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Direito Processual Civil
Veja o que é o agravo interno, quando cabe e
como funciona
Matheus Corrêa
de Melo
Veja o que é o agravo interno, quando cabe e
como funciona
Matheus Corrêa
de Melo
21 jul 2023 •
Artigo atualizado 19 out 2023
Curtidas
15Comentários
21 jul 2023 •
Artigo atualizado 19 out 2023
De forma bem direta, o Agravo Interno é o recurso cabível para contestar uma decisão
monocrática do(a) Desembargador(a) Relator(a) do processo que já se encontra no
Tribunal, no 2º Grau.
Muitas vezes os recursos ou as ações originárias de Tribunais são decididos, primeiramente, de forma
monocrática, por um(a) único(a) Desembargador(a), sem a análise colegiada.
Isso acaba ferindo justamente o chamado Princípio da Colegialidade. No caso, esse princípio que
fundamenta o Agravo Interno e destaca a possibilidade de uma análise do recurso e dos fundamentos do
processo por mais de um julgador, em uma decisão colegiada (de Turma, ou Câmara, ou Seção).
Para entender mais sobre a sua ocorrência e os seus efeitos no processo, continue nos acompanhando
neste artigo! 😉
Isso acabou sendo comemorado pelos operadores do Direito, principalmente aqueles com capacidade
postulatória. Ou seja, aqueles que podem peticionar ao Judiciário, como, por exemplo, os membros da
Advocacia.
Assim, o Agravo Interno vem de uma necessidade de julgamento colegiado, com o fim de resguardar
diversos princípios processuais constitucionais. Segundo os ensinamentos de Lenio Luiz Streck, Dierle
Nunes e Leonardo Carneiro da Cunha, esse recurso é resultado de nossa tradição e base jurídica, que pede
por um julgamento de maioria:
Nosso ordenamento segue toda uma tradição de um sistema romano-germânico que prega
pelo julgamento por maioria, sendo esta forma a essência dos Tribunais. A reapreciação da
causa em segunda instância não é somente com vistas a julgamento por um magistrado mais
experiente, mas visa ao debate entre os Desembargadores numa dialética que reflete o real
Estado Democrático de Direito. O julgamento colegiado pelos Tribunais resulta de uma
absorção de vários preceitos constitucionais. (…) A decisão colegiada é da essência dos
Tribunais, sendo o juízo natural dos pronunciamentos dirigidos a tal corte, não podendo ser
suprimido tal julgamento, devendo sempre haver a possibilidade de recurso ao órgão
colegiado. A questão de o órgão colegiado ser o juízo natural dos recursos, sendo esta
premissa impossível de ser retirada por interpretação da CF, não impede o julgamento
monocrático dos recursos com base no art. 932, III, IV e V, do CPC, pois, mediante o agravo
previsto no caput do art. 1.021 do CPC, se possibilita o acesso ao órgão colegiado.(…)”.
Dessa forma, todo processo que deságua ou se inicia em sede de Tribunal, ainda que decidido
monocraticamente, é impugnável por recurso e deve ser direcionado ao órgão colegiado vinculado para o
relator que decidiu de forma individual, monocrática.
Além disso, de forma geral, não há possibilidade de sustentação oral no Agravo Interno, nos termos do
art. 937, do CPC. A exceção existe quando se tratar de decisão monocrática de extinção em ações
originárias de ação rescisória, mandado de segurança e reclamação, nos termos de seu § 3ª.
Entretanto, a título de curiosidade, vale falarmos de uma outra possibilidade de. É o caso de interposição
de Agravo Interno quando são opostos Embargos de Declaração, pois o órgão julgador entende que o
recurso cabível é o agravo interno, conforme art. 1.024, § 3º, do CPC.
Note-se que o prazo, nesse caso, é de 05 dias para a necessária complementação das razões recursais, sob
pena de não conhecimento dos embargos, os quais foram transformados em Agravo Interno por
determinação da relatoria e, por isso, precisa ser regularizado em suas formalidades.
Assim, nos dizeres de Haroldo Lourenço, aparentemente, o CPC/2015 sepultou a polêmica que existia
entre agravo interno e regimental, trazendo uma única previsão no art. 1.021, conforme o que vimos nos
tópicos anteriores.
Há, ainda, algumas outras hipóteses de agravo interno fora do art. 1.021, previstas no art. 136, parágrafo
único, 1.030, § 2º, 1.035, § 7º, e 1.036, § 3º, do CPC. Interessante discussão decorre do tema, uma vez
que, nos termos do artigo 22, I, da Constituição Federal, compete privativamente à União legislar sobre
direito processual, devendo prevalecer, justamente, o Agravo Interno e seu prazo, na forma do CPC.
Mas se é o caso de desprovimento, há primeiro que se verificar se houve, ou não, aplicação de multa. E
mesmo sem multa, o caminho parece ser bem restrito, sendo possível (ainda que difícil) a discussão por
meio de Embargos de Declaração (os quais, por vezes, já foram transformados em Agravo, conforme
citado anteriormente).
Ou, ainda, pela via estreita dos recursos direcionados às instâncias superiores (Recurso Especial e
Recurso Extraordinário), em caso de preenchimento de seus requisitos.
Object 2
Conclusão
Por fim, chama-se atenção para a necessidade de preenchimento de seus requisitos específicos e os riscos
do Agravo Interno, o qual trouxe mais objetividade e clareza ao sistema recursal do ordenamento jurídico
brasileiro.
Além do mais, pode-se resumir o Agravo Interno como o recurso que sintetiza o Princípio da
Colegialidade, uma vez que resguarda o julgamento por maioria e sem depender de apenas um julgador, o
que acaba por decorrer das garantias constitucionais da ampla defesa e do contraditório, uma vez que, na
forma do artigo 5º, LV, da Constituição, aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes.
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Conheça as referências deste artigo
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
Código de Processo Civil.
Código de Processo Civil.
Superior Tribunal de Justiça, AgInt nos EDcl no REsp n. 1.810.291/AM, relatora Ministra Maria Isabel
Gallotti, Quarta Turma, julgado em 29/6/2020, DJe de 3/8/2020.
LOURENÇO, Haroldo. Processo Civil Sistematizado. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense; Método, 2021. p.
642-643
DA CUNHA, Leonardo Carneiro; NUNES, Dierle; STRECK, Lenio. Comentários ao Código de Processo
Civil/organizadores Lenio Luiz Streck, Dierle Nunes, Leonardo Carneiro da Cunha; coordenador
executivo Alexandre Freire. – 2. ed. – São Paulo : Saraiva, 2017. p. 1389-1392.
Matheus Corrêa de Melo
Advogado (OAB/DF 46.245) com atuação em direito empresarial, tributário, societário e em contencioso
estratégico. Pós-graduado em direito empresarial pela FGV. Graduado pelo Centro Universitário
IESB/DF. Membro da comissão de Direito Empresarial da OAB/DF....
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Clelia Martins 01/09/2023 às 10:06
Prezado doutor
Inicialmente quero parabenizá-lo pelo conteúdo aqui no portal Aurum sobre agrava interno.
Recentemente, foi julgado de forma monocraticamente os embargos de declaração em apelação
reconhecendo honorários sucumbenciais em prescrição intercorrente ( execução). Preocupada em
pagar a multa de até 5 por cento do valor da causa optei por ajuizar Resp sem saber da vigência da
súmula para o STJ. Nesse sentido, foi inadmitido com fundamento na súmula 281. Desse modo,
diante desse cenário de inadmissibilidade eu estou pretendendo interpor agravo interno com
fundamento no artigo 1030 §2° CPC. O que o Dr acha? Se puder me responder antecipadamente
eu agradeço.
Responder
•
Matheus Melo 19/09/2023 às 20:31
Prezada colega, o raciocínio quanto ao Agravo Interno do 1.030, § 2º, está correto.
Contudo, tenho receio que no mérito não seja acolhido, justamente porque da decisão
monocrática anterior caberia Agravo Interno, para que os Embargos fossem decididos,
antes da análise do REsp, em última instância (pelo órgão colegiado), como impõe o art.
105, III, da Constituição.
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