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A institucionalização da Geografia
Autores
Aldo Dantas
aula
07
Governo Federal
Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro da Educação
Fernando Haddad
Secretário de Educação a Distância – SEED
Carlos Eduardo Bielschowsky
Dantas, Aldo.
Introdução à ciência geográfica: geografia / Aldo Dantas, Tásia Hortêncio de Lima Medeiros. –
Natal, RN : EDUFRN, 2008.
176 p.
CDD 910
RN/UF/BCZM 2008/35 CDU 918.1
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UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba.
Apresentação
A Geografia moderna surge na Alemanha, a então Prússia, no século XIX, marcada
pelas particularidades desse país. Mostrar isso é um dos intuitos desta aula. Mostraremos
também que o contexto cultural, político e filosófico devem estar relacionadas quando se
trata de entender o desenvolvimento de qualquer ciência.
Objetivos
Compreender como as transformações ocorridas
1 na modernidade influenciaram o processo de
desenvolvimento das ciências em geral e da Geografia
em particular.
C
omo você viu na aula 3 (A Geografia na Antiguidade), as primeiras indagações
geográficas sobre a localização e distribuição dos fenômenos remontam às origens
da humanidade. Entretanto, de forma mais rigorosa, a Geografia como conhecimento
mais sistematizado nasce na Grécia, onde Anaximandro de Mileto (650-615 a.C.) constrói
o primeiro “mapa do mundo” e Hecateu de Mileto (560-480 a.C.) constrói o segundo. Por
outro lado, a Geografia enquanto ciência autônoma e sua institucionalização ocorrerão
somente no século XIX.
Veja no box a seguir o que nos diz Antônio Carlos Robert de Moraes, em seu famoso
Geografia – Pequena História Crítica, sobre esse período do pensamento geográfico.
Essas condições históricas a que nos referimos dizem respeito ao processo de transição
do Feudalismo para o Capitalismo, assunto já visto nas aulas 5 (Os tempos modernos) e 6
(Espaço e modernidade)
O conhecimento do planeta
O conhecimento efetivo da extensão real da Terra é um pressuposto fundamental
para a emergência da Geografia moderna e as condições materiais para a realização de tal
conhecimento encontram-se na expansão européia que se concretiza através das grandes
navegações e descobertas e na constituição de um espaço mundial de relações.
Se você retomar a leitura da aula 2 (A ação humana), verá que esse processo se baseia,
pelo menos, em dois elementos fundantes da Geografia: apropriação e exploração.
O acúmulo de informações
Como vimos, os grandes descobrimentos dão origem a um conhecimento cada vez
mais apurado da realidade do planeta, fator primordial para o surgimento de uma Geografia
moderna. Junto a esse conhecimento, faz-se necessária a sistematização de informações
sobre os diferentes pontos da Terra, ou seja, sobre os diferentes territórios que vão sendo
incorporados às relações mercantis.
A cartografia
O avanço e aprimoramento da cartografia (instrumento por excelência geográfico)
se constituem efetivamente num outro pressuposto da Geografia moderna. Esse avanço
na linguagem cartográfica é uma demanda primária e uma exigência prática para o pleno
desenvolvimento das relações comerciais que requer o estabelecimento preciso de rotas de
navegação, assim como a localização exata dos lugares e portos.
Assim, dos relatos ocasionais e intuitivos dos exploradores e aventureiros passa-se, com
a evolução da própria empresa colonial, às descrições ordenadas e imbuídas do espírito
objetivo das ciências modernas nascentes. Pode-se dizer que tal situação, plenamente
alcançada no século XVIII, é já o anteato imediato do processo de sistematização da
Geografia (MORAES, 2002, p.19)
Essas mudanças que começam já no século XV-XVI vão se consolidar com o projeto
científico levado a cabo no século XIX. Esse projeto tem como pontos de apoio fundamentais
a razão e uma fé generalizada no progresso.
Surge também nesse período, que começa com o Iluminismo, uma discussão
fundamental para a Geografia moderna: as relações entre a sociedade e o meio. Montesquieu
(1689-1755), por exemplo, em O espírito das leis, dedica um capítulo ao estudo das relações
natureza-sociedade. Rousseau (1712-1778) dizia, por outro lado, que seis meses passados
num lugar o instruía mais que cem livros.
Como se vê, essa mudança de mentalidade faz aflorar diversos temas pertinentes
à Geografia (além do já destacado), tais como: a questão da relação da sociedade com
o território; a influência do meio (especificamente do relevo e do clima) na organização
social; e as formas de governo e a extensão do território, que são temas recorrentes entre os
pensadores já referidos, como é o caso de Montesquieu e Rousseau.
Como você deve estar percebendo, a maior parte dos temas colocados pelo processo
de sistematização da Geografia constitui dificuldades vividas pela sociedade alemã ainda não
unificada. A Geografia nasce nesse contexto específico da Alemanha para dar respostas a
duas questões fundamentais: resolver uma questão territorial premente para a constituição
de um Estado Nacional e a conquista de um lugar de destaque para a Alemanha no cenário
apresentado pela realidade européia do século XIX.
MORAES, Antonio Carlos Robert. Geografia: pequena história crítica. São Paulo:
HUCITEC, 1983.
Leitura obrigatória para quem estuda Geografia. É uma síntese dos fundamentos e
da história do pensamento geográfico moderno. Para esta aula, veja especialmente os
capítulos 3 e 4.
MORAES, Antônio Carlos Robert. A gênese da geografia moderna. São Paulo: ANNABLUME/
HUCITEC, 2002.
Resumo
Esta aula mostra a relação entre o desenvolvimento da ciência geográfica e o das
condições materiais da vida social dentro do contexto histórico da modernidade.
Analisa os pressupostos para a sistematização da Geografia e a especificidade
da Alemanha no século XIX, país que primeiro fará a sistematização do
conhecimento geográfico, dando-lhe estatuto científico e institucional.
Referências
ANDRADE, Manuel Correia. Geografia: ciência da sociedade. Recife: Editora Universitária/
UFPE, 2006.
MORAES, Antonio Carlos Robert. A gênese da geografia moderna. São Paulo: ANNABLUME/
HUCITEC, 2002.
MORAES, Antonio Carlos Robert. Geografia: pequena história crítica. São Paulo:
HUCITEC, 1983.
Ementa
A construção do conhecimento geográfico. A institucionalização da geografia como ciência. As escolas do
pensamento geográfico. A relação sociedade/natureza na ciência geográfica. O pensamento geográfico e seu
reflexo no ensino. A geografia brasileira. Atividades práticas voltadas para a aplicação no ensino.
Autores
n Aldo Dantas
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