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AULA 1

ANÁLISE DE RISCOS
AMBIENTAIS

Profª Cláudia Regina Bosa


CONVERSA INICIAL

Nesta aula, estudaremos alguns conceitos essenciais para a realização de


trabalhos com gerenciamento de riscos e para a identificação de riscos presentes
em diversas atividades, principalmente no ambiente de trabalho, quando trazem
consequências negativas para o ambiente natural, comprometendo as relações
complexas presentes nesses ecossistemas. Ao longo de nossas aulas, daremos
ênfase à análise de riscos ambientais provenientes das diversas atividades
humanas.

TEMA 1 – CONCEITOS ESSENCIAIS PARA A ANÁLISE DE RISCOS AMBIENTAIS

Primeiramente, vamos aos conceitos de perigo e risco, que muitas vezes


podem ser confundidos. De forma bastante direta, quando falamos em perigo,
estamos nos referindo a uma característica de determinada instalação (sala,
galpão, construção arquitetônica) ou de uma substância (ácido, gás) ou ainda a
certa ação, procedimento, atividade, que pode trazer algum dano ao ambiente em
que é realizada e seu entorno, incluindo os seres vivos presentes no local.
Vamos considerar exemplos de situações que oferecem perigo em nosso
cotidiano: realizar esportes radicais (saltos, trilhas, alpinismo, entre outros),
alimentação à base de muitos produtos industrializados, uso de bebidas alcoólicas
em excesso, deixar de utilizar protetor solar. Agora, pensando em atividades de
trabalho, que situações podem oferecer perigo? A manipulação de substâncias
tóxicas, corrosivas, explosivas e de seres vivos patógenos (capazes de causar
doenças em outros seres vivos – vírus, fungos, bactérias, protozoários). Quando
lidamos com a ideia de perigo, devemos destacar o processo de operação de
ambientes industriais, ou não, com a presença dessas substâncias ou seres vivos,
como na indústria automobilística, na produção de móveis, na indústria química,
na indústria farmacêutica e em laboratórios de pesquisa. Portanto, quando nos
referimos ao perigo, estamos tratando de um fator inerente a determinada
atividade (aquela atividade oferece perigo, aquele comportamento oferece
perigo).
Por outro lado, a ideia de risco implica certa incerteza relacionada ao
perigo, que pode levar à redução da segurança naquele momento, com prejuízo
ao ser humano, a outros seres vivos e ao ecossistema em que a atividade está
inserida. Sendo assim, o risco trata da probabilidade de que uma anormalidade

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ocorra, levando em consideração as consequências dessa anormalidade. Quando
Quando
falamos de risco, nos referimos à exposição a uma determinada situação de falamos em
riscos nos
perigo; assim, é importante aqui analisar de forma minuciosa o ambiente, a referimos à
exposição a
atividade e os comportamentos dos envolvidos. Afinal, muitas vezes os riscos uma
podem ser maiores quando o indivíduo realiza uma atividade por longo período determinada
situação de
de tempo com um patógeno de baixo ou médio risco biológico, pois estará exposto perigo

a situações de perigo mais frequentemente, em comparação a um sujeito que


realiza a manipulação de um patógeno de Risco Biológico 4 (ser vivo de alta
periculosidade, com grande capacidade de disseminação para a comunidade e o
meio ambiente) por um curto período de tempo (situações de exposição ao perigo
reduzidas em condições adequadas e de acordo com a legislação pertinente).
Sendo assim, podemos entender que o risco ocorre em função e na
dependência de determinados fatores, como: o tipo de perigo em questão; a
possibilidade de contato ou não com o agente que oferece perigo; os
comportamentos da população (pessoas expostas) que podem entrar em contato
com a situação (foi treinada, conhece o perigo da operação, está protegida por
barreiras, equipamentos de proteção individual e coletiva); a possibilidade de
ocorrer o problema e quais são as consequências da exposição e a amplitude que
pode alcançar. Todos esses fatores devem ser amplamente conhecidos em
qualquer tipo de atividade, sendo vistos com muito compromisso, principalmente
em atividades que ofereçam riscos de impactos ambientais graves.

1.1 Tipos de riscos

Os riscos que podemos observar em determinada atividade são: riscos


sociais, riscos de segurança/industriais, riscos para a saúde e riscos
ambientais/ecológicos.
Começaremos pelos riscos classificados como sociais. Quando falamos
sobre esse tipo de risco, estamos nos referindo ao risco que ocorre a uma
população que está na região que pode ser influenciada pelo risco (região de
entorno), nos casos em que o risco se efetive – ou seja, quando ocorre o acidente.
A mídia nos mostra diversos acidentes que ocorrem no mundo (rompimentos de
barragens, explosões causadas por produtos estocados de forma inadequada,
vazamentos de radiação em usinas nucleares, vazamento de óleo dos navios nos
oceanos etc.). Avaliar o tipo de risco é essencial, para que seja possível visualizar

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as possíveis consequências ambientais caso o risco se efetive na região em
questão.
Devemos lembrar que, quando tratamos de risco, estamos pensando na
possível exposição a situações de perigo. Por exemplo, a atividade de estocagem
de produtos com baixa toxicidade em barragens de mineração, por muitos anos.
Mesmo os produtos não sendo muito tóxicos, certos riscos são maiores, em
comparação à estocagem de um produto muito tóxico, com todas as condições
de segurança, mas por um curto período de tempo (riscos menores). Atualmente,
é impossível realizar qualquer empreendimento sem se preocupar com a
população do entorno e com o ecossistema da região. A legislação vigente é
exigente, com vistas a preservar os ambientes. Ainda assim, muitas vezes há
dificuldades de fiscalização, de modo que ocorrem acidentes graves, como por
exemplo o rompimento das barragens de Mariana e Brumadinho, no estado de
Minas Gerais.
Existem também os riscos de segurança, ou industriais, que se referem
às atividades realizadas dentro do ambiente de trabalho, estando relacionados às
questões de segurança dos funcionários e à perda de materiais em caso de
acidentes. Normalmente, tais riscos estão associados a eventos abruptos e
acidentais, como falha de maquinário ou falha humana; os efeitos são intensos
em um espaço de tempo pequeno. Nesses eventos, e fácil identificar facilmente
as causas e os efeitos; ou seja, rapidamente podemos identificar o que causou o
acidente e quais são suas consequências imediatas.
Existem também os riscos para a saúde, especificamente a saúde dos
trabalhadores. Diferentemente dos riscos de segurança, nesse caso é complexo
identificar a causa e os efeitos. Afinal, além de exposições no ambiente de
trabalho, as pessoas podem desenvolver doenças pregressas, ou ainda um modo
de vida que leve ao desenvolvimento de doenças que podem ser, de forma
equivocada, relacionadas às atividades laborais.
Finalmente, podemos citar os riscos ambientais ou ecológicos, que estão
relacionados aos impactos ambientais que podem ocorrer no ecossistema em que
o empreendimento funciona. Além disso, é preciso considerar que muitas vezes
esses impactos ocorrem em ambientes bem distantes da efetivação do risco,
ameaçando outros ecossistemas e habitats, distantes do foco do acontecimento.
Esse tipo de risco apresenta modificações quase imperceptíveis das complexas
relações existentes nos ecossistemas, daí a importância dos planos de

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monitoramento ambiental, cuja finalidade é identificar essas pequenas alterações
que indicam impactos negativos, muitas vezes irreversíveis, das relações
ecológicas. Um exemplo muito comum que podemos citar seria a bioacumulação, Bioacumulaç
ão
a magnificação trófica ou a biomagnificação, em que identificamos a presença de
um agente tóxico nos ecossistemas, por meio de sua observação em elementos
que formam determinada cadeia alimentar (consumidores de primeira, segunda,
terceira e quarta ordem), como é o caso do DDT (tipo de inseticida) e de metais
pesados, como o chumbo. Relacionar o evento a seu impacto no ambiente é tarefa
complexa, trazendo um grau de incerteza elevado.
Até o momento, definimos perigo e risco, e entendemos e importância de
suas singularidades. Também estudamos os diferentes tipos de risco, alguns mais
facilmente identificáveis e claramente relacionados a certas causas e efeitos, e
outros com uma cadeia de acontecimentos mais complexa, o que dificulta o
estabelecimento de medidas capazes de evitar impactos maiores a seres
humanos, demais seres vivos e habitats.

TEMA 2 – RISCOS, INCERTEZAS E PROBABILIDADES

Sempre que tratamos do processo de gestão ambiental, nos deparamos


com certo nível de incerteza, que pode comprometer o processo de gestão dos
riscos ambientais, com consequências negativas, por exemplo, por conta do nível
de emissões de determinado gás por certo tipo de atividade. Esse fator está ou
não relacionado ao problema ambiental verificado? Esse exemplo pode ser
estendido para o fenômeno do aquecimento global, que ainda é negado por
algumas autoridades mundiais. Portanto, é um evento cercado de incertezas.
Também podemos citar o grau de exposição que uma pessoa teve a determinado
agente e as consequências para a sua saúde. Por exemplo, o fato de uma pessoa
trabalhar com radiologia tem relação com um posterior desenvolvimento de
câncer, ou essa pessoa já tinha predisposição à doença, e o trabalho (realizado
com todos os cuidados preconizados) não teve qualquer influência no
desenvolvimento da patologia? Gerenciament
o de riscos
Como abordar a incerteza quando falamos do processo de gerenciamento
de riscos? Muitas vezes, temos uma informação, mas incompleta; outras vezes,
podemos encontrar informações e opiniões diferentes em diferentes fontes de
consulta escrita; pode ainda não haver um consenso entre os especialistas quanto
à realização de uma análise superficial para facilitar os processos de identificação

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e análise do risco; ocorre ainda de não existir conhecimento sobre o melhor
modelo de risco para determinada situação.
Nesse momento, é importante ressaltar a diferença entre variabilidade e Diferença
entre
incerteza para a estruturação de um melhor modelo de gerenciamento de riscos. variabilidade
Quando falamos de variabilidade, estamos nos referindo a uma variação e incerteza

quantitativa que apresenta valores diferentes de acordo com um determinado


parâmetro (localização, tempo). Por exemplo, sabemos que a água contaminada
por determinados agentes pode trazer efeitos para a saúde humana, mas esses
efeitos são variáveis de acordo com a concentração e de acordo com a estrutura
corporal de cada pessoa em questão, ou seja, teremos valores que variam ao
longo das observações. Quando tratamos de incerteza, nos referimos a uma
quantidade incerta, o que denota certo desconhecimento sobre o assunto. Por
exemplo, qual seria o potencial para o desenvolvimento de câncer no fígado da
aflatoxina (uma micotoxina produzida por fungos do gênero Aspergillus)? Quanto
deve ser ingerido por seres humanos e outros animais para que essa patologia
aconteça? Podemos entender, portanto, que quando nos referimos à incerteza,
nos referimos a algo que pode ser dirimido com o desenvolvimento de mais
estudos; quando tratamos de variabilidade, nos referimos a algo que apresenta
variação natural em si.
Quando falamos da incerteza de um determinado parâmetro com o qual
estamos trabalhando, em um processo de gerenciamento de riscos, indicamos
que não conhecemos o verdadeiro valor daquele parâmetro para aquele modelo.
Quando isso ocorre, normalmente nos baseamos em comportamentos
observados em pequenas amostras, a fim de extrapolá-lo para o sistema como
um todo. No entanto, devemos destacar que podem ocorrer erros, relacionados
principalmente ao processo de amostragem, sendo de grande importância ter
certeza de que a amostra em questão foi colhida de forma criteriosa e sem vícios
de amostragem.
Podemos citar também as incertezas relacionadas ao modelo, quando
realizamos extrapolações e simplificações dos processos (modelagem de um
processo). Por exemplo, a dedução de que uma vacina ou medicamento que
promovem resultados positivos em testes de laboratório (in vitro) e em animais,
por extrapolação ou simplificação do modelo, darão resultados positivos em seres
humanos, sem terem sido testados em pessoas.

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Outro fator interessante a levar em consideração no processo de
gerenciamento de riscos é a probabilidade, palavra que ouvimos muitas vezes em
nossa vida. Por exemplo, qual a probabilidade de uma pessoa ganhar na loteria
duas vezes? Qual a probabilidade de um cometa atingir a Terra? Qual a
probabilidade de um dado cair virado com a face de seis pontos? Todas essas
colocações denotam incertezas; a probabilidade, aqui, é considerada a melhor
forma de quantificar as incertezas.
Podemos verificar duas formas de abordagem com relação à probabilidade.
Temos a frequentista, que trata da possibilidade de ocorrência de um evento de
forma elevada em outros modelos – grande frequência de ocorrência; por
exemplo, fumar aumenta a probabilidade de desenvolver câncer de pulmões. E
temos também a subjetiva, quando não temos informação sobre as frequências
de ocorrência do evento, ou quando não é possível repetir o evento muitas vezes).
Nesse caso, é essencial buscar a orientação de especialistas no assunto. Esse
tipo de probabilidade é chamado bayesiana (Teorema de Bayes, formulado por
Thomas Bayes, matemático inglês), quando não há uma certeza sobre a
probabilidade de ocorrência do evento, de modo que as opiniões podem mudar à
medida que mais informações são agregadas.
Para avaliar riscos com base em probabilidades, podemos nos pautar em
publicações científicas, em dados estatísticos e na orientação de especialistas,
pois há poucos estudos que calculam a incerteza de um determinado modelo. Avaliar riscos
com base em
Sendo assim, a depender da situação de risco que estamos gerenciando, probabilidades
podemos nos deparar com a dificuldade de encontrar modelos semelhantes para
comparação. Nesse momento, é preciso fazer uma revisão criteriosa da literatura,
analisando o risco e a incerteza e tendo-os bem definidos, sempre com o apoio
de especialistas e com a exposição dos trabalhos de planejamento para o grande
grupo envolvido no trabalho, a fim de agregar mais conhecimento e pontos de
vista diferentes sobre o mesmo assunto, considerando os parâmetros e modelos
em questão (gestão participativa).

TEMA 3 – ANÁLISE E GERENCIAMENTO DE RISCOS

Quando tratamos do processo de análise e gestão dos riscos presentes em


determinada atividade ou empreendimento, nos referimos a um processo
complexo, que envolve a identificação, a análise e a resposta mais rápida possível
aos riscos. Quando tratamos de processos de gestão ambiental, a principal

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preocupação no gerenciamento dos riscos é tentar reduzir ao máximo os
problemas do projeto e as ameaças que apresenta, sempre priorizando a
conservação da natureza e a manutenção da qualidade de vida das pessoas.
O processo de gerenciamento de riscos pode ser dividido em etapas: Gerenciame
planejamento, identificação de riscos e análise qualitativa e quantitativa dos nto de
riscos pode
riscos. No planejamento, a equipe envolvida decidirá qual a forma de abordagem ser dividido
em etapas
dos riscos, e como irá planejar o gerenciamento, pensando em processos e
técnicas que levem à mitigação dos riscos ou à sua eliminação. Na etapa da
identificação dos riscos, serão listados os prováveis riscos que a atividade
apresenta, caracterizando-os; na análise qualitativa, os riscos são qualificados,
sendo listadas as melhores formas de alcançar os objetivos do projeto; na análise
quantitativa, realiza-se a projeção dos impactos dos riscos nos objetivos que se
pretende com o desenvolvimento do projeto em questão. Entende-se que
monitorar riscos identificados é um processo essencial para o desenvolvimento e
o sucesso do empreendimento. o longo do processo de gerenciamento de riscos,
deve ocorrer uma avaliação contínua, verificando-se os riscos residuais e
observando o surgimento de novos riscos.
Quanto mais informações tivermos sobre os riscos que envolvem o
empreendimento que estamos desenvolvendo, maiores serão as probabilidades
de evitar que eles ocorram, o que também evita consequências negativas para os
trabalhadores, para a população de entorno e os ecossistemas. Alguns riscos
podem apresentar informações completas; tais riscos vão servir de embasamento
para o planejamento do processo, apresentando-nos certezas, enquanto outros
riscos terão informações incompletas. Sabemos que esses riscos existem, mas
não o conhecemos, o que traz incertezas moderadas. Existem ainda os riscos
sobre os quais não há informações; não sabemos que existem, mas mesmo assim
eles fazem parte do processo, o que redunda em incerteza total. Esse
desconhecimento pode trazer consequências graves caso os riscos se efetivem.

3.1 Planejamento do gerenciamento de riscos

No processo de planejamento do gerenciamento de riscos, vamos decidir


qual abordagem será utilizada para os riscos que envolvem o empreendimento
em questão. Temos que identificar entradas, ferramentas, técnicas e saídas de
nosso projeto. Nas entradas, devemos realizar o escopo do empreendimento,
pensando nas características técnicas, no plano de gerenciamento, bem como na

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legislação (leis e regulamentações) pertinente para o tipo de atividade que se
deseja desenvolver, incluindo questões ambientais. Deve-se observar se o local
de implantação do empreendimento está próximo de sítios arqueológicos e se
apresenta espécies ameaçadas de extinção. É preciso ainda realizar uma
avaliação do entorno, dos grupos sociais presentes, dos grupos de risco social e
de pequenas empresas que podem ser impactadas com o novo empreendimento.
O seguinte passo, a ser seguido após o processo de entradas, envolve as
ferramentas que serão utilizadas e a técnica. Nesse momento, realiza-se um
plano para a execução das atividades de gerenciamento de riscos (níveis de
responsabilidades, modelos de riscos e categoria de impacto, matriz de
probabilidade e impacto). Por fim, temos as saídas, momento em que se descreve
como os riscos serão identificados e analisados, e quais serão as respostas caso
ocorram (monitoramento, controle) ao longo do período de vida do
empreendimento. A metodologia a ser utilizada deve ser bem definida, bem como
as funções e as responsabilidades de cada um dos agentes do processo. É
preciso também definir um orçamento para o processo de gerenciamento de
riscos, que não pode ser utilizado para outra atividade no empreendimento,
estabelecendo um cronograma que deve ser seguido criteriosamente.

3.2 Categorias de riscos

Essas categorias têm como principal função auxiliar de forma eficaz no


processo de identificação das incertezas presentes em um projeto, maximizando
de forma positiva o gerenciamento dos riscos. São elas: riscos técnicos de
qualidade ou de desempenho (quando confiamos demais em novas tecnologias,
novos processos e desempenhos); riscos de gestão (uso inadequado do tempo,
dos recursos e das técnicas de gestão); riscos organizacionais (falta de
priorização, cortes de orçamentos) e riscos externos (mudanças da legislação,
riscos climáticos, desastres).

TEMA 4 – SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GERENCIAMENTO DE RISCOS

Trata-se de um conjunto de regras e procedimento que serão utilizados


para o processo de gerenciamento dos riscos identificados em um projeto. Nesse
sistema, o primeiro passo é a identificação dos riscos, com descrição detalhada.
Na maioria das vezes, entendemos que os riscos são negativos. Essa é a

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tendência ao tratar de impactos ambientais. No entanto, tanto os impactos
ambientais quanto os riscos presentes em um empreendimento podem ser
negativos, provenientes de falhas, ou vistos como positivos, proporcionando
oportunidades. Quando falamos do sistema de informação sobre os riscos,
precisamos de uma equipe composta não somente por pessoas da equipe
técnica, mas também por clientes, usuários finais, dentre outros que poderão fazer
parte desse processo. É necessário que o trabalho seja realizado de forma
integradora e interativa entre os vários envolvidos. Após a identificação dos riscos,
eles podem ser avaliados de forma qualitativa e quantitativa.

4.1 Identificação dos riscos: entradas

Alguns critérios iniciais são utilizados para a identificação dos riscos na


construção de um projeto. Primeiramente, é preciso analisar os riscos ambientais
oferecidos. Em seguida, é preciso criar o escopo detalhado do empreendimento.
Também é recomendável apresentar um plano de gerenciamento do
empreendimento e dos riscos. Ainda, não se pode deixar de lado os riscos
políticos a que um projeto pode estar submetido. Como exemplo, podemos citar a
instalação de uma empresa de celulose em uma determinada cidade. Ela pode
Riscos
trazer crescimento para a cidade, mais empregos e renda, mas também pode positivos
comprometer a qualidade ambiental da localização, principalmente do ar, sendo
assim necessário verificar as vontades políticas nas várias esferas (municipal,
estadual e federal), ouvindo os argumentos da população, se são favoráveis ou
não a esse empreendimento.

4.2 Identificação dos riscos: ferramentas e técnicas

Nessa etapa da identificação dos riscos, é necessário realizar uma revisão


criteriosa de toda a documentação, considerando as técnicas de coleta de
informações, como brainstorming (forma de discussão em grupo na qual todos
podem expor suas ideias com a finalidade de resolver um problema de forma
criativa), técnica Delphi (usada para obter consenso com relação aos riscos de
um projeto), reuniões, entrevistas, análise de forças, fraquezas, oportunidades e
ameaças (Swot – Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats; em português,
Fofa – Forças, Oportunidades, Fraquezas, Ameaças, matriz para tomada de
decisões). Também é importante, nessa etapa, analisar as premissas, a fim de

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entender os riscos envolvidos pela falta de conhecimento total das informações.
Por fim, efetiva-se a diagramação dos dados obtidos na forma de fluxogramas de
processo, para um melhor entendimento do processo de gerenciamento dos
riscos.

4.2.1 Identificação dos riscos: saídas

Nesse momento do gerenciamento de riscos, é necessário ter uma lista que


os identifique, com sinais de alerta para a identificação dos riscos e o
entendimento de como a opinião pública se comporta em relação ao
empreendimento, com as consequentes repercussões nas várias esferas de
governo.

TEMA 5 – ANÁLISE QUALITATIVA DOS RISCOS

No processo de gerenciamento de riscos, devemos realizar diversos tipos


de análises, que são classificadas em qualitativas e quantitativas. Nesse
momento, trataremos da análise qualitativa. Para que o processo de
gerenciamento de riscos se desenvolva bem, com vistas a reduzir ou anular a
probabilidade de ocorrência de riscos, devemos partir da análise dos riscos de
forma qualitativa, sendo necessário conhecer e entender quais são os riscos de
uma determinada atividade, bem como as oportunidades que ela pode oferecer.
Assim, podemos identificar o que deve ser controlado, a fim de evitar perdas
materiais, humanas e ambientais.
Na análise qualitativa dos riscos, realizamos uma avaliação que nos
permite entender a probabilidade e o impacto dos riscos, identificados
criteriosamente na implantação do projeto almejado. Com essa forma de análise,
é possível classificar os riscos e as consequências, entendendo quais são os mais Riscos
prioritarios
prioritários dentre o conjunto de riscos identificados.
Essa forma de analisar os riscos de uma atividade apresenta certas
características: primeiramente, permite identificar o grau de importância dos riscos
e alinhar as estratégias mais adequadas para o controle dos riscos. Essa forma
de análise deve estar presente em todo o desenvolvimento do projeto
(empreendimento), e não apenas na fase de construção. Também é preciso
revisar os riscos periodicamente, de forma qualitativa, a fim de prevenir que se
efetivem. Ressaltamos que essa forma de análise é rápida e pouco onerosa, o

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que facilita a sua realização durante todo o tempo de vida da atividade em
questão.
Os passos para a realização da análise qualitativa de riscos são os
Os passos
seguintes: declaração do escopo do projeto; descrição de plano para o para a
realização da
gerenciamento de riscos; registro de todos os riscos elencados no projeto; analise
QUALITATIV
necessidade de avaliar a probabilidade e o impacto dos riscos; criação de uma A
matriz de probabilidade e de impacto dos riscos; classificação dos impactos de
cada risco; separação dos riscos em categorias.

5.1 Matriz de risco ou matriz de probabilidade de impacto

A matriz de risco é uma importante ferramenta na gestão de riscos, que


pode ser utilizada com a finalidade principal de nos permitir identificar quais os
riscos de nosso projeto que merecem atenção prioritária. Para a utilização da
matriz de riscos, há a necessidade de que todos os riscos já estejam identificados.
Essa matriz nos permite visualizar com agilidade as informações de um grande
conjunto de riscos, pelo fato de ser facilmente interpretada de forma gráfica (ela é
mais visual). Dessa forma, podemos identificar rapidamente quais são os riscos
mais preocupantes, que demandam maior atenção, e aqueles menos
preocupantes, com baixa probabilidade de efetivação. Sendo assim, a matriz de
riscos orienta de forma dinâmica processo de tomada de decisões de empresas,
empreendimentos e de qualquer outro tipo de projeto, alertando para a
necessidade de criação e efetivação de medidas de profilaxia (prevenção).
Também devido ao fato de ser uma matriz de fácil interpretação, apresenta a
função de engajamento de todos os setores do projeto, permitindo uma forma
compartilhada da gestão de riscos, o que cria a sensação de pertencimento e
valorização das pessoas envolvidas.
A matriz de riscos é constituída por uma tabela simples, que medirá dois
aspectos, a probabilidade e o impacto do risco. Com essa constituição, é possível
identificar a classificação do risco, confrontando com tais observações o impacto
e a probabilidade de ocorrência do risco em análise. Na matriz de risco, há cores
específicas para cada um: em cor vermelha (alto risco), os que necessitam de
maior atenção; em cor amarela, os riscos médios ou moderados; e, por fim, em
cor verde, temos os riscos baixos, aos quais podemos dispensar menos atenção.
Essa forma de classificação qualitativa nos ajuda na interpretação da urgência
quanto à tomada de medidas de prevenção.

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Figura 1 – Exemplo de matriz de risco

Fonte: Napoleão, 2019.

5.2 Probabilidade e impacto

Quando falamos de probabilidade, estamos nos referindo à possibilidade


de ocorrência de um determinado evento. As probabilidades para os riscos no
caso da matriz acima foram classificadas nas seguintes categorias: muito baixa (1
a 10%); baixa (11 a 30%); médio (31 a 50%); alta (51 a 70%); e muito alta (71 a
90%). No entanto, também podem ser modificadas para referências em
percentual.
Já o impacto é um fator que se efetiva após a ocorrência de um risco
previsto. Por meio dele, podemos mensurar as consequências causadas pela
ocorrência de um risco, caso as medidas de prevenção adequadas não sejam
tomadas.
É muito comum que as pessoas pensem nos impactos como fatores com
consequências sempre negativas (prejuízos). Muitas vezes, eles se efetivam
dessa forma; por exemplo, liberação de um gás tóxico com a morte de
colaboradores em uma indústria e rompimento de uma barragem com a perda de
vidas humanas e a destruição do ambiente de entorno e de ambientes fora da
área do empreendimento. No entanto, os impactos também podem trazer
consequências positivas. Por exemplo, podemos analisar o impacto da utilização
de uma nova tecnologia no processo de produção de grãos. Aqui, o impacto pode
ser a redução de perdas durante as várias etapas do processo de produção, ou
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mesmo o aumento da produtividade. Podemos mudar a forma de gerir os efluentes
de uma indústria, conseguindo com isso redução de gastos em energia. Portanto,
devemos tomar cuidado para não associar os impactos a perdas e prejuízos.
Quando devemos utilizar a ferramenta da matriz de risco? No momento em Quando
utilizar a
que já temos os riscos listados e desejamos avaliá-los, essa ferramenta pode ser matriz de risco
utilizada para qualquer tipo de risco. Assim como comentamos sobre os impactos,
devemos entender que os riscos também podem ser vistos como oportunidades.
Sempre ouvimos falar que para ter boas oportunidades precisamos correr riscos.
Logo, se soubermos avaliar de forma criteriosa os riscos de um processo, de um
projeto ou de um empreendimento, poderemos identificar oportunidades no
mercado. Nesse caso, estamos nos referindo a riscos bons, pois os riscos que
podem gerar perdas e prejuízos devem ser controlados e evitados, sendo
entendidos como riscos ruins.
É essencial ter um conhecimento profundo dos riscos que foram
identificados na fase de planejamento de um determinado projeto, pois isso
permite que a sua avaliação se aproxime da realidade, o que possibilita a
minimização de consequências negativas. Portanto, o gestor do trabalho deverá
agregar pessoas e buscar criar discussões, a fim de verificar o quanto sabemos
sobre os riscos, e se todos que participam do processo estão cientes que existem.
Podemos realizar levantamentos e verificar se existem dados sobre um
determinado risco (indicadores, índices de incidência e de prevalência), se já
ocorreu a efetivação do risco em outro empreendimento, e como foi tratado, e se
houve sucesso ou não na tratativa. Tais abordagens podem auxiliar e até definir
o sucesso ou não do empreendimento. Entendemos aqui que um
empreendimento é qualquer atividade de produção, criação, manutenção e
conservação da natureza.

FINALIZANDO

Nesta aula, definimos alguns conceitos importantes no processo de gestão


de riscos e delineamos formas de classificá-los e identificá-los, destacando a
importância de entender os riscos e os impactos como fatores que também podem
ser positivos, trazendo benefícios e oportunidades. Entendemos também que,
além de realizar a análise qualitativa dos riscos, há a necessidade de
complementá-la com uma análise quantitativa, tema de nossas próximas aulas.

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REFERÊNCIAS

NAPOLEÃO, B. M. Matriz de Riscos (Matriz de Probabilidade e Impacto).


Ferramentas da Qualidade, 26 jun. 2019. Disponível em:
<https://ferramentasdaqualidade.org/matriz-de-riscos-matriz-de-probabilidade-e-
impacto/>. Acesso em: 23 out. 2020.

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