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estudados. Deve-se verificar, também, se a impressão dos recursos permite uma boa
visualização dos mesmos, se estão na proporção e na escala adequadas.
Avaliação
É uma questão bastante polêmica no ensino em geral, assumindo em EJA algumas
características específicas. Os alunos de EJA sentem-se bastante inseguros, principalmente
se a avaliação ficar reduzida a um único instrumento, a prova. É comum ouvir os alunos
perguntarem se tudo o que foi estudado cai na prova, se a prova vai ser elaborada a partir de
um conjunto de questões previamente selecionadas, se precisa decorar os textos e
conteúdos trabalhados em classe, se aquelas perguntas caem no vestibular. Pelas dúvidas e
questionamentos levantados pelos alunos, percebemos a importância do papel do professor
nesse processo, no sentido de estar orientando continuamente os alunos na organização de
seus registros, a partir do conjunto de discussões e atividades realizadas em sala de aula e
também externamente a ela.
Convém planejar um conjunto de instrumentos e formas de avaliação que tragam
subsídios em relação aos avanços e dificuldades encontradas pelos alunos. Algumas ações
são importantes nesse processo:
§ Permitir que o aluno se coloque e exponha seu ponto de vista em relação ao que
aprendeu, evitando que transcreva ou forneça respostas iguais às estudadas no livro, na
apostila de apoio ou no ponto copiado da lousa.
§ Procurar contextualizar conceitos e conteúdos trabalhados, de modo que o aluno
aplique esse conhecimento em situações diversas, ou seja, estabelecendo critérios de
comparação entre diferentes paisagens, na análise e interpretação de uma reportagem ou
notícia, na leitura de um gráfico ou de mapa, evitando a cobrança de descrições
desvinculadas da realidade ou que remetam a juízo de valores depreciativos ou
discriminatórios.
§ Planejar atividades que não reforcem a memorização de nomes ou conceitos, dados
numéricos ou quantitativos, mas sim atividades que permitam que o aluno estabeleça
comparações e correlacione as informações observadas com o assunto trabalhado em sala
de aula, com a realidade local e que ele elabore seu próprio discurso.
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§ Valorizar e estabelecer uma distinção entre os conceitos que permitam uma visão mais
abrangente dos processos sociais e sua espacialidade, em relação aos conceitos ou
conhecimento menos significativos ou acessórios, como descrever o tipo dos climas
brasileiros, dos rios que formam a bacia hidrográfica do rio São Francisco ou do Amazonas,
das características do relevo da Região Sul etc.
§ Organizar momentos em que os alunos verifiquem e reelaborem os objetivos que não
foram plenamente atingidos. Em alguns casos, é preciso solicitar que alguns alunos
expliquem por que chegaram a determinada resposta, de que maneira relacionaram as
informações da avaliação com os conceitos trabalhados.
§ Verificar se o enunciado e a comanda das atividades ou questões estavam claros e bem
definidos para os alunos, se estavam contextualizados e se eram possíveis de ser realizadas
no prazo determinado.
O papel do erro como forma de aprendizagem deve ser bem trabalhado, analisado com
cuidado e resignificado, uma vez que os alunos de EJA têm receio de errar, sentem
insegurança para se colocarem, exporem suas idéias a respeito do que foi estudado e de
acharem que o que estão pensando não está correto, ou seja, é necessário evitar que se
reforce o fracasso escolar anteriormente introjetado em outras fases de sua escolarização.
Portanto, a avaliação não pode ficar reduzida ao desempenho e à classificação que os
alunos obtêm por uma ou mais avaliações, mas deve-se constituir num instrumento mais
amplo, capaz de indicar o processo dos alunos ao longo do curso, seus avanços, suas
dificuldades, fornecendo elementos sobre seu envolvimento e sua participação no conjunto
de atividades e trabalhos desenvolvidos no cotidiano da escola e fora dela, como superaram
ou tentaram superar suas dificuldades. A avaliação, tampouco, deve ficar restrita aos
objetivos atitudinais.
Os critérios de avaliação devem ficar claros, bem definidos e serem discutidos tanto
pelo aluno quanto pelo professor, a fim de evitar que o aluno fique com a impressão de que
o professor não soube avaliá-lo ou não entendeu seu ponto de vista ou as respostas que ele
elaborou.
O processo de avaliação não deve ficar restrito à ação individual apenas de um
professor, mas ela deve ser pensada e definida num trabalho mais amplo, conjunto e
compartilhado com as outras áreas de conhecimento do ciclo correspondente e com
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professores da área que trabalham com outras séries e ciclos na mesma escola,
estabelecendo um vínculo e uma atitude de co-responsabilidade sobre as decisões e sobre o
processo de avaliação, assumindo coletivamente os resultados em relação ao desempenho
dos alunos e os problemas presentes nesse processo, que devem ser continuamente
redefinidos em conselhos de classe e reuniões pedagógicas.
sobre o espaço e as determinantes espaciais, que fazem parte de suas práticas sociais
cotidianas, a compreender o espaço e as relações nele presentes de forma mais abrangente e
critica.
Para EJA também é válido e significativo o trabalho com mapas como possibilidade
de compreensão e estudos comparativos das diferentes paisagens, lugares e territórios,
considerando-se também os sistemas de referência que neles estão presentes ou do qual
fazem parte. Na construção e reconstrução da linguagem gráfica e dos vários sistemas de
referência, podem ser considerados os referenciais que os alunos utilizam para se localizar e
orientar no espaço, tais como monumentos, parques, igrejas, rios, pontes, acidentes do
relevo, avenidas e praças, edifícios. A partir de situações em que compartilhem e explicitem
seus conhecimentos, o professor pode criar outras, nas quais os alunos possam
esquematizar e ampliar suas idéias de distância, direção e orientação e contextualizar as
noções básicas na alfabetização cartográfica, tais como: a visão oblíqua e a visão vertical, a
imagem tridimensional e a imagem bidimensional, o alfabeto cartográfico (ponto, linha e
área), a construção da noção de legenda, a proporção e a escala, a lateralidade, referências e
orientação espacial. Convém aproveitar as experiências práticas dos alunos que dominam e
vivenciam essas situações em seu cotidiano, tais como: pedreiros, (dominam na prática a
passagem visão tridimensional para sua representação bidimensional, escala, medidas, entre
outros); motoristas, entregadores de mercadorias, barqueiros, canoeiros, pescadores,
vaqueiros, entre outros (dominam sistemas de referência, orientação e localização com
bastante precisão).
É importante lembrar que a linguagem gráfica é um sistema de símbolos que
envolvem proporcionalidade, uso de signos ordenados e técnicas de projeção. Também é
uma forma de atender a diversas necessidades, das mais cotidianas (chegar a um lugar que
não se conhece, localizar o Estado e a cidade de origem, perceber a distância e o trajeto em
relação ao lugar de vivência atual, localizar informações que foram transmitidas pelos
meios de comunicação), às mais específicas (como delimitar áreas de plantio, compreender
zonas de influência do clima).
O trabalho com imagens e a representação dos lugares próximos e distantes são
também recursos didáticos importantes em EJA, pelos quais se criam possibilidades de os
alunos construírem e reconstruírem, de maneira cada vez mais ampla e estruturada, as
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que os alunos possam interagir com eles e usá-los, cada vez mais, de modo preciso e
adequado. O que se sugere é uma ampla utilização de mapas e de recursos didáticos
diversificados para questionar, analisar, comparar, organizar, correlacionar dados que
permitam compreender e explicar as diferentes paisagens e lugares. No ensino de EJA, esta
proposta é importante de ser efetivada; porém, é preciso considerar que mapas ou cartas
temáticas que apresentam vários fenômenos, com sobreposição de legendas, dificultam a
visualização e a identificação de elementos fundamentais, prejudicando sua interpretação.
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Santos, Milton. O espaço do cidadão, p. 12 e 13. Nobel, São Paulo, 1996.
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Pontuschka, Nidia, N. O perfil do professor e o ensino-aprendizagem de Geografia. In Cadrenos Cedes,
(39). Ensino de Geografia., 1ª edição, p. 60. Papirus, Campinas, 1996.
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geograficamente a sua realidade e o mundo para que seja capaz de interferir na sociedade se
realizando.
BIBLIOGRAFIA