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INSTITUTO POLITÉCNICO DE LEIRIA

ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA E GESTÃO DE LEIRIA

Boas Práticas de Adaptação às Alterações


Climáticas no Sector da Energia

Relatório de Projeto elaborado por


Frederico Costa, 2150955
Vinicius Kraey, 2160115

Orientado por
Professora Sandra Mourato

2018
Resumo

RESUMO

Com o decorrer dos tempos e devido ao crescimento da população mundial, o planeta Terra
tem vindo a sofrer significativas alterações. Problemas como o aquecimento global, o
aumento da poluição e o elevado ritmo de exploração dos recursos naturais começam cada
vez mais a ser sentidos, sobretudo no que diz respeito ao clima.
Torna-se, deste modo, essencial alterar não só os hábitos de produção e consumo da
sociedade como também a qualidade das construções, dotando-as de melhores materiais de
construção e formas de aproveitamento dos recursos naturais renováveis e inesgotáveis.
No presente projeto fez-se o levantamento de algumas medidas de adaptação às alterações
climáticas realizadas quer a nível internacional quer a nível nacional, bem como um
levantamento dos consumos e da produção de energia elétrica em Portugal, dando enfase
para a zona centro de Portugal, por forma a aferir como são atualmente e antever o seu
comportamento futuro.
Pretende-se, com o presente projeto, estabelecer cenários de climáticos para se comparar
com os cenários climáticos atuais, onde se usaram modelos climáticos regionais,
observações de temperaturas, cenários de concentração de emissões de gases de efeito
estufa, juntamento com indicadores de consumo de energia relacionados com o aquecimento
(graus dia de aquecimento) e arrefecimento (graus dia de arrefecimento) de edifícios, para
fazer uma análise das possíveis alterações que daí possam advir e de adaptações que
possam mitigar os impactos dessas alterações no sector energético.

Palavras-chave: Clima, alterações, adaptação, energia, resiliência.

ii
Índice

ÍNDICE

RESUMO .............................................................................................................................. ii

SIMBOLOGIA E NOTIFICAÇÕES ....................................................................................... vi

LISTA DE TABELAS ........................................................................................................... vi

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................... vii

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1
1.1 Considerações Gerais ............................................................................................... 1
1.2 Objetivos do Projecto................................................................................................. 2
1.3 Organização do Texto ............................................................................................... 2

2. ESTADO DA ARTE .......................................................................................................... 3


2.1 Adaptação às Alterações Climáticas ao Nível Global ................................................. 3
2.2 Adaptação às Alterações Climáticas ao Nível Europeu ............................................. 5
2.3 Adaptação às Alterações Climáticas ao Nível Nacional ............................................. 7
2.4 Produção e Consumo de Energia em Portugal .......................................................... 8

3 METODOLOGIA ............................................................................................................ 12
3.1 Caracterização do Caso de Estudo ......................................................................... 12
3.2 Análise da Produção e Consumo de Energia........................................................... 12
3.3 Enquadramento Legislativo ..................................................................................... 15
3.4 Definição de Cenários de Climas Futuros ................................................................ 15

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS ................................................. 19


4.1 Zonamento Climático na região Centro de Portugal................................................. 19
4.2 Medidas de Adaptação ............................................................................................ 23
4.3 Proposta de Boas Práticas ...................................................................................... 25

5 CONCLUSÕES .............................................................................................................. 27

BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................. 28

ANEXO A - Sugestões de Adaptações as Alterações Climáticas Previstas para Portugal


no Sector Energético ........................................................................................................ 32

iii
Índice

ANEXO B – Ações e Medidas Propostas pelo Subgrupo Energia (ENAAC) ................. 36

ANEXO C – Potência Elétrica Instalada em Portugal ...................................................... 37

ANEXO D – Produção Energia Elétrica em Portugal (2010-2016) .................................. 38

ANEXO E – Consumo de Energia Elétrica por Tipo de Consumo (2015/2016) ............. 39

ANEXO F - Produção e Consumo de Energia Elétrica em Portugal (2015/2016) .......... 40

ANEXO G – Dados Utilizados para Geração dos Cenários Futuros .............................. 41

iv
Lista de Tabelas

SIMBOLOGIA E NOTIFICAÇÕES

AC Alterações Climáticas
APREN Associação de Energias Renováveis
CCDRC Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro
DGAE Direção Geral das Atividades Económicas
DGEG Direção Geral de Energia e Geologia
DL Decreto-Lei
EIA Estudo de Impacto Ambiental
ENAAC Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas
ERSE Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos
EUROSTAT Gabinete de Estatísticas da União Europeia
GDA Graus Dia de Aquecimento
GEE Gases de Efeito Estufa
GWh Gigawatt hora
IPMA Instituto Português do Mar e da Atmosfera
KWh Kilowatt hora
MW Megawatt
NUT Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos
PACA Provença-Alpes-Costa Azul
RCCTE Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos
Edifícios
RCM Modelo Climático Regional
RCP Representative Concentration Pathways
RECS Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de Comércio
e Serviços
REH Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de
Habitação
REN Redes Energéticas Nacionais
RTE Rede de transportes da França
SCE Sistema Certificação Energética dos Edifícios
UE União Europeia
ZCI Zona Climática de Inverno
ZCV Zona Climática de Verão
ZED Zero Energy Development

v
Lista de Tabelas

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Potência instalada na Região Centro de Portugal………………………………….13

Tabela 2 - Evolução consumo energia elétrica Região Centro ……………………………….13

Tabela 3 - Evolução consumo energia elétrica por habitante………………………………….14

Tabela 4 - Equações para cálculo dos dias graus de aquecimento ………………………….17

Tabela 5 - Equações para definição das zonas climáticas…………………………………….18

Tabela 6 - Comparação entre as Zonas Climáticas de Inverno……………………………….20

Tabela 7 - Comparação entre as Zonas Climáticas de Verão…………………………………22

Tabela 8 - Proposta de boas práticas de adaptação para o uso energético em edifícios….25

Tabela 9 - Adaptações para as infraestruturas lineares/fixas………………………………….32

Tabela 10 - Ações e medidas propostas pelo subgrupo Energia …………………………….36

Tabela 11 - Potência Instalada em Portugal …………………………………………………….37

Tabela 12 - Evolução da produção de energia elétrica (2010-2016)…………………………38

Tabela 13 - Consumo de energia elétrica por tipo de consumo (2015/2016)………………..39

Tabela 14 - Cenário da energia elétrica em Portugal (2015/2016)……………………………40

Tabela 15 - Dados utilizados para gerar os cenários futuros………………………………….41

vi
Lista de Figuras

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Parque eletroprodutor de Portugal …………………………………………………….8

Figura 2 - Evolução da produção de energia elétrica (2010-2016)……………………………..9

Figura 3 - Consumo energia elétrica (tipo de consumo) 2015/2016…………………………..10

Figura 4 - Cenário da energia elétrica em Portugal (2015/2016)……………………………...10

Figura 5 - Evolução Fontes Renováveis na Europa (2010/2016)……………………………..11

Figura 6 - Pontos da malha do modelo regional de clima Alladin-53 na Região Centro de


Portugal………………………………………………………………………………………………16

Figura 7 - ZCI observadas e projetas da zona centro de Portugal……………………………19

Figura 8 - GDA para o município de Aveiro - T base 20º C - Período 2021-2050…………..20

Figura 9 - GDA para o município de Aveiro - T base 18º C - Período 2021-2050…………..21

Figura 10 - ZCV observadas e projetas da zona centro de Portugal………………………….22

Figura 11 - Bairro Eco-Viikki – Helsinki/Finlândia……………………………………………….25

vii
Introdução

1. INTRODUÇÃO

1.1 Considerações Gerais

Devido ao contínuo crescimento da população mundial e à maior industrialização dos países


em vias de desenvolvimento, a necessidade do recurso à energia é tendencialmente superior,
o que se traduz numa procura incessante de recursos e formas de satisfazer essas
necessidades. A procura por soluções que, para além de eficientes, sejam reconhecidas
amigas do ambiente, está na ordem do dia devido aos efeitos causados pela intensa
utilização dos combustíveis fósseis nas últimas décadas, o que se repercutiu em alterações
climáticas irreversíveis (Cascales et al, 2015).
O Homem tem grande responsabilidade perante estas alterações climáticas, principalmente
no que diz respeito às emissões de gases de efeito estufa que nos últimos 100 anos se
acumularam na atmosfera, ocasionando profundos e irreversíveis impactes nos
ecossistemas, na sociedade e na economia (Stern, 2007).
Estas alterações climáticas tornaram-se ao longo das últimas décadas, numa indesejada
realidade, que atinge direta e indiretamente todo o globo terrestre. Pode-se aqui citar como
principais alterações o aumento da temperatura, a mudança dos padrões pluviométricos, o
degelo dos glaciares e o aumento do nível dos oceanos, pelo que acontecimentos climáticos
extremos, como grandes inundações ou mesmo secas prolongadas, tornaram-se cada vez
mais intensos e frequentes (European Environment Agency, 2016) .
As adaptações às alterações climáticas deverão assumir e manter nas comunidades o
pensamento da resiliência perante esses factos, por forma a que a população entenda que
tudo está conectado.
Visto que o sector energético é um dos principais agentes de emissões atmosféricas,
consequentemente, agente das alterações climáticas, o grande aumento da produção e
consumo energético tenderá a piorar este quadro. Tendo em consideração esses fatores, e
também considerando que o sector energético será influenciado diretamente pelas
alterações, sendo elas possíveis reduções dos recursos naturais disponíveis, a procura por
meios de produção mais limpos e renováveis, juntamente com a conscientização da
população para um uso racional e adequado, auxiliarão a fixação do pensamento resiliente e
adaptado as mudanças inevitáveis.

1
Introdução

1.2 Objetivos do Projeto

Este projeto tem por objetivo realizar um levantamento das boas práticas de adaptação às
alterações climáticas no sector da e apresentar um caso de estudo sobre a evolução do
consumo e produção de energia na zona centro de Portugal, tendo por base as necessidades
de aquecimento e arrefecimento dos edificios, propondo medidas específicas de adaptação
que se espera que permitam reduzir os seus impactos à escala regional e contribuir para um
maior conhecimento e consequente utilização educacional, direcionada para o público em
geral.

1.3 Organização do Texto

O Relatório é composto pelos capítulos descritos infra:


 Estado da Arte – apresentam-se medidas de adaptações práticas ás alterações
climáticas ao nível de Portugal, Europa e global, e faz-se uma caracterização do sector
energético em Portugal.
 Metodologia – faz-se uma caraterização do caso de estudo, nomeadamente na zona
centro de Portugal, e também se apresentam os aspetos ligados à questão energética
(produção e consumo), com o seu respetivo enquadramento legal e a definição dos cenários
climáticos futuros para a região em estudo.
 Apresentação e discussão de resultados – apresentam-se as comparações entre as
zonas climáticas presentes e futuras (projetadas), com as definições de medidas de
adaptações relativas às possíveis modificações decorrentes dos aumentos de temperaturas
estipulados.
 Conclusão – ponderações a cerca dos possíveis resultados e atitudes que deverão
ser tomadas para uma mudança de comportamentos e cenários futuros.

2
Estado da Arte

2. ESTADO DA ARTE

2.1 Adaptação às Alterações Climáticas ao Nível Global

As alterações climáticas (AC) atingem a totalidade do globo terrestre, sendo certo que as
características de cada região influenciam a maior ou menor intensidade desses fenómenos.
Este capítulo apresenta o levantamento das melhores iniciativas de adaptação às alterações
climáticas ao nível global relacionadas ao sector energético.
Foram escolhidos 3 exemplos de projetos práticos de adaptações às alterações climáticas
do levantamento efetuado por Ouranos(2016), que estudou 11 projetos.
O primeiro caso de estudo designado “Proteção de ativos de subestações contra um
crescente risco de inundações”, refere o processo de construção de uma subestação nas
proximidades do rio Jerrabomberra nos subúrbios de Camberra/Austrália. Com o contexto de
preservação de danos estruturais e materiais, mas também com o intuito de se manter o
sistema energético da região ativo perante uma grande inundação, a empresa AECOM (com
conhecimentos na gestão do risco de alterações climáticas), identificou os possíveis e
potenciais riscos associados às alterações climáticas daquela região da Austrália. Com base
numa base de dados nacional e num modelo matemático, desenvolveram uma matriz de
classificação dos riscos e projetaram as probabilidades de inundação do rio Jerrabomberra,
atingindo uma cota de 556,8 m, sendo que o local de instalação da subestação se situava
entre as cotas 558,1 m e 559,1 m, deixando uma margem de 1,3 m. O consórcio dono do
empreendimento, com base no estudo feito, decidiu investir numa margem mínima de 1m
(além dos 1,3 m de proteção natural), que será mantida para proteger a subestação contra o
crescente risco de inundações. Este projeto proporcionou uma melhor visão para as
implementações de adaptações às alterações climáticas e também expôs dificuldades, como
a obtenção de dados, principalmente quando se envolvem empresas privadas, que se
mostram avessas a divulgações temendo prejuízos económicos.
O segundo caso de estudo sob a temática “Abordagem estratégica à resiliência das
alterações climáticas” apresentou como objeto a empresa estatal de energia da África do Sul,
Eskom Holdings SOC LTD. A África do Sul enfrenta as consequências das alterações
climáticas, registando temperaturas acima do normal em todo o país, tendo sido verificado
um aumento de 0,6° C durante o século passado, sendo certo que dias e noites quentes se
tornaram mais frequentes, o que resultou em recursos de água doce cada vez mais escassos.

3
Estado da Arte

A Eskom, a partir de 2004 adotou uma Política de Alterações Climáticas e lançou um Plano
de seis pontos para lidar com as mesmas, nas seguintes áreas:
 Diversificação de fontes e tecnologias de produção de energia;
 Eficiência energética;
 Adaptação;
 Inovação através de demonstração e desenvolvimento de investigação;
 Investimento em mercados de carbono;
A Eskom reconheceu que uma estratégia de adaptação efetiva deveria ser baseada em
ciência e investiu na investigação aplicada, criando um programa sobre adaptações às
alterações climáticas. Dentro de todos os casos de estudo, podemos mencionar o que
identificou a refrigeração a seco como uma solução de adaptação de curto prazo para todos
os novos ativos de produção térmica. Os recursos limitados de água doce da África do Sul
ajudaram a Eskom a justificar grandes investimentos em tecnologias alternativas de
refrigeração que dependem do ar e não da água.
Como lição aprendida, os estudos de caso concluídos e compartilhados em toda a empresa,
levantaram desafios associados à integração da resiliência climática na gestão de riscos
relacionando-se com a forma como os riscos das alterações climáticas são interpretados,
onde nem todos os riscos climáticos são abordados adequadamente.
O terceiro caso de estudo sob a temática “Avaliação das alterações climáticas para o
licenciamento de Projetos Hidroelétricos”, onde se estudou o projeto de construção de uma
central hidroelétrica Keeyask (695 MW) na bacia do Rio Nelson, localizada na província de
Manitoba/Canadá. A empresa Manitoba Hydro, responsável pelo empreendimento, teve que
durante o processo de licenciamento teve de desenvolver um estudo de impacto ambiental
que levasse em consideração as possíveis alterações climáticas, para que fosse garantido
que a nova instalação funcionasse de forma eficiente, aproveitando da melhor maneira os
recursos hídricos da região.
O estudo considerou três aspetos das alterações climáticas: o efeito do meio ambiente,
incluindo o clima, no Projeto, o efeito do Projeto sobre o meio ambiente, incluindo emissões
de gases de efeito estufa e a sensibilidade da avaliação das mudanças climáticas. Para
avaliar estes potenciais impactos, foram escolhidos 5 dos 109 modelos CMIP5 do IPCC AR5,
para representar projeções das alterações dos regimes hidrológicos até o ano 2050, cobrindo
um período de 35 anos de planeamento.
Outro ponto importante estudado, incide na questão do risco de secas prolongadas. A
Manitoba Hydro indicou ser capaz de lidar com a maior seca registada (mantendo no EIA os
piores períodos de seca constantes registados, enquanto as entradas médias anuais foram
modificadas usando as simulações dos modelos climáticos) e que aumentaria ainda mais a

4
Estado da Arte

sua capacidade de resistência para futuras secas através do desenvolvimento da capacidade


de produção.
Depois de considerar as recomendações do Conselho de Serviços Públicos, em 2014 a
Província de Manitoba emitiu a licença para a Keeyask Hydropower Limited Partnership dar
início a construção do projeto.
Como lição aprendida, a empresa Manitoba Hydro mencionou que houve um aumento
significativo da compreensão sobre a dependência climática em grandes empreendimentos
hidroelétricos e que este conhecimento os levou a desenvolver métodos e ferramentas novas,
pois ainda não havia bibliografia disponível onde se incluíam as alterações climáticas aos
estudos de impacto ambiental em bacias hidrográficas.

2.2 Adaptação às Alterações Climáticas ao Nível Europeu

Este sub capítulo apresenta iniciativas e projetos de adaptação às alterações climáticas ao


nível europeu. A Agência Europeia do Ambiente, juntamente com outras comissões
europeias, vem desenvolvendo políticas e atividades ligadas à adaptação às alterações
climáticas.
Uma das iniciativas é a Plataforma Europeia para a Adaptação Climática (Climate-ADAPT),
que compartilha dados e informações acerca de alterações climáticas esperadas na Europa,
as vulnerabilidades atuais e futuras (regiões e sectores específicos) e estratégias e ações de
adaptação da UE, sendo elas nacionais ou transnacionais (CLIMATE-ADAPT, 2012).
A EU, paralelamente à iniciativa citada acima, tem desenvolvido estratégias voltadas para o
sector energético, como objetivos energéticos e climáticos estabelecidos para os horizontes
dos anos 2020, 2030 e 2050, que poderiam ser utilizados quer para a adaptação quer para a
mitigação de alterações climáticas.
A seguir apresentam-se os principais objetivos estabelecidos (União Européia, 2018).:
 Objetivos para 2020: 20% de redução, das emissões de gases com efeito de estufa
relativamente aos níveis de 1990; 20% da energia obtida a partir de fontes renováveis;
20% de melhoria da eficiência energética.
 Objetivos para 2030: 40% de redução das emissões de gases com efeito de estufa; 27%
da energia da UE, obtida partir de fontes renováveis; 27 a 30% de aumento da eficiência
energética; 15% de interligação elétrica (ou seja, 15% da eletricidade produzida na UE
pode ser transferida para outros países da UE).
 Objetivo para 2050: 80 a 95% de diminuição das emissões de gases com efeito de estufa
relativamente aos níveis de 1990.

5
Estado da Arte

Na temática das iniciativas práticas de adaptações climáticas na Europa, foram escolhidos 2


exemplos de projetos europeus incluídos no levantamento efetuado por Ouranos (2016).
O primeiro caso de estudo designado “Melhoria das observações climáticas para uma melhor
gestão e projeção de Hidroelétricas”, refere aproveitar as oportunidades potenciais vindas
das alterações climáticas, nomeadamente o aumento de fluxo em rios devido ao derretimento
de glaciares. Esse caso de estudo foi baseado nas experiências da empresa Landsvirkjun, a
companhia nacional de energia da Islândia.
Contextualizando a importância das energias renováveis na Islândia, praticamente toda a
energia é produzida por fontes hidráulicas e geotérmicas. Com o melhor aproveitamento
desses aumentos de fluxos nos rios, pretende-se aumentar a produção de energia e
consequentemente atrair mais investimentos económicos, o que se poderia refletir num
aumento do parque industrial islandês.
A empresa estatal de energia tornou-se pioneira em estudos relacionados com as alterações
climáticas, juntamente com empresas de energia, universidades e institutos meteorológicos
da Escandinávia. Com os últimos quinze anos dedicados às pesquisas, surgiram aplicações
práticas, como a utilização dos dados obtidos, para que a cada cinco anos se consiga projetar
e ajustar os gerenciamentos dos reservatórios.
Outro ponto importante foi a possibilidade de prever possíveis investimentos no
melhoramento ou aquisição de ativos em hidroelétricas. Com os fluxos corrigidos para o ano
de 2025, pode-se provar que o aumento de potência das Centrais de Bùrfell (70 MW para
100 MW) e Hvammur (83 MW para 95 MW) seriam economicamente viáveis e se tornariam
reservas seguras de energia.
Como lição aprendida, a incorporação de dados de alterações climáticas, ajudou a vencer o
ceticismo envolto nesses temas e possibilitou um melhoramento da qualidade dos trabalhos
desenvolvidos, visto as dificuldades apresentadas em toda a mudança de pensamento.
O segundo caso de estudo sob a temática “Envolver o público na resiliência climática”
apresentou a iniciativa ÉcoWatt, desenvolvida pela empresa RTE (Rede de Transportes de
Eletricidade de França) nas regiões da Provença-Alpes-Costa Azul (PACA) e Bretanha em
França.
Durante invernos rigorosos, a diminuição de apenas um grau centígrado das temperaturas
externas ocasionaram uma forte exigência energética do sistema nas regiões em questão,
devido a grande parte dos consumos de energia elétrica vir do aquecimento. Pequenas ações
como a regulação dos termostatos para temperaturas mais baixas, contribuem imensamente
para uma conservação do funcionamento seguro do sistema.
Seguindo essa temática, a ÉcoWatt é uma iniciativa que tem por objetivo o controlo de
consumo de eletricidade alertando o público em geral de possíveis interrupções de
fornecimento de energia, devido à sobrecarga da rede. Esta ideia surgiu como uma solução

6
Estado da Arte

paliativa aos problemas de sobrecarga, em virtude de que a construção de uma nova rede
(ou rede de apoio) demoraria muito tempo a ser licenciada e contruída. O público regista-se
no site da empresa e assim recebe alertas (via SMS, e-mail, Facebook e Twitter) sobre o
sistema, e colabora diminuindo o consumo nestes momentos, mantendo o abastecimento em
normal funcionamento.
O programa tornou-se um sucesso devido à grande adesão da comunidade, das autoridades
locais e dos meios de comunicação que, sempre que haviam alertas de sobrecarga,
divulgavam a informação a um número maior de pessoas, não limitando a informação apenas
aos registados no site. Esta iniciativa não foi pensada exclusivamente na adaptação às
alterações climáticas, mas tornou-se uma ideia eficiente de adaptação no sector elétrico.

2.3 Adaptação às Alterações Climáticas ao Nível Nacional

Este sub capítulo apresenta uma iniciativa de adaptação às alterações climáticas ao nível
português. O governo português, no ano de 2010, aprovou a Resolução do Conselho de
Ministros n.º 24/2010 onde criou a Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações
Climáticas (ENAAC), com os objetivos de manter o conhecimento científico atualizado e
disponível; definir de forma integrada, medidas que Portugal deverá tomar para se adaptar e
minimizar as alterações climáticas; aumentar a consciencialização do público geral sobre as
alterações climáticas e seus impactos (Agência Portuguesa do Ambiente, 2018).
O ENAAC foi subdividido em sectores estratégicos e aqui apresenta-se o material
desenvolvido no sector relacionado às energias. Na primeira ação do Grupo de Trabalho, o
qual incluía representantes da Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG), Direção Geral
das Atividades Económicas (DGAE), Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos
(ERSE), Associação de Energias Renováveis (APREN) e empresas do sector de energias,
elaborou-se um relatório (ENAAC,2012), com uma caracterização das áreas de risco e
vulnerabilidades das infraestruturas lineares (transporte e distribuição de energia e
combustíveis) e fixas (locais de produção de energia elétrica) do sector energético,
juntamente com a identificação de medidas e ações de adaptação às alterações climáticas e
as suas barreiras a estas adaptações.
Dentro das conclusões deste relatório, cita-se que as maiores empresas do sector energético
a atuarem em Portugal já empreenderam algumas medidas, com investimentos financeiros
consideráveis, visando diminuir e mitigar o impacte das alterações climáticas nas suas
principais instalações. Mas também foram identificadas ações que deveriam ser postas em
prática, para que a adaptação às alterações climáticas se torne algo usual para as empresas
e para a sociedade num contexto geral. No anexo A apresentam-se as sugestões de

7
Estado da Arte

adaptações as alterações climáticas previstas para Portugal que podem ser aplicadas no
sector energético.
As atividades envolvendo a ENAAC estão decorrendo dentro dos subgrupos sectoriais. No
relatório intercalar #1 (ENAAC, 2016) faz-se uma descrição das atividades desempenhadas,
das dificuldades e dos progressos atingidos no período 2015/2016. No anexo B apresentam-
se as principais ações iniciadas e propostas pelo subgrupo energia no decorrer do período
supracitado.

2.4 Produção e Consumo de Energia em Portugal

Atualmente, em Portugal, para a produção de energia elétrica, conta-se com um parque


eletroprodutor de caraterísticas e fontes variadas. Tem-se uma potência disponível instalada
de 19519 MW, sendo que para as fontes renováveis temos 13046 MW e para as fontes não
renováveis o valor corresponde a 6476 MW (REN, 2017).
Na figura 1, identifica-se a caracterização da matriz elétrica portuguesa por fontes de
produção.

Figura 1 - Parque eletroprodutor de Portugal – Fonte: adaptado (REN, 2017)

Na figura 1 observa-se que Portugal tem um parque eletroprodutor com uma participação
considerável das fontes renováveis (66,84%), tendo como destaque as centrais hídricas
(35,58% - 6 945MW) e as centrais eólicas (25,85% - 5 046 MW).
No anexo C mostram-se os valores de potência instalada correspondentes às fontes de
produção citadas na figura 1.
Analisando-se a produção e o consumo de energia elétrica em Portugal entre 2010 e 2016,
afere-se que os valores se mantiveram praticamente estáveis. Verifica-se, no entanto um
diferencial em 2016, que teve uma produção (55873 GWh) consideravelmente superior ao

8
Estado da Arte

consumo (49269 GWh), e com a exportação de energia (7055 GWh) superando a importação
(1973 GWh), algo que ainda não havia ocorrido nesta década (REN, 2017).
Na figura 2, mostra-se a evolução da produção de energia elétrica em Portugal entre 2010 e
2016, a partir das várias fontes de produção.

Figura 2 - Evolução da produção de energia elétrica (2010-2016) – Fonte: adaptado (REN, 2017).

No anexo D mostram-se os valores da produção e consumo de energia elétrica em Portugal


entre 2010 e 2015 correspondentes às fontes de produção citadas na figura 2.
Como se pode observar, na figura 2, apesar das fontes renováveis terem uma participação
de potência instalada de 66,84%, nem sempre contribuem com a sua total capacidade (ano
2016 – 55,64% e ano 2015 – 48,10%), devido às interferências climáticas e naturais inerentes
aos processos de produção de energia.
Para melhor compreender e enquadrar nos objetivos deste estudo, procedeu-se a uma
caraterização para os anos de 2015 e 2016 do consumo de energia por tipos de consumo e
também uma caraterização mensal de produção/consumo.
Na figura 3, mostra-se o consumo de energia em Portugal entre 2015 e 2016 a partir de
diferentes tipos de consumos.

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Estado da Arte

18000

16000
CONSUMO ENERGIA ELÉTRICA (GWh) 14000

12000

10000

8000

6000

4000

2000

0
Doméstico Não Indústria Agricultura Iluminação Edifícios do Outros
doméstico vias públicas Estado

2015 2016

Figura 3 - Consumo energia elétrica (tipo de consumo) 2015/2016 - Fonte: adaptado (Pordata_a, 2018)

Como se observa na figura 3, a indústria em Portugal é o sector que mais consome energia
elétrica, tendo em 2016 consumido 37,58% (17607,22 GWh), sendo seguido pelo consumidor
doméstico, cujo valor em 2016 correspondia a 27,93% (13086,68 GWh).
No anexo E apresentam-se os valores do consumo de energia elétrica por sector em Portugal
entre 2015 e 2016 correspondentes aos valores citados na figura 3.
Na figura 4, mostra-se a evolução da produção e consumo de energia elétrica entre 2015 e
2016, com as variáveis de importação e exportação de energia incluídas.

6000
ENERGIA ELÉTRICA 2015/2016 (GWh)

5000

4000

3000

2000

1000

0
Apr-15

Jun-15

Aug-15

Dec-15

Apr-16

Jun-16

Aug-16

Dec-16
May-15

Nov-15

May-16

Nov-16
Jan-15
Feb-15
Mar-15

Jul-15

Sep-15

Jan-16
Feb-16
Mar-16

Jul-16

Sep-16
Oct-15

Oct-16

Produção Consumo Exportação Importação

Figura 4 - Cenário da energia elétrica em Portugal (2015/2016) – Fonte: adaptado (REN, 2018)

10
Estado da Arte

Como se observa na figura 4, os maiores consumos de energia sobressaem nos meses dos
anos mais frios, entre dezembro e abril, com picos de consumo em janeiro (jan-15: 4468 GWh
e jan-16: 4413 GWh).
A produção de energia também acompanha a tendência dos consumos, com uma maior
produção nos meses de inverno, com o incremento de produção nas centrais hídricas. Este
fato explica-se pelo clima de Portugal Continental (conforme a classificação de Köppen)
possuir duas regiões climáticas, uma sendo de clima temperado com inverno chuvoso e verão
seco e quente (Csa) e a outra de clima temperado com inverno chuvoso e verão seco e pouco
quente (Csb) (IPMA, 2018).
No anexo F apresentam-se os valores da produção e consumo de energia elétrica entre 2015
e 2016, com as variáveis de importação e exportação de energia identificados na figura 4.
Consoante a importância da contribuição das fontes renováveis em Portugal, na figura 5,
mostra-se o desenvolvimento da produção de energia elétrica por fontes renováveis nos
principais países da UE, e também a média de todos os países que compõem o bloco
económico.

Figura 5 - Evolução Fontes Renováveis na Europa (2010/2016) - Fonte: adaptado (EUROSTAT, 2018)

Como se pode observar na figura 5, Portugal figura entre os países onde mais se produz
energia elétrica a partir de fontes renováveis, contribuindo sensivelmente para as questões
da diminuição das emissões dos GEE, um dos principais causadores das alterações
climáticas atuais.
Visto que Portugal atualmente tem quase 36% do seu parque eletroprodutivo baseado na
geração hídrica, pode-se afirmar que, devido às alterações climáticas, nomeadamente às
secas prolongadas (Lopes et al, 2012), esse quadro poderá sofrer alterações, talvez por se
compensar a baixa na produção de energia elétrica hídrica por fontes não renováveis.

11
Metodologia

3 METODOLOGIA

3.1 Caracterização do Caso de Estudo

As adaptações às alterações climáticas devem abranger todos os sectores da sociedade,


sendo que a parte energética é apenas uma delas e passa em parte por haver uma utilização
racional de energia e também por produzir a mesma de forma mais limpa para que se consiga
diminuir o impacto da nossa atividade no planeta.
O objeto de estudo é a zona centro de Portugal, que é constituída por 12 NUTs III (Oeste,
região de Aveiro, região de Coimbra, região de Leiria, Viseu Dão-Lafões, Beira Baixa, Médio
Tejo, Beiras e Serra da Estrela), 100 municípios e com uma população aproximada de
2 243 934 pessoas, tendo como municípios mais populosos Coimbra (134 348 pessoas) e
Leiria (125 523 pessoas) (CCDRC, 2016).
Nesta zona de Portugal produz-se energia através de fontes renováveis em larga escala e
de diferentes formas. As que têm um maior impacto a nível nacional são a energia produzida
através das centrais térmicas, eólicas e das grandes hídricas que nos últimos anos têm tido
um maior investimento e uma maior produção. Para além destas duas formas de produzir
também há centrais de biogás, pequenas hídricas e parques solares fotovoltaicos, sendo esta
última tecnologia a menos explorada não só na zona centro como também em Portugal. Outro
tipo de forma de produzir energia é através das ondas e marés, potencial que ainda não é
explorado (EEP, 2018).

3.2 Análise da Produção e Consumo de Energia

A zona centro de Portugal atualmente possui muitas formas de produzir energia elétrica,
sendo certo que os seis distritos produzem com uma potência total combinada de 5263,04
MW. Na tabela 1 mostra-se a potência instalada na zona centro, sendo pormenorizada a
informação por fonte de produção e por distrito. Outro dado importante é que a região possui
uma participação de 26,96% no parque electroprodutor de Portugal.

12
Metodologia

Tabela 1 - Potência instalada na Região Centro de Portugal – Fonte: adaptado (EEP, 2018)

POTÊNCIA INSTALADA NA REGIÃO CENTRO DE PORTUGAL (MW)


FONTES DE REGIÃO CASTELO
AVEIRO COIMBRA GUARDA LEIRIA VISEU
ENERGIA CENTRO BRANCO
TÉRMICA 787,65 68,73 49,86 645,53 0,00 6,63 16,90
EÓLICA 3041,12 70,80 502,20 699,21 453,90 213,41 1101,60
FOTOVOLTÁICO 9,28 4,80 0,00 4,40 0,00 0,00 0,09
HIDRICA 1424,99 11,50 131,60 390,50 335,55 43,80 512,04
TOTAL 5263,04 155,83 683,66 1739,64 789,45 263,84 1630,63

Como se pode observar na tabela 1, as centrais eólicas têm uma participação notável
(57,78% - 3041,12 MW) no parque eletroprodutivo da zona centro, e os distritos de Coimbra
(33,05% - 1739,64MW) e Viseu (30,98 % - 1630,63 MW) a maior participação no parque
eletroprodutivo.
A nível mundial, a dependência energética é tendencialmente superior e, por conseguinte, o
consumo também aumenta de forma significativa em todos os sectores económicos. Em
Portugal, e mais especificamente na região centro, o consumo de energia elétrica mantém-
se relativamente estável nos últimos anos. Na tabela 2 mostra-se a evolução do consumo de
energia elétrica na região centro entre os anos de 2010 e 2016, referente à NUTIII.

Tabela 2 - Evolução consumo energia elétrica Região Centro – Fonte: adaptado(Portada_b,2018)

CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA (GWh)


2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
NUT II - REGIÃO
12962,83 12603,53 12063,48 11751,42 11888,08 12088,02 12266,69
CENTRO DE PORTUGAL

NUT III - OESTE 1669,5 1601,77 1486,82 2538,84 2611,09 1458,26 2742,06

NUT III - REGIÃO DE


2611,92 2541,46 2474,29 3672,96 3726,11 2613,08 3740,19
AVEIRO
NUT III - REGIÃO DE
3237,01 3157,08 3093,1 852,91 857,2 3041,92 886,57
COIMBRA
NUT III - REGIÃO DE
1813,25 1759,19 1672,79 575,03 585,51 1651,27 652,01
LEIRIA
NUT III - VISEU DÃO
1081,95 1021,68 964,06 805,76 793,38 980,09 830,08
LAFÕES

NUT III - BEIRA BAIXA 504,21 483,65 475,04 293,82 286,61 471,87 298,5

NUT III - MÉDIO TEJO 1189,59 1216,37 1132,91 1437,6 1464,87 1111,3 1500,31

NUT III - BEIRAS E


855,39 822,33 764,46 1574,5 1563,32 760,22 1616,97
SERRA DA ESTRELA

13
Metodologia

Como se pode observar na tabela 2, as regiões de Aveiro e Coimbra ao longo desses anos
têm contribuído mais significativamente para o consumo de energia elétrica na região centro
de Portugal. No ano de 2016, a região consumiu 24,90% de toda energia produzida em
Portugal neste mesmo ano. A partir dos dados de potência instalada e consumo da região,
apesar da produção de energia elétrica ser muito condicionada pelos fatores climáticos,
principalmente pelos ventos e pelas precipitações e de não nos ter sido possível socorrer de
dados precisos de produção específica da região, supõe-se que a região centro de Portugal,
é autossuficiente em energia elétrica e ainda fornece o seu excedente ao resto do país
Analisa-se também para a região e faz-se um comparativo com Portugal, o consumo médio
de energia elétrica por habitante, para se identificar melhor o perfil de consumo da região
centro. Na tabela 3 mostra-se a evolução do consumo entre os anos de 2010 a 2016,
especificando por cada região.

Tabela 3 - Evolução consumo energia elétrica por habitante – Fonte: adaptado(Pordata_c,2018)

CONSUMO MÉDIO DE ENERGIA ELÉTRICA POR HABITANTE (KWh)


2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

PORTUGAL 4776,80 4655,70 4482,30 4420,90 4436,90 4523,30 4583,50

NUT II - REGIÃO
5552,20 5423,40 5227,80 5131,50 5231,10 5348,30 5451,50
CENTRO DE PORTUGAL

NUT III - OESTE 4609,00 4416,40 4109,00 3978,10 4059,60 4067,50 4136,30

NUT III - REGIÃO DE


7045,30 6868,90 6714,00 6642,60 6869,20 7171,20 7253,90
AVEIRO
NUT III - REGIÃO DE
7006,70 6879,10 6803,50 6671,80 6824,30 6867,60 6846,30
COIMBRA
NUT III - REGIÃO DE
6146,50 5974,00 5704,60 5476,50 5576,20 5707,30 5824,70
LEIRIA
NUT III - VISEU DÃO
4027,20 3825,20 3635,10 3603,60 3629,60 3775,20 3997,60
LAFÕES

NUT III - BEIRA BAIXA 5623,80 5450,20 5428,70 5418,70 5471,20 5614,50 5914,00

NUT III - MÉDIO TEJO 4788,40 4926,10 4627,10 4575,20 4556,80 4659,40 4809,40

NUT III - BEIRAS E


3593,70 3498,50 3298,50 3291,80 3329,90 3411,50 3553,30
SERRA DA ESTRELA

Como se pode observar na tabela 3, os habitantes da região centro de Portugal em média,


consomem mais energia elétrica por habitante do que a média nacional, e as regiões de
Aveiro e Coimbra, como já se demonstrava na tabela 2, têm um perfil com um consumo de
energia maior do que os habitantes das outras regiões do centro de Portugal.
Tendo em vista o propósito deste estudo, as regiões onde estão localizados os municípios
de Aveiro e Coimbra, por terem um perfil de consumo um pouco mais alargado que as demais

14
Metodologia

localidades da região centro de Portugal, seriam apropriados para a implementação de


futuras ações de adaptações às mudanças climáticas.

3.3 Enquadramento Legislativo

As questões energéticas e as adaptações que se pode promover visando as alterações


climáticas, passam também pela legislação nacional. Neste estudo, utilizamos duas
legislações, o Decreto-Lei nº 80/2006 de 4 de abril, que define o Regulamento das
Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE) e o Decreto-Lei n.º
118/2013 de 20 de agosto, que promoveu uma sistematização que produziria uma melhoria
do desempenho energético dos edifícios através do Sistema Certificação Energética dos
Edifícios (SCE), que integra o Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de
Habitação (REH), e o Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de Comércio e
Serviços (RECS).
O DL nº 80/2006 foi alterado pelo DL nº 118/2013, o qual tornou a legislação mais inclusiva
e moderna.
Para efeitos da nossa pesquisa utilizamos informações e definições técnicas dos dois
Decretos-Leis para que nos permitisse utilizar os dados que tínhamos à disposição.

3.4 Definição de Cenários de Climas Futuros

Para analisar até que ponto as alterações climáticas poderiam influenciar as questões
energéticas, como um possível aumento de consumo considerando o tão referido aumento
da temperatura, utilizaram-se projeções de modelos climáticos para cenários futuros, para se
comparar as zonas climáticas já estabelecidas em Portugal pelo DL n.º 80/2006 (RCCTE).
Deste modo podem ser projetadas as possíveis zonas climáticas na região.
Segundo a legislação portuguesa (DL n.º 80/2006), existem as Zonas Climáticas de Inverno
(ZCI) e Verão (ZCV). As ZCI são divididas em três zonas, I1, I2 e I3, onde I1 necessita de
menor aquecimento interno, I2 necessita um aquecimento interno intermédio e I3 necessita
um aquecimento interno maior. As ZCV são divididas em três zonas, V1, V2 e V3, onde V1
necessita menor arrefecimento interno, V2 necessita um arrefecimento interno intermédio e
V3 necessita um arrefecimento interno maior.
O DL n.º 80/2006 estabelecia condições para definir os períodos onde é necessário o
aquecimento nos edifícios (ZCI) e períodos onde é necessário o arrefecimento nos edifícios
(ZCV). Para melhor se trabalhar os dados que obtivemos, definimos períodos fixos, onde
para o período de aquecimento estipulamos entre 1 de outubro até 30 de abril (8 meses) e

15
Metodologia

para o período de arrefecimento entre 1 de maio e 30 de setembro (4 meses). Para a definição


das ZCI, utilizam-se os graus dias de aquecimento (GDA), um indicador muito usado para
determinarmos as necessidades térmicas de aquecimento de edifícios, e para a definição
das ZCV, utiliza-se a média das temperaturas ao longo de determinados períodos para cada
concelho.
Para a nossa metodologia utilizámos também como base teórica o artigo de Spinoni et al
(2017). Os dados climáticos foram analisados considerando a base de dados EOBS
(Haylock, 2008) , que continha registos de temperaturas médias, mínimas e máximas da
região centro de Portugal, entre os anos de 1979 a 2008. O modelo climático regional (RCM)
considerado foi o Alladin-53, que é contemplado na iniciativa EURO-CORDEX e que possui
uma resolução muito precisa de 0,110 (aproximadamente 12,5 km). Este modelo climático
escolhido, possui dados e considerações diferentes conforme a escolha do cenário de
emissões futuras. Para o nosso caso de estudo escolheu-se o cenário de emissões
Representative Concentration Pathways (RCP) 4.5, que nos indica um cenário moderado de
emissão de concentrações de gases de efeito estufa. Este cenário compara com os valores
de emissões da era pré-industrial e indica uma faixa de valor de forçamento radioativo no
final do século XXI (2100) de + 4,5 Watts/m2 (radiação solar).
No presente estudo pretende-se comparar as Zonas Climáticas de Inverno e Verão que
constam no DL n.º 80/2006, com as projetadas para um cenário futuro entre os anos de
2021/2050. Na figura 6 mostra-se os 181 pontos da malha na região centro de Portugal.

Figura 6 - Pontos da malha do modelo regional de clima Alladin-53 na Região Centro de Portugal

16
Metodologia

Para o zoneamento de inverno, definiram-se os GDA a partir da sistemática aplicada por


Spinoni et al. (2017). Na tabela 4 mostram-se as bases de cálculos que aplicamos para
chegarmos à definição dos GDA no período futuro 2021 a 2050.

Tabela 4 - Equações para cálculo dos dias graus de aquecimento – Fonte: adaptado (Spinoni et al., 2017)

CASO CONDIÇÕES GRAUS DIA AQUECIMENTO

T Máxima ≤ T Base
1 GDA = T Base - T Média
(dia uniformemente frio)

T Média ≤ T Base < T máxima GDA = [(T Base - T Mínima) /2] - [(T Máxima -
2
(dia predominantemente frio) T Base) /4]

T Mínima < T Base < T Média


3 GDA = (T Base - T Mínima) /4
(dia predominantemente quente)

T Mínima ≥ T Base GDA = 0


4
(dia uniformemente quente) (Não necessita de aquecimento)

T média adotada = (T Máxima + T Mínima) /2


T Base adotada = 18o C e 20o C

Para concluirmos os graus dias de aquecimento dos 100 municípios, utilizámos a


metodologia dos polígonos de Thiessen no software ArcGis, onde o algoritmo produziu uma
triangulação e gerou polígonos com base nos pontos da malha do modelo de clima, que nos
possibilitou calcular a área de influência de cada ponto dentro da área de cada município.
Essa mesma metodologia foi usada para calcular as temperaturas médias nos municípios
durante o período de arrefecimento (4 meses).
Para os zoneamentos climáticos de inverno estipulados no DL nº 80/2006 e no DL nº
118/2013, há algumas diferenciações. No primeiro o zoneamento de inverno foi promovido
pelos municípios e utilizou uma temperatura base mais elevada (20oC) para o cálculo dos
GDA e no segundo o zoneamento foi realizado por unidades territoriais NUTS III e com uma
temperatura base menor (18oC) para o cálculo dos GDA. Decidiu-se então fazer duas
projeções utilizando as duas temperaturas base e mantendo o zoneamento por município (já
que temos 181 pontos com valores) (DL nº 80/2006), gerando dois novos mapas de
zoneamento climático de inverno futuros.
Para chegarmos aos GDA dos 181 pontos da malha do modelo de clima, fez-se o somatório
diário do período de aquecimento (8 meses por ano) e posteriormente uma média dos 30
anos.

17
Metodologia

Para o zoneamento de verão, utilizou-se o zoneamento por municípios do DL nº 80/2006 e a


metodologia de equações citadas no DL nº 118/2013 (tabela 5), juntamente com as médias
de temperaturas futuras apresentadas pela simulação dos modelos de clima.
Na tabela 5 mostra-se as condições de definição das zonas climáticas de Inverno e Verão.
Tabela 5 - Equações para definição das zonas climáticas – Fonte: adaptado Decreto-Lei n.º 118/2013
ZONA CLIMÁTICA DE INVERNO
CRITÉRIO GDA ≤ 1300 1300 < GDA ≤ 1800 GDA > 1800
ZONA I1 I2 I3
ZONA CLIMÁTICA DE VERÃO
CRITÉRIO T MÉDIA ≤ 20oC 20oC < T MÉDIA ≤ 22oC T MÉDIA > 22oC
ZONA V1 V2 V3

A partir dos dados de temperaturas projetados para o cenário climático entre 2021 e 2050
podem-se avaliar possíveis alterações nos consumos energéticos domésticos na região
Centro de Portugal.

18
Apresentação e Discussão de Resultados

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS

4.1 Zonamento Climático na região Centro de Portugal

Considerando as projeções climáticas para cenários futuros, pode-se verificar que haverá um
provável aumento das temperaturas nesta região de Portugal, decorrente principalmente da
contínua emissão excessiva de gases de efeito estufa.
Iniciaremos com os resultados relativos ao período onde se verifica as condições de
aquecimento dos edifícios. A legislação portuguesa (DL n.º 80/2006 e n.º 118/2013) define 3
classificações (I1, I2 e I3) para as zonas climáticas de inverno, onde as mesmas possuem
necessidades crescentes de aquecimento para os edifícios.
Na figura 7 mostra-se as ZCI referidas no DL n.º 80/2006 e as ZCI projetadas a partir do
cenário climático para o período 2021 a 2050, utilizando duas temperaturas base de
referências diferentes, como explicado anteriormente.

Figura 7 - ZCI observadas e projetas da zona centro de Portugal.

Os valores projetados para os GDA apresentaram valores significativamente maiores,


utilizando como temperatura base 20o C e quase na totalidade valores mais baixos, utilizando
como temperatura base 20o C. Como podemos observar na figura 7, gerou 2 mapas
consideravelmente diferentes e que nos indicam 2 cenários possíveis.

19
Apresentação e Discussão de Resultados

No primeiro cenário, devido o DL nº 80/2006 estabelecer uma temperatura de base maior,


projetam-se maiores consumos energéticos devido às maiores necessidades de
aquecimento dos edifícios.
No segundo cenário possível, devido o DL nº 118/2013 estabelecer uma temperatura de base
menor, projeta-se consumos ligeiramente menores que os atuais, os quais indicam uma
estabilização ou mesmo uma diminuição de consumos energéticos para essa época do ano.
Para se exemplificar as mudanças no zoneamento climático de inverno, na tabela 6 mostra-
se a quantificação do zonamento por número de municípios, prevista nos dois mapas
gerados.

Tabela 6 - Comparação entre as Zonas Climáticas de Inverno

CENÁRIO 2021/2050 CENÁRIO 2021/2050


DL Nº 80/2006
ZCI T BASE 20º C T BASE 18º C
(Nº MUNÍCIPIOS)
(Nº MUNÍCIPIOS) (Nº MUNÍCIPIOS)
I1 31 0 34
I2 49 45 45
I3 20 55 21

Pelos dados obtidos, pode-se observar que os aumentos de temperatura serão mais notáveis
nos municípios localizados na costa ocidental e na parte central da região centro de Portugal.
Para ilustrarmos melhor essa condição, nas figuras 8 e 9 mostra-se a evolução dos GDA para
o município de Aveiro no período 2021 a 2050, com as duas temperaturas base de referência
diferentes. Escolheu-se esta localidade, por a mesma apresentar dentro da região centro de
Portugal um maior consumo de energia elétrica e por ser então uma potencial região a ser
mais atingida pelas alterações climáticas, visto o comportamento de consumo energético.

2100
GRAUS DIA DE AQUECIMENTO ANUAIS -

2000
TBASE 20O C - MUN. DE AVEIRO

1900

1800

1700

1600

1500

1400
2021
2022
2023
2024
2025
2026
2027
2028
2029
2030
2031
2032
2033
2034
2035
2036
2037
2038
2039
2040
2041
2042
2043
2044
2045
2046
2047
2048
2049
2050

Figura 8 - GDA para o município de Aveiro - T base 20º C - Período 2021-2050

20
Apresentação e Discussão de Resultados

1700

GRAUS DIA DE AQUECIMENTO ANUAIS - 1600


TBASE 18O C - MUN. DE AVEIRO

1500

1400

1300

1200

1100

1000
2021
2022
2023
2024
2025
2026
2027
2028
2029
2030
2031
2032
2033
2034
2035
2036
2037
2038
2039
2040
2041
2042
2043
2044
2045
2046
2047
2048
2049
2050
Figura 9 - GDA para o município de Aveiro - T base 18º C - Período 2021-2050

Ao longo dos 30 anos projetados obteve-se valor médio de GDA de 1790,24 (T base 20º C)
e 1366,06 (T base 18º C), valores estes acima e um pouco abaixo (respetivamente) do valor
constante no DL n.º 80/2006, que é de 1390. Para ambos os cenários projetados houve
mudanças significativas, indicando-nos também uma mudança no zoneamento climático de
inverno (I1 para I2 nos dois cenários) devido às possíveis diminuições de temperaturas na
localidade. Como referido anteriormente, com o aumento da necessidade de aquecimento
nos edifícios da região de Aveiro, poderá haver um desequilíbrio no sistema e nas estruturas
da rede elétrica durante o período de inverno.
Neste ponto mostram-se os resultados relativos ao período onde se verificam as condições
de arrefecimento dos edifícios. A legislação portuguesa (DL n.º 80/2006 e n.º 118/2013)
define 3 classificações (V1, V2 e V3) para as zonas climáticas de verão, onde as mesmas
possuem necessidades crescentes de arrefecimento para os edifícios.
Na figura 10 mostra-se as ZCV referidas no Decreto Lei nº 80/2006 e as ZCV projetadas a
partir do cenário climático 2021/2050 e utilizando as definições do DL n.º 118/2013.

21
Apresentação e Discussão de Resultados

Figura 10 - ZCV observadas e projetas da zona centro de Portugal.

Como se pode observar na figura 10, existiram mudanças mais significativas no zonamento
climático de verão, indicando que as temperaturas tenderão a aumentar mais no período
entre 1 de maio e 30 de setembro. Na tabela 7 mostra-se a quantificação do zonamento por
número de municípios, prevista nos mapas gerados.

Tabela 7 - Comparação entre as Zonas Climáticas de Verão

DL Nº 80/2006 CENÁRIO 2021/2050


ZCV
(Nº MUNÍCIPIOS) (Nº MUNÍCIPIOS)
V1 34 0
V2 41 26
V3 25 74

Pelos dados obtidos, pode-se observar que os aumentos de temperatura serão mais notáveis
nos municípios localizados na costa ocidental da região centro de Portugal. Esse elevado
aumento nas zonas V3 (25 para 74), poderão acarretar aumentos nos consumos devido às
necessidades maiores de arrefecimento nos edifícios e também causar um certo
desequilíbrio no sistema de produção/consumo em Portugal, visto que os períodos de maior
produção estão concentrados no período de inverno.
Para o município de Aveiro mantém-se a tendência de maiores arrefecimentos supra
identificados, com uma mudança do zoneamento climático de verão, passando de uma zona
V1 para uma zona V3. Essa mudança também no período de verão, coloca esta região como
uma propícia localidade para investimentos e investigação de medidas de adaptações às
alterações climáticas no sector energético. No anexo G mostram-se os dados utilizados para
construir os mapas do zoneamento climático para a região centro de Portugal.

22
Apresentação e Discussão de Resultados

4.2 Medidas de Adaptação

A partir dos resultados obtidos, e considerando o cenário em que a temperatura base para
os GDA são 20ºC, temos épocas em que as necessidades de aquecimento serão maiores do
que atualmente no inverno e as temperaturas serão superiores no verão levando a que os
edifícios necessitem de uma maior capacidade de aquecimento e arrefecimento, ou seja, a
um maior consumo de energia global. Para o cenário em que a temperatura base para os
GDA são 18ºC as necessidades de aquecimento de inverno vão ser praticamente as
mesmas, sendo que essa necessidade de energia, em qualquer um dos casos, pode ser
colmatada com a consciencialização da necessidade de haver uma utilização racional de
energia e também com a implementação de sistemas que tenham um menor consumo.
Tendo em conta que na União Europeia 40% da energia produzida é consumida por edifícios
e que 75% dos edifícios existentes foram construídos antes da entrada em vigor de qualquer
regulação para o uso de energia(Joyce,2018), pode se afirmar que grande parte deste
consumo se deve à ineficiência energética dos mesmos, tornando a sua reabilitação uma das
mais importantes medidas de adaptação para a diminuição do seu consumo.
Para reduzir os consumos energéticos num edifício é possível intervir a vários níveis, pois
são vários os fatores que contribuem para o consumo, sendo certo que um deles é o
comportamento térmico do edifício. O comportamento térmico é maioritariamente afetado
pela localização, orientação e pelos materiais utilizados na construção do mesmo.
Uma boa escolha destes fatores na construção de um edifício consegue reduzir
significativamente o consumo de energia, por exemplo, no inverno, se estiver orientado de
forma a aproveitar as horas de sol com isolamento térmico correto, reduz as necessidades
de aquecimento, e da mesma forma se forem feitas palas de sombreamento, no verão, o
edifício irá estar mais fresco.
Em edifícios já construídos também é possível melhorar o seu comportamento térmico, e em
Portugal o projeto More-Conecte (Barbosa et al, 2018) pretende a remodelação de
habitações de forma a que estas tenham o mínimo de consumos e uma das medidas é a
aplicação de painéis modulares exteriores com isolamento térmico em edifícios antigos os
quais possibilitam uma poupança global de 25% da energia consumida e reduzindo ainda o
nível de humidade no interior do edifício.
Outro dos fatores importantes para melhoria térmica são os vãos envidraçados, que
representam 25 a 30% das perdas de calor de uma habitação (Energia e Edifícios, 2008), a

23
Apresentação e Discussão de Resultados

escolha correta de caixilharia e tipo de vidro a utilizar pode representar 50% da diminuição
destas perdas de calor por essa fonte.
Para além da climatização uma grande parte da energia é gasta com iluminação, que
atualmente há uma vasta gama de iluminarias que conseguem poupanças de até mais de
50% e, para além das lâmpadas, também existem dispositivos reguladores da intensidade
da luz que permitem reduzir a mesma conforme a presença de luz natural diminuindo assim
ainda mais o consumo de eletricidade. Da mesma forma que é gasta muita energia com
iluminação também é gasta muita energia com equipamentos que, não raras vezes podem
ser substituídos por outros mais eficientes reduzindo a fatura elétrica.
Uma outra forma de reduzir o consumo de energia é através da utilização de energias
renováveis, por exemplo para aquecimento em vez da utilização de caldeiras ou aquecedores
é possível utilizar-se um painel solar de aquecimento que se bem dimensionado ou mesmo
em conjunto com outros sistemas como cogeração e esquentadores, consegue suprir as
necessidades de aquecimento de uma habitação e dependendo do equipamento o mesmo
sistema solar consegue tanto produzir calor como frio fazendo assim face às necessidades
de aquecimento como de arrefecimento (Vimasol, 2018). O contra destes equipamentos de
aquecimento e arrefecimento são os custos de aquisição que muitas vezes não compensam
o investimento.
Para além destas medidas que diminuem o gasto de energia, designadas de medidas
passivas, também existem várias medidas ativas, ou seja, equipamentos que produzem
energia. Atualmente, discute-se muito os sistemas de autoconsumo normalmente
constituídos por painéis solares fotovoltaicos como forma de diminuir os consumos de
energia. Para além de painéis fotovoltaicos, há também micro aerogeradores que aproveitam
o vento para produzir energia e que, em muitos casos podem ser mais proveitosos do que os
painéis, mas são também mais dispendiosos.
Pelo mundo há vários casos de urbanizações Zero Energy Development (ZED), que
consistem na construção ou reabilitação de vilas de forma a serem carbono positivas,
sustentáveis e que levem a um estilo de vida saudável (BioRegional, 2018). Um desses
exemplos é a Eco-Viikki, em Helsínquia na Finlândia que foi construído entre 1999 e 2004
(figura 11).
Durante a construção deste bairro foram tidos em conta alguns critérios ecológicos que
guiaram o projeto, como a redução de poluentes, o uso de recursos naturais e renováveis
com o objetivo de reduzir os combustíveis fósseis e a energia adquirida, a melhoria do clima
interior das habitações, da ventilação natural e do aproveitamento da luz solar, entre outros.
Para a eficiência energética foram colocados dois sistemas de aquecimento solar que servem
um total de 10 edifícios e a rede de aquecimento urbano foi feita com base em cogeração,
isto é, um processo de produção e de utilização combinada de calor e eletricidade que

24
Apresentação e Discussão de Resultados

permite aproveitar mais de 70% da energia térmica proveniente dos combustíveis utilizados
nesse processo. Além disso, um dos blocos de apartamentos possui painéis de energia solar
que permitem que essa mesma energia seja convertida em eletricidade e sirva as habitações.
Com estas medidas e face às habitações convencionais, o bairro de Eco-Viikki apresenta
valores de emissões de dióxido de carbono 50% inferiores e sendo que para energia de
aquecimento necessária os valores são cerca de 30% dos necessários para as habitações
convencionais (Energie Cities, 2018).

Figura 11 - Bairro Eco-Viikki – Helsinki/Finlândia

4.3 Proposta de Boas Práticas

Para haver uma diminuição do consumo de energia é necessário que as pessoas tenham a
noção da importância da sua racionalização e dos benefícios que isso pode trazer e a partir
de um pensamento resiliente, a adoção de boas práticas se tornará muito mais fácil.
Na tabela 8 apresentam-se alguns exemplos de medidas para reabilitação e diminuição dos
custos energéticos em edifícios em geral.

Tabela 8 - Proposta de boas práticas de adaptação para o uso energético em edifícios

UTILIZAÇÃO RACIONAL DE ENERGIA

MAIOR CONSCIÊNCIA DA SUA


INFORMAÇÃO SOBRE UTILIZAÇÃO DE
UTILIZAÇÃO
ENERGIA
ADOÇÃO DE COMPORTAMENTOS MAIS
BENÉFICOS

AUMENTO DO ISOLAMENTO TÉRMICO NAS PAREDES

25
Apresentação e Discussão de Resultados

COLOCAÇÃO DE ISOLAMENTO TÉRMICO


PELO EXTERIOR

COLOCAÇÃO DE ISOLAMENTO TÉRMICO


NA CAIXA DE AR (PAREDE DUPLA)

NAS COBERTURAS INCLINADAS E NOS


PAVIMENTOS

SUBSTITUIÇÃO DE VIDRO SIMPLES POR


VIDRO DUPLO

MELHORIA DOS ENVIDRAÇADOS CAIXILHARIA COM CORTE TÉRMICO

ENVIDRAÇADOS DE ELEVADO
DESEMPENHO TÉRMICO

AQUECIMENTOS/ARREFECIMENTO
ADOÇÃO DE SISTEMAS SOLARES
PASSIVOS SISTEMAS DE COGERAÇÃO EM
CONJUNTO COM SISTEMAS SOLARES

PAINÉIS FOTOVOLTAICOS

MICRO AEROGERADORES
APROVEITAMENTO DE FONTES
RENOVÁVEIS AQUECIMENTO POR QUEIMA DE
PELLETS

UTILIZAÇÃO DE OUTRAS FONTES


RENOVÁVEIS (GEOTÉRMICA, HÍDRICA)

APARELHOS E ELETRODOMÉSTICOS DE
CLASSE A OU SUPERIOR

ESCOLHA DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS UTILIZAR LÂMPADAS LED OU


MAIS EFICIENTES ECONOMIZADORAS

UTILIZAR REGULADORES DE
INTENSIDADE

Tendo em vista a temática deste projeto, as medidas supramencionadas, aliadas a politicas


públicas de educação e de acesso a recursos financeiros para a implementação prática
destas ideias, seriam de extrema valia para uma amenização dos efeitos das alterações
climáticas no sector energético.

26
Conclusões

5 CONCLUSÕES

Com o presente projeto pretendeu-se prever a possível variação das temperaturas para o
período de 2021 a 2050 e também apresentar medidas que de alguma forma possam
minimizar o consumo de energia nesses cenários.
A elaboração deste trabalho passou primeiramente pela análise da produção e dos consumos
de energia da zona centro de Portugal, e foi neste âmbito que se fez a previsão de cenários
de climas futuros.
Para a estação de inverno realizou-se a modelação para dois cenários. Num deles a variação
das zonas climáticas era bastante visível havendo um aumento das zonas I3, representando
assim um aumento geral das necessidades de aquecimento dos edifícios e
consequentemente o gasto de mais energia. No outro caso as zonas climáticas mantiveram
se praticamente as mesmas, não havendo mudanças significativas, o que leva a consumos
parecidos aos atuais. Essa diferenciação das zonas climáticas nos dois cenários se explica
pelas diferentes temperaturas bases adotadas nos DL n.º 80/2006 (20º C) e n.º 118/2013
(18ºC), que apontam necessidades distintas de aquecimento nos interiores dos edifícios.
No caso do verão nota-se uma variação muito grande nas zonas climáticas havendo um
aumento significativo da zona V3 revelando que irá haver um aumento significativo das
necessidades de arrefecimento.
Dado estes cenários conclui-se que é extremamente necessária uma mudança de
comportamento em relação ao uso de energia e também uma reabilitação do parque
edificado português, tendo em conta que a maioria dele está construído de forma ineficiente
em relação ao consumo energético. Medidas como palas de sombreamento, envidraçados
com elevado desempenho térmico ou a utilização racional da energia têm potencial de
poupança económico muito elevado.

27
Bibliografia

BIBLIOGRAFIA

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Acedido em: 14 de junho de 2018

30
Anexos

Anexos

31
Anexo A - Sugestões de adaptações as alterações climáticas previstas para Portugal no setor energético

ANEXO A - SUGESTÕES DE ADAPTAÇÕES AS


ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS PREVISTAS PARA
PORTUGAL NO SECTOR ENERGÉTICO

Tabela 9 - Adaptações para as infraestruturas lineares/fixas – Fonte: adaptado (ENAAC, 2012)

INFRAESTRUTURAS LINEARES

Variáveis climáticas Impacte /


Medidas de adaptação
críticas / Vulnerabilidades Sistema onde ocorre

> Redução da potência nominal > Identificação dos principais pontos fracos do
> Redução da flexibilidade na sistema e realizar de estudos complementares para
Temperatura /
gestão das redes avaliar a possível expansão do sistema em termos da
Aumento da temperatura
sua resiliência, nomeadamente através de sistemas
/ Operação de subestações em anel ou de interligações.

>Inundações;
> Redução da segurança do >Identificação das instalações sujeitas a riscos de
abastecimento. inundação;
Precipitação / > As subestações podem ficar > Avaliação técnico-económica de eventuais
Precipitação intensa, inoperacionais, conduzindo á investimentos a realizar nestas instalações para a
inundações redução da segurança no redução dos riscos, como a colocação de muros, a
abastecimento. instalação de bombas, a colocação de equipamentos
a cota superior, entre outros.
/ Operação de subestações

>Instabilidade das
>Identificação das instalações sujeitas a riscos de
infraestruturas. As subestações
erosão;
podem ficar inoperacionais,
Precipitação / > Avaliação técnico-económica de eventuais
conduzindo á redução da
Aumento da erosão investimentos a realizar nestas instalações para a
segurança no abastecimento.
redução dos riscos, como a instalação de estruturas
de contenção de movimento de terras, entre outras.
/ Operação de subestações

>Eventual redução da potência


nominal >Identificação dos principais pontos fracos do
> Redução da flexibilidade na sistema e realização de estudos complementares
Temperatura / gestão das redes para avaliar a expansão do sistema em termos da
Aumento da temperatura sua resiliência.
/ Operação de cabos > Para linhas novas, reformulação dos parâmetros de
subterrâneos elétricos e linhas cálculo
aéreas

>As instalações podem ficar >Identificação das infraestruturas sujeitas a riscos de


Precipitação / inoperacionais, conduzindo a inundação;
Precipitação intensa, perda de resiliência do sistema > Avaliação técnico-económica de eventuais
inundações e subida do e perdas no abastecimento. investimentos a realizar nestas instalações para a
nível médio da água do redução dos riscos, nomeadamente soluções
mar / Operação de cabos diferentes de traçado das redes, utilização de cabos
subterrâneos elétricos “submarinos”, etc.

>Instabilidade das
infraestruturas. As instalações
>Identificação das infraestruturas sujeitas a riscos
podem ficar inoperacionais,
de erosão;
conduzindo a perda de
Precipitação / >Avaliação técnico-económica de eventuais
resiliência do sistema e perdas
Aumento da erosão investimentos a realizar nestas instalações para a
no abastecimento.
redução dos riscos, nomeadamente soluções
diferentes de traçado das redes, etc.
/ Operação de cabos
subterrâneos elétricos

32
Anexo A - Sugestões de adaptações as alterações climáticas previstas para Portugal no setor energético

>Redução da potência nominal;


>Aumento das “flechas”
(diminuição da distância dos
cabos ao solo, árvores, etc)
>Redução da flexibilidade na >Eventuais modificações nas linhas aéreas como por
Temperatura /
gestão das redes; exemplo, alteamento dos condutores, utilização de
Aumento da temperatura
> Eventual ocorrência de outro tipo de condutores, etc.
contornamentos.

/ Operação de linhas aéreas


elétricas
>Inundações.
> Risco de saída de serviço da
> Identificação das infraestruturas sujeitas a riscos de
infraestrutura, e redução da
Precipitação / inundação;
segurança do fornecimento.
Precipitação intensa, > Avaliação técnico-económica de eventuais
> As instalações podem ficar
inundações e subida do investimentos a realizar nestas instalações para a
inoperacionais, conduzindo a
nível médio de água do redução dos riscos, nomeadamente soluções
perda de resiliência do sistema
mar diferentes de traçado das redes, utilização de cabos
e perdas no abastecimento.
“submarinos”, etc.
/ Operação de linhas aéreas
>Instabilidade das
infraestruturas. As instalações
> Identificação das infraestruturas sujeitas a riscos de
podem ficar inoperacionais,
erosão;
conduzindo a perda de
Precipitação / >Avaliação técnico-económica de eventuais
resiliência do sistema e perdas
Aumento da erosão investimentos a realizar nestas instalações para a
no abastecimento.
redução dos riscos, nomeadamente soluções
diferentes para o traçado das redes, etc.
/ Operação de linhas aéreas
elétricas
> Eventual queda de
condutores e apoios >Identificação das infraestruturas sujeitas a estes
>As instalações podem ficar riscos;
Vento e Temperatura / inoperacionais, conduzindo a > Avaliação técnico-económica de eventuais
Ventos extremos (ex.: perda de resiliência do sistema investimentos a realizar nestas instalações para a
ciclones), nevões e perdas no abastecimento. mitigação dos riscos, nomeadamente soluções
construtivas diferentes, como por exemplo apoios
/ Operação de linhas aéreas reforçados, condutores especiais, etc.
elétricas
>Eventual saída de serviço das
linhas
>Identificação das infraestruturas sujeitas a estes
>As instalações podem ficar
riscos;
Precipitação / inoperacionais, conduzindo a
> Avaliação técnico-económica de eventuais
Tempestades (trovoadas perda de resiliência do sistema
investimentos a realizar nestas instalações para a
intensas) e perdas no abastecimento.
mitigação dos riscos, nomeadamente melhor
coordenação de isolamento, etc.
/ Operação de linhas aéreas
elétricas
>Redução da potência nominal
> Eventual saída de serviço
das instalações
Temperatura, Vento, > Eventual queda de
> Necessidade de executar mais estudos,
Precipitação/ condutores e apoios
designadamente na avaliação das restrições para a
Aumento temperatura; > Eventual ocorrência de
gestão da rede.
Precipitação intensa, contornamentos
>Definição e implementação Plano de Emergência.
inundações e subida do > Redução da flexibilidade na
> Formação e treino para gestão de situações de
nível médio de água do gestão do sistema, com
crise.
mar eventual necessidade de
reposição faseada do
abastecimento.
/ Gestão do sistema elétrico

INFRAESTRUTURAS FIXAS

Variáveis climáticas Impacte /


Medidas de adaptação
críticas / Vulnerabilidades Sistema onde ocorre

Centrais hídricas (CH); Centrais térmicas (CT); Parques eólicos (PE); Postos de redução de pressão de gás natural
(PRGN); Refinarias/armazenagem e/ou distribuição de produtos petrolíferos (PP); Postos de redução e medida de
gás (PR/MG); Unidades Autónomas de regaseificação de gás natural liquefeito (UA)

33
Anexo A - Sugestões de adaptações as alterações climáticas previstas para Portugal no setor energético

> Perturbação e/ou paragem de


operação nas CT, CH e PE,
PR/MG e UA
>Nos PRGN a operação
poderá ser seriamente afetada
uma vez que os controlos de >Uso generalizado de sistemas de previsão
segurança funcionam em > Planos de Emergência internos e externos
função da pressão, podendo > Planos de continuidade de negócio
assim ser originadas paragens > Manutenção preventiva das turbinas eólicas, para
indevidas. Quando repetidos que estejam sempre operacionais os sistemas de
estes episódios conduzem a controlo de excesso de velocidade das pás
maior desgaste dos sistemas >Nos PRGN: implementação de estruturas em anel
Precipitação e vento de controlo. > Necessidade de desenvolver trabalhos
/Eventos climatéricos >Perturbação do complementares para corroborar a significância
extremos – tempestades – funcionamento das PP, destes impactes.
aumento em frequência e nomeadamente por > Nos PE: existência de equipas no terreno,
em intensidade perturbação do funcionamento formadas por operadores e supervisores, com
das infraestruturas portuárias capacidade de intervenção em poucas horas
> Afetação da segurança das > Verificação de critérios de dimensionamento de
infraestruturas de produção de infraestruturas em altura.
produtos petrolíferos com > Formação e sensibilização dos responsáveis sobre
unidades e/ou estruturas em segurança em obra
altura. > Cumprimento das medidas de segurança aplicáveis
> Nas PR/MG e UA – limitação e exigíveis em obra
do acesso; queda de
objetos/estruturas próximas;
atraso nas obras/entrada em
funcionamento (fase de
construção)

Centrais térmicas (CT); Refinarias/armazenagem e/ou distribuição de produtos petrolíferos (PP)

Temperatura >Perturbação das CT


/Eventos climatéricos refrigeradas com a água do >Instalação de sistemas adicionais de limpeza na
extremos – alteração das mar por existência de adução de centrais para evitar o problema da
condições físicas e quantidade excessiva de algas formação de quantidade excessiva de algas
biológicas do meio hídrico no sistema de adução

Centrais hídricas (CH); Centrais térmicas (CT); Parques eólicos (PE); Postos de redução de pressão de gás natural
(PRGN); Refinarias/armazenagem e/ou distribuição de produtos petrolíferos (PP); Postos de redução e medida de
gás (PR/MG); Unidades Autónomas de regaseificação de gás natural liquefeito (UA)

>Uso generalizado de sistemas de previsão


>Planos de Emergência internos e externos
> Planos de continuidade de negócio
> Colocação dos sistemas auxiliares, como por
exemplo bombas a cotas mais elevadas
> Instalação de sistemas de bombagem em zonas de
inundação
>Perturbação e/ou paragem de
>Construção de muros de proteção
operação nas CT, PR/MG e
> Duplicação dos circuitos de alimentação aos
nas UA
descarregadores de superfície e instalação de grupos
Precipitação / >Nas CH descarregamento de
diesel para uso exclusivo dos descarregadores
Precipitação intensa e água nos descarregadores de
>Verificação hidráulica e critérios de
inundações cheia com a consequente
dimensionamento de sistemas de drenagem,
perda de turbinamento
tratamento de efluentes líquidos (águas pluviais e
>Nas PP – inundação produção
residuais) e bacias de contenção de matérias-primas
de efluentes em excesso.
e produtos petrolíferos acabados
> Verificação de critérios de dimensionamento de
infraestruturas em altura
>Evitar construção em zonas de inundação
>·Eventual construção de zonas de retenção de
cheias, dimensionadas com base no historial de risco
da zona onde está colocada a infraestrutura

34
Anexo A - Sugestões de adaptações as alterações climáticas previstas para Portugal no setor energético

Centrais hídricas (CH); Centrais térmicas (CT); Parques eólicos (PE); Postos de redução de pressão de gás natural
(PRGN); Refinarias/armazenagem e/ou distribuição de produtos petrolíferos (PP); Postos de GPL (PGPL)

> Nas CT e nos PGPL


possibilidade de paragem por
falta de caudal de refrigeração
> Recurso a fornecimento externo de água
> Nos PGPL – aumento de
desmineralizada (para compensação do circuito
pressão do reservatório,
água-vapor), através do recurso a furos externos e
libertação de gás para a
abastecimento público
Precipitação / atmosfera e inflamação
> Quando possível, seleção de Grupos reversíveis
Secas frequentes e mais > Nas CH indisponibilidade de
em novos projetos que permitem a produção de
prolongadas água para turbinamento por se
eletricidade mesmo em situações de seca
destinar a outros fins, como o
> Instalação de torres de refrigeração nas novas
abastecimento humano e
centrais em vez de sistemas de refrigeração direto
agrícola.
aos condensadores, sempre que se justifique.
> Nas PP – paragens na
operação por indisponibilidade
de água para o processo

Centrais hídricas (CH); Centrais térmicas (CT); Parques eólicos (PE); Postos de redução de pressão de gás natural
(PRGN); Refinarias/armazenagem e/ou distribuição de produtos petrolíferos (PP); CT – Biomassa

> Nas CT possibilidade de


perda de rendimento
> Nas PH indisponibilidade de >Reforço/revisão do planeamento do uso da água
água para turbinamento devido armazenada nas albufeiras
a maior consumo para > Necessidade de verificação das janelas de
abastecimento humano e operação de equipamentos de contenção primária
agrícola. (linhas de transporte e equipamentos de
> Nas PP – Afetação das armazenagem, etc.)
Temperatura /
características das matérias- > Necessidade de desenvolver trabalhos
Aumento da temperatura
primas e produtos petrolíferos complementares para corroborar a significância
global
acabados destes impactes no desempenho no setor da
> Nas PP – diminuição do refinação, a curto prazo decorrentes de ondas de
desempenho das torres de calor, e a longo prazo, sob o aumento efetivo da
refrigeração temperatura. CT Biomassa - Alteração nas condições
> Verificação de critérios de de armazenagem de matéria-prima e biomassa,
dimensionamento de unidades minimizando o risco de incêndio
processuais com maior
sensibilidade à temperatura

CT – Biomassa

> Alteração da
> medidas de adaptação da floresta, atual e do
disponibilidade e da dispersão
futuro, e da sociedade (que será quem implementará
geográfica de biomassa
a adaptação) de modo a fazer face às perspetivas
residual florestal, fruto da
> Apesar do impacte relacionado com as pragas
diminuição potencial da
afetar positivamente a produção de eletricidade em
produtividade, do aumento dos
centrais termoelétricas a biomassa, terá outras
fogos e das pragas
Conjugação de diversos consequências muito mais gravosas, pelo que deverá
> Aumento da atividade de
agentes climáticos ser mitigado, através de criação de mecanismos de
pragas florestais, devido ao
monitorização e do controlo do risco de entrada de
aumento da temperatura,
novos agentes bióticos através das importações e da
diminuição da precipitação e
promoção de uma gestão florestal ativa e a
aumento da área ardida,
promoção da investigação e desenvolvimento para o
resultando em maior
desenvolvimento de novas (e mais eficazes) medidas
disponibilidade de biomassa
de combate às pragas florestais
para queima

35
Anexo B - Ações e Medidas Propostas pelo Subgrupo Energia (ENAAC)

ANEXO B – AÇÕES E MEDIDAS PROPOSTAS PELO


SUBGRUPO ENERGIA (ENAAC)

Tabela 10 - Ações e medidas propostas pelo subgrupo Energia – Fonte: adaptado (ENAAC, 2016)

AÇÕES E MEDIDAS ESTADO

MELHORAR O NÍVEL DE CONHECIMENTO SOBRE AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

Identificação de impactos no sector da oferta de energia por


cruzamento das vulnerabilidades ao clima com os riscos específicos Em curso
das alterações climáticas em Portugal.

Modelação da procura de energia com sensibilidade ao clima. Proposta

Adição de sensibilidade ao clima em modelos de cenarização do


Iniciada
sector energético nacional.

Base de dados de literatura académica e relatórios relacionados com


Iniciada
alterações climáticas e energia em Portugal.

PROMOVER A INTEGRAÇÃO DA ADAPTAÇÃO EM POLÍTICAS SECTORIAIS

Climate proofing dos planos do sector energético. Iniciada

Climate proofing da legislação e regulamentos do sector energético. Proposta

Análise de políticas e medidas governamentais e empresariais


tendentes a aumentar a resiliência do sector energético e da sua Iniciada
convergência com os objetivos da adaptação.

Identificação de políticas e medidas governamentais e empresariais


tendentes a aproveitar as oportunidades associadas às alterações Proposta
climáticas.

IMPLEMENTAR MEDIDAS DE ADAPTAÇÃO

Diagnóstico junto dos stakeholders – 1ª fase, do nível de


Iniciada
implementação das medidas de adaptação identificadas.

Diagnóstico junto dos stakeholders – geral, do nível de implementação


Proposta
de medidas de adaptação às alterações climáticas.

36
Anexo C – Potência instalada em Portugal

ANEXO C – POTÊNCIA ELÉTRICA INSTALADA EM


PORTUGAL

Tabela 11 - Potência Instalada em Portugal – Fonte: adaptado (REN, 2017)

POTÊNCIA INSTALADA (MW)


FONTES RENOVÁVEIS
HÍDRICA 6945
EÓLICA 5046
BIOMASSA 615
SOLAR 439
TOTAL 13046
FONTES NÃO RENOVÁVEIS
CARVÃO 1756
GÁS NATURAL 4657
OUTROS 60
TOTAL 6473
BOMBAGEM HIDRELÉTRICA 2437
TOTAL INSTALADO 19519

37
Anexo D – Produção energia elétrica em Portugal (2010-2016)

ANEXO D – PRODUÇÃO ENERGIA ELÉTRICA EM


PORTUGAL (2010-2016)

Tabela 12 - Evolução da produção de energia elétrica (2010-2016) – Fonte: Fonte: adaptado (REN, 2017)

PRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA (GWh)


ANO 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
PRODUÇÃO TOTAL 50087 48428 42553 47837 49002 48165 55873
CONSUMO TOTAL 52198 50503 49060 49155 48825 48964 49269
PRODUÇÃO POR FONTES RENOVÁVEIS
HÍDRICA 15835 11240 5332 13483 15314 8453 15413
EÓLICA 9024 9003 10011 11751 11813 11334 12188
BIOMASSA 2299 2566 2624 2692 2693 2618 2687
SOLAR 204 262 357 446 596 760 781
TOTAL DA PRODUÇÃO 27363 23071 18325 28373 30416 23165 31069
PRODUÇÃO POR FONTES NÃO RENOVÁVEIS
CARVÃO 6553 9128 12136 10953 11 066 13677 11698
GÁS NATURAL 14410 14367 10208 6908 6325 9807 11571
OUTROS 1351 1274 573 211 336 356 318
TOTAL DA PRODUÇÃO 22313 24770 23115 18307 17 727 23840 23587
PRODUÇÃO POR BOMBAGEM HIDRELÉTRICA
BOMBAGEM HIDRELÉTRICA 512 737 1114 1157 1079 1467 1519
IMPORTAÇÃO DE ENERGIA 4350 4446 8297 5229 4084 4549 1973
EXPORTAÇÃO DE ENERGIA 1718 1635 403 2447 3184 2283 7055

38
Anexo D – Consumo de energia elétrica por tipo de consumo (2015/2016)

ANEXO E – CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA POR


TIPO DE CONSUMO (2015/2016)

Tabela 13 - Consumo de energia elétrica por tipo de consumo (2015/2016) - Fonte: adaptado (Pordata_a, 2018)
Consumo de energia eléctrica por tipo de consumo (GWh)

Anos Não Iluminação Edifícios


Total Doméstico Indústria Agricultura Outros
doméstico vias públicas do Estado

11974,52 12356,67 17426,53 855,78 1475,32 2463,82 300,32


2015 46852,96
25,56% 26,37% 37,19% 1,83% 3,15% 5,26% 0,64%

13086,68 12587,89 17607,22 811,59 1460,29 1394,83 378,19


2016 47326,69
27,93% 26,87% 37,58% 1,73% 3,12% 2,98% 0,81%

39
Anexo F – Dados Utilizados para Geração dos Cenários Futuros

ANEXO F - PRODUÇÃO E CONSUMO DE ENERGIA


ELÉTRICA EM PORTUGAL (2015/2016)

Tabela 14 - Cenário da energia elétrica em Portugal (2015/2016) – Fonte: adaptado (REN, 2018)
Produção/Consumo/Exportação/Importação de energia eléctrica em Portugal 215/2016 (GWh)
Ano - 2015 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Produção 4468 4731 4420 4428 4058 3707 4097 3764 3821 4625 4083 4214
Consumo 4713 4231 4166 3728 3940 3966 4281 3908 3883 3985 3973 4189
Exportação 118 396 277 160 155 104 63 78 134 494 168 137
Importação 617 183 278 418 276 500 449 460 377 152 356 482

Ano - 2016 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Produção 5629 5474 5011 4960 4790 4372 4563 4435 4307 4204 4709 4939
Consumo 4413 4205 4344 3981 3866 3859 4254 4022 3988 3932 4082 4325
Exportação 1006 1081 547 813 722 481 357 370 366 297 515 502
Importação 105 62 188 61 86 79 245 133 173 327 230 285

40
Anexo F – Dados Utilizados para Geração dos Cenários Futuros

ANEXO G – DADOS UTILIZADOS PARA GERAÇÃO DOS


CENÁRIOS FUTUROS

Tabela 15 - Dados utilizados para gerar os cenários futuros


DL Nº 80/2006 CENÁRIO 2021/2050
ÁREA
MUNICÍPIO
KM2 GDA GDA ZCI ZCI T
GDA ZCI ZCV ZCV
(20º C) (18º C) (20º C) (18º C) MÉDIAS

ABRANTES 714,69 1630 I2 V3 1676,51 1272,12 I2 I1 23,77 V3


ÁGUEDA 335,27 1490 I1 V1 2053,45 1613,96 I3 I2 21,50 V2
AGUIAR DA BEIRA 206,77 2430 I3 V2 2401,21 1950,11 I3 I3 21,62 V2
ALBERGARIA-A-VELHA 158,82 1470 I1 V1 2007,97 1569,78 I3 I2 21,56 V2
ALCANENA 127,33 1680 I2 V2 1596,69 1196,27 I2 I1 23,40 V3
ALCOBAÇA 408,14 1640 I2 V1 1579,21 1171,91 I2 I1 22,90 V3
ALENQUER 304,22 1410 I1 V2 1372,56 979,88 I2 I1 23,23 V3
ALMEIDA 517,98 2540 I3 V2 2348,75 1903,52 I3 I3 22,71 V3
ALVAIÁZERE 160,48 1810 I2 V3 1820,61 1398,03 I3 I2 22,66 V3
ANADIA 216,63 1460 I1 V2 1753,78 1337,09 I2 I2 22,63 V3
ANSIÃO 176,09 1780 I2 V2 1822,74 1399,93 I3 I2 22,50 V3
ARGANIL 332,84 2050 I2 V2 2176,20 1732,94 I3 I2 21,87 V2
ARRUDA DOS VINHOS 77,96 1480 I1 V2 1383,57 993,20 I2 I1 23,40 V3
AVEIRO 197,58 1390 I1 V1 1790,24 1366,06 I2 I2 22,02 V3
BATALHA 103,42 1890 I2 V1 1638,63 1229,65 I2 I1 22,96 V3
BELMONTE 118,76 1970 I2 V2 2323,57 1872,51 I3 I3 22,06 V3
BOMBARRAL 91,29 1380 I1 V1 1429,19 1031,27 I2 I1 23,15 V3
CADAVAL 174,89 1530 I2 V1 1437,43 1038,52 I2 I1 23,10 V3
CALDAS DA RAINHA 255,69 1500 I1 V1 1488,84 1084,69 I2 I1 22,90 V3
CANTANHEDE 390,88 1470 I1 V1 1618,26 1209,34 I2 I1 22,83 V3
CARREGAL DO SAL 116,89 1550 I2 V2 2328,58 1878,94 I3 I3 21,21 V2
CASTANHEIRA DE PÊRA 66,77 2310 I3 V3 2043,31 1605,97 I3 I2 22,18 V3
CASTELO BRANCO 1438,19 1650 I2 V3 1741,60 1335,24 I2 I2 24,61 V3
CASTRO DAIRE 379,04 2410 I3 V2 2463,37 2005,81 I3 I3 20,71 V2
CELORICO DA BEIRA 247,22 2240 I3 V1 2377,48 1927,73 I3 I3 22,08 V3
COIMBRA 319,40 1460 I1 V2 1828,64 1405,39 I3 I2 22,51 V3
CONDEIXA-A-NOVA 138,67 1560 I2 V2 1759,30 1340,99 I2 I2 22,59 V3
CONSTÂNCIA 80,37 1590 I2 V3 1642,98 1241,22 I2 I1 23,78 V3
COVILHÃ 555,60 2250 I3 V2 2120,40 1682,27 I3 I2 22,76 V3
ENTRONCAMENTO 13,73 1470 I1 V3 1566,89 1169,80 I2 I1 23,55 V3
ESTARREJA 108,17 1420 I1 V1 1931,22 1495,39 I3 I2 21,55 V2
FERREIRA DO ZÊZERE 190,38 1780 I2 V3 1731,84 1319,68 I2 I2 23,12 V3
FIGUEIRA DA FOZ 379,05 1450 I1 V3 1620,50 1209,67 I2 I1 22,76 V3
FIGUEIRA DE CASTELO
508,57 2450 I3 V2 2303,76 1863,09 I3 I3 22,93 V3
RODRIGO
FIGUEIRÓ DOS VINHOS 173,44 2010 I2 V3 1918,46 1489,02 I3 I2 22,45 V3
FORNOS DE ALGODRES 131,45 2060 I2 V1 2319,64 1872,81 I3 I3 22,04 V3
FUNDÃO 700,20 1990 I2 V3 2022,33 1591,38 I3 I2 23,31 V3
GÓIS 263,30 2190 I3 V2 2179,68 1733,77 I3 I2 21,72 V2
GOUVEIA 300,61 2440 I3 V1 2419,60 1966,14 I3 I3 21,21 V2
GUARDA 712,10 2500 I3 V1 2289,09 1851,64 I3 I3 21,75 V2
IDANHA-A-NOVA 1416,34 1520 I2 V3 1763,79 1356,99 I2 I2 24,72 V3
ÍLHAVO 73,48 1440 I1 V1 1792,23 1366,08 I2 I2 21,90 V2
LEIRIA 565,09 1610 I2 V1 1609,01 1198,56 I2 I1 22,75 V3

41
Anexo F – Dados Utilizados para Geração dos Cenários Futuros

LOURINHÃ 147,17 1310 I1 V1 1400,01 1001,47 I2 I1 22,99 V3


LOUSÃ 138,40 1890 I2 V2 2005,79 1569,82 I3 I2 21,98 V2
MAÇÃO 399,98 1810 I2 V3 1692,49 1287,46 I2 I1 24,02 V3
MANGUALDE 219,26 1970 I2 V2 2247,54 1804,26 I3 I3 22,04 V3
MANTEIGAS 121,98 3000 I3 V1 2333,04 1881,63 I3 I3 21,90 V2
MARINHA GRANDE 187,25 1500 I1 V1 1632,72 1216,40 I2 I1 22,55 V3
MEALHADA 110,66 1470 I1 V2 1692,90 1281,78 I2 I1 22,95 V3
MÊDA 286,05 2360 I3 V2 2208,05 1772,20 I3 I2 23,09 V3
MIRA 124,03 1500 I1 V1 1616,52 1206,97 I2 I1 22,72 V3
MIRANDA DO CORVO 126,38 1780 I2 V2 1944,28 1511,58 I3 I2 22,11 V3
MONTEMOR-O-VELHO 228,96 1410 I1 V1 1630,92 1223,17 I2 I1 22,87 V3
MORTÁGUA 251,18 1460 I1 V2 1899,14 1473,53 I3 I2 22,62 V3
MURTOSA 73,09 1400 I1 V1 1903,50 1467,62 I3 I2 21,45 V2
NAZARÉ 82,43 1480 I1 V1 1639,34 1223,24 I2 I1 22,54 V3
NELAS 125,71 1770 I2 V2 2332,86 1883,10 I3 I3 21,37 V2
ÓBIDOS 141,55 1370 I1 V1 1489,22 1085,03 I2 I1 22,89 V3
OLEIROS 471,09 2240 I3 V3 1874,02 1452,49 I3 I2 23,36 V3
OLIVEIRA DE FRADES 145,35 1830 I2 V1 2118,65 1677,54 I3 I2 21,47 V2
OLIVEIRA DO BAIRRO 87,32 1410 I1 V1 1641,90 1233,66 I2 I1 22,84 V3
OLIVEIRA DO HOSPITAL 234,52 1890 I2 V2 2522,01 2061,58 I3 I3 20,62 V2
OURÉM 416,68 1750 I2 V2 1673,24 1263,76 I2 I1 23,01 V3
OVAR 147,70 1480 I1 V1 2000,28 1555,29 I3 I2 20,98 V2
PAMPILHOSA DA SERRA 396,46 2230 I3 V3 2101,52 1662,27 I3 I2 22,36 V3
PEDRÓGÃO GRANDE 128,75 1910 I2 V3 2038,55 1601,17 I3 I2 22,21 V3
PENACOVA 216,73 1510 I2 V2 1858,88 1435,24 I3 I2 22,64 V3
PENALVA DO CASTELO 134,34 2090 I2 V1 2277,12 1832,73 I3 I3 22,06 V3
PENAMACOR 563,71 1970 I2 V3 2000,32 1574,89 I3 I2 23,92 V3
PENELA 134,80 1920 I2 V2 1906,11 1476,47 I3 I2 22,34 V3
PENICHE 77,55 1260 I1 V1 1385,07 984,99 I2 I1 22,87 V3
PINHEL 484,52 2390 I3 V2 2119,21 1689,10 I3 I2 23,11 V3
POMBAL 626,00 1580 I2 V2 1695,20 1279,42 I2 I1 22,60 V3
PORTO DE MÓS 261,83 1980 I2 V1 1759,33 1338,60 I2 I2 22,47 V3
PROENÇA-A-NOVA 395,40 1840 I2 V3 1727,04 1319,11 I2 I2 24,05 V3
SABUGAL 822,70 2450 I3 V2 2435,86 1982,45 I3 I3 22,11 V3
SANTA COMBA DÃO 111,95 1420 I1 V2 1938,40 1510,42 I3 I2 22,60 V3
SÃO PEDRO DO SUL 348,95 2000 I2 V2 2336,12 1882,99 I3 I3 20,89 V2
SARDOAL 92,15 1830 I2 V3 1731,22 1321,29 I2 I2 23,48 V3
SÁTÃO 201,94 2310 I3 V2 2430,44 1977,78 I3 I3 21,43 V2
SEIA 435,69 2520 I3 V2 2439,66 1983,93 I3 I3 20,98 V2
SERTÃ 446,73 1980 I2 V3 1921,87 1494,54 I3 I2 22,87 V3
SEVER DO VOUGA 129,88 1730 I2 V1 2145,88 1701,56 I3 I2 21,11 V2
SOBRAL DE MONTE AGRAÇO 52,10 1500 I1 V2 1383,51 992,50 I2 I1 23,37 V3
SOURE 265,06 1490 I1 V2 1652,83 1242,68 I2 I1 22,84 V3
TÁBUA 199,79 1620 I2 V2 2114,10 1676,80 I3 I2 21,97 V2
TOMAR 351,20 1650 I2 V3 1698,94 1290,09 I2 I1 23,23 V3
TONDELA 371,22 1640 I2 V3 2048,49 1613,29 I3 I2 22,03 V3
TORRES NOVAS 270,00 1540 I2 V3 1585,74 1186,17 I2 I1 23,41 V3
TORRES VEDRAS 407,15 1310 I1 V1 1382,45 984,77 I2 I1 23,06 V3
TRANCOSO 361,52 2450 I3 V2 2301,54 1858,21 I3 I3 22,48 V3
VAGOS 164,92 1470 I1 V1 1692,48 1276,92 I2 I1 22,39 V3
VILA DE REI 191,55 1880 I2 V3 1741,33 1330,30 I2 I2 23,55 V3
VILA NOVA DA BARQUINHA 49,53 1560 I2 V3 1598,59 1200,24 I2 I1 23,66 V3

42
Anexo F – Dados Utilizados para Geração dos Cenários Futuros

VILA NOVA DE PAIVA 175,53 2590 I3 V2 2482,49 2024,56 I3 I3 20,79 V2


VILA NOVA DE POIARES 84,45 1580 I2 V2 2031,26 1593,17 I3 I2 21,93 V2
VILA VELHA DE RÓDÃO 329,91 1510 I2 V3 1694,06 1290,92 I2 I1 24,51 V3
VISEU 507,10 1940 I2 V2 2192,84 1750,82 I3 I2 21,94 V2
VOUZELA 193,69 2010 I2 V1 2010,93 1577,13 I3 I2 22,11 V3

43

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