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Delito y Transgreción

1- Como é uma prisão e como Foucault a define.

2- O que significa estar preso e como responde Foucault.

1- A instituição prisional tem como principio, em teoria, o reestabelecimento do


preso, re-integrando-o a sociedade. É na prisão que a sociedade disciplinar
mostra sua última arma: ou o indivíduo se corrige lá, ou passa o resto de sua vida
dentro da instituição. O preso é o alvo perfeito da disciplina, é lá que o indivíduo
é isolado, forçado a trabalhar e controlado.

A prisão nos tempos atuais tem como moldes apenas a restrição de liberdade do
individuo, contudo, percebe-se na prática que além desta restrição, surgem uma
série de fatores indiretos que o desumanizam o individuo, tais como restrições e
limitações de fatores da personalidade, onde o sujeito tende a perder fatores e
costumes comuns do convívio social e da sua individualidade. Pode-se citar como
exemplo o uso obrigatório de uniformes padronizados, restrições gerais de
alimentação, dentre outros.

Além disso, o isolamento imposto também serve como maneira de individualizar o


preso, o retirando de suas companhias. Ao mesmo tempo em que ele se vê
desengajado, impossível de confabular, ele não sofre nenhuma influência externa
que possa atrapalhar a aplicação da disciplina.

Tanto a saúde física como a psíquica é essencial a todo ser humano, estando ela
intimamente ligada a qualidade de vida. O art. 12 da LEP prevê: “A assistência
material ao preso e ao internado consistirá no fornecimento de alimentação,
vestuário e instalações higiênicas”. Como dito anteriormente, a única sansão
imposta é a restrição da liberdade, todavia, acredita-se que resquícios históricos
ainda se fazem presentes, onde a sociedade clama por justiça sendo realizadas de
forma corporal. Dessa forma, não é rara situações de agressões aos internos, de
restrição de acesso a profissionais como médico, assistentes sociais e psicólogos.

Para Foucault o direito de punir sempre pareceu ser uma ideia natural, no entanto,
o filósofo francês discutiu e mudou a ideia habitualmente aceita de que a prisão era
uma forma humanista de se punir, e foi um dos criadores do Grupo de Informações
sobre as Prisões (GIP), formado por intelectuais franceses preocupados com a
situação do sistema carcerário de sua época. Foucault demonstrava ceticismo em
relação às prisões que haviam sido criadas em meados do século XVIII e XIX, que
embora não tivessem mais sessões públicas de tortura, possuíam modelos de
dominação, como o conhecido panóptico.

Naquela época, as prisões haviam mudado a idéia de aplicar torturas mortais e


passaram a buscar a correção dos criminosos, contudo, para Foucault o sistema
panóptico – Panoptico de Bentham – ainda era uma forma de demonstração de
grande dominação, uma vez que era constituído por uma construção em forma de
anel, com uma torre ao centro e grandes janelas. O objetivo da estrutura era
permitir que o seu guardião, através da torre central, observasse todos os
prisioneiros mantidos em celas individuais em torno da torre, sem que esses
soubessem que estavam sendo observados. O método combinava três elementos:
a vigilância, o controle e a correção. Poderia ser utilizado para fazer experiências,
modificar o comportamento, treinar ou punir os indivíduos. Era um modelo que
pretendia ser usado não apenas no cárcere, mas também nas escolas, fábricas,
manicômios e hospitais, possibilitando ao aprisionado o contato com a luz que vinha
da torre de vigilância. Desta forma, vemos que a denúncia de Foucault aparece
justamente em relação às instituições detentoras do poder que empregavam ou
pretendiam empregar esses tipos de sistema de vigiar o outro para puni-lo, tendo
como base o pretenso contrato social discutido por outros grandes filósofos.

Além disso, Foucault considerava outros fatores importantes nas instituições que
diziam servir para a correção dos que delinquissem, como a oferta de educação e
trabalho aos detentos, a existência de pessoal técnico e especializado para trabalhar
com eles, o acompanhamento dos egressos até sua recuperação total, a
transformação do comportamento dos presos e a modificação das penas de acordo
com suas condutas. Também descreveu os sete princípios fundamentais que iriam
garantir condições favoráveis ao cumprimento da pena nos estabelecimentos
prisionais, sendo eles:

1. Quantidade mínima

A pena deve ter efeito preventivo – o culpado deve suportar um dano um


pouco maior, apenas da vantagem que tenha conseguido com o delito.

2. Idealidade suficiente

Mostrar a idéia da pena ao invés da sua escarnação sobre o corpo do


condenado.

3. Efeitos co (laterais)

Efeito de prevenção geral inclusive para quem não cometeu o delito.


4. Certeza perfeita

Certeza da pena. Quem erra, deve saber preventivamente que será


punido.

5. Verdade comum

Abandonar as provas legais. Demonstração da lógica de existência do


delito (demonstração matemática)

6. Especificação ideal

Existência de um código preciso e claro acerca de cada tipo de infração

2-

A partir da idéia de suplício ao analisar a prisão, Foucault via esta última assim como
a escola, o exército, e outras instituições criadas pelo Estado, a fim de regrar os
corpos dos indivíduos, dominando-os política e institucionalmente. Desta forma, a
prisão como instituição era o poder de punir do Estado e o suplício era a pena
aplicada ao indivíduo, expressa por meio de uma série de condicionantes, de regras
e de disciplinas do corpo. O corpo era vigiado e disciplinado, havia horário para tudo
e até mesmo normas para a forma de como se deviam fazer as atividades. A prisão
objetivava ensinar o prisioneiro através do corpo, a como operar de acordo com o
que o Estado ordenava, e a instituição desejava. Assim, a instituição constituía uma
série de métodos, mecanismos e estratégias expressas na punição para tornar estes
corpos “dóceis” através da coação sistemática. Então, estar preso para Foucault era
estar sobre o poder disciplinar dos corpos por parte do Estado, quando esse aplicava
uma punição.

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