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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ


FACULDADE DE ODONTOLOGIA

DOCENTE: NICOLAU CONTE NETO


DISCENTE: ELIESER DE MELO GALVAO NETO

RELATÓRIO DE RECAPITULAÇÃO IV
Anfotericina B, Nistatina, Aciclovir e Fanciclovir

BELÉM/PA
2018
Anfotericina B

Conceito

A anfotericina B, é um antibiótico fúngico, polieno macrolídeo anfotérico,


produzido naturalmente pelo processo fermentativo do actinomiceto (Streptomyces
nodosus). Está disponível para uso clínico desde a sua aprovação inicial pela FDA em
1959. Apesar do potencial tóxico, a anfotericina B é o fármaco de escolha no tratamento
de micoses sistêmicas ameaçadoras da vida.

Mecanismo de ação

Várias moléculas de anfotericina B se ligam ao ergosterol nas membranas


plasmáticas das células dos fungos sensíveis. Essa ligação forma canais na membrana
celular, alternando sua permeabilidade, levando à perda de Na+, K+ e íons H+ e,
consequentemente, resultando na morte da célula.

Resistência

A resistência dos fungos, embora infrequente, está associada a substituição do


ergosterol por outros esteróis na sua membrana plasmática.

Espectro de ação

A anfotericina B é fungicida ou fungistática, dependendo do microrganismo e da


sua concentração. Ela é eficaz contra uma ampla variedade de fungos, incluindo
Candida albicans, Histoplasma capsulatum, Cryptococcus neoformans, Coccidioides
immitis, Blastomyces dermatitidis e várias cepas de Aspergillus.

Farmacocinética

Esse fármaco não é absorvido pela pele ou pelas membranas de mucosa e é


inconsistente e fracamente absorvida pelo trato gastrintestinal. A via intratecal, mais
perigosa, é escolhida às vezes para o tratamento de meningite causada por fungos
sensíveis ao fármaco. A anfotericina B também é formulada com uma variedade de
lipídeos artificiais que formam lipossomas. As preparações lipossomais têm a vantagem
de diminuição dos níveis plasmáticos, meia-vida prolongada, além reduzir a toxicidade
hepática e renal, quando comparadas às convencionais. Por isso, a anfotericina B é
administrada por infusão IV lenta (2 a 6 horas/dia).

A anfotericina B se liga extensamente às proteínas plasmáticas e se distribui por


todo o organismo, ligando-se extensamente aos tecidos. Inflamações favorecem a
penetração em vários líquidos corporais, mas pouca anfotericina B é encontrada no
LCR, humor vítreo ou líquido amniótico. Contudo, a anfotericina B atravessa a placenta.
Baixos níveis do fármaco e seus metabólitos aparecem na urina durante um longo
período e parte também é eliminada pela bile. Não é necessário ajuste de dosagem em
pacientes com função hepática comprometida, mas quando a anfotericina B causa
disfunção renal, a dose diária deve ser reduzida em 50%. Para minimizar a nefro
toxicidade, usa-se a anfotericina B em base lipídica e a carga de sódio por meio de
infusão de salina normal.

Posologia

Como já foi dito, o fármaco deve ser administrado por infusão intravenosa lenta,
aplicando durante um período de aproximadamente 2 a 6 horas, observando-se as
precauções usuais para a terapêutica intravenosa. A concentração recomendada para
infusão é de 0,1 mg/mL (1 mg/10mL).

Em infecções disseminadas e/ou graves por Candida, as doses usuais de


Anfotericina b variam de 0,4 a 0,6 mg/kg/dia por 4 semanas ou mais. Doses de até 1
mg/kg/dia podem ser necessárias dependendo da gravidade da infecção. O tratamento
persiste até que se observe claramente uma melhora clínica, podendo haver
necessidade de se administrar doses cumulativas totais de até 2 a 4g em adultos. Doses
menores (0,3 mg/kg/dia) podem ser empregadas em circunstâncias especiais, por
exemplo, em casos de esofagite (causada por Candida) resistente à terapia local, ou
quando a Anfotericina b é usada em associação com outros agentes antifúngicos.

Efeitos adversos

Os efeitos adversos que acompanham a aplicação tópica ou a administração oral


da anfotericina B são irritação local e distúrbios gastrintestinais leves. Entretanto, como
agente intravenoso, a anfotericina B é o antibiótico mais tóxico em uso atualmente. A
administração intravenosa de anfotericina B está associada a inúmeros efeitos
adversos, incluindo hipotensão, lesão renal, delírios, febre, náusea, calafrios, dor
abdominal, anorexia, cefaleia e tromboflebite.

Interação Medicamentosa

É importante ter cuidado ao administrar a anfotericina B juntamente com outros


fármacos nefrotóxicos. Pelo fato de a anfotericina B pode causar hipocalcemia, pode
ocorrer aumento da toxicidade digitálica. O aumento do efeito tóxico da ciclosporina
também pode ocorrer.
Nistatina

Conceito

A nistatina é um antibiótico poliênico obtido do Streptomyces noursei. Sua


estrutura é semelhante à da anfotericina B, em estrutura, química, mecanismo de ação
e resistência. O uso está restrito ao combate tópico de infecções por cândida devido à
sua toxicidade sistêmica.

Espectro de ação

Seu espectro de atividade é discretamente menor que o da anfotericina B, mas,


possui atividade contra muitas espécies de Candida, Histoplasma etc. Semelhante a
anfotericina B, a nistatina é tanto fungistática quanto fungicida, dependendo de sua
concentração, do pH do ambiente e da natureza do organismo infeccioso.

Farmacocinética

A absorção do TGI é desprezível e a nistatina nunca é usada por via parenteral,


devido a toxicidade sistêmica. Ela é administrada como um fármaco oral para o
tratamento de candidíase oral, na forma de “bocheche e engula” ou “bocheche e cuspa”.

Posologia

Fazer bochechar com 5-10 mL (500.000-1.000.000 UI), 4 vezes ao dia, por 7-14
dias, retendo a solução na boca por 1-2 min antes de iniciar o bochecho. Após o
bochecho,
pode-se deglutir a solução.

Efeitos adversos

Os efeitos adversos são raros, porque ela não é absorvida, porém náuseas e
êmese ocorrem ocasionalmente.

Interação Medicamentosa

Segundo a literatura brasileira, pelo fato de ser um fármaco que não é absorvido
pelo trato gastrintestinal, ele não apresenta interações com outros.

Aciclovir

Conceito

É o fármaco de eleição da classe de antivirais, devido à maior seletividade de


ação, baixa toxicidade e boa eficácia, é contraindicado apenas nos casos de
hipersensibilidade aos seus componentes. No entanto, um dos maiores obstáculos com
o uso oral do aciclovir está relacionado à sua disposição farmacocinética. O aciclovir
mostra uma biodisponibilidade oral irregular e variável de aproximadamente 15 a 30%,
possivelmente devido à absorção incompleta.

Mecanismo de ação

O análogo de nucleosídeo é fosforilado à forma de aciclovir monofosfato pela


timidino quinase codificada pelos herpesvírus, e posteriormente fosforilado por outras
enzimas a aciclovir difosfato e trifosfato. O aciclovir trifosfato atua inibindo a DNA
polimerase viral e levando ao término da síntese da cadeia de DNA viral à medida que
o nucleotídeo artificial é incorporado ao DNA. Nas células não infectadas do hospedeiro,
a fosforilação do aciclovir ocorre até determinado limite. O aciclovir trifosfato inibe 10 a
30 vezes mais a DNA polimerase dos HSV do que a DNA polimerase das células de
mamíferos.

Resistência

Alteração ou falta de timidinaquinase e DNA-polimerase tem sido encontrada em


algumas linhagens virais resistentes e são isoladas mais comumente em pacientes
imunocomprometidos. Nesta família, ocorre resistência cruzada com outros fármacos.

Farmacocinética

A administração de aciclovir pode ocorrer pelas vias IV, oral ou tópica. O aciclovir
é parcialmente biotransformado a um produto inativo. A excreção na urina ocorre por
filtração glomerular e secreção tubular. O aciclovir se acumula em pacientes com
insuficiência renal. O éster valil, valaciclovir, apresenta maior biodisponibilidade por via
oral do que o aciclovir. Esseéster é rapidamente hidrolisado a aciclovir e atinge os níveis
comparáveis aos obtidos com a administração IV do aciclovir.

Posologia

Uso exclusivamente oral.

Tratamento de Herpes simples em adultos:

Um comprimido de aciclovir 200 mg, cinco vezes ao dia, com intervalos de


aproximadamente quatro horas, omitindo-se a dose noturna. O tratamento precisa ser
mantido por cinco dias, mas deve ser estendido em infecções iniciais graves. Em
pacientes gravemente imunocomprometidos (por exemplo, após transplante de medula
óssea) ou com distúrbios de absorção intestinal, a dose pode ser duplicada (400 mg)
ou, alternativamente, pode-se considerar a administração de doses intravenosas. A
administração das doses deve ser iniciada tão cedo quanto possível, após o surgimento
da infecção. Para os episódios recorrentes, isso deve ser feito, de preferência, durante
o período prodrômico ou imediatamente após aparecerem os primeiros sinais ou
sintomas.

Efeitos adversos

Os efeitos adversos do tratamento com aciclovir dependem da via de


administração. Por exemplo, pode ocorrer irritação local na aplicação tópica; cefaleia,
diarreia, náuseas e êmese podem ocorrer após a administração oral. Pode ocorrer
disfunção renal transitória com doses altas ou em pacientes desidratados que recebem
o fármaco por via IV. Doses elevadas de valaciclovir podem causar problemas
Gastrointestinais.

Interação Medicamentosa

Segundo a literatura brasileira, pelo fato de ser um fármaco que não é absorvido
pelo trato gastrintestinal, ele não apresenta interações com outros.

Fanciclovir

Conceito

O Fanciclovir é uma pró-droga éster convertida em penciclovir durante a sua


passagem do intestino para a circulação sistêmica. O penciclovir é um análogo de
guanina-nucleosídeo estruturalmente relacionado com aciclovir. É menos potente do
que aciclovir com inibidor do DNA polimerase, porém a forma de trisfosfato alcança
concentrações muito mais elevadas do que as do aciclivir. Possui atividade inibitória
contra vírus herpes simplex tipo 1 (HSV-1) e 2 (HSV-2) e vírus varicela-zoster (VZV).

Mecanismo de ação

Atua através da fosforilação do penciclovir pela timidina quinase viral, que em


seguida, é convertido a penciclovir trifosfato pelas quinases celulares. O penciclovir
trifosfato consegue inibe a polimerase do vírus competitivamente com a
desoxiguanosina trifosfato. Consequentemente, a síntese do DNA viral e a replicação
são seletivamente inibidas. O trifosfato de penciclovir permanece nas células infectadas
por mais de 12 horas, onde inibe a reprodução de DNA virótico.

Espectro de ação

O espectro de ação assemelha-se a do aciclovir, ou seja, atua contra os


herpesvírus, como HSV (tipo 1 e 2), Vírus varicela-zoster e citomegalovírus. Os
hespesvírus que são resistentes ao aciclovir, devido à redução da atividade da timina
quinase, também são resistentes ao penciclovir.

Farmacocinética

Após administração oral, fanciclovir é extensivamente absorvido e rapidamente


convertido ao componente ativo, penciclovir. A biodisponibilidade de penciclovir após
administração oral de fanciclovir é de 77%. A droga permanece intracelularmente por
um maior período de tempo (meia-vida de sete a 20 horas). Além disso, o penciclovir e
seu precursor 6-desoxi têm baixa ligação às proteínas plasmáticas (< 20%). Fanciclovir
é eliminado principalmente como penciclovir e seu precursor 6-desoxi, que são
excretados sem alterações pela urina, sendo a secreção tubular de importante
contribuição para a eliminação renal do composto.

Posologia

Em casos de herpes zoster é utilizado por via oral, 250mg três vezes ao dia
durante 7 dias. Recomenda-se administrar a dose diária aproximadamente à mesma
hora. O tratamento deve ser iniciado dentro das primeiras 72 horas após o início do
quadro. Para herpes genital agudo, será avaliado a manifestação se for o primeiro
episódio usar por via oral, 250mg três vezes ao dia durante 5 dias se for recorrências a
dosagem é 125mg duas vezes ao dia durante 5 dias. Em ambos os casos, recomenda-
se iniciar o tratamento na fase prodrômica. No cenário de herpes genital recorrente
administrar por via oral, 250mg duas vezes ao dia. Ao início do tratamento recomenda-
se reavaliar o paciente após um período de 6 a 12 meses de tratamento contínuo. Em
pacientes com insuficiência renal, as doses deverão ser reajustadas levando em conta
o clearance de creatinina. No tratamento de herpes zoster normalmente uma dose de
250mg a cada 8 h, o mesmo é usado no primeiro episódio do herpes genital. Se houver
recorrências do herpes genital é indicado 125mg cada 12h. A dose máxima via oral é
de 750mg três vezes ao dia durante 7 dias.

Efeitos adversos

O fanciclovir foi bem tolerado nos estudos realizados em homem. As principais


reações adversas compreendem cefaléias, náuseas, vômitos, confusão (principalmente
em pacientes idosos), alucinações, enjôos e erupção cutânea.

Interação Medicamentosa

A probenecida e outros fármacos que afetam a fisiologia renal têm o potencial


de afetar os níveis plasmáticos do fanciclovir.
Referências

1. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. Goodman & Gilman.


Brunton, Laurence L. Editora McGraw-Hill, Artmed, 12ª edição, 2012.
2. Farmacologia Básica e Clínica. Katzung, Bertram G. Mc Graw
Hill.12a edição, 2013.
3. Farmacologia Ilustrada. Michelle A. Clark... [et al]. - 5. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2013.
4. HAMMIL RJ: Amphotericin B Formulations: A Comparative
Review of Efficacy and Toxicity. Drugs 73:919–934, 2013.
5. TAGLIARI, NAB, KELMANN, RG, DIEFENTHALER, H: Aspectos
terapêuticos das infecções causadas pelo vírus herpes simples tipo 1.
Perspectiva, Erechim. v.36, n.133, p.191-201, março/2012.
6. Nuggehally RS: The Interesting Case of Acyclovir Delivered Using
Chitosan in Humans: Is it a Drug Issue or Formulation Issue?.Pharm Res. 2016,
Mar;33(3):543-7.

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