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símbolos
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Waldemar Ferreira Netto
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A formação dos símbolos
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Peirce
A hipótese de Peirce retoma a de Sexto Empirico estabelecendo
um signo com três elementos. Peirce, no entanto, discute esses
três elementos do signo fazendo, em dois momentos distintos,
duas propostas. Na primeira ele fala em objeto (object ), sentido
(meaning ) e interpretante (interpretant ). Essa parece ser a
primeira proposta. O autor entende que o objeto é o que é
representado, o sentido, o que o suporta e, finalmente, o
interpretante, o que lhe dá lugar. Mais adiante, em seus
escritos, ele refaz essa terminologia; sua divisão tripartida do
signo fica então definida por um representamem – que é o que
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Frege
Em período concomitante ao de Peirce, Gottlob Frege (1898)
também propõe uma noção tripartida de signo. Para ele, o signo
é composto de um sinal [Seichen], um sentido [Sinn] e uma
referência [Bedeutung]. É um modelo muito mais próximo do
modelo de Sexto Empirico do que do de Peirce. Para ele, o sinal
como o referente também são materiais, sujeitos à própria
natureza, ao contrário do sentido, que é um fenômeno próprio
da linguagem.
A conexão regular entre o sinal [Seichen], seu
sentido [Sinn] e sua referência [Bedeutung] é de tal
modo que ao sinal corresponde um sentido [Sinn]
determinado, e ao sentido [Sinn], por sua vez,
corresponde uma referência [Bedeutung]
determinada, enquanto que a uma referência
[Bedeutung] (a um objeto) não deve pertencer
apenas um único sinal. O mesmo sinal [Sinn] têm
expressões diferentes em diferentes linguagens, ou
até na mesma linguagem.
Apesar de Frege não dar definições estritas de seus conceitos,
suas apresentação por meio de exemplos é bastante
esclarecedora. Um de seus exemplo mostra que o ponto de
interseção de dois pares de retas com origem nos ângulos de
um triângulo e final no ponto médio do lado oposto a esse
ângulo é sempre o mesmo, ou seja o ponto de interseção entre
reta a a reta b é o mesmo que o ponto entre a reta b e a c.
Assim, embora as expressões “ponto de interseção entre a reta
a e a reta b” e “o ponto de entre a reta b e a c” sejam
diferentes, a referência das duas expressões é a mesma. Ou
seja, os sentidos são diferentes, mas o referente é o mesmo.
Sejam a, b e c as linhas que ligam os vértices de um
triângulo com os pontos médios dos lados opostos.
O ponto de interseção de a e b é, pois, o mesmo
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Saussure
Numa passagem do Curso de Linguística Geral (CLG) atribuída à
Saussure por seus alunos, há uma descrição da situação de
comunicação que é chamada de Circuito da Fala, ou Circuite de
la Parole, no original. Nesse circuito da fala participam, como
mínimo necessário, dois indivíduos.
\
Suponhamos duas pessoas, A e B, que conversam.
O ponto de partida do circuito se situa no cérebro
de uma delas, por exemplo A, onde os fatos de
consciência, a que chamaremos conceitos, se
acham associados às representações dos signos
linguísticos ou imagens acústicas que servem para
exprimi-los. Suponhamos que um dado conceito
suscite no cérebro uma imagem acústica
correspondente: é um fenômeno inteiramente
psíquico, seguido por sua vez, de um processo
fisiológico: o cérebro transmite aos órgãos da
fonação um impulso correlativo da imagem;
depois, as ondas sonoras se propagam da boca de
A até o ouvido de B: processo puramente físico. Em
seguida, o circuito se prolonga em B numa ordem
inversa: do ouvido ao cérebro... (CLG, p. 19 da
trad.)
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Shannon
No século XX, com o desenvolvimento das atividades de
telecomunicação, desenvolvem-se nos Estados Unidos as
pesquisas sobre comunicação; mas do ponto de vista da
engenharia da comunicação. Claude E. Shannon (1949) propõe
em 1948 para essa área a aplicação de modelos matemáticos,
num artigo que se tornaria clássico: “Teoria Matemática da
Comunicação”. Sua preocupação era especialmente contabilizar
a transmissão de informações que era feita por meio de sinais
elétricos, eletromagnéticos ou eletrônicos codificados. Seguindo
um esquema muito semelhante ao circuito da fala do CLG, o
autor propõe que essa transmissão ocorreria a partir de uma
mensagem selecionada pela fonte de informações (information
source) e codificada em algum tipo de sinal (signal) por um
transmissor (transmitter). A esse sinal transmitido por meio de
um canal (channel) qualquer se ajuntariam informações
indesejadas, chamadas de ruído (noise). A esse conjunto
formado pelo sinal codificado e o ruído agregado ao canal,
Shannon deu o nome de sinal recebido (received signal). Este
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Jakobson
Jakobson (1960) retoma a proposta do Sistema Geral da
Comunicação de Shannon (1948), adaptando-o às necessidades
dos estudos linguísticos. Com rara habilidade, Jakobson insere
em seu diagrama a maior parte dos elementos formadores dos
signos. Os elementos corpóreos de Sexto Empirico são
retomados como contato e contexto, estabelecendo,
respectivamente, as funções referencial e fática. O sentido de
Frege é retomado como mensagem, estabelecendo a função
poética. O interpretante de Peirce reaparece, agora, separado
como remetente e destinatário, estabelecendo as funções
emotiva e conativa, respectivamente. No caso do interpretante
de Peirce, Jakobson, aparentemente, prioriza totalmente seu
aspecto de pensamento e efeito mental, assumindo que tais
não poderiam ser senão parte dos participantes da
comunicação. De certa maneira, Jakobson reparte a noção que
vai proposta em Sexto Empirico que diz respeito à codificação
que “os bárbaros não entendem”. Assim, como um elemento
separado, o código, explicito no sistema geral da comunicação
nas partes que se referem à codificação e a decodificação do
sinal, o transmissor e o receptor, vai como código, que, por sua
vez, estabelece a função metalinguística. Nesse modelo de
Jakobson, o signo assume um papel muito mais envolvente
porque, ele mesmo, gera a própria comunicação. O signo deixa
de ser um construto teórico independente e se estabelece
como um fenômeno que pode inserir-se no conjunto das
atividades comunicativas.
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objeto/bedeutung
br
intepretante intepretante
Sinn
representamem
Piaget e Inhelder
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Watson
Curiosamente, nos anos 30 Watson (1925) teve uma
preocupação semelhante:
O estímulo visual simples de uma luz vermelha não
provoca que se retire a mão. Nem mesmo a luz
vermelha causa qualquer reação. (...) Mas, se
coloco a luz vermelha e imediatamente a seguir,
estimulo a mão do sujeito com uma corrente
elétrica e repito esse procedimento um número de
vezes suficiente, a luz vermelha provocará,
involuntariamente, a retirada da mão. A luz
vermelha (E) converte-se agora em um estímulo
substituto: provocará R quantas vezes se estimule
o sujeito desta forma. Alguma coisa aconteceu para
que se produzisse essa mudança que — conforme
já se disse — chama-se condicionamento — a
reação permanece a mesma, mas aumentamos o
número de estímulos suscetíveis de despertá-la.
Com o propósito de expressar esse novo estado de
coisas, descrevemos essa mudança falando de
estímulo condicionado.
No entanto, apesar de sua explicação ser bastante convincente,
sobretudo à luz das descobertas de Pavlov à época, parece que
o autor ou confunde algum E com R, ou elimina uma R
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Referências
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Disponível em
http://courses.arch.ntua.gr/fsr/138469/Peirce,%20Collected%20paper
s.pdf
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Uma representação é esse caractere de uma coisa em virtude da
qual, para a produção de um certo efeito mental, ele pode ficar no
lugar de outra coisa. A coisa que tem esse caractere eu chamo um
representamen, o efeito mental, ou pensamento, seu interpretante, a
coisa que ela representa, o seu objeto. (CP 1.564)
Um signo genuíno é um sinal "Transuacional", ou símbolo, que é um
signo que deve a sua força significativa a um carácter, que só pode ser
realizado com a ajuda do seu Interpretante. Qualquer enunciado da
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