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TUTELA ANTECIPADA NOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS

ALICE SANTOS VELOSO NEVES: Advogada,


graduada em 2002/02 pela Pontifícia
Universidade Católica de Goiás. Especialista em
Direito Civil pela Universidade Federal de Goiás.
Aluna especial do Programa de Pós-Graduação
em Direito e Políticas Públicas - PPGDP, nível
Mestrado Profissional, da Universidade Federal
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de Goiás. Assessora jurídica da Agência Goiana


de Regulação, Controle e Fiscalização de
Serviços Públicos.

RESUMO: O microssistema dos Juizados Especiais foi criado para


possibilitar maior acesso à justiça para a população que almeja sua célere
resposta em relação aos problemas considerados de pequeno vulto, tanto
sob a perspectiva financeira quanto em relação a complexidade jurídica,
que não conseguiram resolver na vida em sociedade. Sob a perspectiva da
celeridade processual, entretanto, denota-se distante o intuito primordial
dos Juizados, vez que a tramitação processual por vezes é tão ou mais lenta
do que o da justiça comum. Fruto dessa visão pragmática de solução do
problema ante a realidade posta percebe-se o surgimento de novos
entendimentos para o almejado alcance dos preceitos dos Juizados
Especial. Nesse contexto, discute-se a duração razoável do processo e a
busca da celeridade processual nos Juizados Especiais Cíveis, refletindo-se a
respeito do enunciado nº 130 do Fórum Nacional de Juizados Especiais
(FONAJE), o qual nega a concessão de tutela de urgência em caráter
antecedente no microssistema dos Juizados.

Palavras-chave: Juizado Especial; Tutela de Urgência requeridos em caráter


antecedente; Enunciado nº 130 FONAJE; Celeridade
Processual; inafastabilidade da jurisdição.
SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Microssistema dos Juizados Especiais. 3.
Juizados Especiais após novo Código de Processo Civil. 4. Tutela de
Urgência requeridos em caráter antecedente. 5.Conclusão. Referências.

1. Introdução

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Com o intuito de discussão a respeito do diálogo entre o


microssistema dos Juizados Especiais e do Código de Processo Civil, busca-
se a solução sobre a possibilidade ou não de concessão de tutela de
urgência em caráter antecedente nos Juizados Especiais.

O processo no sistema dos juizados especiais orienta-se pelos


critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e
celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação,
nos termos do art. 2º da Lei nº 9.099/95.

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E nesse sentido foi editado o enunciado nº163 do Fórum Nacional
de Juizados Especiais (FONAJE): Os procedimentos de tutela de urgência
requeridos em caráter antecedente, na forma prevista nos arts. 303 a 310
do CPC/2015, são incompatíveis com o Sistema dos Juizados
Especiais (XXXVIII Encontro – Belo Horizonte-MG).
O enunciado acima de certa forma contraria dispositivos
constitucionais e processuais gerais e até mesmo anteriores enunciados.
Nesse sentido, o artigo pretende 5 discutir a finalidade desse enunciado e
suas possíveis consequências.
2. Microssistema dos Juizados Especiais
Os Juizados Especiais Cíveis são órgãos do Poder Judiciário e foram
criados para amenizar o volume de processos, possibilitar maior acesso da
população à justiça e servem para resolver uma demanda reprimida e
diminuir os efeitos gerados de uma litigiosidade contida.
Há o intuito de facilitar ao cidadão comum o acesso rápido à
jurisdição, nas denominadas pequenas demandas, a possibilitar maior
agilidade, em tempo razoável, de forma mais simples e sempre almejando o
consenso entre as partes.
Ademais, a necessidade de representação por advogado só é
devida na via recursal ordinária para a Turma Julgadora, que é também
restrita, existindo possibilidade de apresentação apenas de um recurso para
esse órgão superior, nos termos do parágrafo segundo do art. 41 da Lei nº
9.099/95.
Os princípios dos juizados especiais são, em realidade, o principal
foco de interesse da processualística moderna, com bem enfatiza Xavier
(2016). A Lei nº 9.099/95 instituiu os juizados especiais de pequenas causas,

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a partir da experiência americana nos denominados Small Claims Courts do


sistema norte-americano.
Segundo Xavier (2016, p. 8 apud BULOS, 2011, p. 1369) a criação
dos juizados especiais partiu de uma tentativa de criação de nova
mentalidade que está sendo introduzida paulatinamente, vem se
implantando aos poucos.
Nossa constituição cidadã impõe a criação dessas cortes especiais,
conforme disposto em seu art. 98:
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Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados


criarão:

I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou


togados e leigos, competentes para a conciliação, o
julgamento e a execução de causas cíveis de menor
complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo,
mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos,
nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de
recursos por turmas de juízes de primeiro grau;

Como descrito na carta magna a ideia precursora da criação dos


juizados especiais é a de possibilitar o verdadeiro acesso à justiça para a
promoção com maior celeridade com o fito de deslinde de ações
denominadas pela doutrina e própria descrição normativa de causas cíveis
de menor complexidade julgamento e infrações penais de menor potencial
ofensivo.
Diante do dispositivo constitucional denota-se que o legislador
infraconstitucional restou vinculado a criar órgãos e procedimentos
jurisdicionais diferenciados para permitir o acesso dos economicamente
menos favorecidos à justiça (XAVIER, 2016, p. 8 apud MARINONI, 2008, p.
79).
Xavier (2016, p. 08) ainda complementa que o microssistema dos
juizados especiais indicaram uma ruptura total com o modelo jurídico à
época de sua criação, pois enfatizaram a composição amigável dos conflitos
intersubjetivos, resgatando a simplicidade, celeridade, informalidade,
economia processual e oralidade, erigidos como princípios norteadores da

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atividade jurisdicional, constituindo assim, um divisor de águas no processo


civil.
3. Juizados Especiais após novo Código de Processo Civil.
Percebe-se que o intuito da criação dos juizados foi excelente,
tanto é que foi afrente ao seu tempo e possibilitou um novo pensar ao
direito processual, que a partir da introdução no novo código de processo
civil, recheado de preceitos constitucionais, também valoriza a busca da
efetividade processual, da solução consensual dos conflitos, a partir de
mecanismos alternativos, e aprimoramento da prestação jurisdicional.

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Nesse novo direito processual restam dúvidas de qual a extensão
do microssistema dos juizados especiais e se o princípio da especialidade
enaltece entendimentos tidos como doutrinários como a do Fórum
Nacional dos Juizados Especiais (FONAJE) a ponto de evitar a aplicação das
regras gerais descritas no Código de Processo Civil.
A evitar dúvidas o próprio FONAJE publicou o enunciado nº 161:

"ENUNCIADO 161 - Considerado o princípio da especialidade,


o CPC/2015 somente5 terá aplicação ao Sistema dos Juizados
Especiais nos casos de expressa e específica remissão ou na
hipótese de compatibilidade com os critérios previstos no art. 2º
da lei 9.099/95."

Entretanto entende-se que este enunciado não resolve o


problema posto, como bem enfatiza o procurador Fernando Salzer e
Silva ao destacar que os enunciados do FONAJE devem ser analisados e
interpretados com cautela, vez que possuem natureza de mera
recomendação doutrinária, não tendo nenhum conteúdo vinculante,
pois são unilaterais, não apresentam contraditório e são dotados
de boa dose de parcialidade e viés um tanto corporativista, no encontro
anual dos Juízes que atuam no âmbito do Sistema dos Juizados Especiais.

Os princípios da simplicidade, informalidade, economia processual e


celeridade, insertos no art. 2º da lei 9.099/95, também agora são
norteadores do novo processo civil, descrito na Lei nº 13.105/2015. Assim, a
aplicação de entendimentos do FONAJE não tem o condão de afastar as
garantias constitucionais do devido processo legal, do contraditório e da
ampla defesa, com todos os meios e recursos a ela inerentes. Havendo

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conflito entre tais princípios e garantias, realizada a ponderação entre eles,


deverá sempre prevalecer a interpretação que dá maior efetividade às
garantias constitucionais em detrimento até mesmo da aplicação dos
mencionados princípios legais (SILVA, 2017).
Ante a nova visão do processo civil temos que a garantia
constitucional do devido processo legal deve prevalecer frente a imposições
de enunciados do FONAJE, devendo o magistrado que se encontrar em
algum conflito que possa levantar dúvidas frente a atual legislação
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processual civil, dispor em sua decisão os motivos de seu entendimento,


sob pena de nulidade da decisão, conforme previsto no art. 489, §1º, VI e
§2º do CPC.
4. Tutela de Urgência requeridos em caráter antecedente nos
Juizados Especiais
A partir da entrada em vigor do atual Código de Processo Civil
nova sistemática e divisão surgiu em relação tutelas de urgência, havendo
inserção de inéditas regras com apresentação de teses consolidadas na
doutrina e jurisprudência.
FLEXA; MACEDO; BASTOS (2015, p. 222 e 223) abordam uma lista
de mudanças em relação ao tema, indicando na forma sintetizada abaixo
relacionada:
a) Houve a sistematização das tutelas de urgência a partir do atual
CPC, que trouxe como gênero a Tutela Provisória, reunidas em
um só livro para facilitar estudo e subdivididas em tutela de
urgência e tutela de evidência, as quais podem ser antecedentes
ou incidentais.
b) O processo autônomo cautelar, assim como as medidas
cautelares típicas ou nominadas deixam de existir, sendo agora
requeridas no bojo do processo, podendo trazer nova relação
jurídica, como a antiga ação cautelar incidental.
c) Não há mais a previsão expressa de fungibilidade entre as
tutelas de urgência. A sistematização das medidas estão mais
bem definidas.
O procedimento da tutela antecipada antecedente é tratado ao
longo dos artigos 303 e 304 do atual CPC:

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Art. 303. Nos casos em que a urgência for contemporânea à


propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao
requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de
tutela final, com a exposição da lide, do direito que se busca
realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do
processo.

§ 1o Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput


deste artigo:

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I - o autor deverá aditar a petição inicial, com a
complementação de sua argumentação, a juntada de novos
documentos e a confirmação do pedido de tutela final, em 15
(quinze) dias ou em outro prazo maior que o juiz fixar;

II - o réu será citado e intimado para a audiência de


conciliação ou de mediação na forma do art. 334;

III - não havendo5 autocomposição, o prazo para contestação


será contado na forma do art. 335.

§ 2o Não realizado o aditamento a que se refere o inciso I do


§ 1odeste artigo, o processo será extinto sem resolução do
mérito.

§ 3o O aditamento a que se refere o inciso I do § 1o deste


artigo dar-se-á nos mesmos autos, sem incidência de novas
custas processuais.

§ 4o Na petição inicial a que se refere o caput deste artigo, o


autor terá de indicar o valor da causa, que deve levar em
consideração o pedido de tutela final.

§ 5o O autor indicará na petição inicial, ainda, que pretende


valer-se do benefício previsto no caput deste artigo.

§ 6o Caso entenda que não há elementos para a concessão


de tutela antecipada, o órgão jurisdicional determinará a emenda

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da petição inicial em até 5 (cinco) dias, sob pena de ser


indeferida e de o processo ser extinto sem resolução de mérito.

Art. 304. A tutela antecipada, concedida nos termos do art.


303, torna-se estável se da decisão que a conceder não for
interposto o respectivo recurso.

§ 1o No caso previsto no caput, o processo será extinto.


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§ 2o Qualquer das partes poderá demandar a outra com o


intuito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada
estabilizada nos termos do caput.

§ 3o A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto


não revista, reformada ou invalidada por decisão de mérito
proferida na ação de que trata o § 2o.

§ 4o Qualquer das partes poderá requerer o


desarquivamento dos autos em que foi concedida a medida,
para instruir a petição inicial da ação a que se refere o § 2o,
prevento o juízo em que a tutela antecipada foi concedida.

§ 5o O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela


antecipada, previsto no § 2o deste artigo, extingue-se após 2
(dois) anos, contados da ciência da decisão que extinguiu o
processo, nos termos do § 1o.

§ 6o A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada,


mas a estabilidade dos respectivos efeitos só será afastada por
decisão que a revir, reformar ou invalidar, proferida em ação
ajuizada por uma das partes, nos termos do § 2o deste artigo.

A concessão da tutela provisória de segurança exige a


demonstração do fumus boni iuris e do periculum in mora. FLEXA;
MACEDO; BASTOS (2015, p. 239) ensinam que o fumus boni iuris agora é
representado pela necessidade da exposição da lide e do direito que se
busca realizar, não sendo mais exigido a prova inequívoca da

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verossimilhança da alegação, se contentando com a mera exposição do


direito material da parte.
Continuam esclarecendo que o periculum in mora é representado
pelo perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo, não sendo mais
exigido a demonstração de dano irreparável ou de difícil ou incerta
reparação.
No sistema dos juizados especiais percebe-se que são rotineiros os
pedidos de tutelas, tendo o Fórum Nacional de Juizados Especiais (FONAJE)
se manifestado por meio de alguns enunciados para pacificação de

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questões:
ENUNCIADO 22 – A multa cominatória é cabível desde o
descumprimento da tutela antecipada, nos casos dos incisos V e VI, do art
52, da Lei 9.099/1995.
ENUNCIADO 26 – São cabíveis a tutela acautelatória e a
antecipatória nos Juizados Especiais Cíveis (nova redação – XXIV Encontro –
Florianópolis/SC).
ENUNCIADO 120 – A multa derivada de descumprimento de
antecipação de tutela é passível5 de execução mesmo antes do trânsito em
julgado da sentença (XXI Encontro – Vitória/ES).
ENUNCIADO 163 - Os procedimentos de tutela de urgência
requeridos em caráter antecedente, na forma prevista nos arts. 303 a 310
do CPC/2015, são incompatíveis com o Sistema dos Juizados Especiais
(XXXVIII Encontro – Belo Horizonte-MG).
Da apresentação dos enunciados acima resta evidente a alteração
de entendimentos entre os três primeiros mencionados enunciados e o
último, que se seguido a risca, em outras palavras determina o
indeferimento de tutelas de urgências requeridas em caráter antecedente
nos Juizados Especiais, por incompatibilidade aos princípios da
celeridade, simplicidade, informalidade e economia processual, descritos no
art. 2º da lei 9.099/95.
No conflito de normas a regra processual geral, ditada no código
de processo civil só não será aplicada quando contrariar dispositivo
expresso do microssistema analisado.
Acredita-se muito abrangente o entendimento externado pelo
enunciado nº 163 do FONAJE, de que os procedimentos de tutela de
urgência requeridos em caráter antecedente, na forma prevista nos arts. 303

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a 310 do CPC/2015, são incompatíveis com o Sistema dos Juizados


Especiais eis que o próprio Código de Processo Civil atual possui
semelhantes preceitos aos dos juizados, como acima mencionado.
Aliás, a aplicação subsidiária do Código de Processo Civil aos
Juizados Especiais é possível, sendo inclusive prevista no art. 27 da Lei nº
12.153/09 que dispõe sobre os Juizados Especiais da Fazenda Pública no
âmbito dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios.
O art. 3º da Lei nº 12.153/09 também apresenta que o juiz poderá,
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de ofício ou a requerimento das partes, deferir quaisquer providências


cautelares e antecipatórias no curso do processo, para evitar dano de difícil
ou de incerta reparação.
6. Conclusão
O aprimoramento dos instrumentos existentes com o fito de
otimizar os processos judiciais, de dar maior concretude ao deslinde
processual, com vistas aos princípios da celeridade, simplicidade,
informalidade e economia processual, descritos no art. 2º da lei 9.099/95
não podem se olvidar do devido processo legal e da proteção do cidadão
que busca o fácil acesso a jurisdição.
As tutelas antecipadas, por mais que sejam modalidade de tutela
jurisdicional, são consideradas como técnicas decisórias para antecipar os
efeitos práticos do provimento jurisdicional final, isto é, a tutela jurisdicional
definitiva como ensinam FLEXA; MACEDO; BASTOS (2015, p. 223).
Dessa forma, após as dilações acima expostas conclui-se que as
tutelas antecipadas antecedentes, previstas no art. 303 do Código de
Processo Civil prevalecem sobre a dicção do Enunciado nº163 do FONAJE.
Assim, quando se apresentar probabilidade do direito alegado aliado a
demonstração de urgência, possível é a concessão liminar do pedido
requerido pela parte no âmbito dos Juizados Especiais.
Entendimento diverso, na forma exposta no enunciado nº163 do
FONAJE fere premissa intrínseca a garantia processual, com violação
constitucional de inafastabilidade da jurisdição prevista no art. 5º, inciso
XXXV da CF.
Celeridade, simplicidade, informalidade e economia
processualenfaticamente não podem retirar direitos, sendo inclusive
preocupante a edição do Enunciado nº 163 do FONAJE, pois representa o
pensamento de juízes que ou se conformaram com a lentidão dos Juizados
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Especiais e sua ineficiência ou não querem imprimir procedimento


realmente unos, com oralidade e outros instrumentos que efetivamente
podem possibilitar a duração razoável do processo nesses microssistemas.
Referências

BRASIL. Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. Dispõe sobre os


Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências. Disponível
em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9099.htm> Acesso em: 25
jun. 2018.

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_______. Lei nº 12.1253, de 22 de dezembro de 2009. Dispõe sobre os
Juizados Especiais da Fazenda Pública no âmbito dos Estados, do Distrito
Federal, dos Territórios e dos Municípios. Disponível em
< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2009/Lei/L12153.htm> Acesso em: 25 de jun. 2018.

_______. Lei 13.105, de 16 de Março de 2015. Código de Processo Civil.


Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
5
2018/2015/lei/l13105.htm> Acesso em 06 Jun. 2018.

DIDIER JÚNIOR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil: introdução


ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento. Vol. I,
Salvador: Jus PODIVM, 2015.

FERRAZ JR, Tércio Sampaio. A ciência do direito. 2ªed. São Paulo:


Atlas, 1980, p.9-49.

FLEXA, Alexandre; MACEDO, Daniel; BASTOS, Fabrício. Novo Código


de Processo Civil. Temas inéditos, mudanças e supressões.
Salvador: Jus PODIVM, 2015.

FUX, Luiz. O Novo Processo Civil. Rev. TST, Brasília, vol. 80, no 4,
out/dez 2014.

NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil


Comentado artigo por artigo. Salvador: Jus PODIVM, 2016.

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Disponível em: http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.591105
www.conteudojuridico.com.br

SILVA, Fernando Salzer. Juizados especiais - obrigatoriedade de


observância pelos juízes das teses firmadas pelo STJ no julgamento de
recurso especial repetitivo. Capturado em: <
http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI259632,41046-
Juizados+especiais+obrigatoriedade+de+observancia+pelos+juizes+das>
Acesso em 20 Jul. 2018.

THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil.


Teoria geral do direito processual civil, processo de conhecimento e
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procedimento comum. Vol. I, Rio de Janeiro: Forense, 2015.

XAVIER, Cláudio Antônio de Carvalho. Juizados Especiais e o Novo


CPC. Revista CEJ, Brasília, Ano XX, n. 70, p. 7-22, set./dez. 2016.

274
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