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Os Evangelhos

por: Pr Leonardo Teixeira

BACHAREL LIVRE EM TEOLOGIA

Os Evangelhos – Parte 1

Neste módulo nós vamos aprender mais a respeito dos


Evangelhos, e as principais características de cada um deles. Nesta
primeira parte, estudaremos o livro de Mateus e o Sermão do
Monte.

É muito comum que as pessoas façam certa confusão com relação


ao conteúdo dos Evangelhos. Precisamos atentar ao fato de que
todos eles falam sobre relatos da vida de Jesus, porém, cada um à
sua maneira. Para entendermos melhor, vamos fazer uma
analogia: imagine um pai que faz uma festa e convida todos os seus
filhos.

No dia seguinte, cada um irá contar a respeito da festa para seus


amigos. No entanto, é inevitável que nenhum deles conte os
detalhes de forma idêntica um ao outro. Isso, porque cada um tem
o seu próprio ângulo de visão, que é diferente do outro.

O que acontece nos Evangelhos é que cada escritor percebe aquilo


que foi testemunhado com características únicas. A seguir, vamos
compreender as principais características de cada um.

LIVRO DE MATEUS

Começa com uma genealogia pra nos situar na história. Essa


analogia é como se fosse um mapa, ela nos localiza na história. O

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livro de Mateus é escrito para os judeus. Existe aquela preocupação
de que o judeu conheça a vida de Jesus, para que ele possa fazer
uma conexão entre o que ele aprendeu no torá e o que Jesus nos
ensinou quando estava aqui.

Trata-se de um livro didático, doutrinário, escrito para combater o


farisaísmo, visando trazer o crescimento da igreja.

Na mentalidade judaica nós temos o torá, que é identificado nos 5


primeiros livros da Bíblia. Além disso, temos a tradição oral que era
muito forte na época. O livro de Mateus, então, vem para cumprir
um objetivo: combater a tradição oral, que está incutida nos
fariseus. E assim, esse Evangelho mostra que a lei faz todo o
sentido (porque é de Deus), mas que essa tradição oral precisa ser
quebrada, pois é justamente essa tradição que tem impedido que
os fariseus e outras pessoas entrem no reino dos céus.

Tradição oral é tudo aquilo que ouvimos de boca a boca. É todo o


conhecimento que é transmitido de pai para filho, nosso conjunto
de experiência. Portanto, não é somente o fariseu que tem uma
tradição oral.

O que Jesus questiona é a dependência que essas pessoas têm de


se basear em suas experiências ou naquilo que é transmitido boca
a boca. Ou seja, o povo não estava conseguindo conciliar
experiência com o que está escrito na palavra. Quando baseamos
nossa fé na experiência, a gente pode se perder. E Jesus está
querendo minar essa tradição oral para que o cerne da lei seja
possa ser novamente entendido.

Não há problemas com as experiências, pois todos nós devemos


ter nossas experiências com Deus. O problema é que chegou um
momento em que as experiências passaram a ser um obstáculo
para as pessoas poderem entender e viver o Evangelho.

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Vemos, então, no discurso de Jesus, a tentativa de mostrar a
diferença que havia entre a tradição oral e a lei. E assim podemos
dividir o livro de Mateus em um grupo de ensinamentos, textos,
sermões. Se olharmos ao longo do livro, todas as histórias
acontecem num período entre uma pregação e outra. É uma
coletânea de sermões.

Sermão do Monte

No capítulo 5 Mateus, nós temos o Sermão do Monte, uma


mensagem para ensinar o significado de felicidade, à luz da Bíblia.
O monte, olhando pra geografia de Israel, faz parte do dia a dia,
mas também era um lugar especial que contava a história da fé
daquele povo, os cultos, os ancestrais, a lei. Era também um lugar
pra se afastar do centro da cidade, um lugar de calma. E é esse
lugar que Jesus escolhe para falar sobre as características do que
é ser uma pessoa feliz, um bem-aventurado. Vejamos quais são
elas:

Pobres de espírito: Essa palavra tem sido erroneamente mal


interpretada e até mesmo evitada. Ninguém quer ser pobre de
espírito. No entanto, Jesus nos diz que isso é felicidade. Mas, por
quê? Porque o pobre de espírito enxerga o que ele tem falta. E
porque ele enxerga isso, é também capaz de depender de Deus.
Ele olha para si mesmo e enxergar suas limitações, por isso pode
ir até a cruz.

Mas observe que uma coisa é um pobre de espírito jejuando. Outra


coisa é alguém que não é pobre de espírito fazendo o mesmo. O
jejum é um ato de contrição de um pecador que reconhece seu
estado de pecado, e está em busca de misericórdia. Assim sendo,
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o jejum na vida do pobre de espírito remete à ideia de que ele
reconhece a sua condição de pecador e, por isso, busca
misericórdia.

Dessa forma, o jejum se torna uma auto percepção, uma conversa


com Deus. Por outro lado, quando a pessoa não tem essa
percepção, ela acredita que seja autossuficiente e, por isso, tem
merecimento próprio de alcançar benefícios da parte de Deus.

O pobre de espírito consegue entender muito bem a frase de Isaías


quando ele recebe o chamado: “ai de mim que sou pecador”. E
assim compreendemos que a experiência de santidade nunca
começa com “ai de você”, começa com “ai de mim”.

Fome e sede de justiça: Aqui Jesus não está se referindo à justiça


humana, mas à fome de justiça de Deus. E a justiça do Evangelho
vem pela fé.

Pacificadores: Estes buscam a paz, são construtores de pontes,


trazem a realidade da paz para a vida das pessoas.

O tempo todo nós vivemos buscando felicidade. Por esse motivo,


faz-se necessário que nos concentremos sobre o que Jesus nos
ensina sobre as bem-aventuranças.

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