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Aula 13 – Penal Leis Extravagantes – Prof. Claudia Barros


MASTER – INTENSIVO MPRJ – 18/02/2009

Vocês já tiveram alguma aula de penal? Depois eu vou verificar com o


Ricardo. A gente está em um período que não sabemos quem será o
examinador, você não pode mais dizer que vai ser o Lessa, porque com a troca
do PGJ tudo pode mudar, eu não tenho informação nesse sentido. Se eu tivesse
que dar um conselho é para estudar pelos livros do Araripe, se eu tivesse que
apostar uma ficha agora eu colocaria toda a minha grana nisso.

Eu queria a falar sobre porte de arma. Eu trouxe aqui uma jurisprudência


do STJ a respeito de arma. Da lei 10.826/03 quais são as questões
interessantes que poderiam cair? Primeiro vocês devem estar antenados com
as mudanças feitas pela lei 11.706/08, que em junho provocou profundas
modificações na lei de armas, inclusive foram abordadas em provas recentes,
por ex. a Cesp fez prova para a policia do ES, e uma aluna minha disse que
eles erraram o gabarito, e eu disse que não, ela é que tinha errado a questão,
porque tinha a questão das armas apreendidas poderem ou não serem usadas
pelos órgãos de segurança, antes pela redação original quando as armas eram
apreendidas, elas não podiam ser utilizadas pelos órgãos dos órgãos de
segurança, hoje elas podem ser utilizadas, podem ser objeto de doação pelo
exército .

Outra coisa que mudou por conta da Lei 11.706/08, foi a questão
relacionada a renovação do registro, as pessoas tiveram até o dia 31/12/08
para que precedessem a renovação de seus registros, as pessoas que tinham
registro de armas antes da lei 10.826/03, antes de dez/03, tiveram que
proceder a renovação de seus registros até 31/012/08, isso significa dizer que
quem tinha registro anterior e não procedeu ao registro está hoje em posse
ilegal de arma de fogo, e para renovação desse registro pela lei 11.706/03
deixou-se de exigir que a pessoa comprovasse o preenchimento daqueles
requisitos de que trata o art. 4º da lei, porque pela redação original da lei de
armas, mesmo as pessoas que antes de 2003 tinham registro de armas, elas
teriam que proceder a renovação e provar que tinham capacidade para
manuseio da armas, que eram idôneas, elas não precisam mais provar isso,
porque a lei com a atual redação da lei 11.706, dispensa dessa prova, vejam o
art. 4º.

Art. 4º Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá, além de declarar a
efetiva necessidade, atender aos seguintes requisitos:

I – comprovação de idoneidade, com a apresentação de certidões de antecedentes criminais


fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a
inquérito policial ou a processo criminal;

I - comprovação de idoneidade, com a apresentação de certidões negativas de antecedentes


criminais fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar
respondendo a inquérito policial ou a processo criminal, que poderão ser fornecidas por meios
eletrônicos; (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
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Vejam o art. 5º.

Art. 5o O certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade em todo o território nacional,
autoriza o seu proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua
residência ou domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que
seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa. (Redação dada pela
Lei nº 10.884, de 2004)

§ 3º O proprietário de arma de fogo com certificados de registro de propriedade expedido por


órgão estadual ou do Distrito Federal até a data da publicação desta Lei que não optar pela
entrega espontânea prevista no art. 32 desta Lei deverá renová-lo mediante o pertinente
registro federal, até o dia 31 de dezembro de 2008, ante a apresentação de documento de
identificação pessoal e comprovante de residência fixa, ficando dispensado do pagamento de
taxas e do cumprimento das demais exigências constantes dos incisos I a III do caput do art.
4º desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)

O certificado de registro de propriedade da arma que é a base para que


você tenha a arma guardada em casa ou estabelecimento comercial, não é
valido para porte, ele não serve para você portar, isso é só um documento
comprobatório da licitude da tua situação com a arma, registro esse que estará
cadastrado no SINARM, que é o Sistema Nacional de Armas, que foi criado pela
lei 9.437, vejam se o §3º não sofreu mudança pela lei 11.706. Pois é, aí
_________ com uma admoestação verbal. Então vejam se vocês entendem,
pessoas que tinham o registro da arma antes de 2003, registro antes podia ser
expedido por órgãos estaduais, agora expedidos por órgãos federais, no caso a
Policia Federal. Só que a lei quando veio, ela disse que ia aceitar os registros
anteriores, mas esses registro precisarão ser renovados, o prazo de renovação,
inicialmente, seria até jun/04 foi prorrogado, por meio de medidas provisórias,
até dez/08, mas qual foi o grande lance da 11.706, além de colocar o prazo
para dez/08? Foi modificar a exigência que antes existia.

Quais são os requisitos do art. 4º? A prova da idoneidade, a prova de que


a pessoa tem a aptidão técnica e psicológica para o manuseio da arma, não
vão precisar mais disso. Só que quem até 31 de dez não fez essa renovação de
registro está em condição de posse ilegal de armas, porque tem um registro
que não é mais válido. Hoje, pela lei atual, os registros precisam ser renovados
a cada 3 anos, nos termos da lei, então quem deixa expirar o prazo sem
renovar o registro está em posse ilegal de arma de fogo, crime esse previsto
no art. 12 do CP.

Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se
esta não dispuser de modo diverso. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Prestem atenção, porque como nós falamos de armas, não podemos


confundir posse de arma com porte de arma. Posse de arma é ter a arma em
casa guardada ou ter em estabelecimento comercial guardada. Porte de arma
é trazer consigo, em condição de pronta utilização e sob sua disponibilidade,
para ter porte é preciso ter autorização para porte, não é a mesma coisa que
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registro de propriedade, e hoje, inclusive, o porte de arma, em regra, é


proibido em todo o território nacional, exceto para as pessoas que a lei elenca.

E quem são as pessoas que a lei elenca? São as pessoas dos art. 6º, 7º e
8º da lei. São aquelas pessoas integrantes dos órgãos de segurança pública,
integrantes da guarda municipal, das escoltas de presos, das guardas
portuárias, o pessoal da receita federal, além desses, os caçadores, os
atiradores desportista.

Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os casos
previstos em legislação própria e para:

I – os integrantes das Forças Armadas;

II – os integrantes de órgãos referidos nos incisos do caput do art. 144 da Constituição Federal;

III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais
de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta
Lei;

IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000 (cinqüenta mil)
e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço; (Redação dada pela Lei
nº 10.867, de 2004)

V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os agentes do


Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da
República;

VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da
Constituição Federal;

VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, os integrantes das
escoltas de presos e as guardas portuárias;

VIII – as empresas de segurança privada e de transporte de valores constituídas, nos termos


desta Lei;

IX – para os integrantes das entidades de desporto legalmente constituídas, cujas atividades


esportivas demandem o uso de armas de fogo, na forma do regulamento desta Lei,
observando-se, no que couber, a legislação ambiental.

X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do


Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário. (Redação dada pela Lei nº 11.501, de
2007)

§ 1º As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do caput deste artigo terão direito de portar
arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição,
mesmo fora de serviço, nos termos do regulamento desta Lei, com validade em âmbito
nacional para aquelas constantes dos incisos I, II, V e VI. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de
2008)

§ 1º-A (Revogado pela Lei nº 11.706, de 2008)

§ 2º A autorização para o porte de arma de fogo aos integrantes das instituições descritas nos
incisos V, VI, VII e X do caput deste artigo está condicionada à comprovação do requisito a que
se refere o inciso III do caput do art. 4o desta Lei nas condições estabelecidas no regulamento
desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
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§ 3º A autorização para o porte de arma de fogo das guardas municipais está condicionada à
formação funcional de seus integrantes em estabelecimentos de ensino de atividade policial e
à existência de mecanismos de fiscalização e de controle interno, nas condições estabelecidas
no regulamento desta Lei, observada a supervisão do Comando do Exército. (Redação dada
pela Lei nº 10.867, de 2004)

§ 4º Os integrantes das Forças Armadas, das polícias federais e estaduais e do Distrito Federal,
bem como os militares dos Estados e do Distrito Federal, ao exercerem o direito descrito no
art. 4o, ficam dispensados do cumprimento do disposto nos incisos I, II e III do mesmo artigo,
na forma do regulamento desta Lei.

§ 5º Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 (vinte e cinco) anos que comprovem
depender do emprego de arma de fogo para prover sua subsistência alimentar familiar será
concedido pela Polícia Federal o porte de arma de fogo, na categoria caçador para
subsistência, de uma arma de uso permitido, de tiro simples, com 1 (um) ou 2 (dois) canos, de
alma lisa e de calibre igual ou inferior a 16 (dezesseis), desde que o interessado comprove a
efetiva necessidade em requerimento ao qual deverão ser anexados os seguintes documentos:
(Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)

I - documento de identificação pessoal; (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)

II - comprovante de residência em área rural; e (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)

III - atestado de bons antecedentes. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)

§ 6º O caçador para subsistência que der outro uso à sua arma de fogo, independentemente de
outras tipificações penais, responderá, conforme o caso, por porte ilegal ou por disparo de
arma de fogo de uso permitido. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)

§ 7º Aos integrantes das guardas municipais dos Municípios que integram regiões
metropolitanas será autorizado porte de arma de fogo, quando em serviço. (Incluído pela Lei nº
11.706, de 2008)

Art. 7º As armas de fogo utilizadas pelos empregados das empresas de segurança privada e de
transporte de valores, constituídas na forma da lei, serão de propriedade, responsabilidade e
guarda das respectivas empresas, somente podendo ser utilizadas quando em serviço,
devendo essas observar as condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão
competente, sendo o certificado de registro e a autorização de porte expedidos pela Polícia
Federal em nome da empresa.

§ 1º O proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança privada e de transporte de


valores responderá pelo crime previsto no parágrafo único do art. 13 desta Lei, sem prejuízo
das demais sanções administrativas e civis, se deixar de registrar ocorrência policial e de
comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de armas de fogo,
acessórios e munições que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas
depois de ocorrido o fato.

§ 2º A empresa de segurança e de transporte de valores deverá apresentar documentação


comprobatória do preenchimento dos requisitos constantes do art. 4o desta Lei quanto aos
empregados que portarão arma de fogo.

§ 3º A listagem dos empregados das empresas referidas neste artigo deverá ser atualizada
semestralmente junto ao Sinarm.

Art. 8º As armas de fogo utilizadas em entidades desportivas legalmente constituídas devem


obedecer às condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente,
respondendo o possuidor ou o autorizado a portar a arma pela sua guarda na forma do
regulamento desta Lei.

Em regra quem não está aí, e quem não está contemplado por lei
própria, como os membros da magistratura, dos membros do MP e dos
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membros da Defensoria Pública, por ex., que são os que mais afetam o nosso
dia-a-dia, todos eles têm direito a porte de arma, mas o porte de arma deles
não esta regulado pela lei 10.826, esse porte estará regulado na lei própria de
cada carreira.

Porte ou posse de arma, eu digo que é diferente em todos os sentidos,


inclusive, na questão da objetividade jurídica. Quando nos falamos de posse
ilegal de arma de fogo, é a posse sem registro, é a posse sem controle. Qual é
o objeto jurídico? Qual é o bem jurídico tutelado por esse crime? É a questão
dos dados cadastrais do SINARM, porque hoje nós temos um sistema nacional
de armas, instituído pela lei 9.437, e que está repetido na lei 10.826, é porque
ao SINARM cabe todos os registro de armas do país, ele é um banco de dados
que nos possibilita dizer, onde estão todas as armas do país, quantas são as
armas existentes no país, com quem estão as armas existentes no país, de
forma que se você quiser fazer uma transferência ou compra de arma, você
não pode sem a autorização do SINARM.

Posse irregular de arma de fogo de uso permitido

Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso
permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua
residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular
ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa:

Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

Então vejam, no art. 12 no crime de posse de arma de fogo o que se tem


ali é a questão de fidelidade dos dados cadastrais, e você na prova do MP vai
sustentar que para ter o crime do art. 12 a arma não precisa estar municiada,
porque a questão ali é que uma pessoa que tem arma, mas que não tem a
arma de acordo com as determinações legais e regulamentares. Outra coisa,
não importa para o art. 12 quantas armas possui. Por ex., se o cara entra na
minha casa e consegue verificar duas pistolas que eu tenho, sem o registro nos
órgãos competentes, quantos crimes de posse ilegal de arma eu tenho? Um só,
não é número de armas encontradas em poder do agente que vai dizer o
número de crimes que o agente praticou.

Outro lance, nos crimes de posse, em dois artigos do nosso código, eu


tenho posse no art. 14 que é a posse de arma de uso permitido, eu tenho a
posse no art. 16 que a posse de arma de uso restrito ou proibido, e também
tenho posse no pú do art. 16. Qual é a diferença? A diferença é que no art. 14
há norma penal em branco, que ensejam que esses crimes da lei de armas são
normas penais em branco, porque vão depender de um ato normativo do
Comando do Exercito que classifica as armas. Então no art. 14, o que eu tenho
é arma de uso permitido, e no art. 16 é arma de uso restrito ou proibido.

Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito


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Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder,
ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar
arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em
desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:

I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou


artefato;

II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de


fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro
autoridade policial, perito ou juiz;

E no art. 16, pú? Vamos dar um ex., eu possuo uma arma em casa e essa
arma está com o sinal de edificação suprimido ou raspado, é um revolver de
uso permitido. Qual é a minha conduta? Não importa, no pú do art. 16 cabem
todas as armas cujos sinais de identificação estejam suprimidos, inclusive, as
armas de uso permitido. Não interessa, sabe porque? Se eu suprimi a
edificação de uma arma de fogo eu não estou a tornando uma arma de fogo
proibida. Alguém tem autorização para possuir uma arma com numeração
raspada? Não. E ainda mais, o STF já disse que a arma raspada não precisa
estar municiada para que tenha crime, e você vai anotar aí, inf. 494 e 486 do
STF, onde foi veiculada decisão nesse sentido. Aqui vejam, nós temos o STF a
nosso favor.

Agora escutem só, outra coisa que é muito confundida, com relação ao
crime de posse de arma de fogo, nos temos hoje também trazida pela lei
11.706 uma nova redação para o art. 32.

Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de fogo poderão entregá-la,


espontaneamente, mediante recibo, e, presumindo-se de boa-fé, serão indenizados, na forma
do regulamento, ficando extinta a punibilidade de eventual posse irregular da referida arma.
(Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)

Esse artigo nós disse que quando se tratar de arma que você devolva
espontaneamente, vai haver extinção da punibilidade pelo crime de posse de
arma de fogo. Não vamos confundir isso no crime de posse, e prestem atenção,
não interessa se é um revolver calibre 38 ou se é um fuzil AR15, se você possui
a arma ilegalmente, seja ela de uso permitido ou restrito, e você resolve
entregar a arma espontaneamente, você vai ter uma extinção da punibilidade.

Agora vai cair na prova a seguinte questão. O cara tinha na casa dele um
fuzil e resolve devolver, e sai com a arma na rua para entregar, e é preso pelo
policial, pergunto o que o policial deve fazer? Prender na hora por porte ilegal
de arma de fogo. Ele não estava mais possuindo, ele estava portando, e a
extinção da punibilidade é para posse. Mas então como ele vai devolver? De o
jeito dele, vá a alguém e peça para ir pegar a arma em casa, ou então consiga
um porte de transito para levar a arma a seu destino. Não pode sair com arma.
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Outra coisa, estou na minha casa e tenho um revolver 38 vagabundo,


mas tem sempre um vizinho que denúncia que a arma não tem registro, aí a
policia vai a minha casa, chega lá e encontra, eu devolver a arma dr. O que eu
posso entender dessa conduta? Houve extinção da punibilidade? Claro que
não, não houve devolução da arma espontânea, não esta devolvendo a arma e
não se aplica a extinção da punibilidade.

Olha o que pode cair, uma mistura de direito intertemporal com crime de
arma. No dia 30/12/08 José estava com sua arma de fogo na sua casa quando
chegou a policia, por conta de uma notícia anônima, e encontra a arma.
Pergunto. Praticou José conduta criminosa? É típico, é antijurídico, é culpável?
Pela lei 11.706 a pessoa até o dia 31/12 tinha duas possibilidades quanto as
armas sem registro, ou ela faz a devolução até o dia 31 ou faziam o registro,
agora é óbvio que só pode fazer o registro quem tem como comprovar a
origem da arma por todos os meios em direito admitidos. O que eu posso falar
da conduta do meu amigo? Gente eu não tenho conduta típica nesse caso,
porque até o dia 31/12 quem tinha uma arma de uso permitido, esta naquele
período que se convencionou denominar abolitio criminis temporária, ou
vacatio legis indireta. Então não tinha nem conduta típica a ser imputada. Isso
só para as armas de uso permitido porque no dia 31/12 já não havia mais
abolitio para armas de uso restrito ou proibido.

Olhem só a diferença, o cara foi pego dia 30, arma sem registro, atípico,
o cara foi pego no dia 01/01, arma sem registro, típico, o cara foi pego no dia
31, arma sem registro, atípico, no dia 01/1 ele devolveu a arma, típico,
antijurídico, culpável, mas não punível. Porque depois do dia 31 o que se
afastou foi a punibilidade, a conduta era típica, antijurídica e culpável, mas não
era punível, essa é a regra que vamos seguir até que surja nova medida
provisória colocando esse prazo mais para frente.

Tem outra, quero saber o seguinte, vamos imaginar que eu tenha uma
casa grande e chame os meus alunos para um churrasco, e eu coloquei minha
arma na cintura e fiquei andando dentro da minha chácara, podia ser o que
fosse, casa, apartamento, casa pequena, arma na cintura, indo para lá e para
cá, e a minha arma não está registrada. Qual é o meu crime? Posse? Não é
não, porque posse é quando está na sua casa guardada ou no estabelecimento
comercial, de que seja proprietário ou responsável, mas guardada. Mas se você
está trazendo consigo é porte. Mesmo na dependência da minha casa? Sim
porque hoje nos temos duas modalidades de porte, intramuros e o porte
extramuros, ao contrário do que tínhamos na lei de contravenções penais, no
art. 19 da LCP.

Art. 19. Trazer consigo arma fora de casa ou de dependência desta, sem licença da autoridade:

Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa, de duzentos mil réis a três
contos de réis, ou ambas cumulativamente.
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§ 1º A pena é aumentada de um terço até metade, se o agente já foi condenado, em sentença


irrecorrível, por violência contra pessoa.

§ 2º Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de duzentos mil
réis a um conto de réis, quem, possuindo arma ou munição:

a) deixa de fazer comunicação ou entrega à autoridade, quando a lei o determina;

b) permite que alienado menor de 18 anos ou pessoa inexperiente no manejo de arma a tenha
consigo;

c) omite as cautelas necessárias para impedir que dela se apodere facilmente alienado, menor
de 18 anos ou pessoa inexperiente em manejá-la.

O art. 19 está fora do ordenamento jurídico? Tem valor para as


denominadas armas brancas, eu só posso falar de arma branca, se há
regulamentação para o porte de arma branca, para venda, por ex., não tem
regulamentação para a compra de uma arma de cozinha.

Então pela LCP a questão da arma só ganhava relevância jurídica penal


quando o porte fosse extramuros, se olharem a lei 10.826 não faz essa
distinção. Então hoje eu tenho o porte intramuros e extramuros, razão pela
qual o examinador pode complicar a vida de vocês. No dia 29/12 durante a
comemoração de final de ano, num churrasco promovido para os empregados
de sua empresa, João se encontrava armado, quando a policia chegou e
apreendeu em seu poder um revolver calibre 38. Tem conduta criminosa?
Havia, porque João não está possuindo, ele está portando. Outra coisa, toda
prova se cair negócio de data, não está ali a toa, tem alguma relevância, ou
para contar o lapso prescricional, ou para fins de alternância de leis no tempo.

E aí entra a questão do porte. O porte de arma hoje é uma das condutas


que mais merecem discussão no STF e nos tribunais de instancias inferiores.
Existe primeiro a necessidade de olharmos o porte de arma no art. 14, e
falarmos o seguinte, o art. 14 fala de porte de uso permitido, o art. 16 de uso
restrito e o pú pode ser qualquer uma. E como fica a questão da arma
desmuniciada? A questão de possuir munição sem arma? Hoje o objeto
material do crime não é apenas a arma. Eu falei para não confundirem objeto
jurídico com objeto material. Objeto material é a coisa ou a pessoa sobre a qual
recai o comportamento. Qual é o objeto material dos crimes de arma? A arma
de fogo, as munições e os acessórios. Qual é o objeto jurídico dos crimes de
arma? A fidelidade dos dados cadastrais do SINARM e a segurança pública, é o
bem juridicamente tutelado por esses crimes.

Existe uma ação que foi proposta pela Defensoria Pública da União, em
que eles sustentam que posse de munição sem arma não representa o bem
jurídico tutelado pela lei 10.826, qual seja, a paz social. A segurança pública é
uma das vertentes da paz social, não existe paz social sem segurança. Agora o
que está errado é dizer que é atípico portar munição sem autorização porque
isso fere o princípio da lesividade. Hoje está sendo discutido no bojo de dois
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procedimentos, primeiro no HC 92533, inf 497, e segundo no HC 90075, inf


457, ambos no STF. Outra coisa, as coisas estão mudando, é indispensável hoje
para fazer a prova que tenha conhecimento da jurisprudência do STF, quando
for a nosso favor vai trabalhar com ela, e quando for contra tem que devorar
para dizer que o STF está errado, mas vai ter que saber, o STF fez assim, mas
nos como MP entendemos dessa forma. Então esses dois HCs pretendem
verificar que o porte de munição sem arma é atípico por ausência de
lesividade, já deram seus votos os Min. Joaquim Barbosa, e também o Min. Eros
Grau, mas com relação a esse último o Min. Peluso pediu vista, então está
pendente de julgamento, assim como também está pendente de julgamento o
HC 90075, inclusive este está pelo pleno, está suspenso o julgamento. Mas
você como membro do MP você iria indeferir ou deferir? Lógico que você ia
indeferir, você não concederia o HC por uma razão muito simples, isso é
absurdamente equivocado, a posse de munição sem arma é crime sim, como
você também vai sustentar que o porte de arma sem munição é crime sim.
Deve você saber que o STF por diversas vezes, embora vencidos os min. como
a Helen Gracie, o STF tem sempre se manifestado nas liminares em HC pela
atipicidade do porte sem munição, dizendo que portar a arma sem munição é
atípico. E isso você não tem um julgado só, você tem vários, você tem o HC
93816, no inf. 505, você tem no inf 457 também, no próprio bojo do HC 90075,
o STF tem entendido que o porte de arma sem munição é atípico, e inclusive
essa orientação do STF, embora eu deva dizer para vocês que não há
julgamento definitivo, a corte precisa formar o posicionamento da corte, e essa
orientação do STF levou o STJ a mudar sua orientação. O STJ sempre entendeu
que o porte de arma sem munição caracterizava conduta típica, mas no inf.
378 no bojo do HC 70544 RJ, o STJ por maioria entendeu que é atípico o porte
de arma sem munição, mudando sua orientação, porque o STJ há muito tempo,
inclusive em julgados, de 2001, 2002 e 2003, sempre disse que era típico,
mudou agora para dizer que é atípico.

Mas que fique bem claro, quando o STJ modifica a sua orientação, ele
deixa bem claro o seguinte, todavia o STF considera atípico o porte de arma
sem munição, apesar de suspenso o julgamento do HC 90075, em razão do
pedido de visto, por isso os votos vencedores reconheceram a ausência de
atipicidade, porque já que o STF tem decido assim, tiveram por bem dizer que
atípico, porque de nada adiantaria dizer que é típico. Já que o STF tem decido
assim, o STJ por uma questão de economia processual e não ficar gastando
essa discussão para frente, para o cara não recorrer de novo e chegar no STF,
e este dizer que é atípico. Isso é importante porque evidencia que a decisão do
STJ foi política, o STJ foi na onda do STF, o que adianta o STJ dizer que é típico
se vai chegar no STF e este dizer que é atípico. Você na sua prova vai ter que
dizer em 8 linhas que há essa discussão, e dizer que o STJ mudou de
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orientação, mas você vai dizer que todavia não concorda, e porque não, e vai
dizer com coragem que isso está errado.

Não estou falando isso como promotora, estou dizendo como estudiosa
do direito, professora, e nesse caso a palavra da professora vale para o MP,
porque eles se fulcram numa suposta ausência de potencialidade lesiva, o que
demonstra que eles não sabem nada de Direito Penal. que historia de ausência
de potencialidade lesiva é essa? Primeiro, ausência de potencialidade lesiva
porque? Eles vão responder, porque uma arma desmuniciada não pode
disparar, não pode matar, não pode ferir. Por acaso o bem jurídico tutelado é a
vida de alguém? Por acaso o bem jurídico tutelado é a integridade física de
alguém? Porque eu não posso de antemão dizer se algo tem ou não tem
potencialidade lesiva. Para o crime de homicídio uma arma de fogo
desmuniciada pode ser meio? Não, como arma de fogo, pode enquanto objeto
contundente. A função precípua dela é deflagrar projeteis. Por ex., eu chego
em casa e pego numa arma, mas desmuniciada, e tento matar alguém, houve
tentativa de homicídio? Não , é meio absolutamente ineficaz, eu não tenho
como matar uma pessoa com uma arma desmuniciada. Mas porque? Porque ali
o bem jurídico tutelado é a vida. Por ex., num assalto, a tutela do bem jurídico
é o patrimônio e a liberdade individual, eu chego com uma arma desmuniciada
na cabeça da vitima e digo para passar tudo. No estupro se eu chegar com
uma arma desmuniciada para a vitima e a obrigar a manter conjunção carnal,
ela vai se deixar levar porque ela vai ter medo de ser morta. Se a arma
desmuniciada é objeto absolutamente ineficaz do homicídio, ela é eficaz para a
sua liberdade sexual, a sua liberdade individual.

Então eu não posso falar que uma arma desmuniciada não tem
potencialidade lesiva, para eu dizer se tem ou não a primeira coisa que eu
tenho que verificar é o bem que se tutela. E o bem jurídico que se tutela no
porte de arma é a paz pública, ou melhor a segurança pública. Então, existir
alguém portando uma arma com ou sem munição é existir alguém que fora do
controle das autoridades tem uma arma transitando por ai, de mão em mão, e
comprometendo sim a segurança pública, porque a gente não vai saber se a
pessoa tem ou não condição de portar arma, e não vamos ter condição de
monitorar a arma, tem lesividade sim contra a segurança pública. Aí uns mais
céticos poderiam perguntar: Discordo, _________________, . aí a questão é a
seguinte, eu não concordo, porque li num livro que portar a arma é trazer a
arma com você, sob a tua disponibilidade e em condição de pronta utilização,
como é que eu vou portar a arma se ela não está em condição de pronta
utilização. Abram o art. 14. Que crime pratica a pessoa que empresta a arma
fora das determinações regulamentares? Porte de arma. Que crime pratica
uma pessoa que compra uma arma fora das determinações regulamentares?
Porte de arma. Que crime pratica uma pessoa que tem em depósito uma arma
fora das determinações legais e regulamentares? Porte de arma. Que crime
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pratica a pessoa transporta uma arma fora das determinações legais e


regulamentares? Porte de arma. O que eu quero dizer com isso? O nome do
crime é porte, mas no crime de porte não apenas temos como núcleo verbal a
conduta de porte, temos, vender, transportar, ceder, emprestar, deter,
fornecer, guardar, ter em depósito, então ainda que saia do núcleo porte
porque a arma está desmuniciada vai entrar em outro núcleo. O cara está com
a arma desmuniciada no porta malas, está no porte. Se eu te empresto uma
arma desmuniciada o crime é portar.

Então para o núcleo verbal portar, é preciso sim que arma esteja
municiada ou condição de pronto municiamento, por ex., eu posso estar com a
arma num bolso e o carregador no outro. Se para o núcleo portar é importante
que a arma esteja municiada para os outros núcleos não. Outra coisa, não
confundam possuir com guardar ou ter em depósito. Porque guardar ou ter em
depósito é porte, por ex., uma pessoa fala para mim guardar a arma dela na
minha casa, que crime eu estou praticando? Porte na modalidade guarda.
Então você membro do MP não pode nunca sustentar que arma desmuniciada
é atípico, porque não é, porque não tem nada de crime bobo. Num crime de
porte de arma o legislador faz aquilo que a doutrina chama de antecipação da
barreira penal. o que significa isso? Ele não permite, ele não espera a pessoa
que porta arma, usar a arma para matar, para roubar, para estuprar, ele não
espera esse momento, antes disso ele já está incriminando o comportamento
de portar, já está tutelando o bem jurídico coletivo que é a segurança pública,
para que o comportamento não avance e venha a atingir os bens individuais.

Outra coisa, essa coisa de dizer que porte está absorvido por outros
crimes, é uma besteira. Que isso professora quer dizer que o homicídio não
absorve o porte? Pode estar ou não, existe uma diferença em portar para
praticar outro crime e portar e praticar outro crime. A grande maioria já foi
meu aluno e já deve ter ouvido, a historia da SKOL, é emblemática,
rapidamente, a mulher tinha um bar, e chega um cara com arma na cintura,
para beber cerveja, e ele pergunta para a mulher, eu quero uma SKOL, ela diz
só tem SKIN, ele com a arma na cintura e começa a beber SKIN, muito
chateado, no fim da tarde, chega um cara bobão, e pede SKOL, e ela diz que
não tem, terminou desde ontem, quando derrepente ela abre o freezer, e eis
que no cantinho tinha uma garrafinha solitária de SKOL, e o cara diz, eu sabia
que você era minha camarada, e SKIN é para otário, aí o cara chegou para
mulher e disse, quer dizer que para mim que sou otário só tem SKIN, para o teu
amiguinho tem SKOL, e matou a mulher. Eu pergunto, nesse caso o porte está
absorvido pelo homicídio? Não esta não, ele não saiu de casa portando a arma
para matar a mulher, ele já tinha uma questão de porte de arma
consubstanciada, formada, independente de matar a mulher, ele matou a
mulher, ele vai responder porque? Por homicídio em concurso material.
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Intervalo.

Eu deixei uma pergunta sobre porte e disparo. Gente o mesmo raciocínio.


Se a pessoa porta para disparar é um crime só, agora a pessoa pode portar e
disparar, aí eu não tenho um crime só, se eu tenho alguma coisa bem definida,
independente daquele disparo, já havia uma situação de porte, autônomo,
consubstanciado, eu posso ter perfeitamente porte em concurso material com
disparo. Eu disse que quando a pessoa porta para disparar é um crime só,
qual? Depende.

Porte para disparar: se for arma de calibre permitir, só disparo. Se for


arma de calibre restrito ou proibido, só porte. Se a pessoa porta uma arma de
calibre permitido e dispara, disparo que tem pena igual ao porte de arma de
uso permitido. Agora em se tratando de portar uma arma de uso restrito para
disparar, não teria sentido a pessoa responder por disparo, porque se a pessoa
está só portando a pena é de 3 a 6 anos, será que teria algum sentido a pena
cair quando ela dispara, para 2 a 4 anos, então é só por isso.

Aprendam a fazer diferença entre as coisas. Não confunda nada do que


eu falei com a questão da arma usada como meio para o roubo, porque aí eu
vou ter roubo em que existe uma causa de aumento de pena, pela utilização
da arma para a grave ameaça. Eu agora não estou falando de porte, estou
falando de roubo. Até o ano passado a orientação vinha sendo majoritária no
STF, era necessário que a arma fosse verdadeira, que fosse apreendida, e
ainda que você periciada para saber se teria ou não potencialidade ofensiva.
Só que no ano passado, no inf. 527 do STF, foi veiculada uma decisão, inclusive
havia uma do STJ do mesmo teor no inf. 369, o STF disse, para surpresa geral,
que a arma não precisava ser periciada e nem apreendida para que houvesse a
causa de aumento pelo crime de roubo. Entenderam! E se não precisa nem ser
apreendida, nem tampouco periciada, bastava a palavra da vitima, também
era desimportante se a arma estava ou não municiada. Naquele julgado o STF,
através dos seus ministros, destacou que naquelas circunstancias ela podia ser
usa como instrumento contundente. Só que se esse julgado é importante na
jurisprudência do STF, porque é algo inusitado, contra tudo que ele vinha
julgando, e para gente MP isso é espetacular, porque a última manifestação do
STJ a esse respeito foi no sentido era para prender e não precisava periciar,
dois informativos depois o STF no inf. 529 diz diametralmente oposto, é
veiculado um julgado em que o STF diz que tem que ser apreendida e
periciada. Mas você quando fizer a prova, e quiser destacar a orientação do
STF, vai destacar o inf. 527 que é favorável ao pensamento institucional.

Outra coisa, questão inteligente é a que mistura tudo, e quer que você
saiba de 3 ou 4 temas. O promotor foi pego com uma arma de fogo, essa arma
não estava registrada no seu nome, sequer tinha registro. Foi flagrado durante
uma blitz por um policial militar. Praticou conduta típica? Poderia ter sido preso
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pelo policial militar? É típica, porque para eu portar a arma legalmente eu


tenho que portar a arma de acordo com os aspectos regulamentares e lei
determina que eu tenha uma efetivamente registrada, a rigor técnico
registrada em meu nome. Então o promotor esta praticando porte ilegal de
arma de fogo. Este crime que ele praticou é afiançável ou inafiançável? Se
fosse depender do pú do art. 14 esse crime seria inafiançável, só que o art. 14,
pú foi objeto de ADIn e foi declara a sua inconstitucionalidade, na mesma ADIn
caíram o pú do art. 14, pú do art. 15 e art. 21 também. Então o crime de porte
de arma é afiançável. Sempre? Nem sempre, eu não falei qual a classificação
legal, calibre da arma que o promotor portava. Se a arma fosse de uso de
permitido o crime é afiançável e o promotor não poderia ser preso em
flagrante delito, porque o membro do MP só pode ser preso em flagrante delito
por crime inafiançável. Agora se a arma fosse de uso restrito ou proibido, a
conduta do promotor não estaria subsunta ao art. 14, se a arma fosse de uso
restrito a conduta estaria no art. 16, pena de 3 a 6 anos, esse crime é
inafiançável, pena mínima superior a 2 anos, poderia ser preso em flagrante
delito. Então aqui você mistura questão de afiançabilidade, conhecimento da
lei orgânica do MP, tipificação da lei de armas e conhecimento da declaração
de inconstitucionalidade. Mistura vários pontos relevantes.

Agora olha a questão do disparo. Se fosse perguntado se nos crimes de


arma, a arma é sempre objeto material? Não nem sempre, a arma pode ser
instrumento. No art. 15 no disparo de arma de fogo, a arma não é o objeto
material, ela é o instrumento para a prática do crime. E o disparo de arma de
fogo é um crime independente do porte, porque a pessoa pode ter porte de
arma e disparar ilegalmente. Vamos imaginar, eu sai no carnaval armada e
numa confusão dei tiros para o ar de bobeira, pratiquei crime? Sim, crime de
disparo de arma de fogo, crime abstrato, crime de perigo abstrato, não precisa
prova que ninguém foi colocado em situação de risco.

O crime de disparo de arma de fogo é um crime expressamente


subsidiário, se você abrir o art. 15, veja.

Disparo de arma de fogo

Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências,
em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a
prática de outro crime:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável. (Vide Adin 3.112-1)

Então pela leitura do art. 15, o que fica é que só existe o crime de
disparo de arma de fogo quando a pessoa dispara por disparar, se ela dispara
para matar, se ela dispara para lesionar, eu não vou ter mais o crime de
disparo, vou ter outro crime. Só que tem um problema, eles erraram feio
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quando não repetiram o que tinha na lei 9.417, porque lá o crime de disparo
era subsidiário, mas dizia salvo se o disparo não tiver por objetivo crime mais
grave. Aqui eles não repetiram isso, eles não colocaram crime mais grave,
colocaram qualquer outro crime. E aí temos um problema serio, a questão do
disparo para causar lesão de natureza leve. Como fica essa questão do disparo
para efetuar uma lesão leve? Porque parece em que o Brasil é o único lugar em
que se eu der um tiro no pe eu estou bem, mas se der um tiro para o auto eu
sou burra. Porque se disparo para o alto a minha pena é de 2 a 4 anos, se
disparo no pé a pena é máxima é 1 ano só. Por isso é óbvio que isso é uma
impropriedade, foi um lapso muito grande do legislador, e agora cabe a todos
nos resolver essa questão? Para essa questão existem 3 correntes possíveis.

1ª. Corrente. Só responde por disparo, que é o crime mais grave. Crítica:
não é isso que a lei diz.

2ª. Corrente. Só responde por lesão leve. Crítica: é o que a lei diz, mas é
um absurdo.

3ª. Corrente. Que você vai defender no MP, Capez, lesão leve e disparo
em concurso formal, para dar uma solução ao que é sem solução.

Ateste o que o Capez disse, porque entre Capez, e você como promotor
sustentar que se o cara der um disparo para o alto a pena é maior que der um
tiro no pé, só Jesus.

Agora uma outra coisa. Vista a questão do disparo, nos já vimos o art. 16,
porque nos já vimos a questão do art. 14 e art. 16, pelo menos no caput, só
muda porque o art. 14 é arma de uso permitido e o art. 16 arma de uso
restrito. Mas veja o parágrafo do art. 16.

Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito

Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder,
ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar
arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em
desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:

I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou


artefato;

II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de


fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro
autoridade policial, perito ou juiz;

III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;
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IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou
qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;

V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição
ou explosivo a criança ou adolescente; e

VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma,


munição ou explosivo.

No parágrafo do art. 16 nós temos seis incisos, na prova do MP você vai


dizer que esses seis incisos são crimes autônomos, independentes entre si e
independentes do caput. Ocorre que você vai além, com respaldo do STF,
embora eles estejam no parágrafo de um crime que fala de arma de uso
proibido ou restrito, vocês vão sustentar que a arma aqui não precisa de uso
restrito ou proibido, até a arma de calibre permitido entra no art. 16
parágrafos. Ou seja, raspou o sinal de identificação do revólver 38, porta uma
pistola 380 raspada, inclusive a questão da venda da arma para o menor, veja
no inc V, essa venda de arma para criança ou adolescente é venda de qualquer
arma, o calibre da arma nesse caso só vai ser importante para a fixação de
pena, porque é óbvio que em hipóteses em que a classificação legal for
desimportante ela tem que levar importância na hora da fixação da pena,
porque é muito mais grave quem vende um fuzil para uma criança do que
quem vende um revólver. Isso vai servir como circunstância judicial
desfavorável.

Você poderia perguntar, e o art. 242 do ECA? Vamos abrir.

Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança
ou adolescente arma, munição ou explosivo:

Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.

Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)

Esse artigo hoje está totalmente prejudicado, esse artigo hoje só tem
relevância jurídico penal no que tange as armas brancas, e se for arma de fogo
e munição, não interessa nem o calibre e nem a classificação, vai entrar lá no
art. 16 pú. Como uma cola permitida, vá no art. 16 pú e coloque não art. 242
do ECA.

Pergunta.

Resposta. Só como circunstância judicial desfavorável na hora da pena.

Agora vejam o art. 17.

Comércio ilegal de arma de fogo

Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar,
montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito
próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou
munição, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
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Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo,
qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino,
inclusive o exercido em residência.

É o crime de comercio ilegal de armas, seu Manuel tem uma padaria e


esta querendo vender uma arma para o seu Joaquim, ele vende a arma. Eu
aplico ao seu Manuel o crime do art. 17? Claro que não, o art. 17 é o crime do
comerciante de armas. O crime do art. 17 é crime próprio, só pode ser
praticado pelo comerciante ou pelo industrial que trabalhe com armas. Pode
ser praticado por alguém que não seja o comerciante ou o industrial? Pode,
desde que esteja praticando com o comerciante ou o industrial. Esse crime do
art. 17 é instantâneo, habitual, continuado ou é permanente? É um crime
instantâneo. A habitualidade é no comércio, não a habitualidade na conduta de
vender arma ilegalmente, por ex., o cara é dono de uma casa de armas em
Copacabana, uma casa de armas regularmente constituída, só que ele se
aproveita do fato de ser dono de uma casa de armas regularmente constituída,
e uma única vez na vida, vendeu arma por debaixo dos panos, sem seguir as
determinações legais e regulamentares. Qual o crime dele? Art. 17, ele vendeu
a arma ilegalmente no exercício do comércio, ele não precisa reiterar essa
conduta de vender ilegalmente para que tenha o crime, eu só preciso dessa
reiteração na atividade do comércio, sem habitualidade não existe
comerciante. Agora reparem uma coisa, o comerciante aqui pode ser o regular
ou o clandestino, isso está no pú do art. 17.

Preste atenção. Eu sou fornecedora de armas para traficantes, eu não


tenho loja, eu compro armas no exterior e vendo armas para o traficante no
comércio paralelo, foram comprovadas vinte vendas de armas no período de
um ano porque crime eu repondo? Quantos crimes houve e em que tipo penal
está tipificado o meu comportamento? Primeiro eu sou comerciante de arma,
importa se sou clandestino ou não? Não, eu posso ser em tese o sujeito ativo
nesse crime? Posso. Houve exercício do comércio, ainda que clandestino? Sim.
A conduta é do art. 17. Houve um crime só ou 20 crimes? Houve 20 crimes,
porque eu vendi 20 armas em vinte vendas, porque se eu vendesse 20 armas
de uma só vez, seria um só crime. Agora esses 20 crimes estão em concurso
material ou em continuidade delitiva? Houve 20 crimes em concurso material,
porque a jurisprudência do STF e STJ não admite a utilização do instituto do
crime continuado para a pessoa que faz do crime o seu modo de vida, a sua
habitualidade. Entenderam. Aquele que faz do crime o seu modo de vida, no
seu modo de viver, não pode ser beneficiado com o instituto da continuidade
delitiva, a continuidade delitiva é um instituto com crivo no ideal de equidade e
não de impunidade.

O crime continuado é um crime só ou são dois ou mais crimes? Claro que


não é um crime só, abra o art. 71 do CP.
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Crime continuado

Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras
semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe
a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em
qualquer caso, de um sexto a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou
grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a
conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias,
aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo,
observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.(Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Então prática dois ou mais crimes, crime continuado não é um crime só,
são vários crimes que na hora da pena serão considerados um só, porque para
o crime continuado usamos a Teoria da Ficção jurídica, eu não considero um
crime só, eu considero vários crimes, mas na hora da pena eu aplico uma pena
só, por uma exasperação.

Vejam que para esse crime do art. 17 não importa para fins de tipificação
a classificação legal da arma. Por ex., aquele cara da loja de armas de
Copacabana e que vendeu um 38, o cara que vendeu um fuzil, para fins de
tipificação é a mesma coisa, art. 17. porem o calibre da arma não vai funcionar
como circunstância desfavorável, vai funcionar como causa de aumento de
pena, descrita no art. 19.

Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da metade se a arma de
fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.

Se a arma de fogo, acessório ou munição for de uso restrito você aplica a


pena do art. 17 aumentada da metade, é uma causa de aumento de pena.
Agora prestem atenção no art. 18, porque se o examinador quiser pegar ele
pega.

Tráfico internacional de arma de fogo

Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer
título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente:

Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

Segundo a doutrina, amplamente majoritária, esse é o único crime na lei


de armas que é da competência da Justiça Federal, os outros todos são de
competência da Justiça Estadual, eu sustento que o art. 12 também seja da
competência da Justiça Federal, mas não é o que prevalece.

O crime do art. 18 é Tráfico internacional de armas, crime esse que com


o art. 17 eles acabam formando a dupla dos crimes mais graves da lei,
apenados com 4 a oito anos de reclusão. Esse crime do art. 18 nada mais é do
que uma especial modalidade de contrabando. Contrabando é a entrada e
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saída ilícita de mercadorias no território nacional, o nomem iuris contrabando


só tem o crime do art. 334 do CP, aquela é a regra geral, só que quando nós
temos o contrabando de armas e de drogas, essas condutas estão na lei
especial, e não no art. 334 do CP, e aí contrabando de drogas vai ser o tráfico
internacional de drogas, art. 33 caput da lei 11.343, e o contrabando de armas
vai ser o tráfico internacional de armas, art. 18 da lei 10.826.

Porque que crime responde o funcionário público que violando seu dever
funcional facilita o contrabando de mercadorias quaisquer? Prática o crime do
art. 318 do CP.

Facilitação de contrabando ou descaminho

Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho
(art. 334):

Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de
27.12.1990)

Vejam o contrabando tem pena de 1 a 4 anos, quem facilita o


contrabando tem pena de 3 a 8 anos. Esse art. 318 e o art. 334 constituem o
que a doutrina chama de "exceções pluralísticas a Teoria Monista do concurso
de pessoas", porque? Porque pela Teoria Monista todos que contribuem para a
prática de um crime, incide nas penas do crime na medida da sua
culpabilidade. Se você me empresta uma arma para matar, eu e você vamos
responder por homicídio, se você me empresta uma faca para lesionar, eu e
você vamos responder por lesão corporal. Só que se essa lógica Monista fosse
usada no contrabando, aquela pessoa que facilita o contrabando teria que
responder por contrabando que nem o contrabandista, mas não vale, o
contrabandista vai no art. 334 e a pessoa vai no art. 318. O art. 318 só é
exceção pluralística ao art. 334 do CP, de forma de só responde pelo art. 318
aquele que facilitar o contrabando do art. 334, porque o art. 318 é aquilo que a
doutrina chama de crime remetido, faz menção expressa a outro dispositivo.

Agora uma coisa, porque crime responderá o agente público, policial da


aduana, que facilitar a entrada de drogas no território nacional? Ele está
facilitando o contrabando, não está? Mas esse tipo de contrabando está no art.
334? Não. Então esse policial não responde pelo art. 334. Ele responde por
tráfico, aí retomam-se os idéias monistas. Certo?

Agora e se esse policial facilita o contrabando de armas, a entrada e a


saída ilícitas de armas do território nacional? Ele vai responder pelo art. 318?
Também não. Ele vai responder pelo art. 18, tráfico internacional de armas. Aí
você pergunta, como autor ou participe? Como autor, veja o art. 18, é
modalidade de autoria prevista na lei.

Para recapitular, um cara trazendo armas para o Brasil, é um


comerciante de armas, não pagou tributo nenhum, ai o agente da alfândega
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ajuda a trazer as armas, porque crime ele responde? Responde pelo art. 318 do
CP. Se o cara é comerciante de armas e está trazendo armas direitinho para o
território nacional, e não pagou tributo, o problema não é mais entrada e saída
ilícita de mercadoria, o problema não é mais contrabando, o problema agora é
descaminho, e se o problema agora é descaminho, por acaso o art. 18
descreve descaminho? Não. Onde esta o descaminho? Art. 334, se ele facilitou
o art. 334 porque crime ele responde? Art. 318 do CP. Então preste atenção.
Saiba como fazer a diferença entre contrabando e descaminho, se a transação
é licita e o problema se relaciona a pagamento de tributos, a questão não é
mais contrabando, é descaminho, e o art. 18 não descreve descaminho. Onde
está essa questão? Está no livro do Capez, livro para estudar leis especiais é
esse, volume 4. O livro do Nucci é muito fraco.

Agora vejam, a questão do art. 19, o calibre da arma vai importar para o
art. 18? Vai, mas não para a tipificação e sim para a pena. Outra coisa, lembra
da questão do promotor que estava com uma arma que não estava registrada
no nome dele. Vamos colocar agora o policial. Agora quem está portando arma,
o policial, inspetor trafegando pela linha amarela em seu veiculo, quando foi
parado numa blitz, e o PM disse documentação do veiculo, o policial diz que
está armado, e o PM pede a documentação da arma. Podia pedir a
documentação da arma? Podia e devia. Quando pega a arma do policial, o
revólver 38, calibre permitido, não tinha registro em nome do policial, pronto.
Porque crime responde o policial? É afiançável ou inafiançável? Porte ilegal de
arma. Crime inafiançável. Qual é a condição dele? Policial, ele está descrito no
art. 6º, o que acontece com a pena do boneco? Aumenta da metade. Então
qual é a pena mínima para policial quando prática um crime porte ilegal de
arma de uso permitido? 3 anos, o crime é o que? Inafiançável. Cuidado com o
art. 20, ele trás uma causa de aumento de pena, todas vezes que as pessoas
dos art. 6º, 7º e 8º, a suas penas serão aumentadas da metade. Você poderia
perguntar porque o promotor não? Porque o promotor não está nos art. 6º, 7º e
8º da lei. Uma causa de aumento de pena há de ser interpretada de forma
restritiva, se a lei não falou de promotor, magistrado, defensor, deputado, não
se pode aplicar a eles.

Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade se
forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta
Lei.

Pergunta.

Resposta. O que fala o art. 17. consumado ele tem em depósito, se você
já tem o art. 17 consumado para que ir para o art. 18.

Agora um policial federal facilita o contrabando de fuzis de uso proibido,


concorda que o crime dele está no art. 18 c/c art. 19 c/c art. 20? Sim ou não.
Está com o art. 19 porque é fuzil, se a arma é de uso proibido, aumenta a pena
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do art. 18 da metade, mas ele é policial está no art. 20, aumento de pena da
metade. A minha pergunta é: nesse caso haverá duas causas de aumento de
pena que poderiam incidir nesse exemplo? O fato de ser policial e fato da arma
de uso restrito. Eu aplico as duas causas de aumento de pena? Não, nesse caso
eu uso o art. 68, pú do CP.

Cálculo da pena

Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida
serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de
diminuição e de aumento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte


especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo,
todavia, a causa que mais aumente ou diminua.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

Eu não aplico as causas de aumento de pena em cascata, por uma


questão de equidade, o juiz só aplica uma vez.

Questão de arma é sempre quente para cair em prova. Eu acho _______


em penal mas relacionado a lei de armas, abram no art. 4º, são os requisitos
para adquirir uma arma.

Art. 4º Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá, além de declarar a
efetiva necessidade, atender aos seguintes requisitos:

I - comprovação de idoneidade, com a apresentação de certidões negativas de antecedentes


criminais fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar
respondendo a inquérito policial ou a processo criminal, que poderão ser fornecidas por meios
eletrônicos; (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)

II – apresentação de documento comprobatório de ocupação lícita e de residência certa;

III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio de arma de


fogo, atestadas na forma disposta no regulamento desta Lei.

Eu pergunto: promotor tem que provar que é idôneo para comprar uma
arma? Nem promotor nem funcionário público nenhum porque se presume a
sua idoneidade. Promotor precisa mostrar ocupação laborativa licita? Não.
Precisa comprovar a necessidade? Claro que não, a partir do momento que a
lei dá porte de arma, reconhece a necessidade. Agora precisa comprovar
capacidade técnica para o manuseio da arma? Olha só como é a compra de
armas hoje, você prova isso tudo, recebe uma autorização para comprar,
compra e registra no SINARM. O promotor para conseguir portar uma arma ele
precisa comprar a arma, quando ele compra ele tem que provar isso tudo? Eu
sempre vou achar que sim, mas na prova de vocês, vocês vão dizer que não.
Eu não tenho a menor dúvida disso, eu sou promotora e não formação
nenhuma no manuseio de arma. É diferente do policial, na sua formação
profissional ele tem o manuseio de arma, o promotor não. Na academia de
concurso tem aula de tiro. Então é o que eu penso mas não o que vocês vão
colocar em prova, mas qual é o fundamento? Vão dizer que nós promotores
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não temos o nosso porte regulado pela lei 10.826/03, o porte é regulado pela
lei nossa Lei Orgânica Nacional, e nela não se faz essa exigência.

Eu quero falar para vocês de abuso de autoridade que é rápido. Abuso de


autoridade é delito de pendência e delito de atentado.

O que é delito de atentado? É aquele que a forma tentada é equiparada a


forma consumada. O que eu sei que abuso de autoridade é crime de atentado?
Porque diz assim, constitui abuso de autoridade qualquer atentado a liberdade
de locomoção, inviolabilidade domicílio, inviolabilidade correspondência, ou
seja, não é preciso que você viole o domicílio, a correspondência, a locomoção,
basta que você tente fazê-lo que já tem o crime de abuso de autoridade
consumada. Não confunda crime de atentado com aquilo que vem previsto no
art. 122 do CP. Que crime é esse?

Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio

Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos,
se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.

Parágrafo único - A pena é duplicada:

Aumento de pena

I - se o crime é praticado por motivo egoístico;

II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.

Eu tenho lá na promotoria um inquérito de instigação ao suicídio feita


pelo Orkut, sério, o cara lá de Duque de Caxias. Como é que pode isso? Ele deu
ajuda material, combinou tudo e mandou. Veja o que art. 122 fala. Aí veja a
parte da pena. Pergunto esse crime é um crime de atentado? Não, sabe
porque? Até __________ para punir a consumação? É não. Não hipótese de
apenas acontecer lesão corporal de natureza grave, o que eu vou ter é o que a
doutrina chama de tentativa qualificada, que é uma tentativa que já tem uma
pena especifica, não é um crime de atentado porque esse pena especifica é
diferente da pena do crime consumado. É uma excelente pergunta para a
prova.

O que é delito de tendência? O crime de tendência é aquele que exige o


denominado dolo de tendência. Existem determinados crimes que não exigem
na sua definição que o agente atue com vistas ao atingimento de uma
penalidade especifica, só que pela própria natureza do delito você já pode
verificar que não será sempre que ele estará caracterizado, que é necessário
que se imprima uma tendência especifica, que se dê ao dolo uma inclinação
especifica, ditada pela natureza do delito, o melhor exemplo de delito de
tendência é o crime contra a honra. A coisa que a gente mais faz todo dia na
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vida da gente é dizer palavras que objetivamente consideradas poderiam ser


ditas ofensivas. Porque os amigos de grafite podem chamá-lo de grafite,
porque não é tom ofensivo, mas o cara que chamou ele de macaquito foi no
tom ofensivo. Então não é o que se diz, é a inclinação que se dá ao dolo. Então
o crime de tendência como sendo o crime que exige pela própria natureza, que
se imprima ao dolo uma tendência uma inclinação especifica, por o animus
jocandi, o animus criticandi, afasta o crime contra a honra, porque em
nenhuma dessas situações você estará atuando com dolo de ofender.

A mesma coisa no abuso de autoridade, existem determinados


comportamentos que nós poderíamos visualizar como abuso de autoridade se
fossem considerados objetivamente, mas no contexto vamos verificar que não
é abuso de autoridade. Eu teria _____ para contar do ébrio do delegado, que foi
meu aluno, do ébrio da praça de Cambuci, que o delegado mandou chamar na
delegacia, e ele doidão, as crianças tacavam pedra nele, o delegado mandou
chamar, deu camiseta para ele, deu banho, deu café, tratamento vip, e ficou
na delegacia, e disse que ele não podia ir embora, e o bêbado ficou na
delegacia a noite toda, porque o delegado foi atender um flagrante na comarca
vizinha e o ébrio ficou esquecido na delegacia. Houve uma conduta do
delegado que cerceou o direito do ébrio de ir e vir, mas houve crime de abuso
do delegado, o delegado fez isso para abusar ou para preservar a integridade
do ébrio? Para preservar a integridade do ébrio.

Significa dizer que para que se tenha abuso de autoridade é necessário


que aos nossos olhos emita essa questão abusiva, de subjulgar o outro, mas
pelo simples fato de querer impor o nosso poder, é para querer colocar a
pessoa como algo diminuto, tem que haver uma conotação negativa para que
se possa dizer que houve abuso de autoridade. Então esse dolo de tendência é
imprescindível, e também é crime próprio, porque só pode ser praticado por
autoridade, a própria lei vai definir quem é autoridade no art. 5º.

Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem exerce cargo, emprego ou
função pública, de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração.

Aquela definição de autoridade é mais limitada, porque só pode ser


sujeito ativo de abuso de autoridade, o agente público que efetivamente tenha
com ele uma parcela de poder, de comando, porque eu não posso abusar de
um poder que eu não tenho. Nos temos no serviço público, muitas pessoas que
por ex., são funcionários públicos, mas são, faxineiros, merendeiras, qual é a
parcela de poder que essas pessoas detém? Nenhuma, então elas não podem
praticar crime de abuso de autoridade.

E aí existe uma questão, se o crime de abuso de autoridade é um crime


próprio quando o critério de classificação é o sujeito ativo, ele é um crime
comum, se o critério de classificação se relacionar a cerca da competência da
justiça militar ou justiça comum. Se o meu critério de classificação for sujeito
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ativo, é qualquer pessoa que pode ser sujeito ativo do crime de abuso de
autoridade? Não. Então só pode ser sujeito ativo do crime de abuso de
autoridade a autoridade nos termos do art. 5º, então ele é um crime próprio,
porque demanda uma especial qualidade do sujeito ativo. Agora quando o
critério de classificação disser respeito a _____ da justiça comum ou justiça
especial, ele é um crime comum, ele é um crime sempre da competência da
justiça comum.

Mas se um policial militar, na rua abusar em serviço de seu poder,


atentando contra liberdade de locomoção, contra a integridade física do
individuo, praticando uma conduta caracterizadora de ofensa aos direitos
individuais, quem será competente para processo e julgamento desse policial?
Antes de responder essa questão é preciso saber o que são crimes militares.
Crimes militares são crimes descritos na legislação penal militar e pronto. Só
que os crimes militares se classificam em crimes próprios e impróprios. O que
são crimes militares próprios? São aqueles que só encontram definição no
Código Penal militar, por ex., a deserção, a pederastia, o não comparecimento
para se alistar. Os crimes militares impróprios são aqueles que encontram
definição na legislação penal militar e na legislação penal comum, por ex., o
homicídio, o estupro, extorsão, o roubo.

Se vocês analisarem o abuso de autoridade, quanto a violação dos


direitos e garantias fundamentais, vocês poderão verificar que não encontra
definição na legislação penal militar, se não está descrito na legislação penal
militar, ele não é crime militar, nem próprio e nem impróprio. Por isso eu posso
com certeza dizer que o crime de abuso de autoridade não é crime militar
nunca, nem mesmo quando praticado por policial em serviço, nem mesmo
quando praticado em ambiente militar, o crime de abuso de autoridade que se
enquadrar numa das situações do art. 3º e 4º, não é crime militar nunca, é
crime comum, sabe quando vai ser julgado pela justiça militar? Nunca, porque
a justiça militar, primeiro é a justiça que julga militares, segundo é a justiça
que crimes militares? Crimes militares.

E aí vai ficar uma questão, batida e rebatida, mas sempre erram. Um


policial militar em serviço, em evidente atuar abusivo, desfere golpes contra
um civil, colocando-o em uma viatura, e levando-o preso, causando-lhe lesões
corporais. Ato continuo, mata o pai do individuo preso, quando este se
aproxima em defesa do filho. Tipifique e diga da competência para processo e
julgamento dos crimes narrados. Fica como trabalho de casa.

Fim da aula.

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