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Aula 07 – Arte e Sexualidade

Ao final desta aula, o aluno será capaz de:

1. Reconhecer a importância da mulher no cenário cultural e político;


2. conhecer o percurso que as mulheres traçaram na luta por igualdade de direitos;
3. compreender o conceito de arte homoerótica.

A arte tem como objetivo expressar o pensamento, o sentimento e as experiências humanas.


Ao trabalhar a sua matéria-prima, o artista, mais do que elaborar um objeto estético, cria a
expressão do próprio ser humano.

Assim, todas as atividades humanas são passíveis de representação artística. Não poderia ser
diferente com a sexualidade.

Desde a Antiguidade Clássica, há o interesse em desvendar os mistérios da sexualidade


humana. Artistas diversos estudaram o tema e o representaram em suas obras. É preciso, no
entanto, contextualizarmos adequadamente a expressão artística do sexo. Para isso, é
necessário entendermos que, no período greco-romano (Antiguidade Clássica), a sexualidade
era compreendida de forma muito diferente do que se estabelece no mundo contemporâneo.

Os achados arqueológicos e estudos sobre a cultura grega evidenciam que o amor, na forma
de Eros (o deus do amor), era uma busca do belo: contemplavam-se os corpos e praticava-se o
sexo em busca do belo e do bem, o que levaria ao equilíbrio do homem e da polis (cidade).

Eros, o deus do amor, é um dos mais representados pelos artistas gregos. A palavra erotismo,
que tem sua origem em Eros, não deve ser confundida com o sentido dado à palavra
pornografia. Erotismo é uma força geradora da vida, da beleza, da inspiração artística e não
apenas uma relação física entre duas pessoas. Na Teogonia de Hesíodo (séc. VII a.C.), Eros é
um dos três deuses que existem antes da formação do universo: primeiro, foi o Abismo (Caos),
depois a Terra (Gaia) e, por fim, o Amor (Eros)1.

1 BRUNEL, Pierre. Dicionário de mitos literários. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora José Olympio,
2000. p. 319.

Os gregos criaram a deusa do Amor chamada Afrodite, considerada, primeiramente, uma


subalterna de Eros, depois, configurada como mãe de Eros. A representação dos dois deuses
em harmonia deve-se aos artistas gregos.

Na cultura romana, esses deuses foram substituídos por Cupido e Vênus. É, ainda, segundo a
versão romana, que surge a figura de Psique, terceira filha de um rei que é adorada pelos
homens em virtude de sua beleza e, por esse motivo, desperta a fúria de Vênus. A deusa,
irritada, exige que seu filho, Cupido (ou Amor), castigue a rival, mas ele se encanta por Pisque
(Alma) e a leva para um palácio onde, na forma de noivo invisível, contrai núpcias com a
amada.

Na poesia ocidental, Eros foi citado mais comumente pelo nome Amor. Na Idade Média e no
Renascimento, registra-se, especialmente no discurso literário, a dualidade Amor sagrado
(pureza, salvação) x Amor profano (sensualidade, pecado). Também se tornou mais constante
a representação de Eros (Amor), e não Cupido, como o par constante de Pisque.

Em relação aos aspectos humanos, na cultura greco-romana, as mulheres não tinham prestígio
social. Reduzidas socialmente à condição de escravas, tinham apenas a função de reproduzir a
casta grega; portanto, somente a relação entre homens era tratada com prestígio. Todavia,
não é correto falar em homossexualidade na Antiguidade Clássica, já que as classificações para
as práticas sexuais que hoje conhecemos não eram utilizadas pelos gregos nem pelos romanos.

A sociedade grega reconhecia um modelo relacional


humano que associava duas figuras: o erastas, um
homem mais velho, responsável, e o erômena, um
jovem discípulo mantido em todas as estâncias pelos
erastas. Tratava-se de uma organização social que
tinha como principal objetivo formar cidadãos
responsáveis e conscientes para constituir uma
sociedade equilibrada3.
Outro aspecto que deve ser destacado na
compreensão das manifestações artísticas da
sexualidade é a diferença de géneros (homem x
mulher) que se estabelece desde o período greco-
-romano até nossos dias. Se na Antiguidade Clássica
a mulher era tida como escrava, foi preciso um
longo caminho para que a figura feminina
conquistasse, tanto na sociedade como nas artes, o
prestígio que reivindica há tempos. É esse percurso
que iremos trilhar nesta aula.

3FOUCAULT, Michel. História da sexualidade II: o uso dos prazeres. Rio de Janeiro: Edições
Graal, 1984.

A poetisa grega Safo teria nascido na ilha


grega de Lesbos, entre 630 e 612 a.C.
Filha de família rica e aristrocrática,
estudou dança, retórica e poética.
Exilou-se na ilha de Lesbos por questões
políticas. Era amada pelo poeta Alceu,
mas o rejeitou através ae um ais
que sobrepõe a figura feminina a
assédio masculino. Como ensinav
discípulas, logo surgiram esto
envolvimento amoroso de Safo
"hetairas", especialmente Átis, o que
acabou sendo confirmado em poema a
ela dedicado. No entanto, conta a
história que Safo apaixonou-se por Fac
e foi por ele rejeitada, motivo que a
levou ao suicídio, jogando-se no

4CARR-GOMM, Sarah. Dicionário de símbolos na arte. Bauru: EDUSC, 2004. p. 196.

Temos na figura de Safo e seus envolvimentos afetivos, sejam eles lendários ou reais, uma das
primeiras representações artísticas das relações de gênero, nas quais homens e mulheres
serão retratados em conflitos amorosos e sociais e, às vezes, em encontros que marcaram a
história da humanidade.

Oh pura Safo, de violetas coroada e de suave sorriso, queria dizer-te algo, mas a vergonha me
impede. (Alceu)

Se teus desejos fossem decentes e nobres e tua língua incapaz de proferir baixezas, não
permitirias que a vergonha te nublasse os olhos - dirias claramente aquilo que desejasses.
(Safo)

Durante a Antiguidade Clássica, a mulher era considerada escrava e a sua imagem era
representada por deusas ou ninfas. Na Idade Média, embora sem a marca social de escravidão,
a subalternidade continuou prevalecendo e a figura feminina ficou restringida a dois modelos
distintos: a nobre, representada na figura da Dama da Corte, e a camponesa ou pastora.

As cantigas medievais (poemas cantados por homens conhecidos como trovadores ou jograis)
mantinham, na arte, a mesma divisão social: às Damas era oferecido o amor sublime e
espiritualizado (Cantigas de Amor) e às camponesas e pastoras, o amor carnal (Cantigas de
Amigo).

A Igreja Cristã reforçou o sinal negativo que antecede a figura, associando-a ao pecado.
Somente através da maternidade (como a Virgem), ela poderia salvar-se.

A condição feminina torna-se um peso ainda maior durante a Inquisição, pois qualidades
inerentes à mulher ou por ela desenvolvidas, de acordo com as exigências sociais de seu
tempo (percepção aguçada, sensibilidade, afeto) poderiam ser consideradas atos de bruxaria.

Na Demanda do Santo Graal, novela de cavalaria de temática religiosa cuja origem remonta ao
século XIII, as mulheres aparecem como maléficas, como é caso da fada Morgana, ou
pecadoras, que levariam o homem à perdição, conduta da rainha Guinevère:

— Ai, Lancelot! Tão mau foi o dia em que vos conheci! Tais são os galardões do vosso amor!
Vós me lançastes neste grande sofrimento em que me vedes; e eu vos lançarei em tão grande
ou maior, e pesa-me muito, porque estou perdida e condenada ao grande sofrimento do
inferno; não queria que acontecesse assim a vós, antes queria que acontecesse a mim, se a
Deus prouvesse.

MEGALE, Heitor. A demanda do santo graal. (org.) São Paulo: EDUSP, 1988. p. 171.

Na literatura do século XIX, a mulher está sempre vinculada a algum estereótipo: ou é


idealizada pelo Romantismo ou estigmatizada e associada ao erotismo pelo vínculo com o
pecado original, como aparece no Realismo/Naturalismo.

Com a evolução da sociedade e a partir de importantes fatos históricos que revolucionaram o


pensamento e o comportamento humanos, as mulheres vão conquistando, aos poucos, o
direito de expressar suas opiniões e reivindicar igualdade de condições com os homens.

A Revolução Francesa (1789) encorajou muitas mulheres a denunciar as sujeições a que eram
submetidas, criando clubes de ativistas femininas. No séc. XIX, as mulheres reivindicaram o
direito à participação política, pelo voto, e a uma especialização profissional, desejo
incrementado pela Revolução Industrial (1750) e a absorção do trabalho feminino nas fábricas
têxteis.

Os Estados Unidos e a Inglaterra, países mais desenvolvidos, são pioneiros na luta pelos
direitos das mulheres. Com a Revolução Russa (1917), as mulheres conquistaram o direito ao
voto, o que aconteceu gradativamente em diversos países da Europa; No Brasil, essa conquista
se deu apenas em 1932.

Após a Segunda Guerra Mundial, o movimento feminista ganhou fôlego com as publicações de
O segundo sexo (1949), da francesa Simone de Beauvoir e de A mística feminina (1963), da
americana Betty Friedan, livro que critica a ideia de que a mulher só se realiza através da
criação dos filhos e de atividades domésticas. Surge o Women's Liberation (movimento de
libertação da mulher), conhecido como Women's Lib (1964). Mais do que conquistar direitos
civis, as mulheres almejavam descrever sua condição de oprimidas pela cultura masculina.
RELAÇÕES ENTRE FEMINISMO, MULHER E LITERATURA

As mulheres na Literatura Brasileira

Assim como em diversas áreas do saber, a mulher foi, na literatura, definida segundo os
interesses do mundo masculino. Mas, quando a mulher se torna escritora, as denúncias contra
a opressão de que são vítimas se fazem notar.

Nísia Flores Brasileira (1810-1885), por exemplo, fez uma adaptação do livro da inglesa Mary
Wollstocraft intitulado Vindication of the rigts of woman, que recebeu, em português, o título
Direito das mulheres e injustiça dos homens, publicado em 1832. No século XX, Ercília
Nogueira Cobra (1891) chocou a sociedade brasileira com sua obra Virgindade inútil – Novela
de uma revoltada, cujo lançamento coincidiu com a Semana da Arte Moderna em 1922. O
romance tematiza a natureza feminina, enfatizando a exploração social e sexual da mulher.
Por suas ideias feministas, a autora foi presa e torturada pela ditadura Vargas.

Segundo os biógrafos de Ercília Nogueira Cobra, a autora afastou-se da família, juntamente


com a irmã Estela, ambas ainda menores de idade, por divergências no campo das ideias.
Depois disso, as informações que os familiares obtinham eram conseguidas por publicações de
livros, ocupação como pianista em teatros ou participação em eventos culturais. Os últimos
registros que se têm da autora são de 1964, em Caxias do Sul. Depois disso, nenhuma
informação foi obtida sobre Ercília Cobra ou sua irmã.

Deve-se incluir, no rol das primeiras escritoras no Brasil, a figura de Teresa Margarida da Silva
e Orta (1711 ou 1712-1793), que escreveu Aventuras de Diófanes (1752). No entanto, a obra
dessa autora, que teria sido a primeira mulher a publicar um romance, não possui caráter
feminista. Ao contrário, sua obra é de cunho moralista, muito embora Teresa Margarida, em
sua biografia, registre um casamento contra a vontade do pai, o que, para a época, seria uma
ousadia típica da conduta de uma feminista.

A imprensa foi um importante instrumento de emancipação feminina a partir do


século XIX. Embora os periódicos tivessem como proposta central atender a um
universo estritamente feminino (e não feminista), com orientações sobre moda
e receitas culinárias, foi nessas revistas que as mulheres puderam publicar seus
textos, primeiramente apenas literários e, depois, de caráter político. Segundo
Nádia Battella Gotlib, a revista Correio dasModas (1839-1841) instruía a
mulher com literatura, crónicas de Bailes e teatros, apresentando a cultura da
Europa, e o Jornal das Senhoras, em 1852, dedicava-se a educar a mulher
objetivando livrá-la do peso de ser propriedade do homem8.

http://www.amulhernaliteratura.ufsc.br/artigo_Nadia_Gotlib.htm

No século XX, as mulheres escritoras já não são colocadas à parte do cenário da literatura
nacional. Ao lado de figuras respeitadas nas artes plásticas como Tarsila do Amaral e Anita
Malfatti, outras mulheres se destacam na cena cultural. Rachel de Queirós, Clarice Lispector,
Cecília Meirelles, Adélia Padro e Hilda Hilst, entre tantas importantes autoras, marcaram a
literatura brasileira com uma escrita feminina. Aos poucos, a mulher brasileira — apesar de
sobre ela ainda pesar o olhar masculino severo e incrédulo de outros valores da mulher que
não são aqueles por elas desejados — conquistar seu espaço na sociedade e na arte literária.

Adélia Prado
Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,


desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
─ dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem. Mulher é desdobrável. Eu sou.

A LIVRE EXPRESSÃO DA ARTE HOMOEROTICA

O conceito de homossexualidade surge com o advento do cristianismo; relações homoafetivas


(entre pessoas do mesmo sexo), no entanto, sempre existiram na humanidade. Defini-las e
estabelecer critérios morais e éticos para classificá-las depende de cada época histórica, dos
ideais propostos e do exercício de liberdade permitido. É comum que, em países de forte
tradição religiosa, especialmente se a procriação for um fim e não um meio para a existência
humana, as relações homoeróticas sejam discriminadas e, muitas vezes, punidas por força da
lei. No entanto, diversos outros países consideram um direito de todo cidadão orientar sua
vida pessoal.

O Brasil concilia-se com essa proposta e, recentemente, o direito legal ao casamento civil entre
pessoas do mesmo sexo foi reconhecido e abriu-se uma frente de debates que tem colocado o
tema em pauta no cotidiano dos brasileiros. As leis que se fazem têm respaldo na ciência, pois
há muito as práticas homossexuais deixaram de ser consideradas uma doença.

No entanto, a livre expressão homoerótica não é uma realidade, visto serem os


comportamentos sociais delimitados historicamente. Assim, a arte homoerótica — e no que
consiste o tema de nosso estudo — é, muitas vezes, a única possibilidade de expressão
homoafetiva, pois além do valor artístico, vale-se dos fundamentos básicos da arte: refletir
sobre o homem e a sociedade e revolucionar os costumes. Muitas vezes, o preço da ousadia é
alto demais.

Em busca da expressão e da visibilidade, artistas do mundo todo aderiram ao Queer Art ou


Homo Art, movimento artístico que ganhou força na Europa e nos Estados Unidos a partir da
década de 90.

O cinema se destaca na discussão sobre homossexualidade, porém, quase sempre com o


objetivo de discutir o tema com amplitude social. Filmes cuja estética e proposta sejam
expressões únicas do mundo gay são mais raros. Dentre os grandes cineastas, o espanhol
Pedro Almodóvar ganhou notoriedade especialmente por seguir uma tendência, ao mesmo
tempo social e conceitual, quando o assunto é homoerotismo, o que se pode verificar em
sucessos como A Lei do Desejo e Má Educação.

As artes plásticas são outro instrumento tradicional de expressão homoerótica. Tanto na


Antiguidade Clássica (como já discutido nesta aula) quanto no Renascimento, o homoerotismo
permeia as telas e esculturas, de forma direta ou apenas em alusão.

Leonardo da Vinci e Michelangelo idealizaram e realizaram obras que são constantemente


associadas às discussões sobre tendências artísticas homoeróticas, seja pelo caráter polêmico
de sua vida e de sua obra, no caso de Leonardo da Vinci, seja por uma construção estética
ambígua, caso de Michelangelo, em cuja obra as figuras humanas não têm claramente
definidas as fronteiras da sexualidade: as mulheres representadas são extremamente viris
(corpos musculosos e gestos incisivos) e os homens são lânguidos, quase femininos.

A partir da segunda metade do século XX, a arte homoerótica conquistou maior visibilidade.
No Brasil, ainda sem alcançar os resultados desejados, os artistas plásticos lutam por
reconhecimento. Destaca-se o nome Leonilson (1957-1993), com sua estética altamente
subjetiva. No Rio de Janeiro, foi realizada uma exposição pioneira intitulada Correspondências
(1995). E a internet tornou-se um importante instrumento de divulgação da arte homoerótica
com a nova tendência de expressão, que é a arte digital.

A arte literária, entre todas as outras, foi o território no qual mais livremente transitou a figura
do homossexual (masculino e feminino) e o tema do homoerotismo. Romances realistas e
naturalistas, em Portugal e no Brasil, apresentavam com frequência personagens que serviam
ao debate ou que suscitavam polêmicas entre os críticos.

Autores portugueses ousaram representar o homoerotismo nas letras, como Mário de Sá-
Carneiro (1890-1916) — que tem alguns de seus poemas musicados e gravados por Adriana
Calcanhoto — e Al Berto (Alberto Raposo Pidwell Tavares, 1948-1997), cujo nome foi dividido
para representar a sua identidade partida.

O poeta português Antonio Botto (1902-1959), cuja poesia está reunida em um único livro,
Canções (1921-22), faz surgir em seus poemas o objeto do desejo revelando sua
homossexualidade (apesar de ter sido casado com Carminda Rodrigues, com quem teve uma
forte ligação, até o fim de sua vida). Perseguido em Portugal (seus livros foram apreendidos
por ordem do governo, o poeta foi demitido de um órgão público e era alvo constante de
sarcasmo em teatros, livrarias e cafés), exilou-se voluntariamente no Brasil a partir de 1949,
onde faleceu.

Autores contemporâneos têm conseguido expressar mais livremente a sua arte homoerótica
na literatura. A poesia tornou-se o veículo natural do tema. Glauco Mattoso, Roberto Piva,
Antonio Cícero e Wally Salomão são nomes que devem ser respeitados, antes de tudo, pela
arte que produzem com a consciência dos direitos de todos à liberdade de expressão artística.

Autores contemporâneos têm conseguido expressar mais livremente a sua arte homoerótica
na literatura. A poesia tornou-se o veículo natural do tema. Glauco Mattoso, Roberto Piva,
Antonio Cícero e Wally Salomão são nomes que devem ser respeitados, antes de tudo, pela
arte que produzem com a consciência dos direitos de todos à liberdade de expressão artística.

Antonio Botto (fragmento)

Não. Beijemo-nos, apenas,


nesta agonia da tarde.
Guarda – para outro momento
teu corpo viril trigueiro.

O meu desejo não arde


e a convivência contigo
modificou-me – sou outro...

Glauco Mattoso (fragmento de“Romeu e Eu”)

Vivo solitário, você prisioneiro, e não podemos brincar. Castram nossa infância porque você é
igual a mim,
sua vontade igual à minha, mas nos fazem diferentes.

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