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Estafilococcias – Káris
Caso 1
Histórico de febre reumática com realização de troca valvar há 3 anos, lesão dolorosa,
eritematosa, nodular, de 1cm de diâmetro, progressão para várias lesões, com pústula central
e quadro febril.
Diagnóstico: Furúnculo
Tratamento inicial com pequena lesão única e dolorosa, sem outros sintomas: não manipular
para não haver disseminação da infecção, higiene local e compressa quente para reduzir o
processo inflamatório.
Atenção: sulfametoxazol + trimetoprim é uma associação, é uma droga só, não existem
separados, é chamado cotrimoxazol.
Indicações absolutas para tratamento: febre, localização na face e halo eritematoso >3cm.
Indicações relativas: imunossuprimidos (em vigência de quimioterapia deve-se fazer, HIV com
carga viral indetectável não tem necessidade de tratamento), áreas de atrito (deve-se tratar
porque a manipulação é frequente e você garante que tem antibiótico protegendo se houver
bacteremia), prótese valvar e aparecimento de múltiplas lesões.
Caso 2
Dor, edema, calor, rubor em toda extensão da coxa, após chute em luta livre e quadro febril.
Diagnóstico: Celulite (pode ser evolução de um furúnculo pelo agente estafilococos aureus, ou
pode ser por um trauma que precedeu, como no caso acima, pelos agentes estafilococos
aureus ou estreptococos pyogenes, ou ainda uma porta de entrada como injeções, picadas de
inseto, hematomas, por disseminação hematogênica). Sempre que ela vier de um furúnculo o
agente causador é o S. aureus.
O menor tempo de tratamento é 4 semanas.
DIP 22/02/18
Celulite leve: apenas lesões pouco extensas: cefalexina + sulfametoxazol + trimetoprima VO.
O sulfametoxazol + trimetoprim não age bem sobre o pyogenes, por isso associa-se a
cefalexina. Pode-se fazer amoxicilina ou ampicilina também para agir sobre o pyogenes
Moderada: febre com bom estado geral, lesão mais extensa: cefazolina (pyogenes) +
sulfametoxazol + trimetoprima (ca MRSA, MSSA) IV , deve-se internar o paciente, fazer esse
esquema e com a melhora do paciente substitui para VO.
Área de flutuação: presença de líquido na palpação de uma celulite: faz-se punção para enviar
à cultura e, se houver necessidade coloca-se dreno para alívio do paciente; profilaxia de
drenagem é “hipotético”, em geral, um furúnculo que precisa drenar, precisa de tratamento.
Caso 3
Febre alta, calafrio, cefaleia, mal estar, febre, com diagnóstico de dengue (exame físico pobre),
evoluiu com taquicardia, taquipneia, sopro diastólico em foco aórtico acessório, fígado
palpável à 1 cm do RCD, hepatimetria de 13cm, petéquias subconjuntivais, máculas violáceas
em pés (manchas de Janeway).
Endocardite aguda (<6 semanas) x subaguda (>6 semanas) = o critério é que toda endocardite
aguda não tratada vai morrer em 6 semanas. A lesão por estafilo é característica da subaguda,
quadro agudo com lesão prévia do coração ou não.
Resumo: tratamento quando >1 ano: vanco + genta + oxacilina; > 2 meses e <1 anos: vanco +
genta + rifampicina (para agir no biofilme que é uma proteína que a bactéria produz e fica
aderida no cateter/prótese); < 2meses: vanco + genta + rifampicina (epidermidis) + cefepime
(pseudomonas, enterobactérias).
Fator de risco para MSSA: paciente internado ou em casa de repouso, história previa de
colonização, uso de drogas injetáveis, imunosuprimidos, diálise.
DIP 22/02/18
Caso 4
Diarreia aquosa, náuseas intensas, vômitos e dor abdominal, sem histórico de comorbidades,
sem pus e sangue nas fezes, começo após almoço com colegas que estão com as mesmas
queixas, desidratação leve.
Diagnóstico: Intoxicação alimentar: os critérios são: não há quadro febril, há náuseas e vômitos
(sempre presente porque a toxina age no N. vago e no SNC, o vômito é agressivo, não se
consegue evitar) associados à diarreia aquosa.
Obs: De acordo com o caso acima, nessa intoxicação pode até haver ingesta da bactéria, mas o
que causa os sintomas é a toxina termoestável (permanece mesmo após aquecer o alimento)
produzida pela bactéria, então se deve fazer apenas suporte/hidratação e esperar porque a
mesma será eliminada horas após a infecção.
Sepse X choque tóxico: A sepse estafilocócica é um quadro de sepse clássico causado pela
bactéria que está lesando o tecido, então tem que existir uma lesão, um abscesso, celulite,
furúnculo, pneumonia, e então o processo inflamatório e a liberação de citocinas,
consequentes da bactéria está causando a gravidade da infecção; trata-se com antibiótico
(vanco + oxacilina IV). No choque tóxico o quadro clínico é de febre, rash, hipotensão e
comprometimento, principalmente, de rim e fígado, também tem infecção pela ingesta da
bactéria que coloniza e produz a toxina, mas ela não está causando nenhuma invasão/lesão,
ela só está liberando sua toxina (é um super antígeno que desencadeia resposta inflamatória e
causa tudo), podendo estar livremente na orofaringe ou no canal vaginal; trata-se com
suporte, imunoglobulina IV e antibiótico (vanco + clindamicina + oxacilina IV).