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Problema 1 – Darwin, Deus e a ciência

Método da tentativa e erro: a ciência começa sempre a partir de um problema. Para resolvê-lo, é comum
utilizarmos o método da tentativa e erro, ou seja, testar soluções experimentais para esse obstáculo. Todo
organismo vivo aplica este método, porém apenas os seres racionais podem aprender com os erros em suas
tentativas e usá-los para chegar mais rápido à solução mais adequada.
Podemos pensar no método cientifico comparando-o à teoria da evolução de Darwim. Assim como a seleção
natural age sobre as mutações genéticas para escolher o ser vivo mais apto da espécie, na ciência, as
mutações são substituídas pelas tentativas de solução que também passam por uma etapa de eliminação até
encontrarmos a melhor maneira de resolver o problema.

Fases do modelo de tentativa e erro


1) Problema ou situação problemática
2) Tentativas de solução – que, na
ciência, se tornam as hipóteses
3) Eliminação de hipóteses

Teoria ou logica da ciência


Conhecimento animal  Senso comum  Conhecimento pré-científico  Ciência (fenômeno biológico)
Embora a antiga teoria da ciência afirme que o conhecimento deriva de nossas percepções sensoriais
do mundo que nos rodeia, devemos considerar que tais percepções surgem apenas quando observamos
problemas – ou situações problemáticas – ao nosso redor. De fato, nosso conhecimento do mundo exterior
deriva fortemente dos nossos órgãos dos sentidos, mas não se pode concluir que nosso conhecimento
começa a partir deles. Na prática, os sentidos são as ferramentas utilizadas – e indispensáveis – na
construção do conhecimento, ou seja, na resolução de nossos problemas.
Mas então, o que há de distintivo na ciência humana?
Como já mencionado anteriormente, o diferencial do cientista humano dos outros seres vivos não
racionais está na fase 3 que, no nosso caso, ocorre com a aplicação do método crítico, inaugurando a ciência
não dogmática.
O método crítico pressupõe uma forma de linguagem descritiva que permita descrever os
desdobramentos das tentativas de hipóteses de maneira que elas assumam a forma de argumento crítico e se
tornem objetos de investigação conscientemente crítica. A escrita e a fala – de modo menos intenso – são
muito relevantes porque permitem que uma ideia antes íntima, torne-se pública e, portanto, passível de
discussão e debate.
Estendendo a discussão, chegamos à discussão sobre o significado da palavra conhecimento.
Subjetivamente, conhecimento é visto como uma forma de crença que se encontra num estado mental e
apoiada em “razões suficientes”. Tal perspectiva é inútil para a ciência que se interessa pelo conhecimento
objetivo, aquele falado/escrito, hipóteses sujeitas a debates e discussões.
É importante salientar também a ambiguidade da palavra pensamento. Devemos distinguir o
processo de pensamento subjetivo do conteúdo objetivo ou do conteúdo lógico/informativo do pensamento,
de forma que o processo de pensamento nunca é passível de discussão, apenas seu conteúdo objetivo ou
informativo.
Voltando a diferença entre a aplicação do método da tentativa e erro entre seres racionais e não
racionais, podemos afirmar que no conhecimento pré-científico do conhecimento somos todos passivos na
fase de eliminação das tentativas de solução. A novidade da abordagem científica é o modo ativo com que
lidamos nessa terceira fase, submetendo as tentativas de solução ao processo crítico e a diversos testes –
método de falibilismo*. Isso só é possível, pois a hipótese torna-se objetiva, ou seja, ela se projeta fora do
ser humano e, portanto, sua refutação não o destrói.
*o método do falibilismo permite não só saber que uma hipótese está errada, mas por que o está e, assim, o
cientista ganha um novo problema, desta vez mais focado. E, como o novo problema, ganha-se um novo
ponto de partida para o conhecimento.
Tese principal: o que distingue a novidade cientifica do pensamento pré-científico é a sua atitude
conscientemente crítica em relação às tentativas de solução e sua abordagem ativa na eliminação de
hipóteses envolvendo tentativas de criticar e falibilizar.
O método científico não é cumulativo, pelo contrário, é revolucionário. A ciência se encontra em
constante movimento de modo que sempre surgem teorias que substituem as teorias antigas resolvendo os
mesmos problemas de uma maneira melhor e incluindo alguns detalhes extras. A teoria revolucionária parte
de novos pressupostos e, em sua conclusão, contraria diretamente a teoria antecessora, assim, toda teoria é,
na realidade, uma tentativa provisória de solução para aquele problema.
Ciclo do método científico

Novos problemas
Problemas ou
que se originam
situações
do debate de
problemáticas
antigas teorias

Tentativas de
eliminação Formação de
através da tentativas de
discussão crítica teorias
e experiências

Critério de demarcação – Critério de falsificabilidade: “Uma teoria faz parte da ciência empírica se, e
somente se, for contraditória com possíveis experiências e for por isso, em princípio, falibilizável por meio
de experiências”
Problema 2 – Redes e peixes
O cientista, tal como um pescador, caçador ou detetives, faz uso de uma ferramenta para capturar
aquilo que ele acredita subconscientemente, ou seja, todas essas profissões trabalham com uma hipótese
testada por um método.
Por isso, podemos fazer um paralelo às teorias e métodos científicos com a rede utilizada por um
pescador. A rede correta é usada pelo pescador para que ele consiga capturar o maior número de peixes
possíveis e ele a escolhe com base em sua hipótese de qual tipo de peixe é mais abundante naquele lago (um
pré-conceito). O trabalho do cientista é muito similar: sua “rede” é escolhida de forma que ele consiga
capturar apenas o que lhe interessa – ou o que sua teoria acredita – e deixe passar aquilo que seu pré-
julgamento não inclui; se a rede não capturar nada é porque utiliza-se o modelo errado. Teorias são feitas
para pescar dados.
Ciências sociais e ciências exatas possuem uma diferença crucial: o comportamento de seus objetos.
Enquanto nas ciências humanas, o objeto é dinâmico, sempre em movimento e imprevisível, nas ciências
exatas os objetos seguem rigorosamente às leis, ou seja, são monótonos, previsíveis e rotineiros. Porém, a
ciência humana é possível, pois mesmo em meio ao caos, ainda há um padrão de comportamento, uma lei
que rege aquela ação e ocorre com um determinado grupo com determinadas características. A ciência, no
geral, busca a monotonicidade.
Não obstante, é obvio imaginar qual a rede utilizada pelo cientista social: uma rede larga o suficiente
para deixar passar o individual, o único e capturar apenas o coletivo, o universal.
Um evento se apresenta como novo quando significa uma intrusão num padrão estabelecido de
organização. Só há desordem por oposição a um padrão de ordem e daí vem as perguntas: Quem? Como?
Quando? Onde?
A partir disso, formula-se uma hipótese para explicar o motivo da quebra no padrão e surge a ciência.
“O jogo da ciência só acontece se o cientista tem uma ideia muito clara da ordem que se espera da realidade.
Fora desse quadro de ordem, os fatos não em absolutamente significação”.
Mais do que redes, os cientistas costumam utilizar os anzóis. Assim como os anzóis determinam o
resultado da pescaria, os métodos predeterminam o resultado da pesquisa, já que ambos são escolhidos para
capturar aquilo que o pescador/cientista quer. Por esse motivo, deve-se ter em mente que a ciência não
reproduz verdades absolutas, contrário, as teorias desenvolvidas pela ciência são temporárias e, muitas
vezes, enviesadas pelo pensamento dominante daquele período.
Francis Bacon desenvolve um método para resolver esse problema (dar fim aos pontos de partida
errados em métodos demonstrativos). Sua ideia era fazer com que o cientista pudesse purificar a mente de
todas as ideias preconcebidas, de modo a desenvolver uma teoria livre de vieses. Para isso, ele sugeriu um
quadro da patologia do saber e nomeou como ídolos essas perturbações:
- Ídolos da caverna: crescem e nascem na caverna particular de cada um (trazem satisfações);
- Ídolos da tribo: perturbações inerentes à raça humana (Ex: sentidos como reprodutores fiéis da realidade);
- Ídolos do mercado: ilusões criadas a partir das interações com as pessoas;
- Ídolos do teatro: ilusões que o pensamento filosófico dominante é capaz de criar;
Além disso, ele também tentou desenvolver um método indutivo (construído a partir de fatos
observados para a ciência, de modo que o cientista seria apenas um organizador de dados, um aluno da
natureza e suas hipóteses, derivadas da sua imaginação, deveriam ser sempre subordinadas à observação da
natureza.
Importante notar que os argumentos indutivos possuem a característica de generalizar/universalizar a
partir de um caso particular, enquanto os argumentos demonstrativos são, basicamente, o oposto: a partir de
uma ideia geral dada, o pensamento examina as ideias inevitáveis que a segue. No entanto, é de se notar que
a dedução não serve para ampliar o conhecimento (visto que, se o ponto de partida é errado, as conclusões
dele necessariamente serão erradas, ainda que siga a lógica), mas para garantir que o rigor do caminho
seguido pelo pensamento quando ele pensa sobre si mesmo. Tal é o caso da lógica e da matemática.
David Hume foi responsável por analisar os problemas decorrentes do método indutivo para que os
cientistas não se precipitassem no caminho. Primeiro ele separou nossos campos de conhecimento em duas
vertentes:
- Relações de ideia: álgebra, lógica;
- Matérias de fato: tudo o que acontece no mundo real;
Para ele, conhecer as matérias de fato era conhecer suas causas e efeitos, não descobertos pela razão,
mas pela experiência. Admitir que existe causa e efeito é a mesma coisa de afirmar a existência de uma
relação necessária entre elas.
Porém, a passagem do caso particular para o geral ou da conclusão de uma relação causal, no método
indutivo, não é derivada do raciocínio lógico (as respostas não estão nas premissas). As conclusões são feitas
a partir de experiências que criam hábitos mentais que nos fazem ver a realidade através de rotinas. Nas
teorias não são apenas os fatos que falam, mas o costume – um fator psicológico – que nos faz criar relações
entre as observações.
Conclusão: as teorias não derivam de um pensamento lógico, mas do hábito. Elas são construídas
sobre nossa crença na continuidade do universo, uma exigência que brota da fé e do hábito. O método
cientifico, portanto, pressupõe a imutabilidade dos processos naturais ou, em outras palavras, o princípio da
uniformidade da natureza – “creio para entender”.
Problema 3 – Começando pelo começo
Entrega 1: Tema do projeto de carreira – Projetos I
Eduarda Gabriel
Head of Research do banco de investimentos JP Morgan
Antes de traçar minha carreira, acho interessante mencionar por que escolhi o curso de economia. A
ideia, inicialmente, foi do meu pai, que me aconselhou a cursar ciências econômicas e, após pesquisar sobre
as áreas que um economista pode atuar, passei a me interessar ainda mais por essa profissão já que, além
disso, ela ainda lidava com matérias que eu já me identificava na escola como matemática e geografia –
sobretudo a parte de atualidades e política.
A decisão final veio quando eu li sobre a área a qual escolhi para delinear minha carreira nesse
projeto: equity research. O profissional que trabalha nesse setor é responsável por captar todas as
informações que podem impactar o mercado financeiro e repassar aos outros setores do banco – os salles e
os traders – para que a instituição consiga prever os movimentos do mercado de modo a prevenir suas
perdas ou de seus clientes – ou ao menos amenizá-las.
A profissão me atrai pelo potencial em transmitir o conhecimento, como uma economista, aos outros
indivíduos. A economia, mesmo sendo tão intrínseca à sociedade, é um conhecimento pouco difundido e
explicado, de modo que a população em geral não consegue reconhecer facilmente o real impacto das
notícias em seu cotidiano e, principalmente, em suas finanças. A área de research tem como principal
objetivo solucionar essa dificuldade e ajudar os clientes e investidores a prevenir perdas ou conquistar mais
lucros.
Nessa área, portanto, o profissional precisa estar sempre alerta às notícias e saber analisar o
desempenho das empresas para fornecer um bom subsídio aos investidores. São essas características que me
atraíram. Saber lidar com o impacto das informações na economia é, basicamente, o resumo do que é ser um
economista e é exatamente o que essa área explora, uma habilidade que eu admiro e gostaria de explorar.
Além disso, a experiência que eu adquirir colaborará para que eu possa, posteriormente, me envolver
em projetos acadêmicos sobre análises econômicas e trabalhar como articulista ou comentarista nos grandes
meios de comunicação.
Especificamente, o banco que almejo construir minha carreira é o americano JP Morgan – o 5º maior
banco do mundo, segundo o ranking 2016 da revista Forbes calculado com base no faturamento, valor de
mercado, ativos e lucros –, pois é um banco de dimensão global que me proporcionará oportunidades
internacionais.
Resumidamente, a carreira profissional que pretendo traçar pode ser dividida em quatro fases:
graduação e formação da base teórica, experiência internacional, carreira na área de equity research no
banco de investimentos JP Morgan e, por fim, trabalhos como articulista. Mais adiante, neste projeto, cada
uma destas fases irá ser detalhadamente explicada para fornecer um planejamento completo e concreto sobre
como eu pretendo chegar à Head of Research do banco de investimentos JP Morgan.

Vinicius torres
Eliana Cardoso

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