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Administração Financeira

e Orçamentária
Material Teórico
A Importância da Administração Financeira e os Instrumentos
de Planejamento e Controle

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Ms. Walter Franco

Revisão Textual:
Profa. Ms. Rosemary Toffoli
A Importância da Administração
Financeira e os Instrumentos de
Planejamento e Controle

• A Administração Financeira e Orçamentária seus Desafios

• As Fontes de Financiamento

• Estimando as Necessidades de Caixa e Administrando o Nível de Liquidez

• Definindo Controles e Informações Gerenciais

• O Papel do Controller em uma empresa

• O Orçamento e Suas Características

··Iniciaremos nosso estudo tratando do conceito Administração


Financeira nas empresas e suas aplicações no dia a dia do
profissional de finanças. Para atingir este objetivo vamos tratar
de alguns conceitos introdutórios a respeito do tema e os
procedimentos envolvidos na elaboração de uma administração
financeira em linha com as atuais (e enormes!) exigências das
empresas modernas.

Nesta Unidade I, desenvolvermos juntos o estudo a respeito da enorme importância da administração


financeira, bem como da correta e eficiente administração das necessidades de caixa e da manutenção
do nível de liquidez de uma empresa.
Nesse sentido, discutiremos os desafios presentes a todo administrador e gestor financeiro no que se
refere a como efetuar uma correta administração do negócio voltado à maximização de seu ‘valor’, e
como esse profissional estima os níveis de recursos necessários para a operação do negócio. Por fim,
as alternativas disponíveis no mercado financeiro para o fomento da operação e as formas possíveis
de financiamento.
Veremos também nos nossos estudos as definições de sistema de informações gerenciais e como o
administrador financeiro lança mão destes sistemas disponíveis na Organização de forma a maximizar os
resultados de suas atividades. Razão pela qual, enfatizaremos o importante papel desempenhado pelo
departamento de Controladoria na empresa, suas principais funções e responsabilidades. Em seguida,
definiremos Orçamento Empresarial e suas aplicações no contexto moderno, e também discutiremos as
formas como os gestores executam o planejamento de resultados e os níveis de planejamento existentes.

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Unidade: A Importância da Administração Financeira e os Instrumentos de Planejamento e Controle

Contextualização

Quando nos referimos à importância da administração financeira e os instrumentos de


planejamento e controle de uma empresa na atualidade, seja nas economias desenvolvidas
ou nas economias em desenvolvimento, a função do administrador financeiro ganha
enorme importância exatamente por compreender todo um trabalho de coleta, organização
e divulgação de informações a diversos agentes no mercado. Ao mesmo tempo, esse
administrador é também um importante formulador das políticas de atuação e estratégias
da empresa. Devemos nos lembrar, também, da sua responsabilidade para com o bom
desempenho e lucratividade do negócio.
Cabe a esse profissional, além de oferecer todas as informações contábeis, financeiras e
orçamentárias a respeito do desempenho da empresa para o seu público interno (Administração),
o trabalho de administração financeira e orçamentária deve, ainda, atender às necessidades e
demandas do mercado de capitais e acionistas em geral. Assim sendo, estudar planejamento
financeiro e orçamentário é compreender uma função-chave nas Organizações modernas que,
a cada dia, ganha mais destaque e importância dentro e fora das Organizações contribuindo
para a constante busca pela eficiência e lucratividade que – em última análise – movem os
negócios nas economias capitalistas mais dinâmicas e modernas!

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A Administração Financeira e Orçamentária seus Desafios

Com o desenvolvimento das economias modernas e com o modelo capitalista exigindo


cada vez mais eficiência nos controles dos negócios por parte das empresas, a administração
financeira e orçamentária se tornou valiosa ferramenta para os administradores. Isto porque,
ao permitir a mensuração dos níveis de financiamento necessários para a operação do negócio
bem como, os períodos e as formas como estas necessidades de recursos devem ser financiadas,
esta administração financeira e orçamentária se torna um aliado do administrador.
Sabemos que o desafio de qualquer profissional de finanças é assegurar o caixa ideal para
as operações do negócio garantindo o sucesso e a solvência da empresa administrada. Neste
sentido, podemos definir administração financeira e orçamentária como sendo o processo pelo
qual o administrador obtém informações a respeito do montante de capital necessário para a
operação da empresa e utiliza tais informações para tomar decisões a respeito da forma como
melhor proceder na gestão dos recursos disponíveis, na administração das necessidades (ou não)
de capital de giro, nas demandas por capital voltadas ao financiamento das atividades e na correta
escolha dos tipos e condições de financiamento caso estes se façam necessários ao negócio,
dentre outras responsabilidades. Assim sendo, devemos sempre lembrar que o estabelecimento
de um procedimento seguro para efetuarmos as projeções a respeito das necessidades futuras de
financiamento da empresa é crucial para a solvência de qualquer empresa. Desta forma vemos
que, através da administração financeira e orçamentária, o gestor obtém exata visão das posições
de caixa do seu negócio ao longo do tempo, garantindo liquidez (caixa) para poder efetuar os
pagamentos mais diversos como aluguéis, salários, despesas financeiras, duplicatas, entre outros.
É com estes pensamentos em mente que temos que enxergar o trabalho do administrador
financeiro como ação facilitadora e controladora de todos os recebimentos e pagamentos
previstos ao longo de determinado período de tempo. Neste sentido e com a sua correta
elaboração são, portanto, eliminadas ou reduzidas as possibilidades de inadimplência, atrasos
em pagamento e recebimentos de recursos e até mesmo a falência da empresa. Concluindo,
poderíamos afirmar que o trabalho do administrador financeiro permite a redução – e até a
eliminação – dos riscos de eventuais falta de liquidez futura, ou seja, de caixa para o pagamento
de compromissos futuros da organização.
É importante também destacarmos que administração financeira é importante para todas as
organizações, indistintamente de seu tamanho, complexidade ou mercado onde atua. Na verdade,
planejar é enfrentar o enorme desafio de financiamento das operações e da administração de
qualquer negócio face aos recursos disponíveis no seu dia a dia do empresário, seja este o
responsável pela operação de uma pequena, média ou grande organização.

Administração financeira refere-se ao processo de estimar as necessidades


futuras de financiamento e identificar como os fundos anteriores foram
financiados e os propósitos em que foram gastos. Com planejamento e controle,
a administração pode avaliar se os padrões existentes de financiamento e os
fundos gastos são coerentes com as metas gerais da companhia. Tanto os
prazos como os montantes de fundos necessários podem ser determinados
por meios de técnicas de planejamento. Gropelli, 2010, p.320.

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Unidade: A Importância da Administração Financeira e os Instrumentos de Planejamento e Controle

Glossário
Solvência: É o grau de liquidez financeira de um negócio ou empresa. Ou seja, à medida que
permite ao administrador avaliar a capacidade de pagamento futuro (ou de desembolsos) face ao
planejamento dos recebimentos ou da disponibilidade de recursos ao longo do período analisado.
Estar solvente é, antes de tudo, estar líquido e apto a enfrentar eventuais emergências de caixa no
dia a dia da operação da empresa.

As Fontes de Financiamento

As disponibilidades de recursos são peça-chave na sua análise de liquidez, ou de solvência de


qualquer negócio analisado deixando, portanto, a cargo do gestor financeiro, seja ele Analista,
Gerente, Diretor Financeiro ou Controller, a responsabilidade de sempre procurar manter a
empresa sólida financeiramente e líquida o suficiente face aos enormes desafios que as economias
modernas exigem. Neste sentido, e muitas vezes, a liquidez exigirá da Alta Administração que
a empresa lance mão de fontes de financiamento de forma a financiar a sua atividade ou
mesmo a expansão de seus negócios seja através da abertura de capital via lançamento de
ações ordinárias ou preferenciais no mercado, ou o uso de recurso próprio disponibilizado em
seu caixa decorrente de parcela dos lucros retidos de períodos anteriores, ou pelo levantamento
de empréstimos junto aos bancos sejam estes de curto, médio ou longo prazo.

Explore
Para você interessado em ler mais a respeito da importância da administração financeira para o
negócio, sugiro na nossa biblioteca virtual, ler no Capítulo 3, página 93 do livro Princípios da Ad-
ministração Financeira, de Lawrence J. Gitman, o que o autor define como sendo Processo de
Administração financeira.

“O orçamento de caixa, ou previsão de caixa, é uma demonstração que


apresenta as entradas e saídas de caixa planejadas da empresa, que a
utiliza para estimar suas necessidades de caixa no curto prazo, com especial
atenção para o planejamento do uso de superávits e a cobertura de déficits.”
Gitman, 2009, pp. 94.

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Trocando Ideias
Vamos agora juntos pensar a respeito do tema Administração Financeira no Brasil face à questão
da solvência das empresas e das altas taxas de juros cobradas atualmente dos empréstimos às
pessoas jurídicas (empresas) pelos bancos. Portanto, seria importante refletir a respeito das ações do
administrador financeiro como ponte para o levantamento de recursos via empréstimos, e de que
forma estas linhas de financiamento efetivamente ajudam a empresa, sem colocá-la em risco com
prazos curtos de pagamento e taxas de juros muito altas. Vamos lá? Pense a respeito...
Agora, e de forma a facilitar o nosso entendimento sobre o tema, vamos estudar como o Administrador
Financeiro deve proceder para estimar as necessidades de caixa de sua empresa.

Estimando as Necessidades de Caixa e Administrando o Nível de Liquidez

Nossa primeira pergunta:


Mas quais são os métodos disponíveis para o Administrador Financeiro estimar as necessidades
futuras de caixa com certa antecedência de forma que permita uma operação segura de seu
negócio?
Segundo Gropelli (2010), o Administrador Financeiro pode se utilizar de três métodos
distintos para estimar as necessidades financeiras de sua empresa com um bom grau de precisão
principalmente quando pensamos em períodos inferiores a um ano, são eles:
- Método da Porcentagem das Vendas
- Método de Orçamento de Caixa
- Método de Giro de Caixa

O Método da Porcentagem das Vendas de uma empresa procura calcular a forma como
as necessidades de financiamento do Capital de Giro podem ser calculadas. O método considera
que variações nas vendas afetam o montante de ativos a ser mantido por uma empresa, ou
seja, quanto maior o nível de vendas e de receitas proveniente maior será a exigência de
financiamento (via capital de giro) deste negócio.
Vejamos um exemplo e seus impactos do lado do Ativo:
Quanto maior for o nível de vendas esperado pela empresa em determinado período de
tempo, maior deverá ser a necessidade de estoques de matérias primas, produtos em processo
ou produtos acabados, por exemplo, para sustentarem a operação mais dinâmica da empresa.

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Unidade: A Importância da Administração Financeira e os Instrumentos de Planejamento e Controle

Neste caso, também, vendas maiores poderiam consequentemente exigir um caixa maior
de forma a dar maior sustentabilidade aos financiamentos a clientes, financiar pagamentos
a vista, ou de curto prazo, a fornecedores. Da mesma forma, níveis menores de vendas
ou expectativas de vendas futuras reduzidas necessariamente normalmente exigiriam
uma redução do nível de estoques, depósitos a vista em bancos, e recursos em caixa para
pagamentos de fornecedores, por exemplo.
Agora vejamos um exemplo e seus impactos no lado do Passivo:
O nível de vendas define também o montante de passivos e das dívidas de curto, médio e
longo prazo que uma determinada empresa decide manter. Por exemplo, quando o nível de
vendas sobe em um período, é esperado o consequente aumento do seu passivo ou de suas
dívidas como resultado da natural demanda por financiamento para compras de mercadorias
e matérias primas para a produção bem como, para financiamento de clientes ou manutenção
do nível de estoques. Neste cenário, os financiamentos bancários e o contas a pagar junto a
fornecedores tendem a crescer o que, por sua vez, financiam as compras de novos ativos e
permitem o crescimento das operações.

Glossário
Capital de Giro: Corresponde aos recursos aplicados em ativos circulantes – caixa, estoques e
contas a receber de curto prazo, por exemplo – que transitam constantemente entre as contas no
decorrer do ciclo operacional da empresa. O capital de giro fica girando dentro da empresa e, a
cada vez que sofre modificação em seu estado patrimonial, produz um reflexo em alguma conta
do balanço. Como o capital de giro financia a operação do negócio, o seu valor inicial vai sofrendo
variações a cada etapa do processo de transformação de forma a – idealmente – ao final do ciclo
operacional apresentar-se maior que seu valor inicial.

Mas, vejamos a fórmula que reflete as necessidades de financiamento externo necessário


(FEN) de uma empresa:

FEN = [ A / S (ΔS) ] – [ L / S (ΔS) ] – rS


Onde:
A = Ativos que sofrem variações com as vendas
(ΔS) = Variação esperadas nas vendas no período analisado
L = Passivos que sofrem variações com as vendas
rS = Razão entre o lucro líquido após distribuição de dividendos e vendas
Fonte: Gropelli (2010). p. 321.

Se observarmos a fórmula acima veremos que a partir dos números apresentados nos
Demonstrativos de Resultados do Exercício e do Balanço Patrimonial é possível calcularmos
os índices de diferentes tipos de ativo e passivo em relação às vendas efetuadas pela empresa.

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Estudemos agora um exemplo numérico. Com base na fórmula de financiamento externo
necessário (FEN), podemos supor que:
• O índice de variação entre os Ativos e as Vendas de uma empresa seja de 30%.
• O índice de variação entre os Passivos e as Vendas desta mesma empresa seja de 20%.

Assim, portanto, podemos entender que quando as vendas da empresa analisada apresentarem
expansão de $100, os seus Ativos e Passivos devem aumentar em $30 e $20 respectivamente.
E ao subtrairmos os Ativos dos Passivos ($30 - $20), obtemos 10% de ativos líquidos como
percentagem destas vendas realizadas.
Ou de outro modo, para a empresa expandir as suas vendas em 100% será necessário $10
sob a forma de novos recursos financeiros, sejam estes obtidos por meio de lucros retidos, ou
financiados sob a forma de dívida captada junto a bancos.
Vamos agora façamos juntos um exercício com base no que estudamos até aqui utilizando a
fórmula estudada anteriormente.

Exemplo Numérico:
A Empresa Comercial Ltda. espera que as vendas no próximo ano cresçam R$ 200.000. A
mesma empresa apresenta um índice dos ativos que variam espontaneamente com as vendas
de 75%, enquanto que este mesmo índice é de 25% para os passivos. Os administradores
financeiros sabem que devem manter 2% de suas vendas esperadas de R$ 2.000.000 como
lucro líquido após distribuição de dividendos no ano.
Calcule com base nestas informações o valor do financiamento externo necessário (FEN)
para o período analisado.

FEN = [ A / S (ΔS) ] – [ L / S (ΔS) ] – rS

FEN = 75% (R$ 200.000) – 25% (R$ 200.000) – 2% (R$ 2.000.000)

FEN = R$ 150.000 - R$ 50.000 - R$ 40.000 = R$ 60.000

Logo, a Empresa Comercial Ltda. necessita de R$ 60.000 de financiamento externo para


expandir suas vendas em R$ 200.000 no ano analisado.

O Método de Orçamento de Caixa objetiva garantir um controle e análise da liquidez


da empresa, evitando que no futuro possa vir a faltar recursos financeiros necessários aos
pagamentos de compromissos assumidos. Através deste método é possível periodicamente
efetuarmos uma comparação entre pagamentos e recebimentos futuros determinando o eventual
excesso ou falta de caixa. Este procedimento feito periodicamente pela empresa permite que
os administradores tenham plena visão das eventuais necessidades de caixa a serem captadas
junto aos bancos sob a forma de empréstimos e financiamentos.

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Unidade: A Importância da Administração Financeira e os Instrumentos de Planejamento e Controle

Observe a Tabela 1 abaixo:


Empresa Comercial Ltda
Orçamento de Caixa Mensal Ano X1

Em R$ mil
Fluxo de Caixa Excesso /
Caixa Saldo de Saldo de Mínimo (Déficit)
Mês A Receber A Pagar Mensal Caixa Inicial Caixa Final Exigido de Caixa

A B (A - B) = C D C+D E ( C+D ) - E

Jan 1.500,0 850,0 650,0 8.500,0 9.150,0 10.000,0 - 850,0


Fev 1.800,0 1.100,0 700,0 9.150,0 9.850,0 10.000,0 - 150,0
Mar 1.900,0 1.200,0 700,0 9.850,0 10.550,0 10.000,0 550,0
Abr 2.000,0 1.300,0 700,0 10.550,0 11.250,0 10.000,0 1.250,0
Mai 2.200,0 1.650,0 550,0 11.250,0 11.800,0 10.000,0 1.800,0
Jun 2.500,0 1.789,0 711,0 11.800,0 12.511,0 10.000,0 2.511,0
Jul 3.000,0 2.000,0 1.000,0 12.511,0 13.511,0 10.000,0 3.511,0
Ago 3.500,0 2.200,0 1.300,0 13.511,0 14.811,0 10.000,0 4.811,0
Set 4.500,0 2.500,0 2.000,0 14.811,0 16.811,0 10.000,0 6.811,0
Out 5.000,0 6.000,0 - 1.000,0 16.811,0 15.811,0 10.000,0 5.811,0
Nov 5.000,0 6.500,0 - 1.500,0 15.811,0 14.311,0 10.000,0 4.311,0
Dez 6.000,0 2.300,0 3.700,0 14.311,0 18.011,0 10.000,0 8.011,0

Podemos então verificar que os Valores a Receber apresentados na coluna “A” são mensalmente
subtraídos da coluna “B” Valores a Pagar, gerando, portanto, um Fluxo de Caixa Mensal “C” que
pode ser positivo, quando os recebimentos de caixa são superiores aos pagamentos, ou negativo
quando há mais pagamentos que recursos a receber. A coluna Saldo de Caixa Inicial “D”
mostra os valores disponíveis em caixa pela empresa no início de cada mês especificado. A este
valor é acrescentado ou subtraído o valor do Fluxo de Caixa Mensal calculado anteriormente,
gerando como resultado um Saldo de Caixa Final.
Importante lembrar que muitas empresas exigem, ou mantêm como política, a prática de um
Caixa Mínimo “E” para eventualidades e emergências. Neste sentido, podemos observar no
caso da Empresa Comercial Ltda. que muitas vezes este caixa mínimo não é alcançado, como
mostrado na Tabela 1 acima nas linhas referentes aos meses de janeiro e fevereiro, onde o Saldo
de Caixa Final terminou o mês inferior aos valor exigido de R$ 10.000,00 como Caixa Mínimo
situação esta, que se inverte a partir de março do Ano X1.

Importante
Observe a Tabela 1 acima e note como ela pode ser um instrumento muito válido e
relativamente simples de controle dos pagamentos, recebimentos e saldos de caixa ao longo
de um determinado período de tempo. Entretanto lembre-se que este fluxo de caixa somente
poderá ser confiável caso você tenha certeza dos valores colocados nos períodos de análise.

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Somado a isto, no dia a dia da empresa, será necessário ao analista financeiro, ou outro
responsável por este controle, observar com cuidado as condições e os prazos de pagamentos
bem como, as políticas de recebimento das vendas aos clientes. Isto, de forma a ter a exata
projeção dos valores considerados no fluxo de caixa projetado.

O Método de Giro de Caixa objetiva calcular o caixa mínimo necessário para uma empresa
manter suas atividades e operações durante determinado período de tempo, normalmente um
ano. Este valor do caixa mínimo necessário é determinado pela seguinte fórmula:

Caixa Mínimo Necessário = Gastos Operacionais no Período / Giro de Caixa

Onde o Giro de Caixa é calculado pela seguinte fórmula:

Giro de Caixa = 360 dias / Nº de Dias entre Compra M-Primas e Rec. Vendas

Ou então:

Giro de Caixa = 360 dias / Ciclo de Caixa

Glossário
Giro de Caixa: É o número de vezes durante o período analisado, normalmente de um ano, que
todo o caixa da empresa é utilizado e recomposto.
Ciclo de Caixa: Mostra o número de dias corridos desde a compra das matérias primas pela
empresa para executar seu processo de fabricação de bens e o efetivo recebimento por parte de
seus clientes das vendas efetuadas.

Exemplo Numérico:
A Empresa Comercial Ltda. apresenta um ciclo de caixa de 30 dias e efetua pagamentos anuais
no montante total de R$ 150.000. Com base nestas informações, vamos determinar o caixa
mínimo necessário para a empresa. Sabemos que o giro de caixa é calculado pela fórmula abaixo:

Giro de Caixa = 360 dias / Ciclo de Caixa

Portanto, podemos calculá-lo substituindo os valores com base na informação acima:


G.C. = 360 dias / 30 = 12

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Unidade: A Importância da Administração Financeira e os Instrumentos de Planejamento e Controle

Neste momento então podemos determinar o caixa mínimo necessário dividindo os gastos
anuais de R$ 150.000 pelo Giro de Caixa da Empresa Comercial Ltda. de 12.
O Caixa Mínimo Necessário = R$ 150.000 / 12 = R$ 12.500
Logo, podemos afirmar que a empresa precisará manter em caixa um valor mínimo de R$
12,5 mil de forma a manter-se líquida. Caso o caixa apresente valores inferiores a R$ 12,5 mil,
a empresa precisará recorrer a terceiros através, por exemplo, de empréstimos bancários, ou
sofrerá o risco de insolvência (falência). Da mesma forma, a empresa deverá evitar manter em
caixa valores muito superiores a este montante evitando manter saldos de caixa muito altos e
que poderiam acarretar custos de manutenção (juros).

(2010) “Em planejamento e controle financeiro, é essencial entender como


os fundos são gerados e onde são usados. Esse estudo é chamado de
análise das fontes e usos de fundos. Sem um bom entendimento das fontes
e dos usos de fundos e das variações que ocorrem nessas fontes e usos, a
administração não pode avaliar o que a companhia tem feito ou em que
direção ela está indo.” Gropelli, 2010, pp. 324-325.

Para o aluno interessado em estudar mais a fundo o tema administração financeira


e como ele se apresenta dentro da estrutura organizacional de uma grande empresa,
sugiro visitar o site da PETROBRAS que nos mostra a importância estratégica deste
departamento dentro da maior empresa de energia do Brasil, e uma das maiores do
mundo. Veja nossa sugestão no endereço abaixo:
http://www.petrobras.com.br/pt/quem-somos/perfil/organograma/

Há também diversos outros sites importantes para consulta e estudo e que poderão lhe
auxiliar em trabalhos e pesquisas sobre administração financeira nas empresas e, também, que
tratam da administração financeira dos indivíduos, basta pesquisar em seu site preferido de
buscas. Entretanto, gostaríamos de sugerir um valioso do Conselho Federal de Contabilidade
que apresenta muitas informações sobre o tema: www.cfc.org.br

Para Pensar
De que forma o trabalho de administração financeira executado pelo profissional de finanças permite
o entendimento a respeito do funcionamento da empresa, seu negócio e sua administração?

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Trocando Ideias
Você tem algum outro exemplo de empresa-modelo na publicação de suas informações financeiras
como a questão da administração financeira na internet ou através de outros meios de comunicação?
Divida estas informações na nossa sala virtual com seus colegas. Vamos lá?

Definindo Controles e Informações Gerenciais

Sabemos que a origem de toda informação econômico-financeira precisa e confiável está


baseada em um sistema de informações financeiras e gerenciais desenvolvido e mantido pela
empresa. Toda Organização moderna e realmente inserida em um mercado de capitais globalizado e
altamente competitivo não pode prescindir de manter em sua estrutura administrativa uma equipa
responsável por informações financeiras gerenciais confiáveis que garantirão a manutenção do
negócio e a competitividade de suas operações em seu mercado consumidor.
Neste sentido, e conforme definido por Hoji (2008, p. 411), o Sistema de Informações
Gerencial pode ser entendido como um conjunto de subsistemas de informações que processam
dados e informações para fornecer subsídios ao processo de gestão de uma empresa. Onde
os ‘dados’ são os elementos potencialmente úteis em sua forma bruta, mas não têm valor
imediato analisados em separado, pois não transmitem a ideia clara de determinado fato ou
situação. Enquanto que as ‘informações’ são o resultado de um dado ou um conjunto de dados
adequadamente processados para que o usuário final consiga compreendê-las e possa tomar
decisões a partir destas.
Na verdade sabemos que o mundo globalizado no qual as empresas encontram-se
inseridas acaba por impor uma série de desafios aos administradores financeiros. E isto
ocorre em razão do mercado exigir, a cada dia, e a todo instante, informações mais rápidas
e mais precisas. Neste sentido, os dados e os números financeiros reportados precisam
ser constantemente fornecidos aos agentes econômicos, mercado financeiro, acionistas e
demais investidores com precisão e periodicidade.

Reflita
Vamos, então, pensarmos juntos em um exemplo bem simples, mas que clarifica melhor estes
conceitos descritos anteriormente. Em uma empresa industrial, a quantidade produzida em um
mês de determinado produto final é um ‘dado’. Esse dado pode ser analisado e comparado
com a produção em outros meses anteriores (ou mesmo períodos anteriores) de forma a gerar
informações referentes ao nível de produção da empresa em questão.

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Unidade: A Importância da Administração Financeira e os Instrumentos de Planejamento e Controle

Assim, a agilidade e a confiabilidade de um sistema de informações gerenciais são o resultado


da qualidade e do grau de transparência e informatização da empresa analisada. Normalmente, os
sistemas operacionais de controle das informações gerenciais permitem, a princípio, o registro de
todas as transações efetuadas pela Administração em cada um dos sistemas específicos existentes
nos diversos departamentos da empresa. Enquanto que a integração destes diversos sistemas é
que permite a conversão de informações aparentemente complexas e puramente matemáticas em
dados perfeitamente utilizáveis pelos administradores na tomada de decisões gerenciais, gestão
dos negócios, e demais demandas existentes no dia a dia das operações da empresa.
Sabemos também que atualmente os sistemas gerenciais presentes nas empresas foram
projetados para permitirem o manuseio de diversas informações ao mesmo tempo, ou seja, de
forma paralela e assim de forma integrada dar suporte às transações comerciais e seus efeitos
contábeis, financeiros e gerenciais. Logo, vemos os sistemas gerenciais serem projetados para
permitir a administração e a análise das informações por tipo de negócio (por exemplo, contas
a pagar, contas a receber ou estoques), segundo as mais modernas práticas de geração de
informações, e voltadas à melhor administração do negócio.
A Figura 3.1 abaixo mostra um modelo de integração das informações que deve existir entre
o Sistema da Contabilidade, o Sistema de Contas a Pagar, o Sistema de Contas a Receber e
o Sistema da Tesouraria. Esta integração é necessária para que os dados gerados por cada
um dos sistemas integrantes do Processo de Contas a Pagar e Contas a Receber, por exemplo,
se ‘conversem’ dentro da empresa, e assim oferecendo bases para a geração de informações
importantes e cruciais para o Sistema da Tesouraria.

As vantagens desta integração entre os diversos sistemas captadores e geradores de


informações contábeis, financeiras e gerenciais é a racionalização dos processos e agilização
das informações obtidas em uma mesma base de dados.

O Papel do Controller em uma empresa

Antes de iniciarmos nossa análise a respeito da Controladoria de uma empresa, vamos ler
uma definição resumida do papel desempenhado pelo seu Controller nos dias atuais:

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Segundo J.B. Heckert e J.D. Wilson (in Hoji, 2008, p. 413),

“Ao controller não compete o comando do navio, tarefa que cabe ao


principal executivo; o controller representa na empresa o navegador
que cuida dos mapas da navegação. Sua função é manter informado o
comandante quanto à distância percorrida pela embarcação, ao local em
que se encontra, à sua velocidade, à resistência que encontra, aos desvios
da rota, aos recifes perigosos e aos caminhos traçados nos mapas, para que
todos cheguem ao destino final.”

Assim, segundo opinião tradicional e comumente aceita, o papel do Controller em uma


empresa não envolveria a tomada de decisões. O principal objetivo deste profissional seria,
portanto, a visualização e organização das informações econômico-financeiras e gerenciais a
partir dos dados e informações contabilizadas nos sistemas. Por outro lado, atualmente esta
opinião tradicional vem perdendo terreno para a defesa de um papel mais ativo do Controller
na administração da empresa, no qual cabe inclusive a tomada de decisões estratégicas, e a
análise de cenários referentes ao desempenho futuro dos negócios da empresa.
Somado a estas funções de caráter estratégico, pode-se enxergar o papel do Controller nas
organizações modernas como um importante colaborador no que se refere ao suprimento
de informações para as tomadas de decisões comerciais e industriais. Decisões estas que se
tornam valiosas para a empresa quando este profissional traz consigo dados, informações e
conhecimentos ligados às áreas financeira, tributária, jurídica, contábil e operacional, cruciais
neste processo.
Toda empresa precisa efetuar a administração financeira de forma a poder estabelecer com
antecedência todos os seus movimentos, prever as necessidades (ou excessos) de recursos
financeiros e poder definir as estratégias necessárias para serem postas em prática dado os
seus objetivos definidos para os exercícios futuros. Sabemos que todo objetivo, seja ele de
curto, médio ou longo prazo somente poderá ser atingido com um planejamento estratégico e
financeiro adequados às realidades da empresa.
Hoji (2008, p. 415) classifica os princípios de planejamento financeiro em gerais e específicos.
Sendo os princípios gerais assim definidos:

1) Princípio da Contribuição aos Objetivos: Voltado ao atingimento das


metas (ou objetivos máximos) da empresa. Para tanto, defende a hierarquização
dos objetivos estabelecidos dos mais importantes aos menos importantes;
2) Princípio da Precedência: Estabelece o ordenamento das funções
administrativas, como organização, direção e controle.
3) Princípio da Maior Penetração e Abrangência: Que analisa os
impactos na empresa de cada ação tomada.
4) Princípio da Maior Eficiência, Eficácia e Efetividade: Todo
planejamento deve minimizar deficiências e maximizar os resultados
para a empresa.

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Unidade: A Importância da Administração Financeira e os Instrumentos de Planejamento e Controle

Enquanto que os princípios específicos de planejamento estão assim definidos:

1) Planejamento Participativo: Trata-se da defesa da participação de


todos os envolvidos no processo de planejamento em uma empresa.
2) Planejamento Coordenado: Apesar de muitos aspectos serem diferentes
no processo de planejamento, há sempre uma ligação entra cada ação
tomada, ou seja, uma interdependência destes aspectos entre si.
3) Planejamento Integrado: Este princípio defende a definição da
estratégia de planejamento tomada no topo da Organização e as ações e
desenvolvimento efetuada nos seus níveis médio e inferior.
4) Planejamento Permanente: Princípio que defende a constante revisão
e atualização do planejamento face à dinâmica do mercado e da empresa.

Como podemos ver nas definições acima, uma ‘cultura de planejamento’ exige metodologia
e cuidado de forma a efetivamente atender os objetivos dos Administradores e da Organização.
Estudados estes oito princípios definidos acima, e como a nossa preocupação é
essencialmente financeira, poderíamos certamente pensar de que forma um Administração
financeira deve observar cada princípio de forma a adaptá-lo à realidade de cada empresa.
Para efetuarmos este pensamento de forma estruturada, vamos propor a seguir uma atividade
essencialmente comparativa, colocando de uma lado os 8 princípios enumerados acima e,
de outro, o que poderíamos efetivamente encontrar no dia a dia da empresa nas qual você
trabalha ou esteja analisando.

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Para você interessado em se aprofundar mais a respeito das “Funções do Administrador Financeiro”
sugiro a leitura deste tema no livro Administração Financeira e Orçamentária de HOJI, M., São Paulo:
Editora Atlas S.A., 2008, pp. 7-8.

O Orçamento e Suas Características

Segundo Hoji (2008, p. 413), toda decisão empresarial de caráter financeiro deve ser tomada
com base em informações contábeis e financeiras adequadamente estruturadas. Sendo que um
dos instrumentos mais importantes utilizados em tomadas de decisão financeiras é o orçamento
geral empresarial.

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Quando pensamos em Orçamento, estamos na realidade tratando do planejamento
estratégico de uma empresa - apresentado sob a forma de números e relatórios - preparados
pelos profissionais de finanças normalmente responsáveis pela sua periódica elaboração e
publicação. Assim, cada ação planejada pela Administração da Organização para cada setor de
operação, exigirá o desenvolvimento de orçamentos específicos.
Segundo este mesmo autor, o Orçamento é um modelo de mensuração que avalia e
demonstra, por meio de projeções, os desempenhos econômicos e financeiros da empresa, bem
como das unidades que a compõem. Assim, os profissionais responsáveis por cada unidade
(ou departamento) dentro da empresa devem implementar o Orçamento aprovado pela Alta
Administração, e acompanhá-lo com base no sistema de informações gerenciais, efetuando os
ajustes e relatórios ao longo das atividades nos períodos analisados e reportados durante o ano.
Poderíamos a princípio tratar do exemplo das empresas industriais que elaboram o seu
Orçamento Geral com base nas informações coletadas e analisadas dos seguintes setores:
Orçamento de Vendas, Orçamento de Produção, Orçamento de Matérias-Primas, Orçamento de
Mão-de-Obra, Orçamentos de Custos, Orçamento de Despesas, Orçamento de Investimentos,
Orçamento de Caixa e Orçamento de Resultados. Desta maneira, de posse destas informações
levantadas junto aos departamentos e pessoal responsável por sua coleta e elaboração, o
departamento de Orçamentos (normalmente localizado na Controladoria da empresa) poderá
consolidá-las no Orçamento Geral.
Importante também lembrar que cada empresa fará seu Orçamento Geral segundo critérios
próprios que atendem às exigências de sua Alta Administração. Neste sentido, o Orçamento torna-
se instrumento e fonte de informações para importantes processos de tomadas de decisão, de
investimentos e de quase toda estratégia de operação do dia a dia da empresa no período analisado.
O importante é que o Orçamento expresse – quantitativamente - as políticas de compras,
produção, vendas, investimentos, despesas e custos gerais, pessoal, entre outras que permita
o planejamento e acompanhamento dos resultados econômico-financeiros em períodos
específicos de análise. Logo, vemos muitos Orçamentos, portanto, serem elaborados para os
mais diversos períodos: mensal, bimestral, trimestral, ou semestral. Estes períodos, em um
segundo momento, são consolidados no Orçamento Geral Anual, Bi-Anual ou Trienal conforme
as políticas e práticas da empresa. Vale destacar, entretanto, que cada empresa pode determinar
o grau de detalhamento e de extensão de seu Orçamento, o que permite, por exemplo, que
algumas empresas que executam investimentos de longo prazo, como as empresas de petróleo,
gás e energia, executem e planejem seus orçamentos com prazos superiores a dez anos.

Ideias Chave
• A Administração Financeira e Orçamentária seus Desafios
• A Importância da Administração Financeira e os Instrumentos de Planejamento e Controle
• Analisando as Fontes de Financiamento
• Estimando as Necessidades de Caixa e Administrando o Nível de Liquidez
• Definindo Controles e Informações Gerenciais
• O Papel do Controller em uma empresa
• O Orçamento e suas características

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Unidade: A Importância da Administração Financeira e os Instrumentos de Planejamento e Controle

Material Complementar

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Para se aprofundar no tema, a sugestão de leitura são os capítulos 2 e 3 do livro Princípios da
Administração Financeira, de Lawrence J. Gitman, disponível na nossa biblioteca virtual:
• Capítulo 2, páginas 34-41, cujo nome é “Demonstrações financeiras e sua análise”, e aprofundar
o estudo a respeito dos instrumentos de planejamento e controle e sobre os demonstrativos
financeiros.
• Capítulo 3, página 93, o que o autor define como sendo Processo de Planejamento Financeiro.

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Referências

GITMAN, L.J. Princípios de Administração Financeira, 10ª Ed. São Paulo: Pearson, 2007.

GROPPELLI, A.A. e NIKBAKHT, E. Administração Financeira, 3a Ed. São Paulo: Saraiva,


2010.

HOJI, M. Administração Financeira e Orçamentária, São Paulo: Editora Atlas S.A., 2008.

MARION, J.C. Análise das Demonstrações Contábeis. Contabilidade Empresarial, São


Paulo: Editora Atlas S.A., 2009.

SANTOS, J.O. Valuation. Um Guia Prático, São Paulo: Editora Saraiva, 2012.

IUDÍCIBUS, S. Análise da Balanços, São Paulo: Editora Atlas S.A., 2009.

MÁLAGA, F.K. Análise de Demonstrativos Financeiros e da Performance Empresarial


Para Empresas Não Financeiras, São Paulo: Saint Paul Editora, 2009.

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Unidade: A Importância da Administração Financeira e os Instrumentos de Planejamento e Controle

Anotações

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