Você está na página 1de 18

BIOSSEGURANÇA

EQUIPAMENTOS E SEGURANÇA NAS


INSTALAÇÕES HOSPITALARES

-1-
Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:

1- Conhecer os principais equipamentos de segurança obrigatórios;

2- Identificar os símbolos da Biossegurança usados atualmente;

3- Diferenciar os tipos e os modelos dos equipamentos utilizados em ambientes com riscos à saúde.

Imagine que um ente querido seu vai ao hospital para se curar e volta infectado com o vírus HIV+ por

displicência dos agentes de Saúde; uma aluna de mestrado foi para o laboratório fazer os experimentos de sua

tese e teve 70% do braço queimado por produtos químicos. Não podemos ser cúmplices destes casos que muito

comumente nos acompanham em nosso dia a dia. A segurança no ambiente de trabalho deve ser levada a sério.

Os riscos são reais e apenas percebidos quando estão próximos de nós. A responsabilidade é crucial para

evitarmos esses riscos diários. Aprender sobre os riscos e como evitá-los fará de você um profissional melhor no

exercício da profissão.

O símbolo da Biossegurança

O símbolo da Biossegurança (também chamado de símbolo do risco biológico) foi desenvolvido pelo engenheiro

Charles Baldwin, da Dow Chemical, em 1966, a pedido do Center for Disease Control - CDC- USA (New York

Times Magazine, 2001), buscando uma padronização na identificação de agentes biológicos de risco (Costa e

Costa, 2006).

Outros autores, porém, afirmam que foi criado por Emmett Barkley, no início da década de 1980, e que ele

representa, na realidade, três objetivas de um microscópio.

O ideal é que fosse desenvolvido um símbolo que não se alterasse com a posição da embalagem.

Vejamos abaixo os modelos gerados.

-2-
Fique ligado
Ao passar do tempo, percebemos que este símbolo deve significar não só o agente de risco
biológico, devido à abrangência da Biossegurança, como também químicos, físicos,
ergonômicos e psicossociais.

Diversidade de Símbolos de Biossegurança

Vejamos abaixo os mais encontrados no nosso dia a dia:

-3-
Figura 1 - Da esquerda para direita, de cima para baixo: Inflamável; Explosivo; Risco biológico; Risco de choque,
Corrosivo; Tóxico; Comburente; Irritante e Risco radioativo.

Alguns símbolos também devem ser usados dentro dos ambientes de trabalho, como:

Figura 2 - Da esquerda para direita, de cima para baixo: Uso obrigatório de luvas; Uso obrigatório de botas; Não
comer ou beber; Não fumar e Proibidad a entrada de pessoas não autorizadas.

Mapa de risco

-4-
As cores diferenciam os 5 tipos de riscos existentes e os círculos, em seus 3 tamanhos, servirão para identificar o

grau de cada risco. Vejamos:

Biológico

Figura 3 - Biológico

Químico

Figura 4 - Químico

Ergonômico

-5-
Figura 5 - Ergonômico

Físico

Figura 6 - Físico

Mecânico

-6-
Figura 7 - Mecânico

Mapa de risco

No momento de planejar um mapa de risco as cores e o tamanho dos círculos são extremamente importantes,

conforme o exemplo:

Métodos de contenção

-7-
Os métodos de contenção são dispositivos utilizados para diminuir ou anular os riscos de exposição de matérias

perigosas.

Os equipamentos podem ser de uso coletivo ou individual.

Têm-se o uso de recipientes adequados, o uso de materiais descartáveis e os EPIs (Equipamentos Proteção

Pessoais – que incluem, por exemplo, luvas, máscaras faciais, óculos de proteção, gorro, botas ou proteção de

sapatos), e ainda existe a CSB (Cabine de Segurança Biológica), que é usada principalmente para contenção de

materiais infecciosos decorrentes de procedimentos microbiológicos.

Basicamente, a CSB está dividida em três classes: I, II e III; cada qual com suas respectivas características que

serão descritas detalhadamente mais adiante.

Fique ligado
É importante lembrar que o estabelecimento primariamente deverá zelar pela segurança tanto
dos profissionais envolvidos quanto da sociedade em geral.
Para isso, o conhecimento e a avaliação dos procedimentos realizados são itens críticos para a
tomada de qualquer decisão, com o objetivo de que sejam aplicadas as recomendações
adequadas para cada ambiente.

Medidas de precaução

As amostras biológicas ou os agentes infecciosos provêm de partículas minúsculas, que podem se inserir no

corpo através das vias aéreas ou ainda, contaminar as roupas e o ambiente de trabalho, por isso, o conhecimento

prévio das vias de transmissão e dos agentes contaminadores auxilia para a idealização de medidas sensatas

diminuindo os riscos de propagação.

O descarte do lixo (que será detalhado na aula 7) deve ter grande importância e ser efetivado de maneira

adequada.

Além disso, precauções contra desastres naturais, como incêndio, inundação e terremotos necessitam ser

avaliados.

-8-
Fique ligado
São igualmente fundamentais para a diminuição à exposição de risco dos profissionais, da
sociedade e do meio ambiente:
• obter o conhecimento prévio das normas, dos riscos, dos níveis de
Biossegurança;
• proteção através de imunização;
• atenção redobrada ao manuseio, transporte e coleta de materiais
potencialmente perigosos.

Em ambientes onde deve haver o NB2 (Nível de Biossegurança 2), é proibido o uso de calçados abertos, como

sandálias ou chinelos, cabelos soltos, roupas com decotes e jalecos com mangas curtas.

Essas medidas devem ser tomadas não só com o profissional, mas também em seus respectivos setores, tais

como:

Laboratórios

A bancada de trabalho sempre deve estar limpa (preferencialmente com álcool 70%). Se acidentalmente, ocorrer

derramamento de materiais potencialmente perigosos, a limpeza e a descontaminação devem ser realizadas

imediatamente.

Hospitais

Todas as medidas de precaução devem ser tomadas de acordo com as peculiaridades de cada departamento. As

medidas devem objetivar sempre a minimização de propagação de agentes infecciosos.

Fique ligado
Faz parte dessas medidas, ainda, o uso indispensável dos equipamentos de proteção, tanto
individuais quanto coletivos, com o intuito de proteger os profissionais contra a exposição aos
materiais contaminantes.

É de extrema importância o conhecimento dos agentes que serão manipulados no ambiente, o treinamento

adequado dos profissionais, bem como seu nível de experiência e as funções que serão desempenhadas na

instituição.

-9-
Os equipamentos pertencentes à barreira de proteção primária são denominados EPC (Equipamentos de

Proteção Coletivos) e EPI (Equipamentos de Proteção Individual).

Eles deverão ser utilizados sempre que houver algum procedimento que represente risco à Saúde.

A seguir estudaremos cada um separadamente

Equipamentos de Proteção Coletivos

São equipamentos projetados para proteger a equipe dos riscos de contaminação, além de proteção ambiental e

dos produtos ou pesquisas desenvolvidas.

Existem diversos dispositivos destinados à proteção, dentre eles:

detector e contador de radiação (dosímetro) de área restrita;

ixeira de vários tamanhos com pedal para descarte de resíduos infectantes e de risco;

sistema de sinalização (também escrito em Braile) e termômetro e medidor de umidade da área.

- 10 -
Equipamentos de Proteção individual

São definidos como todos e quaisquer materiais de uso individual, que se designa a proteger a integridade física

do profissional. Devem ser utilizados com suas respectivas finalidades e adequados para a atividade do

profissional.

Geralmente está ligado à prevenção de traumas físicos, exposição a materiais biológicos e produtos químicos.

Seu uso é obrigatório e por isso, antes de serem usados, os funcionários devem ser treinados apropriadamente.

- 11 -
Fique ligado
É de responsabilidade da empresa fornecer o EPI adequado, treinar os profissionais, fiscalizar
se o uso empregado está correto e repor materiais com danos. E em contrapartida, o
funcionário é responsável por seu uso adequado e conservação dos equipamentos. Os
principais serão apresentados a seguir.

Cabine de Segurança Biológica

Dentre os equipamentos projetados para a segurança dos funcionários, este é o dispositivo básico empregado

para conter agentes infecciosos oriundos de diversos procedimentos.

Vejamos as características de cada classe.

Classe I

- 12 -
Tem como característica ser funcional para o funcionário e o meio de trabalho, devem conter lâmpada UV e

exaustor com filtro HEPA (High Efficiency Particulate Air).

Classe II

Deve ser utilizada para grupos microbiológicos com riscos até grau 3, também deve conter lâmpada UV e filtro

HEPA.

Podem ainda ser subdivididas em:

Classe IIA

O fluxo de ar é reciclado do ambiente e seu fluxo é de 75 pés por minuto.

- 13 -
Classe IIB1

Nesta classe o fluxo é de 100 pés por minuto e 70% do ar reciclado deve ser eliminado pelo exaustor.

Classe IIB2

Como podem ser manipulados produtos químicos e radiomarcados, o ar é totalmente eliminado pelo exaustor e

é necessário, além do filtro HEPA, um pré-filtro.

- 14 -
Classe IIB3

é igual a classe IIB2, mas o fluxo de ar pode variar de 75 a 100 pés por minuto e o ar eliminado pelo exaustor

também é filtrado com HEPA.

Classe III

Tem como característica o manuseio de grupos pertencentes ao grau 4 de risco biológico e presença de DNA de

alto risco. Para isso, é totalmente fechada, com luvas acopladas e sem emendas para evitar a fuga de ar, filtros de

segurança máxima para a eliminação do ar, ventilação própria e pressão negativa, entre outros componentes.

Tudo para que haja contenção total.

- 15 -
A: Porta de luvas

B: Visor

C: Filtro HEPA de exaustão

D: Filtro HEPA de suprimento

E: Autoclave de dupla saída ou box de passagem

Cabine de Segurança Biológica

O ideal é que haja a combinação dos EPIs mostrados no .pdf com a CSB para a utilização durante os

procedimentos.

Mas, às vezes, não é possível a utilização da CSB, como em certos estudos de animais ou atividades em grande

escala do agente patológico, por isso são utilizados apenas os equipamentos de segurança pessoal, funcionando

como barreira primária entre o funcionário e os materiais infecciosos.

Ou seja:

Cabine de segurança Classes I e II:

São barreiras de proteção super eficientes que fornecem níveis elevados de proteção para a equipe e o meio

ambiente, mesmo sendo abertas, quando usadas de acordo com as normas.

Cabine de segurança Classe III:

Além dos efeitos das classes I e II, ainda oferece proteção contra contaminação externa dos materiais

manipulados dentro da cabine. É fechada onde os gases não penetram, proporcionando um nível elevado de

proteção para a equipe e o meio ambiente, quando usada de acordo com as normas.

Barreira de proteção secundária

Este tipo de contenção, fundamentalmente está associado à idealização e construções de instalações que

previnam riscos tanto para os funcionários quanto à sociedade e ao meio ambiente.

É de responsabilidade do laboratório que as acomodações estejam de acordo com a periculosidade dos materiais

ali manipulados, seguindo assim, seu respectivo nível de Biossegurança, ou seja, o tipo de barreira secundária

depende do grau de risco dos agentes presentes no ambiente de trabalho.

Os projetos das instalações deverão atender às necessidades específicas do estabelecimento, como por exemplo,

sistema de ventilação exclusivo, tratamento e descontaminação do ar diferenciado e zonas de acesso restritas,

que serão descritas com mais detalhes nas próximas aulas.

Fique ligado

Barreira (ou contenção) primária: Está relacionada ao nível de conhecimento e ao uso de

- 16 -
Barreira (ou contenção) primária: Está relacionada ao nível de conhecimento e ao uso de
equipamentos de segurança (individual ou coletivo);
Barreira (ou contenção) secundária: Está relacionada à infraestrutura do ambiente de
trabalho.

Planejamento de construção das instalações

O planejamento para a construção das instalações funciona como uma espécie de barreira secundária, que além

de resguardar a própria equipe, protege também a sociedade dos agentes, que podem ser contaminantes.

É necessário que o responsável do laboratório obtenha instalações adequadas para o trabalho dos funcionários e

deve ainda, obedecer às normas do nível de biossegurança, de acordo com os materiais manuseados no

ambiente.

Saiba mais
As barreiras impostas são diretamente relacionadas com o risco de contaminação dos agentes
manipulados. Para a maior parte dos laboratórios, o Nível de Biossegurança está entre 1 e 2,
onde a maioria dos riscos de exposições estarão vinculados com o contato direto com os
agentes ou exposições imprevistas através de um meio de trabalho contaminado.

Neste caso, o laboratório deverá incluir uma área de trabalho isolada do acesso público e uma área de

descontaminação, contendo, por exemplo, uma autoclave.

Portanto, na hora em que o projeto for elaborado, os engenheiros encarregados em conjunto com o responsável

do laboratório deverão levar em consideração os riscos biológicos que a sociedade e a equipe estão expostas.

Além disso, devem estar atentos às recomendações de acordo com o nível de Biossegurança, ou seja, quanto mais

elevado for o nível, necessita de maior atenção e projetos mais específicos, aumentando desse modo, a barreira

de proteção.

Execução do projeto

Tão importante quanto o uso adequado dos equipamentos de segurança, as condutas exatas de manuseio e

manipulação de materiais, postura no trabalho, técnicas bem executadas, treinamento rigoroso e normas bem

estabelecidas, estão as instalações apropriadas no espaço físico no ambiente de trabalho.

- 17 -
Antes de elaborar um projeto é necessário um estudo aprofundado do espaço físico e as necessidades elétricas,

hidráulicas, sistemas de ventilação e distribuição de equipamentos, de acordo com cada estabelecimento, ou seja,

as instalações específicas devem estar adequadas com os riscos envolvidos no recinto.

Com o avanço da Microbiologia associada à evolução da Engenharia Arquitetônica, foi possível desenvolver

projetos cada vez mais exclusivos e conscientes da necessidade de redução da exposição de riscos dos

profissionais e do meio ambiente.

Após a realização do projeto, ele deve ser enviado para a avaliação e possível aprovação da vigilância sanitária

local, ou seja, o pré-projeto deve ser aprovado pelo responsável do estabelecimento e atender os pré-requisitos

legais.

Alguns padrões básicos devem ser adotados em determinados ambientes.

O que vem na próxima aula


•As normas que regulamentam a Biossegurança;

•O diagnóstico inicial da segurança no ambiente hospitalar;

•Os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do trabalho (SESMT) e as Comissões

Internas de Prevenção de Acidentes (CIPA).

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Conheceu os equipamentos de segurança obrigatórios em um ambiente vulnerável;
• Visualizou os principais equipamentos, tipos e modelos utilizados em ambientes pertinentes aos riscos à
saúde;
• Conheceu os símbolos da Biossegurança usados atualmente e um pouco da arquitetura hospitalar.

- 18 -

Você também pode gostar