Dia Das Maes

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Quando nos tornamos mãe, adquirimos muito superpoderes e, como todo superpoder que se preze, vêm acompanhados

de muitas responsabilidades. Mas não é nenhuma mutação genética, nem mágica, é um processo diário construído e regado de
muita realidade, pitadas de encantos e desencantos e toneladas de aprendizagem.
Esses foram os ingredientes usados para formar as mamães, mas não acidentalmente, Deus acrescentou o elemento divino,
a capacidade de amar alguém mais do que a nós mesmas. E assim nasceram as mamães maravilhas.
Quando nos nascemos mãe, vamos aprendendo literalmente a orar sem cessar para sempre. Sempre temos o que conversar
com Deus. Não nos cansamos em pedir proteção aos nossos filhos (não importa quantos anos tenham), em pedir mais uma dose
de paciência (desta sempre estamos precisando), de força (física, emocional, espiritual), de fé e em agradecer pela graça que nos
alcançou. Mesmo quando passamos a noite toda jogando redes sem conseguir peixe algum ou quando as tempestades tendem a
sacudir o nosso barquinho e é a nós que os filhos vêm em busca de proteção. E nós os encaminhamos à Deus.
Quando nos tornamos mãe, adquirimos medos bobos como quando nos deparamos com nossos filhos em cima de uma
bicicleta sem as rodinhas ou quando estão em cima de uma árvore...ou quando vão o primeiro dia para a escola...ou quando
voltamos ao trabalho e precisamos nos separar deles ainda que só por algumas horas... A sensação é de que só nós somos capazes
de oferecer o que eles precisam e por isso pesa-nos nos ombros o medo do fracasso.
Quando nos tornamos mãe, adquirimos coragens absurdas. Porque toda mãe é coragem, é maravilha. Nós adquirimos a
coragem de adiar (ou até mesmo cancelar) os nossos sonhos para que se realizem os dos nossos filhos. Adquirimos a coragem
de diminuir o nosso eu, de não nos colocarmos mais em primeiro plano, em passar por um parto ou pela espera numa fila de
adoção ou de assumirmos a criação de nossos netos... Às vezes, pelo bem de nossos pequenos, adquirimos a coragem de ter outro
filho, de ter um cachorro, um peixe, de nos mudar de bairro, de cidade e até de Estado, de mudarmos de religião, de profissão e
de comportamento.
Quando nos tornamos mãe, acompanhamos diariamente as trágicas notícias do jornal com o coração na mão e sentimos
por cada criança que sofre ou pela luta de cada mãe. O pensamento que nos acompanha sempre é: poderia ser eu, poderia ser
com meu filho. A gente vai aprendendo a parar de julgar porque descobrimos quão difícil é educar uma criança!
Quando nos tornamos mãe, aprendemos a cuidar de qualquer criança, ainda que desconhecida. Já nos é impossível ver
uma criança cair sem o ímpeto de ir socorrê-la. E socorremos mesmo! Trocamos olhares cúmplices, acenamos positivamente
cabeça, trocamos sorrisos maternos com outras desconhecidas como se disséssemos uma a outra: - Não se preocupe, eu sei, eu
tenho filhos.
A graça de ser mãe vem acompanhada de uma dose extra de força física que nos permite carregar no colo nosso filho
febrio por distâncias consideráveis, ainda que ele já seja grandinho. E ainda vamos cantando uma canção, o protegendo do vento
e do sol.
Quando nosso filho nasce (ou quando o adotamos), parimos nosso coração! Ele sai pulsando por aí, o que faz nos
sentirmos impotentes porque ele já não mora mais no peito, adquiriu forma humana e estará sujeito a todos os perigos que viver
implica. E quantos são eles! Onde está o nosso tesouro, ali estará o nosso coração. O tesouro de uma mãe sempre será seus filhos
e são neles que nosso coração sempre estará. Afinal, as crianças são matéria prima do reino dos céus e para as mães os filhos
nunca crescem.
Também apreendemos a confiar em nossas decisões e a temê-las, a desconfiar de muito silêncio na casa, a errar, e errar
feio! Mas aprendemos a acertar bonito! A nos culpar e a desculpar a nós e ao outro.
Aprendemos a chorar e quem já sabia, aprende a chorar mais ainda; a rir de um desenho na TV, de um gato em cima do
muro, de um palhaço na rua, de algo que antes nem se quer chamaria a nossa atenção. Passamos a ouvir longe a buzina do picolé,
a identificar qual necessidade a partir do timbre do pranto. Aprendemos a enxergar cada pisca pisca natalino, uma formiga no
chão, animais nas nuvens, príncipes guerreiros em bonecos, uma loja de brinquedos (da qual aprendemos a fugir) e adquirimos
um olho na parte detrás da cabeça. Tornamo-nos verdadeiras detectoras de mentira ambulantes, conciliadoras, animadoras de
festas...
Aprendemos a não sermos obcecadas por nossos bens materiais. Afinal, as paredes serão riscadas, seu objeto decorativo
será quebrado, haverá brinquedos jogados pela casa (e não adianta recolher porque eles brotam do chão)...de repente, nos vemos
dando o nosso celular de última geração, Moto G G3, para nosso filho jogar. Aprendemos a brigar duro por alguém e, talvez seja
ainda mais difícil, a deixar que nossos filhos lutem as suas próprias guerras, não sem colocar os braços em torno na tentativa de
amortecer a queda. Aprendemos, não sem dor, a os deixar crescerem. Aprendemos a tomar decisões difíceis sem nenhuma
cartilha, sem nenhuma garantia de que é o melhor caminho. Então, naquele hábito incessante de orar já aprendido, imploramos
por sabedoria.
Aprendemos a abrir mão, a negar nossas próprias vontades e a buscar diariamente o domínio próprio, que é um fruto do
Espírito. O equilíbrio é nossa busca constante. Muitas vezes não dá certo, sempre escapam certas carnalidades, humanidades
mesmo, mas seguimos tentando.
Quando nos tornamos mãe, parte de quem somos morre e isso não deixa de ser um pouco estranho, mas não ficamos no
vazio, vem um outro eu, mais forte, mais decidido, mais determinado, mais cauteloso e mais audacioso, mais sábio e mais
corajoso.
Quando nos tornamos mãe, aprendemos a dormir nos 15 minutos relativos de folga, sentadas e com um bebê no colo sem
deixar cair (às vezes, quase cai!) e aprendemos a ficar acordadas a noite toda cantando uma canção (ainda que fora do ritmo e
tom) se preciso for.
Mas a maior de todas essas coisas que nos tornamos, quando mães, é que a gente aprende a amar, amar sem a utopia dos
contos de fadas, mas o amor que mais se aproxima de I Co 13.
Com a maternidade, descobrimos que o encantamento não desvenda a eternidade, as coisas mais fortes e perpétuas são as
mais difíceis e cabíveis à realidade.
Há dias em que não temos borboletas no estômago, mas âncoras nos pés.
Mesmo em face dos problemas ou dos defeitos mais cítricos e agudos dos filhos, ficamos. Suportamos o grito ardido, o
choro denso e destemperado, a ingratidão, a partida repentina e recebemos bondosamente a chegada do filho pródigo.
Toda mãe vem de um mundo paralelo, por vezes inatingível e são elas quem garante que tudo ficará bem, mesmo quando
lhes faltam fé. É a voz materna que se ouve do outro lado da linha quando se está triste, quando se precisa de um apoio, quando
se tem uma notícia boa ou ruim... São nos braços maternos que os filhos se enroscam quando têm um pesadelo. Os filhos podem
estar amarrotados, sujos, dormindo, bravos e ainda assim a mãe os acha os mais lindos! Mesmo sem dizer, ela acha e os filhos
sabem.As mães tem encantos sim, muitos, mas não são como os da ficção, são encantos reais, nada mágico, milagres mesmo.
Como mãe, aprendemos que o caminho não é perfeito, é construível. Essa construção é custosa, por vezes exige teimosia,
por outras, ponderamento e em todo tempo a disposição para caminhar em frente.

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