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Consentimento:

A Portaria 1.820/2009, do Ministério da Saúde, que dispõe sobre os direitos e deveres dos
usuários dos serviços de saúde, estabelece em seu artigo 5º, incisos V e VI, que o paciente tem
direito ao consentimento livre, voluntário e esclarecido, a quaisquer procedimentos
diagnósticos, preventivos ou terapêuticos, salvo as hipóteses em que possa acarretar riscos à
saúde pública:

“Art. 5º Toda pessoa deve ter seus valores, cultura e direitos respeitados na relação com os
serviços de saúde, garantindo-lhe: (…)
V – o consentimento livre, voluntário e esclarecido, a quaisquer procedimentos diagnósticos,
preventivos ou terapêuticos, salvo nos casos que acarretem risco à saúde pública, considerando
que o consentimento anteriormente dado poderá ser revogado a qualquer instante, por decisão
livre e esclarecida, sem que sejam imputadas à pessoa sanções morais, financeiras ou legais;
VI – a não-submissão a nenhum exame de saúde pré-admissional, periódico ou demissional, sem
conhecimento e consentimento, exceto nos casos de risco coletivo;”

Alta a pedido:

Existem situações nas quais a alta hospitalar pode ser solicitada pelo paciente ou por seus
responsáveis, denominada alta a pedido. Para a solução deste problema, é fundamental
distinguir a alta a pedido que não envolve iminente risco à vida, daquela em sentido contrário;
somente através de avaliação e parecer técnico poderá haver tal distinção.

No caso da alta a pedido, sem colocar em risco a vida do paciente, nem o médico responsável
nem o hospital podem ferir o princípio da autonomia do mesmo, cerceando seu direito de "ir e
vir". A instituição hospitalar e o médico devem, de maneira clara, documentar fartamente a
decisão do paciente, quanto a sair do hospital.

Entretanto, em caso de iminente perigo à vida do paciente, o médico pode se recusar a conceder
a alta a pedido. Essa é uma exceção prevista no Código de Ética Médica (Art. 56) para que o
médico possa intervir contrariamente à vontade do paciente, em situações de "iminente risco à
vida". Portanto, é a gravidade ou a iminência de perigo à vida que deve condicionar a aceitação
ou recusa da alta a pedido.

Vale a pena ressaltar que, se a saúde do paciente se agravar em consequência da alta a pedido,
o profissional que a autorizou poderá ser responsabilizado pela prática de seu ato, assim como
o hospital, pois "é presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado
ou preposto", no caso por omissão de socorro, imprudência ou negligência. Existe também a
responsabilidade penal, na modalidade culposa para os crimes de homicídio e lesões corporais,
quando praticado através de imprudência, negligência ou imperícia.

Emergência:

O médico somente poderá exercer essa escolha no lugar do paciente caso haja iminente perigo
de vida e, estando o paciente inconsciente ou incapaz de decidir, não haja tempo de consultar
o responsável ou não existam responsáveis. Mesmo nesse caso, em se tratando de idoso, o
Ministério Público deverá ser informado imediatamente.
Charlatanismo:

Art. 283 - Inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou infalível:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Charlatão é o agente que divulga meio de cura infalível e secreto que sabe ser falso.

Qualquer um pode ser autor, inclusive o médico.

Curandeirismo:

Art. 284 - Exercer o curandeirismo:

I - prescrevendo, ministrando ou aplicando, habitualmente, qualquer substância;

II - usando gestos, palavras ou qualquer outro meio;

III - fazendo diagnósticos:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Parágrafo único - Se o crime é praticado mediante remuneração, o agente fica também sujeito
à multa.

Curandeiro é o agente que, habitualmente, dedica-se à prática de tratamentos fora da ciência


médica através das condutas dos incisos do artigo 284. É preciso considerar que cultos religiosos
estão protegidos por dispositivo constitucional, mas tal proteção não incide se o agente se vale
de ritual religioso para prometer cura fora da atuação da medicina reconhecida.

Trata-se de crime comum, formal, de perigo abstrato.

Se o agente possui conhecimentos médicos, o crime será exercício ilegal da medicina.

Se o agente realizar "operação espiritual", no entendimento de Fernando Capez, a conduta será,


em princípio, atípica.

Importantíssimo: para a configuração do crime de curandeirismo exige-se habitualidade. No


charlatanismo, não há tal exigência.

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