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17 Cerrado Probio Completo PDF
17 Cerrado Probio Completo PDF
Cerrado:
Ecologia, Biodiversidade e Conservação
Organizadores
Aldicir Scariot
José Carlos Sousa-Silva
Jeanine M. Felfili
Brasília-DF
2005
Este livro foi editado e impresso com apoio da Diretoria de Conservação da
Biodiversidade Brasileira – DCBio e do Projeto de Conservação e de Utilização
Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira – PROBIO.
VEDADA A COMERCIALIZAÇÃO
ISBN 85-87166-81-6
439 p:il
Marina Silva
Ministra do Meio Ambiente
V
HOMENAGEADOS
George Eiten
Nasceu em Morristown, EUA e é professor aposentado do Departamento de
Botânica da Universidade de Brasília – UnB. George Eiten é pesquisador em ecologia
vegetal, sendo bastante conhecido pelo seu artigo de 1972, “The cerrado vegetation
of Brazil”. Esse artigo conceitua termos ambientais e estruturais da vegetação do
Cerrado, suas comunidades, fatores influenciadores como o solo, fogo, clima, e
apresenta o primeiro modelo para explicar as diferenças fisionômicas observadas
entre as fitofisionomias do Cerrado. É autor de outros trabalhos clássicos que, no
seu todo, estão hoje entre os mais citados na literatura do bioma.
VII
Maria Lea Salgado Labouriau
É conhecida por ter criado as bases para a pesquisa paleoecológica no Brasil e,
particularmente, no Cerrado. É atualmente professora no Instituto de Geociências na
Universidade de Brasília-UnB. A partir de 1960 a professora Labouriau deu início ao
mais novo catálogo de polens preparado para o Cerrado, proporcionando assim o
rápido desenvolvimento das pesquisas paleocológicas nesse ambiente. As pesquisas
da professora Labouriau estão entre as primeiras a demonstrar que os períodos
secos ocorridos no Cerrado tiveram caráter mais amplo, atingindo toda a América
do Sul. Ela foi também uma das pioneiras no estudo do fogo ao longo da história da
vegetação do Cerrado. Atualmente, tem trabalhado no refinamento dos estudos das
modificações climáticas e vegetacionais no Cerrado, particularmente do fogo.
VIII
Autores e Revisores
Autores Revisão Técnica
Adriana Reatto – reatto@cpac.embrapa.br Adelmar Gomes Bandeira
Aldicir Scariot – scariot@cenargen.embrapa.br Amabilio José Aires de Camargo
Alexandre R. T. Palma – artpalma@unb.br Alexandre Francisco da Silva
Anderson C. Sevilha – Aldicir Scariot
sevilha@cenargen.embrapa.br Ary Teixeira de Oliveira Filho
Augusto César Franco – acfranco@unb.br Augusto César Franco
Bárbara F. D. Leão - barbaraleao@yahoo.com.br Carlos E. G. Pinheiro
Carlos César Ronquim – Carlos H. B. A. Prado
Carlos E. Pinheiro - cegp@unb.br Claudia Padovesi Fonseca
Carlos H. B. de Assis Prado - dchb@power.ufscar.br Christopher W. Fagg
Claudia Padovesi Fonseca - padovesi@unb.br Divino Brandão
Cleber J. R. Alho - alho@unb.br Edson Junqueira
Cristiane G. Batista – cristiane@mrs.com.br Edson Ryoiti Sujii
Éder de Souza Martins – eder@cpac.embrapa.br Eduardo Arcoverde de Mattos
Emerson M. Vieira - vieira@cirrus.unisinos.br Fabio Scarano
G. Wilson Fernandes – gwilson@icb.ufmg.br Glein Monteiro
Geraldo W. Fernandes - gwilson@icb.ufmg.br Guarino R. Colli
Guarino R. Colli - grcolli@unb.br Helena C. Morais
Helena C. Morais - morais@unb.br Hussan El Dine Zaher
Heloisa S. Miranda - hmiranda@unb.br Humberto Santos
Ivone Rezende Diniz – irdiniz@unb.br Ivan Schiavini
James Alexander Ratter - Jeanine Maria Felfili
s.bridgewater@rbge.org.uk João Augusto A. Meira Neto
Jean François Timmers – John D. Hay
florabrasil@sulbanet.com.br José Carlos Sousa Silva
Jeanine Maria Felfili - felfili@unb.br José Maria Cardoso da Silva
Jorge E. F. Werneck Lima – jorge@cpac.embrapa.br José Roberto R. Pinto
José Carlos Sousa Silva – jcarlos@cpac.embrapa.br José Roberto Pujol-Luz
José Felipe Ribeiro - felipe.ribeiro@embrapa.br Jucelino A. Azevedo
José Maria Cardoso – j.silva@conservation.org.br Keith S. Brown Jr.
Ludmila M. S. Aguiar – ludmilla@cpac.embrapa.br Leandro G. Oliveira
Luzitano B. Ferreira - luzitano@directnet.com.br Leopoldo M. Coutinho
Manoel Cláudio da Silva Júnior – mcsj@unb.br Ludmila M. S. Aguiar
Marcos Pérsio Dantas Santos - persio@ufpi.br Maria Lucia Meirelles
Margarete Naomi Sato - nsato@unb.br Miguel A. Marini
Maria Lea Salgado-Labouriau - mlea@unb.br Miguel Trefaut Rodrigues
Mariana Cristina Caloni Perón Mundayatan Haridassan
Miguel T. Urbano Rodrigues - mturadri@usp.br Nabil J. Eid
Mundayatan Haridasan - hari@unb.br Nilton Fiedler
Raimundo P. B. Henriques - henriq@unb.br Paulo César Motta
Reginaldo Constantino - constant@unb.br Paulo Eugenio A. M. de Oliveira
Reuber A. Brandão – reuberbrandao@yahoo.com.br Raimundo Paulo Barros Henriques
Ricardo B. Machado – Reginaldo Constantino
r.machado@conservation.org.br Ricardo B. Machado
Roberto Cavalcante - rbcav@unb.br Rosana Tidon
Rosana Tidon – rotidon@unb.br Silvio T. Spera
Denise F. Leite -nisefleite@hotmail.com Vânia R. Pivello
Samuel Bridgewater - s.bridgewater@rbge.org.uk Vitor Osmar Becker
Silmary J. Gonçalves-Alvim –
silmaryalvim@uol.com.br
Vânia R. Pivelo - vrpivel@ib.usp.br
William A. Hoffmann - william-hoffmann@ncsu.edu
IX
INTRODUÇÃO
XI
amostras significativas e funcionais desse bioma às gerações futuras e um uso racional
dos recursos naturais existentes, com respeito às sociedades dessa região. É nosso
desejo e esperança que a informação aqui contida seja útil para a promoção da
pesquisa e formas mais sustentáveis de utilização dos recursos do bioma Cerrado.
Aldicir Scariot
José Carlos Sousa-Silva
Jeanine M. Felfili
(Organizadores)
14
XII
SUMÁRIO
Apresentação ......................................................................................... V
Homenageados ....................................................................................... VII
Autores e Revisores ................................................................................ IX
Introdução .............................................................................................. XI
15
Capítulo 17. Estudos comparativos sobre a fauna de borboletas do Distrito
Federal: implicações para a conservação. ........................... 295
Capítulo 18. Abundância e amplitude de dieta de lagartas (Lepidoptera)
no cerrado de Brasília (DF) ................................................ 305
Capítulo 19. Padrões de diversidade e endemismo de térmitas no bioma
Cerrado. ............................................................................ 319
Capítulo 20. Drosofilídeos (Diptera, Insecta) do Cerrado. ....................... 335
Capítulo 21. A complexidade estrutural de bromélias e a diversidade de
artrópodes, em ambientes de campo rupestre e mata de galeria
no Cerrado do Brasil Central. ............................................. 353
PARTE IV – Conservação
Capítulo 22. Desafios para a conservação do cerrado face às atuais
tendências de uso e ocupação. ........................................... 367
Capítulo 23. Ocupação do bioma Cerrado e conservação da sua diversidade
vegetal. ............................................................................. 383
Capitulo 24. Manejo de fragmentos de Cerrado visando a conservação da
biodiversidade. .................................................................. 401
Capítulo 25. Caracterização dos ecossistemas aquáticos do Cerrado. 415
Capítulo 26. Perspectivas e desafios para conservar a biodiversidade do
Cerrado no século 21 ......................................................... 431
Lista de Figuras
PARTE I – Determinantes abióticos
Capítulo 1
Capítulo 2
16
Capítulo 3
Capítulo 5
Capítulo 6
17
Figura 2. Classificação pelo método de TWINSPAN de 11 fragmentos de
Floresta Estacional Decidual Submontana intactos (i) e explorados
(e) em áreas de planaltos (p) e afloramentos calcários (ac) no
município de São Domingos, Vale do Paranã (GO), em áreas
amostradas nas fazendas São Domingos (SD), Flor do Ermo (FE),
Traçadal (FT), Olho d’Àgua (OA), Manguinha (FM), Cruzeiro do
Sul (CS), São Vicente (SV), Canadá (FC) e São José (SJ). ....... 133
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
18
Figura 1. Variações sazonais na porcentagem de folhas em ramos de 10
indivíduos de Caryocar brasiliense (A) e Myrsine guianensis (B)
em uma área de cerrado sensu stricto da Reserva Ecológica do
IBGE, Brasília, DF. ................................................................. 187
Figura 2. Variação da taxa de assimilação líquida de CO2 em função da
densidade de fluxo de fótons na faixa fotossinteticamente ativa
(DFF) em folhas de Blepharocalyx salicifolius (3 folhas) e
Sclerolobium paniculatum (2 folhas) em condições naturais em
um cerrado da Fazenda Água Limpa, Brasília, DF. .................. 189
Figura 3. Eficiência fotossintética em resposta a variações na densidade
de fluxo de fótons na faixa fotossinteticamente ativa (DFF) de
folhas de indivíduos jovens de Qualea grandiflora em uma área
de campo sujo e de cerradão na Fazenda Água Limpa, Brasília,
DF. ........................................................................................ 191
Capítulo 11
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
20
Figura 1. Mapa do Brasil central com a localização das áreas amostradas. 269
Figura 2. Número de gêneros e espécies de pequenos mamíferos capturados
em sítios na região do Cerrado. .............................................. 272
Figura 3. Abundância relativa média dos gêneros de pequenos mamíferos
em função da freqüência de ocorrência. ................................. 272
Figura 4. Relação entre cada tipo de habitat e a média dos índices de
riqueza. ................................................................................. 273
Figura 5. Resultados da Análise de Correspondência Não-tendenciada
(DCA) para os sítios amostrados. ........................................... 273
Capítulo 16
Capítulo 18
Capítulo 19
21
Capítulo 21
Capítulo 23
PARTE IV – Conservação
Capítulo 25
Lista de Tabelas
PARTE I – Determinantes Abióticos
Capítulo 1
22
Capítulo 2
Capítulo 5
Alguns aspectos sobre a Paleoecologia dos Cerrados
Tabela 1. Distribuição dos gêneros das famílias mais freqüentes de
Angiospermas na região dos cerrados. Baseada na lista dada por
Mendonça et al. (1998) .......................................................... 111
Capítulo 7
Diversidade alfa e beta no cerrado sentido restrito, Distrito Federal, Goiás,
Minas Gerais e Bahia
Tabela 1. Latitude, longitude, altitude (m) e precipitação média anual (mm)
nos locais de estudo no Brasil Central. ................................... 146
Tabela 2. Riqueza de espécies e diversidade alfa da flora lenhosa do cerrado
sensu stricto, incluindo plantas a partir de 5cm de diâmetro a
0.30m do nível do solo, em 15 locais de estudo, inclusos em três
Unidades Fisiográficas. .......................................................... 149
23
Tabela 3. Similaridade da flora lenhosa do cerrado sensu stricto, em plantas
a partir de 5cm de diâmetro a 0,30m do nível do solo, em 15
locais inclusos em três Unidades Fisiográficas Espigão Mestre
do São Francisco, Chapada dos Veadeiros e Chapada Pratinha
no Brasil Central. ................................................................... 150
Capítulo 9
Competição por nutrientes em espécies arbóreas do cerrado
Tabela 1. Disponibilidade de nutrientes em um Latossolo Vermelho
(Fazenda Água Limpa, DF) e um Neossolo Quartzarênico (Parque
Nacional Grande Sertão Veredas, MG) sob vegetação nativa de
cerrado (sentido restrito). ...................................................... 171
Tabela 2. Concentrações foliares de nutrientes em espécies arbóreas de
um cerrado (sentido restrito) em Latossolo Vermelho no Distrito
Federal (Silva, 1990). ............................................................. 173
Capítulo 11
Capítulo 14
24
Capítulo 15
Capítulo 16
Biodiversidade de insetos galhadores no Cerrado
Tabela 1. Distribuição do número de espécies de insetos galhadores e de
espécies vegetais (total e com galhas) nas famílias de plantas
predominantes no cerradão, cerrado sensu stricto, campo sujo e
canga, no sudeste do Brasil. ................................................... 287
Tabela 2. Matriz de similaridade florística (índice de Sorensen) entre as
fisionomias de vegetação amostradas, no sudeste do Brasil. ... 288
Capítulo 17
Estudos comparativos sobre a fauna de borboletas do Distrito Federal:
implicações para a conservação
Tabela 1. As principais unidades de conservação do Distrito Federal. .... 297
Tabela 2. Número de espécies em vários taxa de borboletas encontradas
nos parques, reservas e outras localidades “não protegidas” do
Distrito Federal. ..................................................................... 299
Capítulo 18
Abundância e amplitude de dieta de lagartas (Lepidoptera) no cerrado
de Brasília (DF)
Tabela 1. Exemplos de espécies de Lepidoptera com local tipo na região
dos Cerrados brasileiros (Heppner, 1984, 1995; Thöny, 1997). 310
Tabela 2. Exemplos de espécies e gêneros reconhecidamente novos na
fauna de lagartas folívoras considerada neste trabalho (V. O.
Becker, com. pes.) e suas plantas hospedeiras. ....................... 310
Tabela 3. Famílias de Lepidoptera com o número total de espécies, espécies
representadas por apenas um adulto, espécies raras (2 a 10
adultos), espécies comuns (mais de 10 adultos) e o número de
espécies polífagas entre as raras e as comuns. ........................ 311
Tabela 4. Exemplos de lagartas polífagas em plantas do cerrado de Brasília
e suas amplitudes de dieta. .................................................... 314
Tabela 5. Exemplos de lagartas comuns e monófagas e suas plantas
hospedeiras no cerrado da Fazenda Água Limpa, DF. ............. 314
Capítulo 19
Padrões de diversidade e endemismo de térmitas no bioma Cerrado
Tabela 1. Térmitas registrados em vegetação de cerrado e fauna conhecida
de algumas regiões ou localidades.......................................... 325
25
Capítulo 20
Drosofilídeos (Diptera, Insecta) do Cerrado
Tabela 1. Relação das espécies de drosofilídeos registradas no Bioma
Cerrado ................................................................................. 339
Capítulo 21
PARTE IV – Conservação
Capítulo 23
Capítulo 25
26
Capítulo Síntese
25
26
DIVERSIDADE SOB AMEAÇA
Dentro de um mesmo bioma (Allaby, 1992), os padrões fitogeográficos estão,
em geral, vinculados a determinantes físicos como solo, relevo e topografia, que no
caso do Brasil Central foram sobrepostos em um zoneamento publicado por Cochrane
et al. (1985). Estes identificaram um total de 70 sistemas de terra em 25 Unidades
Fisiográficas. Um sistema de terras é uma área, ou grupo de áreas, no qual existe um
padrão recorrente de clima, paisagem e solos, ou seja, no bioma Cerrado existe uma
diversidade de paisagens, tanto constituída por diferentes fisionomias de vegetação
vinculadas a fatores físicos e fisiográficos, como por um mesmo tipo de vegetação
com distintos padrões de composição florística também relacionadas às condições
do meio (Felfili & Silva Júnior, nesta publicação), sugerindo a necessidade de
estratégias de manejo e conservação que considerem os padrões recorrentes de
paisagens disjuntas ao longo do extenso bioma, que se distribui por mais de 20
graus de latitude.
27
Felfili, Sousa-Silva & Scariot
Por estas razões, inclusive, o Cerrado foi identificado como um dos mais ricos
e ameaçados ecossistemas mundiais, um “hot spot” da biodiversidade (Mittermeier
et al. 1999). Alho (nesta publicação) explica que o conceito de “hot spot” se apóia
em duas bases, endemismo e ameaça: as espécies endêmicas são mais restritas em
distribuição, mais especializadas e mais susceptíveis à extinção em face das mudanças
ambientais provocadas pelo homem, em comparação com as espécies que têm
distribuição geográfica ampla. O endemismo de plantas é escolhido como o primeiro
critério para definir um “hot spot”, pois estas dão suporte a outras formas de vida.
O grau de ameaça é a segunda base do conceito de “hot spot” e é, fortemente,
definido pela extensão de ambiente natural perdido, isto é, quando a área perdeu
pelo menos 70% de sua cobertura original, onde se abrigavam espécies endêmicas.
Nesse mesmo estudo, é sugerido que dos 1.783.200 km2 originais do Cerrado, restam
intactos somente 356.630 km2, ou apenas 20% do bioma original, justificando a
caracterização desse bioma como “hot spot”.
DETERMINANTES E PROCESSOS
Os principais fatores considerados responsáveis pelos padrões e processos
das comunidades de savanas são estacionalidade climática, disponibilidade hídrica,
características edáficas como profundidade, textura e disponibilidade de nutrientes
no solo, fogo e herbivoria. No Cerrado, o papel da herbivoria tem sido minimizado
pela ausência de grandes populações de herbívoros de grande porte, apesar da
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Avanços no conhecimento
intensa herbivoria por insetos. Henriques (nesta publicação) enfatiza também eventos
históricos, dentre os determinantes do Cerrado. Este autor sugere que parte das
diferenças observadas entre as fitofisionomias no Cerrado sensu lato pode ser explicada
pela profundidade e umidade do solo. Devido à capacidade da matéria orgânica em
reter nutrientes, os solos das fisionomias com maior cobertura vegetal (cerrado e
cerradão) tornam-se mais férteis do que aqueles com menor cobertura (Campo limpo
e Campo sujo) , ou seja, a dinâmica da vegetação assegura a sua manutenção.
O clima do Cerrado apresenta duas estações bem definidas, uma seca, que tem
início no mês de maio, terminando no mês de setembro, e outra chuvosa, que vai de
outubro a abril, com precipitação média anual variando de 600 a 2.000 mm, com a
ocorrência freqüente de veranicos, períodos sem chuva, na estação chuvosa desta
região (Assad, 1994). A diversidade fisionômica das formações vegetais resulta em
uma exploração diferenciada da água disponível ao longo do perfil do solo e as
variações em altura, tamanho de copas, densidade de gramíneas. Outras características
proporcionam gradientes luminosos distintos tanto no transcurso da paisagem
e como ao longo da estrutura vertical da vegetação, resultando em diferenças
acentuadas no nível de sombreamento a que uma planta pode estar exposta
no decorrer de seu desenvolvimento. Além disso, a estação das chuvas
caracteriza-se por uma alta nebulosidade o que reduz consideravelmente a
intensidade luminosa e, provavelmente, afetando o balanço de carbono das folhas,
mesmo em ambientes expostos, conforme citado por Franco (nesta
publicação). Conforme este autor, espera-se que plantas lenhosas do
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Felfili, Sousa-Silva & Scariot
A maior sensibilidade ao fogo das espécies florestais sugere que esse fator tem
sido importante em limitar a distribuição atual de florestas (principalmente, Cerradão)
no bioma Cerrado. Hoffmann (nesta publicação) com base em experimentos em
viveiro com espécies congêneres de Cerrado e Mata de Galeria constatou essa diferença
na sensibilidade ao fogo e sugeriu que esta tem um importante papel na dinâmica do
ecótono Cerrado-Mata. Apesar das florestas serem menos inflamáveis do que Cerrado,
o fogo ocasionalmente penetra nelas, causando grandes danos devido à baixa
tolerância de espécies florestais ao fogo (Felfili 1997).
30
Avanços no conhecimento
31
Felfili, Sousa-Silva & Scariot
32
Avanços no conhecimento
33
Felfili, Sousa-Silva & Scariot
34
Avanços no conhecimento
Silva & Sousa (nesta publicação) relatam que nas últimas décadas foram
desenvolvidos estudos biogeográficos sobre as avifaunas dos cinco grandes biomas
brasileiros, permitindo assim estimar a importância relativa da especiação versus
intercâmbio biótico no processo de formação das avifaunas desses biomas e propor
um primeiro modelo. Com base no modelo, a produção de espécies parece ser o
principal fator que leva à alta diversidade regional de espécies na Amazônia e Floresta
Atlântica enquanto que nas avifaunas da Caatinga, Cerrado e Pantanal, o intercâmbio
biótico teve um papel mais importante na determinação da diversidade regional de
aves do que a produção de espécies. Em contraste com as avifaunas das três áreas
de formações abertas, as avifaunas da Amazônia e da Floresta Atlântica são compostas
por uma grande porcentagem de espécies endêmicas, muitas das quais são restritas
a somente uma porção da região. O Pantanal não possui endemismos em aves e
muito da sua avifauna é composta por elementos biogeográficos dos biomas
adjacentes. A Caatinga e o Cerrado possuem muito mais espécies endêmicas do que
o Pantanal, mas em ambos os biomas o grande número de espécies que têm os
centros de suas distribuições localizados em outros biomas é muito significativo. Na
Caatinga, os elementos de outros biomas estão principalmente nas florestas úmidas
encontradas nas encostas de planaltos residuais (localmente denominados de “brejos”)
ou nas transições ecológicas com relevo complexo (Chapada da Diamantina) para a
Floresta Atlântica e Cerrado. No Cerrado, os elementos dos outros biomas estão
principalmente nas Matas de Galeria, que cobrem menos de 10% da região, e nas
Florestas Estacionais (Matas Secas), que estão restritas a manchas de solos derivados
de rochas básicas, nas depressões localizadas entre planaltos. Os “brejos” e as Matas
de Galeria apresentam vínculos florísticos com a Floresta Atlântica (Felfili et al.
2001) e as Matas Secas ou Florestas Estacionais Deciduais apresentam elementos
florísticos comuns com a Caatinga arbórea (Andrade Lima, 1981, Felfili 2003) e com
as florestas semideciduais do Sudeste, para fins conservacionistas, hoje classificadas
como Floresta Atlântica, ou seja, a avifauna de outros biomas presentes nas formações
abertas são dependentes das formações florestais extra Cerrado ou extra Caatinga
que existem nos limites dos respectivos biomas.
35
Felfili, Sousa-Silva & Scariot
36
Avanços no conhecimento
37
Felfili, Sousa-Silva & Scariot
38
Avanços no conhecimento
outras). E, que cada um desses elementos pode sofrer influência de pelo menos três
tipos de pressão: física (degradação ou perda de habitats), química (ação de
contaminantes ambientais e poluição), e biológica (introdução de espécies exógenas,
perturbação na cadeia trófica, eliminação de espécies-chave da comunidade ecológica)
e outros fatores. Aponta que há diversas causas ou fatores identificados como ameaças
ao Cerrado: (a) de ordem institucional (dificuldade de aplicar a legislação ambiental
existente, deficiências na fiscalização e carência de conscientização ambiental); (b)
fogo; (c) desmatamentos; (d) expansão agrícola e pecuária (sem ordenamento
ecológico-econômico); (e) contaminantes ambientais (emprego desordenado de
pesticidas, herbicidas e outros tóxicos ambientais, provocando poluição das águas e
do solo); (f) erosão (assoreamento de corpos d’água, lixiviação e perda de solos
devido ao emprego de técnicas não apropriadas de uso do solo); (g) uso predatório
de espécies (sobre-explotação de espécies da flora e fauna); (h) implantação de
grandes obras de infra-estrutura (impactos causados pela abertura de rodovias,
hidrovias, hidrelétricas e outras obras); (i) turismo desorganizado e predatório e
outras causas. A degradação e perda de habitats naturais, oriundas de diversas
causas, são as maiores ameaças identificadas sendo necessária a adoção pelo governo
e sociedade das diretrizes elaboradas para o Cerrado pelo grupo de trabalho criado
pela Portaria do Ministério do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, número 298 de
11 de agosto de 1999.
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Felfili, Sousa-Silva & Scariot
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Da abordagem multidisciplinar contida neste capítulo-síntese, depreende-se
que o Brasil Central contém um mosaico de fisionomias savânicas e florestais, onde
o Cerrado sensu stricto sobre Latossolos profundos e bem drenados domina,
entretanto, uma grande variedade de fisionomias intercala-se com esta. Ou seja, em
uma escala ampla, a vegetação do Cerrado constitui-se em grandes manchas ou
fragmentos naturais que se intercalam estando a conectividade vinculada à
manutenção do mosaico de fisionomias associadas. Há diferenciações florísticas e
estruturais entre fisionomias, no entanto, há também diferenciações florísticas em
uma mesma fisionomia ao longo do espaço territorial. Em geral, estas diferenças
estão vinculadas a padrões recorrentes de características fisiográficas, gerando a
necessidade de estratégias de manejo e conservação que considerem os padrões
recorrentes de paisagens disjuntas ao longo do extenso bioma, que se distribui por
mais de 20 graus de latitude.
40
Avanços no conhecimento
A maior sensibilidade ao fogo das espécies florestais sugere que esse fator tem
sido importante em limitar a distribuição atual de florestas (principalmente, Cerradão)
no bioma Cerrado. Os incêndios naturais, apesar de ocorrerem há milhares de anos
no Brasil Central, eram provavelmente menos concentrados na estação seca do que
atualmente, pois alguns seriam causados por raios durante tempestades que, em
geral ocorrem a partir do início das chuvas, enquanto ainda há muito material
combustível acumulado. Apesar de muitas espécies de plantas dos ambientes
savânicos do Cerrado apresentarem características morfológicas que conferem
resistência ao fogo, os incêndios em intervalos muito curtos desfavorecem a camada
lenhosa contribuindo para que vegetação mais aberta suceda aos cerrados mais
densos. Considerando que a região do bioma Cerrado pode estar com freqüência de
fogo acima do regime normal, devido à ação antrópica, é provável que as fisionomias
abertas, em particular a de Cerrado sensu stricto em áreas sem impedimento edáfico,
estejam em diferentes estágios sucessionais após o fogo.
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Felfili, Sousa-Silva & Scariot
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43
Felfili, Sousa-Silva & Scariot
44
Parte I
Determinantes Abióticos
Capítulo 1
Classes de solo
em relação aos
controles da paisagem
do bioma Cerrado Adriana Reatto
Éder de Souza Martins
Embrapa Cerrados
Planaltina, DF
Reatto & Martins
48
Solos e paisagem
Figura 1
Fatores de formação
do solo e
pedogênese.
1
Controle de paisagem será abordado no texto como um domínio físico de fatores ambientais inter-relacionados
com as classes de solos: composição e estrutura dos materiais de origem, formas de relevo, comportamento
hídrico, clima e fitofisionomia.
49
Reatto & Martins
50
Solos e paisagem
2
Horizonte A Chernozêmico - Horizonte mineral de cor escura e saturação em bases maior ou igual
a 65%, com predomínio de Ca e Mg. O carbono orgânico apresenta valores iguais a maiores que
0,6%. A estrutura apresenta agregação e grau de desenvolvimento moderado ou forte. A espessura
pode variar, sendo maior ou igual a: 10cm se o solo não tiver horizontes B e C; 18cm para solos com
espessura < 75cm; para solos com espessura maiores ou igual a 75cm.
51
Reatto & Martins
52
Solos e paisagem
53
Reatto & Martins
54
Solos e paisagem
Figura 2
Índices
pluviométricos do
bioma Cerrado.
Fonte
Laboratório de
Biofísica Ambiental,
Embrapa Cerrados.
55
Reatto & Martins
Figura 3
Fluxograma de
identificação dos
controles da paisagem
de Neossolo
Quartzarênico e
Latossolos .
Figura 4
Fluxograma de
identificação dos
controles das classes de
solos com B textural e B
incipiente.
56
Solos e paisagem
Figura 5
Fluxograma de
identificação dos
controles da paisagem
das classes de solo sob
hidromorfismo.
57
Reatto
Solos e& Paisagem
Martins
58 58
Solos e paisagem
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59
Capítulo 2
Estimativa da
produção hídrica
superficial do Jorge Enoch Furquim Werneck Lima
Euzebio Medrado da Silva
62
Solos e paisagem
INTRODUÇÃO
63
Lima & Silva
64
Produção hídrica
Figura 1
Representação dos
limites do Cerrado
em relação às
grandes bacias
hidrográficas do
Brasil.
65
Lima & Silva
Figura 2
Distribuição espacial
da precipitação média
anual no Cerrado
(Fonte: Assad, 1994).
66
Produção hídrica
Figura 3
Estações utilizadas
no trabalho,
numeradas de 1 a
34, e suas
respectivas áreas de
Cerrado,
diferenciadas por
cores, de acordo
com a bacia
hidrográfica em que
estão inseridas.
67
Lima & Silva
68
Produção hídrica
*
Produção hídrica em território brasileiro.
**
SIH/ANEEL, 1999
69
Lima & Silva
70
Produção hídrica
71
Lima & Silva
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
72
Solos e paisagem
Capítulo 3
74
Produção hídrica
INTRODUÇÃO
75
Henriques
76
História, solo, fogo e fitofisionomias
& Ratter, 1988; Prance, 1996). O conceito cerrado sensu stricto, cerradão (Figura
de bioma empregado aqui, refere-se ao 2). Este gradiente forma um continuum
conjunto das unidades fisionômico– vegetacional, não havendo limites
estrutural da vegetação que ocorrem na definidos entre uma fisionomia e outra,
região do Cerrado, além das áreas portanto, formas intermediárias podem
disjuntas em outros biomas. Este ocorrer entre elas. Apenas por
conceito é semelhante ao usado por conveniência, foram reconhecidos alguns
Oliveira-Filho & Ratter (2002), mas para tipos predominantes de fitofisionomias
uma conceituação diferente, veja e que serão usados ao longo desse
Coutinho (2000). A vegetação trabalho. Em função das características
predominante do bioma do Cerrado é estruturais, foram reconhecidos quatro
formada por um mosaico heterogêneo tipos fisionômicos do cerrado sensu lato:
de fisionomias vegetais, com as campo limpo é a fisionomia com a mais
formações campestres em uma alta cobertura de gramínea; campo sujo
extremidade e as formações florestais em apresenta uma alta cobertura de
outra extremidade, formando um gramíneas e uma baixa cobertura de
gradiente de altura-densidade (Eiten, arbustos; o cerrado sensu stricto
1972; 1982). apresenta uma menor cobertura de
gramíneas, e uma maior cobertura
Embora existam diferenças entre os arbustivo-arbórea e o cerradão é uma
autores, usando a altura e a densidade formação florestal que apresenta
de plantas lenhosas, podemos ordenar ausência de cobertura de gramíneas e a
as fisionomias vegetais em quatro tipos maior cobertura arbórea. No gradiente
principais (conhecidas como cerrado de cerrado sensu lato, o cerradão
sensu lato): campo limpo; campo sujo; apresenta algumas espécies de arbustos
Figura 1
Distribuição geográfica
do bioma do Cerrado
no Brasil. As áreas
disjuntas nos outros
biomas adjacentes são
indicadas.
77
Henriques
Figura 2
Diagrama de bloco da
distribuição das
fisionomias de cerrado
sensu lato em relação à
profundidade do solo
na vertente de um vale.
78
História, solo, fogo e fitofisionomias
79
Henriques
80
História, solo, fogo e fitofisionomias
81
Henriques
Figura 5
Representação da
hipótese de Lund
(1835) do efeito do
fogo na evolução da
vegetação no bioma
dos cerrados. O fogo
transforma o cerradão
em cerrado, que pela
continuidade do fogo é
substituído pelo campo,
que pode ser mantido
pelo fogo periódico.
82
História, solo, fogo e fitofisionomias
83
Henriques
Figura 6
Esquema dos efeitos
do fogo nos
processos que
determinam a
fisionomia aberta na
vegetação dos
cerrados. As setas
mais grossas
indicam os principais
processos.
84
História, solo, fogo e fitofisionomias
85
Henriques
86
História, solo, fogo e fitofisionomias
Assim cada um dos tipos fisio- Com a proteção contra o fogo pode se
nômicos é considerado aqui como um iniciar o processo de sucessão da
tipo de clímax. Na ocorrência do fogo, vegetação. Um modelo conceitual
todos os tipos fisionômicos sofrem um resumindo as seqüências de estágios
processo de regressão para uma sucessionais hipotéticos é apresentado
fisionomia (estágio) mais aberta, com na Figura 7. Segundo este modelo, as
desenvolvimento do estrato inferior fisionomias abertas dos cerrados (campo
dominado por gramíneas e diminuição limpo, campo sujo e cerrado sensu
do componente lenhoso arbustivo – stricto), ocorrendo em solos, profundos
arbóreo (Figura 6). Com uma alta e estando protegidas do fogo, podem
freqüência de queima, espécies arbóreas apresentar o estabelecimento e
sensíveis ao fogo não conseguem manter crescimento das populações de arbustos
uma taxa positiva de crescimento e árvores (Henriques & Hay, 2002;
populacional, particularmente as Hoffmann & Moreira, 2002). Este
espécies arbóreas do cerradão (Figura 6). incremento na densidade é acom-
Figura 7
Modelo conceitual de
sucessão e regressão
das fisionomias dos
cerrados, em função
da profundidade do
solo e do fogo no
Brasil central.
87
Henriques
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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História, solo, fogo e fitofisionomias
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89
Henriques
90
História, solo, fogo e fitofisionomias
91
Henriques
92
História, solo, fogo e fitofisionomias
Capítulo 4
FOTO: ALDICIR
FOTO: SCARIOT
ALDICIR SCARIOT
Efeitos do
fogo na
vegetação
lenhosa do Heloisa Sinátora Miranda
Margarete Naomi Sato
Departamento de Ecologia
93
Henriques
94
História, solo, fogo e fitofisionomias
95
Miranda & Sato
96
Fogo e vegetação lenhosa
97
Miranda & Sato
98
Fogo e vegetação lenhosa
99
Miranda & Sato
100
Fogo e vegetação lenhosa
101
Miranda & Sato
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
102
Fogo e vegetação lenhosa
103
Miranda & Sato
104
Fogo e vegetação lenhosa
105
Capítulo 5
Alguns
aspectos sobre
a Paleoecologia Maria Léa Salgado-Labouriau
108
Fogo e vegetação lenhosa
109
Salgado-Labouriau
110
Paleoecologia
*
Inclui matas úmidas, secas, semidecíduas e de galeria.
**
Inclui o cerrado propriamente dito, os campos, matas, florestas de galeria, pântanos, veredas e buritizais.
111
Salgado-Labouriau
112
Paleoecologia
Figura 1
Cronologia das mudanças do clima durante os últimos 36 mil anos. À esquerda,
seqüência das mudanças nos altos Andes tropicais. No centro, mudanças do
clima em sete áreas de cerrado. À direita, mudanças em duas áreas de mata
dentro da região de cerrados. Modificado de Salgado-Labouriau (1997).
113
Salgado-Labouriau
freqüência alta de árvores de clima mais fato de que a temperatura dos cerrados
frio como Podocarpus, Hedyosmum, Ilex, nessa época estava 3º a 4º C mais baixa
Symplocos e Cunoniaceae. Porém, como que a atual.
a identificação palinológica é geralmente
Foi somente entre 22.000 e 18.000
limitada ao nível de gênero fica difícil,
AP, durante o final do Pleniglacial dos
atualmente, quantificar as diferenças
Andes tropicais, que a umidade começou
entre as comunidades florestais
a diminuir do norte para o sul nos
modernas e as do Pleistoceno Tardio.
cerrados. Na lagoa de Carajás (Absy et
Durante o LGM (último máximo al., 1991; Soubiès et al., 1991) e na
glacial) a palmeira Mauritia (buriti), vereda de Águas Emendadas (Barberi et
característica das veredas, buritizais e al., 2000) a deposição orgânica cessou
“morichales” da região dos cerrados e entre ~21.000-7.000 AP e foi substituída
de outras savanas do norte da América por uma fina camada de areia que sugere
do Sul está ausente do registro um hiato de sedimentação e a dessecação
palinológico da região dos cerrados destes sítios. Em outras localidades de
apoiando a idéia de que o clima era mais cerrado, como em Cromínia, a umidade
frio que o presente. O limite mais ao sul diminuiu, mas ainda havia alguma para
no qual esta palmeira ocorre é em manter pequenos pântanos e campos
veredas e buritizais nas partes oeste e (Salgado-Labouriau et al. 1998).
norte do Brasil Central, até
Por volta de 14.000 AP começou a
aproximadamente a 18º S. O buriti não
deglaciação nos Andes e no resto do
ocorre nas regiões de cerrados mais ao
mundo. Portanto, mais água começou a
sul, onde a estação seca (inverno) é mais
ser liberada para a atmosfera e os
fria. A ausência de Mauritia no final do
continentes devido ao derretimento das
Pleistoceno e no início do Holoceno
geleiras. O nível do mar começou a subir.
colaborou para a conclusão de que o
Entretanto, o cerrado e outros
clima na região dos cerrados era mais
ecossistemas de savana continuaram sob
frio que no presente.
um forte stress hídrico.
As análises palinológicas de duas
O máximo da fase seca ocorreu entre
localidades de mata no Brasil Central,
14.000 e 10.500 AP (Salgado-Labouriau,
na região de Salitre, MG, nas lagoas de
1997). O pântano no platô de Águas
Serra Negra (de Oliveira, 1992) e de
Emendadas e a lagoa na Serra dos
Salitre (Ledru, 1993; Ledru et al., 1996)
Carajás secaram e provavelmente o topo
detectaram a presença de pólen de destas montanhas desertificou. Nas
Araucaria junto com o pólen de árvores savanas mais ao norte, na região do lago
de mata no final do Pleistoceno (Figura de Valência, Venezuela, a vegetação era
1). No presente, esta gimnosperma forma semi-árida e o lago estava seco (hoje com
florestas fechadas do Paraná ao Rio 40m de profundidade); o local de
Grande do Sul (Floresta de Araucária) e perfuração era um pequeno pântano ou
também ocorre como um elemento lagoa intermitente (Peeters, 1984;
dentro da parte superior da Mata Bradbury et al., 1981) e esta fase seca
Atlântica na Serra do Mar, de São Paulo terminou à cerca de 10.000 AP. Estudos
até o Espírito Santo. Sua presença em recentes nas savanas da Colômbia
terras baixas do Brasil Central no final (Behling e Hooghiemstra, 1999)
do Pleistoceno e início do Holoceno, apresentam também essa fase seca, com
como um elemento de mata, reforça o pouca precipitação de chuvas no
114
Paleoecologia
115
Salgado-Labouriau
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116
Paleoecologia
117
Salgado-Labouriau
118
Solos e paisagem
Parte II
Comunidade de Plantas
119
Capítulo 6
122
Solos e paisagem
INTRODUÇÃO
estrutura dessas florestas ( Fernandes &
Bezerra 1990; Rizzini 1997; Fernandes
Um dos pontos mais controversos 2000; Ferraz 2002), reflexos do
relacionado às florestas cuja ocorrência componente histórico e dos processos
e distribuição estão condicionadas à ecológicos diferenciados que
estacionalidade climática (pluviosidade condicionam a dinâmica de cada sistema.
e(ou) temperatura) é a definição da A falta de conhecimento sobre a
terminologia adotada para a sua vegetação das florestas secas nas regiões
classificação, sendo englobada sob a Neotropicais, apontada por Pennington
denominação genérica de Florestas ou et al. (2000), é resultado da pouca
Matas Secas as mais variadas atenção dada a esse tipo de formação
fitofisionomias. (Murphy & Lugo 1986; Janzen 1988).
Essa ausência de informações, começa
Nessa designação estão agrupadas
ser modificada para a região dos
tanto as Florestas Estacionais Deciduais,
Cerrados, com o aparecimento de
quanto as Semideciduais, que no Brasil
trabalhos de composição, estrutura,
são subdivididas por Veloso (IBGE dinâmica e processos ecológicos das
1992), em função de sua localização em Florestas Estacionais Deciduais (ver
diferentes faixas altimétricas e Scariot & Sevilha 2000; Sampaio 2001;
geográficas, nas formações Aluvial, das Bueno et al. 2002, Vieira 2002). Porém,
Terras Baixas, Submontana e Montana. a falta da caracterização do tipo de
Embora utilizada com a finalidade vegetação e de informações climáticas,
exclusiva de propiciar o mapeamento principalmente temperatura e
contínuo de grandes áreas, tais pluviosidade, muitas vezes inviabiliza
formações parecem apresentar comparações entre as diferentes
correspondência com as diferenciações formações classificadas genericamente
encontradas na composição e na como florestas ou matas secas.
123
Scariot & Sevilha
124
Floresta estacional decidual
Figura 1
Localização geográfica
da bacia do rio Paranã
(GO e TO) e
distribuição das
Florestas Estacionais
Deciduais no Brasil
(IBGE 1983) e suas
respectivas classes de
solos de ocorrência
(EMBRAPA 1981) na
escala de
1:5.000.000, segundo
o novo Sistema
Brasileiro de
Classificação de Solos
(EMBRAPA 1999).
125
Scariot & Sevilha
Dados obtidos a partir da comparação dos mapas de vegetação (IBGE 1983) com os de precipitação (IBGE 1978a)
e temperatura (IBGE 1978b).
126
Floresta estacional decidual
127
Scariot & Sevilha
domínios climáticos, ocorrem solos com mente, a região foi negligenciada para
altas taxas de fertilidade onde são atividades econômicas convencionais, o
encontradas as Florestas Estacionais que contribuiu para a relativa
Deciduais. Dentre esses, destacam-se os preservação dos recursos naturais (Luíz
Nitossolos (Podzólicos Vermelho- 1998) e manutenção de parte das últimas
Escuros eutróficos (IBGE 1995) e a Terra- reservas florestais nativas de Goiás (IBGE
Roxa Estruturada Similar eutrófica (Krejci 1995). Atualmente são raras as áreas
et al. 1982). Estes solos se localizam, intactas, e quase sempre estão
principalmente, em áreas de precipitação localizadas em locais de difícil acesso,
média anual entre 800 e 1.100 mm, sobre geralmente sobre afloramentos de rochas
relevo plano a suavemente ondulado, calcárias.
com predominância das áreas aplainadas
A ocupação intensa a partir dos anos
(Krejci et al. 1982), onde a declividade
70, e principalmente nos anos 80,
varia de 0-3% (IBGE 1995). Estes ainda
resultado da imigração do sul e sudeste
podem apresentar uma fase rochosa
do País, culminou com intensa extração
composta pelos afloramentos calcários
madeireira para suprir os mercados
amplamente distribuídos pela região. São
paulista, goiano e paranaense (IBGE
destacadas as ocorrências nos
1995) e para subsidiar a implantação de
municípios de Iaciara, São Domingos e
pastagens. As condições naturais
Campos Belos (Krejci et al. 1982).
favoráveis e terras disponíveis, sem uso
Dentro das classes de solos agropecuário e, portanto, de baixo valor
identificados pelo antigo sistema de econômico, resultaram na remoção
classificação de solos do Brasil, o quase que total da cobertura vegetal para
Podzólico Vermelho-Escuro eutrófico implementação de fazendas de gado de
difere da Terra-Roxa Estruturada pelo corte. A extração de madeiras foi
material de origem. A primeira classe conduzida sem critérios técnicos e de
está relacionada a litologias calcárias maneira espontânea e empírica,
com possíveis influências de material executada por empreiteiros ou pelo
coluvionar (IBGE 1995), enquanto que próprio fazendeiro, procurando o
a segunda, desenvolvida a partir de máximo rendimento econômico, sem
rochas calcárias e ardósias do Grupo preocupação de reposição do estoque ou
Bambuí, tem altos teores de cálcio e a manutenção sustentada da atividade
magnésio, caracterizando-o como um (IBGE 1995).
dos solos mais férteis da região (Krejci
A escassez de árvores de espécies
et al. 1982).
de interesse econômico com diâmetros
comerciais reduziu as taxas de
exploração das décadas de 1980 e 1990,
A ocupação da paisagem
sendo que a maioria das serrarias,
Geograficamente, a bacia do rio paulatinamente, deixou de operar na
Paranã engloba a divisão administrativa última década (IBGE, 1995). Parte
da microrregião do Vão do Paranã, tida significativa da vegetação já foi
como a última área disponível para removida, porém ainda hoje ocorre a
expansão da fronteira agrícola no Estado extração comercial de madeira, tanto das
de Goiás, sendo já ocupada desde o formações florestais, utilizadas para
século 18, com a criação de gado em serrarias e produção de carvão, quanto
apoio à atividade aurífera. Posterior- das savânicas, utilizadas principalmente
128
Floresta estacional decidual
129
Scariot & Sevilha
130
Floresta estacional decidual
131
Scariot & Sevilha
132
Floresta estacional decidual
133
Scariot & Sevilha
Estas podem ser consideradas como as 15,4% da superfície havia sido reduzida
mais importantes na estruturação das a somente 5,4% em 1999 (Andahur
comunidades de Florestas Deciduais da 2002). A maior perda de vegetação
região da bacia do rio Paranã. ocorreu nas áreas mais planas e com
solos mais aptos ao aproveitamento
Essa diferenciação implica na pecuário.
adoção de manejo diferenciado das
formações florestais de fragmentos sobre O desmatamento na região resultou
planaltos e fragmentos sobre afloramento na fragmentação do habitat , que
calcário. As populações das espécies de implicou na descontinuidade da
elevado valor econômico persistem em distribuição da vegetação original,
áreas de afloramento devido às reduziu o habitat disponível aos
organismos silvestres e acrescentou
dificuldades impostas pela topografia à
bordas a uma paisagem até então
exploração madeireira. Porém, nas áreas
contínua. Isto resulta em mudanças na
planas, essas populações estão
distribuição e abundância dos
ameaçadas de extinção local devido ao
organismos, afetando a demografia e
desmatamento e à exploração seletiva,
genética das populações e, con-
que remove as árvores maiores, com
seqüentemente, a biodiversidade
características de fuste mais adequadas
(Wilcove 1986). A maioria (65%) dos
ao aproveitamento madeireiro, causando fragmentos remanescentes da área acima
danos ecológicos e genéticos às amostrada tem menos de 1 hectare, e
populações dessas espécies. A remoção 88% estão abaixo de 5,0ha, sendo raras
dos indivíduos reprodutivos, além de (menos de 1%) as áreas acima de 100ha
potencialmente afetar a reprodução das (Andahur 2002).
árvores remanescentes, modifica a
estrutura da comunidade e, assim, afeta A drástica modificação da paisagem
o estabelecimento, crescimento e natural e o aumento da população
reprodução de outras espécies, humana ocorridos nas últimas décadas
exploradas ou não. Já a remoção de criaram as condições para a introdução
de espécies exóticas nas áreas
determinados indivíduos com
remanescentes de Florestas Estacionais
características mais adequadas à
Deciduais da bacia do rio Paranã.
comercialização madeireira pode resultar
Algumas dessas espécies foram
na seleção negativa desses genótipos na
deliberadamente introduzidas pelo
natureza.
homem, com objetivo de incrementar a
produção agropecuária, destacando-se
principalmente as gramíneas, como
Desmatamento, fragmen- Hyparrhenia rufa (Nees) Stapf., Panicum
tação e plantas invasoras maximum Jacq., Pennisetum purpureum
Schum., entre outras. Já Acacia
Embora grande parte da região do
farnesiana (L.) Willd., conhecida na
vale do rio Paranã tenha sido desmatada
bacia do rio Paranã como esponjinha,
na década de 1980, ainda nos anos de
também de origem africana, é uma
1990, proporção significativa da árvore invasora das pastagens, onde
vegetação continuou a ser removida. Em pode formar agrupamentos fechados.
uma área de 180.877ha estudada, onde Embora os legumes sejam ingeridos pelo
predominavam as Florestas Estacionais gado, que eventualmente dispersa as
Deciduais, estimou-se que a perda de sementes nas pastagens e nas florestas
vegetação nativa, que em 1991, cobria remanescentes, as plantas raramente se
134
Floresta estacional decidual
135
Scariot & Sevilha
136
Floresta estacional decidual
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Scariot & Sevilha
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Floresta estacional decidual
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139
Capítulo 7
FOTO: M. HARIDASAN
Diversidade alfa e
beta no cerrado
sensu strictu,
Distrito Federal,
Goiás, Minas Jeanine Maria Felfili
Manoel Claudio da Silva Júnior
Departamento de Engenharia Florestal
142
Floresta estacional decidual
INTRODUÇÃO
O bioma Cerrado contém uma das Segundo Reatto et al. (1998) nas
mais ricas floras dentre as savanas áreas cobertas por cerrado s.s. encontra-
mundiais com 6.429 espécies já se o Latossolo Vermelho Amarelo
catalogadas (Mendonça et al. 1998), este ocupando 21,6%, Latossolo Vermelho
abrange uma vasta extensão territorial Escuro (18,6%), Areia Quartzoza
ocupando mais de 20 graus de latitude e (15,2%), Podzólico vermelho-Amarelo
10 graus de longitude e, contém as três (8,2%), Cambissolo (3,1%), Latossolo
maiores bacias hidrográficas sul- Amarelo (1,5), Latossolo variação UNA
americanas. No entanto, seus ambientes (0,5%). Estes solos podem ainda abrigar
naturais estão sendo rapidamente outras formações, além do cerrado s.s.,
convertidos em pastagens e cultivos mas a grande variedade de solos onde
agrícolas. Por essas razões, inclusive, já foi constatada a ocorrência desta
este foi identificado como um dos mais fisionomia sugere padrões floristicos
ricos e ameaçados ecossistemas diferenciados.
mundiais (Mittermeyer et al. 1999).
Dentro de um mesmo domínio
A vegetação do Cerrado ocorre sobre
climático ou bioma (Allaby, 1992) os
vários tipos de solo, mas a maior parte
padrões fitogeográficos estão, em geral,
destes são bem drenados, profundos,
vinculados a determinantes físicos como
ácidos, pobres em nutrientes e com alta
solo, relevo e topografia, que no caso
saturação de alumínio. O cerrado sentido
do Brasil Central foram sobrepostos em
restrito ou sensu stricto (s.s.), que ocupa
um zoneamento publicado por Cochrane
aproximadamente 70% do bioma
Cerrado, tem paisagem composta por um et al. (1985). Estes identificaram um total
estrato herbáceo dominado principal- de 70 sistemas de terra em 25 Unidades
mente por gramíneas e, um estrato de Fisiográficas. Um sistema de terras é uma
árvores e arbustos variando em área, ou grupo de áreas, no qual existe
cobertura de 10 a 60 % (Eiten 1972). um padrão recorrente de clima, paisagem
143
Felfili & Silva Júnior
Figura 1
Principais Unidades
Fisiográficas do
Brasil Central
estudadas: 1,2.
Superfície Pratinha;
3. Chapada do
Tocantins
(Veadeiros); 7.
Espigão Mestre do
São Francisco (Felfili
et al. 1994,
adaptado de
Cochrane et al.
1985).
144
Diversidade alfa e beta
contém três e São Francisco contém 1994), cinco na Chapada dos Veadeiros
apenas um. (Figura 2). (veja Felfili et al. 1997) e quatro no
Espigão Mestre do São Francisco (veja
As áreas de estudo (Tabela 1) foram
Felfili et al. 2001).
selecionadas ao longo de um gradiente
de dez graus de latitude e quatro graus Dos 15 locais estudados, cinco estão
de longitude iniciando-se da região em unidades de conservação e o restante
“core” (Pratinha), para o norte em locais não protegidos por lei (Tabela
(Veadeiros) e para o nordeste (São 1). Dentre as unidades de conservação,
Francisco). Na Chapada Pratinha foram três delas estão na Chapada Pratinha, no
amostradas seis áreas (veja Felfili et al. Distrito Federal e distantes cerca de 50km
Figura 2
Locais de estudo em
destaque nos
Sistemas de terra
nas Unidades
Fisiográficas
estudadas (1,2 =
Chapada Pratinha,
9, 17, 18 =
Chapada dos
Veadeiros e 14 =
Chapada do Espigão
Mestre do São
Francisco (Adaptado
de Felfili & Silva
Júnior 2001).
145
Felfili & Silva Júnior
146
Diversidade alfa e beta
147
Felfili & Silva Júnior
148
Diversidade alfa e beta
149
Felfili & Silva Júnior
FOR - Formosa; SDE - São Desidério; COR - Correntina; PGS - PARNA Grande Sertão; SNE - Serra Negra; SM - Serra da
Mesa; PVE - PARNA Veadeiros; ALP - Alto Paraíso; VPR - Vila Propício; AGA - APA Gama; PBR - PARNA Brasília; AEM
- Águas Emendadas; SIL - Silvânia; PAR - Paracatu; PAT – Patrocínio
150
Diversidade alfa e beta
Figura 3
Diversidade beta
expressa pelo
posicionamento das
15 áreas de cerrado
sensu stricto nos
eixos de ordenação
pelo método
DECORANA, onde
APA GAMA = Área
de Proteção
Ambiental Gama e
Cabeça de Veado;
Parna = Parque
Nacional.
151
Felfili & Silva Júnior
152
Diversidade alfa e beta
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
153
Felfili & Silva Júnior
154
Solos e paisagem
Capítulo 8
comparativa de
espécies lenhosas
de cerrado e William A. Hoffmann
Department of Botany
155
Hoffmann
156
Ecologia comparativa de espécies lenhosas
157
Hoffmann
158
Ecologia comparativa de espécies lenhosas
159
Hoffmann
alguns casos de proteção contra o fogo vida, apesar de ter pesos secos
(Ratter, 1992). semelhantes. Enquanto essa tendência
é obvia para plantas adultas, pois
fisionomias florestais são mais altas do
REPARTIÇÃO DE BIOMASSA que formações de cerrado, essa diferença
Além da diferença na razão raiz/ em porte já se manifesta no inicio do
parte aérea (Figura 3A), existem outras desenvolvimento de plântulas (Figura 3B).
diferenças nítidas entre esses dois grupos
Espécies de cerrado também tendem
de espécies, principalmente na repartição
a ter baixos valores de RAF (razão de
de biomassa e morfologia. Hoffmann &
área foliar), ou seja, a área foliar dividida
Franco (2003) compararam o
pelo peso total da planta (Figura 3C),
crescimento e repartição de biomassa de
indicando que as espécies de cerrado
nove pares de espécies vicariantes em
investem menos na captura de luz. Esse
condições de viveiro. Cada par desse
valor menor de RAF é devido a menor
incluía uma espécie de mata e outra de
área foliar por peso foliar (folhas mais
cerrado. Em geral, as espécies de mata
espessas) e menor peso foliar por peso
foram mais altas que as de cerrado,
total da planta (Hoffmann & Franco,
mesmo nos primeiros cinco meses de
2003).
Figura 2
Comparação da
espessura da casca de
dez pares de espécies
de cerrado e mata de
galeria. (Hoffmann et
al, 2003). Em todos os
gêneros, a espécie de
cerrado teve casca mais
espessa (P< 0.01). As
espécies de cerrado são
A. tomentosum,
Byrsonima crassa, D.
macrocarpum, G. noxia,
H. stigonocarpa,
Miconia pohliana,
Myrsine guianensis, O.
hexasperma, S.
crassifolia e V.
thyrsoidea. As espécies
de mata são A.
subicanum, B. laxiflora,
D. morototoni, G.
areolata, H. courbaril,
Miconia chartacea,
Myrsine umbelata, O.
castaneafolia, S.
elliptica e V. tucanorum.
160
Ecologia comparativa de espécies lenhosas
Figura 3
A) Razão raiz/parte
aérea de espécies de
cerrado e de mata. B)
Alturas de plântulas de
espécies de cerrado e de
mata C) Razão de área
foliar (área foliar por
unidade de peso total
da planta) de espécies
de cerrado e de mata.
Os erros padrões foram
baseados na variação
entre espécies. Dados
são de Hoffmann &
Franco (2003) e as
espécies são Alibertia
concolor. A.
macrophylla, Aspi-
dosperma macrocarpon,
A. subincanum,
Brosimum gaudichaudii,
B. rubescens,
Enterolobium
gummiferum, E.
contortisiliquum,
Guapira noxia, G.
graciliflora, Hymenaea
stignocarpa, H.
courbaril, Jacaranda
ulei, J. puberbula,
Ouratea hexasperma, O.
castaneaefolia, Salacia
crassifolia e S. elliptica.
161
Hoffmann
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Ecologia comparativa de espécies lenhosas
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espécies arbóreas Mundayatan Haridasan
Departamento de Ecologia
168
Ecologia comparativa de espécies lenhosas
169
Haridasan
170
Competição por Nutrientes
171
Haridasan
172
Competição por Nutrientes
Competição por Nutrientes
*Espécies de ampla distribuição na região dos cerrados conforme Ratter et al. (1996).
173
173
Haridasan
Figura 1
Relação entre a
biomassa e o
número de
árvores das 35
espécies em um
cerrado em
Latossolo
Vermelho no
Distrito Federal
(Silva, 1990).
Figura 2
Compartilhamento
da biomassa
aérea entre as 35
espécies arbóreas
em um cerrado
em Latossolo
Vermelho no
distrito Federal
(Silva, 1990)
174
Competição por Nutrientes
Figura 3
Densidade
relativa das 35
espécies arbóreas
em um cerrado
em Latossolo
Vermelho no
Distrito Federal
(Silva, 1990)
175
Haridasan
Figura 4
Relação entre a
concentração foliar de
nutrientes e o número
de árvores das 35
espécies em um
cerrado em Latossolo
Vermelho no Distrito
Federal (Silva, 1990).
176
Competição por Nutrientes
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177
Haridasan
178
Solos e paisagem
Capítulo 10
Biodiversidade de
FOTO: CMBBC
forma e função:
implicações
ecofisiológicas das
estratégias de
utilização de água e
luz em plantas
lenhosas do Augusto C. Franco.
Departamento de Botânica
179
Haridasan
180
Competição por Nutrientes
181
Franco
182
Uso de água e luz em plantas lenhosa
183
Franco
184
Uso de água e luz em plantas lenhosa
185
Franco
186
Uso de água e luz em plantas lenhosa
187
Franco
et al. 2005), mas não existem estudos está correlacionada a uma redução na
sobre a capacidade de armazenamento abertura estomática que ocorre tanto
de água em espécies lenhosas do durante a estação seca, quanto ao longo
cerrado, seus efeitos nos fluxos do dia em qualquer época do ano, se a
transpiratórios e no balanço hídrico da demanda evaporativa da atmosfera for
planta e sua relação com a fenologia. muito alta (Franco 1998; Meinzer et al.
Franco (2002) apresenta uma análise 1999; Naves 2000). O fechamento parcial
detalhada da interação entre o solo, dos estômatos e as altas taxas de
planta e atmosfera na determinação do fotorrespiração implicam em uma
balanço hídrico de plantas do cerrado e redução marcante na taxa de assimilação
na sua capacidade de rebrotar durante a potencial de CO 2 ao longo do dia,
estação seca. impondo uma forte limitação no balanço
de carbono foliar de espécies lenhosas
do cerrado (Franco & Lüttge 2002).
OS EFEITOS DO DEFICIT HÍDRICO Estudos com mudas de espécies lenhosas
SAZONAL NA FOTOSSÍNTESE E do cerrado mostraram que o ponto de
PRODUTIVIDADE compensação fotossintético (ACO2=0) é
atingido quando o potencial hídrico foliar
Em última análise, a produtividade está na faixa de –2,4 a –3,9 MPa (Prado
de uma planta depende principalmente et al. 1994; Sassaki et al. 1997; Moraes
da área verde disponível para absorção & Prado 1998). O potencial hídrico das
de luz e das taxas de fotossíntese. O camadas superficiais do solo atinge
carbono assimilado no processo valores nessa faixa durante a estação
fotossintético é repartido entre os seca (Kanegae et al. 2000; Franco 2002).
processos de crescimento, manutenção, A maioria das espécies apresenta uma
reprodução e armazenamento. Plantas redução acentuada da área foliar
lenhosas do cerrado apresentam taxas disponível durante a estação seca mesmo
relativamente altas de assimilação em espécies que mantém uma copa
máxima de CO2, entre 6 a 20 μmol m-2 s- verde ao longo do ano (Figura 1; Franco
1
(Prado & Moraes 1997; Moraes & Prado 1998; Naves 2000).
1998; Franco & Lüttge 2002). No entanto,
o investimento maciço em estruturas Apesar de manterem uma copa
subterrâneas representa um dreno verde, o balanço de carbono de espécies
importante dos produtos fotossintéticos sempre-verdes sofre uma restrição
que poderia ser investido em crescimento considerável durante a época seca.
da parte aérea. Franco (1998) estimou que para a espécie
sempre-verde R. montana, haveria uma
No cerrado, as variações sazonais redução de 66% na absorção de CO2 pela
na disponibilidade de água do solo e planta no final da estação seca, em
variações diurnas e sazonais na demanda função de reduções na taxa de
evaporativa da atmosfera são assimilação de CO2 e redução na área
consideráveis (Franco 1998; 2002; foliar total da planta, devido à queda de
Meinzer et al. 1999). As taxas de folhas e perda parcial do limbo foliar
assimilação de CO2 (ACO2) sofrem uma devido à herbivoria. Redução da área
diminuição significativa para a maioria foliar causada por patógenos não foi
das espécies durante a estação seca considerada e pode ter um efeito mais
(Franco 1998; Moraes & Prado 1998; significativo do que herbivoria para
Maia 1999; Naves 2000). Esta diminuição muitas espécies do cerrado. Marquis et
188
Uso de água e luz em plantas lenhosa
189
Franco
190
Uso de água e luz em plantas lenhosa
191
Franco
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Uso de água e luz em plantas lenhosa
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Solos e paisagem
Capítulo 11
197
Franco
198
Uso de água e luz em plantas lenhosa
199
Prado, Ronquim & Peron
200
Balanço de Carbono
*
CTC = K+ + Ca2+ + Mg2+ + H+ + Al3+
**
mmolcdm-3 = milimol de cargas por dm3; 10 mmolc dm-3 = 1 meq 100 mL-1
201
Prado, Ronquim & Peron
202
Balanço de Carbono
203
Prado, Ronquim & Peron
204
Balanço de Carbono
205
Prado, Ronquim & Peron
Figura 2
Fotossíntese líquida (A)
expressa em área
(μmol m-2 s-1) em
função do fluxo de
fótons
fotossinteticamente
ativos (FFFA) em
folíolos totalmente
expandidos de Cybistax
antisyphilitica e
Tabebuia chrysotricha
aos 240 e 360 dias
após a semeadura
(DAS), cultivadas sob
sol (símbolos abertos) e
sombreadas (símbolos
cheios).
Figura 3
Fotossíntese líquida (A)
expressa em massa
(μmol kg-1 s-1) em
função do fluxo de
fótons
fotossinteticamente
ativos (FFFA) em folíolos
totalmente expandidos
de Cybistax
antisyphilitica e
Tabebuia chrysotricha
aos 240 e 360 dias
após a semeadura
(DAS), cultivadas sob
sol (símbolos abertos) e
sombreadas (símbolos
cheios).
206
Balanço de Carbono
duas espécies tropicais lenhosas 3,06 a 11,37 μmol m-2 s-1 sob 1.000 μmol
Swietenia macrophylla e Dipteryx odorata fótons m-2 s-1 e de 2,87 a 15,16 μmol
crescendo sob condições de campo m-2 s-1 sob 2000 μmol fótons m-2 s-1).
aberto e sob sombra. Além da acentuada
A menor diferença entre os valores
diminuição da respiração no escuro, a
de fotossíntese líquida expressa em
pequena variação dos valores de
massa ocorreu devido a uma diminuição
fotorrespiração em relação aos valores
mais acentuada dos valores de massa
de Amaxa (entre 24,7-28,8 %) demonstrou
específica foliar (MEF, figura 4) do que
também a capacidade de adaptação do
dos valores de A maxa nos indivíduos
balanço de carbono das duas espécies
sombreados. Este evento resultou em
estudadas nas diferentes condições de
valores próximos ou mesmo maiores de
irradiação disponível. Os valores de
A maxm nos exemplares cultivados sob
fotorrespiração obtidos (de 1,8 a 2,7
atenuação da irradiação (e.g. valores
μmol m-2 s-1, sob sombreamento e de 3,4
maiores de Amaxm nos indivíduos de C.
a 5,3 μmol m-2 s-1, sob irradiação plena,
antisyphilitica aos 360 dias e de T.
Tabela 2) são menores, em relação aos
chrysotricha aos 240 e 360 dias quando
valores obtidos por Franco & Lüttge
sombreados, Tabela 2).
(2002), em quatro outras espécies
lenhosas do cerrado crescendo em Esta alteração demonstra a
condições naturais na época chuvosa (de capacidade de aclimatação das duas
207
Prado, Ronquim & Peron
208
Balanço de Carbono
209
Prado, Ronquim & Peron
similar nas curvas A-FFFA (Figuras 2 e 2,3 vezes menores que os correspon-
3) e pelo mesmo motivo: os valores de dentes na Tabela 3.
MEF (Figura 4) diminuem mais que os
O aumento da capacidade
valores de capacidade fotossintética sob fotossintética sob elevada concentração
sombra. de CO2 ocorre porque a proporção CO2/
No entanto, deve ser notado que O2 atual na atmosfera (1,69 x 10-3) não é
favorável à fotossíntese. O O2 inibe a
houve um aumento do valor de Amax
carboxilação e incrementa a
expressa em área ou em massa quando
fotorrespiração simultaneamente
as folhas foram expostas momenta-
(Bowes, 1993). O aumento da
neamente às altas concentrações de CO2
capacidade fotossintética em espécies de
(Figuras 6 e 7). Em qualquer situação Cerrado, expostas momentaneamente a
(idade, massa, área, espécie ou altas concentrações de CO2 (acima de 700
tratamento) os valores de Amax Figura 6
ppm), também foi obtido em plantas Fotossíntese líquida
apresentados na Tabela 2 são de 1,7 a jovens de Aloysia virgata crescendo a (A) expressa em
área (μmol m-2 s-1)
em função da
concentração de
CO2 atmosférico em
folíolos totalmente
expandidos de
plantas jovens de
Cybistax
antisyphilitica e
Tabebuia
chrysotricha aos 240
e 360 dias após a
semeadura (DAS),
cultivadas sob pleno
sol (símbolos
abertos) e sob
sombra (símbolos
cheios).
Figura 7
Fotossíntese líquida
(A) expressa em massa
(μmol kg-1 s-1) em
função da
concentração de CO2
atmosférico em
folíolos totalmente
expandidos de plantas
jovens de Cybistax
antisyphilitica e
Tabebuia chrysotricha
aos 240 e 360 dias
após a semeadura
(DAS), cultivadas sob
sol (símbolos abertos)
e sob sombra
(símbolos cheios).
210
Balanço de Carbono
pleno sol (Amax = 45 μmol m-2 s-1, duas sol para Cybistax antisyphilitica e
vezes maior que em condições Tabebuia chrysotricha foram de 0,07 e
atmosféricas normais de CO2); em folhas 0,13 mol m-2 s-1, respectivamente (Tabela
de sol de indivíduos adultos de Miconia 3). Tezara et al., (1998) obtiveram
albicans e Bauhinia rufa em condições valores semelhantes, 0,07 e 0,12 mol
naturais na época chuvosa (39 e 46 μmol m-2 s-1, respectivamente para Jatropha
m -2 s -1 , três vezes maior que sob gossypifolia e Ipomoea carnea, ambos
concentrações normais de CO2) e em arbustos C3 crescendo sob condições de
indivíduos jovens de Copaifera campo a pleno sol e disponibilidade
langsdorffii (34 μmol m-2 s-1, quatro vezes hídrica favorável. Os valores de ε foram
maior), dados de Prado et al. (não maiores nos indivíduos cultivados sob
publicados). irradiação solar plena (Tabela 3). Estes
maiores valores de ε estão relacionados
Portanto, é provável que o aumento com a concentração e ativação da enzima
da concentração de CO2 na atmosfera RuBP carboxilase-oxigenese (a Rubisco)
deve, de imediato, incrementar a no estroma do cloroplasto (Bowes,
capacidade fotossintética de espécies 1993). Maior concentração e atividade
lenhosas jovens e adultas de Cerrado da Rubisco aumentam potencialmente as
crescendo sob o sol ou sombreadas. No taxas de carboxilação, seqüestrando
entanto, em médio e longo prazo este mais rapidamente o CO 2 a cada
efeito pode diminuir ou mesmo ser incremento da disponibilidade deste gás
anulado (Bowes, 1991). Uma maior antes da saturação da fotossíntese.
aquisição potencial de carbono, devido Assim, é evidente o maior ângulo entre
à maior disponibilidade de CO2, poderá a fase linear inicial da curvas A-Ci e o
ter conseqüências sobre a folha alterando eixo da variável independente nos
as concentrações de carboidratos indivíduos cultivados sob irradiação
solúveis (Körner 2000), o tempo de vida solar plena (Figura 8). Este resultado era
(Cavender-Bares et al., 2000), a esperado, pois folhas de sol apresentam
concentração de nitrogênio (Bowes, maior capacidade de trabalho
1993), e a capacidade fotossintética fotoquímico (maior atividade dos
(Henrrick & Thomas, 1999). Poderá fotossistemas e maior velocidade de
haver, também, conseqüências sobre a transporte eletrônico) e bioquímico
planta aumentando a produção de (maior atividade da ATP-sintase por
biomassa (Ceulemans et al., 1999), a clorofila e maior atividade da Rusbisco)
capacidade de rebrota (Hoffmann et al., no processo fotossintético (Larcher
2000) e a razão de área foliar (Cavender- 2000). Hoflacher & Bauer (1982)
Bares et al., 2000). Ainda não existem obtiveram o dobro da atividade da
trabalhos com espécies de Cerrado Rubisco em folhas de sol de Hedera helix
submetidas por períodos médios ou (uma liana sempre verde) quando
longos (1-4 meses ou anos, comparado com folhas de sombra.
respectivamente) para que se possam
estimar mudanças ou mesmo adaptações A concentração da Rubisco pode
metabólicas e de alocação de biomassa aumentar de maneira significativa e
às altas concentrações de CO2. positiva em função do conteúdo de
nitrogênio nas folhas (em g de N m-2,
A média entre os valores de Osborne et al., 1998). Com um sistema
eficiência de carboxilação aparente (ε) radicular mais desenvolvido e
nos dois períodos de amostragem a pleno apresentando maiores valores de MEF
211
Prado, Ronquim & Peron
(Figura 5), os indivíduos que cresceram (por exemplo, durante a estação de seca
sob radiação solar plena podem ter maior no Cerrado) diminuindo os custos
capacidade de absorção de nutrientes e envolvidos na aquisição de carbono
maior conteúdo de nitrogênio por área (Chapin et al. 1990). Os carboidratos
de folha. Uma determinação do conteúdo estocados são reservas que podem ser
de nitrogênio foliar foi realizada aos 240 mobilizadas para os dois processos vitais
e 360 DAS nas duas espécies nos dois durante a fase jovem (o crescimento e a
tratamentos. Foram obtidos maiores defesa) aumentando as chances de
valores do conteúdo de nitrogênio por sobrevivência.
área de folha nos indivíduos que
Os indivíduos das duas espécies,
cresceram sob irradiância plena (2,8 e
quando cultivados sob sombra,
2,2 g N m-2 em C. antysiphilitica e T.
apresentaram capacidade de ajuste
chrysotricha, respectivamente, n=4) em
fisiológico (diminuição dos valores de
relação aos que cresceram sombreados
Re, Fr, PCL, LSF) e estrutural (diminuição
(2,0 e 1,6 g N m-2 em C. antysiphilitica e
dos valores de MEF e aumento da RAF)
T. chrysotricha, respectivamente, n=4).
capazes de mitigar os efeitos dos
menores valores de capacidade
CONSIDERAÇÕES FINAIS fotossintética no balanço de carbono sob
sombreamento intenso. Estas
Foi evidente a ação positiva e aclimatações de longo prazo explicam
significativa da irradiação solar plena parcialmente a ocorrência de C.
sobre os indivíduos cultivados em área antisyphilitica em fitofisionomias de
aberta nas duas espécies lenhosas Cerrado (cerrado stricto sensu e
estudadas. Com maior disponibilidade cerradão) com diferentes regimes de
de energia luminosa houve maiores irradiação e em mata (Mendonça et al.,
valores de biomassa total e da razão raiz/ 1998). Por outro lado, o estabelecimento
parte aérea. Nesta situação, as plantas de T. chrysotricha em mata-galeria (Leite,
cultivadas sob irradiação plena 2001), onde deve responder a diferentes
certamente obtiveram maior reserva de disponibilidades de energia luminosa
carboidratos. Esta reserva poderá ser antes de alcançar o dossel, pode também
utilizada em uma situação desfavorável ser em parte explicada pelos ajustes Figura 8
Fotossíntese líquida
(A) expressa em área
(μmol m-2 s-1) em
função da
concentração interna
de CO2 (Ci) em
folíolos totalmente
expandidos de
plantas jovens de
Cybistax antisyphilitica
e Tabebuia
chrysotricha aos 240
e 360 dias após a
semeadura (DAS),
cultivadas sob pleno
sol (símbolos abertos)
e sob sombra
(símbolos cheios).
212
Balanço de Carbono
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214
Balanço de Carbono
215
Parte III
Comunidades de animais
Capítulo 12
220
Solos e paisagem
221
(Figura 1). O bioma ocupa uma posição depressões periféricas (100-500m),
central na América do Sul e, por isso, apesar de serem planas e pontuadas com
limita-se com todos os maiores biomas relevos residuais, são muito mais
de terras baixas do continente. Ao norte, heterogêneas, pois são revestidas por
o Cerrado possui limites com a diferentes tipos de vegetação, tais como
Amazônia, a nordeste com a Caatinga, cerrados, florestas mesofíticas e extensas
a leste e sudeste com a Floresta Atlântica florestas ribeirinhas. De acordo com
e a sudoeste com o Chaco e o Pantanal. mapa publicado pelo IBGE (1998),
Nenhum outro bioma sul-americano estima-se que a vegetação do cerrado
possui esta diversidade de contatos (incluindo campos rupestres e florestas
biogeográficos com biomas tão distintos. ribeirinhas associadas) ocupe 72% do
bioma Cerrado. O restante do bioma é
A maior parte do Cerrado está sobre
coberto por mosaicos (áreas de tensão
planaltos sedimentares ou cristalinos,
ecológica, segundo Brasil, 1998)
que formam grandes blocos homogêneos
compostos por cerrado e florestas
separados entre si por uma rede de
mesofíticas (24%) ou somente por
depressões periféricas ou interplanálticas
florestas mesofíticas (4%).
(Brasil & Alvarenga, 1989). Esta variação
geomorfológica ajuda a explicar, pelo As florestas ribeirinhas estão
menos em parte, a distribuição dos presentes em quase todo o bioma, tanto
grandes tipos de vegetação na região sobre os planaltos como sobre as
(Cole, 1986). O topo dos planaltos (500 depressões. Oliveira-Filho & Ratter
a 1.700m) é geralmente plano e revestido (2002) estimaram em 10% a área
principalmente pela vegetação do recoberta por matas galeria no bioma
cerrado (ver revisões em Eiten, 1972, Cerrado. As florestas ribeirinhas estão
1990; Furley & Ratter, 1988; Ribeiro & associadas à complexa rede de drenagem
Walter, 1998), com florestas ribeirinhas regional, que inclui parte das bacias de
formando corredores lineares ao longo alguns dos principais rios sul-
dos cursos d’água. Em contraste, as americanos, tais como o São Francisco,
Figura 1
O bioma do
Cerrado no
contexto da
América do Sul.
Note a posição
central do Cerrado
no continente
o Tocantins, o Araguaia e o Paraguai reproduzem na região (Tabela 1). Assim,
(Innocencio, 1989). A partir destes a avifauna do Cerrado passa a ter 856
planaltos, estes rios correm para espécies, das quais 777 (90,7%) se
diferentes direções, propiciando a reproduzem na região.
oportunidade de contato entre as suas
florestas ribeirinhas e as florestas Silva (1995b) listou 29 espécies de
ribeirinhas existentes nos biomas aves endêmicas ao bioma Cerrado.
adjacentes. Desde então, uma nova espécie
endêmica foi descrita, Suiriri islerorum
Encraves de cerrado são encontrados (Zimmer et al., 2001), aumentando este
isolados em outros biomas brasileiros, número para 30. Esta alteração
como a Amazônia, Floresta Atlântica e combinada com os novos registros de
Caatinga (Eiten, 1972). Estes encraves
espécies para o Cerrado, mantém em
são verdadeiros laboratórios naturais
3,8% a porcentagem de espécies
para o estudo da diferenciação ecológica
residentes endêmicas ao bioma. Silva
e evolutiva de populações que estão
(1995b) não definiu claramente os
passando pelo processo de isolamento
critérios utilizados para considerar uma
geográfico, pois suas biotas são
espécie como endêmica ao bioma, o que
testemunhas de uma época, na qual a
gerou críticas à classificação de uma ou
vegetação do cerrado possuía uma
distribuição muito mais extensa do que outra espécie. Assim, é necessária uma
a atual (Cole, 1986). Infelizmente, muitos descrição dos dois critérios utilizados.
destes encraves foram parcialmente ou O primeiro critério adotado foi o grau
totalmente alterados pela expansão das de sobreposição entre a distribuição
atividades humanas nestas regiões. geográfica conhecida da espécie e a
região nuclear do domínio morfo-
climático do Cerrado, tal como
DIVERSIDADE E COMPOSIÇÃO DA delimitado por Ab’Saber (1977). O limite
AVIFAUNA DO CERRADO mínimo de sobreposição para a espécie
ser considerada como endêmica foi
O que se conhece? definido em 95%.
224
Biogeografia e avifauna
espécies que podem se alimentar ou se de pesquisa feitos nos últimos seis anos,
reproduzir tanto em florestas como em nota-se que a situação pouco se
áreas abertas na região. Esta classificação modificou. Apesar das localidades de
é grosseira, porque não leva em conta a amostragem de aves cobrirem grande
grande variação estrutural que existe parte do bioma (Figura 2a), o esforço
tanto entre as florestas como entre os feito na maioria destas localidades foi
diferentes tipos de cerrado e outras áreas abaixo do mínimo exigido para que a
abertas (Ribeiro & Walter, 1998). localidade pudesse ser considerada como
Entretanto, ela é suficiente para mostrar minimamente amostrada. O mapa,
que a grande maioria (393; 51,8%) das somente com as localidades
espécies de aves residentes no bioma do consideradas como “minimamente
Cerrado são dependentes de floresta, amostradas” (Figura 2b), permite a
enquanto 208 são independentes e 158 identificação das áreas mais importantes
são semidependentes. Com a inclusão para serem inventariadas na região:
das novas espécies de aves registradas Maranhão, Piauí, Bahia, Tocantins, leste
neste bioma, o número de espécies por do Mato Grosso do Sul, central Mato
categoria passa a ser o seguinte: Grosso do Sul e sudoeste de Minas
dependentes (399), semidependentes Gerais.
(161) e independentes (218). Estes
Dentro destas áreas prioritárias,
resultados significam que as florestas do
todos os ambientes devem ser
bioma do Cerrado, mesmo cobrindo
amostrados para que a avifauna local
menos de 10% da região, abrigam total
possa ser conhecida adequadamente.
ou parcialmente cerca de 72,0% da
Entretanto, é possível analisar as curvas
diversidade total de espécies na região.
históricas de descobrimento de espécies
Assim, pode-se descrever a avifauna do
de aves dependentes, semidependentes
Cerrado como predominantemente
e independentes de floresta em uma
florestal, vivendo em um bioma coberto
escala regional (Figura 3), a fim de
principalmente por savanas.
identificar em quais macrohabitats há
maior probabilidade de encontrar novas
O que precisa ser espécies de aves para o Cerrado. As
conhecido? curvas de descobrimento das espécies
semidependentes e independentes
Silva (1995c) avaliou o estado do subiram rapidamente nos primeiros anos
inventário da avifauna do Cerrado e de exploração ornitológica do bioma do
descobriu que grande parte do bioma Cerrado, para depois apresentarem um
nunca teve sua avifauna estudada crescimento muito pequeno ao longo dos
minimamente. Como “minimamente anos. Em contraste, a curva de
estudada”, Silva (1995c) considerou descobrimento de espécies de aves
todas aquelas localidades onde pelo dependentes de floresta continua a
menos 80 espécimes foram coletados ou crescer e não mostra qualquer sinal de
pelo menos uma lista com 100 espécies estabilização. Com base nesta análise
foi produzida. Estes números foram simples é possível predizer que: (a) se
utilizados porque correspondiam aos novas espécies de aves forem registradas
resultados mínimos que poderiam ser no bioma do Cerrado, elas serão
obtidos entre 3 e 4 dias de trabalho de encontradas principalmente nas florestas
campo intensivo na região do cerrado. da região; (b) novas espécies de florestas
Mesmo adicionando-se todos os esforços continuam a serem registradas, devido
225
Silva & Santos
Figura 2
Localidades de
amostragem de aves
no Cerrado: (a) todas
as localidades e (b)
somente as
localidades
consideradas como
“minimamente
amostradas”
(modificado a partir de
Silva 1995c).
226
Biogeografia e avifauna
Figura 3
Curvas de
descobrimento de
espécies de aves
dependentes,
semidependentes e
independentes de
floresta no bioma do
Cerrado (curvas geradas
a partir do apêndice 1
de Silva, 1995b, com
informações novas
apresentadas neste
capítulo).
227
Silva & Santos
228
Biogeografia e avifauna
229
Silva & Santos
Figura 4
A contribuição relativa
da produção de
espécies (especiação
intra-regional) e
intercâmbio biótico
(colonização de uma
região por espécies
de biomas adjacentes)
na diversidade re-
gional de aves em
cinco grandes biomas
brasileiros: Amazônia,
Floresta Atlântica,
Cerrado, Caatinga e
Pantanal.
230
Biogeografia e avifauna
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
231
Silva & Santos
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232
Biogeografia e avifauna
233
Capítulo 13
A biodiversidade dos
Cerrados:
236
Biogeografia e avifauna
237
Rodrigues
238
Matas de Galeria e trocas faunísticas
possa melhor conhecer as causas que lhe dois casos, apesar do conhecimento
deram origem e, assim, obter orientação insuficiente que também há sobre
adequada para conservá-la de modo aqueles biomas, sabe-se, pelo menos,
mais eficaz. dizer algo a respeito das áreas de
endemismo mais importantes daqueles
domínios. Ainda que se desconheça
A SITUAÇÃO ATUAL DO profundamente a diversidade da
CONHECIMENTO Amazônia, já se dispõe de vários
modelos para explicar a especiação e,
Embora as pesquisas sobre a fauna conseqüentemente, parte da diversidade
e flora dos Cerrados tenham avançado de sua fauna e flora (Haffer, 2001). Tais
muito, é necessário admitir que a hipóteses têm dado margem a amplos
diversidade biológica do bioma ainda é debates, gerado controvérsias, e assim
muito pouco conhecida. Imensas áreas estimulado exponencialmente a
não foram sequer inventariadas, numa elaboração de projetos procurando testá-
época em que ainda existem sérios las. Estes, aprimorando a qualidade e a
problemas taxonômicos em grupos de cobertura geográfica dos levantamentos,
espécies que, se melhor conhecidos, têm acarretado avanços substanciais no
poderiam auxiliar a compreender melhor nosso conhecimento sobre a área. O
os principais padrões de distribuição de modelo clássico dos refúgios, por
sua fauna e flora. exemplo, é um dos que se dispõe para
explicar a diversidade da fauna
Apesar do imenso esforço dedicado
amazônica (Haffer, 1969; Vanzolini &
pela comunidade científica a
Williams, 1970 ); há muitos outros, como
levantamentos, ao longo da última
o modelo dos rios atuando como
década, os cerrados ainda permanecem
barreiras (Wallace, 1852) e o dos
muito mal inventariados. Deixando de
gradientes (Endler, 1982); (veja Vieira
lado os peculiares e complexos campos
et al., 2001). É importante lembrar que
rupestres que apresentam uma biota
em face da realidade das flutuações
característica (Heyer, 1999), não se sabe
climáticas que afetaram a distribuição
dizer ainda quais são as principais áreas
espacial das florestas amazônicas ao
de endemismo dos Cerrados brasileiros.
longo do tempo, dispõe-se também dos
Este conhecimento é fundamental para
requisitos mínimos, em termos de
tentar compreender sua história e assim
cenários geográficos e fisionômicos, para
estabelecer uma lista de áreas prioritárias
testar a aplicabilidade dos vários dos
para a conservação. Ao contrário do que
modelos de diferenciação propostos.
ocorre para os demais domínios
Assim, ainda permanecem na Amazônia
morfoclimáticos brasileiros, também não
grandes áreas naturais de matas
se dispõe de modelos de aplicabilidade
contínuas, seja na planície seja em terras
geral que permitam explicar a especiação
altas, manchas de florestas isoladas fora
e a diversidade nos Cerrados.
dela (por exemplo, os “brejos” nas
O nível do estado atual de Caatingas) e enclaves de vários tipos de
conhecimento atingido sobre os paisagens abertas no próprio domínio
Cerrados, insuficiente e grave por si só, amazônico. Estas áreas são aquelas que
torna-se mais crítico quando contraposto nos permitem resgatar a informação
comparativamente ao que se dispõe para necessária para testar os principais
a Amazônia e para a Mata Atlântica. Nos modelos invocados para explicar a
239
Rodrigues
240
Matas de Galeria e trocas faunísticas
empenho para preservá-las urgen- fauna dos Cerrados é de tal ordem que
temente, assim como procurar não podemos nos dar ao luxo de
maximizar a preservação das regiões da considerar uma ou outra área como não-
área nuclear que ainda permanecem com merecedora de investigação prioritária.
cobertura original. Absolutamente tudo deve ser
considerado prioritário. No estado atual
Sabe-se que há endemismos nos do conhecimento, não se pode dizer se
Cerrados, que as matas de galeria do um chapadão ou um vale isolados e
domínio - no caso da herpetofauna, em esquecidos no meio da paisagem,
particular, e no de muitas espécies de idênticos a muitos outros, foram ou não
outros grupos - não constituem barreira cenários de processos histórico-
para a fauna adaptada aos ambientes evolutivos que levaram à divergência de
abertos dos Cerrados. A mata de galeria, parte da fauna que abrigam. Somente um
tão característica do domínio, não trabalho intenso no campo pode eliminar
apresenta fauna própria expressiva, essas dúvidas. A descoberta surpre-
sendo utilizada pela maioria das espécies endente de áreas de endemismo nas
encontradas nos Cerrados abertos, talvez Caatingas, que possuem herpetofauna
com mais freqüência no período seco muito melhor conhecida que a dos
(Marinho & Gastal, 2000; Silva & Cerrados, apóia esta linha de
Viellard, 2000). Quais foram as barreiras pensamento (Rodrigues, 1991, 1996,
e os mecanismos que levaram à 2002).
complexificação progressiva da fauna
dos Cerrados? Quais foram os quadros É no contexto do cenário geográfico
de paisagens que dominaram o espaço ainda oferecido pelos enclaves de
dos Cerrados à altura dos períodos Cerrados isolados da Amazônia que se
úmidos? Que tipos de vegetação aberta pode testar a aplicabilidade do modelo
estavam instalados no alto dos dos refúgios aos Cerrados. É nestas áreas
chapadões e nos vales ao longo dos isoladas, com áreas de ordem de
grandeza muito diversa, que a fauna dos
períodos glaciais? Como ocorreu a
Cerrados vem passando por diferen-
transição para o cenário atual? Apesar
ciação. No estudo destes experimentos
de haver muitos avanços no domínio do
naturais, está a chave para a
conhecimento palinológico e na
compreensão de alguns dos mecanismos
reconstrução de paleoambientes
que permitem explicar a diversidade
(Laboriau, Ledru, 2003), ainda não se
atual e a origem da fauna do bioma. É
sabe muito sobre a composição, a
ali também que se deve buscar as
permanência e a extensão geográfica das
explicações para o papel das florestas
paleopaisagens que ocuparam a área dos
de galeria na evolução da fauna dos
Cerrados ao longo do Quaternário.
Cerrados.
Perceber e tentar compreender as
pequenas diferenças na organização
estrutural e biótica da paisagem, que
coletivamente é denominada de Cerrado, ESPECIAÇÃO DURANTE CICLOS
é fundamental para entender o passado CLIMÁTICOS E A IMPORTÂNCIA
(Ab’Saber, 2000). DAS MATAS DE GALERIA.
O desconhecimento sobre os Atualmente, admitem-se dois
processos ecológico-evolutivos que mecanismos alopátricos de especiação
levaram à origem e diferenciação da para explicar a origem de novas espécies
241
Rodrigues
242
Matas de Galeria e trocas faunísticas
Figura 1
Esquema hipotético
para explicar o
possível papel
assimétrico
desempenhado pelas
matas de galeria no
enriquecimento
faunístico de áreas
florestadas durante
ciclos climáticos.
243
Rodrigues
diversidade local e espacial da cultural muito diversa que hoje ali vivem:
Amazônia, quando comparada aos gaúchos, paranaenses, mato-grossenses,
Cerrados. Filogenias adequadas que paulistas, nordestinos, mineiros e muitos
possibilitassem verificar o número e a outros, entre eles, imigrantes de diversas
posição relativa dos clados associados a procedências. A diversidade de culturas
vicariâncias ecológicas em linhagens exige estratégias elaboradas que
monofiléticas, permitiriam testar a envolvem investimentos em tempo,
hipótese. Casos como o dos geconídeos energia e recursos financeiros que são
do gênero Coleodactylus, dos scincídeos diferentes para cada um destes grupos
do gênero Mabuya, teídeos do gênero culturais. Não é através de uma receita
Kentropyx, policrotídeos do gênero simples, muitas vezes eficiente nos
Anolis, e de muitos outros, com espécies países de primeiro mundo, onde há
tanto na mata como nos Cerrados, muito existe certa homogeneidade
poderiam também ser alvo de cultural, que obteremos o retorno
investigação para testar o modelo. necessário para estancar a erosão das
paisagens naturais do Cerrado. As ações
aqui devem envolver um planejamento
CONSIDERAÇÕES FINAIS específico, integrado, uma visão mais
Há muito por fazer no que respeita estratégica do que temos hoje para
ao estudo da biodiversidade e à preservar nossa diversidade biológica.
conservação dos Cerrados e deve-se agir Sabemos que a sensibilização da
rapidamente, pois a situação do bioma sociedade será lenta e, em face da
é crítica. Mal inventariado e altamente urgência que se impõe, ela deve ser
ameaçado o Cerrado ainda tem poucas procurada com todos os meios que
unidades de conservação regula- estiverem ao alcance. Isto exige a
mentadas. A falta de conhecimento participação de jornalistas, escolas,
básico impede a delimitação mais precisa zoológicos, e a produção de abundante
das áreas potenciais de conservação e material educativo. Exige que se mudem
não tem permitido frear a ocupação das conceitos antigos, estagnados, sobre o
paisagens naturais que ainda restam. O papel social de algumas instituições. Os
ecossistema deve ser alvo prioritário de zoológicos, por exemplo, têm um
políticas públicas voltadas à conservação enorme potencial de sensibilização
e educação ambiental. Não se trata de cultural da sociedade que é pouco
parar o desenvolvimento, mas de aproveitado. É preciso valorizar nossa
repensá-lo criticamente. fauna e mostrar sua importância: dos
pequenos roedores e marsupiais à onça,
A enorme expressão espacial dos
dos invertebrados às pererecas. Este
Cerrados e sua história de ocupação
estudo cita, como exemplo, a
econômica produziram uma diversidade
importância conferida mundialmente à
cultural de tal ordem que as ações de
fauna australiana, fato que só acontece,
conservação precisam ser muito bem
pois eles souberam valorizá-la.
planejadas. O processo educativo que
permite perceber a importância de As tarefas acima só poderão ser
preservar o Cerrado com sustenta- cumpridas a tempo se a comunidade
bilidade não é o mesmo para um índio científica sair do seu imobilismo. Os
dos Parecis, do Araguaia, ou para a cientistas devem sair de suas salas e
infinidade de grupos com educação também assumir a responsabilidade, que
244
Matas de Galeria e trocas faunísticas
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
245
Rodrigues
246
Solos e paisagem
Capítulo 14
As origens e a
diversificação da
herpetofauna do Guarino R. Colli
Departamento de Zoologia
247
Rodrigues
248
Matas de Galeria e trocas faunísticas
249
Colli
250
Origem e diversificação da Herpetofauna
251
Colli
252
Origem e diversificação da Herpetofauna
Heyer and Maxson (1982) que, baseados presumivelmente foram isoladas por
em dados imunológicos, indicaram que florestas (Harley, 1988). Entretanto, o
boa parte da diversificação do grupo impacto dos ciclos climáticos do
fuscus do gênero Leptodactylus, típico de Quaternário na diversificação da biota
paisagens abertas, ocorreu no Terciário, sul-americana tem sido superestimado
com alguns eventos de especiação tendo (Lynch, 1988; Colli, 1996).
ocorrido tão cedo quanto o Eoceno.
253
Colli
254
Origem e diversificação da Herpetafauna
Herpetofauna
255
Colli
Colli
Nota: O indica ausências, enquanto que 1 indica presença. As espécies são as seguintes: 1. Alopoglossus angulatus,
2. A. atriventris, 3. A. buckleyi, 4. A. carinicaudatus, 5. Ameiva ameiva, 6. A. festiva, 7. A. leptophrys,
8. A. quadrilineata, 9. Anolis auratus, 10. A. biporcatus, 11. A. bombiceps, 12. A. capito, 13. A. carpenteri,
14. A. chrysolepis, 15. A. frenatus, 16. A. fuscoauratus, 17. A. humilis, 18. A. lemurinus, 19. A. limifrons,
20. A. lionotus, 21. A. meridionalis, 22. A. ortonii, 23. A. pentaprion, 24. A. philopunctatus, 25. A.
poecilopus, 26. A. punctatus, 27. A. sericeus, 28. A. gr. fuscoauratus, 29. A. trachyderma, 30. A. transversalis,
31. A. tropidogaster, 32. A. vittigerus, 33. Arthrosaura kockii, 34. A. reticulata, 35. Bachia bresslaui, 36.
B. cophias, 37. B. panoplia, 38. Bachia sp., 39. B. trisanale, 40. Basiliscus basiliscus, 41. B. plumifrons,
42. B. vittatus, 43. Briba brasiliana, 44. Caliptommatus leiolepis, 45. C. nicterus, 46. C. sinebrachiatus,
47. Celestus rozellae, 48. C. hylaius, 49. Cercosaura ocellata, 50. Cnemidophorus cryptus, 51. C. gramivagus,
52. C. lemniscatus, 53. C. longicaudus, 54. C. ocellifer, 55. Cnemidophorus sp., 56. Coleodactylus
amazonicus, 57. C. brachystoma, 58. C. meridionalis, 59. Colobosaura mentalis, 60. C. modesta, 61.
Corytophanes cristatus, 62. Crocodilurus lacertinus, 63. Ctenoblepharys donosobarrosi, 64. Diploglossus
bilobatus, 65. D. fasciatus, 66. D. lessonae, 67. D. monotropis, 68. Diplolaemus bibronii, 69. D. darwinii,
70. D. leopardinus, 71. Dracaena guianensis, 72. D. paraguayensis, 73. Enyalioides cofanorum, 74. E.
laticeps, 75. Enyalius bilineatus, 76. E. iheringii, 77. E. leechii, 78. Eumeces schwartzei, 79. E. sumichrasti,
80. Gonatodes albogularis, 81. G. concinnatus, 82. G. eladioi, 83. G. hasemani, 84. G. humeralis, 85.
Gymnodactylus geckoides, 86. G. speciosus, 87. Hemidactylus agrius, 88. H. frenatus, 89. H. mabouia, 90.
H. palaichthus, 91. Homonota borelli, 92. H. darwinii, 93. H. fasciata, 94. H. horrida, 95. Hoplocercus
spinosus, 96. Iguana iguana, 97. Iphisa elegans, 98. Kentropyx altamazonica, 99. K. calcarata, 100. K.
paulensis, 101. K. pelviceps, 102. K. striata, 103. K. viridistriga, 104. Laemanctus longipes, 105. Leiosaurus
bellii, 106. Lepidoblepharis festae, 107. L. heyerorum, 108. L. sanctaemartae, 109. L. xanthostigma, 110.
Lepidophyma flavimaculatum, 111. Leposoma guianense, 112. L. parietale, 113. L. pericarinatum, 114. L.
southi, 115. Liolaemus archeforus, 116. L. austromendocinus, 117. L. bibronii, 118. L. boulengeri, 119. L.
buergeri, 120. L. ceii, 121. L. chacoensis, 122. L. chiliensis, 123. L. darwinii, 124. L. elongatus, 125. L.
fitzingeri, 126. L. gracilis, 127. L. kingii, 128. L. kriegi, 129. L. lineomaculatus, 130. L. magellanicus,
131. L. rothi, 132. L. ruizleali, 133. L. tenuis, 134. L. wiegmannii, 135. Lygodactylus klugei, 136. L.
wetzeli, 137. Mabuya bistriata, 138. M. dorsivittata, 139. M. frenata, 140. M. guaporicola, 141. M. heathi,
142. M. nigropunctata, 143. M. unimarginata, 144. Micrablepharus atticolus, 145. M. maximiliani, 146.
Neusticurus bicarinatus, 147. N. ecpleopus, 148. Notobachia ablephara, 149. Ophiodes intermedius, 150.
O. striatus, 151. Pantodactylus schreibersii, 152. Phyllodactylus ventralis, 153. Phyllopezus pollicaris, 154.
256
256
Origem e diversificação da Herpetofauna
Nota - continuação
Phymaturus palluma, 155. P. patagonicus, 156. Polychrus acutirostris, 157. P. gutturosus, 158. P.
marmoratus, 159. Prionodactylus argulus, 160. P. eigenmanni, 161. P. manicatus, 162. P. oshaughnessyi,
163. Prionodactylus sp., 164. Pristidactylus fasciatus, 165. Procellosaurinus erythrocercus, 166. P.
tetradactylus, 167. Proctotretus pectinatus, 168. Pseudogonatodes guianensis, 169. Pseudogonatodes sp.,
170. Psilophthalmus paeminosus, 171. Ptychoglossus brevifrontalis, 172. Sphaerodactylus homolepis,
173. S. lineolatus, 174. S. millipunctatus, 175. Sphenomorphus cherriei, 176. Stenocercus aculeatus, 177.
S. caducus, 178. S. doellojuradoi, 179. S. roseiventris, 180. Stenocercus sp., 181. Teius teyou, 182.
Thecadactylus rapicaudus, 183. Tretioscintus agilis, 184. Tropidurus amathites, 185. T. azureum, 186. T.
cocorobensis, 187. T. divaricatus, 188. T. erythrocephalus, 189. T. etheridgei, 190. T. flaviceps, 191. T.
guarany, 192. T. hispidus, 193. T. itambere, 194. T. montanus, 195. T. oreadicus, 196. T. pinima, 197. T.
plica, 198. T. psammonastes, 199. T. semitaeniatus, 200. Tropidurus sp., 201. T. spinulosus, 202. T.
torquatus, 203. T. umbra, 204. Tupinambis duseni, 205. T. merianae, 206. T. quadrilineatus, 207. T.
rufescens, 208. T. teguixin, 209. Uranoscodon superciliosus, 210. Urostrophus gallardoi, 211. U. vautieri,
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257
Colli
Figura 1
Cladograma de áreas,
obtido através de
Análise de Parsimônia
de Endemismos de
213 espécies de
lagartos em 32
localidades
neotropicais.
Cladograma é o
consenso estrito de 9
cladogramas mais
parsimoniosos.
Números indicam
índice de decaimento
ou suporte de Bremer.
258
Origem e diversificação da Herpetofauna
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264
Solos e paisagem
Capítulo 15
265
Colli
266
Origem e diversificação da Herpetofauna
267
Vieira & Palma
268
Pequenos mamíferos
Figura 1
Mapa do Brasil
central com a
localização das áreas
amostradas.
Detalhes sobre as
áreas na Tabela 1.
269
Vieira & Palma
270
Pequenos mamíferos
271
Vieira & Palma
Houve também uma relação 0.001; Figura 4). As áreas mais abertas
significativa entre a ordenação dos apresentaram uma menor riqueza média
habitats, por grau de cobertura arbórea, de espécies e as florestas de galeria
e a riqueza dos mesmos, estimada por apresentaram a maior riqueza média de
rarefação (r² = 0,85, g.l. = 80, P < espécies. As áreas de campo úmido, que
Figura 2
Número de gêneros
e espécies de
pequenos mamíferos
capturados em sítios
na região do
Cerrado.
Figura 3
Abundância relativa
média dos gêneros de
pequenos mamíferos
em função da
freqüência de
ocorrência (proporção
do número total de
sítios de Cerrado
estudados; N = 82).
Os gêneros mais
abundantes estão
indicados por códigos.
Os códigos dos
gêneros estão
explicados na Tabela 1.
Os códigos em negrito
indicam os gêneros de
marsupiais, códigos
sublinhados indicam os
gêneros de roedores
equimiídeos e todos os
outros indicam
roedores murídeos.
272
Pequenos mamíferos
Figura 4
Relação entre cada possuem algumas espécies típicas deste Cerrado estão alguns gêneros mais raros,
tipo de habitat e a tipo de formação (e. g. Oxymycterus como Eurizygomatomys, Wiedomys e
média dos índices de roberti) são mais ricas do que as outras Thylamys. O gênero Oxymycterus, por
riqueza (rarefação – sua vez está associado às áreas úmidas.
formações campestres (campo limpo e
eixo da esquerda) e a
diversidade beta para campo sujo). Quanto à β-diversidade Essas áreas estão posicionadas no centro
cada habitat (índice de (variação entre sítios), não houve um do gráfico, junto com as áreas
Whittaker - eixo da padrão aparente em relação à campestres secas. A grande maioria dos
direita). As barras de marsupiais está relacionada às formações
complexidade de vegetação. Os habitats
erro indicam o desvio florestais. Nessas formações parece não
padrão das médias. Os com maiores valores foram o cerrado s.s.
habitats foram e a mata de galeria (Figura 4). haver diferenças entre os gêneros que
ordenados de acordo ocorrem em matas mesofíticas e em
com o grau de Os resultados da DCA indicaram dois matas de galeria.
cobertura vegetal. eixos principais com maior relevância
CUMI = campo úmido biológica (autovalores de 0,895 e 0,757). Além dos marsupiais, os habitats
e vereda, CLCS = florestais possuem uma série de gêneros
campo limpo e campo Essa análise mostrou padrões claros de
sujo, CCER = campo associações de gêneros a determinados de Muridae estritamente associados aos
cerrado, CESS = tipos e habitat (Figura 5). Bolomys, mesmos (Figura 5). A posição central dos
cerrado sensu stricto, Thalpomys e Calomys são importantes gêneros Oryzomys e Oligoryzomys pode
CDÃO = cerradão, ser explicada por esses serem gêneros
MMES = mata em áreas de cerrado (s. l.). Também
mesofítica e MGAL = associadas às formações savânicas de poli-específicos, com espécies associadas
mata de galeria e mata
ciliar. As áreas úmidas
estão apresentadas
separadas das outras
formações abertas por
apresentarem
condições ambientais
características e fauna
diferenciada. No
entanto esses dois
habitats (CUMI e CLCS)
foram analisados em
conjunto para o cálculo
da regressão (ver
texto).
Figura 5
Resultados da Análise
de Correspondência
Não-tendenciada
(DCA) para os sítios
amostrados. Códigos
dos gêneros como na
Figura 3. A posição
dos códigos dos
gêneros indica sua
localização real ao
longo dos eixos,
exceto nos casos
onde as setas
indicam a localização
exata.
273
Vieira & Palma
274
Pequenos mamíferos
entre sítios. Essa maior variação quanto Oligoryzomys, situados na região central
à composição das comunidades pode do gráfico da DCA, parecem ocorrer mais
reforçar a necessidade de preservação de freqüentemente nesses dois habitats
várias áreas com essas formações para distintos.
garantir a preservação de toda a
O tipo de habitat parece ser o
biodiversidade de pequenos mamíferos
principal fator determinante da estrutura
associada aos cerrados s.s. e matas de
das comunidades de pequenos
galeria.
mamíferos do Cerrado, onde essas
A ocorrência de roedores da comunidades podem ser divididas em
subfamília Murinae (Rattus spp.) foi três grupos: um primeiro formado por
limitada a poucos sítios (5%) e em baixa espécies savânicas (campos cerrados a
abundância, exceto em uma mata de cerrados densos), um segundo grupo,
galeria (sítio B35) próxima a casas e bastante distinto do primeiro, formado
ruínas. As capturas de Mus musculus em por espécies tipicamente florestais,
ambientes naturais do Cerrado também incluindo gêneros arborícolas (e. g.
são extremamente raras, ocorrendo em Rhipidomys, Micoureus), gêneros de
uma área recém-queimada (A. R. T. habitats semi-aquáticos (e.g. Nectomys)
Palma, obs. pess.). Isto demonstra que e alguns outros gêneros que, mesmo
no Cerrado estes animais têm sido sendo essencialmente cursoriais, são
capazes de invadir habitats naturais exclusivos de florestas (e.g. Proechimys).
apenas quando ocorre forte perturbação Pela análise dos resultados da DCA,
antrópica, como observado em outros pode-se identificar ainda um terceiro
locais (Fox, 1982; Soulé et al., 1991; E. grupo, intermediário, que ocorre em
M. Vieira, obs. pess.). áreas abertas, secas e úmidas. Essas
áreas geralmente estão situadas entre os
Com relação à distribuição dos ambientes savânicos e os florestais.
gêneros nos habitats de Cerrado, o Embora haja gêneros característicos
padrão de espécies arborícolas dessas áreas (e. g. Oxymycterus), nelas
concentradas em florestas é trivial, ocorrem também gêneros de habitats -
enquanto que a concentração de espécies generalistas (e.g. Oligoryzomys, Bolomys)
de didelfídeos em matas reflete um e gêneros mais comuns em outros
padrão que ocorre com a família em nível habitats, que eventualmente ocorrem em
continental, uma vez que a maioria dos ambientes vizinhos mais abertos, como
gêneros de didelfídeos é Gracilinanus e Nectomys. Com isso os
predominantemente florestal ou é habitats abertos se situaram em uma
euritópico (Emmons & Feer, 1990). As posição central no gráfico da DCA.
exceções são os gêneros Lestodelphis e
Thylamys (Nowak, 1991; Vieira & Palma, A correlação positiva entre
1996), que ocorrem predominantemente abundância local e distribuição
fora de florestas. No Cerrado Thylamys geográfica encontrada neste estudo
e também Monodelphis ocorrem em ocorre em vários grupos (ex.: Hanski,
áreas mais abertas. 1982). Os gêneros de pequenos
mamíferos do Cerrado formam um
Quanto aos roedores, pode-se continuum de algumas espécies
identificar uma dicotomia quanto à abundantes e de distribuição ampla
distribuição da maioria dos gêneros entre (Oryzomys, Bolomys, Oligoryzomys e
habitats florestais e habitats savânicos. Didelphis) a várias espécies raras
Somente dois gêneros, Oryzomys e presentes em poucos sítios. Os gêneros
275
Vieira & Palma
276
Pequenos mamíferos
norte-americanos (Fox & Brown, 1993) por ARTP, enquanto ele era bolsista de
e chilenos (Kelt, 1996). doutorado do CNPq no curso de Pós-
Graduação em Ecologia da Universidade
de Brasília. Agradecemos aos colegas que
AGRADECIMENTOS permitiram a inclusão de dados não
publicados nas análises deste trabalho
Agradecemos aos organizadores, (veja apêndice I): M. Prada, F. M. Diniz,
Aldicir Scariot, Jeanine M. Felfili e José D. C. Briani e R. G. Gonçalves. Versões
Carlos Sousa-Silva por viabilizar a iniciais desse capítulo foram revisadas e
publicação deste livro e possibilitar a receberam sugestões de Ludmilla Aguiar
nossa participação no mesmo. Parte dos e um revisor anônimo, os quais em muito
dados que utilizamos foram coletados melhoraram a versão final.
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280
Pequenos mamíferos
281
Vieira
Vieira &
& Palma
Palma
Apêndice I (cont.)
282
Solos e paisagem
Biodiversidade
de insetos
galhadores no G. Wilson Fernandes
Silmary J. Gonçalves-Alvim
Ecologia Evolutiva de Herbívoros Tropicais/DBG,
283
Fernandes & Gonçalves-Alvim
284
Insetos galhadores
285
Fernandes & Gonçalves-Alvim
286
Insetos galhadores
287
287
Fernandes & Gonçalves-Alvim
288
Insetos galhadores
Figura 1
Influência da
riqueza de
espécies de
Leguminosae, do
conteúdo de
nutrientes (MO, P,
K, Mg e Fe) e da
capacidade total
de troca de catíons
(CTC) do solo
sobre a riqueza de
insetos galhadores
(índices de
correlação de
PearsonP e
SpearmanS).
289
Fernandes & Gonçalves-Alvim
(CTC) (Fig. 1). Entretanto, houve um galhadores seria exercida pelo ataque de
aumento da riqueza de galhadores com parasitóides (como os microhime-
o aumento no conteúdo de ferro, que em nópteros), pois grande parte das galhas
níveis elevados é prejudicial ao de Cecidomyiidae é atacada por este
desenvolvimento da vegetação (Ferri, grupo de insetos (Maia, 2001). Portanto,
1985). O conteúdo destes nutrientes e a este conjunto de características (cenário
CTC explicaram 72% da variação ambiental) seria responsável pelo
observada na riqueza de galhadores nas sucesso evolutivo de insetos galhadores
fisionomias estudadas (y = 1,22 - nas plantas esclerófilas do Cerrado, com
0,043Mg - 0,162K + 0,00326Fe - a ação de predadores e patógenos sobre
0,0199CTC; r² = 0,72; F4,11 = 4,47; p < os insetos galhadores sendo menos
0,05), corroborando a hipótese de efetiva em ambientes mais estressados
Fernandes & Price (1991) de que plantas (Fernandes & Price, 1988, 1991, 1992;
mediam o efeito do estresse abiótico (i.e., Fernandes et al., 1994; Price et al., 1998;
deficiência de água e de nutrientes Ribeiro et al., 1998).
essenciais no solo) na riqueza de insetos
galhadores.
290
Insetos galhadores
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Brasil.
293
Capítulo 17
296
Fauna de lepidoptera e conservação
297
Pinheiro
mesma região (Carter, 1982; Brown, Reino Unido (Carter, 1982). Infelizmente,
1991, 1996). Além disso, a maioria das entretanto, foi constatado nos
espécies ocorre apenas em alguns levantamentos de fauna realizados, que
habitats e microhabitats, sob um número próximo a 1/3 de todas as
determinadas condições de luz, borboletas que ocorrem no Brasil Central
temperatura e umidade. Portanto, a (cerca de 210 espécies) nunca foi
presença (ou não) de certas espécies registrado em qualquer unidade de
também pode fornecer indicações sobre conservação do Distrito Federal. A
o estado de conservação do habitat. Por explicação para este fenômeno é, como
estas razões, têm-se verificado este estudo pretende demonstrar, o fato
recentemente um uso crescente de de que nas unidades de conservação
borboletas em programas de
existentes não se encontram repre-
monitoramento de biodiversidade em
sentadas pelo menos duas das
países da Europa (Carter, 1982; Dennis,
fisionomias de vegetação de Cerrado que
1992) e na América do Norte (Scott,
se constituem no habitat preferido de
1986), ou como indicadores para a
uma grande variedade de espécies de
conservação de áreas no Brasil (Brown,
borboletas: (1) as florestas semidecíduas
1996; Brown & Freitas, 2000).
(também conhecidas como florestas
O Distrito Federal apresenta uma rica mesofíticas), que ocorrem no DF,
fauna de borboletas. Com base em dados principalmente, em regiões de solos
da literatura, na análise de coleções calcários, como na região de Sobradinho,
zoológicas e em levantamentos na Chapada da Contagem e na região da
realizados por este autor e colaboradores Fercal, e (2) as matas de galeria
nos últimos quinze anos, foi possível associadas a rios de médio e grande
compilar uma lista contendo 645 porte, geralmente mais densas e mais
espécies efetivamente registradas nesta extensas do que aquelas encontradas ao
unidade da federação. É altamente longo dos pequenos córregos e ribeirões
provável, entretanto, que novas espécies presentes nos parques e reservas.
venham a ser acrescentadas a esta lista
à medida que outras regiões ainda pouco Neste capítulo são apresentados
exploradas venham a ser amostradas. alguns dados envolvendo a riqueza e a
Com base na distribuição geográfica de similaridade de espécies de borboletas
várias espécies em estados vizinhos e encontradas nas principais unidades de
em dados ainda não disponíveis na conservação e em três regiões situadas
literatura estima-se que o número total em áreas “não protegidas” do DF, que
de espécies do DF seja, de fato, superior contêm estas fisionomias de vegetação
a 750 (Brown & Freitas, 2000). de cerrado não encontradas nas unidades
Para se ter uma idéia da represen- já implantadas. Os resultados sugerem
tatividade desta fauna, pode-se verificar, que, caso se quisesse realmente
por exemplo, que este número é maior conservar esta extraordinária diversidade
que toda a fauna de borboletas da de espécies de borboletas, dever-se-ia
América do Norte (incluindo a região não apenas ampliar o número de
neotropical do sul do México, Scott, unidades de conservação nessa região,
1986), é sete vezes maior do que a fauna mas também adotar uma série de
de borboletas da Europa ou 13 vezes medidas para a proteção efetiva da fauna
maior que a fauna de borboletas do nas unidades existentes.
298
Fauna de lepidoptera e conservação
299
Pinheiro
Figura 1
Dendrogramas
baseados na
similaridade da fauna
de borboletas em seis
áreas de conservação
(PNB, EEAE, EEJB,
IBGE, FAL e RCO) e
em três áreas “não
protegidas” do
Distrito Federal (RMa
= rio Maranhão, SWR
= rio Sobradinho e
florestas de
Sobradinho, e CCF =
Chapada da
Contagem e Fercal).
Análises são
apresentadas
separadamente para
(A) Pieridae, (B)
Papilionidae, (C)
Ithomiinae e (D) um
aglomerado de outros
Nymphalidae.
300
Fauna de lepidoptera e conservação
301
Pinheiro
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302
Fauna de lepidoptera e conservação
303
ROSEVALDO QUEIROZ
Capítulo 18
Abundância e
amplitude de dieta
de lagartas
(Lepidoptera) Ivone R. Diniz
Departamento de Zoologia
Universidade de Brasília
no cerrado de Brasília, DF
Helena C. Morais
Departamento de Ecologia
Brasília (DF)
Universidade de Brasília
Brasília, DF
Pinheiro
306
Fauna de lepidoptera e conservação
307
Diniz & Moraes
308
Dieta de Lagartas
309
Diniz & Moraes
310
Dietas
Dieta de Lagartas
311
311
Diniz & Moraes
Figura 1
Porcentagem de
espécies de Lepi-
doptera (n = 302)
monófagas (uma
espécie de planta),
oligófagas (um
gênero ou uma
família) e polífagas
(mais de uma
família) no cerrado
do Distrito Federal.
312
Dieta de Lagartas
semelhante à encontrada por Janzen Das sete espécies com mais de 100
(1988) para lagartas da floresta seca de indivíduos quatro são polífagas -
Costa Rica (50%). No estudo de Janzen Compsolechia sp. (Gelechiidae), Fregela
a proporção de espécies oligófagas é semiluna (Arctiidae), Inga phaeocrossa
maior do que a de polífagas enquanto (Oecophoridae), Pococera sp. (Pyralidae)
no cerrado as polífagas ocorrem em - uma é oligófaga ocorrendo em um
maior proporção. A baixa oligofagia gênero de planta hospedeira - Cerconota
encontrada deve-se, parcialmente, ao achatina (Elachistidae) - e duas são
conjunto de plantas amostradas e, monófagas - Argyrotaenia sp.
principalmente, às próprias caracte- (Tortricidae) e um Epipaschiinae
rísticas da flora local de cerrado. Por (Pyralidae).
exemplo, em relação a gêneros foram
Um arctiideo, Fregela semiluna,
amostradas duas espécies de Eremanthus
apresentou a maior amplitude de dieta
(Asteraceae), três espécies de Byrsonima
utilizando 33 espécies de plantas na FAL
(Malpighiaceae), de Miconia (Melasto-
(Diniz et al., 2000a) e outros exemplos
mataceae) e de Qualea (Vochysiaceae),
de lagartas generalistas são apresentados
e quatro espécies de Erythroxylum
na Tabela 4. Algumas delas chamam a
(Erythroxylaceae), enquanto para
atenção do observador como Megalopyge
Ouratea (Ochnaceae) apenas uma
albicollis por ser uma lagarta grande com
espécie ocorre em abundância na área
longos pelos urticantes e Hylesia
de estudos e, ainda, famílias como
schuessleri que são gregárias, com
Caryocaraceae, Proteaceae e Styracaceae
grupos de mais de 150 indivíduos, e uma
estão representadas por uma única
biologia similar à descrita para H. lineata
espécie na área.
na Costa Rica (Janzen, 1984). Várias
Cerca de um terço das espécies (100 espécies apresentam especificidade de
spp.) é polífaga e essa proporção é dieta e são relativamente comuns em
bastante variável entre as diferentes suas plantas hospedeiras (Tabela 5).
famílias de Lepidoptera. Considerando Algumas espécies consomem apenas um
as famílias representadas por mais de gênero de planta como é o caso de
10 espécies, encontramos uma proporção Cerconota achatina e Gonioterma
de espécies polífagas que varia de 75% indecora em espécies de Byrsonima
em Saturniidae a 16% em Pyralidae (Andrade et al., 1995; Diniz et al.,
(Tabela 3; Figura 2). 2000b), Stenoma muscula em espécies
de Qualea, Cyclomia mopsaria e Eloria
O número de adultos emergidos no
subapicalis em espécies de Erythro-
laboratório foi utilizado como indicativo
xylum.
da abundância e, nesse caso, obtivemos
210 espécies raras (de dois a 10 Conforme já mencionado, a fauna
indivíduos) e 92 comuns (mais de 10 de lagartas nas plantas do cerrado é
indivíduos). Entre as espécies raras caracterizada pela baixa freqüência de
29,5% são polífagas e entre as mais indivíduos (Price et al., 1995; Marquis
comuns 41,3% (Tabela 3). Esse resultado et al., 2002). Essa característica pode
mostra que há uma alta proporção de levar a uma superestimativa dos
monófagas e oligófagas (>50%) tanto especialistas e, provavelmente, isso está
entre as espécies raras como entre ocorrendo com os resultados apresen-
aquelas comuns. tados aqui. No entanto, após dez anos
313
Diniz & Moraes
Figura 2
Porcentagem de
espécies polífagas
em diferentes
famílias de Lepi-
doptera, em
cerrado sensu
stricto do Distrito
Federal
314
Dieta de Lagartas
315
ambientes naturais, melhorando o cerrado” coletando e criando lagartas.
entendimento sobre a dinâmica e o À FINATEC, ao CNPq (Proc. 520351/97-
controle dessas populações nos 5), à UnB e ao PIBIC/CNPq/UnB que ao
agroecossistemas.
longo dos últimos anos vem financiando
esse estudo por meio de auxílio-pesquisa
AGRADECIMENTOS e bolsas de estudo. Aos revisores
anônimos cujos comentários colabora-
Aos estudantes que participaram
ram para uma maior clareza do texto.
do Projeto “Herbívoros e herbivoria no
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Diniz & Moraes
318
Solos e paisagem
Capítulo 19
320
Dieta de Lagartas
321
Constantino
322
Diversidade e endemismo de térmitas
323
Constantino
mata. Nos últimos quatro anos foram agrupados, a lista real deve conter pelo
acrescentadas cerca de 20 espécies, menos 150 espécies. Algumas delas,
incluindo as de mata e da área urbana. marcadas com asterisco na lista, são
É também surpreendente que a fauna dos mais típicas de matas e ocorrem
cerrados do Estado de São Paulo seja ocasionalmente em cerrados mais
pouco amostrada. Os dados publicados densos.
limitam-se a registros isolados em Devido a limitações taxonômicas, é
algumas poucas localidades. Os cerrados impossível apresentar uma lista acurada.
de Tocantins, Maranhão, Piauí e Bahia A taxonomia das espécies neotropicais
são praticamente desconhecidos, assim da subfamília Apicotermitinae é caótica
como os do Mato Grosso do Sul e as listas de espécies publicadas contêm
(incluindo o Pantanal) e Paraná. apenas morfoespécies tentativas. Os
Apicotermitinae são cupins sem
soldados, abundantes na fauna de solo.
COMPOSIÇÃO E CARACTERÍSTICAS Devido aos inventários limitados e aos
DA FAUNA DE CUPINS DO problemas taxonômicos também é difícil
CERRADO ter certeza de quais espécies são
realmente endêmicas do Cerrado e sua
As espécies registradas na região do associação com os vários tipos de
Cerrado, em vegetações abertas, isto é, habitats. De modo geral, poucas espécies
excluindo as matas, estão listadas na vivem bem tanto em floresta como em
Tabela 1. São pelo menos 139 espécies, áreas abertas. Ou seja, existe uma fauna
mas como os Anoplotermes spp. estão típica de savanas e outra típica de matas.
Figura 1
Distribuição do
esforço de
inventário de cupins
no Cerrado e
algumas savanas
amazônicas. A área
dos círculos é
proporcional ao
esforço amostral em
cada área (número
de amostras).
Baseado em
inventários
publicados e nos
catálogos das
coleções da UnB e
do Museu Paraense
Emílio Goeldi.
Pontos com menos
de 50 amostras
foram omitidos e
pontos próximos
foram agrupados.
324
Diversidade e endemismo de térmitas
325
Constantino
Constantino
Tabela 1 (continuação)
326
Diversidade e endemismo de térmitas
Tabela 1 (continuação)
327
Constantino
Figura 2
Composição
taxonômica da
fauna de cupins de
cinco áreas de
cerrado. Fontes:
ver Tabela 1.
Figura 3
Composição de
grupos funcionais
na fauna de cupins
de cinco áreas de
cerrado. Fontes:
ver Tabela 1.
328
Diversidade e endemismo de térmitas
329
Constantino
Figura 4
Dois padrões
comuns de
distribuição
geográfica de
espécies de cupins
no Cerrado. Padrão
A: Serritermes
serrifer, Cornitermes
silvestrii,
Cyranotermes
timuassu. Padrão B:
Labiotermes
brevilabius,
Procornitermes
araujoi, Syntermes
wheeleri, S.
praecellens,
Cornitermes villosus,
Dihoplotermes
inusitatus. A
distribuição é
aproximada,
podendo ser maior
ou menor para
algumas dessas
espécies.
330
Diversidade e endemismo de térmitas
331
Constantino
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Diversidade e endemismo de térmitas
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333
Capítulo 20
336
Diversidade e endemismo de térmitas
337
Tidon, Leite, Ferreira & Leão
METODOLOGIA
ESPÉCIES DE DROSOFILÍDEOS
A presente compilação foi elaborada REGISTRADAS NO BIOMA CERRADO
com base em dois tipos de fontes. A
primeira refere-se aos registros de A Tabela 1 lista as espécies cuja
ocorrência de drosofilídeos publicados ocorrência já foi registrada no Cerrado.
338
Drosofilídeos
Drosofilídeos
339
Tidon, Leite, Ferreira & Leão
(continuação)
340
Drosofilídeos
341
Tidon, Leite, Ferreira & Leão
342
Drosofilídeos
343
Tidon, Leite, Ferreira & Leão
344
Drosofilídeos
345
Tidon, Leite, Ferreira & Leão
346
Drosofilídeos
347
Tidon, Leite, Ferreira & Leão
348
Drosofilídeos
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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221. 70.
352
Solos e paisagem
Capítulo 21
A complexidade
353
Aguiar, Machado, Brandão, Batista & Timmers
354
Bromélias e antrópedes
355
Aguiar, Machado, Brandão, Batista & Timmers
356
Bromélias e antrópedes
Figura 1
Localização da área
de estudo (Parque
Nacional da
Chapada dos
Veadeiros) no
estado
de Goiás, Brasil.
357
Aguiar, Machado, Brandão, Batista & Timmers
Observação: relacionados apenas os indivíduos adultos das morfoespécies encontradas nas bromélias
358
Bromélias e antrópedes
Figura 2
Número cumulativo
de espécies de
artrópodes em
função do número de
bromélias
examinadas na área
de campo rupestre
do Parque Nacional
da Chapada dos
Veadeiros (GO).
359
Aguiar, Machado, Brandão, Batista & Timmers
Figura 3
Número
cumulativo de
espécies de
artrópodos em
função do número
de bromélias
examinadas na
área de mata de
galeria do Parque
Nacional da
Chapada dos
Veadeiros (GO).
360
Bromélias e antrópedes
Figura 4
Análise
discriminante
canônica realizada
com as medidas
morfométricas de
quatro espécies de
bromélias nas áreas
de campo rupestre
e mata de galeria
do Parque Nacional
da Chapada dos
Veadeiros (GO).
Figura 5
Relação entre a
abundância de
indivíduos (Log) e o
diâmetro do copo
das bromélias nas
áreas de
amostragem do
Parque Nacional da
Chapada dos
Veadeiros (GO).
Observação: R2 =
0,100; F1,47 =
4,476; p < 0,05.
361
Aguiar, Machado, Brandão, Batista & Timmers
362
Bromélias e antrópedes
mata e quase não concentram água entre vimento desse estudo. Também à
suas folhas. A existência de locais administração do Parque Nacional da
alternativos como locas entre pedras, Chapada dos Veadeiros que deu
para o abrigo dos artrópodes seria a permissão para o trabalho na área.
hipótese mais razoável para explicar a Obrigada também a Naíldes P. da Silva
ausência desse tipo de fauna nas que ajudou nas coletas, e a J. A. de
bromélias do campo rupestre. Carvalho e Dr. J. Ratter pela assistência.
Agradecemos ao CNPq e CAPES pelo
apoio financeiro durante nosso curso de
AGRADECIMENTOS doutorado. E finalmente agradecemos
aos dois revisores desse trabalho que
Agradecemos ao Prof. Alexandre B.
forneceram valiosas contribuições.
Araújo, pelo incentivo ao desenvol-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
363
Aguiar, Machado, Brandão, Batista & Timmers
364
PParte
arte IV
Conservação
365
Capítulo 22
FOTO: M. HARIDASAN
Desafios para a
conservação do
Cerrado, em face
das atuais
tendências de uso Cleber J. R. Alho
Universidade para o Desenvolvimento do
369
Alho
370
Desafios para a conservação
371
Alho
372
Desafios para a conservação
373
Alho
374
Desafios para a conservação
375
Alho
376
Desafios para a conservação
377
Alho
378
Desafios para a conservação
379
Alho
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381
Capítulo 23
conservação da Planaltina, DF
Samuel Bridgewater
James Alexander Ratter
Royal Botanic Gardens
sua diversidade Edimburgo
Escócia
José Carlos Sousa-Silva
384
Ocupação e conservação
385
Ribeiro, Bridgewater, Ratter & Sousa-Silva
Figura 1
Estimativa de
ocupação do
Cerrado em 1996
(Sano et al., 2001).
386
Ocupação e conservação
387
Ribeiro, Bridgewater, Ratter & Sousa-Silva
388
Ocupação e conservação
389
Ribeiro, Bridgewater, Ratter & Sousa-Silva
390
Ocupação e conservação
Figura 2
Evolução da
produção de grãos
em milhões de
toneladas na área
do domínio do
bioma Cerrado.
Fonte: Embrapa
Cerrados –
Palestra
Institucional
391
Ribeiro, Bridgewater, Ratter & Sousa-Silva
392
Ocupação e conservação
393
Ribeiro, Bridgewater, Ratter & Sousa-Silva
394
Ocupação e conservação
395
Ribeiro, Bridgewater, Ratter & Sousa-Silva
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Ocupação e conservação
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Ribeiro, Bridgewater, Ratter & Sousa-Silva
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Ocupação e conservação
399
Capítulo 24
fragmentos de
Cerrado: princípios
para a conservação Vânia R. Pivello
Departamento de Ecologia
402
Manejo de fragmentos
403
Pivello
404
Manejo de fragmentos
405
Pivello
406
Manejo de fragmentos
407
Pivello
Iniciando, então, pelo problema das O fogo pode ser outra alternativa
invasões biológicas e, mais especif- para o controle de gramíneas exóticas.
icamente, considerando as invasões por No caso de Melinis minutiflora, há
gramíneas africanas nos cerrados, controvérsia quanto à sua resistência ao
percebe-se que quase não há estudos fogo (Asner & Beatty, 1996; Costa &
sobre o controle dessas espécies, uma Brandão, 1988; D´Antonio & Vitousek,
vez que são de interesse econômico e a 1992), entretanto, observou-se ao longo
grande maioria dos estudos tem o de vários anos que, nos cerrados,
objetivo oposto, ou seja, são voltados queimadas periódicas a cada 2-3 anos,
ao aumento de sua produtividade. É, principalmente se conduzidas durante
portanto, premente a necessidade de sua floração, podem reduzir seu vigor e
experimentação, in loco e em laboratório, favorecer as herbáceas nativas (Pivello,
para se testar técnicas de combate 1992). Essa estratégia de manejo da
mecânico, químico e de arranjo espacial comunidade visa, portanto, aumentar a
capacidade competitiva das nativas em
dos elementos na paisagem, a fim de
relação a essa invasora.
controlar a invasão dessas gramíneas
exóticas. Contrariamente, tem sido observado
que o fogo parece estimular o
Dentre as técnicas mecânicas, o
crescimento da Brachiaria decumbens
arranquio, o corte e o sombreamento
(agora, concordando com Aronovich &
podem ser opções, embora adequadas
Rocha, 1985; D´Antonio & Vitousek,
para situações diferentes. O arranquio
1992 & Filgueiras, 1990). Esta espécie
manual ou mecanizado tem a grande
tem se mostrado extremamente agressiva
desvantagem de revolver o solo, o que,
em fragmentos de cerrado do estado de
para várias dessas espécies, pode São Paulo, com vantagem competitiva
estimular ainda mais sua disseminação, sobre as nativas e até mesmo sobre
uma vez que se observa seu estabe- Melinis minutiflora (Pivello et al., 1999-
lecimento em áreas preferencialmente a; 1999-b), formando grandes manchas
perturbadas (Coutinho, 1982-a; 1982-b; monoespecíficas onde se estabelece. Em
Freitas, 1999). Entretanto, pode ser casos assim, e cientes de todos os riscos
aplicado em focos pequenos e isolados, ambientais possíveis numa unidade de
tomando-se o cuidado de exercer conservação, acredita-se que o controle
perturbações mínimas. químico, por meio de herbicidas de baixo
efeito residual, seja uma das
A opção pelo corte raso tem por
pouquíssimas opções para o controle
princípio a retirada de nutrientes por
dessa invasora (Pivello, 1992; Durigan
meio da biomassa epígea e o
et al., 1998). Certamente, todas as
conseqüente enfraquecimento da planta.
precauções devem ser tomadas para se
A melhor época e frequência de aplicação evitar poluição do solo e corpos d´água
devem ser testadas. Imagina-se que o ou envenenamento de animais. Técnicas
sombreamento também promova mistas, com a combinação de fogo e
enfraquecimento e morte das gramíneas herbicida, ou fogo e corte, bem como o
invasoras, especialmente por elas terem sobrepastejo nas manchas monoes-
metabolismo C 4 (Klink & Joly, 1989; pecíficas de Brachiaria, especialmente
Mozeto et al., 1996). O grau de quando estas se situam nas bordas da
sombreamento, porém, deve ser testado unidade de conservação e permitem
e balanceado para que não afete maior controle dos animais, também
severamente as espécies nativas. merecem ser testadas.
408
Manejo de fragmentos
409
Pivello
410
Manejo de fragmentos
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Capítulo 25
Caracterização dos
ecossistemas
aquáticos do Claudia Padovesi Fonseca
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Ecossistemas aquáticos
417
Fonseca
418
Ecossistemas aquáticos
419
Fonseca
420
Ecossistemas aquáticos
421
Fonseca
Figura 1
Esquema geral do
gradiente
longitudinal de
zonas úmidas do
bioma Cerrado
(sem escala
definida).
422
Ecossistemas aquáticos
423
Fonseca
(1)
Fonte: Dias, 1996 ; Padovesi-Fonseca et al., 2001(2); Martins-Silva et al., 2001 (3)
.
424
Ecossistemas aquáticos
425
Fonseca
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Ecossistemas aquáticos
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Capítulo 26
Perspectivas e
desafios para
conservação do Roberto B. Cavalcanti
Departamento de Zoologia
Universidade de Brasília
432
Perspectivas e desafios para a conservação
433
Cavalcanti
434
Perspectivas e desafios para a conservação
435
Cavalcanti
das plantas, podem ser modificados por modelos de ocupação que viabilizem a
meios tecnológicos. Os avanços da sobrevivência da biota nativa na
engenharia genética, clonagem, e o paisagem regional.
crescimento da infra-estrutura de
Os corredores de biodiversidade são
transportes permitem que regiões
uma das formas de planejamento
remotas do mundo produzam alimentos
regional que visam manter sistemas de
de paladar global a custos competitivos.
áreas protegidas em uma matriz de uso
Em resumo, a proteção de áreas humano da paisagem. No Brasil, os
naturais hoje apresenta custos de denominados corredores ecológicos
oportunidade significativos, se foram propostos no âmbito do Programa
comparada à situação na década Piloto para a Proteção de Florestas
passada, em função desses avanços da Tropicais (PP-G7) para Amazônia e mata
infra-estrutura de transportes, bem como Atlântica (Ayres et al. 1997), e mais tarde
do desenvolvimento tecnológico e da incorporados pelo governo Federal,
demanda de alimentos. Estaduais, organizações conservacio-
nistas e agências de desenvolvimento
Ao mesmo tempo, uma estratégia de
para os demais biomas. Em um corredor
proteção ambiental agrega valor
de biodiversidade, são desenhadas e
significativo para a viabilidade da
implementadas conexões entre áreas
ocupação humana de uma região. O
protegidas, de forma que os biomas
custo de não proteger áreas-chave é
naturais não sejam ilhados como
muito alto. Ainda no caso da Amazônia,
resultado da ação antrópica. Ao
estima-se que o desmatamento poderá
combater a fragmentação, mantêm-se os
reduzir em até 20% a precipitação anual.
processos de migração, dispersão,
Nos cerrados, onde a precipitação se
colonização e intercâmbio genético que
concentra em seis meses do ano, a
permitem a sobrevivência da biota nativa
perenização dos rios depende de
na paisagem. Em termos de ecossistema,
armazenamento de água subterrânea,
também são mantidos os fluxos de
nos grandes sistemas de chapadões da
matéria e energia que sustentam a
Serra Geral.
produtividade natural.
OPORTUNIDADES DE
CONSERVAÇÃO CORREDOR CERRADO-PANTANAL
A ocupação acelerada do Brasil Um exemplo interessante é o
central e da Amazônia é um processo Corredor Cerrado-Pantanal, planejado
de difícil reversão, motivado por uma por ocasião do Workshop Áreas
demanda global de recursos naturais e Prioritárias para Conservação da
de alimentos, aliado a tecnologias Biodiversidade dos Biomas Cerrado e
altamente eficientes de produção e Pantanal (MMA, Funatura, Conservação
expectativas de desenvolvimento social Internacional (CI), Universidade de
das populações locais. As perspectivas Brasília, Fundação Biodiversitas), em
de conservação da região dependem da 1998, o qual teve sua implantação
capacidade de se alavancar parte do iniciada a partir de 1999, sob um
investimento e do retorno econômico consórcio multinstitucional incluindo a
gerado em atividades de proteção da ONG Conservação Internacional (CI).
biodiversidade, bem como na adoção de Este corredor cobre a área desde as
436
Perspectivas e desafios para a conservação
437
Cavalcanti
TRANSIÇÕES PARA O
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL CONSIDERAÇÕES FINAIS
438
Perspectivas e desafios para a conservação
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
439