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Os planos do General Yamashita, de defesa do norte de Luzon, já estavam dispostos em 5 de março de 1945.
Os comandos americanos sabiam que a resistência nas montanhas do norte seria até as últimas
conseqüências. A contínua afluência de tropas japonesas à região confirmava isso. Estas tropas começaram a
concentrar-se ali antes do desembarque americano em Lingayen. Era evidente, pois, que o General Yamashita
preparava uma operação que ofereceria grande resistência ao avanço americano. Depois do desembarque,
caíram nas mãos dos serviços de informação americanos documentos que confirmaram tais presunções. Os
mesmos revelaram as disposições gerais do plano japonês.
Os japoneses empreendiam a retirado em grande escala até o interior dos montanhas do norte de Luzon, e a
defesa, com fortes efetivos, dos pontos estratégicos mais importantes, como Manila e o Aeroporto Clark,
estavam dispostos a cobrar aos americanos um preço muito alto pela conquista. Estava também previsto o
encontro do 10a Divisão com a 2 a Blindada, no extremo nordeste da planície central, a fim de efetuarem
violentos contra-ataques contra o flanco esquerdo do 6 o Exército durante seu avanço até o sul.
O plano de Yamashita, apesar de engenhoso, fracassou. Em 4 de março, suas forças haviam sido fracionadas
em três grupamentos principais, situados no sul, no oeste e no norte; os três grupamentos estavam
praticamente isoladas entre si e, portanto, totalmente incapacitadas de auxiliarem-se mutuamente. Muitas
unidades, cuja chegada aos lugares já estava prevista, depararam com grandes formações americanas, que
impediram sua marcha, cercando-as e isolando-as. Outras, obrigadas a combater, tampouco puderam unir-se
ao grosso dos efetivos japoneses. Porém, as informações americanas afirmavam que o General Yamashita
agrupava uns 110.000 homens no norte de Luzon.
No setor americano, quatro das nove divisões do 6 o Exército estavam no leste e no nordeste de Manila e ao
sul da lagoa Bay; uma encontrava-se combatendo na parte ocidental de Luzon e em Bataan, e outra estava
em Manila. Portanto, o 6o Exército tinha somente três divisões disponíveis do 1 o Corpo e as Guerrilhas
Filipinas do Norte de Luzon, para as operações no norte da ilha. Um pedido especial do General Krueger
havia sido entregue ao Alto-Comando, no qual ele pedia que a 37 a fosse liberada de suas funções na capital
das Filipinas, a fim de que a mesma tomasse parte ativa na campanha. Porém, mais tarde, o próprio General
Krueger dissera: "Eu sabia que esta divisão não estaria à minha disposição até fins de março ou princípios de
abril".
As Guerrilhas Filipinas do Norte de Luzon, que se encontravam sob o comando do Coronel Russell
Volckmann, eram formadas, na maioria, por cidadãos filipinos, havendo entre eles grande quantidade de
soldados americanos que haviam conseguido escapar dos japoneses em 1942. O Coronel Volckmann era um
jovem oficial que escapara depois da derrota em Bataan. Ajudado por amigos nativos da região, Volckmann
dirigira-se às montanhas do norte, estabelecendo contato com outros oficiais americanos, fugitivos como ele,
para organizar as Guerrilhas Filipinas do Norte de Luzon. Estas forças, disciplinadas e treinadas pelos
oficiais americanos, passaram a fustigar continuamente as linhas de comunicação do inimigo e a atacar os
destacamentos que penetravam nas selvas da região. Atacavam, ainda, os depósitos de munições e
abastecimentos e destruíam as ferrovias e estradas.
Em janeiro de 1945, estas guerrilhas estavam formadas por 8.000 combatentes, com somente 2.000 armados.
Porém, seu número foi aumentando até totalizar 18.000 soldados, que Volckmann organizou em cinco
regimentos com unidades de apoio. Os regimentos eram os seguintes: 11 o, 14o, 15o, 66o e 121o. O 6o Exército
armou estas unidades, assim como outras forças de guerrilheiros, utilizando, em parte, material capturado aos
japoneses. Foi assim que Volckmann conseguiu equipar e treinar dois grupos de artilharia de campanha,
armados com canhões tomados ao inimigo. Finalmente, em 5 de março, coroando os esforços dos
guerrilheiros nos últimos meses, parte da costa norte de Luzon e da costa leste do golfo de Lingayen foram
dominadas. Noutros setores, os guerrilheiros haviam obrigado os japoneses a retirar-se rumo aos redutos
centrais. Os japoneses reagiam debilmente, em isoladas ações punitivas.
A 25a e a 32a não conseguiram progredir, devido à desesperada resistência japonesa, que, auxiliada pela
conformação do terreno, tornava-se invencível. A 25 a, que avançava ao longo da estrada n° 5, tinha seus
movimentos tolhidos devido aos freqüentes desmoronamentos que se registravam no caminho. Além disso,
suas unidades foram separados pelas ações dos japoneses de ambos os lados da estrada. Dessa maneira, era
imprescindível a construção de estrados laterais, para que se procedesse ao abastecimento das forças em
marcha e à evacuação dos feridos. Todas estas tarefas eram dificultadas enormemente pela conformação do
terreno e pelos incursões inimigas.
A 32a Divisão, por sua vez, avançava por uma senda, encontrando iguais ou piores dificuldades que a 25 a.
Resumindo, a construção de estradas e o melhoramento das já existentes diminuíram o ritmo do avanço
americano.
As operações, além disso, eram perturbadas pela escassez de munições de artilharia, ocasionada pelas
dificuldades de descarga dos barcos e pelo falta de reserva no teatro de operações.
Apesar de tudo, as duas divisões citadas mantiveram o ritmo de seu avanço, contra todos os obstáculos,
vencendo, uma após outra, as posições japonesas. Quando um reduto inimigo não era dominado de imediato,
as divisões não interrompiam sua marcha. Deixavam unidades encarregadas da destruição do reduto inimigo,
e a restante das forças seguia adiante. O abrandamento da posição japonesa ficava a cargo da artilharia e da
aviação, que castigavam o inimigo até dobrar sua resistência. Em seguida, a infantaria investia à baioneta, no
assalto final. Liderados por soldados munidos de lança-chamas, os efetivos de infantaria aguardavam que o
fogo abrandasse a resistência inimigo e, então, lançavam granadas de mão, disparando rajadas de
metralhadora, para depois tomarem o reduto.
Neste mesmo dia foi distribuída a Ordem de Operações N° 58, pela qual se ordenava ao 1 o Corpo a conquista
de San Fernando, na costa oeste de Luzon e a 50 km ao norte de Lingayen, com o objetivo de estabelecer, o
quanto antes, um posto de abastecimento.
Os efetivos da 25a e da 32a intensificavam seus esforços para apoderarem-se das posições inimigas que os
enfrentavam. Em Kopintalan, os esforços para tomar a localidade haviam fracassado, fazendo com que os
comandos decidissem flanquear a posição japonesa e envolvê-la. O reduto japonês, porém, estava
poderosamente defendido, contando com abundante artilharia, bem situada, capaz de um fogo preciso e
intenso. Os americanos, por sua vez, efetuaram eficaz fogo de artilharia, usando suas baterias antiaéreas de
90 mm. Na frente do 25a Divisão, o fogo antiaéreo demonstrou ser altamente eficaz, devido à velocidade dos
projéteis e à abundância de munição de que dispunham as respectivas unidades.
Os progressos da 32a Divisão eram, porém, lentos, em razão das dificuldades apresentadas pelo terreno e da
desesperada resistência oferecida pelo inimigo. Porém, em 6 de abril, a 32 a alcançou uma linha a 4 km de
Imugan, a menos de 50 km da costa de Lingayen, no leste, até o interior de Luzon.
A artilharia japonesa, principal obstáculo ao avanço americano, incluía peças de até 150 mm, além de muita
munição.
Em 7 de abril foi emitida o Ordem de Operações N° 55, que determinava que o 1 o Corpo atacasse em toda a
frente. A 33a Divisão atacaria no dia 8, no nordeste. A 37 a, por sua vez, avançaria até o sudeste, ganhando
terreno sem encontrar oposição inimiga.
O principal objetivo dos americanos era a cidade de Baguio, a uns 25 km a nordeste da costa de Lingayen.
As defesas japonesas nas linhas de acesso a Baguio não formavam um todo coordenado. Consistiam, na
maioria, de redutos bem organizados e independentes, cujas guarnições lutavam até o último homem. Porém,
à medida que as duas divisões acercavam-se de Baguio, a defesa japonesa tornava-se mais acirrada. Afinal,
em 17 de abril, a 37 a conseguiu vencer o resistência japonesa e colocar-se a menos de 2 km do cidade.
Porém, a defesa japonesa voltou a consolidar-se, opondo tenaz resistência ao ataque. Os americanos
conseguiram esmagá-lo somente a 24 do mesmo mês, depois de um forte ataque do aviação e da artilharia,
ao qual se seguiu um assalto liderado pelos tanques e caça-tanques. Em 26 de abril, finalmente, a divisão
avistou Baguio.
Em 27 de abril os efetivos da 37 a entraram na cidade, depois de lançar sobre a mesma violento bombardeio
aéreo. Os japoneses, entretanto, retiraram-se precipitadamente de suas posições, fugindo ao choque frontal
com os americanos. Estes, depois de sua entrada na cidade, apoderaram-se de grandes quantidades de
munições, armas e abastecimentos de todo tipo. Da cidade de Baguio só restavam ruínas fumegantes.
Imediatamente, os efetivos da 37a foram substituídos pelas unidades da 33a. Depois da substituição, os
combatentes da 37a avançaram até o norte e o nordeste.
Os efetivos japoneses que se haviam retirado de Baguio foram alcançados pelas linhas avançadas
americanas, sendo atacados pela aviação e pelo fogo de metralhadoras, sofrendo grandes perdas.
Paralelamente a estes acontecimentos, os guerrilheiros atacavam sem descanso os japoneses.
Os efetivos regulares americanos lutavam encarniçadamente, não dando trégua aos pequenos mas bem
organizados grupos japoneses que resistiam nas inumeráveis covas das colinas. Fanaticamente, os japoneses
lutavam até a última bala. Os americanos tiveram que recorrer ao lança-chamas para desalojar e exterminar
os japoneses.
Os soldados da 32a, golpeando sem descanso as posições japonesas, avançavam lentamente. As covas e os
túneis encontrados em seu caminho, defendidos pelos japoneses, tiveram que ser destruídos um a um.
Em 13 de maio, depois de uma intensa preparação da artilharia e da aviação, a 25 a Divisão lançou o ataque
final sobre o passo Balete, a uns 50 km a leste da costa de Lingayen. Uma ruptura nas posições japonesas
deixaria seus efetivos numa delicado situação de inferioridade, que os americanos explorariam
imediatamente, até suas últimas conseqüências.
As guerrilhas, por sua vez, haviam ocupado certo número de localidades, terminando com a resistência dos
escassos e dispersos efetivos japoneses.
A 30 de junho de 1945, o 6 o Exército tinha em seu poder quase a totalidade de Luzon. Somente grupos
isolados fustigavam as colunas americanas, esporadicamente. Porém, os informes dos serviços de
inteligência obscureceram levemente o claro panorama que se apresentava ao comando americano.
Efetivamente, segundo os últimos dados, havia um total de 11.000 japoneses nas montanhas, calculando-se
que outros 12.000 haviam-se fortificado no reduto montanhoso de Kiongan-Bontoc, tentando resistir até o
fim.
Em todas as partes havia grupos de japoneses dispersos, que viviam precariamente e que eram gradualmente
encurralados e exterminados. Os 25.000 homens que estavam em Luzon seriam, aniquilados pelas tropas
americanas ou filipinas ou pelo fome ou enfermidades.
A campanha de Luzon, que durara 173 dias, havia custado aos japoneses 173.500 mortos e 7.300
prisioneiros. Além disso, os americanos calculavam que a fome e as enfermidades haviam exterminado
outros 67.000. No total, mais de 242.000 japoneses haviam morrido na defesa de Luzon.
O 6o Exército, em igual período, havia perdido 8.140 homens, 29.557 foram feridos e 157 dados como
desaparecidos. No total, 37.854 baixas.
Em 31 de maio de 1945, o comando americano, através da Diretivo n° 106, ordenou o reagrupamento das
tropas de Luzon, para futuras operações. Esta diretiva dispunha que, o partir de 1° de julho, a condução das
operações restantes em Luzon devia passar do 6o para o 8o Exército.
O 6o Exército enfrentou problemas agudos durante o avanço sobre Manila e, posteriormente, nas operações
nas zonas montanhosas do norte de Luzon. As dificuldades aumentaram devido ao fato de os três Corpos
atuarem em direções divergentes. Nas operações anteriores do 6 o Exército não haviam sido realizados
grandes movimentos terrestres por forças numerosas e, conseqüentemente, não houve necessidade de uma
larga linha de comunicações por terra, exceto em Leyte. Na campanha da Luzon, ao contrário, o
estabelecimento desta linha foi de importância vital. Ela implicava na construção de pontes sobre numerosos
rios, seguindo a rota em direção sul, no recondicionamento da ferrovia Manila-Dagupan e na reparação,
construção e manutenção de uma extensa rede de estradas.
Como nas operações anteriores não houvera necessidade de material de engenharia para auxiliar um longo
avanço por terra, este material não havia sido requisitado. Seriam necessários 5 meses para que os pedidos
fossem aceitos e remetidos dos Estados Unidos. A entrega dos elementos requisitados para a campanha de
Luzon não se daria antes de 1° de março de 1945. Embora a Austrália e a Nova Guiné pudessem mandar este
material de construções, havia pouca possibilidade de chegar a tempo à zona de operações, por falta de meios
de navegação e devido à escassez de portos e instalações.
A seguinte referência indica claramente a escassa margem com que operavam os americanos: em 3 de
fevereiro de 1945, enquanto as unidades de engenharia completavam a reparação da principal estrada de
abastecimentos, do golfo de Lingayen a San Fernando, o depósito do exército em San Fernando tinha víveres
e munições de reserva somente para um dia.
O abastecimento foi, ainda, perturbado pela escassez de transportes, especialmente durante o avanço do 14 o
Corpo pela planície central. Para poder satisfazer aos pedidos, recorreu-se à maioria dos veículos existentes,
de qualquer tipo, assim como também estabeleceu-se uma rígida ordem de prioridade em relação à carga
transportada. No decorrer da batalha de Manila, o consumo de munições aumentou (cerca de 900 toneladas)
e, em muitas ocasiões, as colunas de transporte tiveram que viajar até as praias do golfo de Lingayen, mais
ou menos 192 km, para obter a munição necessária. Quando uma tubulação começou a operar entre o golfo e
a localidade de Dau e uma linha ferroviária que ia até San Fernando, e habilitou-se o porto de Manila, os
meios de transportes começaram a trabalhar em condições normais.
A descarga dos barcos de transporte também criou uma série de problemas. Os elementos transportados eram
classificados em escalas que estabeleciam prioridades. Sucedia, amiúde, que os carregamentos de maior
prioridade encontravam-se sob os dispensáveis, motivando assim muitas horas de trabalho para remover a
carga, antes de localizar o carregamento de maior prioridade. Tudo isto, naturalmente, atrasava
consideravelmente as operações de descarga, de transporte e de chegada à linha de batalha.
As praias de desembarque encontravam-se sujeitas a um regime de marés que escapava ao cálculo dos
serviços logísticos.
Dos aviões foram lançados inumeráveis abastecimentos. Entre 9 de janeiro e 30 de junho de 1945 lançaram-
se às tropas que combatiam em terra 2.270.000 kg de abastecimentos em zonas montanhosas inacessíveis
para outro tipo de transporte.
Recuperaram-se 85% do material lançado, uma percentagem aceitável. Um problema que surgiu
inesperadamente e devia ser resolvido sem vacilação era o referente ao abastecimento dos guerrilheiros. Em
10 de maio de 1945, 51.000 filipinos pertenciam às guerrilhas. Estes homens deviam ser abastecidos de
armas, víveres e meios de transporte. Em cumprimento a estas necessidades, os guerrilheiros receberam os
elementos solicitados, bem como armas de grosso calibre (canhões), a maioria pertencente às unidades
japonesas destruídas.
Com respeito aos fogões de campanha, os guerrilheiros receberam ao contrário dos americanos, que
funcionavam com combustível líquido - fogões que queimavam lenha.
Os americanos depararam com um problema de difícil solução: atender aos refugiados e alimentar a
população civil das zonas libertadas, especialmente na região de Manila. As Unidades para Assuntos Civis
Filipinos (UPACF) atenderam uma média de 20.000 refugiados por dia na zona de Manila, alimentando
diariamente, em média, 45.000 pessoas cujos lares foram destruídos.
Os exércitos americanos encontraram dificuldades, originadas, na maioria, pela escassez de certos materiais,
como peças de reposição, cobertas para automotores, canhões e outras peças de artilharia, morteiros de 60
mm e tripés para metralhadoras de 7,62 mm.
Além disso, a situação tornou-se mais séria, pois a munição para os obuses de 155 mm e para os morteiros de
81 mm começou a escassear. Em 19 de janeiro de 1945 foi necessário reduzir, a 2,6 cotas, o abastecimento
destes projéteis. Em 15 de março, a redução foi maior ainda e chegou a ser de 0,1 cota por dia, para a
artilharia, e de 0,7, para os morteiros. A 10 de junho, finalmente, não houve mais reduções, pois fôra
quebrada a resistência japonesa.
O Serviço Sanitário do 6o Exército estava empenhado em operações rápidos que se estendiam sobre uma
vasta zona. Apesar dos inconvenientes derivados das grandes distâncias, as operações foram bem sucedidas.
O atendimento a milhares de feridos complicou-se devido aos prisioneiros libertados, que chegavam às
linhas americanas em péssimas condições de saúde.
A evacuação de baixas foi realizado, principalmente, por via aérea. Entre 9 de janeiro e 30 de junho de 1945
evacuaram-se, pelo ar, 31.073 baixas, em Luzon. Foram evacuadas por via marítima, paralelamente, 11.995.
Entre janeiro e fevereiro de 1945, o estado sanitário das tropas americanas nas Filipinas era bom; porém,
depois do período citado, as enfermidades aumentaram, chegando ao máximo na segunda metade do mês de
abril. Devemos destacar que as tropas estavam cansadas devido aos constantes combates; além disso, a
malária grassou entre as tropas que operavam nas montanhas. Outro fator que contribuiu bastante para as
enfermidades foi a irrisória educação sanitária dos japoneses, que atacou o estado físico de seus homens e de
seus prisioneiros. E não podemos deixar de lado os milhares de mortos não enterrados, que fizeram proliferar
várias epidemias, ao entrarem em decomposição. Milhões de moscas, por sua vez, provocaram o crescimento
da disenteria, que chegou ao auge em fins de abril.
Nos primeiros dias de setembro de 1945, um grupo de membros do Serviço de Informação interrogou os
Generais Yamashita e Muto e o Tenente-General Yokoyama. Yamashita afirmou que, ao chegar a Manila, em
7 de outubro de 1944, ignorava totalmente a situação de suas tropas nas Filipinas e somente dois dias mais
tarde foi informado por seu antecessor, o General Huroda.
Constatou-se, neste interrogatório, que todas as forças, tanto terrestres como pertencentes aos serviços da
marinha e da aviação, estavam sob o comando direto do General Yamashita, tanto em Leyte como em Luzon.
As unidades combatentes da aviação estavam sob o comando do Marechal-de-Campo Terouchi. Por outro
lado, as unidades combatentes navais recebiam ordens diretamente de Tóquio.
Como se pode compreender, isto originava uma situação caótica, que impedia a coordenação das três forças.
Yamashita afirmou que, de acordo com seus planos, suas forças estavam concentradas em três zonas
principais: a oeste do Aeroporto Clark, com o objetivo de impedir que os americanos o ocupassem; a leste de
Manila, para impedir o acesso a esta cidade, e nas montanhas do norte.
O desembarque americano no golfo de Lingayen, porém, deu-se antes que o General Yamashita houvesse
terminado o projetado deslocamento de suas tropas e materiais à zona cuja defesa devia ser levada a cabo.
Em relação a Manila, a intenção de Yamashita era abandonar a cidade, devido à impossibilidade de defende-
la; porém, a rapidez do avanço americano o obrigou a lutar e defendê-la, atrasando a entrada dos americanos,
para poder retirar da cidade a maior quantidade possível de abastecimentos.
Yamashita afirmou ter disposto, para o defesa de Luzon, 250.000 homens. Disse também que em Corregidor
havia de 5.000 a 6.000 soldados, dos quais apenas 2.000 pertenciam às unidades terrestres.
Com respeito às suas unidades blindadas, Yamashita declarou que as tropas estavam bem instruídas, mas seu
emprego foi retardado pela falta de combustível e pela carência de fogo de apoio, tanto aéreo como terrestre.
Os generais japoneses declararam que foi possível interceptar as instruções transmitidos pelo rádio, em
linguagem clara, pelos pilotos americanos. Reconheceram, ao contrário, que jamais haviam decifrado os
enviadas em código.
O General Yamashita mostrou-se assombrado pela precisão das informações com que havia contado o 6 o
Exército, ao contrário das cartas americanas de escala 1:200.000, que pareciam ter sido confeccionadas para
induzir os japoneses em erro. Yamashita declarou que, em sua opinião, a 32 a havia sido a melhor dos divisões
que o haviam enfrentado, impressionando-o por sua velocidade de deslocação.
Concluía-se, assim, mais uma etapa da luta que os Aliados sustentavam no Extremo Oriente. O território
metropolitano do Japão seria a próxima meta. O General MacArthur havia recebido, em 6 de abril de 1945, o
comando de todas as forças do Exército dos Estados Unidos no Pacífico e instruções precisas, enquanto o
Almirante Nimitz, comandante das forças navais, recebera instruções similares, segundo as quais deviam
preparar-se para as operações finais contra o território metropolitano japonês. Estas operações seriam a
Operação Olímpica e a Operação Corona. A Operação Olímpica determinava a execução do ataque pelo 6 o
Exército, apoiado pelas forças navais e aéreos aliados, contra a ilha Kyushu. 1° de novembro de 1945 foi a
data fixada para este ataque. A Operação Corona, que seria efetuada quatro meses depois, compreendia o
ataque dos 8o e 10o Exércitos sobre as planícies de Kanto (Tóquio), na ilha Honshu. A este ataque seguir-se-ia
o do 1o Exército, que seria transportado da Europa.
Anexo
Rumo ao Japão
Os planos americanos para o ataque final contra o Império do Sol Nascente compreendiam os seguintes movimentos:
Unidade Local de apronto Local de desembarque
Comando do 5o Corpo Anfíbio da Marinha e 5a Divisão de Infantaria da Marinha Marianas Sasebo, Dia A
(22 de setembro)
Comando do 6o Exército, Comando do 1o Corpo e 33a Divisão Luzon Wakayama, Dia K (25 de setembro)
2a Divisão de Infantaria da Marinha Marianas Sasebo, Dia A + 4 (26 de setembro)
98a Divisão de Infantaria Havaí Wakayama, Dia K + 2 (27 de setembro)
25a Divisão de Infantaria Luzon Nagoya, Dia M (2 de outubro)
Comando do 10o Corpo e 41a Divisão de Infantaria Mindanao Hiro Wan, Dia F (3 de outubro)
32a Divisão de Infantaria Luzon Sasebo, Dia C (15 de outubro)
6a Divisão de Infantaria Luzon Nagaya, Dia A + 32 (24 de outubro)
24a Divisão de Infantaria Mindanao Kochi (.Shikoku), Dia G (25 de outubro)
Um Grupamento de Combate da 24a Divisão de Infantaria Mindanao Okayama, Dia I (26 de
outubro)
Ocupação
O desenvolvimento da campanha fazia prever, indubitavelmente, que a ocupação do território metropolitano do Japão
não tardaria. Os planos previam, minuciosamente, as atividades das diferentes unidades que interviriam na ocupação.
Por exemplo, a principal missão da unidade era vigiar a execução das condições de rendição em sua respectiva zona.
Correspondia ao comandante do regimento tomar posse de todas as construções e propriedades das forças japonesas,
apropriar-se de todo o material de guerra e adotar medidas de segurança em relação aos depósitos inimigos que ainda
não tinham sido designados para utilização imediata. Correspondia, ainda, vigiar a desmobilização das forças armadas
japonesas e o material entregue por elas. A desmobilização seria realizada pelo comandante do regimento da zona de
ocupação, que cumpriria as ordens de praxe, dirigindo-as ao comandante local das forças japonesas. A missão de um
regimento era simples: tão logo o regimento se instalasse na zona, os comandantes de tropas e os chefes de polícia
japoneses entregariam ao comandante do regimento de ocupação uma lista de todas as construções japonesas e um
inventário de todos os materiais. O comandante americano enviaria, então, destacamentos de reconhecimento para
verificar a correção dos inventários e localizar o material anotado ou escondido. Feito isso, o comandante do regimento
dividiria a zona em setores de batalhão, os quais, por sua vez, se subdividiriam em setores de companhia. Os batalhões e
companhias instalar-se-iam em zonas diferentes e começariam a desmobilização e desmilitarização. Em última análise,
a companhia de infantaria se encarregaria da desmobilização das forças armadas japonesas e da destruição ou
conservação do material. O comandante da companhia tinha autoridade para apoderar-se das construções e instalações
existentes em sua zona e para utilizar pessoal japonês ou os funcionários do Ministério do Interior do Japão com o
objetivo de destruir ou transferir a este ministério o material assinalado nas relações provenientes das autoridades
superiores. O trabalho seria realizado pelos japoneses e as tropas americanas somente seriam empregadas para vigiar as
tarefas e verificar se a destruição do material tinha sido realizada com exatidão ou qualquer outra medida que se
adotasse a respeito.
As medidas a adotar quanto ao material de guerra japonês eram regidas pela Divisão Técnica de Arsenais do Alto-
Comando das Potências Aliadas. Este material dividia-se em cinco categorias: 1) Material que devia ser destruído ou
desarmado, tal como os explosivos e o armamento que não fossem necessários; 2) Material de utilidade para os
americanos, tal como telefones, rádios e veículos; 3) Material que devia ser transferido para o Ministério do Interior do
Japão, tal como combustível, madeiras e outros elementos semelhantes; 4) Material que devia ser entregue aos
americanos como troféu; e 5) Material que devia ser remetido aos Estados Unidos com vários propósitos.
O material que não fosse destruído seria enviado a vários armazéns e depósitos. O material que não interessasse aos
americanos seria destruído, como de costume. Os explosivos seriam transportados pelos japoneses até as zonas onde
seriam destruídos ou, então, lançados ao mar, na costa. As peças metálicas seriam inutilizadas ou utilizadas como ferro
velho.
Baixas Japonesas
O total de baixas japonesas, nas Filipinas, foi o seguinte:
Efetivos Prisioneiros de guerra Prisioneiros depois de 15/8/45 Mortos
Luzon
Área Shobu 152.000 4.415 50.000 96.085
Área Kembu 50.000 2.010 6.800 48.690
Área Shimbu 30.000 510 1.500 27.990
Manila 17.000 915 0 11.585
Corregidor 5.670 35 0 5.635
Bataan 4.000 340 150 3.510
Sul de Luzon 13.500 260 2.500 9.240
Península de Bicol 3.515 565 150 2.800
Subtotal 275.685 9.050 61.100 205.535
Filipinas (centro e sul)
Mindoro 2.900 105 65 2.730
Palawan 1.750 20 10 1.720
Zamboanga 8.900 1.105 1.385 6.410
Arquipélago Sulu 3.900 30 90 3.780
Panay e Guimaras 2.835 45 1.560 1.230
Norte de Negros 13.600 350 6.170 7.080
Cebu e Mactan 14.500 405 8.550 5.545
Ilha Bohol 330 15 50 265
Sul de Negros 1.300 20 880 400
Leste de Mindanao 55.850 600 34.150 21.100
Subtotal 105.865 2.695 52.910 50.260
Total geral 381.550 11.745 114.010 255.795
Baixas Americanas
Nas operações realizadas em Santa Fé, entre os dias 21 de fevereiro e 31 de maio de 1945; as baixas americanas foram
as seguintes:
Regimento Mortos Feridos Total
32a Divisão
126o 195 460 655
127o 350 750 1.100
128o 280 950 1.230
Subtotal 825 2.160 2.985
25a Divisão
27o 275 685 960
35o 175 605 780
161o 200 630 830
148o 25 140 165
126o 10 30 40
Subtotal 685 2.090 2.775
Total 1.510 4.250 5.760
Baixas em Mindanao
As unidades americanas que intervieram na campanha de Mindanao sofreram as seguintes baixas, até 15 de agosto de
1945:
Unidade Mortos Feridos Total
24a Divisão de Infantaria 540 1.885 2.425
31a Divisão de Infantaria 185 485 670
41a Divisão de Infantaria 25 85 110
40a Divisão de Infantaria 15 105 120
10o Corpo 40 215 255
Bugo-Del Monte (comando da área) 15 105 120
Total 820 2.880 3.700