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A Renovação Carismática Católica
A Renovação Carismática Católica
Batizados no "Espírito"
Irregularidades Doutrinárias
As implicações de tal declaração não deveriam deixar perplexo ninguém
que tem um mínimo de conhecimento do Catecismo. Do ponto de vista ortodoxo e
para dar ao autor o benefício da dúvida, poderíamos considerar tal declaração
como uma referência ao Sacramento da Confirmação, o Sacramento pelo qual o
Espírito Santo vem até nós de modo particularmente especial para nos
transformar em verdadeiros cristãos e perfeitos soldados de Cristo.
Que fosse tal pensamento relativo ao caráter sacramental, poderíamos
ainda assim suspeitar de que o que eles pretendem sugerir, seria na verdade, um
"oitavo sacramento" necessário para completar os outros sete. Mas muito ao
contrário, os carismáticos negam qualquer clara conexão entre o "Batismo no
Espírito"e os sacramentos Católicos, uma vez que "ritos sacramentais e
experiência religiosa são partes complementares da iniciação Cristã básica. E uma
vez que esses aspectos da "Iniciação Cristã" são complementares, os Carismáticos
não vêem nenhum motivo pelo qual não-católicos e até não-cristãos sejam
excluídos da oportunidade de experimentar ou receber os tais carismas, aqui se
referindo é claro, às extraordinárias manifestações do Espírito Santo, as quais
auxiliaram na expansão da Igreja Primitiva e desapareceram pouco tempo depois
da Era Apostólica.
De fato, eles sustentam que a natureza complementar das duas partes da
"Iniciação Cristã" faz com que ela se torne algo facilmente reversível, ou seja, que
uma pessoa não batizada pode experimentar esse "batismo no Espírito"e se
tornar ipso facto, um cristão autêntico, precisando dos "ritos sacramentais"
meramente para "completar" sua "iniciação cristã". O status dessas pessoas
teoricamente seria o mesmo daqueles católicos que tendo recebido os
Sacramentos, ainda esperam por uma consciente manifestação das graças
invisíveis". É óbvio que muitas pessoas, mesmo os grandes Santos, nunca
receberam consolações notáveis em sua Fé e muito menos manifestações
extraordinárias do Espírito Santo. Portanto dizer que uma pessoa que
experimentou esse "batismo no Espírito" está de tal forma unida a Deus como ( ou
até mais que) um católico piedoso e batizado que nunca vivenciou tal experiência
é claramente um absurdo."
A raiz desse absurdo é o falso entendimento de que uma experiência
emocional sempre acompanha a concessão de uma graça- ou que pelo menos faz
parte da "liberação da graça". Muito ao contrário, no que diz respeito à graça
sacramental, frequentemente a única indicação sensível da concessão da graça é
o sinal sacramental por si mesmo.
O Catecismo do Concílio de Trento define um sacramento como "um
sinal visível de uma graça invisível, instituído para a nossa justificação". É
portanto um sinal, cujo efeito é o que significa. Uma vez que todos os sinais
visíveis de todos os sacramentos são completamente objetivos e estabelecidos
pela Igreja de acordo com o mandamento ou inspiração de Nosso Senhor Jesus
Cristo, os sentimentos pessoais de um indivíduo não tem nada a ver com a
conferência da graça pelos sacramentos ( naturalmente, desde que não haja
nenhuma intenção contrária).
Objetivo: Expor as Idéias Básicas do Movimento Carismático e sua
incompatibilidade com o Catolicismo.
O "Batismo no Espírito Santo", é o componente primário da RCC, e
juntamente com a maioria dos demais, reside em falsas concepções sobre a graça,
experiência e relacionamento mútuo, como é sustentado por seus seguidores. Os
ítens principais da plataforma carismática, juntamente com os falsos princípios nos
quais eles se apoiam, serão examinados um por um à luz da Doutrina Católica.
Alguns de seus erros como o fenomenalismo, gnosticismo, ecumenismo,
protestantismo e antiquarianismo ou arqueologismo, já foram tratados pelo
Magistério da Igreja com profundidade. A eclesiologia defeituosa da RCC, bem
como erros maiores no tocante à graça, o livre-arbítrio e os sacramentos
merecerão um tratamento consideravelmente mais profundo.
Portanto ficará claro que, apesar do entusiasmo dos modernos homens da
Igreja por esse movimento, a RCC é fundamentalmente um movimento não-
católico irreconciliável com 20 séculos de Magistério Católico. Depois de um breve
exame de suas raízes, a inteira árvore será examinada ramo por ramo e todos os
seus frutos amargos expostos, levando em consideração o mandamento
apostólico: "Examinai tudo: abraçai o que é bom"( I Tess.5.21).
Raízes Protestantes
As Autoridades
Apesar das várias tentativas dos Carismáticos de tomar endossamentos
pessoais de altos membros da Hierarquia e transformá-los em aprovaçõs oficiais
da Igreja, tais aprovações no entanto nunca existiram. Os Papas Paulo VI e João
Paulo II receberam os Carismáticos várias vezes em audiência pública e falou
deles em seus pronunciamentos em várias ocasiões; como em 1990 quando
o Conselho Pontifícial para Leigos reconheceu a Fraternidade Católica de
Comunidades de Aliança ( uma organização Carismática internacional), como uma
associação privada de leigos. Apesar disso, nenhum pronunciamento oficial foi
feito sobre a RCC. Na verdade, os Carismáticos, como todos os Católicos liberais,
tendem a atribuir uma pseudo-infalibilidade a pronunciamentos papais não-
oficiais quando esses são a seu favor, ao mesmo tempo que descartam
completamente condenações oficiais e até mesmo dogmáticas relativas a muitas
de suas práticas e crenças nada ortodoxas.
Apesar disso, podemos dizer que não existe escassez de adeptos do
Movimento Carismático em nenhum nível da hierarquia ou do clero. Diáconos,
padres, bispos, cardeais e papas tem sido e são grandes entusiastas pela causa
Carismática, isso quando não são membros diretos da RCC. Que esse povo,
supostamente bem treinado em Ciências Sagradas, se deixe levar pelo
sensacionalismo de um movimento sem nenhuma base doutrinária para suas
crencas e práticas, não deixa de ser algo digno de reprovação.
Os "estudos quase- oficiais" da Conferência Nacional de Bispos Católicos
nunca foram aceitos por aquele mesmo órgão como sendo posições oficiais. Eles
foram aceitos apenas como "Diretrizes Pastorais" para dioceses individuais. O
relatório de 1969 alegava que:
Teologicamente o movimento possui razões legítimas para sua existência. Ele possui uma forte base
bíblica. Seria difícil inibir a obra do Espírito a qual se manifestou tão abundantemente na Igreja
Primitiva... Temos que admitir no entanto que tem havido abusos ( no uso dos assim chamados
carismas), mas a cura não é a negação da existência dos mesmos e sim o seu uso adequado.
"O vigor e os frutos da Renovação certamente atestam a poderosa presença do Espírito Santo na Igreja
durante esses anos que se seguiram ao Concílio Vaticano II. Graças ao Espírito, a Igreja mantém
constantemente sua juventude e vitalidade. E a Renovação Carismática é uma eloquente manifestação
dessa vitalidade nos dias de hoje, uma vigorosa afirmação do que "o Espírito está dizendo às
Igrejas"(Apoc. 2.7), na medida que vamos nos aproximando do fim do segundo milênio."
De qualquer modo, podemos dizer que um dos frutos positivos da total
crise de autoridade na qual os católicos de hoje encontram-se imersos, é a sede
saudável por conhecer mais sobre a história da Igreja e estudar os documentos
de seu Magistério. A sabedoria comprovada dos Padres e Doutores da Igreja,
Prelados genuinamente guiados pelo Espírito Santo, é de uma profundidade bem
clara e de uma poderosa acuracidade. O surgimento de seitas "espiritualistas" é
algo que já havia acontecido antes na história da Igreja, e um breve exame de
como os modernos homens de Igreja lidam com elas, serve-nos para obter um
melhor entendimento da situação atual.
Paralelos Históricos.
"A tarefa primordial na preparação para o Jubileu incluirá uma renovada apreciação da presença e da
atividade do Espírito Santo... [ cita sinais de como isso já está ocorrendo]... maior atenção à voz do
Espírito através da aceitação dos carismas e da promoção dos leigos, um compromisso mais profundo
com a causa da unidade dos cristãos, e um crescente interesse pelo diálogo com outras religiões e com
a cultura contemporãnea."
"Eu não estou dizendo que os "outros"católicos não crêem, mas quando você é
renovado pelo Espírito, sua fé se torna viva".
Jesus aprendeu a vontade do Pai, vivendo num relacionamento pessoal diário com Ele. Será que eu
estou crescendo na prática da Presença de Deus através do meu dia-a-dia? Eu faço as coisas ou
progrido de um modo compulsivo ou como resposta? Será que meu ouvido interior está treinado para
ouvir, buscando ouvir o Espírito Santo e seguir sua doce moção? Seguir o Espírito é como pisar na
corrente de um rio, permitindo que ela lhe dê a direção. ( Patti Harrison-"Jesus Lord of my life")
Qualquer um pode imaginar sendo esta a disposição na qual um
Carismático se encontra antes de ter uma manifestação física do "espírito". Afinal
o que mais poderia proporcionar o clima ideal para que pessoas ordinárias sejam
capazes de contorcer-se, saracotear, lançando-se em uma verdadeira algazarra
dentro da Igreja? Uma das duas explicações parece ser o mais provável: que o
sujeito realmente deseja - talvez até inconscientemente- realizar essa
performance por causa da dinâmica de grupo ou histeria coletiva, ou que seu
estado de relaxamento deixa-o completamente aberto e passivo a mercê de uma
verdadeira manifestação do "espírito"- naturalmente que aqui não se refere ao
Espírito Santo! Pois como sempre foi ensinado pela Igreja , o ato de se falar uma
língua estranha que ninguém compreende é um sinal clássico de possessão
diabólica.
O Desdobramento
Profecia Carismática:
"Meu povo, Eu coloquei o meu louvor em seus lábios. Ponham o meu louvor em cada situação
de suas vidas e eu mostrarei-lhes o poder do meu louvor, diz o Senhor! Meu povo, dêem as costas para
o mal, venham até mim. estejam no mundo, mas não sejam do mundo, honrem o Meu Filho e Eu darei-
lhes paz e contentamento, diz o Senhor! Mesmo se uma mulher esquecesse o filho que ela gerou, eu não
me esqueceria de vocês. Seu nome está escrito na palma de minha mão, diz o Senhor. Tragam-me os
doentes e eu os curarei, suas preocupações eu as dispersarei, seus fardos e eu os carregarei. Meu povo,
eu quero vos libertar, diz o Senhor." ( Livro: O Carisma da Profecia- Andy O'Neill)
Caros filhinhos! Vocês não sabem quantas graças Deus está derramando sobre vocês nesses
dias em que o Espírito santo está agindo de modo especial. Vocês não querem avançar. Seus corações
estão voltados para as coisas terrenas e vocês se mantêm ocupados por elas. Voltem seus corações
para a oração e peçam para que o Espírito Santo seja derramado sobre vocês. Obrigado por terem
respondido ao meu chamado. (Fr. René Laurentin- As Aparições de Medjugorge continuam)
Idéias Fenomenalistas
O Fenomenalismo, cujas raízes procedem do Iluminismo do século 18, é o
principal fator subjacente do Movimento Carismático. A Enciclopédia Católica
define o fenomenalismo da seguinte maneira:
Fenomenalismo literalmente significa qualquer sistema de pensamento que tem a ver com as
aparências. O termo contudo, é comumente restrito `a designação de certas teorias pelos que elas
determinam: 1- que não existe nenhum outro conhecimento o não ser o próprio fenômeno- negação da
substância no senso metafísico; ou 2- que todo conhecimento é fenomenal- negação do objeto em si e
determinação de que toda a realidade é diretamente ou reflectivamente presente no inconsciente.
Três fatos da história moderna podem facilitar nossa compreensão. No final do último século, enquanto
o Papa Leão XIII pedia aos Católicos de todos os lugares para que rezassem por uma renovação do
Espírito Santo, muitos protestantes evangélicos também estavam ávidamente buscando uma renovação
no espírito. O segundo fato é que a confiança ecumênica do Vaticano II foi o principal componente do
"novo Pentencostes", pelo qual a inteira Igreja havia rezado antes e durante o Concílio. O terceiro fato
é que quando a renovação pentencostal começou entre os Católicos lá pelo final da década de 60, a
mesma renovação no Espírito, com carismas, serviço mútuo e amor... simultaneamente estava
acontecendo também entre cristãos de outras denominações pelo mundo afora...
Aqui a chave para o sucesso é o genuíno respeito mútuo entre líderes protestantes e Carismáticos
católicos.Quando ambos, Carismáticos católicos, evangélicos pentecostais, bem como outros líderes
protestantes não denominacionais, aceitarem a validade da fé de seus concorrentes, aí sim, haverá uma
boa fundação. Reconhecimento mútuo do fato de que a fé em Jesus Cristo e o batismo faz-nos irmãos e
irmãs em Cristo e membros de seu único Corpo é fundamental para construirmos relacionamentos de
mútua confiança, respeito e amizade. Existe uma relação direta entre tal fundação de relacionamentos
pessoais sólidos e o sucesso de qualquer empreendimento ecumênico."(Kevin Ranaghan- Ecumenism
and Catholic Charismatic Renewal Today)
Todo Católico sabe muito bem que a tão propalada "unidade cristã"
significa apenas uma coisa, o retorno daqueles que se encontram no erro ao seio
da única Igreja, fundada por Jesus Cristo e administrada por seu Vigário na Terra,
ou seja, o Romano Pontífice. A Unidade da Igreja é baseada na Verdade objetiva,
guardada e proclamada pelo Papado, o qual é o princípio de unidade da Igreja.
Aqueles que não estão unidos na fé e na comunhão com a Igreja são, pelo menos
objetivamente falando, heréticos por negarem a fé e cismáticos por não se
submeterem ao Romano Pontífice. A ininterrupta Tradição da Igreja,
objetivamente dizendo, exclui-os da Salvação enquanto persistir sua desunião:
"Portanto, nós declaramos, nós definimos que é absolutamente necessário para a Salvação, que toda a
criatura humana esteja sujeita ao Romano Pontífice"(Papa Bonifácio VIII- Unam Sanctam).
"Verdadeiramente, apenas são contados como membros da Igreja, aqueles que tendo
sido batizados, professam a verdadeira Fé e que não tiveram o infortúnio de se separarem da unidade
do Corpo, ou que foram legitimamente excluídos pela autoridade devido a graves faltas cometidas.
Pois em um só Espírito, diz o Apóstolo, "foram todos batizados em um só corpo, sejam judeus ou
gentios,escravos ou livres. Assim portanto, na verdadeira comunidade Cristã existe apenas um Corpo,
um só Espírito,um só Batismo, e uma única fé. E assim, se uma pessoa se recusa a ouvir a Igreja, que
ele seja considerado- como bem diz o Senhor- como um inimigo ou publicano. Segue-se então que
aqueles que se separaram por fé ou governo, não podem estar vivendo na unidade de tal Corpo ou
vivendo a vida de seu Divino Espírito".
Através dos séculos os santos concordaram que relacionar-se com Deus mais intimamente em
oração permite a Deus também relacionar-se conosco intimamente compartilhando de sua divina
sabedoria conosco... Na medida que nos comunicamos com Deus, Ele se comunica conosco. Mas o
oposto também é verdade: se nós abrimos nossos corações para Sua Santa Palavra, uma extraordinária
experiência de fé, esperança e amor jorrará em nossas almas... na medida em que alguém se torna cada
vez mais ciente de que a "letra mata, mas o Espírito vivifica"( II Cor.3:6), eventualmente o Espírito o
levará ao coração daquela passagem. Mesmo que ele não saiba a correta e exata interpretação da
passagem, ele pode depender apenas do Espírito para adquirir tanto o significado como a sua correta
aplicação... Talvez nosso maior problema reside no fato de que lemos muito a Palavra de Deus, mas
a experimentamos muito pouco. Existe uma grande diferença entre memorizar passagens e pensar
biblicamente com os "pensamentos de Deus"( I Cor. 2;11). Existe uma grande diferença entre ter as
Sagradas Escrituras alojadas como um livro empoeirado dentro de nossas cabeças e tê-las como uma
fonte viva jorrando inspiração em nossos corações.( Hampsch)
Naturalmente que todo Católico sabe muito bem que a Interpretação das
Sagradas Escrituras, como bem descreve a própria Escritura (II Pedro 1: 20) foi
confiada exclusivamente à Igreja- a qual é verdadeiramente guiada pelo Espírito
Santo- e não `a cada indivíduo em particular. Aliás, o seguinte trecho extraído dos
decretos do Concílio de Trento explica esse princípio claramente, bem como a
punição prometida àqueles que compartilham dessa crença e prática herética:
Portanto, de modo a refrear pessoas espertas e imprudentes, o Sínodo decreta que ninguém que confia
em seu próprio julgamento em matérias de fé ou moral, os quais são pertinentes à edificação da
Doutrina Cristã, e que ninguém que distorce as Sagradas Escrituras de acordo com suas próprias
opiniões, se atreva a interpretar as Sagradas Escrituras em sentido contrário àquele que já foi
estabelecido pela Santa Madre Igreja, cujo dever é julgar tudo que se refere ao verdadeiro sentido e
interpretação das Sagradas Escrituras, ou mesmo contrário ao unânime consenso dos Santos Padres,
mesmo que tais interpretações nunca tenham sido feitas com a pretensão de serem divulgadas. Que
aqueles que se ousem se opor a essa declaração sejam punidos com as penalidades prescritas pela
lei.(Denziger -786)
Sua Missão.
Os Carismáticos alegam que a missão da Igreja é o louvor. "O Louvor é a raison d'être da
Igreja" (Andy O'Neill).
A alegação dos Carismáticos de que apesar do desaparecimento dos carismas por quase 2000
anos, eles são essenciais à missão da Igreja, é um assalto direto àIndefectibilidade da Igreja, um dos
seus atributos essenciais. Essa indefectibilidade é o corolário da promessa de Nosso Senhor a São Pedro
( Mt 16:18). "A Igreja instituída por Jesus Cristo foi feita para durar para sempre, pelo menos em seus
atributos essenciais"( Abade A. Boulenger- La Doctrine Catholique)
É bem sabido que o Diabo e seus demônios podem produzir prodígios que
a princípio parecem milagres para os mais desavisados, como na história do Mago
Simão e sua "milagrosa levitação" desbancada por São Paulo. Portanto é
extremamente perigoso ir aceitando de cara, qualquer fenômeno extraordinário
como sendo de orígem divina. O grande místico e doutor da Igreja, São João da
Cruz, tão frequentemente citado e tão mal compreendido pelos "gurus" espirituais
modernos, tinha o seguinte a dizer, concernente à supostas "revelações pessoais"
vindas de Deus e que foram experimentadas por alguns de seus contemporâneos:
"E eu temo muitíssimo pelo que está acontecendo nesses nossos tempos: se qualquer alma, seja lá qual
for, depois de um pouquinho de meditação, tiver em suas recordações uma dessas locuções, e
imediatamente "batizá-las"como vindas de Deus e com tal suposição disser: "Deus me disse", "Deus me
respondeu". Ainda que não seja exatamente assim, mas, como já dissemos, essas pessoas são
frequentemente os autores de suas próprias locuções".( São João da Cruz- A Subida do Monte
Carmelo).
"Através do desejo de aceitá-las, eles abrem as portas para o demônio. O demônio pode então enganá-
los usando outras comunicações espertamente fingidas e disfarçadas como genuínas. Nas palavras do
Apóstolo, ele pode transformar-se em "anjo de luz"(II Cor. 11:14)... Independentemente da causa
dessas apreensões, é sempre bom para um homem rejeitá-las de olhos fechados. Se ele fracassa em
assim fazer, ele acabará por dar espaço para aquelas que tem orígem diabólica e dará poder ao
demônio para que se aposse de suas próprias comunicações. E não é só isso, as representações
diabólicas se multiplicarão enquanto aquelas que vem de Deus gradualmente cessarão, de forma que
dali a pouco todas virão do demônio e nenhuma delas de Deus. Isso tem ocorrido com muitos incautos
e não-instruídos". ( S. João da Cruz)
De fato, Nosso Senhor Jesus Cristo adverte a Igreja dos perigos de aceitar de cara supostos
milagres: Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas, que farão milagres e prodígios a ponto
de seduzir se isto fosse possível até mesmo os escolhidos. (Mt24,24)
Mais estarrecedor ainda é sua advertência: "Nem todo aquele que me diz Senhor, Senhor, entrará
no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade do meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão
naquele dia: Senhor, Senhor, não pregamos nós em vosso nome, e não foi em vosso nome que
expulsamos os demônios e fizemos muitos milagres? E, no entanto, eu lhes direi: nunca vos conheci.
Retirai-vos de mim, operários maus!" (Mt 7,21-23).
Inegável Contradição
Uma vez que tanto as práticas como a crença dos Carismáticos são
inegavelmente baseadas em heresia, podemos legitimamente duvidar da
ortodoxia daqueles que professam filiação ao movimento. Naturalmente que
somente Deus pode julgar almas, mas até por um dever de caridade não
podemos considerar como ortodoxas aquelas ações e palavras que beiram à
heresia. Ao fazermos isso, estaríamos sendo injustos, bem como sustentando uma
mentira semelhante àqueles que mantém uma atitude de indiferentismo religioso.
"Pelos frutos os conhecereis", disse Nosso Senhor aos Apóstolos ( Mt
7:20). Pelos frutos venenosos do movimento Carismático, qualquer um pode
comprovar sua inerente incompatibilidade com o Catolicismo e o grave perigo que
ele apresenta para a Fé Católica genuína. Diante da ignorância de muitos e a
cumplicidade de outros tantos membros da Hierarquia Católica, alguém deve ter
coragem de dizer a verdade sobre esse movimento e o perigo que ele representa
para um incontável número de almas.
Obviamente, a menos que haja uma milagrosa mudança nos atuais
ventos eclesiásticos, o dever de combater os erros Carismáticos deve permanecer
ao nível do clero ortodoxo e dos leigos. A defesa baseada na Apologética deve se
desenvolver em três níveis:
· Um Católico deve estudar para conhecer melhor sua Fé, especialmente
em áreas atacadas pelos Carismáticos e desenvolver uma piedade litúrgica forte e
objetiva baseada em sua Fé e não na experiência de consolações.
· Um Católico deve educadamente recusar-se a aceitar qualquer tipo de
discussão a respeito dos assim-chamados "carismas" presentes na Igreja de hoje
como sendo algo ortodoxo. Verdadeiras discussões podem ser levadas a frente
apenas baseadas em princípios igualmente compartilhados e enganos ou
prevaricação em pontos decisivos não levarão a nenhum avanço genuino para a
verdade. O fracasso do tão propalado Diálogo entre Católicos e Protestantes
demonstra isso bem claramente.
· Um Católico deve saber e deve ser capaz de apresentar em simples
termos, o verdadeiro ensinamento da Igreja a respeito dos Sacramentos, graça,
livre-arbírtrio, a natureza e a missão da Igreja e os carismas. Aqueles
Carismáticos que se consideram ortodoxos e realmente estão em busca da
verdade, saberão ouvir. Quanto àqueles que se recusam a ouvir, as Palavras de
Santo Agostinho mostram-se bem apropriadas a esse ponto:
Porque a verdade atrai o ódio? porque o Seu Servo é tratado como inimigo por aqueles a quem Ele
prega a verdade? Simplesmente porque a verdade é amada de tal modo que aqueles que amam outras
coisas, querem que essas coisas sejam a verdade e, precisamente porque eles não desejam ser
enganados são reticentes em se deixarem convencer que estão enganados (Santo Agostinho -
Confissões).
SUMÁRIO: