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A prisão nos tempos atuais tem como moldes apenas a restrição de liberdade do
individuo, contudo, percebe-se na prática que além desta restrição, surgem uma
série de fatores indiretos que o desumanizam o individuo, tais como restrições e
limitações de fatores da personalidade, onde o sujeito tende a perder fatores e
costumes comuns do convívio social e da sua individualidade. Pode-se citar como
exemplo o uso obrigatório de uniformes padronizados, restrições gerais de
alimentação, dentre outros.
Tanto a saúde física como a psíquica é essencial a todo ser humano, estando ela
intimamente ligada a qualidade de vida. O art. 12 da LEP prevê: “A assistência
material ao preso e ao internado consistirá no fornecimento de alimentação,
vestuário e instalações higiênicas”. Como dito anteriormente, a única sansão
imposta é a restrição da liberdade, todavia, acredita-se que resquícios históricos
ainda se fazem presentes, onde a sociedade clama por justiça sendo realizadas de
forma corporal. Dessa forma, não é rara situações de agressões aos internos, de
restrição de acesso a profissionais como médico, assistentes sociais e psicólogos.
Para Foucault o direito de punir sempre pareceu ser uma ideia natural, no entanto,
o filósofo francês discutiu e mudou a ideia habitualmente aceita de que a prisão era
uma forma humanista de se punir, e foi um dos criadores do Grupo de Informações
sobre as Prisões (GIP), formado por intelectuais franceses preocupados com a
situação do sistema carcerário de sua época. Foucault demonstrava ceticismo em
relação às prisões que haviam sido criadas em meados do século XVIII e XIX, que
embora não tivessem mais sessões públicas de tortura, possuíam modelos de
dominação, como o conhecido panóptico.
Além disso, Foucault considerava outros fatores importantes nas instituições que
diziam servir para a correção dos que delinquissem, como a oferta de educação e
trabalho aos detentos, a existência de pessoal técnico e especializado para trabalhar
com eles, o acompanhamento dos egressos até sua recuperação total, a
transformação do comportamento dos presos e a modificação das penas de acordo
com suas condutas. Também descreveu os sete princípios fundamentais que iriam
garantir condições favoráveis ao cumprimento da pena nos estabelecimentos
prisionais, sendo eles:
1. Quantidade mínima
2. Idealidade suficiente
3. Efeitos co (laterais)
5. Verdade comum
6. Especificação ideal
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A partir da idéia de suplício ao analisar a prisão, Foucault via esta última assim como
a escola, o exército, e outras instituições criadas pelo Estado, a fim de regrar os
corpos dos indivíduos, dominando-os política e institucionalmente. Desta forma, a
prisão como instituição era o poder de punir do Estado e o suplício era a pena
aplicada ao indivíduo, expressa por meio de uma série de condicionantes, de regras
e de disciplinas do corpo. O corpo era vigiado e disciplinado, havia horário para tudo
e até mesmo normas para a forma de como se deviam fazer as atividades. A prisão
objetivava ensinar o prisioneiro através do corpo, a como operar de acordo com o
que o Estado ordenava, e a instituição desejava. Assim, a instituição constituía uma
série de métodos, mecanismos e estratégias expressas na punição para tornar estes
corpos “dóceis” através da coação sistemática. Então, estar preso para Foucault era
estar sobre o poder disciplinar dos corpos por parte do Estado, quando esse aplicava
uma punição.