Você está na página 1de 2

Sua alma tem sede de quê?

A água é um componente vital para a vida. O ser humano por exemplo, só


consegue – segundo estimativas – sobreviver a no máximo de cinco a sete dias
sem água. Claro que estamos aqui falando de condições extremas, mas mesmo
após algumas horas ou mesmo após a realização de alguma atividade física na
qual perde-se muito líquido, o nosso corpo já passa a dar sinais de que necessita
da ingestão desse componente tão importante.

Dentre os vários indícios de que precisamos beber água, a sede talvez seja a
mais facilmente percebida. A depender do caso, nossa sede pode ser tão intensa
que chegamos a pensar: “beberei água igual a um camelo”. Aliás, sabia que o
camelo é um animal capaz de sobreviver até cerca de três semanas sem ingerir
água? E quando finalmente ele o faz, pode beber até 100 litros de água?

Um fato curioso sobre isso tudo é o de que, tanto o homem quanto o camelo – e
se você quiser, até os demais seres vivos – independente do “tamanho” da sua
sede, basta consumir uma certa quantidade de água que logo estarão satisfeitos.

Traçando um paralelo com o meio evangélico, a sede também é a indicação


imediata de que precisamos de algo extremamente essencial em nossas vidas.
Indo mais além, é certo dizer que se trata da única coisa capaz de saciar nossas
vidas e por que não as nossas almas, Deus. Nesse momento, é impossível não
lembrar daquilo que disse, ou melhor, cantou o rei Davi: “Como suspira a corça
pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha
alma tem sede de Deus, do Deus vido; quando irei e me verei perante a face de
Deus? ” Salmos 42: 1-2. No entanto, da mesma forma que se resolve a
necessidade do nosso corpo por água, a sede espiritual daqueles que desejam
conhecer a Deus é muitas vezes tratada erroneamente da mesma forma. E
assim como um mero copo d’água está para satisfazer nossa necessidade física,
o fato de se acreditar que nossa conversão foi e é suficiente para a nossa
salvação, está para a carência de nossas almas.

O Pr., Dr., e escritor A. W. Tozer, um grande homem de Deus, considerado por


muitos um dos mais profundos teólogos e pensadores do século XX, vai nos
dizer em seu livro Em busca de Deus que: “O ser humano é salvo mas não tem
sede nem fome de Deus.”. E de fato, basta-se acreditar que Deus é o nosso
Senhor, que Cristo é o salvador de nossas vidas que nos damos por satisfeitos.
Porém, a grande consequência disso, é uma vida rasa sem nenhuma procura ou
busca incessante por conhecer Deus em sua plena glória, majestade e poder.

A triste observação feita por Tozer ao dizer que: “a conversão religiosa vem
sendo feita de forma mecânica e sem vida” é a mais pura verdade. A avidez
características daqueles que não só querem, mas que anseiam em conhecer
Deus face-a-face é em geral omitida, quando não reprimida dentro do próprio
seio da igreja, dando assim, lugar a indiferença daqueles que mesmo estando
diante de um rio com muita sede satisfazem-se em beber apenas um punhado
de água.

Diante disso, penso que “acreditar” que seu nome esteja escrito no livro da vida
seja o suficiente, contentando-se em ter um relacionamento superficial com
Deus, tira de nós aquilo que o filósofo e escritor Mario Sérgio Cortella vai chamar
de insatisfação positiva, que em nosso contexto, pode ser visto também como a
sede da alma, a vontade incessante plantada por Deus em nós – como afirma
Tozer no livro já citado – em buscá-lo, permitindo então estreitar o laço de um
relacionamento outrora desfeito com a queda de Adão e Eva mas que em Cristo
foi restaurado.

Por fim, acredito que não devamos nos contentar em simplesmente sermos
apresentados a Deus, pelo contrário, devemos buscar conhecê-lo sempre mais
e melhor, afinal de contas, se já é extremamente difícil conhecer alguém de
verdade em somente um encontro, impossível será conhecer Aquele que sempre
existiu desde antes da fundação do mundo. Então, tente matar sua sede, não só
beba mas mergulhe nessa fonte de Águas Vivas, chamada Deus.

Você também pode gostar