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Fundamentos da Biossegurança

I ntrodução
A Biossegurança é a prevenção, controle, redução e eliminação dos
riscos inerentes às atividades que podem comprometer a saúde dos
trabalhadores, animais e ao próprio ambiente. E dada sua
complexidade, envolve as normas e procedimentos gerais, os
equipamentos de proteção individual e coletiva, a sinalização do ambiente
de trabalho, os diversos aspectos de segurança química, biológica, saúde
do trabalho, o manuseio e a manipulação de resíduos e os
procedimentos aplicáveis em caso de acidente.

Objetivos da Aula
Nesta aula serão abordados os diversos aspectos que envolvem a
biossegurança notadamente quando envolvem atividades que possam
representar o contato com fungos, vírus, parasitas, bactérias e
protozoários.

Resumo
Biossegurança é uma condição obtida através de um conjunto de ações
com foco na prevenção, controle, redução e eliminação dos riscos
inerentes às atividades que podem comprometer a saúde dos
trabalhadores, animais e ao próprio ambiente. O termo deriva do radical
“bios” que significa vida e, portanto, temos biossegurança como a
“segurança de vida ou para a vida”. Ou seja, é um conjunto de condutas

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diretas ou indiretas que se deve tomar para uma prática profissional

segura.
A Biossegurança envolve uma série de conceitos que se complementam:
a) as normas e procedimentos gerais; b) os equipamentos de proteção
individual e coletiva; c) a sinalização do ambiente de trabalho; d) os
aspectos de segurança química e biológica; e) a segurança e saúde do
trabalho; f) o manuseio e a manipulação de resíduos e; g) os
procedimentos aplicáveis em caso de acidente.
Como normas e procedimentos gerais temos as práticas relacionadas
com a higiene e hábitos pessoais; as práticas na área analítica; as
práticas de limpeza e descontaminação e; os cuidados na formação de
aerossóis.
Os principais equipamentos de proteção individual, no tocante à
biossegurança, são as luvas; o jaleco e avental; os protetores para a
cabeça e face; as máscaras de proteção respiratória e alguns outros
equipamentos de uso específico, dependendo do risco considerado. Já
como equipamentos de proteção coletiva podemos mencionar as cabines
de segurança biológica (CSB); a capela de segurança química e; os
chuveiros de emergência.
A sinalização é um aspecto importante para garantir a segurança dos
trabalhadores e a figura 1 apresenta os principais símbolos utilizados para
esses riscos

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Figura 1: Sinalização Relacionada à Aspectos da

Biossegurança | Fonte: Adaptado da NR-26 – Sinalização
de Segurança

O manuseio de produtos químicos é um aspecto importante quando se

considera a biossegurança. Há inúmeros princípios que devem ser
seguidos pelos operadores principalmente com o manuseio,
armazenamento e transporte de produtos químicos perigosos
principalmente de explosivos, inflamáveis, tóxicos, corrosivos,
pressurizados ou poluentes. Aliás, a sinalização desses produtos é um
item importante e a figura 2 apresenta as principais simbologias para
identificação desse tipo de produtos.
O uso dos equipamentos nas áreas de trabalho também são igualmente
importantes dentro dos conceitos de biossegurança. O manuseio de
vidrarias, as fontes de geração de calor e chama, equipamentos de baixa
temperatura - principalmente os resfriados com nitrogênio líquido, os
perfurantes e os pressurizados, todos comuns nos laboratórios, devem ter
sua utilização seguindo dos procedimentos que garantam a segurança
dos trabalhadores.

Figura 2: Sinalização Relacionada aos Produtos

Químicos Perigosos | Fonte: Adaptado da NR-26 –
Sinalização de Segurança
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Obviamente os riscos, principalmente os biológicos, levam a uma

classificação que permite compreender o grau de periculosidade existente,
bem como as barreiras de contenção primárias e secundárias que devem ser
adotadas para a proteção dos trabalhadores. Essa classificação é
denominada nível de Biossegurança e se constitui de quatro níveis: a) classe
1: ambientes que não causam doenças em seres humanos ou animais; b)
classe 2 onde existem agentes que são capazes de causar doenças em seres
humanos ou animais porém sem risco grave; classe 3: onde existem agentes
que são capazes de causar doenças em seres humanos ou animais, que
podem ser transmitidos pelo ar e que, portanto, podem trazer riscos para as
comunidades; classe 4: que é considerado o mais grave porque não há
medidas de tratamento ou de profilaxia adequados.
Como os riscos no trato de agentes biológicos podem trazer grandes
problemas com os trabalhadores e a comunidade do entorno, é necessário o
estabelecimento de uma série de procedimentos que devem ser utilizados
em casos de acidentes, principalmente os que envolvem a exposição ou
derramamento de material biológico, quebra de vidraria de laboratório,
derramamento de produtos químicos – notadamente os inflamáveis.
Outro aspecto importante dentro do conceito da Biossegurança é a
prevenção e o combate a incêndios, exatamente porque pode ser um
aspecto importante no controle dos agentes biológicos. Assim é necessário a
compreensão da classificação de incêndios, os processos de extinção
exatamente em função desses tipos além dos agentes extintores.
Para complementar os conceitos de Biossegurança é necessário a
compreensão da microbiologia. A Microbiologia é o ramo da ciência que
estuda os microrganismos, ou seja, os minúsculos seres vivos que somente
podem ser visualizados por meio de microscópio. O termo vem do grego
mikros que significa pequeno e “bio” e “logos” que significam “estudo da vida”.
Basicamente temos cinco grupos de interesse na microbiologia: a) os fungos;
b) os vírus e parasitas; c) as bactérias; d) os protozoários e; e) os príons.
Os fungos são organismos eucariontes e heterótrofos que podem ter uma ou
mais células. A grande maioria é filamentosa, sendo que esses filamentos são

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denominados hifas. Alguns tipos de fungos são formados por inúmeras hifas
densamente unificadas que formam o micélio. Os fungos atuam como
decompositores da matéria orgânica, possuem relações simbióticas, são
utilizados na produção de medicamentos e alimentos, porém podem causar
alergias e, dependendo da sensibilidade do indivíduo, podem trazer
consequências graves. Os fungos precisam de condições adequadas para se
desenvolverem como a necessidade de terem matéria orgânica disponível,
além de temperatura e umidade adequados. Essas condições são
encontradas principalmente em ambientes climatizados com falhas de
operação e por isso existe a Resolução 09 da ANVISA (disponível em
https://www.saude.mg.gov.br/images/documentos/RES_RE_09.pdf) que
define os valores máximos de referência que podem ser admitidos em
sistemas de ar em ambientes climatizados.
Vírus e parasitas são organismos acelulares, ou seja, não são constituídos por
células, mas sim por uma cápsula proteica que envolve seu material genético,
que pode ser uma molécula de RNA ou de DNA ou ainda de ambos. Alguns
vírus possuem ainda uma cápsula de lipídios para sua proteção. Basicamente
eles se utilizam das células do hospedeiro para se reproduzir e, portanto, os
tornam difíceis de combater. A forma utilizada para seu controle é evitando o
contágio através de vacinas ou com práticas de higiene. Os vírus podem
causar inúmeros sintomas e a virulência é a capacidade deste vírus levar o
hospedeiro a um estágio patológico.
Bactérias são seres vivos procariontes e com uma única célula, portanto não
possuem membrana envolvendo seu material genético. As bactérias têm
muitos modos de se defender como a utilização de biofilme, cápsulas,
esporos e principalmente a criação de resistência aos antibióticos. O corpo
humano tem várias centenas de bactérias e como elas se reproduzem de
forma assexuada e por divisão binária, podem se propagar de forma muito
rápida.
Os protozoários são seres eucariontes, com uma única célula e heterótrofos.
Vivem em ambiente aquático, mas muitos são parasitas e podem viver até
dentro dos seres vivos. O termo protozoário deriva do latim “proto”, ou seja,

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primitivo, e “zoon” que significa animal, ou seja, animal primitivo porque eram
considerados animais antes de serem heterótrofos.
Por fim temos os príons que são um agente infeccioso composto por
proteínas com forma aberrante. Uma característica importante é que não
possuem ácidos nucleicos como os demais agentes infecciosos. O acúmulo
de príons no sistema nervoso central causa doenças neurodegenerativas por
formação de agregados extracelulares (placas amiloides) que rompem as
estruturas do tecido normal. As doenças priônicas são também conhecidas
por encefalopatias espongiformes transmissíveis e não possuem cura e são
fatais.
A transmissão dos microrganismos aos seres vivos pode se dar por contato
direto através de gotículas ou transmissão por aerossóis e nesse caso a porta
de entrada é o aparelho respiratório, oral e olhos; ou por contato indireto
através da pele, mucosas, oral, olhos e parental (sangue). A transmissão por
gotículas ocorre principalmente para bactérias e vírus. Os aerossóis
provocam transmissão de fungos e também das bactérias e vírus. A
transmissão parental (sangue) pode ocorrer com fungos, bactérias, vírus e os
protozoários.
As doenças infectocontagiosas são aquelas de fácil e rápida transmissão,
provocadas por agentes patogênicos, como o vírus da gripe e o bacilo da
tuberculose. Em algumas ocasiões, para que se produza a doença, é
necessário um agente intermediário, transmissor ou vetor Podem ser
transmitidas de uma pessoa para outra através do contato com a pele,
através de fluidos corporais, em alimentos ou bebidas contaminados ou por
partículas do ar que contenham microrganismos.
Existem vários aspectos que precisam ser considerados nas doenças
infectocontagiosas: o agente etiológico, onde o agente fica armazenado, o
modo de transmissão, o período de incubação e de transmissão, o potencial
pandêmico, as manifestações clínicas da contaminação, a forma de obtenção
do diagnóstico, o tratamento e a utilização de vacinas.

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Como aplicar na prática o que aprendeu

A Biossegurança envolve os cuidados com os microrganismos que podem
trazer problemas aos seres vivos. Faça um levantamento dos principais tipos
de microrganismos estudados (fungos; vírus e parasitas; bactérias e
protozoários) e relacione seu nome científico e as doenças que estão
relacionadas com a exposição.

Conteúdo Bônus – Tópicos Avançados

Ler a norma NR32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços da Saúde
disponível em https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-
br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-
trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/ctpp-nrs/normas-
regulamentadoras-nrs
Ler o Manual da Biossegurança Laboratorial da Organização Mundial da
Saúde (OMS) e disponível em https://iris.paho.org/handle/10665.2/54521.
Ver o Ver o Laudo de Insalubridade para Agentes Biológicos disponível em:
https://dopaonlineupload.procempa.com.br/dopaonlineupload/4013_ce_328079_1.pdf

Dica quente para você não esquecer

As Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho estão sendo
constantemente atualizadas e portanto é necessário usar sites oficiais que
contenham a versão mais atualizada.

Referência Bibliográfica
MATTOS, Ubirajara. Higiene e Segurança do Trabalho. GEN LTC; 1ª edição.
ISBN-13: ‎978-8535235203, 2011.
MATTOS, Ubirajara; MÁSCULO, Francisco. Higiene e Segurança do Trabalho.
GEN LTC; 2ª edição, ISBN-13: 9788535291766, 2019.
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BREVIGLIERO, Ezio; POSSEBON, José; SPINELLI, Robson. Higiene

Ocupacional: Agentes Biológicos, Químicos e Físicos. Senac São Paulo; 10ª
edição. ISBN-13 ‫‏‬: ‎978-8539629459, 2019.
BARSANO, Roberto; BARBOSA, Rildo. Higiene e Segurança do Trabalho.
Érica; 2ª edição. ISBN-13 ‫‏‬: ‎978-8536526850, 2018.
ROCHA, Rosemberg; BASTOS, M. Higiene Ocupacional ao Alcance de
Todos. Autografia; 1° edição. ISBN-13: 978-855268540, 2016.
HINRICHSEN, Sylvia. Biossegurança e Controle de Infecções – Risco
Sanitário Hospitalar. Guanabara Koogan; 3ª edição. ISBN-13 ‫‏‬: ‎978-
8527734059, 2018.

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