos, isto é, modelos de maldade a
partir das linhas de pensamento, e Jezabel construía e determinava
doutrinas que levavam o povo de Deus às profundezas de Satanás, ao
cativeiro.
Outra parte do corpo de Jezabel encontrada em hebraico, é
reguel, traduzido como pernas. É importante esclarecer que a tradu-

62
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

ção correta dessa palavra não é pernas ou pés, como temos em nossas
versões bíblicas, mas sim, órgãos sexuais. Portanto, o que se encon-
trou dos restos mortais de Jezabel foram os orgãos sexuais e não suas
pernas.
Assim, se essa entidade estava em vigor em Tiatira, e ainda
opera hoje, além de ser através da morte, é também por meio da
perversão sexual, o que engloba a pornografia, o adultério, a lascívia,
a luxúria, a fornicação, a masturbação. Enfim, tudo o que se define
como degeneração e perversão sexual está relacionado aos órgãos se-
xuais de Jezabel.
No dia fatídico da morte de Jezabel, sobraram também a
terceira parte de seu corpo: as palmas das mãos. Há aqui, outro deta-
lhe que não deve passar despercebido, que é a ausência dos dedos. A
Bíblia não menciona nada sobre os dedos. Essa parte do corpo não
foi encontrada, o que revela a operação antiministerial de Jezabel, uma
manifestação da religiosidade.

Podemos elucidar esta questão, baseados na passagem que se


encontra no livro de Efésios:

Por isso foi dito: Subindo ao alto, levou cativo o ca-


tiveiro, e deu dons aos homens. Ora, isto - ele subiu -
que é, senão que também desceu às partes mais baixas
da terra? Aquele que desceu é também o mesmo que
subiu muito acima de todos os céus, para cumprir todas
as coisas. E ele deu uns como apóstolos, e outros como

63
AP. FERNANDO GUILLEN

profetas, e outros como evangelistas, e outros como pas-


tores e mestres, tendo em vista o aperfeiçoamento dos
santos, para a obra do ministério, para edificação do
corpo de Cristo; até que todos cheguemos a unidade da
fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado
de homem feito, a medida da estatura da plenitude de
Cristo; (Efésios 4:8-13)

Aqui, nessa passagem, revela que, O que subiu é o mesmo


que primeiro desceu. Jesus desceu às partes inferiores da terra e na Sua
ascensão levou cativo o cativeiro, dando dons aos homens.
Ele estabeleceu: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e
mestres. Cinco ministérios, com um único propósito (cinco, o número
de dedos da mão – por isso a ação de Jezabel foi antiministerial).
Essa passagem reúne duas ações distintas de Jesus: primeiro,
Ele trouxe cativo o cativeiro, e depois, deu dons aos homens.
Essas ações distintas e subsequentes nos revelam que os
dons ministeriais também estavam cativos. Jesus libertou, entre outras
coisas, as operações ministeriais para o aperfeiçoamento dos santos.
A palavra aperfeiçoamento no grego é katartismos, que sig-
nifica adaptação, preparação, treinamento, estar totalmente qualifica-
do, equipar, treinar, ativar. Então, os cinco ministérios dados à Igreja
servem para treinar, equipar e ativar, ou seja, para levar o corpo de
Cristo à maturidade.
Para quê? Para o desempenho do seu serviço. Outra tradu-
ção diz “para obra do ministério”. A palavra grega para ministério é

64
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

diakonia e refere-se a serviço. Portanto, os cinco ministérios vem para


ativar as pessoas em seu chamado ministerial, a fim de que o Corpo
de Cristo seja edificado.
Esses ministérios estarão vigentes até que todos nós che-
guemos à unidade da fé e ao pleno conhecimento do Filho de Deus, à
perfeita varonilidade. É fato que ainda não chegamos a essa unidade,
e portanto, os ministérios continuam vigentes. Precisamos crescer e
chegar à estatura de Jesus Cristo.
Esse texto ainda declara que os dons ministeriais nos permi-
tirão crescer para que não andemos mais como meninos inconstantes
que são atraídos por novidades e conduzidos de moda em moda.
Este é o propósito final dos cinco ministérios, que a igreja
cresça à medida de Cristo, deixe de ser criança e entre em um estado
de maturidade espiritual, a fim de que cada pessoa encontre o seu
chamado e possa desempenhá-lo no corpo de Cristo.
O governo e a masculinidade de Jesus são determinados atra-
vés dos cinco ministérios – a Sua mão poderosa. Jezabel, na tentativa de
impedir este crescimento, corta o fluir ministerial, mutilando a operação
dos ministérios dentro da igreja, anulando a funcionalidade no Corpo de
Cristo, mantendo as pessoas em um sistema religioso, tornando-as cativas
em sua religiosidade e sem aperfeiçoamento na Palavra – permanecem
meninos espirituais, que correm atrás de novidades e de entretenimento.
O propósito de Deus para a Igreja nunca foi o entreteni-
mento, mas o pleno conhecimento do Filho de Deus.
Às vezes, confundimos o crescimento numérico com cresci-
mento espiritual. O crescimento numérico não é o indicador de cres-

65
AP. FERNANDO GUILLEN

cimento espiritual. Crescer é se aproximar cada vez mais da estatura


de Cristo – é por isso que o sistema jezabélico é uma ofensa, uma
usurpação ao Corpo de Cristo, por introduzir os ministros do Senhor
em cavernas, para que se mantenham em um estado infantil, e não
tenham funcionalidade na igreja.
Jezabel visa anular o mover do Espírito na Igreja e estabe-
lecer um status quo religioso sustentado fortemente em sua doutrina.

A DOUTRINA JEZABELICA

Mas tenho contra ti que toleras Jezabel, mulher que se


diz profetisa, ensinar e enganar os meus servos, para
que se prostituam e comam dos sacrifícios da idolatria.
(Apocalipse 2:20)

Jezabel nomeia-se e assume uma posição espiritual elevada


que não obedece a uma ordem celestial, clamando por reivindicação,
a fim de representar aquele lugar do qual foi expulsa e rejeitada. Ela
alega que fala por Deus, e como Deus!
A atuação de Jezabel na igreja se vê em um fanatismo reli-
gioso, uma competição doentia impulsionada por uma ambição louca
de ser religiosamente superior a todos, especialmente àqueles que são
genuínos.
Jezabel é religiosa em nome de uma grandiosidade que ela
evoca em torno de si mesma, arguindo bondade. Entretanto são ape-
nas palavras, e não a realidade.

66
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Ela era apaixonada por gerar muitos profetas para o ídolo


de sua escolha. Ela se realiza em caçar e matar os verdadeiros profetas
de Deus.
Jezabel é um principado da Falsa Religião, pois aproveita-
se do nome de Deus, quando na verdade o odeia. Ela toma as coisas
espirituais para sua própria promoção, cria mentiras místicas e finge
adoração mascarada como crente, e tudo sempre em nome de Deus.
No entanto, ela não representa o Pai Celestial, o Eterno
Criador. Ela serve a outra entidade espiritual, um monstro invisível
que discutiremos no próximo capítulo. Ela foi a entidade que atuou
por trás dos fariseus que assediaram Jesus, e Ele, não teve nenhuma
hesitação em nomear o poder operante em sua arrogância: “Vós ten-
des por pai ao diabo” (I João 8:44).
Jezabel é o principado da religiosidade, e o método de seu
proselitismo é a sedução. Ela é sedutora. Com persuasão brilhante,
rebaixa seus valores e padrões, até que atinja um compromisso com a
concupiscência da carne, através da qual ela nos tenta esmagar. Ela é
a astuta serpente por excelência – daí sua relação com o principado
de Piton.
Por meio da bajulação, ela prega em defesa do prazer das
pessoas, arguindo a graça como pretexto do pecado. Ela embota o
gume afiado da santidade e integridade, através da pedra fria de sua
opressão implacável.
Jezabel, como dissemos, utiliza argumentos para a mente,
envia os espíritos das trevas para bombardear a alma, e produz encan-
tamentos para os olhos.

67
AP. FERNANDO GUILLEN

Estas são as crenças de sua religião: o seu deus é Baal, o deus


da orgia sexual, e a ele é prestado por ela o culto da auto satisfação,
através da saciedade do desejo de tudo o que vem à mente. Se você se
relaciona com ela, ela vai levá-lo para o templo de adoração sórdida
por qualquer via que ela encontrar.
Por trás da obsessão sexual, transtornos psicossomáticos e
abuso de drogas se esconde essa rainha da carne, chamada Jezabel.
Até que seu reino seja destruído, escapar dessas prisões é indescritível.
Sempre que a carne estiver fora de controle, delirando com apetite, ali
você encontrará o governo de Jezabel exercendo seu controle clandes-
tino.
A perversão sexual possui muitos caminhos contrários ao
compromisso sexual determinado por Deus. E ela usa todos eles sem
nenhum remorso. Abordaremos isso nos próximos capítulos.
Outros dos métodos aplicados por ela são: a acusação, a ga-
nância pelo lucro, a inescrupulosa ambição, o assassinato, a mentira, a
calúnia e difamação.
Seus ensinamentos produzem destruição de uma maneira
tão errante que faz com que a pessoa não possa provar a sua malícia.
São doutrinas que o deixam irracional, confuso por sua lógi-
ca avassaladora, sem uma resposta, sem um “eu”.
Em casos extremos, o discurso de suas palavras faz você se
sentir quase insano.
A doutrina de Jezabel nunca está errada, e não possui a hu-
mildade suficiente para um simples pedido de desculpas – é que o
orgulho é uma de suas principais características. É uma norma imu-

68
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

tável. Ela não terá nenhuma restrição. Não se pode resistir a uma pes-
soa debaixo do governo de Jezabel oferecendo amizade. Jezabel exige
uma intimidade que distorce a alma, e não há meios caminhos nesse
intervalo.
É necessário estar longe e fugir desse sistema. Se não puder
fugir, pelo menos, não se deixe seduzir. E acima de tudo, não dê ouvi-
dos a Jezabel.
A doutrina jezabélica é um convite para o inferno. Não acei-
te voltar para o cativeiro de onde o sangue de Jesus o tirou.

69
JEZABEL X RAINHA DOS CÉUS
CAPÍTULO IV

JEZABEL X RAINHA DOS CÉUS

Com toda a sua destruição, toda a sua falta de santidade e integri-


dade, Jezabel é apenas um principado posterior ao que é ainda mais
abominável a Deus: um principado denominado como a “Rainha dos
Céus” ou “A Grande Babilônia”.
Israel lutou durante séculos contra o culto a Baal. Sua fra-
queza espiritual era tal que eles começaram a adorar o que seus ante-
passados nunca adoraram!

Porquanto me deixaram e alienaram este lugar, e nele


queimaram incenso a outros deuses, que nunca conhe-
ceram, nem eles nem seus pais, nem os reis de Judá; e
encheram este lugar de sangue de inocentes.

73
AP. FERNANDO GUILLEN

Porque edificaram os altos de Baal, para queimarem


seus filhos no fogo em holocaustos a Baal; o que nunca
lhes ordenei, nem falei, nem me veio ao pensamento.
( Jeremias 19:4-5)

A Rainha dos Céus era a deusa assírio-babilônica, Ishtar. Na


época de Jeremias, este governante demoníaco era adorado por toda a
família. Mesmo as crianças foram servi-lo.

Os filhos apanham a lenha, e os pais acendem o fogo,


e as mulheres preparam a massa, para fazerem bolos
à rainha dos céus, e oferecem libações a outros deuses,
para me provocarem à ira. ( Jeremias 7:18)

Jezabel diz: adorem a meu deus. Contudo, a Rainha dos


Céus diz: Eu sou Deus. Assim, Jezabel desvia de Deus, e a Rainha dos
Céus toma o lugar de Deus.

A nação tinha caído num estado de ruína que o Senhor já


não podia suportar. Deus disse a Jeremias que parasse de orar por eles,
e os avisa sobre o Seu julgamento:

Portanto lançar-vos-ei fora desta terra, para uma ter-


ra que não conhecestes, nem vós nem vossos pais; e ali
servireis a deuses alheios de dia e de noite, porque não
usarei de misericórdia convosco. ( Jeremias 16:13)

74
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Profetas advertiram a nação sobre a adoração a Baal, mas


quando a Rainha dos Céus se tornou o ídolo de toda a família e todos
acreditaram nela, o fim chegou para Judá, e um terrível juízo divino
caiu sobre eles.
Deus é longânimo, e luta por nós quando nos afastamos
Dele. Mas Ele se indigna santamente quando alguém como o princi-
pado da Rainha dos Céus toma o Seu lugar em nossas vidas usando
de nossa permissão!
A nação não foi apenas punida com a catástrofe, mas caiu
nas mãos de Nabucodonosor da Babilônia. Foi destruída, e pessoas
foram levadas para um longo cativeiro babilônico sob este rei cruel e
pagão. O rei Zedequias, que tentou fugir, foi capturado, como Jeremias
havia profetizado, e, por último, ficou, após ver seus filhos assassina-
dos. Então ele foi acorrentado e levado para a Babilônia.
Os palácios foram queimados, os muros de Jerusalém des-
truídos, os nobres mortos e a maioria das pessoas foram levadas como
escravas.
Quando uma igreja, uma família ou uma nação se rende ao
governo da Rainha dos Céus, é inevitável que o julgamento de Deus
venha com um terrível castigo. E a oração não pode mudar isso.
Para demonstrar que houve uma estrutura de governo de-
moníaco maior (Rainha dos Céus) que existia antes de Jezabel, e que
a influenciou e a fortaleceu em todo o seu reinado, faremos nesse
capítulo uma analogia entre ambas. Para tanto, recorreremos à Pala-
vra, comparando algumas passagens bíblicas, nas quais são relatadas,
respectivamente, as características de Jezabel e da Rainha dos Céus.

75
AP. FERNANDO GUILLEN

Uma dessas passagens é relatada no livro de Apocalipse, onde encon-


tramos uma das características da Rainha dos Céus:

Com a qual se prostituíram os reis da terra; e os que


habitam sobre a terra se embriagaram com o vinho da
sua prostituição. (Apocalipse 17:2)

No capítulo 2 do mesmo livro, encontramos a mesma carac-


terística em Jezabel.

Mas tenho contra ti que toleras Jezabel, mulher que se


diz profetisa, ensinar e enganar os meus servos, para
que se prostituam e comam dos sacrifícios da idolatria.
(Apocalipse 2:20)

A primeira característica abordada é o vinho da prostituição.


Ambas se prostituíam e levavam os reis a se prostituírem, e a fazerem
alianças com elas. Ambas operavam por meio da prostituição.

A segunda característica é a vestidura de rainha. Sobre esse as-


pecto, temos registro relativo à Rainha dos Céus em Apocalipse 17:4:

E a mulher estava vestida de púrpura e de escarlata,


e adornada com ouro, e pedras preciosas e pérolas; e
tinha na sua mão um cálice de ouro cheio das abomi-
nações e da imundícia da sua prostituição;

76
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Observe que ela está vestida como rainha, mas também é


uma prostituta. Compare ao relato de II Reis 9:30:

Depois Jeú veio a Jezreel, o que ouvindo Jezabel, pin-


tou-se em volta dos olhos, enfeitou a sua cabeça, e olhou
pela janela.

A rainha Jezabel também estava adornada quando Jeú esta-


va prestes a acabar com seu reinado.
A terceira característica em comum é o título dado como
“Mãe de Prostituições”.
Segundo Gênesis 3, Adão deu nome à sua mulher, chaman-
do-lhe de Eva, que significa mãe de todos os viventes. A Rainha dos
Céus se apropriou da palavra liberada por Deus à mulher, e usando
essa linha de pensamento de que seria geradora de vida e mãe de todos
os viventes, a distorceu para fundamentar um sistema cultual. Falarei
mais à frente sobre a origem deste culto.

Em Apocalipse 17:5 continua a descrição da Rainha dos


Céus destacando esta característica:

E na sua testa estava escrito o nome: Mistério, a gran-


de babilônia, a mãe das prostituições e abominações
da terra.

Também, Jezabel foi chamada assim por Jeú em II Reis 9:22:

77
AP. FERNANDO GUILLEN

E sucedeu que, vendo Jorão a Jeú, disse: Há paz, Jeú?


E disse ele: Que paz, enquanto as prostituições da tua
mãe Jezabel e as suas feitiçarias são tantas?

Na primeira passagem, encontramos uma mãe de meretrizes


e suas abominações, a Rainha dos Céus. Nesta, a mãe Jezabel, prosti-
tuta e suas feitiçarias – ou seja, suas abominações.
Outro fator em comum entre a Rainha dos Céus e Jezabel
é que existe um comando da parte de Deus em não sermos partícipes
das iniquidades dela, e para sairmos do seu governo e não tolerarmos
sua estrutura em nossas vidas:

E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sai dela, povo


meu, para que não sejas participante dos seus pecados,
e para que não incorras nas suas pragas.

Porque já os seus pecados se acumularam até ao céu, e


Deus se lembrou das iniqüidades dela.

Tornai-lhe a dar como ela vos tem dado, e retribuí-lhe


em dobro conforme as suas obras; no cálice em que vos
deu de beber, dai-lhe a ela em dobro. (Apocalipse 18:4-6)

E ao anjo da igreja de Tiatira escreve: Isto diz o Filho


de Deus, que tem seus olhos como chama de fogo, e os
pés semelhantes ao latão reluzente:

78
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Eu conheço as tuas obras, e o teu amor, e o teu serviço, e


a tua fé, e a tua paciência, e que as tuas últimas obras
são mais do que as primeiras.

Mas tenho contra ti que toleras Jezabel, mulher que se


diz profetisa, ensinar e enganar os meus servos, para
que se prostituam e comam dos sacrifícios da idolatria.
(Apocalipse 2:18-20)

Há também semelhança na queda de ambas:

E clamou fortemente com grande voz, dizendo: Caiu,


caiu a grande babilônia, e se tornou morada de demônios,
e covil de todo espírito imundo, e esconderijo de toda ave
imunda e odiável. (Apocalipse 18:2)

Esta passagem relata a queda de todo o sistema demoníaco


construído pela Rainha dos Céus. A rainha Jezabel também sofreu
uma queda em II Reis 9:33:

Então disse ele: Lançai-a daí abaixo. E lançaram-na


abaixo; e foram salpicados com o seu sangue a parede e
os cavalos, e Jeú a atropelou.

Jeú, um rei, foi usado por Deus para destronar a Jezabel,


uma rainha. Em Jeú encontramos duas características que alguém que

79
AP. FERNANDO GUILLEN

irá confrontar Jezabel precisa ter: Jeú era um guerreiro, foi capitão do
exército de Israel.
Precisamos ser guerreiros e dominar as táticas e armas de
guerra. Ele também foi ungido rei – esta característica nos fala do
apostolado. A realeza é símbolo do ministério apostólico. Se quiser-
mos vencer a Jezabel precisamos ter postura de guerreiro e atuar em
uma dimensão apostólica, o que implica numa dimensão territorial
de autoridade, com o intuito de estabelecer os modelos do Reino dos
Céus, através de uma cultura que não tolere as obras dos arquitetos das
trevas ou principados.
Ainda que todos não sejam apóstolos, todos podem operar
na dimensão apostólica, ou seja, conquistar os territórios implantando
os arquétipos celestiais aqui na terra.
Há outro detalhe importante nessa passagem de II Reis
9:30-37:

Depois Jeú veio a Jezreel, o que ouvindo Jezabel,


pintou-se em volta dos olhos, enfeitou a sua cabeça, e
olhou pela janela. E, entrando Jeú pelas portas, disse
ela: Teve paz Zinri, que matou a seu senhor?

E levantou ele o rosto para a janela e disse: Quem é co-


migo? quem? E dois ou três eunucos olharam para ele.
Então disse ele: Lançai-a daí abaixo. E lançaram-na
abaixo; e foram salpicados com o seu sangue a parede e
os cavalos, e Jeú a atropelou.

80
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Entrando ele e havendo comido e bebido, disse: Olhai


por aquela maldita, e sepultai-a, porque é filha de
rei. E foram para a sepultar; porém não acharam
dela senão somente a caveira, os pés e as palmas das
mãos.

Então voltaram, e lho f izeram saber; e ele disse:


Esta é a palavra do SENHOR, a qual falou pelo
ministério de Elias, o tisbita, seu servo, dizendo:
No pedaço do campo de Jezreel os cães comerão a
carne de Jezabel.

E o cadáver de Jezabel será como esterco sobre o campo,


na herdade de Jezreel; de modo que não se possa dizer:
Esta é Jezabel.

Para que Jeú pudesse derrotar Jezabel, foi necessária a ajuda


angelical, o que nos mostra que existem anjos que operam nas regiões
celestiais e trazem em si o encargo de Deus de destruir as estruturas
jezabélicas. Para derrotar esse governo é necessário um movimento
angelical.
Todas essas semelhanças nos dão base para inferir que o
principado que dominava Jezabel era a Rainha dos Céus. Jezabel é
um corpo demoníaco que faz parte de uma estrutura maior chamada a
Grande Babilônia. Ela é filha de Babilônia. Não temos como confron-
tar Jezabel sem antes compreender o mistério da Rainha dos Céus.

81
AP. FERNANDO GUILLEN

Para confluirmos a relação existente entre a Rainha dos


Céus e Jezabel, é importante relembrar que Jezabel é originária de
uma região chamada Sidom, que significa caça. Os sidônios eram ca-
çadores. E, o primeiro caçador que se apresenta na Bíblia é chamado
de Ninrode.

E Cuxe gerou a Ninrode; este começou a ser poderoso


na terra. E este foi poderoso caçador diante da face do
SENHOR; por isso se diz: Como Ninrode, poderoso
caçador diante do SENHOR. E o princípio do seu
reino foi Babel, Ereque, Acade e Calné, na terra de
Sinar. Desta mesma terra saiu à Assíria e edificou a
Nínive, Reobote-Ir, Calá, E Resen, entre Nínive e
Calá (esta é a grande cidade). (Gênesis 10:8-12)

Cuxe era filho de Cão – logo, Ninrode era neto de Cão, o filho
que Noé amaldiçou. Ninrode foi o fundador de Babilônia, o primeiro
império mundial. Foi, também, o idealizador da Torre de Babel, e o edifi-
cador de Nínive. O significado de seu nome é aquele que se rebelou.
A Bíblia também nos fala de outros três filhos de Cão:
Mizraim, Pute e Canaã. Na genealogia registrada em Gênesis 10
encontramos Sidom, o primogênito de Canaã que deu origem aos
sidônios, povo do qual Jezabel fazia parte.

E Canaã gerou a Sidom, seu primogênito, e a Hete;


(Gênesis 10:15)

82
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

A mãe de Ninrode era uma mulher chamada Semiramis.


Os registros históricos, apontam uma relação incestuosa entre Se-
miramis e Ninrode, da qual foi gerada uma criança por nome Ta-
muz.
Ninrode, durante uma caça, foi atacado por um animal e
morreu. Para justificar o nascimento daquela criança, Semiramis criou
uma lenda, onde Tamuz era Ninrode redivivo, ou seja, reencarnado, e
por isso foi chamado de menino-deus. Então, Semiramis, tornou-se
mãe e esposa ao mesmo tempo.

Este mito deu origem ao culto à deusa-mãe, a Rainha dos


Céus, e ao filho reencarnado, o menino-deus. O profeta Jeremias faz
menção a esse sistema cultual:

Os filhos apanham a lenha, e os pais acendem o fogo,


e as mulheres preparam a massa, para fazerem bolos
à rainha dos céus, e oferecem libações a outros deuses,
para me provocarem à ira. ( Jeremias 7:18)

Mas certamente cumpriremos toda a palavra que saiu


da nossa boca, queimando incenso à rainha dos céus,
e oferecendo-lhe libações, como nós e nossos pais, nos-
sos reis e nossos príncipes, temos feito, nas cidades de
Judá, e nas ruas de Jerusalém; e então tínhamos fartura
de pão, e andávamos alegres, e não víamos mal algum.
( Jeremias 44:17)

83
AP. FERNANDO GUILLEN

Observamos aqui a relação entre Jezabel e a Rainha do Céu,


e como acontece essa trama do mal para profanar de diferentes manei-
ras a composição santa que Deus idealizou para seu povo.
Mas de onde vem esta autoridade destrutiva de Jezabel, e
como ela a exerce? É o que veremos no próximo capítulo, e aqui va-
mos começar a focar mais ainda no tema deste livro: o anel de selar
de Jezabel.

84
O ANEL DE SELAR
CAPÍTULO V

O ANEL DE SELAR

Então escreveu cartas em nome de Acabe, e as


selou com o seu sinete; e mandou as cartas aos anciãos
e aos nobres que havia na sua cidade e habitavam com
Nabote. (I Reis 21:8)

Segundo a Bíblia, Jezabel estava perfeitamente familiari-


zada com o processo de selar documentos com um anel. Ela usava
da autoridade legítima de seu marido e usurpava seu poder para es-
tabelecer decretos. Após ter escrito cartas, documentos e decretos,
ela os selava com seu sinete. Segundo o costume daquele tempo,
o sinete era um anel que funcionava como uma assinatura. Espi-
ritualmente, essa entidade baseia toda a sua autoridade em selar
decretos com um anel.

89
AP. FERNANDO GUILLEN

Segundo o dicionário Aurélio, sinete é:

s.m. Selo gravado em relevo ou em baixo-relevo com


as armas ou as iniciais de quem o usa: apor seu sinete.
Marca ou sinal feito com sinete. Figura. Marca
distintiva, originalidade.

I Reis 22:37-39, faz uma breve menção dos feitos políticos


de Acabe e cita uma casa ou palácio de marfim que ele havia constru-
ído possivelmente em homenagem à sua mulher Jezabel:

E morreu o rei, e o levaram a Samaria; e sepultaram


o rei em Samaria. E, lavando-se o carro no tanque
de Samaria, os cães lamberam o seu sangue (ora as
prostitutas se lavavam ali), conforme à palavra que o
SENHOR tinha falado.

Quanto ao mais dos atos de Acabe, e a tudo quanto fez,


e à casa de marfim que edificou, e a todas as cidades
que edificou, porventura não está escrito no livro das
crônicas dos reis de Israel?

Em Sua Palavra, Deus fala contra essas casas:

Ouvi, e protestai contra a casa de Jacó, diz o Senhor


DEUS, o Deus dos Exércitos; Pois no dia em que eu

90
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

punir as transgressões de Israel, também castigarei os


altares de Betel; e as pontas do altar serão cortadas, e
cairão por terra.

E ferirei a casa de inverno juntamente com a casa de


verão; e as casas de marfim perecerão, e as grandes ca-
sas terão fim, diz o SENHOR. (Amós 3:13-15)

Em escavações conduzidas desde 1908 até 1910 pela Es-


cola de Arqueologia da Universidade de Harvard, foram descobertas
em Samaria ruínas e placas de marfim que poderiam ter pertencido
a esse palácio mencionado nas Escrituras. Uma placa foi escavada no
palácio de Acabe. Ela não somente traz o estilo de uma mulher fenícia
olhando pela janela, como também nos faz lembrar a passagem de II
Reis 9:30:

Depois Jeú veio a Jezreel, o que ouvindo Jezabel, pin-


tou-se em volta dos olhos, enfeitou a sua cabeça, e olhou
pela janela.

No Instituto Oriental de Chicago, durante as escavações


realizadas perto de Samaria, encontraram as ruínas de um templo
construído a Asera, que esteve presente durante o reinado do rei
Acabe.
Perto desse lugar foram encontrados recipientes que conti-
nham ossos de bebês que foram sacrificados naquele horrível templo.

91
AP. FERNANDO GUILLEN

O achado de várias ossadas de criança perto do palácio pa-


receu ser indicativo de que Jezabel patrocinava o sacrifício de crianças
no culto a Baal. Esse descobrimento confirma que a adoração a Baal e
Asera era praticada em Samaria nos tempos de Jezabel:

Agora, pois, manda reunir-se a mim todo o Israel no


monte Carmelo; como também os quatrocentos e cin-
qüenta profetas de Baal, e os quatrocentos profetas de
Asera, que comem da mesa de Jezabel.(I Reis 18:19).

Não é por menos que Cleitarcos, o historiador grego do


quarto século antes de Cristo descrevia nesses termos a prática co-
mum ainda em seu tempo, de sacrificar crianças a deuses pagãos, es-
pecialmente Baal, que ele mescla com Cronos.

“Além da reverência a Cronos (Baal) os fenícios, e espe-


cialmente os cartagineses, quando desejam obter grande
favor (dos deuses), oferecem como voto um dos seus filhos,
queimando-o como sacrifício a divindade, isso se eles são
bem sucedidos em obter o que desejaram.”

Recentemente um novo achado parece ter trazido nova-


mente Jezabel para o centro dos holofotes arqueológicos: há mais ou
menos uns quarenta anos, esse antigo selo real adquirido no merca-
do de antiguidades permaneceu praticamente anônimo na coleção do
museu de Israel sem um contexto histórico que o identificasse mais

92
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

de perto. Até que, uma pesquisadora holandesa abriu um debate em


torno do objeto ao identificá-lo como “pertencente à Jezabel”.
Alguns arqueólogos israelenses já haviam suspeitado que
Jezabel fosse a proprietária desse objeto. Mas a dificuldade em ser
dogmático quanto a isso estava no fato de que o selo não veio de uma
escavação oficialmente aprovada.
Pensava-se que, sendo o objeto originário da Samaria do
nono século antes de Cristo, antes da Era Cristã, não se poderia saber
com certeza aonde ele foi encontrado.
Além disso, havia outro problema. A forma como traz o
nome Jezabel, embora esteja nitidamente escrito, está incompleta se
comparada com a forma do hebraico bíblico.
No artigo publicado na Biblical Archaeology Review, o
doutor Marjo Korpel defende o porquê de acreditar ser este o selo de
Jezabel:

1. O tamanho excepcional do artefato.


2. Sua forma autenticamente real.
3. Traços que indicam ter pertencido a uma princesa ou rainha
fenícia.
4. O estilo da escrita que parece pertencer ao tempo de Acabe.

De fato esses elementos reduzem, por meio de eliminação,


as possibilidades de se tratar de outra proprietária que não Jezabel.
Observando que há uma parte quebrada no topo do selo,
Korpel sugeriu que estariam as duas letras faltantes do nome: o Lamed

93
AP. FERNANDO GUILLEN

“[l’] yzbl - la jezabel”, ou seja, pertencente a Jezabel.

94
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

que significaria pertencente a, e o Aleph, que seria a primeira letra do


nome Jezabel em hebraico. O conjunto completo das letras ficaria
assim: no topo o Lamed que, como dissemos, significa pertencente a, e
depois as letras do nome Jezabel em hebraico.
O Aleph, sem correspondente em nosso idioma, o Yod que
equivaleria ao y ou j, o Zayin que seria o nosso z, o Beth que corres-
ponderia à letra b, e finalmente o Lamed, que no final da palavra seria
uma simples equivalência do l.
Lembrando que o hebraico antigo não tinha vogais, aqui temos
“[l’] yzbl - la jezabel”, ou seja, pertencente a Jezabel (veja figura ao lado).

O nome Jezabel possui distintos significados:

1. Segundo o dicionário John: Sem co-habitação, esterco.


2. Segundo o dicionário Hitchcokch: Casta, castidade.
3. Segundo o dicionário Strong antigo: Castidade.
4. Segundo o dicionário Webster: A não-casada, ou sem-
marido.
5. Literalmente significa infiel ou Baal é seu marido.

Também é de ressaltar que dentre os símbolos contidos nes-


se anel há uma pantera e uma coruja. Ambos representam a operação
de Lilith, outro principado que tem seu foco de ação na morte, na
perversão sexual e no ocultismo, e também faz parte da grande estru-
tura Babilônica, estando, portanto, intimamente relacionado com o
governo de Jezabel.

95
AP. FERNANDO GUILLEN

Como foi dito, os selos eram usados como assinatura, o que


denota autoridade. E como toda verdade é paralela, os selos também
denotam autoridade no mundo espiritual.
Em Gênesis 38 Judá tinha um anel de selar, o que nos revela
que no louvor há um poder para selar a favor dos propósitos de Deus
ou contra os decretos das trevas.
Entretanto, Judá perdeu o seu anel de selar quando foi pros-
tituir-se com Tamar (v.18), uma mulher influenciada pelo governo de
Jezabel que despojou Judá de sua autoridade.

Faraó deu um anel de selar a José como autoridade para de-


cretar sobre o povo de Deus a provisão em tempo de crises:

E tirou Faraó o anel da sua mão, e o pôs na mão de


José, e o fez vestir de roupas de linho fino, e pôs um
colar de ouro no seu pescoço. (Gênesis 41:42)

O Rei Assuero tirou e deu o seu anel de selar para Hamã, que
era inimigo do povo de Deus (Ester 3:10). Ele fez cartas para destruir o
povo de Deus e as selou, dando autoridade para que o povo de Deus fosse
perseguido e destruído (Ester 3:12-15). Mas Ester, com sabedoria, con-
segue reverter a situação, transformando destruição em proteção (Ester
8) – isso é o que a Igreja de Cristo deve fazer aqui na terra.
Ao longo de toda a Palavra observamos selos da parte de
Deus e selos das trevas. Destacaremos outras passagens bíblicas que
denotam selos divinos.

96
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre


o teu braço, porque o amor é forte como a morte, e
duro como a sepultura o ciúme; as suas brasas são
brasas de fogo, com veementes labaredas. (Cantares
8:6)

Em quem também vós estais, depois que ouvistes a pa-


lavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e,
tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito
Santo da promessa. (Efésios 1:13)

E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual


estais selados para o dia da redenção. (Efésios 4:30)

E ouvi o número dos assinalados, e eram cento e qua-


renta e quatro mil assinalados, de todas as tribos dos
filhos de Israel. (Apocalipse 7:4)

Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei


de Tiro, e dize-lhe: Assim diz o Senhor DEUS: Tu
eras o selo da medida, cheio de sabedoria e perfeito em
formosura. (Ezequiel 28:12)

O próprio apóstolo Paulo falou de seu ministério, referindo-


se aos crentes de Corinto como selo de Deus sobre ele.

97
AP. FERNANDO GUILLEN

Se eu não sou apóstolo para os outros, ao menos o sou


para vós; porque vós sois o selo do meu apostolado no
Senhor. (I Coríntios 9:2)

Assim como há selos de Deus, Satanás imita o agir de Deus


estabelecendo os seus próprios selos, os selos das trevas.

E a besta foi presa, e com ela o falso profeta, que diante


dela fizera os sinais, com que enganou os que recebe-
ram o sinal da besta, e adoraram a sua imagem. Estes
dois foram lançados vivos no lago de fogo que arde com
enxofre. (Apocalipse 19:20)

Até mesmo, a tumba de Jesus foi selada.

Manda, pois, que o sepulcro seja guardado com segu-


rança até ao terceiro dia, não se dê o caso que os seus
discípulos vão de noite, e o furtem, e digam ao povo:
Ressuscitou dentre os mortos; e assim o último erro será
pior do que o primeiro. E disse-lhes Pilatos: Tendes a
guarda; ide, guardai-o como entenderdes. E, indo eles,
seguraram o sepulcro com a guarda, selando a pedra.
(Mateus 27:64-66)

O selo de Pilatos representava sua influência e autoridade.


Era um selo de morte que as trevas trouxeram sobre Jesus. Mas ao ter-

98
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

ceiro dia, o espírito de ressurreição entrou em Jesus e o selo de morte


foi quebrado. Nos dias de hoje, as trevas continuam empreendendo
esforços para trazer selos de morte sobre nossas vidas.

Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos


tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a es-
píritos enganadores, e a doutrinas de demônios; pela
hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cau-
terizada a sua própria consciência; (I Timóteo 4:1-2)

O objetivo de Jezabel era perpertuar seu governo através dos


selos, o que nos revela que em seu sistema espiritual, ela necessita to-
mar a nossa autoridade para que ela possa ter o anel de selar e liberar
decretos contra nós.
Nos próximos capítulos veremos quais são estes selos e como
podemos identificá-los e rompê-los em nossas vidas.

99
O SELO DE MANIPULAÇÃO
CAPÍTULO VI

O SELO DE MANIPULAÇÃO

Porém ninguém fora como Acabe, que se ven-


dera para fazer o que era mau aos olhos do SENHOR;
porque Jezabel, sua mulher, o incitava. (I Reis 21:25)

O primeiro selo de Jezabel, e creio que é um dos selos onde


ela mais influi, é o selo da manipulação, e está relacionado com a caça a
almas, isto é, buscar uma presa com insistência até caçá-la.
Jezabel era uma manipuladora por excelência. Ela incitou o
rei Acabe, que era rei de Israel, ou seja, que conhecia sobre o verdadei-
ro Deus, a fazer o que era abominável ao Eterno.
Incitar no hebraico refere-se a estimular, seduzir, persuadir,
instigar, provocar, mover, insistir, manipular.

103
AP. FERNANDO GUILLEN

Jezabel como foi dito, era originária de Sidom, que significa


caça – ou seja, ela era a caçadora, mantendo as pessoas como sua presa.

E sucedeu que (como se fora pouco andar nos pecados


de Jeroboão, filho de Nebate) ainda tomou por mulher
a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi e ser-
viu a Baal, e o adorou. (I Reis 16:31)

A manipulação é uma forma de feitiçaria (encantamento),


pois seduz e atrai as almas. É um controle mal intencionado sobre
as pessoas que induz a um comportamento, e que é feito através de
estímulos na alma.
Tais estímulos podem ser a intimidação, o controle, a baju-
lação e a sedução. Onde há manipulação, há um selo de Jezabel. To-
dos nós somos expostos à manipulação. Quando manipulamos ou nos
deixamos manipular, fazemos aliança com Jezabel por meio desse selo.
Na Bíblia encontramos diversos exemplos da influência je-
zabélica através desse selo:

Uma mulher filistéia manipulou a Sansão, um ungido de


Deus, com lágrimas, bem como Dalila o fez mais tarde.

E chorou diante dele os sete dias em que celebravam


as bodas; sucedeu, pois, que ao sétimo dia lho declarou,
porquanto o importunava; então ela declarou o enig-
ma aos filhos do seu povo. ( Juízes 14:17)

104
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Então ela lhe disse: Como dirás: Tenho-te amor, não


estando comigo o teu coração? Já três vezes zombaste
de mim, e ainda não me declaraste em que consiste a
tua força. E sucedeu que, importunando-o ela todos os
dias com as suas palavras, e molestando-o, a sua alma
se angustiou até a morte. ( Juízes 16:15-16)

A esposa de Potifar manipulou a José através da bajulação e


sedução, até que num determinado dia o segurou e retirou seu manto,
ou seja, a cobertura.

E aconteceu depois destas coisas que a mulher do seu se-


nhor pôs os seus olhos em José, e disse: Deita-te comigo.
Porém ele recusou, e disse à mulher do seu senhor: Eis que
o meu senhor não sabe do que há em casa comigo, e entre-
gou em minha mão tudo o que tem;

Ninguém há maior do que eu nesta casa, e nenhuma


coisa me vedou, senão a ti, porquanto tu és sua mulher;
como pois faria eu tamanha maldade, e pecaria contra
Deus? E aconteceu que, falando ela cada dia a José, e
não lhe dando ele ouvidos, para deitar-se com ela, e
estar com ela,

Sucedeu num certo dia que ele veio à casa para fazer
seu serviço; e nenhum dos da casa estava ali;

105
AP. FERNANDO GUILLEN

E ela lhe pegou pela sua roupa, dizendo: Deita-te co-


migo. E ele deixou a sua roupa na mão dela, e fugiu, e
saiu para fora. (Gênesis 39: 7-12)

A rainha de Sabá, através de sua manipulação, fez com que


o rei Salomão lhe desse tudo o que ela queria e pedia. Historiadores
relatam que ela levou consigo até mesmo um filho de Salomão.

E o rei Salomão deu à rainha de Sabá tudo o que ela


desejou, tudo quanto pediu, além do que dera por sua
generosidade; então voltou e partiu para a sua terra,
ela e os seus servos. (I Reis 10:13)

A filha de Herodias, influenciada pela sedução jezabélica,


manipulou a Herodes, pedindo e obtendo a cabeça de João Batista.

Naquele tempo ouviu Herodes, o tetrarca, a fama de


Jesus, E disse aos seus criados: Este é João o Batista;
ressuscitou dos mortos, e por isso estas maravilhas ope-
ram nele. Porque Herodes tinha prendido João, e ti-
nha-o maniatado e encerrado no cárcere, por causa de
Herodias, mulher de seu irmão Filipe; porque João lhe
dissera: Não te é lícito possuí-la. E, querendo matá-lo,
temia o povo; porque o tinham como profeta. Feste-
jando-se, porém, o dia natalício de Herodes, dançou
a filha de Herodias diante dele, e agradou a Herodes.

106
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Por isso prometeu, com juramento, dar-lhe tudo o que


pedisse; e ela, instruída previamente por sua mãe, disse:
Dá-me aqui, num prato, a cabeça de João o Batista. E o
rei afligiu-se, mas, por causa do juramento, e dos que esta-
vam à mesa com ele, ordenou que se lhe desse. E mandou de-
golar João no cárcere. E a sua cabeça foi trazida num prato,
e dada à jovem, e ela a levou a sua mãe. (Mateus 14:1-11)

Até as crianças, ainda bem pequenas, sabem o poder da ma-


nipulação. Quem nunca se deparou com a seguinte cena: o pai vai ao
supermercado comprar algum ingrediente para a esposa terminar de
preparar o almoço, e resolve levar o filhinho. Ao chegar lá, a criança
vê o sorvete e protagoniza um espetáculo – grita, bate os pés no chão,
arqueia o corpo, chora, e repete sem parar: “eu quero sorvete!”.
No início, o pai tenta convencer o pequeno, usando todos os
seus argumentos pedagógicos com paciência, tentando contornar a situa-
ção e terminar logo com o escândalo. No entanto, a criança continua ber-
rando e chamando a atenção dos transeuntes, que censuram o compor-
tamento do pai com olhares reprovadores. Intimidado com o julgamento
alheio, e determinado a se ver livre da situação embaraçosa, o pai se dobra
à vontade do filho e compra o sorvete, mesmo sabendo que não era hora
de guloseimas. Essa criança usou a manipulação para conquistar seu objetivo.
Há algum tempo, fui procurado por uma mãe que me pediu
para ministrar ao coração de seu filho. Esse menino, com apenas oito
anos de idade, manipulava os pais com seu comportamento autoritá-
rio. Tratava-se de uma criança muito inteligente.

107
AP. FERNANDO GUILLEN

Quando iniciamos a conversa, ele disse todo orgulhoso, exi-


bindo o seu poder: “Eu descobri uma coisa: meus pais sempre fazem o
que eu quero!” E finalizou essa frase com uma gargalhada.
Naquele momento, o Espírito Santo falou ao meu coração:
“Veja a intensidade dessa manipulação em tão tenra idade”. Pergun-
tei, então, a ele: “Você sabia que Deus não gosta dos feiticeiros?” Ele
me respondeu: “Claro!”. Prossegui: “Pois então, todas as vezes que
você manipula os seus pais, levando-os a fazer a sua vontade, você está
praticando feitiçaria, e sendo um feiticeiro!”.
Ele ficou pensativo, e eu percebi que aquelas palavras impac-
taram aquele menino. Depois, pude constatar, pelo depoimento daquela
mãe, que, realmente, ele compreendeu e decidiu mudar o comportamento.
Por isso, a Palavra de Deus nos diz que devemos ser como meni-
nos. Ele foi convencido de seu pecado e se arrependeu. Assim também, nós
devemos ser convencidos de nossa manipulação e mudar nosso comportamento.
Hoje também é palpável a influência deste selo de manipu-
lação nos lares, devido à falta da ordem divina. O pai da Psicanálise,
Sigmund Freud, denominou isso de Complexo de Édipo.
Freud baseou-se em Édipo Rei, a tragédia de Sófocles (496-406
a.C.), para formular o conceito do Complexo de Édipo – a preferência
velada do filho pela mãe, acompanhada de uma aversão clara pelo pai.
Na peça (e na mitologia grega), Édipo matou seu pai Laio e
desposou a própria madrasta, Jocasta. Após descobrir que Jocasta era
sua mãe, Édipo fura os seus olhos e Jocasta comete suicídio.
O complexo de Édipo é uma ilustração de como a mani-
pulação jezabélica começa desde a tenra idade num lar disfuncional.

108
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Caracteriza-se por sentimentos contraditórios de amor e hostilidade.


Metaforicamente, este conceito é visto como amor à mãe e ódio ao
pai, o que nos mostra claramente o desprezo à autoridade do varão e o
fortalecimento do matriarcado.
A idéia central do complexo de Édipo se estabelece na ilu-
são de que o bebê tem de possuir proteção e amor total, reforçado
pelos cuidados intensivos que o recém- nascido recebe por sua condi-
ção frágil. Esta proteção é relacionada, de maneira mais significativa,
à figura materna.
Em torno dos três anos, a criança começa a entrar em conta-
to com algumas situações em que sofre interdições, facilmente exem-
plificadas pelas proibições que começam a acontecer nesta idade. A
criança não pode mais fazer certas coisas porque já está maior, não
pode mais passar a noite inteira na cama dos pais, ou andar pelado
pela casa ou na praia, é incentivada a sentar de forma correta e con-
trolar o esfíncter, além de outras cobranças. Neste momento, a criança
começa a perceber que não é o centro do mundo e precisa renunciar ao
mundo organizado por ela até então e no qual se encontra, e também
à sua ilusão de proteção e amor total – essa transição frequentemente
leva a criança a tentar chamar a atenção, manipulando os pais para se
manter no centro da atenção.
O complexo de Édipo é acentuado porque caracteriza a di-
ferenciação do sujeito em relação aos pais. A criança começa a perce-
ber que os pais pertencem a uma realidade cultural e que não podem
se dedicar somente a ela porque possuem outros compromissos. A
figura do pai representa a inserção da criança na cultura, é a ordem

109
AP. FERNANDO GUILLEN

cultural. A criança também começa a perceber que o pai pertence à


mãe e por isso dirige sentimentos hostis a ele.
Estes sentimentos são contraditórios porque a criança também
ama esta figura que hostiliza. A diferenciação do sujeito é permeada pela
identificação da criança com um dos pais. Na identificação positiva, o meni-
no identifica-se com o pai e a menina com a mãe. O menino tem o desejo de
ser forte como o pai e ao mesmo tempo tem “ódio” pelo ciúme da mãe.
Já no caso de ser uma menina, ela é hostil à mãe porque ela
possui o pai e ao mesmo tempo quer se parecer com ela para competir,
e tem medo de perder o amor da mãe, que foi sempre tão acolhedora.
A esse padrão de comportamento se denomina o “Complexo de
Electra” e define-se como sendo uma atitude emocional que, segundo algu-
mas doutrinas psicanalíticas, todas as meninas tem para com a sua mãe.
Trata-se de uma atitude que implica uma identificação tão
completa com a mãe que a filha deseja, inconscientemente, eliminá-la
e possuir o pai, ou seja, a filha quer ter o controle sob a autoridade, o
que tipifica claramente as características jezabélicas de manipulação
da figura da autoridade.
Sigmund Freud referia-se a essa situação como Complexo
de Édipo Feminino, tendo Carl Gustav Jung dado o nome Complexo
de Electra, baseando-se no mito grego de Electra, filha de Agamem-
non, a qual quis que o irmão se vingasse da morte do pai de ambos
matando, por fim, sua mãe Clytemnestra.
O complexo de Electra é, muitas vezes, incluído no comple-
xo de Édipo, já que os princípios que se aplicam a ambos são muito
semelhantes.

110
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Na identificação negativa, o medo de perder aquele a quem


hostilizamos faz com que a identificação aconteça com a figura de
sexo oposto e isto pode gerar comportamentos homossexuais.
Com o aparecimento do complexo de Édipo, a criança sai
do reinado dos impulsos e dos instintos e passa para um plano mais
racional. A pessoa que não consegue fazer a passagem da ilusão de
super proteção para a cultura se psicotiza.

ATITUDES JEZABÉLICAS NOS HOMENS:

1. Utiliza das Escrituras para manipular sua mulher a uma


completa sujeição a ele.
2. Faz com que ela seja inimiga de sua família e amizades.
3. Constantemente a reduz, confrontando-a com as suas
grandezas.
4. Envergonha a sua esposa publicamente.
5. Dá presentes após abusos físicos e verbais.
6. Nunca pode ser confrontado.
7. Controla todas as situações e sempre coloca a culpa nas
demais pessoas.
8. Controla todos os horários da mulher, bem como o seu
dinheiro.
9. Sufoca a mulher mantendo-a perto dele, pois tem que
saber em todo momento o que ela faz e onde está.
10. Geralmente é controlador como um de seus pais.

111
AP. FERNANDO GUILLEN

ATITUDES JEZABÉLICAS NAS MULHERES:

1. Possui muita insegurança.


2. Compra amizades e amor através de presentes.
3. Faz com que o homem seja inimigo de suas amizades e
família.
4. Utiliza métodos para controlar o homem, por exemplo: quando
há um jantar de confraternização, se ela não for o centro das
atenções, buscará fingir uma dor de cabeça ou estômago, para
fazer com que seu esposo volte com ela para casa.
5. Fala com muita sensibilidade e logo argumenta.
6. Não permite que seu esposo tome decisões próprias; ela o
controla através da sua educação.
7. Se sua mãe foi controladora, ela é a sua réplica.
8. Ela sempre está em um nível acima do seu esposo.

Outro método de manipulação é por meio do relaciona-


mento sexual. Esse é um dos temas mais comuns nos casamentos.
Prova disso é que no ato sexual, constantemente um dos cônjuges se
encontra com dores ou cansaços físicos, o que provoca desânimo, falta
de prazer e desistência por um relacionamento sexual sadio.

A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas


tem-no o marido; e também da mesma maneira o ma-
rido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-
no a mulher. (I Coríntios 7:4)

112
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Outra situação de manipulação acontece quando membros


de uma igreja manipulam seus pastores e líderes. Há aqueles que dei-
xam de congregar para comprovar se o pastor sentirá falta deles. Ou
deixam de dizimar quando pensam que não estão sendo atendidos
como querem, ou como merecem.

Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; por-


que velam por vossas almas, como aqueles que hão
de dar conta delas; para que o façam com alegria e
não gemendo, porque isso não vos seria útil. (He-
breus 13:17)

Em contrapartida, há pastores controladores que manipu-


lam suas ovelhas. Se elas não fazem exatamente como lhes fora de-
terminado, maldições são liberadas sobre elas. Não sei se você já viveu
esta situação: está tudo muito bem entre você e seu pastor, até que
você discorde dele em algum ponto. Então, ganhará um inimigo para
sempre. E ainda vem o pior, se você comunicar que vai sair de sua
cobertura, será amaldiçoado e chamado de rebelde.
Ele segue dizendo que você não frutificará mais financeira-
mente, que não encontrará mais propósito, que sua família será des-
truída se não ficar debaixo da cobertura dele, como se ele fosse a única
autoridade instituída por Deus na terra.
São pastores que retem suas ovelhas usando o argumento
de que nasceram ali e tem que frutificar ali. No entanto, não há vida
neste lugar.

113
AP. FERNANDO GUILLEN

Há ainda aqueles pastores que brigam por causa das ovelhas.


Quando a ovelha visita outro lugar, começam a se lamentar e a acusar
o outro pastor de tomar as suas ovelhas. As ovelhas, porém, são do
Senhor Jesus Cristo, e elas são livres para ficar ou participar de outro
rebanho aqui na terra. Gostaria de esclarecer que não concordo com a
rebeldia nas pessoas, muito menos com o controle extremo.

Portanto assim diz o SENHOR Deus de Israel, con-


tra os pastores que apascentam o meu povo: Vós dis-
persastes as minhas ovelhas, e as afugentastes, e não
as visitastes; eis que visitarei sobre vós a maldade das
vossas ações, diz o SENHOR. ( Jeremias 23:2)

Atualmente, o conceito de cobertura é moda entre os


cristãos. Há aqueles que são tão extremistas que não podem fazer
absolutamente nada sem antes comunicar ou pedir autorização ao
seu líder.
Pude vivenciar uma batalha muito grande durante doze dias
antes do meu casamento devido a atitudes jezabélicas de controle e
manipulação de pessoas que estabelecem tais tipos de cobertura.
Nesse sentido, há também uma proliferação de redes apos-
tólicas nas quais, tristemente, a grande maioria se baseia somente em
interesses de crescimento, deturpando um dos modelos de expansão
do Reino de Deus.
Particularmente, creio e vivo no respaldo de uma autoridade
firmada em vínculos de amor e não de intimidação.

114
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Se seu líder, cobertura ou paternidade espiritual não for ca-


paz de ouvir seus pecados mais íntimos, a verdade é que você não está
coberto, porque a cobertura verdadeira é fruto de um relacionamento
íntimo, baseado na confiança, fidelidade, lealdade e amizade.
Outra fonte de manipulação evidente no meio do Corpo
de Cristo é através dos que se dizem profetas e não são, e das falsas
profecias. Em Apocalipse vemos que esse governo atuava com a falsa
profecia e com o ensino.

Mas tenho contra ti que toleras Jezabel, mulher que se


diz profetisa, ensinar e enganar os meus servos, para
que se prostituam e comam dos sacrifícios da idolatria.
(Apocalipse 2:20)

Um exemplo bíblico disso se encontra no livro de Neemias, quan-


do falsos profetas, induzidos pela intimidação jezabélica, se levantaram para
infundir medo nele acerca da palavra de reconstrução dos muros de Jerusalém.

E percebi que não era Deus quem o enviara; mas esta


profecia falou contra mim, porquanto Tobias e Sam-
balate o subornaram.

Para isto o subornaram, para me atemorizar, e para


que assim fizesse, e pecasse, para que tivessem alguma
causa para me infamarem, e assim me vituperarem.
Lembra-te, meu Deus, de Tobias e de Sambalate, con-

115
AP. FERNANDO GUILLEN

forme a estas suas obras, e também da profetisa Noa-


dia, e dos mais profetas que procuraram atemorizar-
me. (Neemias 6:12-14)

Esse é um fenômeno muito comum, quando todos acreditam


que são profetas. Não tem conhecimento de que o profeta, assim como
o pastor, deve ser ordenado e estar debaixo da autoridade de uma igreja
local (protocolos proféticos). Desse equívoco advem inúmeras profecias
enganosas vindas do próprio coração e que saem da boca de profetas am-
bulantes, que levam mensagens de desgraça e, além disso, cobram por elas.
Tais mensagens são, na maioria das vezes, feiticeiras, e não proféticas.

Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Não deis ouvi-


dos às palavras dos profetas, que entre vós profetizam;
fazem-vos desvanecer; falam da visão do seu coração,
não da boca do SENHOR. ( Jeremias 23:16)

Tenho ouvido o que dizem aqueles profetas, profeti-


zando mentiras em meu nome, dizendo: Sonhei, so-
nhei. Até quando sucederá isso no coração dos profetas
que profetizam mentiras, e que só profetizam do en-
gano do seu coração? ( Jeremias 23: 25- 26)

Aqueles que profetizam palavras advindas do próprio cora-


ção são feiticeiros e praticam adivinhações. É o que o Espírito Santo
no diz por meio do profeta Ezequiel:

116
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

E tu, ó filho do homem, dirige o teu rosto contra as fi-


lhas do teu povo, que profetizam de seu coração, e pro-
fetiza contra elas, E dize: Assim diz o Senhor DEUS:
Ai das que cosem almofadas para todas as axilas, e que
fazem véus para as cabeças de pessoas de toda a esta-
tura, para caçarem as almas! Porventura caçareis as
almas do meu povo, e as almas guardareis em vida
para vós? E vós me profanastes entre o meu povo, por
punhados de cevada, e por pedaços de pão, para matar-
des as almas que não haviam de morrer, e para guar-
dardes em vida as almas que não haviam de viver,
mentindo assim ao meu povo que escuta a mentira?

Portanto assim diz o Senhor DEUS: Eis aí vou eu


contra as vossas almofadas, com que vós ali caçais as
almas fazendo-as voar, e as arrancarei de vossos bra-
ços, e soltarei as almas, sim, as almas que vós caçais
fazendo-as voar. E rasgarei os vossos véus, e livrarei
o meu povo das vossas mãos, e nunca mais estará em
vossas mãos para ser caçado; e sabereis que eu sou o
SENHOR.

Visto que entristecestes o coração do justo com falsi-


dade, não o havendo eu entristecido; e fortalecestes as
mãos do ímpio, para que não se desviasse do seu mau
caminho, para conservá-lo em vida. Portanto não ve-

117
AP. FERNANDO GUILLEN

reis mais vaidade, nem mais fareis adivinhações; mas


livrarei o meu povo da vossa mão, e sabereis que eu sou
o SENHOR. (Ezequiel 13: 17-23)

Este tipo de profecia caça as almas, coloca véus mágicos, invó-


lucros feiticeiros que não deixam o povo ouvir a voz de Deus, nem saber
Seu propósito. Por isso, há tantas pessoas que correm atrás de profetas
para saber qual é a vontade de Deus para elas, dispensando o Espírito
Santo em suas vidas. Ele deve ser sempre a primeira fonte de consulta,
a autoridade máxima – e a palavra profética mais importante deve ser a
Bíblia. É importante esclarecer que o papel do profeta se limita apenas a
confirmar aquilo que o Espírito Santo já falou ao seu coração. As falsas
profecias são manipulação e caçam as almas das pessoas. A própria rainha
Jezabel intimidou e caçou a alma de Elias através da falsa profecia.

Então Jezabel mandou um mensageiro a Elias, a di-


zer-lhe: Assim me façam os deuses, e outro tanto, se de
certo amanhã a estas horas não puser a tua vida como
a de um deles. O que vendo ele, se levantou e, para
escapar com vida, se foi, e chegando a Berseba, que é de
Judá, deixou ali o seu servo.

Ele, porém, foi ao deserto, caminho de um dia, e foi sen-


tar-se debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte, e
disse: Já basta, ó SENHOR; toma agora a minha vida,
pois não sou melhor do que meus pais. (I Reis 19:2-4)

118
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Quando alguém diz: “Assim diz o Senhor” ou “Deus me falou”,


e o Senhor não disse nada, está praticando “feitiçaria carismática”.
Um protocolo que deveria ser usado para as palavras profé-
ticas se encontra em I Coríntios 13 e 14. As profecias deveriam ser
julgadas pela liderança antes de ser entregues ao povo.
O dinheiro também pode se tornar uma ferramenta de ma-
nipulação e, constantemente é usado para usurpar a autoridade através
de ofertas financeiras, visando a ganhar o coração da liderança e, dessa
maneira trazer uma contaminação ao maior número de pessoas. Per-
mita-me contar uma experiência que aconteceu comigo há um tempo,
com referência a esta área.
Jezabel tentou me manipular através de um casal de em-
presários que faziam parte da mesma congregação que a minha. Eles
viram em mim uma oportunidade de chegar a níveis de autoridade e
poder na estrutura da igreja a que eles não teriam acesso se não tivesse
alguém próximo ao líder principal, e se aproveitaram da graça que
Deus havia me concedido com o pastor da Igreja e da manifestação de
amor que ele demonstrava por mim.
Então, eles se aproximaram de mim, e algum tempo depois
me presentearam com um carro, argumentando o grande amor que
sentiam por mim, bem como a vontade de me ajudar no ministério,
isso tudo acompanhado de muitas palavras de bajulação. Tristemente
eu acreditei nas palavras desse casal, mesmo observando certos deta-
lhes que me deixavam desconfiado e em grande desconforto.
O tempo foi passando e eu fui sutilmente usado por eles
para ter acesso ao líder principal. Na minha vontade de ajudar os pro-

119
AP. FERNANDO GUILLEN

jetos do Reino de Deus, inseri esse casal no ministério que o Senhor


havia me dado, o que lhes fez ganhar um lugar de autoridade na Igreja.
Entretanto, pouco a pouco fui percebendo que quanto mais eles atin-
giam uma posição de autoridade, mais eles tentavam me excluir do
ministério.
Essa situação me levou a discernir as intenções escuras pelas
quais eles me presentearam com o carro, e com a ajuda do Espírito
Santo fui vendo que Jezabel estava me manipulando.
Decidi, então, ter uma reunião com eles, onde pude confir-
mar por suas atitudes que a única coisa que eles queriam era a posição
de autoridade na igreja e aproximação ao pastor principal.
Naquela conversa, eu disse que pelas palavras proferidas, e
visando a uma independência ministerial, o melhor seria que eles se-
guissem com seu ministério sem mim, o que foi aceito imediatamente,
pois para eles eu já não era útil, visto que já ocupavam posições privi-
legiadas de autoridade.
Tempos depois, decidi devolver o carro, pois não tinha paz
em mantê-lo comigo, mas eles não aceitaram, dizendo que era um
presente de Deus para mim.
Até que finalmente suas máscaras caíram e eles me enviaram
as parcelas do carro, com algumas vencidas. Imediatamente respondi
dizendo que não teria condições para pagá-las e que lhes entregaria o
carro, porque em meu espírito senti que estavam exercendo um con-
trole jezabélico sobre mim.
Fiquei surpreso quando me enviaram um email dizendo que
eles nunca haviam me presenteado com o carro, mas sim que era so-

120
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

mente para o ministério, que naquela época, eles também eram parte.
E, como a essa altura, eles já tinham um ministério próprio, o carro
voltaria para eles. Mais uma vez Jezabel mostrava a sua face oculta.
Separei um tempo de arrependimento diante do Pai por ha-
ver permitido a manipulação jezabélica, e entreguei o carro definiti-
vamente. Em toda essa história aprendi uma lição muito grande, que
é de não confiar em palavras humanas e sim no discernimento espi-
ritual. Resumindo, o fim ministerial desse casal foi muito triste, pois
logo depois foi descoberta toda a falsidade e o engano em que viviam.
Nosso objetivo nesse capítulo foi exemplificar diversas situ-
ações do nosso cotidiano, em que somos manipulados ou manipula-
mos. E, todos esses exemplos mencionados nos mostram que a mani-
pulação é uma iniqüidade que todos nós temos, por isso, precisamos
ficar alertas quanto à presença desse selo em nós.
Uma vez cientes, devemos nos arrepender, confessar e deixar
que o Espírito Santo nos liberte.

121
O SELO DE DESTRUIÇÃO

FAMILIAR
CAPÍTULO VII

O SELO DE DESTRUIÇÃO

FAMILIAR

Este selo jezabélico visa desintegrar e destruir a família, que é a


célula-mãe de toda sociedade, e impedir sua restauração. Quero mos-
trar a você na Palavra uma analogia que elucida essa estratégia.

E sucedeu depois destas coisas que, Nabote, o jizreelita,


tinha uma vinha em Jizreel junto ao palácio de Acabe,
rei de Samaria. Então Acabe falou a Nabote, dizendo:
Dá-me a tua vinha, para que me sirva de horta, pois
está vizinha ao lado da minha casa; e te darei por ela
outra vinha melhor: ou, se for do teu agrado, dar-te-ei
o seu valor em dinheiro.

125
AP. FERNANDO GUILLEN

Porém Nabote disse a Acabe: Guarde-me o SENHOR


de que eu te dê a herança de meus pais. Então Acabe
veio desgostoso e indignado à sua casa, por causa da
palavra que Nabote, o jizreelita, lhe falara, quando
disse: Não te darei a herança de meus pais. E deitou-se
na sua cama, e voltou o rosto, e não comeu pão. Porém,
vindo a ele Jezabel, sua mulher, lhe disse: Que há, que
está tão desgostoso o teu espírito, e não comes pão? E ele
lhe disse: Porque falei a Nabote, o jizreelita, e lhe disse:
Dá-me a tua vinha por dinheiro; ou, se te apraz, te
darei outra vinha em seu lugar. Porém ele disse: Não
te darei a minha vinha.

Então Jezabel, sua mulher lhe disse: Governas tu ago-


ra no reino de Israel? Levanta-te, come pão, e alegre-
se o teu coração; eu te darei a vinha de Nabote, o ji-
zreelita.

Então escreveu cartas em nome de Acabe, e as selou


com o seu sinete; e mandou as cartas aos anciãos e aos
nobres que havia na sua cidade e habitavam com Na-
bote. E escreveu nas cartas, dizendo: Apregoai um je-
jum, e ponde Nabote diante do povo. E ponde defronte
dele dois filhos de Belial, que testemunhem contra ele,
dizendo: Blasfemaste contra Deus e contra o rei; e tra-
zei-o fora, e apedrejai-o para que morra.

126
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

E os homens da sua cidade, os anciãos e os nobres que


habitavam na sua cidade, fizeram como Jezabel lhes
ordenara, conforme estava escrito nas cartas que lhes
mandara. Apregoaram um jejum, e puseram a Nabote
diante do povo. Então vieram dois homens, filhos de
Belial, e puseram-se defronte dele; e os homens, filhos
de Belial, testemunharam contra ele, contra Nabote,
perante o povo, dizendo: Nabote blasfemou contra
Deus e contra o rei. E o levaram para fora da cidade,
e o apedrejaram, e morreu.

Então mandaram dizer a Jezabel: Nabote foi apedre-


jado, e morreu. E sucedeu que, ouvindo Jezabel que
já fora apedrejado Nabote, e morrera, disse a Acabe:
Levanta-te, e possui a vinha de Nabote, o jizreelita,
a qual te recusou dar por dinheiro; porque Nabote não
vive, mas é morto.

E sucedeu que, ouvindo Acabe, que Nabote já era mor-


to, levantou-se para descer para a vinha de Nabote, o
jizreelita, para tomar posse dela. (I Reis 21:1-16)

Para termos um contexto de toda a história que se desenvolve


nessa passagem, é necessário abordarmos alguns personagens além de Jezabel.
Começaremos falando de Nabote, um homem devoto, judeu
que vivia em Jezreel. Era um homem justo, correto, genuíno e trabalhador.

127
AP. FERNANDO GUILLEN

Nabote possuía uma vinha, o que nos revela que era um ho-
mem que produzia fruto. Seu nome em hebraico nabowth, literalmen-
te significa fruto. Este homem frutífero amava a Deus, e à sua família,
assim como a pequena vinha que possuía, perto do glorioso palácio de
verão do perverso rei Acabe.
A vinha tipifica a família e a herança. Podemos evidenciar
isso em Salmos 128:3:

A tua mulher será como a videira frutífera aos lados


da tua casa; os teus filhos como plantas de oliveira à
roda da tua mesa.

O profeta Isaías usou o termo vinha para representar as fa-


mílias do povo de Israel. Ao se recusar abandonar sua vinha, Nabote
estava se recusando a abandonar a sua família.
Em escavações realizadas no palácio de Acabe foram en-
contrados setenta e cinco cacos de argila com inscrições que lembram
a vinha de Nabote, semelhante às dos moabitas, onde se lê bilhetes e
recibos do dia-a-dia. Num deles está escrito o seguinte:

“No nono ano de Shaftan para Baal-zamar, uma jar-


ra de vinho fermentado.”

Noutra, ainda encontramos o seguinte:

“Vinho (de qualidade) da vinha da colina.”

128
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Nesse texto vemos como esta vinha era especial para Nabo-
te. Quando o rei Acabe se ofereceu para comprar a propriedade, Na-
bote recusou terminantemente dividi-la, pois era herança de seus pais:

Porém Nabote disse a Acabe: Guarde-me o Senhor de


que eu te dê a herança de meus pais. (I Reis 21:3)

O termo hebraico que Nabote usa aqui é proibir ou cha-


liylah, uma exclamação de aversão, repugnância. O pedido de Acabe
quanto à vinha era algo repugnante para Nabote. Ele guardava com
paixão o que era seu por direito e se recusava em negociá-lo para ter
lucro, independente do preço. Nabote não adulteraria a honestidade
do seu coração: ele não negociaria princípios celestiais por ganhos ter-
renos rápidos.
Nabote ficou ferido com a oferta de Acabe porque a palavra
herança, nachalah, usada nesta passagem, literalmente significa possuir
como riqueza ou glória. Acabe não pediu simplesmente para comprar um
pedaço de terra – ele pediu para comprar a herança de aliança de Nabote.
É interessante notar também que há uma estreita relação
do nome Nabote, que é naba, e significa borbulhando ou fervendo
como um vapor de uma chaleira, com um termo usado para descrever
os profetas do Antigo Testamento com fala borbulhante. Sugere um
homem que era um tipo de profeta naba.
Não é coincidência que Nabote também compartilhe uma
raiz hebraica com Nob, que literalmente significa um lugar alto, e uma
cidade real de sacerdotes próxima a Jerusalém.

129
AP. FERNANDO GUILLEN

Em Nobe, Davi pediu ao sacerdote Aimeleque o pão sagrado


para comer com seus homens. Esta é a mesma cidade onde Saul ordenou
a Doegue, o edomeu, chefe do rebanho de Saul, que matasse Aimeleque e
os sacerdotes que serviam com ele (I Samuel 22:18). Observe que Aime-
leque, literalmente significa irmão para o rei e Doegue, significa temeroso.
Aqui também observamos a correlação entre a morte injusta
desse inocente “irmão para o rei” e dos sacerdotes de Nobe, e a morte
injusta do inocente Nabote.
Nabote foi assassinado por ordem da perversa Jezabel, e suas
ordens foram cumpridas por dois filhos de Belial, nome que significa
literalmente sem fruto ou sem valor.
Esses filhos infrutíferos mataram um herdeiro frutífero, Nabote.
Aimeleque de Nobe foi assassinado não por ordem de uma
rainha má, mas de um rei mau, e suas ordens foram cumpridas por
Doegue, aquele que cuidava do rebanho de Saul. Ou seja, aconteceu
exatamente o mesmo: os filhos infrutíferos assassinaram um herdeiro
frutífero (Nabote).
Devemos também notar outra etmologia hebraica significa-
tiva no lugar de origem de Nabote: as Escrituras se referem a ele como
Nabote, o jezreelita (I Reis 21:1).
Jezreel literalmente significa Deus semeia. Nabote foi assas-
sinado porque detestava o que era mal e procurava fazer o bem, dese-
jando obedecer aos mandamentos de Deus. Na verdade, ele tornou-se
uma semente semeada para a retidão, por causa da herança (sua vinha).
Nabote simboliza uma figura, um tipo e sombra dos profetas
dos últimos dias, que não abandonarão sua herança dada por Deus e

130
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

que por causa disso, serão perseguidos pelo governo religioso e con-
trolador de Jezabel.
Proteger a herança da vinha de Nabote custou-lhe a pró-
pria vida. A herança da aliança deve ser honrada a qualquer cus-
to. As Escrituras revelam que Satanás vem para matar, roubar e
destruir ( João 10:10) os tesouros do Reino os quais temos direito
legal de possuir. O inimigo tentará destruir toda nossa herança
se ativamente não recebermos e defendermos o que Deus anseia
liberar para nós.
O segundo personagem importante a considerar no acon-
tecimento com a vinha de Nabote é Acabe e seu papel antagônico na
operação do selo jezabélico de ódio e destruição familiar.
Acabe é figura do típico padrão manuseado pela Rainha dos
Céus: esposo e filho ao mesmo tempo. Aproveitaremos esse capítulo
para falar sobre ele já que, sem dúvida, foi o pior dos reis de Israel.
Embora o rei Acabe comandasse a riqueza e o exército de
sua nação, lhe faltava total controle sobre suas próprias luxúrias e ape-
tites. O profeta Isaías estava certo ao declarar:

Porque a cama será tão curta, que ninguém se poderá


estender nela; e o cobertor, tão estreito, que ninguém se
poderá cobrir com ele (Isaías 28:20)

Acabe certamente não podia esconder os seus pecados. Seus


mantos ricos serviam muito pouco para encobrir seu coração pertur-
bado e mal.

131
AP. FERNANDO GUILLEN

Quando a retidão governa uma nação, as Escrituras nos fa-


zem lembrar que a paz e prosperidade reinam. Quando o mal reina, no
entanto, a nação é como um mar agitado, dando voltas.
Os súditos do rei Acabe, o consideravam um déspota egoísta,
mau, a maldição do seu país. Acabe pode ter sido coroado rei e recebido o
cetro, porém ele era controlado por Jezabel, que o dominou a maior parte
da sua vida, reduzindo-o a nada, mais intensamente que uma marionete
– ele era apenas um instrumento nas mãos dela, o que nos mostra a mani-
festação desse selo através de uma inversão nos papéis de autoridade no lar.

Em I Reis 21:25-26, Acabe é descrito como sendo instigado


por Jezabel a agir de maneira abominável:

Porém ninguém fora como Acabe, que se vendera para


fazer o que era mau aos olhos do SENHOR; porque Je-
zabel, sua mulher, o incitava. E fez grandes abomina-
ções, seguindo os ídolos, conforme a tudo o que fizeram
os amorreus, os quais o SENHOR lançou fora da sua
possessão, de diante dos filhos de Israel.

Em I Reis 16:33, lemos que Acabe provocou ao Senhor com


seus atos, mais do que qualquer rei que reinou antes dele:

Também Acabe fez um ídolo; de modo que Acabe fez


muito mais para irritar ao SENHOR Deus de Israel,
do que todos os reis de Israel que foram antes dele.

132
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

A raiz hebraica para provocou é um verbo extremamente


forte. Significa desprezar, condenar e rejeitar com desprezo e escárnio.
Sugere que Acabe rejeitou a Deus de forma ativa.
Ele não somente provocou a ira de Deus, mas desprezou a
Deus, virou as costas para Ele com puro desprezo.
Erigiu um “poste-ídolo”, uma escultura de Asera, uma deusa
cananéia e esposa do deus da guerra, simbolizado por um tronco de
uma árvore. Essa era a maldade do rei Acabe, o mesmo Acabe que
pediu para comprar a herança de Nabote.
Acabe não queria o trabalho de construir seu próprio tesou-
ro geracional. Ele queria ver o jardim florescer sem ter a necessidade
de cavar. Ele exigiu o fruto do trabalho do outro. Este é o espírito de
Acabe.
Acabe se banqueteava com as comidas mais finas e bebia
o melhor vinho que o mundo podia oferecer, e tinha um séquito de
servos para cada capricho. Ao se reclinar na mesa do seu banquete, ele
tinha uma alma faminta.
Morava em lugares extravagantes, luxuosos por dentro e por
fora, contudo se atormentava com sua ganância e luxúria por uma
pequena faixa de terra: a vinha de Nabote.
A recusa firme e rápida de Nabote perturbou os desejos e pla-
nos de Acabe. Decepcionado e desesperançado, o rei volta para casa.

Então Acabe veio desgostoso e indignado à sua casa,


por causa da palavra que Nabote, o jizreelita, lhe fala-
ra, quando disse: Não te darei a herança de meus pais.

133
AP. FERNANDO GUILLEN

E deitou-se na sua cama, e voltou o rosto, e não comeu


pão. (I Reis 21:4)

Essa é a cena de um rei agindo como uma criança mimada,


incapaz de agir, direcionado para sua cama com uma fúria mesquinha.
As vitórias de Acabe sobre a Assíria eram conhecidas em mui-
tas terras, mas agora o vencedor não passava de um escravo de si mesmo.
Os servos lhe trouxeram refeições, mas ele não comeu pão.
Seu espírito estava aprisionado, envolvido em auto piedade. Na ver-
dade, Acabe não tinha perdido nada: ele tinha terra e casas à vontade.
Ninguém o injuriara. Ninguém tinha atentado contra sua vida. Con-
tudo, este rei com seu grande exército e rico tesouro estava agindo
como um tolo, e tudo por causa de um pequeno pedaço de terra do
lado de fora de seus imensos pastos.
Aqui vemos a operação de ódio e destruição jezabélica nessa
história: autoritária, determinada e impiedosa, Jezabel odiava qual-
quer um que falasse contra ou se recusasse a adorar seus deuses pagãos.
Não somente era ela a patrona da idolatria (I Reis 18:19),
como também era vingativa (I Reis 19:2), assassina (I Reis 21:5-13)
e vaidosa (II Reis 9:30). Acima de tudo, incitava Acabe para o mal (I
Reis 21:25). Jezabel era essencialmente mais ousada e imprudente em
sua maldade do que seu marido Acabe. Seu mau gênio era responsá-
vel por fazer estragos e elaborar mortes.
Quando Acabe emburrou e não comeu pão, seus servos ra-
pidamente foram dizer a Jezabel. Provocada pela notícia de que seu
marido não comera pão e tinha ido para a cama, Jezabel correu para

134
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

investigar. Encontrou Acabe embirrado, com o rosto virado para a pa-


rede, olhos vermelhos e coração em rebelião.

Com uma voz de solicitação gentil, Jezabel buscou o motivo


da ira do seu marido.

Porém, vindo a ele Jezabel, sua mulher, lhe disse: Que


há, que está tão desgostoso o teu espírito, e não comes
pão? (I Reis 21:5)

O rei queixou-se ao responder.

E ele lhe disse: Porque falei a Nabote, o jizreelita, e


lhe disse: Dá-me a tua vinha por dinheiro; ou, se te
apraz, te darei outra vinha em seu lugar. Porém ele
disse: Não te darei a minha vinha. (I Reis 21:6)

Ela, então, ridiculariza seu rei, se posiciona não como uma


esposa confortadora, fiel, mas como uma mulher controlada pelas for-
ças demoníacas e com suas palavras debochadas. Ela escarnece, zom-
bando do rei de Israel.

Então Jezabel, sua mulher lhe disse: Governas tu ago-


ra no reino de Israel? Levanta-te, come pão, e alegre-
se o teu coração; eu te darei a vinha de Nabote, o jizre-
elita. (I Reis 21:7)

135
AP. FERNANDO GUILLEN

Acabe conhecia Jezabel o suficiente para saber que ela faria


o possível e/ou o impossível para manter sua promessa maldosa.
De fato, quando falta a verdadeira autoridade, Jezabel go-
verna: não existirá um espírito controlador de Jezabel sem um espírito
covarde de Acabe. Somente um Acabe torna possível a manifestação
autoritária de Jezabel. Ela era a pedra de amolar do diabo que afiava as
armas da maldade de Acabe. Considere essas Escrituras:

E fez Acabe, filho de Onri, o que era mau aos olhos do


SENHOR, mais do que todos os que foram antes dele.
(I Reis 16:30)

E disse Acabe a Elias: Já me achaste, inimigo meu? E ele


disse: Achei-te; porquanto já te vendeste para fazeres o
que é mau aos olhos do SENHOR. (I Reis 21:20)

Porém ninguém fora como Acabe, que se vendera para


fazer o que era mau aos olhos do SENHOR; porque
Jezabel, sua mulher, o incitava. (I Reis 21:25)

Jezabel escreveu cartas aos anciãos de Jezreel, nas quais fez


uma declaração sutil, porém definitiva, de que um pecado terrível ti-
nha sido cometido na cidade deles. Ela escreveu em nome de Acabe
e validou as cartas com o selo de Acabe, agindo nos bastidores. Ela,
então, despacha os documentos selados e forjados para os anciãos e
nobres na cidade.

136
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Então escreveu cartas em nome de Acabe, e as selou


com o seu sinete; e mandou as cartas aos anciãos e aos
nobres que havia na sua cidade e habitavam com Na-
bote. E escreveu nas cartas, dizendo: Apregoai um je-
jum, e ponde Nabote diante do povo.
E ponde defronte dele dois filhos de Belial, que teste-
munhem contra ele, dizendo: Blasfemaste contra Deus
e contra o rei; e trazei-o fora, e apedrejai-o para que
morra. (I Reis 21:8-10)

Estas cartas foram uma horrenda zombaria à verdadeira reli-


gião: se Jezabel pudesse fazer Nabote ser condenado por blasfemar da lei
divina, então, por lei a propriedade do blasfemador iria para a coroa. As
cartas não apenas garantiriam a terra, mas também eram uma garantia
literal de morte para o inocente Nabote, selada com o anel do rei:

Então escreveu cartas em nome de Acabe, e as selou


com o seu sinete; e mandou as cartas aos anciãos e aos
nobres que havia na sua cidade e habitavam com Na-
bote. (I Reis 21: 8)

Apregoar um jejum, segundo a tradição, significava que a


comunidade estava debaixo da ira de Deus por causa de um crime
grave cometido por um dos seus membros, um crime a ser exposto e
punido. O jejum também parava o trabalho a fim de que os cidadãos
tivessem tempo para participar das reuniões públicas.

137
AP. FERNANDO GUILLEN

Quando Jezabel ordena que os anciãos “ponham Nabote sen-


tado num lugar de destaque” (v.9), ela se refere ao destaque do banco
dos réus da justiça, não no assento de honra. Lugar de destaque des-
crevia o assento do acusado.
Nabote foi, então, colocado onde todos os olhos pudessem
assisti-lo de perto e observar fixamente seu comportamento debaixo
da acusação. Jezabel estava, na verdade, quebrando a lei, ao produzir a
morte de Nabote de maneira legal! A lei exigia duas testemunhas em
todos os casos em que a punição fosse a morte.

Por boca de duas testemunhas, ou três testemunhas,


será morto o que houver de morrer; por boca de uma só
testemunha não morrerá. (Deuteronômio 17:6)

As testemunhas exigidas por Jezabel eram homens sem ca-


ráter, que receberiam subornos e jurariam diante de qualquer mentira
por dinheiro.

E ponde defronte dele dois filhos de Belial, que teste-


munhem contra ele, dizendo: Blasfemaste contra Deus
e contra o rei; e trazei-o fora, e apedrejai-o para que
morra. (I Reis 21:10)

Em outras palavras, os dois homens, filhos de Belial deve-


riam matar Nabote para se livrar dele através de homicídio judicial e
não assassinato privado.

138
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Um criminoso não deveria ser executado dentro da cidade,


porque isso a tornaria profana. Obviamente Jezabel se fiava no fato de
que Nabote seria condenado.
No cenário histórico, enquanto Nabote trabalhava em sua
vinha, as cartas chegaram a Jezreel. Numa noite, enquanto Nabote
conversava na porta da casa com seus filhos e vizinhos, a mensagem
foi entregue aos anciãos da cidade.
Nabote ouve que foi proclamado um jejum, proclamado
porque Deus tinha sido ofendido por algum crime e Sua ira deveria
ser apaziguada, e ele mesmo, sem ter conhecimento algum de qual-
quer ofensa contra Deus ou o rei, estava para ser colocado no lugar
do acusado, classificado como um criminoso, num lugar de destaque
entre o povo!
Os governantes de Jezreel, temendo ofender aquela cujo de-
sejo era vingança, executaram suas instruções ao pé da letra.

Então vieram dois homens, filhos de Belial, e puse-


ram-se defronte dele; e os homens, filhos de Belial,
testemunharam contra ele, contra Nabote, perante o
povo, dizendo: Nabote blasfemou contra Deus e contra
o rei. E o levaram para fora da cidade, e o apedreja-
ram, e morreu. (I Reis 21:13)

Essa passagem nos revela a operação espiritual conjunta en-


tre Jezabel e um principado das trevas chamado Belial, e nos mostra
também as ações dos filhos de Belial: pessoas sem a verdadeira hones-

139
AP. FERNANDO GUILLEN

tidade de caráter ou infrutífera. Como é fácil ao perverso jogar pedras


no honesto!
De repente, mãos perversas agarram Nabote, arrastam-no
da sua casa entre a multidão de espectadores, para um lugar fora dos
muros da cidade, e surram seu corpo com pedras. Seu corpo maltrata-
do, por fim se aquieta.
Em II Reis 9:26 sabemos que, pelas leis daqueles dias, os filhos
de Nabote, mesmo inocentes, seriam acusados também – para evitar que
reivindicassem a herança da terra, eles também seriam mortos:

Por certo vi ontem, à tarde, o sangue de Nabote e o


sangue de seus filhos, diz o SENHOR; e neste mesmo
campo te retribuirei, diz o SENHOR. Agora, pois,
toma-o e lança-o neste campo, conforme a palavra do
SENHOR.

A terra da aliança, deixada sem seus herdeiros legítimos, era


revertida para os políticos corruptos e poderes religiosos.
Por conseguinte, Nabote caiu, não pela mão do rei, ou pelo
que aparentava estar ocorrendo, mas pela condenação de seus compa-
nheiros cidadãos.
Jezabel conduziu seus propósitos de maneira perfeita-
mente legal e ordenada, de forma democrática, uma figura exce-
lente da ditadura através da democracia. Os cidadãos de Jezreel
deixaram os corpos de Nabote e seus filhos para serem devorados
pelos animais selvagens.

140
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Então vieram dois homens, filhos de Belial, e puse-


ram-se defronte dele; e os homens, filhos de Belial,
testemunharam contra ele, contra Nabote, perante o
povo, dizendo: Nabote blasfemou contra Deus e contra
o rei. E o levaram para fora da cidade, e o apedre-
jaram, e morreu. Então mandaram dizer a Jezabel:
Nabote foi apedrejado, e morreu. (I Reis 21: 13-14)

Devido à natureza de Jezabel, ela provavelmente recebeu a


trágica notícia da morte de Nabote com demoníaco deleite. Que im-
portava a ela se fora dos muros da cidade os cachorros lambessem o
sangue deste homem de Deus? Que importava a ela se a justiça tivesse
sido ultrajada? Ela ganhou um pequeno lote de terra perto do palácio!
Seu teste para conseguir a vinha fora um triunfo!
Em suas palavras e modos havia exaltação satânica. Quando
Jezabel ouviu que Nabote fora apedrejado e morrera, ela disse o ao rei.

E sucedeu que, ouvindo Jezabel que já fora apedrejado


Nabote, e morrera, disse a Acabe: Levanta-te, e possui a
vinha de Nabote, o jizreelita, a qual te recusou dar por di-
nheiro; porque Nabote não vive, mas é morto. (I Reis 21:15)

Em toda essa história vemos que o selo jezabélico de des-


truição familiar se manifesta de muitas formas: ela sela os casais com
destruição, trazendo separação, gerando abandono e divórcio, bem
como adultério e separação entre pais e filhos.

141
AP. FERNANDO GUILLEN

Pesquisas comprovam que hoje em dia, os casamentos duram


em média dois anos. E o pior é que essa realidade já alcançou a igreja.
Este selo também opera nos filhos através da rebeldia, que
tem se multiplicado nos dias atuais, devido a ausência de sacerdócio.
Jezabel precisa de lares que não tenham a figura paterna, por
isso provoca a inversão de autoridade no lar, tornando-o disfuncional.
Homens que, como Acabe, veem suas esposas como mãe-
esposa, outorgando toda a autoridade a elas. Ela manipulou tanto a
Acabe que tirou dele a autoridade.
Sansão também foi tão influenciado por este selo jezabélico
através de sua mulher filistéia que, após ser manipulado para contar-
lhe o significado do enigma, foi e queimou entre outras coisas, as vi-
nhas dos filisteus.

E sucedeu que, ao sétimo dia, disseram à mulher


de Sansão: Persuade a teu marido que nos declare
o enigma, para que porventura não queimemos a
fogo a ti e à casa de teu pai; chamastes-nos aqui
para vos apossardes do que é nosso, não é assim? E a
mulher de Sansão chorou diante dele, e disse: Tão-
somente me desprezas, e não me amas; pois deste
aos f ilhos do meu povo um enigma para decifrar, e
ainda não o declaraste a mim. E ele lhe disse: Eis
que nem a meu pai nem a minha mãe o declarei, e
to declararia a ti? E chorou diante dele os sete dias
em que celebravam as bodas; sucedeu, pois, que ao

142
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

sétimo dia lho declarou, porquanto o importunava;


então ela declarou o enigma aos f ilhos do seu povo.
( Juízes 14:15-17)

E chegou fogo às tochas, e largou-as na seara dos filis-


teus; e assim abrasou os molhos com a sega do trigo, e
as vinhas e os olivais. ( Juízes 15:5)

Por esta causa é que muitos filhos já não obedecem aos pais,
porque não existe o sacerdócio segundo a Palavra de Deus. Essa situ-
ação já havia sido anunciada pelo profeta Miquéias.

Porque o filho despreza ao pai, a filha se levanta con-


tra sua mãe, a nora contra sua sogra, os inimigos do
homem são os da sua própria casa. (Miquéias 7:6)

O homem deve ser um sacerdote, estudar a Palavra com seus


filhos, incultir neles os princípios de Deus, ensiná-los no caminho em
que devem andar, pois é ele quem traz a identidade à vida dos filhos.
Quando não há sacerdócio no lar, os filhos se renderão à
rebeldia.
Um dos propósitos deste selo é trazer separação entre pais e
filhos, atuando, principalmente, na falta de comunicação. Muitos pais
substituem os momentos de instrução e comunhão com os filhos por
coisas secundárias.

143
AP. FERNANDO GUILLEN

Outra falha no sacerdócio acontece em ministros de Deus


que substituem suas esposas pelo ministério, fazendo do ministério
sua esposa, e da esposa uma amante. Isso deve ser considerado um
adultério espiritual, porque todo verdadeiro homem de Deus entende
que seu primeiro ministério é sua família. Muitas esposas de ministros
estão enfermas pela falta de sacerdócio, e seus filhos feridos pela au-
sência de paternidade no lar.
Jezabel também sela com destruição as famílas, oferecendo
dinheiro, o que faz com que muitos ministros abandonem suas famí-
lias pelo poder e riquezas outorgados por seu governo distorcido.

144
O SELO DE REBELIÃO/ÓDIO

CONTRA A AUTORIDADE
CAPÍTULO VIII

O SELO DE REBELIÃO/ÓDIO

CONTRA A AUTORIDADE

E Acabe fez saber a Jezabel tudo quanto Elias havia


feito, e como totalmente matara todos os profetas à es-
pada. Então Jezabel mandou um mensageiro a Elias,
a dizer-lhe: Assim me façam os deuses, e outro tanto,
se de certo amanhã a estas horas não puser a tua vida
como a de um deles. (I Reis 19:1-2)

Os piores inimigos de Jezabel são os verdadeiros profetas e


ministros de Deus em autoridade, e seu maior medo é das pessoas se
arrependerem.
Jezabel odeia o arrependimento, pois ele é a chave do avi-
vamento. Mesmo esse espírito tendo a capacidade de se infiltrar na

149
AP. FERNANDO GUILLEN

igreja, mascarando seu desejo pelo controle das doutrinas cristãs, ele
foge do arrependimento autêntico.
Jezabel odeia os profetas que atuam debaixo da mesma
unção de Elias. É contra eles que ela estabelece o selo de ódio. Ela
perseguiu e destruiu os profetas do Senhor, e continua, ainda hoje,
promovendo decretos para arrancar as suas cabeças.

Então Jezabel mandou um mensageiro a Elias, a di-


zer-lhe: Assim me façam os deuses, e outro tanto, se
de certo amanhã a estas horas não puser a tua vida
como a de um deles. O que vendo ele, se levantou e,
para escapar com vida, se foi, e chegando a Berseba,
que é de Judá, deixou ali o seu servo. Ele, porém, foi ao
deserto, caminho de um dia, e foi sentar-se debaixo de
um zimbro; e pediu para si a morte, e disse: Já basta,
ó SENHOR; toma agora a minha vida, pois não sou
melhor do que meus pais. (I Reis 19:2-4)

Sabemos que toda autoridade é estabelecida por Deus.


Uma das formas desse selo operar é contra a autoridade, através da
insubmissão, intimidação e rebeldia dos liderados. Jezabel trans-
forma os profetas em pessoas rebeldes e sem casas espirituais. Um
ministério verdadeiro é visto por sua humildade e submissão aos
demais. Isso é típico dos que tem mentalidade de serviço. Portanto,
devemos aprender que a espiritualidade é medida em humildade,
não em poder.

150
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Neste selo podemos identificar o choque entre duas autori-


dades: Elias X Jezabel.
Se olharmos para a história, descobriremos que a primeira
coisa que Elias fez em seu ministério foi restaurar os altares que Je-
zabel havia derrubado. Ele tinha como missão reedificar o lugar de
direito do Deus de Israel.

O altar era um lugar de governo. O altar que Elias rescon-


truiu tinha doze pedras, representado o governo de Deus.

E com aquelas pedras edificou o altar em nome do SE-


NHOR; depois fez um rego em redor do altar, segundo
a largura de duas medidas de semente. Então armou
a lenha, e dividiu o bezerro em pedaços, e o pôs sobre a
lenha. (I Reis 18:32-33)

Foi sobre este altar que desceu o fogo de Deus. O fogo nos
fala de revelação.
Nos dias atuais, em muitos ministérios, faltam governo, ado-
ração, autoridade e revelação, porque os altares foram derrubados por
Jezabel.
É preciso reconstruir o altar de adoração ao verdadeiro Deus
para destronar Jezabel. Todavia, é necessário destruir primeiro os al-
tares de Jezabel, e isso é feito através de um ministério de confronto,
como foi o de Elias: ele foi chamado para instituir uma reforma, uma
revolução no sistema de Israel, confrontando o pecado e gerando ar-

151
AP. FERNANDO GUILLEN

rependimento. Por esta razão é que o ódio de Jezabel foi tão intenso
contra esse profeta.
Nos dias de hoje o que vemos entre o povo de Deus é muita
pregação de auto ajuda. Mas o arrependimento vai além de repetir
verdades bíblicas para gerar soluções rápidas, pois não é algo automá-
tico, mas sim uma posição adquirida através da salvação e conquistada
por meio de intimidade com Deus e a busca pela santificação – por
isso é necessário que o pecado seja confrontado.
Ao ouvir apenas palavras de auto ajuda, as pessoas obtem um
conforto momentâneo, mas em pouco tempo voltam a ser oprimidas pelo
diabo, pois este dircurso não traz nenhum tipo de arrependimento.
É o arrependimento que traz comunhão com Deus e reedifica
o altar. É preciso confrontar o pecado com a verdade de Cristo!
O difícil é que nos acostumamos a uma mensagem super-
ficial que declara que Deus é amor e que somos vencedores. Porém,
o Evangelho não é só isso, a vida com Deus exige mais. Precisamos
buscar apronfundar nosso relacionamento com o Pai. Não devemos
nos contentar com um Evangelho raso e superficial.
Jesus era um profeta autêntico, e como tal, foi chamado a
confrontar e a levar o povo ao arrependimento.
Devemos ter em mente que mesmo quando a maldade pa-
rece correr desenfreada, Deus sempre tem um povo de mãos limpas e
coração puro, um remanescente chamado para confrontar uma cultura
contaminada. Elias, o tisbita, era um homem assim, escolhido para
viver, profetizar e denunciar as obras das trevas durante o reinado da
maldosa Jezabel e seu fantoche, o rei Acabe.

152
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

O nome Elias ou ‘el-yaah’, literalmente significa meu Deus é Jeová


ou Yah é Deus. Conhecendo seu Deus e o passado glorioso do povo de Deus,
este profeta ficou horrorizado quando soube do completo paganismo, das cruel-
dades ferozes e do mau cheiro da licenciosidade da capital idólatra de Acabe.
Elias viveu em um tempo quando dezenas de milhares do
povo de Deus tinham abandonado suas alianças, derrubado os altares
de Deus e matado Seus profetas à espada (I Reis 19:10):

E ele disse: Tenho sido muito zeloso pelo SENHOR


Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram
a tua aliança, derrubaram os teus altares, e mataram
os teus profetas à espada, e só eu fiquei, e buscam a
minha vida para me tirarem.

A ira santa queimava Elias por dentro como fogo inextin-


guível, soprado pelo santo zelo de Deus por Sua amada Noiva.
Um coração reto e corajoso palpitava pelo retorno da glória
de Deus à nação. Ele era um forte carvalho de justiça. Lutava contra
os gigantes pagãos dos seus dias sem envergar ou quebrar, falando
contra o surgimento da apostasia nos seus dias.
Esteja certo que Deus está novamente convocando Seus te-
merosos guerreiros e profetas que se posicionarão chamando as nações
de volta à pureza e propósito.
Que pessoas do tipo de Elias ferozmente carreguem a tocha
da verdadeira identidade de Deus como Pai de toda uma geração de
órfãos e filhos, a fim de que sejam restaurados.

153
AP. FERNANDO GUILLEN

Apesar do seu chamado público, Elias passava muito tem-


po sozinho, frequentemente assistido pelas hostes invisíveis de Deus.
Passou da terra para a glória celestial sem morrer (II Reis 2), e com sua
passagem, Eliseu recebeu a porção dobrada de seu espírito.
Porção em hebraico peh significa boca e sugere autorida-
de ou mandamento. Deriva da raiz pa’ah, um verbo extremamente
forte que significa partir ou quebrar em pedaços, destruir, espalhar
nos cantos.
A porção que o espírito de Elias liberou com sua passagem
é a boca irrefreável que destrói o mal. Esse é o mesmo espírito que
João Batista tinha enquanto pregava o arrependimento, o que também
provocou o espírito de Jezabel e conduziu a decapitação dele.
Esta porção do espírito de Elias é a boca profética de auto-
ridade que fala a Palavra de Deus e destrói a injustiça.

Veja também que esta mesma palavra peh é usada para o fio
da espada.

Também a Nobe, cidade destes sacerdotes, passou a fio


de espada, desde o homem até à mulher, desde os me-
ninos até aos de peito, e até os bois, jumentos e ovelhas
passou a fio de espada. (I Samuel 22:19)

Elias é honrado como um dos nossos maiores heróis e um


dos maiores santos do céu. Ele era um visionário que via com clareza.
Tinha um grande coração que sentia em profundidade. Era um herói

154
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

que se atrevia com valentia, um profeta de Deus que se posicionava


fortemente contra todas as probabilidades.
Nosso tempo requer profetas valentes, ousados e cheios do
fogo de Deus como Elias, que confrontarão a carnalidade das nossas
culturas, brilhando como faróis de esperança e amor em um mundo
de trevas. Que Deus libere homens e mulheres hoje que sejam como
Elias, perturbadores no mundo espiritual:

E sucedeu que, vendo Acabe a Elias, disse-lhe: És tu o


perturbador de Israel? (I Reis 18:17)

Entretanto, tristemente evidenciamos no Corpo de Cristo


que uma arma que Jezabel utiliza para selar os ministros tipo Elias é o
que denomino de “Orações Contrárias”, ou seja, orações almáticas ou
carnais que se tornam orações feiticeiras, já que as Escrituras definem
a feitiçaria como uma obra da carne:

Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prosti-


tuição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, ini-
mizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões,
facções. (Gálatas 5:19-20)

Toda oração que não é inspirada pelo Espírito Santo pode se


tornar em uma oração feiticeira, mesmo que tenha o título de oração. Por
isso é importante conhecermos a voz do Espírito Santo, já que a voz da
alma e a de Jezabel podem ser confundidas com a Sua preciosa voz.

155
AP. FERNANDO GUILLEN

A feitiçaria mais forte não é aquela que vem dos que se di-
zem feiticeiros, mas a que está dentro de nossas igrejas, praticada por
seus membros carnais que fazem orações contrárias e amaldiçoam em
nome de Jesus.

Jezabel é ameaçadora, opera com a intimidação e continua


decretando a morte aos profetas, da mesma forma que assinou um
decreto de morte contra Elias:

E Acabe fez saber a Jezabel tudo quanto Elias havia


feito, e como totalmente matara todos os profetas à es-
pada. Então Jezabel mandou um mensageiro a Elias,
a dizer-lhe: Assim me façam os deuses, e outro tanto,
se de certo amanhã a estas horas não puser a tua vida
como a de um deles. O que vendo ele, se levantou e, para
escapar com vida, se foi, e chegando a Berseba, que é de
Judá, deixou ali o seu servo. Ele, porém, foi ao deserto, ca-
minho de um dia, e foi sentar-se debaixo de um zimbro;
e pediu para si a morte, e disse: Já basta, ó SENHOR;
toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que
meus pais. (I Reis 19:1-4).

Ele se sentiu tão intimidado por esse decreto que fugiu da


presença de Jezabel e se escondeu em uma caverna. O homem que fez
descer fogo do céu, que disse que não ia chover e não choveu, agora
ficou com medo de uma mulher.

156
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

No entanto, o decreto de Jezabel não se cumpriu em Elias,


pois ele não viu a morte:

E sucedeu que, indo eles andando e falando, eis que


um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um
do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho. (II
Reis 2:11)

Essa palavra viajou no tempo e alcançou aquele que tinha o


espírito de Elias, João Batista:

E irá adiante dele no espírito e virtude de Elias, para


converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à
prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor
um povo bem disposto. (Lucas 1:17).

O ministério dado a João Batista era de ser um precursor, de


preparar o caminho para o Messias (Mateus 3:3). Ele mesmo reco-
nheceu isto quando se encontrou com Jesus no rio Jordão, por ocasião
do batismo:

E eu, em verdade, vos batizo com água, para o ar-


rependimento; mas aquele que vem após mim é mais
poderoso do que eu; cujas alparcas não sou digno de
levar; ele vos batizará com o Espírito Santo, e com
fogo. (Mateus 3:11)

157
AP. FERNANDO GUILLEN

Seu chamado foi de preparar o caminho para Jesus, e seu


ministério terminou quando Jesus aparece. Ele deveria ter cumprido o
que ele mesmo anunciou.

É necessário que ele cresça e que eu diminua. ( João


3:30)

Logo, deveria ter entregado seus discípulos ao Messias e


segui-lo. No entanto, não foi isso que ele fez. Ao contrário, continuou
com seus discípulos num mover paralelo, independente de Jesus, per-
mitindo ser alvo de Jezabel.

Nisso, foi parar no cárcere e, com o tempo ficou tão confuso,


que mandou perguntar a Jesus se Ele mesmo era o Messias:

E aconteceu que, acabando Jesus de dar instruções aos


seus doze discípulos, partiu dali a ensinar e a pregar
nas cidades deles. E João, ouvindo no cárcere falar
dos feitos de Cristo, enviou dois dos seus discípulos, A
dizer-lhe: És tu aquele que havia de vir, ou esperamos
outro? (Mateus 11:1-3)

O próprio que havia reconhecido Jesus e o apresentara como


“O cordeiro que tira o pecado do mundo” ( João 1:36), não sabia mais
quem Ele era!

158
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Como no tempo de Elias, nos dias de João Batista havia um


rei igual a Acabe, chamado Herodes, e uma Jezabel, chamada Hero-
dias com uma Atalia (filha de Jezabel), chamada Salomé:

Naquele tempo ouviu Herodes, o tetrarca, a fama de Je-


sus, E disse aos seus criados: Este é João o Batista; res-
suscitou dos mortos, e por isso estas maravilhas operam
nele. Porque Herodes tinha prendido João, e tinha-o
maniatado e encerrado no cárcere, por causa de Herodias,
mulher de seu irmão Filipe; porque João lhe dissera: Não
te é lícito possuí-la. E, querendo matá-lo, temia o povo;
porque o tinham como profeta. Festejando-se, porém, o
dia natalício de Herodes, dançou a filha de Herodias diante
dele, e agradou a Herodes. Por isso prometeu, com juramento,
dar-lhe tudo o que pedisse; E ela, instruída previamente por
sua mãe, disse: Dá-me aqui, num prato, a cabeça de João o
Batista. E o rei afligiu-se, mas, por causa do juramento, e
dos que estavam à mesa com ele, ordenou que se lhe desse. E
mandou degolar João no cárcere. E a sua cabeça foi trazida
num prato, e dada à jovem, e ela a levou a sua mãe. E che-
garam os seus discípulos, e levaram o corpo, e o sepultaram; e
foram anunciá-lo a Jesus. (Mateus 14:1-12).

Salomé dançou para Herodes. O rei foi seduzido pela dança


e, ainda embevecido pela beleza da jovem mulher lhe concedeu um

159
AP. FERNANDO GUILLEN

pedido. Salomé foi se aconselhar com sua mãe, e ela a influenciou a


pedir a cabeça de João Batista.
Vemos aqui, o decreto viajando no tempo e se cumprindo
em João Batista, aquele que tinha o espírito de Elias, por causa da
influência daquela que tinha o espírito de Jezabel.

O ódio definitivo de Jezabel veio sobre eles, pois ambos eram


pregadores de justiça e arrependimento, eram precursores da vinda do
Senhor, e possuíam o mesmo chamado de fazer voltar o coração dos
pais aos filhos e dos filhos aos pais.

E ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o cora-


ção dos filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira
a terra com maldição. (Malaquias 4:6)

E irá adiante dele no espírito e virtude de Elias, para


converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à
prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor
um povo bem disposto. (Lucas 1:17)

Jezabel odeia a masculinidade. E a masculinidade de Jesus


se expressa no ofício profético. Esta manifestação de Jesus, o Grande
Profeta, foi exibida em Elias. A valentia de Jesus e Seu zelo e exigên-
cias aos padrões de Deus demonstram o poder da masculinidade que
Jezabel pretende neutralizar, assim como a vitalidade de Deus em Sua
Igreja, para que ela seja esmagada em fraqueza insípida.

160
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

O espírito de Elias se caracteriza pela capacidade de indig-


nação profética manifesta em uma pessoa. Esta foi a ousadia de João
Batista, e por isso enfrentou os fariseus e até o mesmo rei Herodes.
Essa mesma característica da presença ardente de Deus es-
tava em Jesus quando Ele virou as mesas dos cambistas no templo
(Mateus 21:12-13). É o ódio do mal e a vontade de exterminá-lo da
forma mais corajosa. A ousadia para confrontar falta em muitos líde-
res de hoje, que justificam sua covardia como bondade “cristã”.
Esse espírito ousado (em ambos, homens e mulheres) é o
que Jezabel quer destruir. O principado de Jezabel não pode ser derro-
tado sem uma ferocidade maior que ela própria.
A postura de Jezabel é retratada em sua grande intimidação
de consequências terríveis para Elias. Satanás está sempre ameaçando,
e usando isso como um meio de fazer uma pessoa desistir através do
medo.
O medo é a arma de Jezabel e vem com sua ameaça de mor-
te. A ameaça jezabélica não é algo fácil de se vivenciar – não se esqueça
que Jezabel preparou o assassinato de todos os profetas de Deus em
sua época.
Obadias escondeu cem profetas de Deus em cavernas e os
alimentou. Diz-se de Obadias que era um homem que “temia grande-
mente ao Senhor” (I Reis 18:3).
Obadias livrou uma batalha entre dois “medos”: o medo de
Jezabel e o temor a Deus. É preciso um grande temor a Deus para ir
contra o terror de satanás através de Jezabel. Só o temor de Deus trará
a obediência e a coragem, o que leva a derrotar essa influência maligna.

161
AP. FERNANDO GUILLEN

O medo é o que destrói a masculinidade e faz um homem


se acovardar diante da perda de sua autoridade, que é a natureza da
luta de seu gênero. O medo é a armadilha que silencia e controla as
pessoas. É a resposta que Jezabel dá a um Acabe.
O medo é o que faz com que uma mulher, em sua vulnera-
bilidade feminina, opere no controle, dando lugar à ação de Jezabel.
Jezabel provoca o medo que está além da capacidade huma-
na normal. O medo que Satanás envia através de Jezabel é um fator
que debilita de uma maneira muito intensa, sugando todas as energias.

O que Elias experimentou debaixo da árvore de zimbro não


era o medo em um nível normal, como todos os humanos conhecem:

O que vendo ele, se levantou e, para escapar com vida,


se foi, e chegando a Berseba, que é de Judá, deixou ali
o seu servo. Ele, porém, foi ao deserto, caminho de um
dia, e foi sentar-se debaixo de um zimbro; e pediu
para si a morte, e disse: Já basta, ó SENHOR; toma
agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus
pais. (I Reis 19:3-4)

Não foi uma covardia repentina que se manifestou em Elias.


Ele tinha acabado de conquistar uma grande vitória fazendo descer
fogo do céu. Seu medo era irracional, foi um ataque violento dos po-
deres das trevas, um terror torturante do inferno.

162
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Desespero suicida e desesperança são manifestações da in-


timidação jezabélica.
As pessoas controladas pelo espírito de Jezabel através da
rejeição, abrigam grande raiva e amargura, com a ilusão de que sua
raiva é justificada e legítima.
Na verdade, a falta de perdão é a raiz que faz Jezabel ganhar
território, e a raiva intimidativa é o fruto da sua amargura.

163
O SELO DE PERVERSÃO SEXUAL
CAPÍTULO IX

O SELO DE PERVERSÃO SEXUAL

E sucedeu que, vendo Jorão a Jeú, disse: Há paz,


Jeú? E disse ele: Que paz, enquanto as prostituições
da tua mãe Jezabel e as suas feitiçarias são tantas? (II
Reis 9:22)

Mas tenho contra ti que toleras Jezabel, mulher que se


diz profetisa, ensinar e enganar os meus servos, para
que se prostituam e comam dos sacrifícios da idolatria.
(Apocalipse 2:20)

Com a qual se prostituíram os reis da terra; e os que


habitam na terra se embebedaram com o vinho da sua
prostituição. (Apocalipse 17:2)

167
AP. FERNANDO GUILLEN

A palavra prostituição é a palavra grega porneia, e está re-


lacionada com o verbo porneúo, que significa prostituir. Esta palavra
designa todos os tipos de relações sexuais ilícitas dentro e fora do ca-
samento. Inclui também o adultério, bem como a prática de sexo oral
e anal, e masturbação mútua. Não é necessário haver penetração para
que o ato constitua porneía, tampouco que se atinja o orgasmo. Inclui
também a prática de atos homossexuais e a bestialidade. Envolve a
manipulação dos órgãos genitais. Porneia abrange por extensão o abu-
so sexual de crianças, incluindo a pederastia.
O conceito de porneia também pode se aplicar dentro do
casamento. O significado é o mesmo da palavra que se encontra no
sétimo mandamento. Ela não se refere apenas as práticas sexuais fora
do casamento, mas a qualquer atividade sexual proibida por Deus. Isso
proíbe literaturas pornográficas, conversações pornofônicas, etc. É da
palavra porneia que derivam, em Português, as palavras: pornô, por-
nografia, etc.
A Palavra de Deus é clara: em Romanos 1:26-29, o apóstolo
Paulo condena o sodomismo (sodomitas é um termo bíblico para se
referir aos que praticam o sexo anal), o homossexualismo e todo tipo
de perversão sexual.
Em Hebreus 13:4, o apóstolo chega a chamar de adúlteros
os casados que vivem em leito de mácula. No texto original do Novo
Testamento, a palavra adúlteros é mais esclarecedora. No grego é a
palavra porneia.
Em I Coríntios 6:9, lemos uma lista dos que estarão perdi-
dos, e entre eles constam os sodomitas:

168
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela usa le-


gitimamente; sabendo isto, que a lei não é feita para o
justo, mas para os injustos e obstinados, para os ímpios
e pecadores, para os profanos e religiosos, para os par-
ricidas e matricidas, para os homicidas, Para os devas-
sos, para os sodomitas, para os roubadores de homens,
para os mentirosos, para os perjuros, e para o que for
contrário à sã doutrina, (I Timóteo 1:8-10).

Em Gálatas 5:19-21, e em Apocalipse 22:15, aparece outra


vez a mesma palavra como sinônimo de pecado:

Porque as obras da carne são manifestas, as quais são:


adultério, prostituição, impureza, lascívia, idolatria,
feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas,
dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, gluto-
narias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos
declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais
coisas não herdarão o reino de Deus. (Gálatas 5:19-21)

Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se pros-


tituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que
ama e comete a mentira. (Apocalipse 22:15)

Em Gênesis 18:17-22, a Bíblia se refere à Cidade de Sodo-


ma. O pecado que tanto incomodou ao Senhor era de natureza sexual:

169
AP. FERNANDO GUILLEN

E disse o SENHOR: Ocultarei eu a Abraão o que faço,


visto que Abraão certamente virá a ser uma grande e
poderosa nação, e nele serão benditas todas as nações
da terra? Porque eu o tenho conhecido, e sei que ele
há de ordenar a seus filhos e à sua casa depois dele,
para que guardem o caminho do SENHOR, para
agir com justiça e juízo; para que o SENHOR faça
vir sobre Abraão o que acerca dele tem falado. Disse
mais o SENHOR: Porquanto o clamor de Sodoma e
Gomorra se tem multiplicado, e porquanto o seu pe-
cado se tem agravado muito, descerei agora, e verei se
com efeito têm praticado segundo o seu clamor, que é
vindo até mim; e se não, sabê-lo-ei. Então viraram
aqueles homens os rostos dali, e foram-se para Sodoma;
mas Abraão ficou ainda em pé diante da face do SE-
NHOR. (Gênesis 18:17-22)

A Arqueologia afirma que os sodomitas tinham maior pre-


ferência pelo sexo anal, e por isso essa prática ficou conhecida como
sodomismo.
Em Gênesis 19:5, aparece o verbo conhecer, que significa ter
relações sexuais:

E chamaram a Ló, e disseram-lhe: Onde estão os ho-


mens que a ti vieram nesta noite? Traze-os fora a nós,
para que os conheçamos.

170
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Os homens da cidade, de todas as idades, buscavam sempre


novas experiências sexuais, e porque viram homens diferentes na casa
de Ló desejaram estuprá-los – não sabiam que se tratava de anjos.
Lemos em Gênesis 19:6-11 que Ló, sobrinho de Abraão, chegou a
oferecer suas duas filhas, ambas virgens, para que os homens não mo-
lestassem os anjos que estavam em sua casa. Eles não aceitaram, e os
anjos fizeram que todos ficassem cegos e naquela mesma noite todos
foram destruídos.
Em Colossenses 3:4-6, lemos que as inclinações pecamino-
sas (entre elas aparece à palavra porneia) devem ser resolvidas para não
enfrentarmos a ira de Deus:

Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, en-


tão também vós vos manifestareis com ele em glória.
Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a
terra: a prostituição, a impureza, o afeição desordena-
da, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria;
pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da
desobediência; (Colossenses 3:4-6)

Tristemente o tema da perversão sexual é um dos temas me-


nos abordados pela Igreja atual, e as consequências de cruzar a linha
da santidade nessa área tem causado muitos transtornos emocionais
e mentais na vida das pessoas, distorcendo diretamente a sua perso-
nalidade.

171
AP. FERNANDO GUILLEN

O intento de Jezabel neste selo é fazer com que as pessoas


cometam pecado contra o próprio corpo:

Fugi da prostituição.Todo o pecado que o homem co-


mete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra
o seu próprio corpo. (I Coríntios 6:18)

Mas tenho contra ti que toleras Jezabel, mulher que se


diz profetisa, ensinar e enganar os meus servos, para
que se prostituam e comam dos sacrifícios da idolatria.
(Apocalipse 2:20)

Este selo jezabélico está relacionado ao sistema da Rainha


dos Céus, pois também opera em algumas instituições religiosas, nas
quais não se permitem casamento entre os seus sacerdotes – todavia,
são tolerados atos lascivos e a prática da fornicação. São feitas restri-
ções ao casamento, mas não à prática sexual.
Em Gálatas 5:19, o segundo pecado moral que o apóstolo
Paulo menciona é aktharsía, que significa principalmente imundícia. A
palavra grega no seu contexto significa imundícia, impureza ou sujeira
no sentido moral, e abrange uma grande variedade de práticas sexuais
impuras.
Nesse capítulo, quero me dedicar a expor exclusivamente so-
bre alguns temas menos abordados no meio cristão quanto à perversão
sexual: a masturbação, a pornografia, o homossexualismo e a lascívia.

172
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

MASTURBAÇÃO

A masturbação contamina a pessoa que a pratica de uma


forma muito profunda, dada sua ligação direta com os pensamen-
tos.

E dizia: O que sai do homem isso contamina o ho-


mem. Porque do interior do coração dos homens saem
os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os
homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano,
a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura.
Todos estes males procedem de dentro e contaminam o ho-
mem. (Marcos 7:20-23)

Nessa passagem vemos que uma das coisas que contamina o


homem, e que sai do coração, são os maus pensamentos.
A palavra pensamentos é a palavra grega dialogízomai, e sig-
nifica pensar, cavilar, discutir, disputar. Essa palavra tem sua raiz em
logismos que denota computação, cálculo, argumento, raciocínio (cons-
ciência, arrogância). Por outro lado, maus nessa passagem é a palavra
kakós, e se refere a indigno, inválido, sem valor, depravado, injurioso,
pestilente, mau.
Os maus pensamentos desenvolvem estruturas rígidas na
vida das pessoas levando-as a cometerem os pecados que foram inseri-
dos em sua mente. Se o diabo consegue capturar a mente das pessoas,
ele influenciará diretamente o seu comportamento.

173
AP. FERNANDO GUILLEN

Existe uma relação muito estreita entre pensamentos e ima-


ginação.

E viu o SENHOR que a maldade do homem se mul-


tiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos
pensamentos de seu coração era má continuamente.
(Gênesis 6:5)

Relatamos tudo isso porque a raiz da masturbação é a ima-


ginação distorcida ou iníqua. A palavra imaginação no hebraico é yet-
ser, e significa entreter continuamente pensamentos que modelam a
mente. Também significa conceber. Tal palavra nos traz um entendi-
mento sobre a concepção de pecado.

Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o peca-


do; e o pecado, sendo consumado, gera a morte. (Tiago 1:15)

Esse é o que chamamos de ciclo do pecado – e veja como


a imaginação exerce um papel fundamental no pecado, inclusive no
tema que estamos abordando, a masturbação.
A imaginação iníqua ou distorcida constrói uma fortaleza
na mente da pessoa, e os pensamentos luxuriosos dão à luz atos per-
vertidos, nos quais se pensava.
O processo da imaginação tem a sua base nas imagens – por
isso Jezabel faz com que essa fonte seja alimentada por revistas, livros,
vídeos pervertidos: para que se fortaleçam as ataduras na imaginação.

174
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Uma vez que Jezabel domina o assento da imaginação na vida


de uma pessoa, vai levá-la a toda sorte de desordens sexuais, já que o com-
portamento da pessoa é dirigido pelo assento da imaginação.

Porque, como imaginou no seu coração, assim é ele.


Come e bebe, te disse ele; porém o seu coração não está
contigo. (Provérbios 23:7)

A palavra para imaginou nessa passagem é a palavra hebraica


sha’ar que significa porta de dupla face. Em outras palavras, a imagina-
ção é uma porta bi-dimensional que nos introduz ao mundo espiritual
– seja do Reino dos Céus ou do Império das Trevas, é por isso que a
batalha mais intensa é travada no assento da imaginação, pois quando
essa porta se abre para a perversão sexual, podemos ser levados às
profundezas das trevas.
Da palavra sha’ar deriva a palavra sho’er que significa portei-
ro, o que nos mostra que temos uma responsabilidade com a porta da
nossa imaginação, isto é, devemos ser porteiros que não permitam o
acesso de imagens que não provenham do Reino dos Céus.
A raiz de toda perversão sexual é a idolatria. Idolatria é a ado-
ração a imagens como as Escrituras nos assinalam no Antigo Testamento.

Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma


semelhança do que há em cima nos céus, nem em bai-
xo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te
encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SE-

175
AP. FERNANDO GUILLEN

NHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a ini-


qüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta ge-
ração daqueles que me odeiam. (Êxodo 20:4-5)

O profeta Ezequiel recebe uma palavra de exortação para as


pessoas que cultuavam os ídolos em seu coração.

Filho do homem, estes homens levantaram os seus ído-


los nos seus corações, e o tropeço da sua maldade puseram
diante da sua face; devo eu de alguma maneira ser inter-
rogado por eles? Portanto fala com eles, e dize-lhes: Assim
diz o Senhor DEUS: Qualquer homem da casa de Israel,
que levantar os seus ídolos no seu coração, e puser o tropeço
da sua maldade diante da sua face, e vier ao profeta, eu, o
SENHOR, vindo ele, lhe responderei conforme a multi-
dão dos seus ídolos; (Ezequiel 14:3-4)

Existe uma relação direta entre a masturbação e a porno-


grafia, devido ao assento da imaginação, mas também ao fato da mas-
turbação estar relacionada com a adoração de imagens mentais, o que
constitui uma forma de idolatria ou adoração.

Também se juntaram com Baal-Peor, e comeram os


sacrifícios dos mortos. Assim o provocaram à ira com
as suas invenções; e a peste rebentou entre eles. (Sal-
mos 106:28-29)

176
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

A palavra juntaram nessa passagem significa conectar-se


mentalmente a, o que nos revela como o povo de Israel permitiu que
Baal-Peor estabelecesse estruturas de perversão na sua mente, gover-
nando o comportamento deles, fazendo invenções.
Invenções no hebraico é a palavra maa’lal e se refere a conta-
minar por fazer algo em excesso. Eles eram viciados a perversão sexual,
pois tinham permitido que Baal-Peor modelasse padrões distorcidos
em suas mentes.
O verdadeiro campo de batalha é a mente, a imaginação, a
esfera da fantasia. As Escrituras são muito esclarecedoras, atribuindo
que todo ato de perversão sexual é cometido primeiramente na mente
antes de ser executado com o corpo.

Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adul-


tério. Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar
numa mulher para a cobiçar, já em seu coração come-
teu adultério com ela. (Mateus 5:27-28)

Nessa passagem Jesus não condena simplesmente o ato ex-


terior do pecado, mas também o de alimentar desejos pecaminosos.

PORNOGRAFIA

Outra das principais ferramentas que Satanás usa para ata-


car sexualmente a humanidade em geral é a pornografia. A palavra
pornografia vem de duas palavras gregas muito antigas: a primeira

177
AP. FERNANDO GUILLEN

é porné que originalmente significa prostituta, e é traduzida como


prostituta no Novo Testamento. A segunda é graphé que quer dizer
imagem, pintura ou escritura, abrange toda classe de símbolos físicos
externos que produzem excitação sexual e aqueles que os usam.
A pornografia é um jogo demoníaco que envolve a mente,
a imaginação e as fantasias, converte num objeto a carne das mu-
lheres, fazendo um uso indevido disso. Portanto, tem a ver com a
descrição gráfica do sexo anatômico, e de maneira mais precisa está
diretamente relacionada, como dissemos, com a masturbação, seja
mental ou física.

HOMOSSEXUALISMO

Jezabel foi uma rainha que usurpou o papel de rei. Ela de-
termina a confusão dos gêneros – torna as mulheres masculinas e os
homens femininos.
A homossexualidade desenfreada que tem sido liberada so-
bre as nações não é apenas um problema psicológico contemporâneo,
é a evidência da operação de Jezabel, e esses problemas serão difíceis
de desalojar até que esse principado seja confrontado.
A Bíblia considera pecado toda atividade homossexual, e a
condena energicamente.
A homossexualidade é mencionada pela primeira vez em
Gênesis 19, e é uma das práticas perversas das cidades de Sodoma e
Gomorra. Dela deriva a palavra sodomita, usada frequentemente:

178
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Não haverá prostituta dentre as filhas de Israel; nem


haverá sodomita dentre os filhos de Israel. (Deutero-
nômio 23:17)

Havia também sodomitas na terra; fizeram conforme a


todas as abominações dos povos que o SENHOR tinha
expulsado de diante dos filhos de Israel. (I Reis 14:24)

Porque tirou da terra os sodomitas, e removeu todos os


ídolos que seus pais fizeram. (I Reis 15:12)

Quanto ao mais dos atos de Jeosafá, e ao poder que


mostrou, e como guerreou, porventura não está escrito
no livro das crônicas dos reis de Judá? (I Reis 22:46)
A sua alma morre na mocidade, e a sua vida perece
entre os impuros. ( Jó 36:14)

Para os devassos, para os sodomitas, para os rouba-


dores de homens, para os mentirosos, para os perjuros,
e para o que for contrário à sã doutrina, (I Timóteo
1:10)

A maioria das referências citadas atribui a prática abominá-


vel da prostituição idólatra masculina, muito comum entre as nações
pagãs que estiveram em contato com Israel, e em tempos de decadên-
cia espiritual também praticadas pelos israelitas:

179
AP. FERNANDO GUILLEN

Estando eles alegrando o seu coração, eis que os homens


daquela cidade (homens que eram filhos de Belial) cer-
caram a casa, batendo à porta; e falaram ao ancião,
senhor da casa, dizendo: Tira para fora o homem que
entrou em tua casa, para que o conheçamos. ( Juízes
19:22)

Também derrubou as casas dos sodomitas que estavam


na casa do SENHOR, em que as mulheres teciam ca-
sinhas para o ídolo do bosque. (II Reis 23:7)

A homossexualidade foi categoricamente proibida por Deus


nas leis do Antigo Testamento que regulavam a vida sexual de seu povo:

Com homem não te deitarás, como se fosse mulher;


abominação é; (Levíticos 18:22)

Não trarás o salário da prostituta nem preço de um


sodomita à casa do SENHOR teu Deus por qualquer
voto; porque ambos são igualmente abominação ao
SENHOR teu Deus. (Deuteronômio 23:18)

É chamada de abominação cinco vezes em Levíticos


18:22,26,27,29,30, e uma em Levíticos 20:13, a qual é coerente com
sua raiz, que significa abominar, detestar, odiar. Era um pecado tão

180
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

abominável aos olhos de Deus, que a pena era lapidação para todos
aqueles que a praticavam:

Quando também um homem se deitar com outro ho-


mem, como com mulher, ambos fizeram abominação;
certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles. (Le-
vítico 20:13)

Estava muito presente durante os tempos do Novo Testa-


mento, tanto quanto na época do Antigo, e por isso Paulo faz referên-
cia a ela em Romanos 1:26-28 e I Timóteo 1:9-10.

Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Por-


que até as suas mulheres mudaram o uso natural, no
contrário à natureza. E, semelhantemente, também os
homens, deixando o uso natural da mulher, se infla-
maram em sua sensualidade uns para com os outros,
homens com homens, cometendo torpeza e recebendo
em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro.
E, como eles não se importaram de ter conhecimento de
Deus, assim Deus os entregou a um sentimento per-
verso, para fazerem coisas que não convêm; (Romanos
1:26-28)

Sabendo isto, que a lei não é feita para o justo, mas


para os injustos e obstinados, para os ímpios e pecado-

181
AP. FERNANDO GUILLEN

res, para os profanos e irreligiosos, para os parricidas e


matricidas, para os homicidas, para os devassos, para
os sodomitas, para os roubadores de homens, para os
mentirosos, para os perjuros, e para o que for contrário
à sã doutrina, (I Timóteo 1:9-10)

A homossexualidade é um problema comum a ambos os se-


xos. Homo significa semelhante ou igual a. Não se refere somente à
masculinidade. A palavra lésbica é só uma palavra usada para descrever
a atividade de homossexualidade feminina.
As fantasias homossexuais são pecaminosas e a pornografia
homossexual é algo a que se deve resistir. No entanto, como outro
qualquer, a conduta homossexual é totalmente susceptível ao perdão
de Deus.
O homossexualismo era respaldado e fomentado pelos cul-
tos e pelas religiões idólatras que o praticavam. Tais cultos, em sua for-
ma mais idealista, incorporavam a prostituição heterossexual, e tam-
bém atividades homossexuais, além da bestialidade e outras perversões
quase indescritíveis na arena do sexo, o que confirma as alianças com o
sistema cultual jezabélico através do selo da perversão sexual.
Alguns dos convertidos das religiões pagãs no tempo de
Paulo tinham sido homossexuais praticantes. Escrevendo a carta à
igreja de Corinto, o apóstolo exorta a respeito.

Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de


Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras,

182
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomi-


tas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados,
nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o
reino de Deus. E é o que alguns têm sido; mas haveis
sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis
sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espí-
rito do nosso Deus. (I Coríntios 6:9-11)

Nessa passagem Paulo enumera os pecados comuns no


mundo gentio de seus dias, pecados esses que predominavam de um
modo especial em Corinto e outros centros de comércio, assim como
nos santuários e templos religiosos pagãos.
A menção dos pecados sexuais (fornicação, adultério e duas pala-
vras para se referir ao homossexualismo: os efeminados e os que se deitavam
com varões) em relação aos idólatras, apontam para o fato de que estavam
particularmente associados com os ritos pagãos, os quais naturalmente inten-
sificavam o perigo contra o qual o apóstolo adverte aos coríntios.

Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se


pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis.
(Romanos 8:13)

Porque as obras da carne são manifestas, as quais são:


adultério, prostituição, impureza, lascívia, idolatria,
feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas,
dissensões, heresias, (Gálatas 5:19-20)

183
AP. FERNANDO GUILLEN

Sabendo isto, que a lei não é feita para o justo, mas


para os injustos e obstinados, para os ímpios e pecado-
res, para os profanos e religiosos, para os parricidas e
matricidas, para os homicidas, Para os devassos, para
os sodomitas, para os roubadores de homens, para os
mentirosos, para os perjuros, e para o que for contrário
à sã doutrina, (I Timóteo 1:9-10)

Um deles, seu próprio profeta, disse: Os cretenses são


sempre mentirosos, bestas ruins, ventres preguiçosos.
(Tito 1:12)

A palavra grega malakós traduzida por efeminado tem in-


quietado a muitos comentaristas. Todos os homens efeminados não
são necessariamente homossexuais, assim como também não são to-
das lésbicas as que possuam algumas características masculinas. Con-
tudo, o uso nesse contexto implica alguma forma vulgar de pecado
sexual e até, talvez um pecado heterossexual.
O termo usado nessa passagem não é simplesmente para
indicar um varão que pratica formas de lascívia, mas de pessoas que,
em geral, são culpáveis de vícios relacionados aos pecados da carne.
O pecado de homossexualismo havia se estendido como um
câncer em toda a cultura grega e também havia invadido Roma. In-
clusive um homem tão grande como Sócrates o praticava. Quatorze,
dentre os quinze primeiros imperadores romanos praticava o homos-
sexualismo.

184
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Naquele tempo, precisamente, o imperador Nero tinha cas-


trado um jovem chamado Esporo, e depois tinha se casado com ele
mediante uma cerimônia matrimonial. Nero o levara ao seu palácio
em procissão, e lá vivia com ele.
Quanto a esse vício particular, a ausência de pudor nos tem-
pos da Igreja Primitiva, cabe a dúvida de que essa tenha sido uma das
principais causas da degeneração e queda da civilização que havia se
levantado magnificamente até então.

LASCÍVIA
Outro pecado a ser considerado, e que o apóstolo Paulo faz
menção em sua lista de Gálatas 5:19, é aselgeia, em Grego, que se
traduz como lascívia, indecência e libertinagem, segundo a versão da
Bíblia.
A palavra significa ausência de coibições, indecência, desen-
freio. A idéia proeminente é uma conduta desavergonhada. É usada
diversas vezes no Novo Testamento com a idéia de entrega ao vício,
corrupção e comportamento sexual ilícito sem restrições ou sem con-
sideração pelos sentimentos dos outros. Em Efésios 4:17-19 Paulo
fala de pessoas que usam de tais práticas:

E digo isto, e testifico no Senhor, para que não andeis


mais como andam também os outros gentios, na vai-
dade da sua mente. Entenebrecidos no entendimen-
to, separados da vida de Deus pela ignorância que há
neles, pela dureza do seu coração; os quais, havendo

185
AP. FERNANDO GUILLEN

perdido todo o sentimento, se entregaram à dissolução,


para com avidez cometerem toda a impureza.

O mesmo termo é aplicado novamente em Romanos 13:13,


onde Paulo escreve:

Andemos honestamente, como de dia; não em glutona-


rias, nem em bebedeiras, nem em desonestidades, nem
em dissoluções, nem em contendas e inveja.

Essa palavra, em outras versões, é chamada de promiscuida-


de sexual. O termo grego significa cama, especialmente o leito conju-
gal, no sentido de relação sexual ilícita, ou excesso sexual.
A falta de domínio próprio e de santidade em algumas das
áreas da vida sexual dos crentes é a ênfase principal de Paulo nessa
passagem.

186
O SELO DE CASTIDADE
CAPÍTULO X

O SELO DE CASTIDADE

As pessoas que recebem este selo são impedidas de se casarem, e


por isso são induzidas à fornicação e à prostituição. Existe uma ironia
com o nome Jezabel, pois como foi dito, um dos significados é casti-
dade. Ela, contudo, é acusada de fornicação:

Mas tenho contra ti que toleras Jezabel, mulher que se


diz profetisa, ensinar e enganar os meus servos, para
que se prostituam e comam dos sacrifícios da idolatria.
(Apocalipse 2:20).

O termo castidade não está relacionado à santidade, mas en-


volve um estado de solteirice, já que outro significado do seu nome é
a não-casada.

191
AP. FERNANDO GUILLEN

Antes de falar da influência do selo, é importante dar algu-


mas definições para que tenhamos claros os conceitos do que é casti-
dade:

1. Renúncia total ao prazer sexual.


2. Renúncia ao casamento para ficar solteiro.
3. Decência, virgindade, honestidade, decoro, pudor,
continência, virtude, pureza, carência de sensualidade.
4. Celibato, um estado de quem não propõe casamento,
especialmente um estado dos religiosos, como os sacerdotes
católicos, cujas vidas são marcadas por votos de castidade.

Este selo de Jezabel é o selo da solteirice. Em muitos dos


casos de solteirice, de pessoas que querem casar, que já deveriam ter
encontrado alguém para se casar, mas não se casaram, inclusive dentro
da igreja, podem estar sofrendo influência deste selo. Jezabel odeia o
casamento e fará de tudo pra impedir este projeto divino na vida das
pessoas.
Existem diversas formas de receber este selo. Uma delas é
a consagração das pessoas à Rainha dos Céus (virgens). Consagração
feita pelos pais, ou mesmo por votos pessoais, ou por questões religio-
sas.

Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos


tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a
espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios;

192
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo


cauterizada a sua própria consciência; proibindo o
casamento, e ordenando a abstinência dos alimentos
que Deus criou para os fiéis, e para os que conhecem
a verdade, a fim de usarem deles com ações de graças;
(I Timóteo 4:1-3)

É importante ressaltar que a palavra cauterizar no grego sig-


nifica selar com ferro quente.
As pessoas que recebem este selo não se casarão, ou mesmo
casadas, agirão como se não estivessem casadas, tendo uma atitude
promíscua para com outros – ou seja, terão falta ou ausência de cas-
tidade.
Há pessoas que, por influência deste selo, não conseguem
concretizar o casamento, muitas vezes tendo até data marcada.
Há outro tipo de pessoas que, mesmo sendo casadas, pos-
suem atitude de independência total com seus cônjuges, não lhes
considerando adequadamente em nenhuma decisão, abandonando-os
periodicamente ou mesmo substituindo-os pelo relacionamento dos
pais.
Outra forma de receber este selo é por meio de declarações
paternas, tais como: “Minha filhinha não vai ser de mais ninguém, ela
é do papai”. Ou: “Meu filhinho vai cuidar da mamãe, ele não vai se
casar com ninguém”.
Neste momento, essas pessoas são seladas com o selo de cas-
tidade, através da maldição lançada pela autoridade. Este selo impede

193
AP. FERNANDO GUILLEN

que muitos homens e mulheres encontrem a pessoa que Deus prepa-


rou para eles.
Muitos destes solteiros vivem com muitas lutas internas, se
prostituindo, ou praticando a masturbação, que está relacionada ao
culto a Baal-Peor, conforme foi descrito no capítulo anterior.

O SELO DE CASTIDADE NO SISTEMA RELIGIOSO

Como mencionamos, dentro do sistema religioso existem


proibições para que seus sacerdotes não se casem nem tenham her-
deiros. Eles são obrigados a cumprir o voto de castidade. Em essência,
isso é um ataque violento contra o plano que Deus instituiu.

Aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher,


que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de
dissolução nem são desobedientes. Porque convém que
o bispo seja irrepreensível, como despenseiro da casa
de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vi-
nho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância;
(Tito 1:6-7)

Muitos dos problemas dos casamentos na Igreja atual po-


dem ter sua origem no fato de que o casamento foi realizado por al-
gum sacerdote religioso que estava selado por Jezabel nessa área e,
portanto transferiu essa influência demoníaca.

194
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Para demostrar como Jezabel estabelece seu selo de casti-


dade no sistema religioso, recomendo a leitura do livro “As raízes do
Celibato”, de David Hunt.
No entanto, há um caso de solteirice que não está relacio-
nado ao selo de castidade. Na Palavra encontramos como o dom de
celibato. Este dom foi dado por Deus a Paulo.

Porque quereria que todos os homens fossem como eu


mesmo; mas cada um tem de Deus o seu próprio dom,
um de uma maneira e outro de outra. Digo, porém,
aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como
eu. Mas, se não podem conter-se, casem-se. Porque é
melhor casar do que abrasar-se. (I Coríntios 7:7-9)

Essa passagem nos dá referência para reconhecermos o dom


de celibato em uma pessoa. Se tal pessoa não consegue se dominar
nessa área, é melhor que se case.
Jesus também falou sobre esta possibilidade, se referindo aos
eunucos.

Disseram-lhe seus discípulos: Se assim é a condição do


homem relativamente à mulher, não convém casar.
Ele, porém, lhes disse: Nem todos podem receber esta
palavra, mas só aqueles a quem foi concedido. Porque
há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; e há
eunucos que foram castrados pelos homens; e há eunu-

195
AP. FERNANDO GUILLEN

cos que se castraram a si mesmos, por causa do reino


dos céus. Quem pode receber isto, receba-o. (Mateus
19:10-12)

Nessa passagem, Jesus confirma que o celibato é um dom.


Ele classifica os eunucos em três tipos: os que são eunucos por nasci-
mento, caso raro, mas possível; aqueles que foram feitos eunucos por
ação de outros; ou aqueles que se fizeram assim, por causa do Reino.
Este último é o caso de Paulo.
Para finalizar esse capítulo analizaremos um fato histórico
a ser considerado dentro do selo jezabélico de castidade e que está
relacionado aos eunucos e a castração que esta estrutura provoca na
varonilidade dos homens, um sistema cultual à Rainha dos Céus.
Os sacerdotes ligados ao culto da Rainha dos Céus (deusa
Mãe), eram homens que assumiam a identidade feminina de forma
radical, esmagando os próprios testículos com duas pedras. No caso
de Inanna, houve também sacerdotes transgêneros que mantinham
seus genitais masculinos, mas ainda assim usavam roupas femininas.
Era crença comum de que a transformação de um homem em mulher
para o serviço de Inanna não era escolha da pessoa, mas o destino, que
se apresentava na forma de sonhos de Inanna, quando o candidato a
sacerdote ainda era muito jovem.
Os sacerdotes ou assinnu eram vistos como os representan-
tes mortais de Inanna. Considerados mágicos, seus amuletos e talis-
mãs eram tidos como muito poderosos, capazes de proteger o usuário
de todo dano.

196
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Acreditava-se até mesmo que, o simples fato de tocar a ca-


beça de um assinnu concederia ao guerreiro poder e proteção para der-
rotar todos os seus inimigos. Como artistas rituais, os assinnu tocavam
lira, címbalos e flautas, e compunham hinos e lamentações, todos em
Emesal, a língua reservada às mulheres, pois era uma língua conside-
rada um presente direto de Inanna, ao contrário da língua comum de
homens, Eme-ku.
Em Canaã encontramos a Rainha dos Céus sendo venerada
como Athirat, também chamada Asherah, Astarte ou Anat e, da mesma
forma que com Inanna, seus sacerdotes eram transsexuais, os qedshtu.
As funções do qedshtu eram praticamente as mesmas dos
assinnu e o coito com os qedshtu era considerado como fazer sexo com
a própria Athirat.
Ao que parece, eles também praticavam um ritual sexual sa-
grado de natureza tântrica, acompanhado por tambores e outros ins-
trumentos, como também usavam a flagelação para alcançar estados
estáticos.
Quase todas as leis levíticas são provenientes deste período e
têm como endereço certo a repressão e a interdição dos israelitas ao cul-
to à deusa Asherah. Foi inteiramente proscrito o uso de roupas do sexo
oposto, assim como “o uso de tecido feito de fibras variadas” (típico dos
sacerdotes de Asherah), e interditada a presença no templo de YWVH,
de “eunucos” que “haviam esmagado os seus testículos entre pedras”.
As leis levíticas deram também permissão aos israelitas de
matar suas próprias esposas e crianças caso eles não seguissem os en-
sinamentos dos sacerdotes Levitas.

197
AP. FERNANDO GUILLEN

Uma consideração da maior importância nessa disputa fer-


renha entre YWVH e Asherah é que os seguidores de YWVH consti-
tuíam um patriarcado com a descendência estabelecida através do pai
(patrilinear), enquanto os cananeus tinham sua descendência definida
matrilinearmente, ou seja, a partir da mãe.
O conceito da criança “bastarda” ou ilegítima é um produto
dessa visão patriarcal da descendência porque, numa sociedade matri-
linear todas as crianças são igualmente respeitadas em sua descendên-
cia. A posição de mulheres dentro dessas duas culturas é um ponto de
permanente atrito.
Artimpasa ou Argimpasa, equiparam-se à Rainha dos Céus
em muitos aspectos, pois se caracterizavam pelo sacerdócio transse-
xual. O que se sabe deles está perdido nas névoas do tempo.
Sabemos alguma coisa sobre eles apenas pelos nomes que os
Gregos lhes deram, que eram nomes insultantes, e dentre eles o menos
insultante foi Enarees, significando não-habilitado.
Muitos autores sugerem que eles eram os descendentes espiri-
tuais diretos dos xamãs paleolíticos da Sibéria e a fonte dos “espíritos gê-
meos” dos povos nórdicos e dos berdaches dos índios norte-americanos.
Escrevendo sobre eles, os Gregos, que foram um tanto
transfóbicos e misóginos, diziam que eles se tornaram eunucos como
punição e fizeram piadas sobre como eles acabaram castrados por pas-
sarem demasiado tempo na sela de um cavalo. Através de Heródoto,
aprendemos que eles atuaram como adivinhos e videntes.
Cybele, originalmente uma deusa frígia e hitita, foi uma dei-
ficação da Mãe Terra, venerada em toda a Anatólia desde os tempos

198
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Neolíticos. Como Gaia (“a Terra”) ou Ema, sua equivalente Minóica,


Cybele personifica a Terra fértil, e se apresenta como uma deusa de ca-
vernas e montanhas, muros e fortalezas, natureza e animais selvagens
(especialmente leões, touros e abelhas).
O seu título grego antigo, Potnia Theron, também associado
à Grande Mãe da civilização Minóica, alude às suas raízes Neolíticas
como “a Senhora dos Animais”.
Ela é também uma divindade de renascimento e morte, alu-
siva à ressurreição do seu filho e cônjuge, Attis.
O culto de Cybele na Grécia associou-se estreitamente (ao
menos pareceu) com o culto posterior de Dionysus, de quem se diz
que Cybele tenha iniciado e curado da loucura de Hera. Eles também
identificaram Cybele com a Mãe dos Deuses Rhea.
A adoração a Cybele estendeu-se da Anatolia e Síria à costa
do Mar Egeu, a Creta e outras ilhas Egéias, e à terra firme a Grécia.
A fé Cybelina foi a primeira das religiões de mistério. As religi-
ões de mistério ensinam com histórias jogos de iniciação e tradições orais.
Várias histórias sobre Attis, o filho/filha e cônjuge de Cybele, apareceram
ao mesmo tempo que as origens das histórias mitológicas gregas.
O seu culto se moveu de Phrygia à Grécia do sexto ao quar-
to século BCE. Em 203 BCE, Roma adotou o seu culto também.
Da mesma forma que os demais sacerdotes das diversas ma-
nifestações da Rainha dos Céus, os sacerdotes de Cybele – chamados
de Gallae – também eram predominantemente machos que se auto
castravam em ritual, adotando roupas de mulher e assumindo a iden-
tidade “feminina” para toda a vida.

199
AP. FERNANDO GUILLEN

Dentro do culto a Cybele, a castração ritual estava associada


com a religião de mistério acerca de seu filho e consorte, Attis, que
foi castrado, morreu devido às feridas, e envolto na lenda de que foi
ressucitado por Cybele.
Para devotos romanos da Mãe de Cybele Magna que não
estavam preparados para ir tão longe, os testículos de um touro, um
dos animais sagrados da Grande Mãe, foram um substituto aceitável,
como demonstram muitas inscrições da época.
Uma inscrição de 160 CE, por exemplo, registra que certo
Carpus transportou testículos de um touro de Roma ao relicário de
Cybele em Lyon, na França.

200
O SELO DE INCUBAÇÃO

JEZABÉLICA
CAPÍTULO XI

O SELO DE INCUBAÇÃO

JEZABÉLICA

E ferirei de morte a seus filhos, e todas as igrejas


saberão que eu sou aquele que sonda os rins e os cora-
ções. E darei a cada um de vós segundo as vossas obras.
(Apocalipse 2:23)

De acordo com o que lemos nessa passagem, o juízo de Deus


vem sobre Jezabel e seus filhos, o que dá a entender que pessoas podem
chegar a ter a genética de Jezabel e serem consideradas filhas. E, através da
Palavra, podemos ter alguns parâmetros de como isso acontece.

Chocam ovos de basilisco, e tecem teias de aranha; o


que comer dos ovos deles, morrerá; e, quebrando-os,
sairá uma víbora. (Isaias 59:5)

205
AP. FERNANDO GUILLEN

No mundo espiritual, a maior parte das representações dos


principados são serpentes, o que em outras passagens bíblicas se apre-
senta como dragão.
No livro de Gênesis vemos a figura de Satanás como uma serpen-
te, e em Apocalipse ele é apresentado como um dragão. Uma das palavras
hebraicas para serpente é nachash, que significa a que sussurra feitiçarias.
Quando lemos passagem como a que mencionamos, pode-
mos relacionar essa representação de ovos de serpente à operação de
um principado.
Há alguns anos, por meio de uma visão, pude compreender
como acontece a reprodução de Jezabel na vida das pessoas: natural-
mente, para se completar o processo de reprodução dos ovíparos é
necessário que os seus ovos sejam chocados, ou seja, incubados. O
mesmo acontece no mundo espiritual. Ovos de Jezabel são incubados
na vida de uma pessoa, até que ela esteja contaminada. Geralmente
esses ovos se localizam nos rins e nos órgãos reprodutores femininos,
produzindo pedras, nódulos, cistos, tumores.
Recebi essa visão enquanto ministrava libertação na vida de
uma jovem que foi abandonada pelo pai. Ela apresentava muitos pa-
drões de rejeição que a tinham levado a uma vida sexual muito pro-
míscua. Naquele momento, eu vi com olhos espirituais que ela pos-
suia um cordão umbilical unido a Jezabel, e observei que através desse
cordão, Jezabel transferia seus ovos para essa irmã. Eles se incubavam
por um certo tempo, e depois se manifestavam em características do
caráter de Jezabel. O interessante dessa ministração é que essa irmã
estava com nódulos em seus rins e ovários.

206
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

O Senhor me mostrou que tais nódulos eram uma represen-


tação física dos ovos jezabélicos. Quando levamos essa irmã a um arre-
pendimento e confissão das iniquidades, e queimamos espiritualmente
esses ovos, naquela mesma semana, ela expeliu as pedras que estavam lo-
calizadas em seus rins, e os nódulos nos ovários foram dissolvidos. Com
essa ministração, pude confirmar que com este selo Jezabel transfere ovos
iníquos que manifestam de forma característica desse principado.
Um desses ovos é a murmuração. Os ovos de fofoca, mur-
muração são colocados por Jezabel e vão se manifestar em rebelião
e ódio contra a autoridade. Infelizmente hoje em dia a murmuração
dentro da igreja mudou de nome: agora é comentário.
Outra maneira de transferir e incubar ovos jezabélicos é
aproximar-se das autoridades com pretensão de usurpar e estabelecer
liderança por meio de um pseudo serviço.
As pessoas dominadas por este principado, alegam que que-
rem servir a Deus e exercem autoridade, no entanto desejam minar a
autoridade daquele líder, do qual se aproximaram.
Espiritualmente, colocam um cordão umbilical nas pessoas
e através dele transferem ovos jezabélicos, que se incubam e produzem
rebelião em todos que foram seduzidos.
Uma manifestação comum desta incubação Jezabélica é o
surgimento de grupos secretos dentro da igreja. Os mais comuns são
os grupos de intercessão, que atuam fora da luz, transparência e sub-
missão da Igreja local.
Esses grupos secretos acabam se tornando fontes de reve-
lações contrárias à Palavra de Deus, como, por exemplo, aqueles que

207
AP. FERNANDO GUILLEN

dizem que receberam a revelação de que a esposa do pastor não era a


mulher que Deus tinha para ele, e por isso começam a orar para Deus
tomar para Si a esposa do pastor e trazer outra. Isso pode parecer um
absurdo, mas é a realidade de muitos pastores que ministramos.
Outra tática jezabélica é procurar as pessoas que estão se
sentindo preteridas de alguma forma. Estas pessoas são presas fáceis
do espírito de Jezabel. Aqueles que são influenciados por esse prin-
cipado vão ligar para o “coitadinho” dizendo: “Ninguém ligou para
você essa semana? Você está se sentindo sozinho, abandonado? Não se
preocupe, eu cuido de você.”
Novamente nesse caso, vemos a atuação da “mamãe Jezabel”.
E os incautos correrão para ela. Contudo, há uma intenção estratégica
nessa ação. Quando alguém aceita liderança de um terceiro sobre si,
dá autoridade para essa pessoa. Dessa forma, Jezabel pode transfe-
rir seus ovos de serpente por meio do reconhecimento de autoridade.
Este reconhecimento funciona como um cordão umbilical, pelo qual
são transferidos os ovos Jezabélicos. A manifestação dessa incubação
Jezabélica é a rebelião contra a autoridade legítima.

Outra maneira muito eficaz pela qual Jezabel transfere seus


ovos é através da fornicação.

Ou não sabeis que o que se ajunta com a meretriz, faz-


se um corpo com ela? Porque serão, disse, dois numa só
carne. Mas o que se ajunta com o Senhor é um mesmo
espírito. Fugi da prostituição. Todo o pecado que o ho-

208
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

mem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca


contra o seu próprio corpo. (I Corintios 6:16-18)

Como também já em parte reconhecestes em nós, que


somos a vossa glória, como também vós sereis a nossa
no dia do Senhor Jesus. (II Corintios 6:14)

Como já foi dito no capítulo anterior, Jezabel deseja induzir


homens e mulheres a praticar toda sorte de prostituição. As doenças
sexualmente transmissíveis, chamadas também de doenças venéreas,
tem ligação com a incubação desses ovos jezabélicos.

A etmologia da palavra venéreo demonstra esta relação. De


acordo com o dicionário Aurélio:

Venéreo: Que diz respeito às relações sexuais; sensual,


erótico. Diz-se de certas doenças contraídas nessas re-
lações. Relativo à deusa Vênus.

A deusa Vênus é uma das personificações da Rainha dos


Céus, portanto, evidencia-se a íntima ligação dos pecados sexuais a
este principado: Jezabel.
Há pessoas que são levadas às profundezas de Satanás, por
meio das raízes de iniquidade, relacionadas à bruxaria e à perversão
sexual. Estas pessoas chegam ao um ponto de completa degeneração
sexual, recebendo visitas constantes de demônios e mantendo rela-

209
AP. FERNANDO GUILLEN

ções sexuais com eles, os denominados incubus e sucubus – há muitos


relatos sobre isso, mas, este é um assunto que merece ser tratado com
maior profundidade, por isso, não entraremos nessa particularidade
neste livro.

210
O SELO DE ALIANÇAS DE PAZ
CAPÍTULO XII

O SELO DE ALIANÇAS DE PAZ

Depois Jeú veio a Jizreel, o que ouvindo Jezabel,


pintou-se em volta dos olhos, enfeitou a sua cabeça, e
olhou pela janela.E, entrando Jeú pelas portas, disse
ela: Teve paz Zinri, que matou a seu senhor? E le-
vantou ele o rosto para a janela e disse: Quem é comi-
go? quem? E dois ou três eunucos olharam para ele.
Então disse ele: Lançai-a daí abaixo. E lançaram-na
abaixo; e foram salpicados com o seu sangue a parede e
os cavalos, e Jeú a atropelou. (II Reis 9:30-33)

Após utilizar todas as estratégias descritas até aqui, e, não


alcançar êxito, e ao perceber que será destruída, Jezabel buscará fazer
aliança de paz, isto é, alianças profanas. Isso foi o que aconteceu quan-
do a rainha Jezabel soube que Jeú estava determinado a exterminá-la.

215
AP. FERNANDO GUILLEN

Este selo entrará em ação quando Jezabel não obtiver êxito


seduzindo e intimidando a vida de uma pessoa.
Quando finalmente for descoberta, ela tentará convencê-lo
de que as coisas não são bem assim, que há possibilidade de paz. No
entanto, trata-se apenas de mais uma de suas estratégias.

ACABE DEVE MORRER

E disse Acabe a Elias: Já me achaste, inimigo meu? E


ele disse: Achei-te; porquanto já te vendeste para faze-
res o que é mau aos olhos do SENHOR. (I Reis 21:20)

Porém ninguém fora como Acabe, que se vendera para


fazer o que era mau aos olhos do SENHOR; porque
Jezabel, sua mulher, o incitava. (I Reis 21:25)

Como vimos, onde há Jezabel, há sempre um Acabe, pois


este é o padrão para Jezabel dominar. Pela ausência do “não” (ou seja,
existindo, portanto uma aliança de paz), Acabe torna possível o domí-
nio jezabélico.
Conformidade com o errado e falta de integridade são os
pontos fracos que convidam a estrutura de Acabe a compactuar com
o governo de Jezabel.
“Acabes” vendem as suas almas - todo o seu ser, alma, corpo,
mente e coração, tudo é entregue a Jezabel por um ato deliberado so-
bre o qual Deus o fez totalmente responsável.

216
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Lembre-se que Jezabel governa sobre territórios e reinos,


mas também estabelece linhas de pensamento sobre as pessoas.
A aliança de paz é com um contrato tácito, no qual está ins-
crito: “Eu entrego a Jezabel o meu ‘eu’, e ela me dá algo que eu desejo
mais do que minha própria existência.”
É um negócio feito com o império das trevas. Não há como
escapar da responsabilidade diante do Pai que lhe deu o dom precioso
da responsabilidade.
A Adão e Eva foi dado um trabalho a fazer, mesmo antes
da queda. A responsabilidade é um privilégio, e nos leva a amadurecer.
Mas os fracos e os medrosos convidarão a estrutura de Acabe para
fazer alianças com o governo de Jezabel, escapando do dever.
Jezabel e Acabe formam um casal demoníaco, por isso os usa-
mos para descrever as alianças profanas. Eles representam uma parceria
infernal. Satanás se deleita especialmente em impor o sistema deste casal
sobre um casamento cristão para a derrota de ambos, marido e mulher.
Essa união também aparece na Igreja, entre irmãos, produ-
zindo uma aliança doente, e à falsificação da verdadeira unidade do
Espírito. Jezabel gera “Acabes”, e “Acabes” permitem a operação de
“Jezabéis”. Onde um está, o outro também está, preso a uma aliança de
necessidade e ódio mútuo construída sobre o medo de ambos.
E se Jezabel preparar você para ser seu Acabe e você recu-
sar, sua fúria violenta explodirá provocando um permanente “divórcio”
desse ciclo vicioso. Acabe lhe daria o controle, lançaria sobre você o
fardo de culpa, e sua carga de responsabilidade. Caso se atreva a rejei-
tar o trabalho, a auto piedade de Acabe vai golpeá-lo, e sua lamentação

217
AP. FERNANDO GUILLEN

torturá-lo, com a condenação de que você é um fracasso, especialmen-


te um fracasso espiritual.
Acabe e Jezabel funcionam em uma harmonia de depen-
dência demoníaca. Eles precisam um do outro para existir. Jezabel
requer alguém para governar e Acabe, alguém para culpar. Ambos os
governos espirituais podem viver e funcionar em uma pessoa.
A chave para derrotar Jezabel é a dissolução da aliança per-
versa, através da morte de Acabe.
A fraqueza da covardia e do medo devem ser mortos. O
governo de Jezabel acaba quando o medo que Acabe produz é aniqui-
lado. A ligação entre Jezabel e Acabe foi dissolvida pela morte. O rei
que manteve intacto o poder dela pela sua sujeição, morreu covarde-
mente em uma batalha por se recusar a lutar:

E disse ele: Eu sairei, e serei um espírito de mentira


na boca de todos os seus profetas. E ele disse: Tu o in-
duzirás, e ainda prevalecerás; sai e faze assim. Agora,
pois, eis que o SENHOR pôs o espírito de mentira na
boca de todos estes teus profetas, e o SENHOR falou
o mal contra ti. Então Zedequias, filho de Quenaaná,
chegou, e feriu a Micaías no queixo, e disse: Por onde
saiu de mim o Espírito do SENHOR para falar a ti?
E disse Micaías: Eis que o verás naquele mesmo dia,
quando entrares de câmara em câmara, para te escon-
deres. Então disse o rei de Israel: Tomai a Micaías, e
tornai a levá-lo a Amom, o governador da cidade, e a

218
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Joás filho do rei. E direis: Assim diz o rei: Colocai este


homem na casa do cárcere, e sustentai-o com o pão de
angústia, e com água de amargura, até que eu venha
em paz. E disse Micaías: Se tu voltares em paz, o SE-
NHOR não tem falado por mim. Disse mais: Ouvi,
povos todos! Assim o rei de Israel e Jeosafá, rei de Judá,
subiram a Ramote de Gileade.

E disse o rei de Israel a Jeosafá: Eu me disfarçarei,


e entrarei na peleja; tu porém veste as tuas roupas.
Disfarçou-se, pois, o rei de Israel, e entrou na peleja.
E o rei da Síria dera ordem aos capitães dos carros,
que eram trinta e dois, dizendo: Não pelejareis nem
contra pequeno nem contra grande, mas só contra o
rei de Israel. Sucedeu que, vendo os capitães dos carros
a Jeosafá, disseram eles: Certamente este é o rei de Is-
rael. E chegaram-se a ele, para pelejar com ele; porém
Jeosafá gritou.

E sucedeu que, vendo os capitães dos carros que não


era o rei de Israel, deixaram de segui-lo. Então um
homem armou o arco, e atirou a esmo, e feriu o rei de
Israel por entre as fivelas e as couraças; então ele disse
ao seu carreteiro: Dá volta, e tira-me do exército, por-
que estou gravemente ferido. E a peleja foi crescendo
naquele dia, e o rei foi sustentado no carro defronte dos

219
AP. FERNANDO GUILLEN

sírios; porém ele morreu à tarde; e o sangue da ferida


corria para o fundo do carro. E depois do sol posto pas-
sou um pregão pelo exército, dizendo: Cada um para
a sua cidade, e cada um para a sua terra! E morreu o
rei, e o levaram a Samaria; e sepultaram o rei em Sa-
maria. E, lavando-se o carro no tanque de Samaria,
os cães lamberam o seu sangue (ora as prostitutas se
lavavam ali), conforme à palavra que o SENHOR
tinha falado.(I Reis 22:29-38).

Elias não teve medo de Acabe. Quando você não luta, então
todos podem governá-lo. É por isso que Acabe fazia tudo o que Elias
dizia, mesmo ele sendo seu inimigo.
Esta é a história da morte de Acabe: Ben-Hadade, rei da
Síria, enviou uma mensagem a Acabe:

Que lhe disseram: Assim diz Ben-Hadade: A tua pra-


ta e o teu ouro são meus; e tuas mulheres e os melhores
de teus filhos são meus. (I Reis 20:3)

Acabe, sem disposição para lutar por sua família, sem sequer
manifestar um único protesto, respondeu:

E respondeu o rei de Israel, e disse: Conforme a tua


palavra, ó rei meu senhor, eu sou teu, e tudo quanto
tenho. (I Reis 20:4)

220
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Este é Acabe: “tudo e qualquer coisa em prol de não lu-


tar”. Nunca confrontar, sempre falar “sim” para qualquer grau de
tirania.
Essa vitória fácil para o rei da Síria faria com que ele exigisse
mais. O apaziguamento de Acabe somente aumentou o apetite e a
audácia do inimigo.

Todavia amanhã a estas horas enviarei os meus servos


a ti, e esquadrinharão a tua casa, e as casas dos teus
servos; e há de ser que tudo o que de precioso tiveres,
eles tomarão consigo, e o levarão. (I Reis 20:6)

A natureza de Acabe é a preguiça e poupança pessoal. Ele


iria suportar a perda e o sofrimento dos outros, mesmo de sua família,
apenas para manter-se fora da luta. Qualquer compromisso, qualquer
sacrifício para que ele pudesse se salvar. Acabe representa a paz a qual-
quer preço. Somente quando se tratava de uma invasão à sua própria
casa e tesouros favoritos, ele começou a se levantar e procurar ajuda.
Por sua indignação, e com a promessa do profeta quanto à vitória,
Acabe finalmente foi para a guerra.
Mas ao final, Acabe fez um tratado desnecessário com o ini-
migo – este é Acabe: sempre fazendo alianças com o inimigo. Primei-
ro, se vendeu para fazer o mal pelo encantamento de Jezabel. Depois,
fez um tratado com um rei insensato que estava sob o julgamento e a
ira de Deus. E esse tratado foi feito para que ele pudesse estar no mer-
cado. Mais uma vez, para ganho pessoal, ele compactuou com o mal.

221
AP. FERNANDO GUILLEN

E disse ele: As cidades que meu pai tomou de teu pai


tas restituirei, e faze para ti ruas em Damasco, como
meu pai as fez em Samaria. E eu, respondeu Acabe, te
deixarei ir com esta aliança. E fez com ele aliança e o
deixou ir. (I Reis 20:34)

Três anos depois, a Síria voltou à guerra contra Israel e Aca-


be seduziu Josafá, rei de Judá, para participar de sua guerra (I Reis 22).
Josafá era um bom rei, mas tinha uma fraqueza fatal do tipo Acabe:
uma falsa bondade – e ela seria então sua ruína.
Acabe planejou a batalha e decidiu que Josafá usaria seu tra-
je real:

E disse o rei de Israel a Jeosafá: Eu me disfarçarei, e en-


trarei na peleja; tu porém veste as tuas roupas. Disfarçou-
se, pois, o rei de Israel, e entrou na peleja. (I Reis 22:30)

Pensando em se esconder atrás da presença conspícua de


Josafá, Acabe foi à batalha, disfarçado como um soldado comum, fin-
gindo não ser o rei que Deus lhe tinha feito. Ele planejou escapar
do perigo, colocando outro na vanguarda. Este é sempre o esquema
de Acabe – se esconder de sua responsabilidade, salvar-se jogando os
outros no caminho do seu próprio perigo.
Josafá, confundido com Acabe, foi cercado por carros da Sí-
ria, mas ele clamou a Deus e os inimigos viram que não era o rei de Is-
rael. Então eles o deixaram voltar com segurança ao seu próprio trono:

222
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Sucedeu que, vendo os capitães dos carros a Josa-


fá, disseram eles: Certamente este é o rei de Israel. E
chegaram-se a ele, para pelejar com ele; porém Jeosafá
gritou. E sucedeu que, vendo os capitães dos carros que
não era o rei de Israel, deixaram de segui-lo. (I Reis
22:32-33)

Acabe, por sua vez, que fingira ser o rei de Judá, para que o
rei de Judá morresse em seu lugar, foi morto por uma flecha do juízo
inevitável de Deus e sangrou até a morte no seu carro. Cães lamberam
o seu sangue, no mesmo local do assassinato de Nabote, assim como
Elias havia profetizado.

E falar-lhe-ás, dizendo: Assim diz o SENHOR: Por-


ventura não mataste e tomaste a herança? Falar-lhe-
ás mais, dizendo: Assim diz o SENHOR: No lugar
em que os cães lamberam o sangue de Nabote lamberão
também o teu próprio sangue. (I Reis 21:19)

Então um homem armou o arco, e atirou a esmo, e


feriu o rei de Israel por entre as fivelas e as couraças;
então ele disse ao seu carreteiro: Dá volta, e tira-me do
exército, porque estou gravemente ferido. E a peleja foi
crescendo naquele dia, e o rei foi sustentado no carro
defronte dos sírios; porém ele morreu à tarde; e o san-
gue da ferida corria para o fundo do carro. E depois

223
AP. FERNANDO GUILLEN

do sol posto passou um pregão pelo exército, dizendo:


Cada um para a sua cidade, e cada um para a sua ter-
ra! morreu o rei, e o levaram a Samaria; e sepultaram
o rei em Samaria. E, lavando-se o carro no tanque
de Samaria, os cães lamberam o seu sangue (ora as
prostitutas se lavavam ali), conforme à palavra que o
SENHOR tinha falado. (I Reis 22:34-38)

Fraqueza e passividade serão sempre um círculo vicioso para


colocá-lo nas cavernas de covardia.
Encolhendo-se antes da luta, segurando-se no egoísmo aci-
ma da integridade, Acabe permaneceu para sempre com uma aliança
com o mal. Pactuou com o inimigo de Deus simplesmente por evitar a
luta, salvando a sua pele e sacrificando a vida de todos os outros.
Ele morreu antes de Jezabel. Assim também, nossa covardia
deve morrer antes do governo jezabélico ser derrubado da torre de sua
presunção satânica sobre nossas vidas. “Acabe” em você e em mim,
deve morrer para Jezabel ser destruída.
Deus havia escolhido o próximo rei para suceder a Acabe.
Ao nomear o homem e derramar a sua unção, Deus estava declarando
que o trono de Acabe e Jezabel seria exterminado.
Escolhido no Monte Horebe muito antes, Jeú não foi sim-
plesmente um guerreiro, mas comandante do exército de Israel. Eliseu
enviou um profeta anônimo para ungir Jeú com o óleo e lhe outorgar
a seguinte comissão:

224
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Então se levantou, entrou na casa, e derramou o azei-


te sobre a sua cabeça, e disse: Assim diz o SENHOR
Deus de Israel: Ungi-te rei sobre o povo do SENHOR,
sobre Israel. E ferirás a casa de Acabe, teu senhor, para
que eu vingue o sangue de meus servos, os profetas, e
o sangue de todos os servos do SENHOR, da mão de
Jezabel. E toda a casa de Acabe perecerá; destruirei de
Acabe todo o homem, tanto o encerrado como o absol-
vido em Israel. (2 Reis 9:6-8)

A fraqueza de Acabe em deixar Jezabel governar não será


permitida no reino espiritual de Deus, em nenhuma parte e em ne-
nhum lugar.
E assim, Jeú é levantado para quebrar a aliança profana de
falsa paz.

QUEBRA DA ALIANÇA PROFANA

Com zelo fantástico, Jeú aceitou a missão de Deus. Tomou um


carro e rumou furiosamente para Jezreel, o vale do palácio de Jezabel.
Dois reis viram a sua abordagem com preocupação: Jorão
(rei de Israel), filho de Acabe e Jezabel, e Acazias (rei de Judá), neto
de Acabe e Jezabel.
Por duas vezes, cavaleiros foram enviados para consultar a
Jeú. “Há paz?”. Por duas vezes, Jeú respondeu: “O que você tem com
a paz?”.

225
AP. FERNANDO GUILLEN

Finalmente, ambos os reis em suas carruagens separadas fo-


ram ao encontro de Jeú, no campo de Nabote, o homem que Jezabel
havia assassinado para que Acabe pudesse possuir a sua vinha.

E sucedeu que, vendo Jorão a Jeú, disse: Há paz, Jeú? E


disse ele: Que paz, enquanto as prostituições da tua mãe
Jezabel e as suas feitiçarias são tantas? (II Reis 9:22)

Ambos os reis descendentes de Acabe foram mortos ali


mesmo. Assim começou a aniquilação total do império de Acabe de
acordo com a ordem de Deus. E finalmente, o desfecho de Jezabel
havia chegado.

Depois Jeú veio a Jizreel, o que ouvindo Jezabel,


pintou-se em volta dos olhos, enfeitou a sua cabeça, e
olhou pela janela. E, entrando Jeú pelas portas, disse
ela: Teve paz Zinri, que matou a seu senhor? (II Reis
9:30-31)

Jezabel viu que a espada de Jeú havia matado tanto seu filho
como seu neto. Jeú não dirigiu uma palavra a ela, nem se defendeu de
sua acusação. Esse é comportamento de um rei para com Jezabel.
Ele entrou no pátio de seu palácio, totalmente imune à sua
sedução, e sem medo a sua intimidação. Este novo rei apenas olhou
para a janela da torre e fez a pergunta eterna de Deus quando Jezabel
está reinando.

226
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

E levantou ele o rosto para a janela e disse: Quem


é comigo? quem? E dois ou três eunucos olharam
para ele. Então disse ele: Lançai-a daí abaixo. E
lançaram-na abaixo; e foram salpicados com o seu
sangue a parede e os cavalos, e Jeú a atropelou. (II
Reis 9:32,33)

A carruagem de Jeú finalizou a quebra do corpo de Jezabel.


Uma simbologia de que o inimigo foi esmagado debaixo dos pés de
um rei.
Um comandante cheio do zelo de Deus se assenta para co-
mer em paz no próprio local onde Jezabel governava. Enquanto feste-
java a vitória, Jezabel foi comida por cães que lamberam o seu sangue,
deixando apenas alguns ossos para enterrar.
Jeú trouxe a palavra profética de Deus até o cumprimento
total. Ele destronou o domínio de Baal, destruindo seus adoradores,
altares, colunas e templo.

E assim Jeú destruiu a Baal de Israel. (II Reis 10:28)

A paz veio sobre Israel, não pelo compromisso com a tirania,


nem através da coexistência com o mal, e sim, por meio da separação e
da violência, pelo confronto e revolta através da espada de Jeú.
Paz a qualquer preço é sempre paz momentânea. A paz não
é a harmonia entre as pessoas. A verdadeira paz só existe com Deus.
Serenidade flui de Sua satisfação, e sempre traz a espada.

227
AP. FERNANDO GUILLEN

Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim


trazer paz, mas espada; (Mateus 10:34)

Depois Jeú veio a Jizreel, o que ouvindo Jezabel, pintou-


se em volta dos olhos, enfeitou a sua cabeça, e olhou pela
janela. E, entrando Jeú pelas portas, disse ela: Teve paz
Zinri, que matou a seu senhor? (II Reis 9:30,31)

Iludida pela confiança em seu poder e lascívia para seduzir,


Jezabel pensou encantar Jeú enquanto falsamente o acusou de assassi-
nato, que era seu próprio pecado. Jeú, indiferente à sua autoridade ti-
ranizada, e ungido como rei sobre ela, não se preocupou em responder.
A auto confiança jezabélica foi uma ilusão, o zelo convin-
cente de Jeú foi uma realidade divina. Em vez de responder, ele gritou
para chamar os voluntários, e os eunucos olharam para fora da sua
janela.
Como foi dito, os eunucos podem representar diversos tipos
de pessoas. Dentro do contexto histórico dessa passagem, os eunucos
foram homens castrados, arruinados por Jezabel. A sua descendência
masculina fora destruída sob o controle déspota de Jezabel.
Do ponto de vista espiritual, os eunucos representam aque-
les cuja fecundidade, paixão e energia foram esmagadas e enterradas
em algum túmulo da alma. São humanamente vivos, mas mortos em
gênero pela crueldade de Jezabel.
Enfim, muitas vezes somos intimidados por pessoas usadas
por essa estrutura demoníaca para minar nosso ministério.

228
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Tais pessoas, após perceberem que não há força que preva-


leça contra você, buscarão fazer aliança. Pessoas que tem aparência de
piedade, mas são filhos do diabo. Apresentam um ar de santidade e
arrependimento para impressioná-lo.
Jezabel se manisfesta dessa forma dissimulada, fingindo-se
de piedosa para destruir àqueles que não se intimidaram com suas
ameaças de morte.
Essas alianças são almáticas e tem o objetivo de levar os fi-
lhos de Deus ao não cumprirem o propósito eterno aqui na terra.
Há alguns anos, eu estava em Santiago do Chile ministrando
em uma Conferência acerca das manifestações dessa estrutura demoní-
aca, e passei por uma experiência muito sobrenatural, que narro agora.
Depois da ministração noturna, e de viver momentos intensos
e cheios da manifestação do poder de Deus, me hospedei na casa de um
irmão muito querido, pois no outro dia bem cedo teria que voltar à Bolí-
via. Eu me deitei no quarto ao lado do quarto do meu amigo. A casa era
pequena e estávamos separados apenas por uma parede. No meio da noi-
te, fui despertado por uma presença gélida que esfriou todo o quarto. Ao
abrir os olhos, me deparei com a figura de uma mulher com vestes pálidas.
Eram vestes de uma cor que se assemelhava ao branco, mas
não era branco – Jezabel é assim: aparenta piedade, mas é implacável.
Os olhos eram penetrantes, magnéticos. Ela se movia de
forma sedutora, mas estava furiosa. Seus cabelos eram como serpentes.
Então, ela se dirigiu a mim de forma ameaçadora e disse: “Vou matá-
lo!” Nessa mesma hora respondi: “Você não vai me matar, porque a
minha vida está escondida em Cristo.”

229
AP. FERNANDO GUILLEN

Quando Jezabel percebeu que eu estava convicto e não iria


me sujeitar às suas ameaças, ela revelou sua outra face. Passou a me
propor uma aliança de paz. Naquela época, eu havia inaugurado uma
igreja na Bolívia. Sabendo disso, ela me fez a seguinte proposta: se
você parar de ensinar sobre Guerra Espiritual, deixar de confrontar
a minha estrutura, eu vou lhe dar muito dinheiro, vou lhe dar fama,
vou encher a sua igreja, e colocá-lo na mídia. Basta que pare de falar
sobre mim.
Naquele momento, como um flash, surgiram em minha
mente alguns ministérios que da mesma forma que alcançaram suces-
so, despencaram vertiginosamente.
Então, o Espírito Santo trouxe a revelação em meu cora-
ção sobre o que havia acontecido com esses ministérios: tinham feito
aliança com Jezabel. Por meio dessa aliança, Jezabel deu a esses mi-
nistérios dinheiro, fama e poder. Tal tipo de aliança funciona como os
anabolizantes.
Esses ministérios que vieram à minha mente tinham algo
em comum: cresceram espetacularmente, mas acabaram por causa de
envolvimentos em escândalos sexuais.
A proposta de Jezabel parece boa à primeira vista. A única
condição imposta era a de não tocar em suas estruturas. Mas eu não
me sujeitei a isso. Disse a ela: “Não há paz com você. Eu me esforçarei
para destruir as suas estratégias. Enquanto eu viver, continuarei pre-
gando a verdade sobre seus esquemas”.
Ela, então, enfurecida, disse: “Vou destruir seu ministério!”,
e manifestou a sua ira derrubando alguns livros que eu havia compra-

230
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

do e que estavam sobre a mesa no meu quarto. Meu amigo acordou


assustado: “Fernando, o que houve? Você está bem? O que aconte-
ceu?” Eu o tranquilizei: “Não foi nada, durma em paz, amanhã eu lhe
conto!” Tenho certeza que se eu tivesse contado o que havia aconteci-
do, ele não dormiria mais.
Confesso, que depois desse acontecimento, as coisas não fo-
ram fáceis. Houve muitas resistências, de fato, ao escrever esse livro,
muitos ataques demoníacos se manifestaram sobre a minha vida e a
vida da minha esposa.
Às vezes, sinto-me como Elias em momentos de opressão, e
ouço Jezabel dizendo: “Há paz?”
Por isso, eu clamo ao Espírito Santo para trazer luz sobre as
possíveis alianças que temos com Jezabel.
E oro para que depois de reveladas, venhamos ao arrepen-
dimento, para quebrar essas alianças profanas no poder do nome de
Jesus!
Mas lembre-se: Acabe tem que morrer em nossas vidas para
quebrar as alianças profanas que fortalecem essa entidade jezabélica!

231
LIBERTANDO-SE DA

ESTRUTURA JEZABÉLICA
CAPÍTULO XIII

LIBERTANDO-SE DA

ESTRUTURA JEZABÉLICA

Após a revelação descrita nesse livro, gostaria que nessas frases fi-
nais nos dedicássemos a um arrependimento genuíno e à quebra des-
ses selos demoníacos que Jezabel impôs em nossas vidas.
Por isso, convido você a que abra seu coração e sua mente
para receber a liberdade que o Espírito Santo quer te dar nessa hora, e
que faça essa oração comigo:

Espírito Santo, eu não quero ter nenhuma aliança


com Jezabel. Por isso, nesse momento, em nome de Je-
sus, eu me apresento à corte celestial, e ao trono do Pai
para pedir perdão por haver tolerado Jezabel e ter sido
cúmplice das obras da Rainha dos Céus.

235
AP. FERNANDO GUILLEN

Perante o Teu tribunal, eu confesso a minha iniquida-


de e a iniquidade dos meus antepassados de: depressão,
tristeza, solidão, angústia, dor, desespero, incredu-
lidade, religiosidade, idolatria, bruxaria, feitiçaria,
acusação, ganância, ambição, assassinato, mentira,
calúnia, difamação, confusão, perversão sexual, por-
nografia, adultério, lascívia, luxúria, fornicação, mas-
turbação, homossexualismo, manipulação, rebelião,
intimidação, controle, ódio e perseguição contra os teus
verdadeiros ministros, morte, inveja, ira, ciúmes, or-
gulho, teimosia, arrogância, falsidade, insubmissão,
insegurança, paranóia, ciúmes, sedução, e toda obra da
carne. E perante a Tua presença, eu renuncio a toda
aliança e governo que Jezabel instituiu sobre a minha
vida e ministério, em nome de Jesus. Amém!

Partindo dessa confissão, eu gostaria de ministrar sobre a sua


vida agora:

Pai, em nome de Jesus, eu tomo autoridade liberada


a partir dessa confissão geracional que foi liberada no
Teu trono, e declaro que toda legalidade que Jezabel
possuía para oprimir a vida do meu(minha) irmão
(ã), a fim de mantê-lo na estrutura Babilônica, é que-
brada agora. Eu declaro ilegal todo decreto que outor-
gava liberdade a operação de Jezabel nessa vida.

236
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

Em nome de Jesus, eu ordeno que todo cárcere configu-


rado no corpo espiritual de Jezabel seja aberto. Declaro
que se abra todo cárcere estruturado na cabeça de Je-
zabel: cárceres de morte, sombra de morte, tristeza, de-
pressão, angústia, solidão, dor, enfermidade, desespero,
confusão, loucura, incredulidade, religiosidade, idola-
tria, sofismas, fortalezas, paradigmas, falsas doutri-
nas, ordeno que se abram em nome de Jesus.

Todo cárcere configurado nos órgãos sexuais de Jezabel


sejam abertos agora: cárceres de perversão sexual, por-
nografia, adultério, lascívia, luxúria, fornicação, mas-
turbação, homossexualismo, incesto, estupro, sedução,
em nome de Jesus.

Todo cárcere ministerial de frustração, decepção, medo,


derrota, bruxaria, feitiçaria (através das orações con-
trárias) configurados na palma das mãos de Jezabel se
abram em nome de Jesus.

Eu te chamo, ministro de Deus, sai dessa caverna ago-


ra, em nome de Jesus! Anjos de libertação entrem e ati-
rem a sua vida desses lugares de prisão.

Na autoridade que há no nome de Jesus, eu declaro que


é quebrado com a vara de ferro todo selo jezabélico de

237
AP. FERNANDO GUILLEN

manipulação, de destruição familiar, de perversão sexu-


al, de ódio contra o seu ministério através de complô, bru-
xaria, mentira, difamação, obstáculos, roubo de finanças
que se levantaram para impedir o cumprimento do seu
chamado ministerial é quebrado e, declaro que anjos do
Senhor abrem os caminhos em nome de Jesus. Nessa au-
toridade eu te introduzo agora no teu destino profético e
te digo: Entra!

Com a vara de ferro, quebro também o selo jezabélico de


castidade, e toda consagração a entidades espirituais das
trevas seja quebrado em nome de Jesus.

Declaro que o pacto do sangue de Jesus fala melhor do


que qualquer outro pacto, e te insiro agora debaixo
desse pacto do sangue do Cordeiro.

Ordeno em nome de Jesus a quebra do selo de incu-


bação jezabélica. Declaro que o cordão umbilical que
unia você a Jezabel é cortado nesse momento pelos an-
jos de libertação, e os ovos jezabélicos localizados no
ventre, nos rins e na mente são queimados pelas cha-
mas de fogo que estão nos olhos de Jesus.

Decreto que toda aliança profana estabelecida por Je-


zabel, todo matriarcado e tolerância a esse governo na

238
JEZABEL - A SENHORA DO ANEL

vida do meu (minha) irmão(ã), é quebrado em nome


de Jesus. Declaro a morte de Acabe sobre essa vida e
firmo a paternidade do Pai, em nome de Jesus.

Libero um comando ao segundo céu e declaro que os anjos


que foram designados para lançar Jezabel abaixo, atirem-
na agora abaixo em nome de Jesus. Seja quebrado o governo
de Jezabel no segundo céu em nome de Jesus.

Desligo a vida do meu (minha) irmão(ã) do segundo


céu e do infra mundo, em nome de Jesus.

E agora eu te chamo para sair desse sistema. Retire-


se dele, retire-se da estrutura babilônica! Saia desse
corpo jezabélico!

Sejam quebrados todos os grilhões e cadeias que o


prendiam, com os pés de bronze do Filho de Deus, nes-
te momento. Falo à tua vida agora: sai do cativeiro em
nome de Jesus!

Seja livre! Seja livre em nome de Jesus!

Amém!

239
MINISTÉRIO SE7E MONTES

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