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Introdução a biossegurança

ORIGENS DA BIOSSEGURANÇA
Toda atividade laboral apresenta riscos
inerentes à sua natureza. Esses riscos têm o
potencial de influenciar tanto a qualidade
da execução quanto a saúde e o bem-estar
do praticante ou do destinatário final
RISCO

o risco é a possibilidade de um indivíduo ser exposto a um objeto ou circunstância danosos à sua saúde,
ao resultado do seu labor ou ao ambiente.
HISTÓRIA DA BIOSSEGURANÇA

Revolução Industrial Primeira Guerra Mundial


(século XVIII e XIX) (1914-1918)
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL (SÉCULO XVIII E XIX)

• Com os avanços tecnológicas vieram condições de


trabalho perigosas e insalubres para os trabalhadores,
incluindo exposição a produtos químicos tóxicos, poeira,
fumaça e outros agentes nocivos.

• O aumento nas lesões e doenças ocupacionais, levaram


à necessidade de desenvolver práticas e políticas para
proteger a saúde e segurança dos trabalhadores.
incluindo medidas como o uso de (EPIs), melhorias
estruturais e regulamentações sobre segurança no local
de trabalho.
Os estudos e avanços sobre segurança do
trabalho têm uma história que remonta ao final
do século XIX, quando começaram a surgir
preocupações com as condições de trabalho nas
fábricas durante a Revolução Industrial. Naquela
época, ocorreram movimentos e legislações para
melhorar a segurança e saúde dos trabalhadores,
com destaque para a Lei britânica de Saúde e
Moradia de 1802.
PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914-1918)

• Durante a Primeira Guerra Mundial, houve um


aumento dramático no estudo de compostos
químicos, como gás venenoso. Isso levou ao
desenvolvimento e uso em larga escala de
substâncias perigosas, criando a necessidade de
pesquisas dos efeitos nos seres humanos e no
meio ambiente.

• Os avanços na medicina militar e na cirurgia de


campo também foram acelerados durante a
guerra, levando a uma maior conscientização
sobre a importância da higiene e esterilização para
prevenir infecções e doenças entre os soldados.
DESENVOLVIMENTO CIENTIFICO
E A BIOSSEGURANÇA
Ao longo da história do desenvolvimento técnico-
científico, diversos pesquisadores contribuíram
significativamente para a compreensão da natureza e
dos riscos laboratoriais associados à manipulação de
diversos compostos.
Fritz Haber Marie Curie &Pierre Curie
Esses cientistas, entre outros, contribuíram para a
compreensão dos riscos laboratoriais e dos perigos
associados à manipulação de diversos compostos ao
longo da história. Suas descobertas e pesquisas
ajudaram a orientar práticas de segurança laboratorial
e regulamentações para proteger a saúde dos
trabalhadores e do público em geral.

Albert Hofmann Louis Slotin


Harry Daghlian
TEORIA MICROBIANA DA DOENÇA
• A teoria dos germes, também conhecida como teoria
microbiana da doença, foi desenvolvida principalmente
durante o século XIX. Ela postula que muitas doenças são
causadas por microrganismos, como bactérias, vírus, fungos
e protozoários.

• Essa teoria teve um profundo impacto na medicina, na


saúde pública e nas práticas de higiene. A aceitação
generalizada dessa teoria levou a avanços significativos na Louis Pasteur Robert Koch
prevenção, tratamento, controle de doenças infecciosas e
desenvolvimento de práticas de manipulação segura.

Joseph Lister
• Na área da saúde começaram a ganhar mais
atenção e desenvolvimento a partir do século XX,
à medida que se reconhecia a necessidade de
proteger não apenas os trabalhadores industriais,
mas também os profissionais de saúde e os
pacientes.

• A expansão dos cuidados de saúde, a


diversificação dos procedimentos médicos e a
crescente preocupação com a prevenção de
infecções hospitalares contribuíram para a
consolidação desses estudos.
SURGIMENTO DA BIOSSEGURANÇA

A biossegurança como campo formal começou a


surgir na década de 1970, principalmente em
resposta a preocupações crescentes sobre a
manipulação segura de agentes biológicos
perigosos, como patógenos virulentos e organismos
geneticamente modificados.

• Surto de varíola e preocupações com bioterrorismo


• Recomendações de segurança de laboratório
• Regulamentações governamentais
• Desenvolvimento de treinamento e educação
• Expansão para incluir organismos geneticamente modificados
(OGMs)
DEFINIÇÃO

A Biossegurança corresponde a um
conjunto de ações que busca prevenir,
minimizar ou eliminar riscos inerentes
às atividades de pesquisa, produção,
ensino, desenvolvimento tecnológico e
prestação de serviços, visando à saúde
humana, animal e vegetal, à
preservação do meio ambiente e à
qualidade dos resultados.
A FUNÇÃO DA BIOSSEGURANÇA

A biossegurança é crucial para garantir a segurança


dos profissionais de saúde, dos pacientes e do
ambiente em que ocorrem os serviços de saúde. O
estudo dos riscos é fundamental nesse contexto,
uma vez que o risco se refere à possibilidade de
exposição a elementos ou situações prejudiciais à
saúde, ao desempenho do trabalho ou ao meio
ambiente.
RISCOS E PERIGOS NA PRÁTICA LABORAL

A Norma Regulamentadora 32 (NR-32)


é a portaria do então Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE), publicada
no ano de 2005, que trata da Segurança
do Trabalho no Serviço de Saúde.
A NR-32 estabelece diretrizes
básicas, para que os serviços de
saúde possam lidar da melhor
maneira com os riscos ocupacionais
com os quais são frequentemente
expostos.
CONCEITO DE PERIGO
Além do conceito de risco, é essencial compreender o
conceito de perigo, que representa a fonte do risco.
Reconhecer e identificar os perigos é fundamental para
uma compreensão mais profunda do problema em
questão, uma vez que entender as origens dos danos é
crucial para a implementação de medidas preventivas
eficazes. Identificar os perigos permite antecipar
possíveis situações de risco e implementar estratégias
para mitigá-las, promovendo assim um ambiente mais
seguro e saudável.
TIPOS DE RISCOS
Os riscos ocupacionais podem ser
classificados em biológicos, físicos,
mecânicos (ou de acidentes), químicos,
ergonômicos e até psicossociais
ACIDENTE
Na biossegurança, um acidente é definido como qualquer evento não intencional que resulte na exposição a
agentes biológicos perigosos, produtos químicos tóxicos, radiações ionizantes, ou outros materiais que
possam representar um risco para a saúde humana, animal ou ambiental. Isso pode incluir situações como:

• Exposição a agentes biológicos em ambientes de laboratório, instalações de saúde ou outras configurações.

• Derramamento de produtos químicos perigosos que podem contaminar o ambiente ou expor trabalhadores.

• Exposição a radiações ionizantes de fontes radioativas ou dispositivos médicos.

• Lesões relacionadas ao trabalho durante atividades laboratoriais.


ESTRUTURAS E INFRAESTRUTURAS NOS LABORATÓRIOS

Observa-se que os acidentes ocorrem frequentemente


devido ao desconhecimento dos tipos de riscos aos
quais os trabalhadores estão diariamente expostos,
tornando-os incapazes de evitá-los. Diante dessa
realidade, a Portaria nº 05, de 17 de agosto de 1992,
do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE),
estabelece a obrigatoriedade da elaboração de Mapas
de Riscos para as empresas que contam com a
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA).
MAPAS DE RISCO
Os Mapas de Riscos são representações, em gráficos ou tabelas, que apontam os riscos existentes em um
determinado ambiente de trabalho, sendo preferencialmente expostos em locais de maior visualização por parte
dos estudantes ou profissionais que circulam por essas áreas, a fim de que todos sejam orientados sobre os tipos
de riscos, o grau e onde eles se encontram

Grau de intensidade em três categorias:

- Círculo pequeno → Leve

- Círculo médio → Moderado

- Círculo grande → Elevado

- Risco físico → Cor verde


- Risco químico → Cor vermelha
- Risco biológico → Cor marrom
- Risco ergonômico → Cor amarela
- Risco de acidentes → Cor azul
ELABORAÇÃO DE MAPAS RISCOS

Esses dois parâmetros são utilizados conjuntamente para a elaboração desses mapas. É imprescindível considerar
os seguintes tópicos para sua elaboração:

1. Conhecer os setores do ambiente;


2. Enumerar as etapas de produção;
3. Listar os riscos existentes;
4. Elaborar o mapa;
5. Analisar os riscos;
6. Fazer um relatório explicando cada um deles;
7. Mostrar as atividades aos trabalhadores ocupantes dos espaços;
8. Implantar;
9. Acompanhar;
10. Avaliar as ações dos usuários.
SINALIZAÇÃO

A sinalização é uma medida rápida e eficaz


para evitar acidentes em ambientes de
risco, utilizando símbolos e placas. É
fundamental que todos os laboratórios com
qualquer tipo de risco tenham placas de
sinalização de segurança em suas
instalações.
LOCALIZAÇÃO
A construção de ambientes sujeitos a riscos deve ser
cuidadosamente avaliada. Para garantir que esses ambientes sejam
estruturados com segurança e propícios para práticas adequadas, é
crucial seguir medidas de segurança, como a utilização do Programa
de Necessidade, amplamente empregado por arquitetos em seus
projetos.
AMBIENTE DE LABORATÓRIO
O ambiente de um laboratório requer limpezas periódicas para assegurar a ausência de agentes potencialmente
prejudiciais aos frequentadores. Além disso, é essencial que o laboratório disponha de recursos adequados para
realizar a esterilização e desinfecção das instalações e equipamentos, garantindo um ambiente seguro e livre de
contaminações
Assepsia e antisepsia são dois conceitos relacionados à prevenção da contaminação por microorganismos,
mas cada um se aplica em contextos diferentes:

A assepsia é um conjunto de medidas para


prevenir a entrada ou contaminação de
microrganismos em ambientes médicos, como
salas de cirurgia. Isso inclui esterilização de
instrumentos, uso de campos estéreis e limpeza
adequada de superfícies. Essas práticas são
essenciais para garantir a segurança dos pacientes
e a eficácia dos procedimentos.
ANTISSEPSIA

A antissepsia envolve a aplicação de agentes antissépticos em tecidos vivos, como pele ou mucosas, para reduzir
ou inibir o crescimento de microrganismos e prevenir infecções. Isso é feito antes de procedimentos invasivos,
como injeções ou cirurgias menores. Exemplos de antissépticos incluem álcool isopropílico, iodo, clorexidina e
peróxido de hidrogênio
ESTERILIZAÇÃO OU DESINFECÇÃO
É comum observar que os termos esterilização e desinfecção sejam usados com o mesmo significado.
No entanto, há uma diferença entre eles. A esterilização refere-se à eliminação ou destruição completa
de todas as formas de vida microbiana e é realizada no próprio serviço de saúde. Por outro lado, a
desinfecção não é capaz de eliminar endósporos bacterianos.
Existem diferentes tipos de esterilização
DESINFECÇÃO
A desinfecção é o processo de eliminação de microrganismos patogênicos de um artigo ou objeto, tornando-o
seguro para uso por pacientes e profissionais de saúde. Este processo é parte de uma série de etapas que
incluem a limpeza, desinfecção e esterilização. A limpeza é essencial para garantir a eficácia dos estágios
subsequentes de descontaminação.

Limpeza desinfecção Esterilização


MEDIDAS DE PRECAUÇÃO PADRÃO (MPP)

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) publicou um conjunto de diretrizes a serem seguidas
pelos serviços de saúde para o isolamento e prevenção de profissionais e pacientes contra patologias.
As Medidas de Precaução Padrão são diretrizes
essenciais para prevenir Infecções Relacionadas à
Assistência à Saúde (IRAS) durante a manipulação
de sangue, excrementos, secreções e contato com
mucosas e pele não íntegra, independentemente
do diagnóstico do paciente. Incluem a
higienização das mãos, uso de Equipamentos de
Proteção Individual (EPI), imunização e
procedimentos adequados após exposição a
material biológico
HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS
A higienização das mãos é fundamental para prevenir a propagação de doenças, pois as mãos são uma
importante via de transmissão de microrganismos. Além de remover patógenos, também elimina sujeira e
outras impurezas. Atualmente, o termo "higienização das mãos" é preferido, pois engloba diferentes
métodos, como a lavagem simples, a higienização antisséptica e a fricção com solução alcoólica.
USO DOS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO (EPI E EPC)

O uso adequado de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e Coletiva (EPC) é crucial para prevenir
infecções e acidentes no ambiente de saúde. EPIs, como luvas e máscaras, protegem principalmente o usuário,
enquanto EPCs, como extintores de incêndio e chuveiros de emergência, visam proteger todos os funcionários.
O uso incorreto ou a falta desses equipamentos pode representar um risco para a saúde de profissionais e
pacientes.

EPI’s EPC’s
IMUNIZAÇÃO

A NR nº 32, regulamentada pelo Ministério do


Trabalho, estabelece que todos os profissionais de
saúde, devido à exposição frequente a diversas
doenças no ambiente de trabalho, devem estar
completamente vacinados com todas as vacinas
comprovadamente eficazes. No Brasil, as vacinas
são disponibilizadas gratuitamente pelo Sistema
Único de Saúde (SUS) ou pelo empregador,
seguindo as diretrizes do Ministério da Saúde (MS).
CONDUTAS PÓS-EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL A MATERIAL BIOLÓGICO

Os profissionais de saúde enfrentam um risco aumentado


de contrair doenças ocupacionais, como AIDS, hepatite B e
hepatite C, devido ao contato constante com sangue e
secreções orgânicas durante suas atividades laborais.

Eles podem ser expostos a esses materiais biológicos de


várias maneiras, incluindo lesões percutâneas com
materiais perfurocortantes, respingos em mucosas como
boca, nariz e olhos, contato direto com pele não íntegra e
mordeduras humanas, especialmente se houver presença
de sangue.
BARREIRAS FÍSICAS DE PROTEÇÃO

O uso de barreiras físicas é recomendado devido à alta


prevalência de respingos e aerossóis durante
procedimentos, além do contato constante das mãos
com superfícies e objetos. Essa prática visa controlar
contaminações em torno do profissional e paciente,
reduzindo o risco de contaminação cruzada. Elas
devem ser aplicadas em superfícies usadas durante o
atendimento, como botões de equipamentos, alças de
cadeira, bancadas e instrumentos.
RADIOPROTEÇÃO

Os profissionais de saúde que trabalham em setores de hemodinâmica, diagnóstico por imagem e hospitais estão
mais expostos aos efeitos crônicos da radiação ionizante devido às frequentes exposições. Por isso, são necessárias
medidas de proteção para garantir sua segurança.
COMPONENTES DE SEGURANÇA

As instalações devem contar com extintores de incêndio,


chuveiros de emergência, lava-olhos de emergência,
detectores de alarme, sinalização de emergência, kits de
primeiros socorros, entre outros recursos, sempre em
conformidade com os riscos presentes no ambiente.
CONCLUSÕES
A Biossegurança em serviços de saúde engloba práticas e medidas para proteger tanto os profissionais
quanto o meio ambiente em ambientes com potenciais riscos. É essencial que locais de prática clínica e
laboratorial sigam critérios específicos para minimizar os riscos e prevenir acidentes.

No entanto, desafios como experiência, idade e jornada de trabalho podem levar a comportamentos
inadequados, comprometendo a segurança de todos no ambiente de trabalho, o que representa um dos
principais desafios da Biossegurança.
OBRIGADO

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