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Formação Básica para

membros de COSAT
Parte I
Escola de Desenvolvimento
PROGESP

Gerson Rocha
Responsável Técnico
Divisão de Segurança do Trabalho/DAS/PROGESP

SETEMBRO/NOVEMBRO-2014
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO 3
*SOBRE O RESPONSÁVEL TÉCNICO 4
BREVE HISTÓRICO DA SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO 5
- Até chegarmos a UFRGS 5
Três momentos importantes na História da Saúde e Segurança do Trabalho 7
A SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO NA UFRGS JÁ TEM 25 ANOS 9
REGULAMENTO COMENTADO DAS COMISSÕES DE SAÚDE E AMBIENTE DE
TRABALHO E DO CONSSAT – CONSELHOS DE SAÚDE E AMBIENTE DE TRABALHO.
VER ORIGINAL DA Portaria nº 1992 de 19 de maio de 1997 em: 10
Conceitos Fundamentais em Saúde, Higiene e Segurança do Trabalho 18
ACIDENTE DO TRABALHO 19
ACIDENTE EM SERVIÇO 19
CONCEITO PREVENCIONISTA DE ACIDENTE DO TRABALHO 20
INCIDENTE OU QUASE ACIDENTE 20
O Formulário de Acidente e Incidente em Serviço – FAIS 21
CAUSAS DE ACIDENTES e INCIDENTES DO TRABALHO 22
OS RISCOS AMBIENTAIS 22
OS RISCOS OCUPACIONAIS 24
RISCOS FÍSICOS 24
RISCOS QUÍMICOS 27
RISCOS BIOLÓGICOS 31
RISCOS ERGONÔMICOS 35
Assédio moral no trabalho 36
RISCOS DE ACIDENTES 37
OUTROS FATORES CAUSAIS DOS ACIDENTES DO TRABALHO 39
MEDIDAS DE CONTROLE DOS RISCOS E PERIGOS. 47
COMPREENDENDO OS CONCEITOS DE PERIGO, RISCO E A EFICIÊNCIA DAS
MEDIDAS DE CONTROLE DOS RISCOS 49
INSPEÇÃO DE SEGURANÇA 50
MAPA DE RISCOS 54
A SEGUIR, UM CHECK-LIST PARA REALIZAR SEU PRIMEIRO MAPA DE RISCOS. 59
Desenhando o Mapa de Ricos
INVESTIGAÇÃO DOS ACIDENTES e INCIDENTES DO TRABALHO 67
AS NORMAS REGULAMENTADORAS DE SEGURANÇA DO TRABALHO. 68
A GESTÃO DE QUALIDADE NA UFRGS COM PILAR CONDICIONANTE NA SAÚDE E
SEGURANÇA DA COMUNIDADE UNIVERSITÁRIA 71
CONCLUSÃO 73
GLOSSÁRIO 74
BIBLIOGRAFIA 80

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APRESENTAÇÃO

Caro(a) Servidor(a)

Não podemos negar que a prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao


trabalho é fundamental para a qualidade de nossa Instituição.

Normativas atuais, isoladas ou em conjunto através de sistemas de gestão


integrados, vêm buscando dotar as empresas de sistemas de gerenciamento de
riscos e perigos, como base da qualidade dos processos produtivos e dos produtos a
serem ofertados ao mercado consumidor.

A Universidade Federal do Rio Grande do Sul tem como meta especial, a produção
do conhecimento, através do ensino, da pesquisa e da extensão e não pode
dispensar como parâmetro da qualidade, a qualidade de vida no ambiente de trabalho
e de ensino, através da produção deste conhecimento com respeito as condições
mínimas de saúde e segurança nos processos.

Conhecer o campo da Saúde e Segurança do Trabalho e expandir para mais e


mais pessoas, é fundamental para que a gestão da univerdade, se qualifique
constantemente a partir da escolha de procedimentos gerenciais cada vez mais
modernos e internacionalmente preconizados.

A via educacional para a conquista de ambientes mais seguros e menos poluidores


é a mais eficiente, somada à experiência e a capacidade desta Instituição de Ensino e
Pesquisa para alcançar estes objetivos.

O objetivo desta “Formação Básica em Saúde e Segurança no Ambiente


Universitário com Oficina de Mapa de Riscos” é criar as condições necessárias para
que os participantes desenvolvam diversas competências, em especial:

Conhecimento: Entender a importância da incorporação da Saúde e Segurança


do Trabalho – SST na Gestão das Unidades e da UFRGS com a ação das COSATs –
Comissões de Saúde e Ambiente Trabalho.

Atitudinal: Agir para as mudanças necessárias para a incorporação da SST na


gestão das Unidades e da UFRGS.

Operacional: Planejar as ações necessárias e suficientes para a incorporação da


SST na gestão das Unidades e da UFRGS.

O desenvolvimento permanente destas competências permitirá a transformação


gradativa dos ambientes de trabalho em ambientes saudáveis e seguros. A produção
da UFRGS tomará um patamar mais elevado, o exemplo ao corpo discente que
carrega consigo a Universidade além de seus muros representará também para a
sociedade, outro nível do que chamamos de qualidade, aquela baseada no respeito
ao ser humano trabalhador. Isto passaria a ser um grande passo na qualificação da
nossa Universidade.

Gerson Luiz Santos Rocha*

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*SOBRE O RESPONSÁVEL TÉCNICO

Gerson Luiz Santos Rocha é Servidor da Universidade Federal do Rio Grande do


Sul desde 1984 e atua desde 1991 como Técnico em Segurança do Trabalho, lotado
na Divisão de Segurança do Trabalho do Departamento de Atenção à
Saúde/PROGESP. Sua formação como Técnico em Segurança do Trabalho foi na
antiga Escola Técnica da UFRGS e após graduou-se em Direito pela PUC/RS e é
licenciado pela OAB/RS para o exercíco da Advocacia. É Especialista em Gestão de
Serviços de Saúde pela Faculdade de Administração da UFRGS onde apresentou
monografia sobre a produção da Comunidade da UFRGS no campo da saúde .
Exerceu os cargos de Diretor de Capacitação, Diretor da Divisão de Segurança do
Trabalho e do antigo DACOM, hoje DAS/PROGESP. Ao longo deste tempo, exerceu
cargos de direção na ASSUFRGS e participou da criação do GT Saúde da
ASSUFRGS, tendo sido o relator do Regulamento das COSATS. Apresentou as
COSATs em Crongressos e Encontros da FASUBRA e na ASSUFRGS. Propôs a
criação da Coordenação de Saúde e Segurança do Trabalho que foi aprovada junto
com a de Formação Política e Sindical existente até hoje na ASSUFRGS. Elaborou o
programa e ministrou o primeiro Curso de Formação das COSATs e já ministrou cerca
de 33 cursos de formação em saúde e segurança do trabalho e oficinas de
Mapeamento de Riscos, tendo capacitado mais de 900 servidores da
UFRGS.Atualmente é aluno de Mestrado Profissional em Saúde e Desenvolvimento
Humano, com Bolsa Capacitação da EDUFRGS/PROGESP.

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BREVE HISTÓRICO DA SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
- Até chegarmos a UFRGS

• Desde a Antiguidade greco-romana, o trabalho já era visto como um fator


gerador e modificador das condições de viver, adoecer e morrer dos homens.
 Há mais de 460-370 a.C. – Hipócrates (460 a 377 a.C,) – Livro ÁRES,
ÁGUA e LUGARES – fez menção à existência de moléstias entre mineiros e
metalúrgicos.

• 1556 - De Re Metallica, obra de Georg Bauer (Georgius Agricola) - faz
referência a doenças pulmonares em mineiros, com descrição interessante de
sintomas que hoje atribuímos à silicose, e que Agrícola denominou asma dos
mineiros.
• 1567 – PARACELSO - descreve também doenças de mineiros da região da
Boêmia e a intoxicação pelo mercúrio.

• 1700 – BERNARDINO RAMAZINE – De Morbis Artificum Diatriba – AS


DOENÇAS DO TRABALHADORES – Pai da Medicina do Trabalho – Descreveu
mais de 50 profissões, as doenças relacionadas e fez destaque das condições
sociais dos trabalhadores da época.
Ramazzine estabeleceu a seguinte
indagação:

Que arte exerce? Qual a sua ocupação?

1760 a 1850 – Revolução Industrial –


Máquina à Vapor – Relação Capital x
Trabalho

Em toda a Europa, principalmente na


Alemanha, mas também na França e na
Inglaterra, difunde-se a doutrina da Medicina
de Estado, baseada em ideólogos como
PETTY que afirma; "...uma população
saudável é sinônimo de opulência e poder".

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Vivia-se a preocupação com a urbanização crescente, com as questões de alimento
para o povo, saneamento, as grandes epidemias (FOUCAULT, 1987). A medicina
começa a se tornar coletiva, urbana, social (MENDES, 1994)

E é justamente aí, que surge um fato novo, que modificaria todo um sistema
econômico mundial, com reflexos sociais e para a saúde das populações européias: a
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Características:

o a ascensão de uma economia industrial que, para a maioria dos autores, tem seu
período marcante entre 1760 e 1850.
o o trabalho artesanal, onde o homem era detentor de todo o processo, dá lugar a um
processo industrial com profundas modificações sociais.
o a preocupação com a força de trabalho, com as perdas econômicas suscitou a
intervenção dos governos dentro das fábricas.

Com a REVOLUÇÃO INDUSTRIAL surge uma nova situação: o trabalho em


ambientes fechados, às vezes confinados, a que se chamou de fábricas. O êxodo
rural, as questões urbanas de saneamento e de miséria se juntaram a outro grande
problema: as péssimas condições de trabalho (e ambiente) alterando o perfil de
adoecimento dos trabalhadores que passaram a sofrer acidentes e desenvolver
doenças nas áreas fabris, como por exemplo, o tifo europeu (na época chamado
febre das fábricas)

A maioria da mão de obra era composta de mulheres e crianças que sofriam a


agressão de diversos agentes, oriundos do processo e/ou ambiente de trabalho. Em
1831, C. Turner Thackrar, médico inglês, em sua obra "Os efeitos das artes, ofícios e
profissões e dos estados civis e hábitos de vida sobre a saúde e a longevidade",
revelou as lamentáveis condições de vida e de trabalho na cidade de Leeds,
Inglaterra.

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TRÊS MOMENTOS IMPORTANTES NA HISTÓRIA DA SAÚDE E SEGURANÇA
DO TRABALHO

MEDICINA DO TRABALHO

– Início do século XIX


 surgem os médicos em fábricas
 as primeiras leis de saúde pública que marcadamente abordavam a questão saúde
dos trabalhadores (Factory Act, 1833)
 a Medicina do Trabalho tinha aí seu marco inicial.

SAÚDE OCUPACIONAL

Início do Século XX

• O ideário marxista, o socialismo e comunismo, se contrapondo ao


capitalismo e a Primeira Guerra Mundial, fruto ainda do imperialismo herdado do
século passado determinaram profundas mudanças no panorama político-social de
todo o mundo.

• O movimento sindical emergente começou a expressar o controle social que


a força de trabalho necessitava.
As novas tecnologias, ao incorporaram novos processos de trabalho, geravam
riscos que culminavam em acidentes de trabalho e doenças profissionais.

• A expansão e consolidação do modelo iniciado com a revolução industrial e


com a transnacionalização da economia, faz surgir a necessidade de medidas e
parâmetros comuns, como regulamentação e organização do processo de trabalho,
que uniformizassem os países produtores de bens industrializados.

• Em 1919 foi criada a Organização Internacional do Trabalho, que já


reconhecia, em suas primeiras reuniões, a existência de doenças profissionais.
• Surgiu a organização científica do trabalho, o taylorismo e o fordismo,
convertendo o trabalhador de sujeito em objeto.
Desenvolviam-se os primeiros conceitos de Higiene Industrial, de Ergonomia e
fortalecia-se a Engenharia de Segurança do Trabalho.
• Tudo isto veio configurar um novo modelo baseado na interdisciplinaridade e
na multiprofissionalidade, a Saúde Ocupacional, que nasceu sob a égide da Saúde
Pública com uma visão bem mais ampla que o modelo original de Medicina do
Trabalho. Ressalte-se que esta não desapareceu, e sim ampliou-se somando-se o
acervo de seus conhecimentos ao saber incorporado de outras disciplinas e de outras
profissões.

A Saúde Ocupacional passava a dar uma resposta racional, científica, para


problemas de saúde determinados pelos processos e ambientes de trabalho e através
da Toxicologia e dos parâmetros instituídos como limites de tolerância, tentava-se

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quantificar a resposta ou resistência do homem trabalhador aos fatores de risco
ocupacionais.

A SAÚDE DO TRABALHADOR

Década de 60

Por força dos movimentos sociais discutia-se desde o modelo de sociedade até o
próprio significado intrínseco do trabalho, sentia-se a necessidade da maior
participação dos trabalhadores e da sociedade como um todo, na discussão das
grandes questões atinentes à área.

Década de 70 - Movimento Operário Italiano

• Irrompeu na Itália um movimento de trabalhadores exigindo maior


participação nas questões de saúde e segurança, o que resultou em mudanças na
legislação, tais como a participação das entidades sindicais na fiscalização dos
ambientes de trabalho, o direito à informação (riscos, comprometimento ambiental,
mudanças tecnológicas) e, finalmente, melhoramento significativo nas condições e
relações de trabalho.

• A Saúde do Trabalhador surgiu também como um novo enfoque de proteção


de homens e mulheres, à luz da pressão do capital.
• Os trabalhos de Laurell & Noriega incorporaram marcadamente esta
discussão-resistência e influenciaram pesquisadores e sanitaristas de toda a América
Latina contribuindo para determinar o objeto da saúde do trabalhador como o estudo
do processo saúde-doença dos grupos humanos sob a ótica do trabalho,

Saúde do Trabalhador é a área de conhecimento e aplicação técnica que dá conta


do entendimento dos múltiplos fatores que afetam a saúde dos trabalhadores e seus
familiares, independente das fontes de onde provenham, das conseqüências da ação
desses fatores sobre tal população (doenças) e das variadas maneiras de atuar sobre
estas condições..."

Brasil - Início da década de 70

• Movimento Sanitário, que, inspirado nos princípios da Conferência de


Alma-Ata (1978) e na própria luta interna pelos direitos de cidadania do brasileiro,
entre os quais o de acesso à saúde, gestaram a proposta de Reforma sanitária
brasileira, buscando a integralidade da assistência e superação do modelo dicotômico
- Medicina preventiva, medicina curativa.
• Movimento Sindical, processo que não por acaso iniciou-se no ABC
paulista, a partir das grandes greves de 1978 nas indústrias automobilísticas, e que
se espalharam por boa parte do território nacional a partir daí.

TRAJETÓRIA DA SST NO BRASIL

No Brasil a história da proteção do trabalhador é relativamente recente, tanto que


só depois da Primeira Guerra Mundial e em decorrência da assinatura do Tratado de
Versailles (1919), que criou a Organização Internacional do Trabalho em Genebra, é

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que se cogitou sobre a necessidade de medidas legais relativas à proteção dos
trabalhadores, os quais, então, começavam a se concentrar nas cidades.
A partir de 1930 a produção de instrumentos legais foi intensa e qualificada,
introduzindo a modernização dos temas tratados, mas também, a forma de
construção de alguns instrumentos normativos tais como a Lei 6.514/77, que altera o
disposto no Capítulo V do Título II da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT; a
Portaria nº 3.214/78, que aprova as Normas Regulamentadoras sobre Segurança e
Medicina do Trabalho - NR e a Constituição Federal de 1988, quando incluiu como
direitos e garantias fundamentais a saúde no seu sentido mais amplo.

Deve ser destacada a criação dos órgãos de SST (Serviço Especializxado em


Engenhafria de Segurança e em Medicina do trabalho - SESMT e a Comissão Interna
de Prevenção de Acidentes - CIPA) executores das políticas de segurança e saúde
no trabalho, assim como, também, o compartilhamento de ações entre os órgãos de
governo, entidades paraestatais, organizações representativas de categorias
econômicas e de trabalhadores e a sociedade.
Atualmente as empresas lançam-se para sistemas mais eficientes de gestão. Neste
aspecto a SST figura como ferramenta indispensável à saúde dos colaboradores, no
aumento da produtividade e na redução de custos que refletirá, necessariamente,
numa maior competitividade, crescimento do negócio e manutenção da saúde da
própria organização.

A SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO NA UFRGS JÁ TEM 25 ANOS

Desde 1988 a UFRGS tem na sua


estrutura administrativa um setor de
Engenharia de Segurança do Trabalho, hoje
denominado Divisão de Segurança do
Trabalho. Composto por 8 técnicos-
administrativos formados em Engenharia de
Segurança do Trabalho, Física e como
Técnicos em Segurança do Trabalho, faz
uma série de trabalhos técnicos visando
orientar a gestão na tomada de decisões e
também elabora os laudos de insalubridade, periculosidade e raios-x.
Ao longo deste tempo a UFRGS também teve a constituição das Comissões de
Saúde e Ambiente de Trabalho e dos Conselhos de Saúde e Ambiente de Trabalho a
partir da iniciativa do GT de Saúde da ASSUFRGS, ainda na década de 90 do século
passado.
Ao longo deste tempo, a UFRGS se estruturou e criou o Departamento de Atenção
à Saúde, que além da DST, tem as Divisões de Saúde e Junta Médica, Divisão de
Arenção Psicossocial ao Servidor, Medicina do Trabalho, Unidade do SIASS, além de
outros serviços de assistência, como o Ambulatório, Serviço Odontológico, Nutrição,
dentre outros.

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REGULAMENTO COMENTADO DAS COMISSÕES DE SAÚDE E AMBIENTE DE
TRABALHO E DO CONSSAT – CONSELHOS DE SAÚDE E AMBIENTE DE
TRABALHO. VER ORIGINAL DA Portaria nº 1992 de 19 de maio de 1997 em:
http://www.ufrgs.br/cosat/port.html

Título I
DA COSAT
Art. 1º - Os servidores (técnico-administrativos e docentes) da Universidade
organizarão na sua unidade, acadêmica e administrativa, e nos órgãos suplementares
da administração uma Comissão de Saúde e Ambiente de Trabalho, conforme
dimensionamento constante do Anexo I.

A organização por local de trabalho com o fim de equilibrar os


interesses entre o capital e o trabalho dentro das empresas, não é novidade. No
Brasil temos a CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, regulada
pela Portaria 3214/78, Norma Regulamentadora no. 5. A UFRGS é pioneira na
criação desta comissão, o que agora tem base legal na Norma Operacional do
Servidor, que instituiu a CISSP – Comissão Interna de Saúde e Segurança do
Servidor Público Federal, o que ainda não foi regulamentado.O disposto neste
item coloca a existência das COSATs nas unidades da UFRGS como obrigatória
desde 1997.

§1º - A COSAT é um órgão de natureza deliberativa sobre questões pertinentes à


saúde, à segurança e ao ambiente de trabalho. A COSAT tem como finalidade a
melhoria das condições de trabalho e do meio ambiente, buscando soluções que
promovam um estado de bem-estar físico, psíquico e social do trabalhador e a
qualificação do meio ambiente, tendo, principalmente, uma função preventiva.

A Comissão de Saúde e Ambiente de Trabalho é um órgão


independente, não subordinado à direção da Unidade ou aos sindicatos das
categorias dos docentes e técnico-administrativos. A busca da melhoria dos
ambientes de trabalho para que os mesmos não produzam adoecimento e
acidentes está acima de qualquer outro interesse e prioridade. Mesmo assim, a
COSAT deve ter ação séria, respeitando a Instituição e seus dirigentes e órgãos
constituídos, buscando o consenso, através de processos negociais, sem
perder a dimensão da proteção à vida e à saúde da comunidade. A COSAT
poderá definir soluções aos problemas encontrados, assim como buscar
diretamente nos órgãos da Universidade, as ações que entender necessárias.

§ 2º - Para efeitos deste regulamento as unidades acadêmicas e administrativas e


os órgãos suplementares da administração serão tratados genericamente como
Unidades.

Título II
DOS OBJETIVOS
Art. 2º As COSATs têm como objetivo:
I - observar e relatar condições de risco nos ambientes de trabalho;
II - solicitar e/ou propor medidas para eliminar, neutralizar e/ou reduzir os riscos à
saúde e à segurança das pessoas;

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III - investigar e discutir os comportamentos de risco, acidentes, incidentes e
doenças do trabalho e profissionais ocorridos, propondo medidas de prevenção
destes, bem como proceder aos devidos encaminhamentos;
IV - propor e realizar medidas de prevenção e promoção da saúde, individual e
coletiva, no ambiente acadêmico profissional;
V - assessorar à Comunidade Universitária na escolha consciente de seu
comportamento seguro e saudável;
VI - realizar cursos sobre prevenção de acidentes do trabalho e promoção da saúde
aos componentes da Unidade, com base nas suas peculiaridades, no que tange aos
riscos à saúde e à vida.
Parágrafo único - Para a implementação das medidas constantes nos incisos II e III,
IV e VI, as comissões deverão ser assistidas pelos serviços de segurança e de saúde
do trabalhador da Universidade, por instituições e profissionais da área da saúde e da
segurança do trabalhador e pelas entidades sindicais da categoria.

Título III
DAS ATRIBUIÇÕES
Art. 3º. As COSATs têm como atribuições:
I - analisar as condições de trabalho e do meio ambiente, identificando os riscos à
saúde e à segurança da comunidade, procurando eliminar ou controlar as suas
causas;
II - realizar o levantamento das condições ambientais com a participação dos
trabalhadores;
III - elaborar, semestralmente, o mapa de riscos ambientais da Unidade e de cada
dependência;
IV - realizar inspeção nas dependências da Unidade, dando conhecimento dos
riscos encontrados aos trabalhadores, quando houver denúncia de risco, ou por
iniciativa própria, notificando os serviços de segurança e de saúde do trabalhador;
V - relacionar-se com as entidades sindicais e/ou outras entidades/instituições para
discutir as medidas de eliminação e de controle dos riscos, o estabelecimento de
prazos e o acompanhamento das medidas negociadas;
VI - investigar, junto com as entidades sindicais e outras entidades/instituições e o
serviço de segurança e de saúde do trabalhador, as causas dos acidentes de trabalho
(incluindo o de trajeto) e das doenças relacionadas ao trabalho;
VII - investigar e/ou participar com o serviço de segurança e de saúde do trabalho
do levantamento de riscos ambientais de sua unidade, acompanhando a execução
das medidas de eliminação, de redução ou de neutralização dos riscos ambientais;
VIII - investigar e analisar os acidentes de trabalho e/ou incidentes, as doenças
profissionais ou do trabalho ocorridos, além de auxiliar, quando convidada, as demais
COSATs;
IX - sugerir as medidas de prevenção de acidentes e/ou incidentes do trabalho e
doenças profissionais ou do trabalho julgadas necessárias, por iniciativa própria ou
sugestão de outros servidores; e encaminhá-las à direção da Unidade e ao serviço de
segurança e saúde do trabalho;
X - realizar estudos epidemiológicos dos problemas de saúde identificados e
programar as ações de saúde ocupacionais e educativas, visando melhor qualidade
de vida da população Universitária;
XI - acompanhar e ter acesso aos resultados das avaliações ambientais;
XII - acompanhar, junto com as entidades sindicais e outras entidades/instituições,
as fiscalizações realizadas nos locais de trabalho, tendo acesso aos resultados ou
laudos periciais;

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XIII - fiscalizar e discutir as formas de produção e de organização do trabalho,
visando garantir a saúde, a segurança dos trabalhadores e a qualidade do meio
ambiente;
XIV - divulgar a todos os trabalhadores, de modo permanente, informações relativas
à saúde, à segurança no trabalho e ao meio ambiente;
XV - propor, na forma do Art. 33, a interdição, o embargo ou a recusa de ambientes
ou processos de trabalho e/ou máquinas, que apresentem risco grave e iminente.
§ 1º - Considera-se risco grave e iminente toda condição ambiental de trabalho que
possa causar acidente ou doença do trabalho e/ou profissional com lesão à
integridade física ou psíquica do trabalhador.
§ 2º - O trabalhador, na constatação de risco grave e iminente na execução de seu
trabalho, deverá encaminhar denúncia à COSAT de sua unidade para que a mesma
tome as medidas cabíveis.
XVI - Afixar nos quadros de aviso da unidade a íntegra das atas das reuniões da
COSAT e todo e qualquer documento ou informações relacionadas às condições de
trabalho e ao meio ambiente;
XVII - realizar, anualmente, a SECOSAT - Semana da Comissão de Saúde e
Ambiente de Trabalho na Unidade.
Parágrafo único - A SECOSAT em seu programa deverá difundir o trabalho das
Comissões e desenvolver um conjunto de atividades educacionais sobre as questões
de qualidade de vida no trabalho e das atividades acadêmicas, campanhas frente a
questões específicas, através dos segmentos da comunidade universitária,
promovendo a sua integração. A SECOSAT realizar-se-á durante uma semana no
horário de trabalho da Universidade;
XVIII - emitir a CAT - Comunicação de Acidente de Trabalho conforme regulamento
específico.

Ficou definido que o FAIS substitui a CAT com avanços, pois o FAIS
registra também os incidentes em serviço.

Título IV
DA COMPOSIÇÃO
Art. 4º - A composição da COSAT será escolhida livremente pelos servidores da
Unidade, que deverão privilegiar aqueles setores onde exista um maior grau de risco.

Nao é obrigatório privilegiar os setores de maior risco, mas é


importante priorizá-los nas ações da COSAT, respeitando assim a maior
efetividade da redução dos riscos mais graves.

Parágrado único - O dimensionamento da COSAT se dará por decisão da


comunidade da Unidade assistida pelo serviço de segurança e de saúde do
trabalhador da Universidade, observando os limites do anexo I e o grau de risco da
Unidade.

O dimensionamento da COSAT é livre, porém ela deverá sempre ter a


presença de Técnicos-Administrativos (poderá ser constituída somente de TAs)
e/ou Docentes (poderá ser constituída apenas de docentes), nao existe
proporcionalidade entre estas categorias, mas não poderá ser apenas de
alunos. A inexistência de alunos na COSAT não impede sua
consttuição.Sugere-se que não seja nem um grupo numeroso demais à ponto

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de dificultar as ações e a participação em reuniões, tampouco pequeno demais
que sobrecarregue os responsáveis.

Art. 5º - Haverá, em cada COSAT, tantos suplentes quantos forem os


representantes titulares, sendo a suplência específica de cada titular.
Art. 6º - O mandato dos membros da COSAT começará a contar a partir da
conclusão do curso de formação observando o disposto no art. 21 parágrafo único.
Art. 7º - O Presidente, o Vice-Presidente presidente e o Secretário da COSAT
serão escolhidos, dentre os eleitos, por voto direto e secreto.
Art. 8º - O Presidente será substituído pelo Vice-Presidente nos seus impedimentos
eventuais ou afastamentos temporários.
Art. 9º - O membro suplente substituirá o titular nos seus impedimentos.
Parágrafo único - O membro suplente da COSAT poderá participar das reuniões
sendo que, na presença do seu titular, não fará uso do voto, somente do direito de
manifestação verbal.
Art. 10 - Nos impedimentos temporários do Presidente e do Vice-Presidente da
COSAT, os seus suplentes assumirão o lugar de representante titular e não as
funções de Presidente e Vice-Presidente, respectivamente.
Art. 11 - Ocorrendo impedimento definitivo ou perda do mandato do Presidente e/ou
do Vice-Presidente da COSAT, os seus membros elegerão novos Presidente e/ou
Vice-Presidente, respectivamente, dentre os seus membros titulares, no prazo de 48
(quarenta e oito) horas, devendo ser empossado no ato.
Capítulo I
DAS ELEIÇÕES
Art. 12 - Os membros de cada COSAT, titulares e suplentes, serão eleitos pelos
servidores, através de eleições livres, diretas e em escrutínio secreto, com mandato
de 2 (dois) anos.
§ 1º - O processo eleitoral será coordenado pela COSAT, garantindo o direito de
acompanhamento pelas entidades sindicais e pela direção da Unidade.
§ 2º - No caso de primeiro mandato será constituída uma comissão de servidores,
com participação das entidades sindicais.
Art. 13 - A convocação da eleição será feita por edital a ser amplamente divulgado,
o qual estabelecerá:
I - prazo de 15 (quinze) dias para inscrição de candidatos;
II - fixação da data das eleições nos 15 (quinze) dias subsequentes; e
III - designação da Comissão Eleitoral para proceder aos trabalhos de inscrição de
candidatos, realização das eleições, apuração dos votos e elaboração dos
respectivos atos.
Parágrafo único - A convocação das eleições para novo mandato deverá ser
realizada pelo Presidente eleito, com prazo mínimo de 60 (sessenta) dias antes do
término do mandato em curso, observando o disposto no inciso I.
Art. 14 - A eleição deverá ser realizada durante o expediente normal, devendo ter a
participação de, no mínimo, a metade mais um do número de servidores em exercício
em cada Unidade.
§ 1º - Os servidores que estiverem em licença ou afastamento reconhecido pela Lei
nº 8112/90 terão direito ao voto mas não serão computados para efeito de quórum.
§ 2º - Durante o processo eleitoral, os servidores não poderão ser removidos de
sua unidade de lotação.
Art. 15 - Os membros eleitos serão empossados no primeiro dia subseqüente ao da
apuração dos votos ou no primeiro dia após o término do mandato anterior.

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Capítulo II
DAS GARANTIAS
Art. 16 - Os membros titulares e suplentes da COSAT não poderão ser removidos,
desde a inscrição, até o término do mandato, salvo no interesse da instituição, sendo
que, para este caso, deverão se manifestar as entidades sindicais, a CPPTA e o
membro envolvido.

Essa garantia de estabilidade do membro eleito para compor a COSAT,


visa garantir sua liberdade de ação em prol da prevenção de acidentes e
doenças, não podendo o mesmo ser removido de sua unidade de lotação, sem
comprovação do interesse da Instituição, corroborada pelo interesse pessoal
do servidor, assim como da entidade sindical correspondente a sua categoria,
para garantir, tanto ao membro da COSAT, quando à Direção da Unidade, que
essa transferência não consiste em punição, perseguição ou assédio moral ao
membro da COSAT.

Art. 17 - Os membros da COSAT exercerão suas atribuições, dentro de sua jornada


de trabalho, nos termos do artigo 31.
Art. 18 - Os membros da COSAT, conforme agendado previamente com a direção
da Unidade, serão liberados para participar de atividades na área de Segurança e
Saúde do Trabalhador.
Art. 19 - Os membros da COSAT e as entidades sindicais terão livre acesso aos
locais de trabalho sem prévio aviso.
Art. 20 - A Unidade da qual participar deverá garantir à COSAT uma infra-estrutura
necessária e suficiente para que a Comissão e seus membros possam cumprir suas
atribuições.
Capítulo III
DA FORMAÇÃO
Art. 21 - Os cursos de formação dos membros da COSAT serão contínuos e
estabelecidos pela área de Higiene e Segurança do Trabalho e pela área de recursos
humanos representando a administração da Universidade, ouvida as entidades
sindicais.
Parágrafo único - A área de recursos humanos terá um prazo de 30 dias, a partir da
conclusão da eleição dos membros da COSAT, para promover a formação dos seus
membros que ainda não a possuirem.
Art. 22 - O curso de formação de membros da COSAT deverá ter, no mínimo, 20
horas e obedecerá os seguintes critérios fundamentais:
I - a formação deverá contemplar as especificidades de cada Unidade, destacando-
se aí os riscos ambientais mais característicos;
II - o conteúdo e a metodologia do Curso deverá ser discutido e acordado entre a
área de recursos humanos e as entidades sindicais.
III - o curso deverá conter uma parte prática de levantamento de riscos e confecção
do Mapa de Riscos Ambientais.
Parágrafo único - Qualquer servidor poderá participar do curso de formação de
membros de Comissões de Saúde e Ambiente de Trabalho sendo que terão
preferência aqueles que foram eleitos para um mandato.

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Capítulo IV
DO REGISTRO
Art. 23 - A COSAT deverá ser registrada na Delegacia Regional do Trabalho -
Ministério do Trabalho, conforme..

Esse artigo, passados estes anos, mostra-se desnecessário, Também o


MTE não aceitaria esse registro por falta de condições legais. É importante,
contudo, dar ciência da COSAT à Divisão de Segurança do
Trabalho/DAS/PROGESP e às entidades Sindicais,

Art. 24 - A Reitoria da Universidade e a Direção da Unidade reconhecerão, através


de Portaria, a COSAT eleita e empossada conforme o Edital de eleição.
Art. 25 - As entidades sindicais e os serviços de segurança e saúde do trabalho
deverão ser comunicados, formalmente; num prazo de 72 (setenta e duas) horas após
a posse e também após a realização de curso de formação de membros de COSAT
sobre:
I - o nome dos componentes, titulares e suplentes, a data da posse, o período de
mandato, o nome do Presidente, Vice-Presidente e Secretário, a Unidade, conforme
regulamentação;
II - no caso do servidor ter realizado o curso, a área de recursos humanos deverá
comunicar o nome, a unidade a qual pertence o servidor, o conteúdo programático, o
número de horas e a sua avaliação.

Título V
DO CONSELHO DE SAÚDE E AMBIENTE DE TRABALHO
CONSSAT

Capítulo I
DOS OBJETIVOS
Art. 26 - O CONSSAT tem como objetivo:
I- promover a qualificação das condições de trabalho, de saúde e de segurança do
trabalhador;
II - congregar os representantes das diferentes COSATs do mesmo campus;
III - discutir e encaminhar os problemas comuns as COSATs;
IV - auxiliar as COSATs na execução de suas tarefas;
V - ensejar a troca de experiências entre as COSATs;
VI - representar as COSATs nas negociações e providências relativas ao conjunto
dos trabalhadores.
Parágrafo único - O CONSSAT usará a infra-estrutura necessária e suficiente de
qualquer unidade acadêmica ou administrativa que mantiver em funcionamento uma
COSAT para que seus membros possam cumprir suas atribuições.
Capítulo II
DA CONSTITUIÇÃO
Art. 27 - O Conselho será constituído por um representante e, na sua ausência, seu
suplente, indicados por cada COSAT, pelos serviços de segurança e saúde do
trabalhador da Universidade, pela PRORHESC e pelas entidades
sindicais da UFRGS.
Art. 28 - A coordenação do Conselho será constituída por um Presidente, um Vice-
Presidente, um Secretário e um segundo Secretário, eleitos entre seus pares.

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§ 1º - O Conselho se reunirá ordinariamente uma vez a cada mês ou
extraordinariamente por convocação de seu presidente ou de 1/3 (um terço) de seus
membros.
§ 2º - Caso o representante e seu suplente se ausentem por três sessões
consecutivas ou 5 intercaladas o Presidente do Conselho se dirigirá, por escrito, ao
Presidente da respectiva COSAT solicitando indicação de novos representantes
(titular e suplente).
§ 3º - Caso não se proceda a indicação ou os indicados não compareçam a duas
reuniões consecutivas ou intercaladas, caberá ao Conselho comunicar o conjunto
destes fatos aos trabalhadores representados pela respectiva COSAT.
Capítulo III
DAS ATRIBUIÇÕES DOS MEMBROS
DAS COSAT E CONSSAT
Art. 29 - São atribuições dos presidentes das COSATs e CONSSAT;
I - convocar os membros para as reuniões;
II - presidir as reuniões, encaminhando as decisões aprovadas aos serviços de
segurança e de saúde do trabalhador da universidade, e/ou às direções de unidades
e acompanhar a execução das recomendações requeridas;
III - designar membros da COSAT ou CONSSAT, ou grupo de trabalho paritário;
para investigar o acidente de trabalho ou acompanhar investigação realizada pelos
serviços de segurança e de saúde do trabalho;
IV - coordenar todas as atribuições dos membros das COSAT e CONSSAT;
V - manter e promover o relacionamento da COSAT ou CONSSAT com outras
comissões e conselhos, entidades sindicais e instituições;
VI - delegar atribuições ao Vice-Presidente e Secretário;
Parágrafo único - O Vice-Presidente substituirá o Presidente no seu impedimento.
Art. 30 - São atribuições dos membros da COSAT e da CONSSAT:
I - elaborar o calendário anual de reuniões;
II - participar das reuniões, discutindo os assuntos em pauta e apreciando as
recomendações;
III - investigar acidentes do trabalho, isoladamente ou em grupo e discutir os
acidentes ocorridos;
IV - freqüentar o curso de formação de membros de COSATs;
V - cuidar para que todas as atribuições das COSAT e CONSSAT sejam cumpridas
durante a respectiva gestão.
Art. 31 - São atribuições do Secretário:
I - elaborar as atas;
II - providenciar para que as atas sejam assinadas por todos os membros da
COSAT e da CONSSAT;
III - manter o arquivo organizado; e
IV - preparar a correspondência.
Art. 32 - As COSAT e CONSSAT deverão reunir-se ordinariamente, pelo menos
uma vez por mês, em local apropriado e durante o expediente normal da Unidade,
obedecendo o calendário anual estipulado quando do seu registro e com acordo da
Direção da Unidade.
Art. 33 - Quando ocorrer constatação de risco grave e iminente e/ou acidente de
trabalho, com ou sem vítima, a COSAT, por convocação do seu Presidente ou de 1/3
de seus membros, se reunirá extraordinariamente.
§ 1º - A COSAT deverá avaliar o acidente e/ou risco, determinando causas e
procedendo o encaminhamento para apuração de responsabilidades ao órgão
competente da administração, além de encaminhar o resultado e as solicitações de

16
providências, mediante o preenchimento do Anexo II, ao CONSSAT, às entidades
sindicais e à administração da Universidade, representada nesse caso pelos serviços
de segurança e de saúde do trabalhador e à direção da unidade.
§ 2º - A Administração da Universidade terá 5 (cinco) dias para manifestar-se junto
à COSAT e/ou CONSSAT e 30 (trinta) dias para tomar as devidas providências.
Art. 34 - São atribuições dos servidores:
I - eleger os membros da COSAT;
II - indicar à COSAT e aos serviços de segurança e saúde do trabalhador da
Universidade situações de risco e apresentar sugestões para melhoria das condições
de trabalho; e
III - observar as recomendações, quanto à prevenção de acidentes e de doenças,
transmitidas pelos membros da COSAT e CONSSAT e pelo serviço de segurança e
saúde do trabalhador da Universidade.
Título VI
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS
Art. 35 - Ficam mantidas as CIPAS já constituídas e em funcionamento até o
término do mandato de seus membros atuais.
Art. 36 - A comunidade discente, através de indicação do Diretório Acadêmico da
Unidade, poderá indicar 1 (um) representante titular e respectivo suplente para
compor a COSAT, bem como o DCE indicar 1 (um) representante titular e suplente
para fazer parte da CONSSAT dentre aqueles representantes das COSATs.
Art. 37 - Outros procedimentos administrativos necessários à organização dos
trabalhos da COSAT e CONSSAT serão regulamentados especificamente pelas
entidades sindicais e pelo serviço de segurança e saúde do trabalhador da
Universidade.
Art. 38 - A administração da Universidade é responsável pelo cumprimento das
normas de segurança e saúde do trabalhador vigentes no país e, deverá observar as
normas internacionais da Organização Mundial de Saúde e Organização Internacional
do Trabalho.
A Portaria 3214/78 do Ministério do Trabalho deverá ser cumprida
integralmente na UFRGS, cabendo a COSAT supervisionar este quesito. No
caso das Normas Internacionais, deverão ser observadas no sentido de que, se
forem mais rigorosas que as normas brasileiras, deverão ser levadas em conta
para fins de planejamento e execução das ações de prevenção. Isto não
envolve questões de ordem pecuniária, que tem regulação em norma de
hierarquia superior.

Art. 39 - As entidades sindicais representativas dos servidores da UFRGS terão


acesso às informações e aos documentos dos organismos que tratam das questões
pertinentes à saúde, à segurança e ao ambiente de trabalho, assim como poderão
participar de negociações, de inspeções, de análise de acidentes e da constituição de
organismos que venham a tratar destas questões.
Art. 40 - Os casos omissos deste regulamento serão resolvidos entre os servidores
envolvidos, a administração da Universidade e as entidades sindicais.
Art. 41 - Este regulamento entra em vigor na data de sua aprovação pela Reitora,
revogadas as disposições em contrário.

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CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM SAÚDE, HIGIENE E SEGURANÇA DO
TRABALHO

É de fundamental importância compreender alguns conceitos, para


estabelecer com maior facilidade e qualidade as ações visando a prevenção de
acidentes e doenças relacionadas com o trabalho.
O próprio texto já nos traz alguns deles, como por exemplo, acidente e
doenças do trabalho, Segurança do Trabalho, enfim, termos que iremos usar durante
os encontros das atividades de capacitação.

Os Conceitos:

PERIGO

Um perigo pode ser qualquer coisa potencialmente causadora de danos —


materiais, equipamentos, métodos ou práticas de trabalho.

RISCO

Um risco é a possibilidade, elevada ou reduzida, de alguém sofrer danos


provocados pelo perigo.

SEGURANÇA

Ausência de riscos inaceitável pelo sistema

SEGURANÇA DO TRABALHO

A segurança do trabalho é o conjunto de medidas técnicas, educacionais,


médicas, psicológicas, administrativas e legais utilizadas para prevenir acidentes do
trabalho.

HIGIENE OCUPACUPACIONAL

"ciência e arte do reconhecimento, avaliação e controle de fatores ou tensões


ambientais originados do, ou no, local de trabalho e que podem causar de doenças,
prejuízos para a saúde e bem-estar, desconforto e ineficiência significativos entre os
trabalhadores ou entre os cidadãos da comunidade".

SAÚDE

Lei 8.080 (art.2º): “A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre
outros, a alimentação, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a
educação, o transporte, o lazer e o acesso a bens e serviços sociais; os níveis de
saúde da população expressam a organização social e econômica do país (par. 3º).

Assim, a questão da saúde não envolve apenas uma condição individual, mas também seu convívio
em sociedade, vivendo em pleno gozo de sua saúde física e mental, de tal sorte que não seja
somente útil a si mesmo, mas sobretudo aos seus semelhantes ( Carlos Sá).

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AVALIAÇÃO DE RISCOS

A avaliação de riscos é o processo que reconhece e mensura os riscos para


a segurança e saúde dos trabalhadores decorrentes de perigos no local de trabalho. É
uma análise sistemática de todos os aspectos relacionados com o trabalho, que
identifica:

 Se na quantidade detectada, os agentes de risco nos ambientes e processos


de trabalho podem causar acidentes ou doenças;
 aquilo que é susceptível de causar lesões ou danos;
 a possibilidade de os perigos serem eliminados e, se tal não for o caso;
 as medidas de prevenção ou proteção que existem, ou deveriam existir, para
controlar os riscos.

ACIDENTE DO TRABALHO

Assim é chamado o evento que causa lesão, ou perturbação funcional ao


trabalhador no exercício do seu trabalho e à serviço da empresa.
Essa é a forma definida legalmente pela previdência social, ou seja, o INSS,
para o seus beneficiários segurados, que são os empregados, com contrato de
trabalho regulado pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.

Os Servidores Público Civis da União, regidos pelo Regime Jurídico Único,


tem outra definição legal para o acidente do trabalho como veremos. Contudo, para
facilitar a compreenção, doravante usaremos o termo Acidente do Trabalho, para
nossa melhor compreensão.

ACIDENTE EM SERVIÇO

Lei 8112 PUBLICAÇÃO CONSOLIDADA DA LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990,


DETERMINADA PELO

ART. 13 DA LEI Nº 9.527, DE 10 DE DEZEMBRO DE 1997. - Seção VI - Da Licença por


Acidente em Serviço

Art. 211. Será licenciado, com remuneração integral, o servidor acidentado em serviço.

Art. 212. Configura acidente em serviço o dano físico ou mental sofrido


pelo servidor, que se relacione, mediata ou imediatamente, com as atribuições do
cargo exercido.

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Parágrafo único. Equipara-se ao acidente em serviço o dano:

I - decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo servidor no exercício do cargo;

II - sofrido no percurso da residência para o trabalho e vice-versa.

Art. 213. O servidor acidentado em serviço que necessite de tratamento especializado poderá
ser tratado em instituição privada, à conta de recursos públicos.

Parágrafo único. O tratamento recomendado por junta médica oficial constitui medida de
exceção e somente será admissível quando inexistirem meios e recursos adequados em instituição
pública.

Art. 214. A prova do acidente será feita no prazo de 10 (dez) dias, prorrogável quando as
circunstâncias o exigirem.

CONCEITO PREVENCIONISTA DE ACIDENTE DO TRABALHO

É toda ocorrência não programada que interfere no andamento normal do trabalho


da qual resultam, separadamente ou em conjunto, lesões, danos materiais ou perda
de tempo.

EQUIPARAM-SE LEGALMENTE AO ACIDENTE DO TRABALHO

DOENÇA PROFISSIONAL

Assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar


a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério
do Trabalho e Previdência Social.
Ex.: silicose nos mineiros

DOENÇA DO TRABALHO

Assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais


no ambiente de trabalho, e com ele se relacione diretamente

Ex.: Tendinite, que pode correr com a dona(o) de casa, com um professor ou com
um pedreiro.

INCIDENTE ou QUASE ACIDENTE

Segundo as normas BS-8800 e BSI-OHSAS-18001, o “incidente ou quase-


acidente” é definido como: “um evento não previsto que tinha potencial de gerar
acidentes”. Essa definição visa incluir todas as ocorrências que não resultam em
morte, problemas de saúde, ferimentos, danos e outros prejuízos/danos.
.(FONTE:http://cerqueiraengenharia.blogspot.com.br/2009/07/engenria-de-seguranca-
do-trabalho.html

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O FORMULÁRIO DE ACIDENTE E INCIDENTE EM SERVIÇO – FAIS

Para estabelecermos critérios mínimos para a tomada de decisões, se faz


fundamental o registro dos Acidentes e Incidentes em Serviço através do FAIS.

Isto oportuniza, junto com outros dados como o Mapa de Riscos, relatórios de
vistoria, programas de prevenção, estabelecer prioridades de ação, especialmente
para reduzir os riscos de acidentes mais graves. Regulamentado pela Portaria no.
3109/2000 que pode ser encontrada no Manual do Servidor.

Destacamos que a UFRGS desde 2000 já registra incidentes em serviço, que ficou
assim definido:

PORTARIA Nº 3109 DE 24 NOV 2000

“Art. 3º Configura-se incidente em serviço o acontecimento ocorrido durante a


realização de atividade em serviço, dentro do local habitual ou em outro, dentro ou
fora da Instituição, desde que no cumprimento de suas atribuições.
Parágrafo único. O incidente em serviço não produz danos físicos ou mentais,
mas indica a potencial possibilidade de geração destes danos.”

Na UFRGS O FAIS é o documento para o registro dos acidentes e doenças do


trabalho e pode ser encontrado nos seguintes links abaixo. No SIASS está prevista a
CAT-SP, Cominicação de Acidente do Tabalho do Serviço Público.

MANUAL DO SERVIDOR DA UFRGS:

http://www.ufrgs.br/progesp/progesp-1/manual-do-servidor/manual/formulario-
de-acidente-e-incidente-de-servico-fais/formulario-de-acidente-e-incidente-de-
servico-fais

DOWNLOAD DO FAIS NO LINK DA COSAT DO INSTITUTO DE QUÍMICA:

http://www.iq.ufrgs.br/cosat/FAIS.php

21
CAUSAS DE ACIDENTES e INCIDENTES DO TRABALHO

OS RISCOS AMBIENTAIS

Os fatores causais de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho são de


diversos aspectos.
Atualmente a prevenção vem sendo entendida como base da gestão das
instituições logo, diversos aspectos gerenciais estão envolvidos nas causas dos
acidentes do trabalho, lembrando que, o uso do termo torna-se para fins legais e
didáticos, sinônimo de doenças ocupacionais, ditas assim as doenças profissionais e
do trabalho.
As normas de segurança do trabalho, em especial, apresentam um elenco de
agentes, que na interação com o corpo humano, direta ou indiretamente, ou
decorrentes de processo de organização e execução dos trabalhos das diversas
atividades, colocam o indivíduo e/ou o grupo sob o risco de adoecimento, acidentes
com lesões e até a morte.

São os riscos ambientais, para os fins da ação prevencionistas das COSATs os


seguintes:

São considerados riscos ambientais, aqui também denominados de

riscos ocupacionais, os agentes físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e


de acidentes que possam ocasionar danos à saúde do trabalhador acidentes nos
ambientes de trabalho o caso de sinistros como incêndios, derramamentos de
produtos químicos, etc - em função de sua natureza, concentração, intensidade e
tempo de exposição ao agente e demais condições que tornam este risco com maior
ou menos potencial de causar danos.

Abaixo uma tabela dos Riscos Ocupacionais (os ambientais e todos, ditos
ocupacionais)

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Riscos Riscos Riscos Riscos Riscos de Acidentes
Físicos Químicos Biológicos Ergonômicos

Ruído Poeiras Vírus Esforço físico intenso Arranjo fisco inadequado

Vibrações Fumos Bactérias Levantamento e Máquinas e


transporte manual de equipamentos sem
Radiações Névoas Protozoários peso proteção

Ionizantes Neblinas Fungos Exigência de postura Ferramentas


inadequada inadequadas ou
Radiações Gases Parasitas defeituosas
Não - Controle rígido de
Ionizantes Vapores Bacilos produtividade Iluminação inadequada

Frio Substâncias, Imposição de ritmos Eletricidade


compostos excessivos
Calor ou produtos Probabilidade de
químicos em Trabalho em turno e incêndio ou explosão
Pressões geral noturno
Anormais Armazenamento
Jornadas de trabalho inadequado
Umidade prolongadas
Animais peçonhentos
Monotonia e
repetitividade Outras situações de risco
que poderão contribuir
Outras situações para a ocorrência de
causadoras de acidentes
estresse físico e/ou
psíquico.

23
OS RISCOS OCUPACIONAIS

A Higiene do Trabalho e a Norma Regulamentadora 9 – Programa de Prevenção de


Riscos Ambientais – PPRA, estabelecem que os Riscos Ambientais, são os Agentes
Físicos, Químicos e Biológicos. Contudo, esta mesma Norma, estabelece que os
riscos consignados no Mapa de Riscos, devem ser considerados para efeitos da
elaboração e execução do PPRA.
Sendo assim, o interesse da prevenção não dispensa o reconhecimento e a análise
dos Riscos Ocupacionais, neste caso, acrescentando mais duas categorias, os
Riscos Ergonômicos e de Acidentes.

RISCOS FÍSICOS

Consideram-se agentes físicos as diversas formas de energia a que possam estar


expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais,
temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, bem como o
infra-som e o ultra-som.

A exposição ao ruído pode


causar desde alterações
passageiras, a chamada surdez
temporária, até graves
deficiências auditivas
irreversíveis. Além do estresse,
um dos efeitos mais comuns do ,
é a interferência com a
comunicação oral, que ocorre
principalmente, quando o ruído
tem níveis iguais ou maiores ao
da voz humana. Esse fato pode
causar um mascaramento que atrapalha a execução do trabalho ou dificulta a audição
da voz de comando ou de aviso. O mascaramento e o estresse contribuem para
aumentar a probabilidade de acidentes.
A vibração provocada por alguns equipamentos manuais, de uso muito difundido,
causa problemas como a artrose do cotovelo, necrose dos ossos dos dedos,
deslocamentos anatômicos, dedos brancos e insensíveis (doença de Raynaud) e
alteração do tato.
As radiações são uma forma de energia, que se transmite pelo espaço e sua
absorção pelo organismo é responsável pelo aparecimento de diversas lesões e
males. As radiações ao serem absorvidas pelo organismo poderão produzir dois
efeitos principais: Ionização ou Excitação. O organismo do indivíduo atingido pela
radiação ionizante pode sofrer alterações que provocam doenças como a catarata,
anemia, câncer de tireóide ou de pele, leucemia ou mutações nos cromossomos que
podem ser transmitidas às gerações futuras. O organismo humano não possui
mecanismo que permita sentir as radiações ionizantes. Portanto, se não há percepção
das radiações por parte do trabalhador, este não tenta, espontaneamente, evitá-las.
As radiações ionizantes de maior aplicação industrial são a gama, a beta e o raio X e
os seus efeitos dependem da dose recebida pelo organismo.

24
As radiações não ionizantes são aquelas que quando são absorvidas pelo
organismo produzem excitação das moléculas, entretanto dependendo da energia que
possuem, podem provocar lesões sérias nas pessoas expostas. Entre essas
radiações destacam-se as microondas (ondas de rádio, radar, fornos eletrônicos), os
raios ultravioletas (soldagem elétrica, aparelhos germicidas) os raios infravermelhos
(luz solar, forjarias, fundições) e o laser (medicina, pesquisa científica, indústria). O
efeito principal dessa radiação é térmico e afeta normalmente os olhos e a pele e em
alguns casos a sensação de calor pode chegar tarde demais para avisar do perigo.
A exposição ao frio intenso característico de trabalhos em câmaras frigoríficas e em
câmaras de congelamento de alimentos pode constituir um problema sério a saúde
dos trabalhadores se as medidas adequadas de proteção não forem adotadas. Os
efeitos no organismo dependem principalmente da temperatura radiante média no
ambiente, da temperatura e velocidade do ar, do isolamento térmico da vestimenta
usada e do tempo de exposição àquela condição. A proteção deve ser suficiente para
evitar que a temperatura central do corpo caia abaixo de 36°C, pois nesse caso,
poderá ocorrer a redução da atividade mental, redução da capacidade de tomar
decisões racionais ou perda da consciência com ameaça de conseqüências fatais.
A exposição ao calor é um risco freqüente em atividades realizadas a céu aberto
como na construção civil, atividade rural e mineração e também em ambientes
fechados como em siderúrgicas, fundições, forjarias, fábricas de vidro, lavanderias,
padarias, cozinhas industriais e outros. Os efeitos do calor no organismo dependem
da radiação térmica incidente sobre o corpo, da temperatura, umidade e velocidade
do ar e também da atividade física e vestimenta utilizada. Os principais mecanismos
de defesa do organismo humano, quando submetido a calor intenso são a
vasodilatação periférica e a sudorese.
A vasodilatação implica no aumento do fluxo de sangue para a superfície do corpo
de forma a transportar o calor do interior para a superfície onde ocorrem as trocas
térmicas. A sudorese é a produção de suor, que ao ser evaporado na superfície da
pele pelo ar resfria a pele. Além do estresse psicológico, devido ao desconforto
provocado pelo calor, podem ocorrer também problemas fisiológicos como a
desidratação, câimbras de calor, exaustão e choque térmico que pode levar a morte.
As pressões anormais são as que estão acima ou abaixo da pressão atmosférica a
que normalmente estamos expostos. No Brasil, é relevante somente o caso dos
ambientes com alta pressão como é o caso de trabalhos em tubulões de ar
comprimido, campânulas, caixões pneumáticos, trabalhos de mergulho entre outros.
O principal perigo no trabalho em altas pressões refere-se à necessidade de um
processo de descompressão adequado de forma a evitar a expansão brusca de ar
nos pulmões, o que poderá causar ruptura dos alvéolos pulmonares.

25
26
RISCOS QUÍMICOS

Consideram-se agentes
químicos as substâncias,
compostos ou produtos que
possam penetrar no organismo
pela via respiratória, nas formas de
poeiras, fumos, névoas, neblinas,
gases ou vapores, ou que, pela
natureza da atividade de
exposição, possam ter contato ou
ser absorvidos pelo organismo
através da pele ou por ingestão.

Via de absorção

Por este motivo, as vias de ingresso destas substâncias no organismo dos


trabalhadores são:

 RESPIRATÓRIA – INALAÇÃO

 CUTÂNEA(PELE) – ABSORÇÃO CUTÂNEA

 INGESTÃO

INALAÇÃO

Constitui a principal via de ingresso de tóxicos, já que a superfície dos alvéolos


pulmonares representa, no homem adulto, uma superfície de 80 a 90m².
Esta grande superfície facilita a absorção de gases e vapores, os quais podem
passar ao sangue, para serem distribuídos a outras regiões do organismo.
Absorção cutânea

Quando uma substância química entra em contato com a pele, podem


acontecer as seguintes situações:
A pele e a gordura protetora podem atuar como uma barreira protetora efetiva;
O agente pode agir na superfície da pele, provocando uma irritação primária;
A substância química pode combinar com as proteínas da pele e provocar uma
sensibilização;
O agente pode penetrar através da pele, atingir o sangue e atuar como um
tóxico generalizado;
Assim, por exemplo, o ácido cianídrico, mercúrio, chumbo tetraetila, alguns

27
defensivos agrícolas, etc. são substâncias que podem ingressar através da
pele, produzidno uma ação generalizada.

Apesar destas considerações, normalmente a pele é uma barreira bastante


efetiva pra os diferentes tóxicos e são poucas as substâncias que conseguem
ser absorvidas em quantidades perigosas. Por essas razões, as medidas de
prevenção de doenças, nesses casos, devem incluir a proteção da superfície
do corpo.

Ingestão

Representa uma via secundária de ingresso de tóxicos no organismo, já que


nenhum trabalhador ingere, conscientemente, produtos tóxicos.
Isto pode acontecer de forma acidental ou ao engolir partículas que podem
ficar retidas na parte superior de trato respiratório ou ainda inalar substâncias
em forma de pós ou fumos.
Além do já exposto, temos que considerar que o aparelho digestivo está
formado de tal maneira que seleciona os materiais úteis ao organismo, e rejeita
os que lhe servem.

Poeiras

São partículas sólidas criadas de poeira por uma ação mecânica em


operações. A gama de tamanhos das partículas e poeiras são amplas, se bem
que estas fundamentalmente oscilam entre 0,1 e 25 micron.

Os pós não floculam, exceto com pequenas forças eletrostáticas, não se


difundem no ar e sedimentam-se pela ação da gravidade.
Fumos

São partículas sólidas criadas termicamente em operações de aquecimento de


metais ou plásticos.
Fumaças

Aerosóis resultantes da combustão incompleta de materiais orgânicos. São


constituídos, geralmente, por partículas com diâmetros inferiores a 1 mícron.
Névoas ou Neblinas

São partículas líquidas criadas mecanicamente em operações como


atomização ou nebulização ficam suspensas no ar. O tamanho destas gotículas
é muito amplo, variam de 0,01 micron, inclusive, algumas podem ser
observadas visualmente.

28
Gases

São substâncias em estado físico gasoso nas condições normais de


temperatura e pressão ( 25 graus célciu s e 760mm/Hg), As partículas são de
tamanho molecular.
Vapores

Produto da evaporação de sólidos ou líquidos, pela ação do calor. O tamanho


destas partículas, também, neste caso é molecular.

Líquidos

São substâncias na forma líquida em condições normais de temperatura e


pressão. Podem variar a sua consistência e podemos encontrar na forma
pastosa (graxa).

Sólidos

São substâncias sólidas e podem ser encontradas sob a forma de escamas.


(soda cáustica) ou granulada.

São também aqueles que se apresentam sob a forma de poeiras nocivas que
podem provocar uma série de doenças nos pulmões. Sua origem pode ser
MINERAL (proveniente de jato de areia), VEGETAL ( poeira resultante do
processamento do algodão) ou ANIMAL (proveniente dos pelos do couro dos
animais).
Fatores que devem ser observados para evitar a contaminação do
trabalhador

Existem muitos fatores que devem ser considerados para se avaliar o quanto
um contaminante pode prejudicar a saúde de um trabalhador. Alguns
contaminantes não representam qualquer perigo ao homem, a não ser que
sejam respirados em grandes quantidades; outros podem não representar
perigo se respirados apenas esporadicamente, mas podem causar graves
doenças quando o trabalhador fica exposto diariamente por longos períodos de
trabalho. Existem ainda contaminantes tóxicos que podem levar à morte em
poucos minutos. Os fatores que devem ser observados são:

Tempos de exposição
A quantidade de tempo que o trabalhador fica exposto ao contaminante durante

29
a jornada de trabalho.

Concentração
A quantidade de contaminante presente no ar do local de trabalho por unidade
de volume de ar respirado.

Toxidez
O potencial do contaminante em causar dano ou alteração à saúde do
trabalhador;

Sensibilidade Individual
O nível de resistência do organismo de cada trabalhador quando exposto ao
mesmo contaminante.

Limites de Tolerância
São aquelas concentrações dos agentes químicos ou físicos presentes no
ambiente de trabalho, sob as quais os trabalhadores podem ficar expostos
durante a vida laboral, sem sofrer efeitos adversos à saúde.

Normas
Observar as normas de cada local de trabalho com relação aos cuidados na
utilização de produtos que criam riscos à saúde do trabalhador.

Distribuição e armazenamento
Forma pela qual a substância uma vez tendo penetrado no organismo humano,
passado para o sangue se distribui no corpo e se armazena nos tecidos.

30
RISCOS BIOLOGICOS
http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/riscos_biologicos.html

Consideram-se agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas,


protozoários, vírus, entre outros.

Os riscos biológicos ocorrem por meio de microorganismos que, em contato com o


homem, podem provocar inúmeras doenças. Muitas atividades profissionais
favorecem o contato com tais riscos. É o caso das indústrias de alimentação,
hospitais, limpeza pública (coleta de lixo), laboratórios, etc.

Entre as inúmeras doenças profissionais provocadas por microorganismos incluem-


se: tuberculose, brucelose, malária, febre amarela.

Para que essas doenças possam ser consideradas doenças


profissionais, é preciso que haja exposição do funcionário a
estes microorganismos.

São necessárias medidas preventivas para que as condições


de higiene e segurança nos diversos setores de trabalho
sejam adequadas.

Os riscos biológicos em laboratórios podem estar


relacionados com a manipulação de:

- Agentes patogênicos selvagens;

- Agentes patogênicos atenuados;

- Agentes patogênicos que sofreram processo de recombinação;

- Amostras biológicas;

- Culturas e manipulações celulares (transfecção, infecção);

- Animais.

Todos os itens citados acima podem tornar-se fonte de contaminação para os


manipuladores. As principais vias envolvidas num processo de contaminação

31
biológica são a via cutânea ou percutânea (com ou sem lesões - por acidente com
agulhas e vidraria, na experimentação animal - arranhões e mordidas), a via
respiratória (aerossóis), a via conjuntiva e a via oral.

Há uma classificação dos agentes patogênicos selvagens que leva em consideração


os riscos para o manipulador, para a comunidade e para o meio ambiente. Esses
riscos são avaliados em função do poder patogênico do agente infeccioso, da sua
resistência no meio ambiente, do modo de contaminação, da importância da
contaminação (dose), do estado de imunidade do manipulador e da possibilidade de
tratamento preventivo e curativo eficazes.

As classificações existentes (OMS, CEE, CDC-NIH) são bastante similares, dividindo


os agentes em quatro classes:

- Classe 1 - onde se classificam os agentes que não apresentam riscos para o


manipulador, nem para a comunidade (ex.: E. coli, B. subtilis);

Classes 2 - apresentam risco moderado para o manipulador e fraco para a


comunidade e há sempre um tratamento preventivo (ex.: bactérias - Clostridium
tetani, Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus; vírus - EBV, herpes; fungos -
Candida albicans; parasitas - Plasmodium, Schistosoma);

Classe 3 - são os agentes que apresentam risco grave para o manipulador e


moderado para a comunidade, sendo que as lesões ou sinais clínicos são graves e
nem sempre há tratamento (ex.: bactérias - Bacillus anthracis, Brucella, Chlamydia
psittaci, Mycobacterium tuberculosis; vírus -
hepatites B e C, HTLV 1 e 2, HIV, febre
amarela, dengue; fungos - Blastomyces
dermatiolis, Histoplasma; parasitos -
Echinococcus, Leishmania, Toxoplasma
gondii, Trypanosoma cruzi);

Classe 4 - os agentes desta classe


apresentam risco grave para o manipulador e
para a comunidade, não existe tratamento e
os riscos em caso de propagação são
bastante graves (ex.: vírus de febres

32
hemorrágicas).

Em relação às manipulações genéticas, não existem regras pré-determinadas, mas


sabe-se que pesquisadores foram capazes de induzir a produção de anticorpos contra
o vírus da imunodeficiência simiana em macacos que foram inoculados com o DNA
proviral inserido num bacteriófago. Assim, é importante que medidas gerais de
segurança sejam adotadas na manipulação de DNA recombinante, principalmente
quando se tratar de vetores virais (adenovírus, retrovírus, vaccínia). Os plasmídeos
bacterianos apresentam menor risco que os vetores virais, embora seja importante
considerar os genes inseridos nesses vetores (em especial, quando se manipula
oncogenes).

De maneira geral, as medidas de segurança para os riscos biológicos envolvem:

- Conhecimento da Legislação Brasileira de Biossegurança, especialmente das


Normas de Biossegurança emitidas pela Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança;

- O conhecimento dos riscos pelo manipulador;

- A formação e informação das pessoas envolvidas, principalmente no que se refere


à maneira como essa contaminação pode ocorrer, o que implica no conhecimento
amplo do microrganismo ou vetor com o qual se trabalha;

- O respeito das Regras Gerais de Segurança e ainda a realização das medidas de


proteção individual;

- Uso do avental, luvas descartáveis (e/ou lavagem das mãos antes e após a
manipulação), máscara e óculos de proteção (para evitar aerossóis ou projeções nos
olhos) e demais Equipamentos de Proteção Individual necessários,

- Utilização da capela de fluxo laminar corretamente, mantendo-a limpa após o uso;

- Autoclavagem de material biológico patogênico, antes de eliminá-lo no lixo comum;

- Utilização de desinfetante apropriado para inativação de um agente específico.

33
34
RISCOS ERGONÔMICOS
http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/riscos_ergonomicos.html
A ergonomia ou engenharia humana é uma ciência relativamente recente que estuda
as relações entre o homem e seu ambiente de trabalho e definida pela Organização
Internacional do Trabalho - OIT como "A aplicação das ciências biológicas humanas
em conjunto com os recursos e técnicas da engenharia para alcançar o ajustamento
mútuo, ideal entre o homem e o seu trabalho, e cujos resultados se medem em
termos de eficiência humana e bem-estar no trabalho".

cos ergonômicos são os fatores que podem afetar a integridade física ou mental do
trabalhador, proporcionando-lhe desconforto ou doença.

São considerados riscos ergonômicos: esforço físico, levantamento de peso, postura


inadequada, controle rígido de produtividade, situação
de estresse, trabalhos em período noturno, jornada de
trabalho prolongada, monotonia e repetitividade,
imposição de rotina intensa.

Os riscos ergonômicos podem gerar distúrbios


psicológicos e fisiológicos e provocar sérios danos à
saúde do trabalhador porque produzem alterações no
organismo e estado emocional, comprometendo sua
produtividade, saúde e segurança, tais como: LER/DORT, cansaço físico, dores
musculares, hipertensão arterial, alteração do sono, diabetes, doenças nervosas,
taquicardia, doenças do aparelho digestivo (gastrite e úlcera), tensão, ansiedade,
problemas de coluna, etc.

Para evitar que estes riscos comprometam as atividades e a saúde do trabalhador, é


necessário um ajuste entre as condições de trabalho e o homem sob os aspectos de
praticidade, conforto físico e psíquico por meio de: melhoria no processo de trabalho,
melhores condições no local de trabalho, modernização de máquinas e equipamentos,
melhoria no relacionamento entre as pessoas, alteração no ritmo de trabalho,
ferramentas adequadas, postura adequada, etc.

35
Riscos psicossociais, dentro do campo da ergonomia, especialmente ilustrando as
outras situações causadoras de estresse físico ou psíquico, temos o assédio moral ou
relações conflituosas entre servidores no ambiente de trabalho, visto não existirem
protocolos para a configuração do assédio moral, salvo referências como as do link
abaixo e de outras organizações o públicas ou privadas.

ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO


http://www.tst.jus.br/documents/1295387/1309397/Ass%C3%A9dio+moral+nas+r
ela%C3%A7%C3%B5es+de+trabalho

O link acima recomendado é importante coletânea de artigos sobre Assédio Moral no


trabalho recomendado pelo Tribunal Superior do Trabalho Brasileiro.

A apropriação deste conhecimento é fundamental para as ações das COSATs, visto


que muitas situações, mesmo que de forma indireta, podem configurar o Assédio
Moral no Trabalho e isto também é objeto de interesse e ação das COSATs na
promoção de ambientes e relações de trabalho saudáveis.

36
RISCOS DE ACIDENTES

Os riscos de acidentes são representados pela exposição a perigos existentes em


instalações, máquinas e equipamentos, tais como:

- Arranjo físico inadequado

Ocorre quando há dificuldade da passagem (fluxo) de materiais e pessoas,


principalmente em corredores estreitos e quando máquinas e equipamentos estão
muito próximos um do outro. O risco maior são as contusões e as queimaduras por
choques com máquinas e equipamentos. As áreas de circulação e os espaços em
torno do maquinário devem ser dimensionados de forma que o material, os
trabalhadores e os transportadores mecanizados possam movimentar-se com
segurança.

- Máquinas e equipamentos sem proteção ou manutenção

Verifica-se quando há partes móveis de máquinas (correias e engrenagens expostas)


sem proteção. Algumas máquinas e equipamentos, ainda, podem apresentar o risco
de quebra com projeção de peças ou partes delas. Por isso devem ter suas partes
móveis protegidas, assim como receber
manutenção adequada.

- Uso de ferramentas inadequadas ou


defeituosas

Representam riscos de acidentes com


conseqüências, principalmente, para os
membros superiores. Por exemplo, utilização
de ferramentas sem isolação para serviços em
eletricidade.

- Iluminação inadequada

Ambientes com excesso ou falta de iluminação não só dificultam o trabalho, como


contribuem para aumentar a possibilidade de acidentes. A iluminação inadequada,
além de dificultar a visualização do trabalho, pode
causar dores de cabeça, fadiga e problemas visuais.

- Instalações elétricas inadequadas

Ocorre quando não são observadas as normas de


segurança. Por exemplo, o uso de conectores
múltiplos (benjamins) em que vários equipamentos
são ligados na mesma tomada pode causar
superaquecimento e curto-circuito, falta de
aterramento de equipamentos e ferramentas
elétricas, máquinas de solda ligadas no sistema de
iluminação geral, etc. Os acidentes com eletricidade
podem ser provocados por contato direto (tocar a

37
fiação elétrica) e indireto (contato com superfícies energizadas) provocando choque
elétrico, queimaduras, incêndio e até a morte.

Os condutores devem estar embutidos em eletrodutos. Os circuitos elétricos devem


estar ligados a quadros de distribuição protegidos com tampas. Cada máquina deve
ser dotada de caixa individual de chave geral com disjuntor magnético individual, com
proteção contra contatos acidentais, devidamente sinalizada. Deve haver tomadas de
força em quantidade suficiente para cada equipamento e dimensionadas para a
solicitação elétrica que estarão submetidas.

- Incêndios e explosões

Fontes de calor em contato com combustíveis ou inflamáveis. Uso de lubrificantes em


válvulas de reguladores de pressão de oxigênio e fritadeiras sem controle de
temperatura podem provocar incêndios. Por isso, é importante ter sempre por perto,
além de uma proteção ativa, como extintores portáteis e outros recursos, pessoal
capacitado para combater focos e princípios de incêndio.

- Armazenamento inadequado

Estrutura com resistência insuficiente para o


peso armazenado; empilhamento muito alto
(instabilidade da pilha) com risco de queda;
armazenamento de substâncias químicas
incompatíveis; material impróprio para
construção da prateleira; depósito de material
obstruindo a circulação, equipamentos de
combate a incêndios ou saídas de
emergência.

- Animais peçonhentos

A falta de limpeza e organização dos locais


que favorecem o aparecimento de serpentes,escorpiões, aranhas , lacraias, nos
locais de trabalho, são uma
ameaça à saúde dos
trabalhadores, uma vez que esses
animais, além de lesões podem
transmitir muitas doenças.

38
OUTROS FATORES CAUSAIS DOS ACIDENTES DO TRABALHO

Existe uma discussão sobre as verdadeiras causas dos acidentes do trabalho, além
dos riscos ambientais já abordados acima, que localizamos no campo da gestão dos
riscos.
A posição original dizia de um binômio causal que consistia no Ato Inseguro e na
Condição Insegura, numa tentativa de buscar sistematizar e gerar assim estatísticas e
ações mais direcionadas para a prevenção.
Contudo, a terminologia Ato Inseguro passou a ser considerada sinônimo de culpa
da vítima pelo acidente que sofreu, fazendo que os responsáveis pela falta de
prevenção nas empresas se eximissem de suas responsabilidades.
Diante da indústria do ato inseguro, a prevenção foi inibida e a contradição desta
visão de culpabilização do trabalhador pelo acidente, colocou em xeque também a
razão de 36 normas regulamentadoras de segurança e medicina do trabalho, assim
como todas as normas internacionais, de qualidade, meio-ambiente, gestão em saúde
e segurança do trabalho, responsabilidade social das empresas, todas com pilares na
segurança do trabalho. Se todos os estudos da Higiene e Segurança do Trabalho, da
gestão dos riscos são tão importantes e estudados, como que quase a totalidade dos
acidentes do trabalho teve como causa preponderante a culpa do acidentado,
especialmente por distração e descuido?
Apresentamos uma de várias opções, que tratam das causas dos acidentes do
trabalho a partir de uma visão integrada de multiplos fatores, inclusive os de caráter
pessoal, das ações dos trabalhadores. Estes fatores buscam compreender melhor as
causas de riscos ambientais elevados olhando a empresa, ou a instituião como um
sistema e esses sistemas operando de forma inadequada, produzem situações de
riscos mais graves, tornando os riscos ambientais acima estudados com maior
potencial de danos.

Uma proposta é a seguinte:

39
FATORES DO(A) DEFINIÇÃO EXEMPLOS
Grupo de fatores relativos
ao ambiente em que se Os riscos ambientais
desenvolve a atividade e
que participaram do
AMBIENTE acidente. Inclui aspectos
como características de
edificações, instalações
elétricas, presença de
ruído, calor, frio, umidade,
condições de ventilação,
condições de circulação,
estado de organização e
limpeza, espaços de
trabalho etc.

Trata-se de fatores Destaque sos Riscos Ergonômicos


relacionados ao
desenvolvimento da Fracasso na recuperação de incidente.
atividade ou trabalho real, e
não aos aspectos Intervenção do trabalhador / operador visando reconduzir a atividade para o seu
TAREFA normativos ou trabalho curso rotineiro, quando ocorre uma variação incidental, isto é, que ultrapassa a
prescrito. Refere-se variabilidade normal da tarefa.
geralmente "à maneira
como os resultados são Uso impróprio / incorreto de equipamentos / materiais / ferramentas.
obtidos, e os meios Uso além da capacidade da máquina ou equipamento; uso de matéria prima errada;
utilizados". Inclui ações ou equipamento em temperatura acima ou abaixo da requerida pelo processo Uso de
comportamentos equipamento / máquina defeituoso.
observáveis do trabalhador
no trabalho, bem como
alguns aspectos cognitivos,
psíquicos e ou estratégias
de regulação adotadas
pelos trabalhadores para
fazer face às variabilidades
- normal e incidental -
presentes no
desenvolvimento da
atividade.
Atividades desenvolvidas Ausência de projeto.
ORG. E GERENCIAMENTO sem planejamento, Falha na elaboração do projeto.
protocolos, especialmente Outros fatores ligados à concepção/projeto não especificados
RELACIONADOS À àquelas que envolvem
CONCEPÇÃO/PROJETO riscos graves à saúde e a
vida dos trabalhadores.
Gerenciamento ou gestão Alterações e, ou flutuações nas encomendas / demandas / serviços.
refere-se às decisões Atraso na produção / atividade por insuficiência / inadequação do efetivo.
adotadas pelos diversos Atraso na produção por atraso no fornecimento de materiais / serviços.
escalões da Instituição. Atraso na produção / atividade por outras razões.
ORG. E GERENCIAMENTO DAS A)local para instalação da Aumento de pressão por produtividade.
ATIVIDADES/DA PRODUÇÃO empresa, b) tecnologias e Realização de horas-extras.
meios a serem utilizados, c) Exigüidade de tempo para refeições / repouso durante a jornada.
fornecedores de matérias Falta de planejamento / de preparação do trabalho.
primas e serviços, d) Tarefa mal concebida.
práticas gerenciais e
estratégias a serem Falta ou inadequação de análise de risco da tarefa.
adotadas no processo Falta ou inadequação de análise ergonômica da tarefa
decisório, e) gerenciamento Inexistência ou inadequação de sistema de permissão de trabalho.
de tempos de produção Tarefa cujo ritmo possui controle externo ao operador/equipe.
/horários de trabalho; f) Falhas na coordenação entre membros de uma mesma equipe.
formas de organizar a
atividade / a produção, etc Falha no planejamento e, ou comunicação e, ou partilha de informações e, ou
definições acerca de seqüência de operações etc.

Falhas na coordenação entre equipes.


Procedimentos de trabalho inexistentes ou inadequados.
Participação dos trabalhadores na organização do trabalho ausente / precária.
Prêmio/pagamento por produtividade.
Ausência/insuficiência de supervisão.
Falha no transporte de materiais, estruturas ou equipamentos.

Trata-se de aspectos da Sub-contratação de empresa sem a qualificação necessária.


relação (contratual e
prática) estabelecidos entre A qualificação necessária refere-se à atividade a ser realizada pela contratada. Por
a(s) empresa(s) exemplo, contratar para obra de demolição ou instalação elétrica, empresa sem a
ORG. E GERENCIAMENTO contratante(s) e a(s) qualificação / experiência necessária.

41
RELACIONADOS À contratada(s). Sub-contratação em condições precárias.
CONTRATAÇÃO DE TERCEIROS
Por exemplo, contratar empresa especializada em demolições ficando a elaboração
do projeto [de demolição] a cargo da contratante, sem experiência e pessoal
especializado para tanto.
Circulação de informações deficiente entre contratante(s) e contratada(s).

Por exemplo: contratada para realizar demolição sem acesso ao projeto de edificação
em que deve realizar a obra e, por essa razão, considerar uma viga decorativa como
de sustentação estrutural.
Outros fatores ligados à contratação de terceiros

Refere-se às decisões e Falha na seleção de pessoal.


práticas adotadas com Equipe numericamente insuficiente para execução da atividade.
vistas à definição do efetivo Inclui situações como as de designação de 1 só operador (ou número menor que o
(número de trabalhadores) habitual) para atividades em que há indicação técnica ou rotinas estabelecendo sua
da empresa, bem como aos realização por 2 (ou mais) operadores.
ORG. E GERENCIAMENTO DE processos de: seleção, Ausência / insuficiência de treinamento.
PESSOAL formação, designação de Designação de trabalhador não qualificado/treinado/habilitado.
trabalhadores para Designação de trabalhador desconsiderando característica psicofisiológica.
atividades em situações Trabalho isolado sem comunicação adequada com outro trabalhador/equipe.
cotidianas e face à Trabalhar sozinho em áreas e atividades de riscos elevado, como em laboratórios e
variabilidade normal e oficinas.
incidental durante as Relações pessoais conflituosas (verticais e,ou horizontais).
atividades, gestão de
relações pessoais, etc.

Refere-se às decisões e Falta/indisponibilidade de materiais/acessórios para execução da atividade.


práticas adotadas com Equipamento/material servindo várias equipes sem designação de responsável.
vistas à definição de Atraso em recebimento de materiais, equipamentos, serviços, etc.
materiais a serem Manter conectado/energizado equipamento/dispositivo em desuso.
adquiridos e utilizados no Uso de veículo motorizado por operador não habilitado/qualificado.
sistema: qualidade e Veículo / equipamento motorizado acessível a todos.
ORG. E GERENCIAMENTO DE especificações dos Outros Fatores ligados ao gerenciamento de materiais/matérias- primas.
materiais a serem
MATERIAIS adquiridos, efetivação da
compra, definição de

42
responsáveis pelo controle
de estoque etc

Refere-se a outras decisões Circulação de informações deficiente na empresa.


e práticas adotadas. Meio de comunicação deficiente. Inclui casos como os do uso de pedaços de metal
com "código de batidas" para indicar operações solicitadas no uso de elevadores de
materiais ou tubulões (construção civil).
OUTROS FATORES DA Falta de critérios e, ou de responsáveis pela estocagem.
ORGANIZAÇÃO E DO Produto defeituoso exigindo re-trabalho.
GERENCIAMENTO DA EMPRESA
Tolerância da empresa ao descumprimento de normas de segurança.

Adiamento de neutralização /eliminação de risco conhecido (risco assumido).


Falha/inadequação no sub-sistema de segurança.
Falhas na organização e,ou oferta de primeiros socorros.
Falhas em plano de emergência.
Outros fatores da organização e do gerenciamento não especificados.

Sistema / máquina / equipamento mal concebido.


Sistema / máquina / equipamento mal construído / mal instalado.
Sistema / dispositivo de proteção ausente / inadequado por concepção.
MATERIAL (MÁQUINAS, Por exemplo, ausência de cabina (Santo Antonio) em trator; partes de equipamentos
FERRAMENTAS, Refere-se a equipamentos com difícil acesso para manutenções, exigindo posições não ergonômicas e, ou
EQUIPAMENTOS, MATÉRIAS- de trabalho mal colocação de parte do corpo do trabalhador em zona de perigo.
PRIMAS, ETC.) dimensionados, sem Máquina ou equipamento funcionando precariamente (desregulado, etc).
sistemas de proteção,
adaptados ou inexistentes. Pane de máquina ou equipamento.
Matérias-primas ou
produtos sem especificação Máquina ou equipamento sujeito a panes freqüentes.
sobre suas reais
características. Material deteriorado e, ou defeituoso.

Material exigindo reparação urgente.

Material perigoso (explosivo, radioativo, tóxico, etc).

Inclui substância ou composto (gás, líquido, sólido) capaz de causar dano às pessoa

43
e, ou ao meio ambiente e, ou à propriedade.
Combinação perigosa de agentes/substâncias (ácidos + sais de cianeto, etc).

Qualquer combinação de substâncias ou compostos que seja inflamável, corrosivo,


detonante, tóxico, radioativo e ou infeccioso. Combinação capaz de causar dano às
pessoa e, ou ao meio ambiente e, ou à propriedade.
Falta de EPI.
Não prescrição de EPI necessário à atividade.
Por exemplo, ausência de proteção contra queimadura em trabalhador de
manutenção que intervem em sistema previamente purgado no qual condensação de
bolha ou existência de válvula de interligação com sistema não purgado aberta, por
exemplo, podem gerar exposição a líquidos/vapores quentes.

Não utilização de EPI por prejudicar a produtividade e, ou por desconforto.

Não utilização de EPI por falta ou insuficiência de orientação.

EPI não utilizado por outras razões.


EPI que não fornece a proteção esperada por concepção.
EPI que não fornece a proteção esperada por uso incorreto.

Inclui uso com finalidades diferentes daquelas para as quais o EPI foi concebido.

EPI em mau estado.

Refere-se as características Desconhecimento do funcionamento / estado de equipamento / máquina, etc.


físicas, fisiológicas,
psicológicas dos Inexperiente por ocupar posto / exercer função não habitual.
trabalhadores, sua Indivíduo há pouco tempo na atividade ou no posto de trabalho ou na função ou na
INDIVÍDUO qualificação, experiência e equipe, embora possa estar há tempos na empresa executando atividade
outros atributos. semelhante, sob outras condições, o que pode acarretar desconhecimento das
Não refere-se a atos de estratégias de regulação, dos códigos de linguagem ou dos "jeitos" utilizados pela
vontade. equipe.
Inexperiente por ter pouco tempo na empresa.

Inexperiente por outras razões.


44
Fadiga / diminuição do estado de vigília.
Fadiga física e, ou psíquica independentemente de suas causas (horário de trabalho,
atividade no posto de trabalho, atividade extra profissional, etc). Inclui preocupações
pessoais, acontecimentos súbitos, imprevistos etc. que impliquem em desvio da
atenção exigida na tarefa. Trata-se de fatores que devem ser investigados e
identificados, nunca presumidos.
Alterações nas características psico-fisiológicas.

Entende-se por Manutenção com equipamento / máquina energizado.


manutenção todas as Manutenção com equipamento / máquina em movimento.
ações e medidas Manutenção com equipamento / máquina não bloqueado.
necessárias para Manutenção com equipamento / máquina sob pressão / não purgado
restaurar, manter ou Manutenção ignorando o estado do sistema.
conservar itens Ausência de manutenção preditiva de máquinas e equipamentos.
MANUTENÇÃO (edificações, instalações, Usualmente descrita como a manutenção preventiva realizada de modo
máquinas etc.) em programado com base em estimativa de vida útil (tempo, número de
condições de uso durante utilizações, etc.) de componentes do sistema, independentemente da
o maior tempo possível, existência de sinais de desgaste ou falhas. Inclui avaliações, por exemplo, de
com máxima eficiência. vibrações, termográficas visando detectar indícios da necessidade de
Inclui lubrificações, manutenção preventiva.
limpeza, ajustes, Ausência de manutenção preventiva de máquinas e equipamentos.
inspeção, revisão, A manutenção preventiva é aquela realizada de modo programado/rotineiro
avaliação de estado ou buscando garantir a conservação e o perfeito funcionamento dos componentes
condição, reparos etc. do sistema. Inclui atividades de limpeza, lubrificação, ajustes, troca de
componentes, etc.
Não cumprimento de programa de manutenção.
Inexistência / falta de acesso a manuais / recomendações do fabricante.
Inclui existência de manuais em língua estrangeira (não traduzidos para o
português) ou mantidos em local não acessível.
Despreparo da equipe de manutenção.
Inclui falta de preparação formal para a função; falta ou insuficiência de
treinamento e de reciclagens; falta ou insuficiência de supervisão.
Acesso difícil a sistemas que apresentam panes.
Peças de reposição de má qualidade / fora das especificações.
Estímulo / incentivo para economia indiscriminada de materiais.
Ausência / insuficiência de registros de manutenções.
Falta de critérios de aceitação de freqüência de panes / defeitos.
Aceitação de defeitos ou problemas que se repetem, fato que deveria ser
45
interpretado como sinalizador da necessidade de avaliação de suas origens
[causas das repetições dos defeitos ou problemas]. Dentre os critérios mais
utilizados temos as análises estatísticas.
Falta de critérios para desencadear soluções saneadoras.
A existência de análise estatística ou de auditoria não configura prática de
prevenção. É preciso definir critérios de aceitabilidade ou padrões que, quando
desrespeitados, configure situação que exige providências urgentes, não se
restringindo à mera constatação do problema ou da não conformidade.
Falta / insuficiência de sinalização.

46
MEDIDAS DE
CONTROLE DOS
RISCOS E PERIGOS.

Os perigos e riscos existentes


nos ambientes de trabalho e
decorrentes dos processos de
trabalho, podem e devem ser
enfrentados. O objetivo da Higiene
Ocupacional e da Segurança do
Trabalho é dotar os ambientes e
processos de trabalho de uma
condição de segurança, mediante a escolha dos parâmetros claros para se declarar
que as atividades de trabalho são realizadas com segurança e em ambientes
seguros.

Diretamente buscaremos eliminar os riscos, reduzir seus impactos aos


trabalhadores e neutralizá-los, a ponto de interagirmos com a condição de risco
propondo medidas para a sua eliminação, neutralização ou minimização, com
segurança.

As medidas de Controle dos Riscos conhecidas, podem ser dividias em três


grupos e na seguinte ordem de prioridade:

1) MEDIDAS DE ORDEM GERAL

Estas medidas consistem nas mais eficientes e economicamente acessíveis para


implantação. A Organização do Trabalho como medida de prevenção de riscos de
acidentes e doenças do trabalho, são aquelas constituídas de ações como: seleção
de pessoal adequado para o desempenho da função, capacitação para o exercício do
trabalho, sinalização, supervisão, estabelecimento de procedimentos técnicos para a
realização de trabalhos perigosos, Programas de Prevenção ao Ruído, programas
contra a exposição ao
benzeno, proteção
respiratória, Exames Médicos
periódicos, vacinação,
avaliação das causas de
absenteísmo e presenteísmo,
registrar acidentes e
incidentes, informação sobre
os riscos, substituição de
substância perigosa por uma
menos perigosa, política de
gestão de riscos, recusa ao
trabalho perigoso, redução do
tempo de exposição ao risco,
cumprimento das normas de
segurança do trabalho,etc.
2) MEDIDAS DE PROTEÇÃO COLETIVA

São medidas
técnicas que buscam
segregar a fonte de
risco, impedindo que o
agente de risco atinja
o trabalhador ou se
atingí-lo, que ocorra
de forma mitigada. As
medidas de proteção
coletiva conhecidas
como
EQUIPAMENTOS DE
PROTEÇÃO
COLETIVA-EPC,
enfrentam o risco na
sua fonte ou na sua trajetória até a vítima. São exemplos: Enclausuramento de fonte
de ruído, atenuadores de ruído, capela para manipulação de agentes químicos,
sistemas de exaustão de contaminantes, vidros, paredes e portas blindadas com
chumbo, sistemas de extinção de fogo, chuveiros e lava-olhos, etc.

3) MEDIDAS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

As Medidas de Proteção Individual, cujos equipamentos destinados a este fim são


conhecidos como EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI, deverão
ser utilizadas após a aplicação das Medidas de Organização do Trabalho e das
Medidas de Proteção Coletivas e, mesmo assim, se a efetiva prevenção e a condição
de riscos aceitável não tenha sido alcançada. Eles serão utilizados também em
situações de emergência.Os EPIs não são equipamentos de prevenção de riscos e
perigos, assim como de acidentes. Mesmo podendo salvar vidas, sua função é reduzir
os impactos dos riscos no corpo humano
e/ou a de evitar a lesão decorrente da
exposição ao agente de risco.
Sua importância e ação positiva ocorre
quando usado corretamente e não como
paliativo pela falta de medidas de
organização do trabalho eficientes, assim
como da implantação da proteção coletiva.
Sabemos que muitas atividades só podem
ser realizadas com o uso dos EPIs
adequados. Exemplos são a manipulação de
produtos perigosos, trabalhos manuais
diversos, cintos de segurança para trabalhos em altura. Nestes casos exemplificados
sempre será obrigatório o uso. Mas enfatizamos: O EPI não é compensação nem
substituto das outras medidas de controle que são reconhecidamente mais eficientes.

48
COMPREENDENDO OS CONCEITOS DE PERIGO, RISCO E A EFICIÊNCIA
DAS MEDIDAS DE CONTROLE DOS RISCOS

R = RISCO

P = PERIGO

MC = MEDIDAS DE CONTROLE DOS RISCOS (ordenadas hierarquicamente)

1) Medidas de Ordem Geral

2) Medidas de Proteção Coletiva (EPC)

3) Medidas de Proteção Individual (EPI)

R ═ P/MC
Façam esta simples experimentação:

a) Numa escala de 1 a 10, o Perigo = 10 e as medidas de controle 1, quanto será o


Risco?
b) Seguindo como no item “a”, quanto ficaria o Risco se as medidas de controle fossem
em grau 10?

 O que podemos concluir sobre as medidas de prevenção?

 Liste um ou dois exemplos de cada tipo de medida de prevenção que tem ou


deveria ter no seu setor de trabalho?

49
INSPEÇÃO DE SEGURANÇA

É o conjunto de ações que objetivam a deteção


de riscos nos ambientes e nos processos de trabalho,
que possam causar acidentes do trabalho e doenças
profissionais ou do trabalho. A inspeção de segurança
nada mais é do que a procura de riscos comuns, já
conhecidos teoricamente. Esse conhecimento teórico
facilita a eliminação ou neutralização do risco, pois as
soluções possíveis já foram estudadas por grande parte
dos técnicos e constam de extensa bibliografia.

OBJETIVO

O objetivo da inspeção é identificar periodicamente e


freqüentemente os riscos de acidentes e doenças do trabalho, através de vários tipos
de ações:

TIPOS DE INSPEÇÃO

Varia quanto à origem, objetivos, métodos e atores.

I. Quanto à origem: Interna (DST, COSAT); Externa (Fiscalização MTe, SRT);


II. Quanto aos objetivos: Periódicas, Extraordinárias;
III. Quanto aos métodos: Formais e informais;
IV. Quanto aos atores: DST,DAS, COSAT, sindicatos, DRTs, etc.

a) Inspeções Gerais

b) Inspeções parciais

b.1) por setor de trabalho


b.2) por grupo de risco específico
b.3) por risco específico
c) Por equipamento e/ou processo específico

Inspeções gerais

É o tipo de inspeção mais completo, pois nesta são verificadas todas as instalações
da empresa na busca de condições favoráveis a acidentes e/ou insalubres. Esta
inspeção proporciona uma vista panorâmica de todos os setores de trabalho da
empresa, indo do administrativo ao industrial e fabril.

Cuidadosamente são verificados todos os setores de trabalho, todos os grupos de


riscos ambientais e riscos específicos. Após a realização de uma Inspeção de

50
Segurança Geral, a empresa terá em mãos um documento onde estarão registrados
todos os problemas detectados e as sugestões e recomendações para eliminá-los ou
reduzi-los ou neutralizá-los.

INSPEÇÃO DE SEGURANÇA POR SETOR DE TRABALHO

É um tipo de inspeção limitado a um determinado setor de trabalho, de acordo com


as necessidades da empresa, e limita-se a observar os riscos do setor, seja em
máquinas ou processo de trabalho, além de suas influências para as demais
instalações da empresa.

É menos abrangente que a Inspeção de Segurança Geral, mas não deixa de ter a
sua importância, pois direciona a observação para resolver problemas emergentes em
um setor específico que pode, porventura, estar sendo o líder em acidentes e/ou
ocorrências anormais

INSPEÇÃO DE SEGURANÇA POR GRUPO DE RISCO ESPECÍFICO:

Este tipo de inspeção é menos abrangente do que as citadas anteriormente.


Entretanto, mantém a sua importância por atuar objetivamente em um determinado
grupo de risco, que pode ser o principal em sua empresa e que foi priorizado para
uma atuação imediata.

INSPEÇÃO DE SEGURANÇA POR RISCO ESPECÍFICO

Este tipo de inspeção é indicado quando se tem determinado e priorizado um


determinado agente a ser controlado ou monitorado em sua empresa. Não menos
importante que as demais, busca, só que de forma mais objetiva, a identificação e até
a quantificação de um agente de risco visando determinar formas de controle,
eliminação ou mitigação desse risco.

RESPONSABILIDADE PELA INSPEÇÃO DE SEGURANÇA

Todos são responsáveis, em especial:

 COSAT, DST-Técnico de Segurança do Trabalho; Engenheiros e Médicos do


Trabalho;

 Encarregado(s) de setor(es);

 Servidores ( Técnicos e Docentes) e alunos.

PERIODICIDADE DA INSPEÇÃO

É variável, pois é estipulado dentro do programa de gestão de segurança da


empresa. Podem ser diários, semanais, mensais, anuais;

51
Algumas inspeções são previstas em lei: caldeiras, elevadores, extintores de
incêndio;

PASSOS GERAIS BÁSICOS

1. PREPARAÇÃO

2. REALIZAÇÃO

3. CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS

4. ESTUDOS DE SOLUÇÕES

ETAPAS NA EXECUÇÃO DA INSPEÇÃO

OBSERVAÇÃO: Além da observação visual, a inspeção deverá ser realizada com


senso crítico, buscando detalhes e informações de todo processo de trabalho;
INFORMAÇÃO: A situação, quando necessário, deve ser discutida na hora com os
responsáveis, e imediatamente aplicadas as medidas de prevenção, especialmente
diante de riscos graves.

REGISTRO DA INSPEÇÃO:

A INSPEÇÃO É REGISTRADA NUM CHECK LIST (uma espécie de lista de itens


obrigatórios e importantes a inspecionar, escolhidos previamente);

Os check lists devem ser criados de acordo com as necessidades e aplicabilidades,


ou seja, se para inspecionar uma máquina específica, ou um setor, um risco ou um
conjunto de riscos ou mesmo o uso de EPIs, a existência de EPCs e de outras
medidas de prevenção.

Pode servir para facilitar a observância de procedimentos ou mesmo de uma norma


técnica de segurança do trabalho.

Por exemplo: Check list NR10, NR18, NR13, NR6, NR26, etc

Hoje o uso da fotografia digital, mais popularizada , auxilia nas inspeções, porém
nem sempre é possível utilizar esse recurso e ele não dispensa o uso do check list.
O check list é ferramenta que auxilia a reduzir as falhas(esquecimentos) nas
inspeções, o retrabalho e objetiva a análise preliminar dos riscos.

52
REGISTRO: Após as anotações no check list, os intens levantados devem ser
anotados com clareza e objetividade, descrevendo as situações de riscos e as
correspondentes medidas de prevenção e correção.

As informações e recomendações devem ser enviadas aos setores competentes


para a aplicação das medidas propostas, respeitando-se a hierarquia;

As medidas de prevenção, controle e correção das situações de riscos observadas,


devem ser acompanhadas até sua execução;

O QUE INSPECIONAR?

Manutenção: transporte (manual e automático);


Maquinário: tempo de uso, proteções, comandos, EPC;
Recipientes sob pressão: caldeiras, vasos sob pressão em geral;
Trabalhos com riscos grave: trabalho em altura, soldas, radiações ionizantes;
confinado; etc.

53
MAPA DE RISCOS

Fonte: http://www.scielo.br/pdf/csp/v10n2/v10n2a12.pdf

O mapeamento de risco surgiu na Itália no final da década de 60 e no início da


década de 70, através do movimento sindical, com origem na Federazione dei
Lavoratori Metalmeccanici (FLM) que, na época, desenvolveu um modelo
próprio de atuação na investigação e controle das condições de trabalho pelos
trabalhadores, o conhecido “Modelo Operário Italiano”. Tal modelo tinha como
premissas a formação de grupos homogêneos, a experiência ou subjetividade
operária, a validação consensual e a não-delegação, possibilitando assim a
participação dos trabalhadores nas ações de planejamento e controle da saúde nos
locais de trabalho, não delegando tais funções aos técnicos e valorizando a
experiência e o conhecimento operário existente.
“Para que o ambiente de trabalho fique livre da nocividade que sempre o acompanha, é
necessário que as descobertas científicas neste campo sejam socializadas, isto é, trazidas ao
conhecimento dos trabalhadores de uma forma eficaz; é necessário que a classe operária se aproprie
delas e se posicione como protagonista na luta contra as doenças, as incapacidades e as mortes no
trabalho.Somente uma real posição de hegemonia da classe operária diante dos problemas da
nocividade pode garantir as transformações que podem e devemdeterminar um ambiente de trabalho
adequado para o homem. Somente a luta, com uma ação sindical conduzida com precisos objetivos
reivindicatórios, com a conquista de um poder real dos trabalhadores e do sindicato, é possível impor
as modificações, sejam tecnológicos, técnicas ou normativas,que possam anular ou reduzir ao mínimo
os riscosa que o trabalhador está exposto no local detrabalho”. (Oddone et al., 1986: 17)

O QUE É O MAPA DE RISCOS?

Mapa de Riscos é uma ação dos trabalhadores/servidores, que cumprindo um


processo de análise coletiva e subjetiva dos fatores causadores de acidentes e
doenças nos ambientes e processos de trabalho, mediante a validação consensual,
assumem diretamente essa atribuição e como resultado elaboram e apresentam uma
representação gráfica dos riscos e da realidade encontrada. (Gerson Rocha)

OS 4 PRESSUPOSTOS

1 - Grupo Homogêneo

Por Grupo Homogêneo se entende a menor unidade social de trabalho existente


em um setor ou área, onde os trabalhadores estão submetidos às mesmas condições,
resultantes da organização do trabalho, tendo em comum as suas atividades, os
riscos e os fatores de risco a eles relacionados.

54
2 - Não Delegação

Não delegação é a recusa, pelos trabalhadores e suas representações, de repassar


a outros as responsabilidades que lhes são próprias.

3 - Validação Consensual

Entendemos assim um processo de debates, estudos e decisão antes de se


determinar se um determinado fator de riscos realmente é capaz de causar acidentes
ou doenças relacionadas ao trabalho.

4 - Subjetividade do Trabalhador

Entendemos assim o momento de valorização do saber do trabalhador sobre os


fatores de riscos aos quais ele e seus iguais estão expostos, quando ele tem
liberdade de identificar esses riscos independente de normas e avaliações tecnicistas.

ETAPAS PARA ELABORAÇÃO

 Conhecer o processo de trabalho no local analisado;


 Identificar os riscos existentes no local analisado;
 Identificar as medidas preventivas existentes e sua eficácia;
 Identificar os indicadores de saúde;
 Conhecer os levantamentos ambientais já realizados no local;
 Anotar num check-list os dados para posterior discussão no grupo.
 Elaborar o Mapa de Riscos, sobre o lay-out da empresa, indicando através
de círculos, colocando em seu interior o risco levantado (cor), agente especificado e
número de trabalhadores expostos.

55
RELEMBRANDO OS RISCOS OCUPACIONAIS E O MOTIVO DAS CORES
Riscos Riscos Riscos Riscos Riscos de
Físicos Químicos Biológicos Ergonômicos Acidentes
VERDE VERMELHA MARROM AMARELA AZUL

Ruído Poeiras Vírus Esforço físico Arranjo fisco


intenso inadequado
Vibrações Fumos Bactérias
Levantamento e Máquinas e
Radiações Névoas Protozoários transporte equipamentos sem
manual de peso proteção
Ionizantes Neblinas Fungos
Exigência de Ferramentas
Radiações Gases Parasitas postura inadequadas ou
Não - inadequada defeituosas
Ionizantes Vapores Bacilos
Controle rígido Iluminação
Frio Substâncias, de produtividade inadequada
compostos
Calor ou produtos Imposição de Eletricidade
químicos em ritmos
Pressões geral excessivos Probabilidade de
Anormais incêndio ou
Trabalho em explosão
Umidade turno e noturno
Armazenamento
Jornadas de inadequado
trabalho
prolongadas Animais
peçonhentos
Monotonia e
repetitividade
Outras situações
Outras situações de risco que
causadoras de poderão contribuir
estresse físico para a ocorrência
e/ou psíquico. de acidentes

56
Objetivos do Mapa de Riscos

 reunir as informações necessárias para estabelecer o diagnóstico da situação de


segurança e saúde no trabalho na empresa.

 possibilitar, durante a sua elaboração, a troca e divulgação de informações entre


os trabalhadores, bem como estimular sua participação nas atividades de prevenção.

 Sinalizar os ambientes de trabalho e alertar os trabalhadores sobre os riscos a


que estão expostos.

 Se bem elaborado, estabelcer o confronto entre as avaliações tecnicistas e


legalistas sobre os riscos e perigos e a realidade dos mesmos.

Quem elabora o Mapa de Riscos?

Na UFRGS a atribuição legal é das COSATS e tão somente delas, conforme dispõe
a Portaria 1992/97 da UFRGS – Regulamento das COSATs.

A Norma Operacional de Saúde do Servidor – NOSS, Portaria Normativa


03/05/2010 - SRH MPOG, dispõe, dentre outras questões, da vigilância doa
ambientes de trabalho no serviço público federal. Algumas disposições desta Portaria
Normativa são:

“(...)objetivo de definir diretrizes gerais para


implementação das ações de vigilância aos ambientes e processos de trabalho
e promoção à saúde do servidor.”

O mapa de riscos é uma ferramenta fundamental para o alcance deste


objetivo.

“Art. 4º XI - Vigilância em Saúde do Servidor é o conjunto de ações contínuas


e sistemáticas, que possibilita detectar, conhecer, pesquisar, analisar e monitorar os
fatores determinantes e condicionantes da saúde relacionados aos ambientes e
processos de trabalho, e tem por objetivo planejar, implantar e avaliar intervenções
que reduzam os riscos ou agravos à saúde.”

“Art. 5 - IV - Participação dos Servidores - assegurar o direito de participação


dos servidores, em todas as etapas do processo de atenção à saúde, é estratégia
de valorização do seu saber sobre o trabalho.”

“Art. 6 - VI - Comissão Interna de Saúde do Servidor Público: contribuir para


uma gestão compartilhada com o objetivo de:
a) propor ações voltadas à promoção da saúde e à humanização do trabalho, em
especial a melhoria das condições de trabalho, prevenção de acidentes, de agravos à
saúde e de doenças relacionadas ao trabalho;

57
b) propor atividades que desenvolvam atitudes de co-responsabilidade no
gerenciamento da saúde e da segurança, contribuindo, dessa forma, para a melhoria
das relações e do processo de trabalho; e
c) valorizar e estimular a participação dos servidores, enquanto protagonistas e
detentores de conhecimento do processo de trabalho, na perspectiva de agentes
transformadores da realidade.

VII - Servidor: participar, acompanhar e indicar à CISSP e/ou à equipe de


vigilância e promoção as situações de risco nos ambientes e processos de trabalho,
apresentar sugestões para melhorias e atender às recomendações relacionadas à
segurança individual e coletiva.”

“Art. 7º As principais estratégias para a implementação da NOSS são as


avaliações dos ambientes e processos de trabalho, o acompanhamento da saúde
do servidor e as ações educativas em saúde, pautadas na metodologia de pesquisa-
intervenção.”

Art. 7º - Parágrafo único.

O conhecimento e a percepção que os servidores têm do processo de trabalho e


dos riscos ambientais serão considerados para fins de planejamento, execução,
monitoramento e avaliação das ações de Vigilância e Promoção à Saúde.

A FERRAMENTA NECESSÁRIA É O MAPA DE


RISCOS

A REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DOS RISCOS NO MAPA DE RISCOS

58
ELABORANDO O COQUI DOS LUGARES DA SUA UNIDADE/UFRGS

Desenhar a planta de seu local de trabalho é simples e pode ser feito num
papel, com a mão livre, sem maiores dificuldades. Pode também ser feito com o uso
de instrumentos de desenho, no computador, ou sobre a cópia da planta baixa da
Unidade, disponibilizada pela Prefeitura Universitária. O que não pode, é não
desenhar o croqui dos ambientes, identificar, dimensionar e efetivamente fazer e
desenvolver o Mapa de Riscos.

Exemplo:

A SEGUIR, UM CHECK-LIST PARA REALIZAR SEU PRIMEIRO MAPA DE


RISCOS.

59
RECONHECER OS RISCOS AMBIENTAIS ENCONTRADOS USANDO UM CHEK-LIST
UNIDADE: PRÉDIO No.:
DEPARTAMENTO: SALA: No.: TA M: F:
No.: PROF. M: F:
No. ALUNOS M: F:
PROCESSO DE TRABALHO:

RISCOS FÍSICOS FONTE(S) INTENSIDADE MEDIDAS DE CONTROLE OBSERVAÇÕES


(VERDE)
P M G Ordem EPC EPI
Geral
Ruído

Vibrações

Radiações
Ionizantes

Radiações
Não -Ionizantes

Frio

Calor

Pressões Anormais
Umidade
Riscos FONTE(S) INTENSIDADE MEDIDAS DE CONTROLE OBSERVAÇÕES
Químicos

(VERMELHO) P M G Ordem EPC EPI


Geral

Poeiras

Fumos

Névoas

Neblinas

Gases

Vapores

Substâncias,
compostos ou
produtos
químicos em
geral
Riscos FONTE(S) INTENSIDADE MEDIDAS DE CONTROLE OBSERVAÇÕES
Biológicos
MARROM P M G Ordem EPC EPI
Geral

Vírus

Bactérias

Protozoários

Fungos

Parasitas

Bacilos
Riscos FONTE(S) INTENSIDADE MEDIDAS DE CONTROLE OBSERVAÇÕES
Ergonômicos
P M G Ordem EPC EPI
(AMARELO) Geral

Esforço físico
intenso
Levantamento e
Transporte
manual de peso
Exigência de
postura
inadequada
Imposição de
Ritmos
excessivos
Trabalho em
turno e noturno
Ornadas de
trabalho
prolongadas
Monotonia e
repetitividade
Outras
situações
causadoras de
estresse físico
e/ou psíquico
Riscos de FONTE(S) INTENSIDADE MEDIDAS DE CONTROLE OBSERVAÇÕES
Acidentes
P M G Ordem EPC EPI
(AZUL) Geral

Arranjo físico
inadequado
Máquinas e
equipamentos sem
proteção
Ferramentas
inadequadas ou
defeituosas
Iluminação
inadequada
Eletricidade
Probabilidade de
incêndio ou
explosão
Armazenamento
inadequado
Animais
peçonhentos
Outras situações
de risco que
poderão contribuir
para a ocorrência
de acidentes.
DESENHANDO O MAPA DE RISCOS

Representação gráfica do Mapa de Riscos

 Os riscos serão representados por círculos de tamanhos e cores diferentes que


devem ser apostos sobre a planta (lay-out) do local analisado.

 O tamanho do círculo indicará se o risco é grande, médio ou pequeno (quanto


maior for o círculo, maior o risco).

 Para cada tipo de risco os círculos serão representados por uma cor diferente,
conforme segue:

 riscos físicos: verde;


 riscos químicos: vermelho;
 riscos biológicos: marrom;
 riscos ergonômicos: amarela;
 riscos de acidentes: azul.

 Alguns exemplos práticos:

 Num dado almoxarifado foi detectada a existência de muita poeira:

Risco grande (muita poeira)


Cor Vermelha (risco químico)

 Em uma área de escritório foram encontradas algumas cadeiras fixas, utilizadas


para operação do PC:

Risco médio (cadeiras fixas)


Cor Amarela (risco ergonômico)

 Na copa foi encontrado um botijão de gás:

Risco pequeno (gás de cozinha)


Cor Azul (risco de acidente)
EXEMPLOS DE MAPAS DE RISCOS ELABORADOS EM CURSOS
ANTERIORES NA UFRGS

66
INVESTIGAÇÃO DOS ACIDENTES e INCIDENTES DO TRABALHO

Dentre as atribuições importantes da COSAT, a de investigar os acidentes do


trabalho ocorridos é destacada.

Porém esse é o lugar comum das práticas prevencionistas tecnicistas, que


esquecem das bases da prevenção quando ela mesma falha e ocorre o acidente.

Os estudos mostram, e já vimos anteriormente, que o número de incidentes vai às


centenas para cada um acidente com morte. Logo, é evidente que a ocorrência dos
incidentes ou quase-acidentes indica, avisa, deverá alertar para a desagregação do
trabalho e se presentes práticas prevencionistas, se elas são ineficientes e
enganosas.
A UFRGS possui um formulário para registro dos Acidentes e Incidentes do
Trabalho que é o FAIS – Formulário de Acidente e Incidente em Serviço que a
COSAT deve se ocupar do uso, pois ele dispara a ação dos serviços de saúde e
segurança do trabalho para que ainda haja tempo de evitar danos maiores ou mesmo
minimizar os impactos potenciais.

Porém Investigar um acidente é


diferente do que registrá-lo.

Existe uma série de metologias de


Investigação de Acidentes do
Trabalho, desde as mais simples,
até mais complexas. Porém a
recomendada pela Organização
Internacional do Trabalho é o
Método da Árvore de Causas.

Este método encara o acidente e


se aplicado de forma mais ampla, o
incidente, como uma anomalia num sistema que fora projetado para operar de forma
ótima.

Estabelece um cenário com elementos da Atividade, Material, Indivíduo e Tarefa,


onde os antecedentes-estado e os antecedentes-variações são os fatores que,
encadeados explicam os reais motivos do evento acidente do trabalho.
O Método da Árvore de Causas bem aplicado, evita os juízos de valor sobre os
fatos, no que se baseiam muitos outros métodos, evitando-se assim o reducionismo
da culpa deste ou daquele indivíduo. A definição destes fatores causais pontuais, são
resultado de duas condições: Necessidade e Suficiência. Essas condições
estabelecem os fatores geradores, os antecedentes das consequências.

O Método da Árvore de Causas parte da lesão sofrida com o acidente, ou mesmo


aquela que poderia ter ocorrido, e retrocede no tempo, numa investigação de fatos do
passado, que explicam os mais recentes.

Acima, na página, o exemplo de como pode ser representada de forma gráfica a


árvore de causas. Ilustraremos um caso para exercitar o raciocínio sobre a gênese

67
dos acidentes, e noutros encontros de capacitação, poderemos tratar exclusivamente
deste processo de investigação de forma mais apropriada.

AS NORMAS REGULAMENTADORAS DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO.

O Ministério do Trabalho e Emprego é responsável pela publicação, atualização e


criação de novas Normas Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho,
conhecidas por NRs.

Hoje são 36 NRs, compondo a Portaria 3214/78 do MTE, que cada vez se tornam
mais especializadas e com elementos de gestão de riscos.

A COSAT pode consultá-las no seguinte link e mais adiante apresentamos um


quadro resumo destas normas e qual sua área de aplicação mais específica.

http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas-regulamentadoras-1.htm

Essas normas baseiam as ações, relatórios, vistorias, adicionais de insalubridade e


periculosidade e fundamentam legalmente a medidas de controle dos riscos
encontrados propostas pelos Engenheiros de Segurança do Trabalho, Médicos do
Trabalho e Técnicos em Segurança do Trabalho do DAS/PROGESP.

Por outro lado é forçoso dizer que muitas delas estão desatualizadas e não
respondem às necessidades atuais. Além disso, os servidores públicos do RJU não
estariam protegidos pelo disposto nas mesmas por uma série de interpretações legais
controversas.

Como são as únicas normas existentes no ordenamento jurídico brasileiro, são


usadas de forma orientativa nas avaliações e decisões técnicas.

Outro aspecto é que a COSAT pode avançar sobre os limites das NRs, tomando-as
como referência mínima, sem deixar de valorizar a subjetividade na análise de riscos,
como bem será destacado por ocasião do estudo do Mapa de Riscos.

Estudo do Procurador do Ministério Público do Trabalho, busca trazer à luz que as


Normas Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho são aplicáveis para
os Servidores Públicos Civis mesmo que a NR -1 diga que tão somente aos
empregados celetistas.

Nos perfilamos com a opinião do Procurador do Trabalho João Carlos Teixeira e


entendemos que as COSATs e os Serviços de Saúde e Segurança do Trabalho da
Universidade deveriam, não mais usar as NRs e outras normas como referência, mas
aplicá-las imediatamente em todos os seus termos e no que couber, adequá-las de
forma a qualificá-las visto a autonomia administrativa constitucionalmente prevista das
IFES e o próprio texto Constitucional mais precisamente no art. 7º. Inciso XXII.

A íntegra do texto do Procurador João Carlos Teixeira pode ser encontrado no link
abaixo.
http://www.pgt.mpt.gov.br/publicacoes/pub48.html

68
NORMAS REGULAMENTADORAS DE SEGURANÇA E MEDICINA DO
TRABALHO – PORTARIA 3214/78 do MTE.

http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas-regulamentadoras-1.htm

Norma Regulamentadora-NR Tema

Estabelece obrigatoriedade do cumprimento das Normas pelo empregador e pelos

NR – 01: empregados. Dá competência ao MTE e às DRT para coordenar e fiscalizar.

Disposições Gerais

NR – 02: Aprovação prévia de instalações; cria o Certificado de Aprovação de Instalações –


Inspeção Prévia CAI.

NR – 03: Dá competência para embargar obra ou interditar estabelecimento, máquina ou setor.


Embargo ou Interdição
NR – 04:
Cria obrigatoriedade de contratação de profissionais de SST e descreve suas
Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em
competências
Medicina do Trabalho - SESMT
NR – 05: Cria a obrigatoriedade de constituição e manutenção das CIPA nos estabelecimentos
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA da empresa.
NR – 06:
Define e obriga a distribuição e uso dos EPI como recurso de proteção contra lesões
Equipamentos de Proteção Individual – EPI
NR – 07:
Estabelece a obrigatoriedade da elaboração do PCMSO para promoção e
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional -
preservação da saúde dos trabalhadores.
PCMSO
NR – 08: Estabelece requisitos técnicos mínimos para garantir a segurança e conforto aos que
Edificações trabalham.
NR – 09:
Obrigatoriedade de elaboração e implementação do PPRA.
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA
NR – 10: Requisitos e condições mínimas para implementação de medidas de controle e
Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade sistemas preventivos contra acidentes elétricos

NR – 11:
Segurança para operação em guindastes, elevadores, transportadores industriais e
Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de
máquinas transportadoras.
materiais
NR – 12:
Medidas de proteção para máquinas e equipamentos
Máquinas e Equipamentos
NR – 13:
Definição e medidas de segurança para vasos sob pressão
Caldeiras e vasos sob pressão
NR – 14:
Medidas de proteção na utilização de fornos
Fornos
NR – 15:
Define insalubridade e caracteriza as atividades e operações em que ocorre
Atividades e operações insalubres
NR – 16:
Define a periculosidade e caracteriza as atividades e operações em que ocorre
Atividades e operações perigosas
NR – 17: Estabelece os parâmetros para adaptação das condições de trabalho às
Ergonomia características dos trabalhadores
NR – 18:
Diretrizes administrativas e de planejamento visando a implementação de medidas de
Condições e maio ambiente de trabalho na indústria da
controle e sistemas preventivos de segurança
construção
NR – 19: Define e estabelece medidas de prevenção no trabalho com explosivos

69
Explosivos
NR – 20:
Define e classificam combustíveis e inflamáveis e define medidas de proteção
Líquidos combustíveis e inflamáveis
NR – 21:
Estabelece as medidas de proteção ao trabalho realizado a céu aberto
Trabalhos a céu aberto
NR – 22: Disciplina os preceitos a observar na conformação do ambiente de trabalho com
Segurança e saúde ocupacional na mineração vistas à segurança
NR – 23: Estabelece a obrigatoriedade de implementação de medidas de prevenção e de
Proteção contra incêndios proteção contra incêndios e combate ao fogo
NR – 24: Disciplina as condições a serem disponibilizadas nos diversos locais de trabalho
Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho visando à higiene e segurança e saúde no trabalho
NR – 25:
Dispõe sobre a eliminação dos resíduos gasosos, sólidos e líquidos nas empresas
Resíduos industriais
NR – 26: Disciplina a utilização do sistema de cores para a segurança e em canalizações
Sinalização de segurança industriais buscando a segurança no trabalho
NR – 27:
Registro profissional do técnico de segurança do trabalho no Regula o exercício da profissão de técnico de segurança do trabalho
MTE
NR – 28: Confere competência e dispõe sobre a forma de fiscalizar e aplicação de notificações
Fiscalização e penalidades e autos de infração às Normas regulamentadoras
NR – 29: Regulamenta a proteção obrigatória contra acidentes do trabalho e doenças
Norma de segurança e saúde no trabalho portuário profissionais dos trabalhadores portuários
NR – 30: Proteção e regulamentação das condições de segurança dos trabalhadores
Segurança e saúde no trabalho aquaviário aquaviários
NR – 31:
Estabelece os preceitos a serem observados na conformação do ambiente de
Segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária,
trabalho com vistas à segurança
silvicultura, exploração florestal e aqüicultura.
NR – 32: Estabelece as diretrizes básicas de implementação de proteção à segurança e saúde
Segurança no trabalho em serviços de saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde.
NR – 33: Estabelece requisitos mínimos para identificação de espaços confinados e o
Segurança e saúde nos trabalhos em espaços confinados reconhecimento, avaliação, monitoramento e controle dos riscos existentes.
NR 34 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria Estabelece os requisitos mínimos e as medidas de proteção à segurança, à
da Construção e saúde e ao meio ambiente de trabalho nas atividades da indústria de construção e
Reparação Naval reparação naval.
estabelece os requisitos mínimos e as medidas de proteção para o trabalho em altura,
envolvendo o planejamento, a organização e a execução, de forma a garantir a
NR-35 Trabalho em Altura
segurança e a saúde dos
trabalhadores envolvidos direta ou indiretamente com esta atividade.
estabelece os requisitos mínimos para a avaliação, controle e
monitoramento dos riscos existentes nas atividades desenvolvidas na indústria de
abate e processamento de
NR-36 - Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de carnes e derivados destinados ao consumo humano, de forma a garantir
Abate e Processamento de Carnes e Derivados permanentemente a segurança, a
saúde e a qualidade de vida no trabalho, sem prejuízo da observância do disposto
nas demais Normas
Regulamentadoras - NR do Ministério do Trabalho e Emprego.

70
A GESTÃO DE QUALIDADE NA UFRGS COMO PILAR CONDICIONANTE NA
SAÚDE E SEGURANÇA DA COMUNIDADE UNIVERSITÁRIA

A gestão dos serviços públicos é uma das questões mais debatidas na mídia
brasileira que costuma enfocar preferencialmente as mazelas decorrentes de uma
gestão dita desqualificada.

A Universidade Federal do Rio Grande do Sul esteve há poucos dias no notíciário


como uma das melhores universidades do Brasil, porém há uma falta importante nos
critérios que definem esta qualidade que podemos determinar ao responder
corajosamente as seguintes perguntas:

1) Os ambientes de trabalho, onde é produzido o conhecimento e a pesquisa


são seguros e saudáveis?
2) Os processos de trabalho desenvolvidos nas salas de aula, laboratórios,
oficinas, nos diversos serviços, oferecem riscos a saúde e segurança da comunidade
unversitária?
3) Os riscos existentes são controlados a ponto de considerarmos as atividades
desenvolvidas seguras?
4) Os alunos da Universidade são ensinados e aprendem que um trabalho
qualificado é aquele feito respeitando as normas de prevenção de acidentes e
doenças?

Estas são algumas de tantas questões que, se respondidas adequadamente,


colocam em questão a qualidade que embasou o ranking recente das Universidades
Brasileiras.

Isto não é uma simples opinião. Os sistemas de gestão de qualidade, meio


ambiente, saúde e segurança do trabalho e responsabilidade social separadamente
tem dentre seus requisitos o respeito às normas de segurança e medicina do trabalho
como mínimo a ser feito, esta qualificadora fundamental é expressa, por exemplo, na
SA 8000, norma internacional de responsabilidade social das empresas.

Sabemos que a ISO 9001 após anos de qualidade de produto, em 2008 se


aprimorou significativamente e estabeleceu processos de trabalho de qualidade, com
requisito nos ambientes de trabalho(itens 6.2, 6.3 e 6.4) saudáveis, com riscos
controlados.

Assim sendo, aprimorou-se definitivamente a possibilidade de estabelecimento de


sistemas de gestão integrados, com no mínimo quatro enfoques interligados
permanentemente, quais sejam:

 Qualidade de Processo – ISO 9001


 Gestão Ambiental – ISO 14001
 Sistemas de Gestão em Saúde e Segurança do Trabalho - OSHAS 18001e
 Responsabilidade Socials das Empresas – SA 8000.

O que entrelaça essas quatro normativas é a presença da saúde e segurança do


trabalho como requisito comum.

71
Nas questões ambientais, por exemplo, a PORTARIA CONJUNTA MMA/IBAMA Nº
259, DE 7 DE AGOSTO DE 2009 diz:

“Art. 1º Fica obrigado o empreendedor a incluir no Estudo de Impacto Ambiental e


respectivo Relatório de Impacto Ambiental - EIA/RIMA, capítulo específico sobre as
alternativas de tecnologias mais limpas para reduzir os impactos na saúde do
trabalhador e no meio ambiente, incluindo poluição térmica, sonora e emissões
nocivas ao sistema respiratório.

Art. 2º No âmbito do seu Programa Básico Ambiental-PBA, exigido para obtenção


da
Licença de Instalação, o empreendedor deverá propor programa específico de
Segurança, Meio Ambiente e Saúde-SMS do trabalhador. “

A UFRGS possui hoje muitos dos


requisitos para enfrentar esta questão,
em mais uma tentativa. A UFRGS
possui regulação de comissões de
trabalhadores e alunos destinadas à
vigilância dos ambientes de trabalho,
setores técnicos de saúde e segurança
do trabalho, tanto na parte preventiva
quanto de assistência básica, equipes
multidisplinares, estudos realizados,
restando o estabelecimento de uma
consciência atitudinal dos gestores de
alto escalão para reconhecer e executar
políticas de qualidade dos ambientes e
processos de trabalho como geradores
de uma produção universitária de
qualidade, em ambientes seguros com
riscos controlados.

No Campo da gestão de riscos existem ou poderão ser criados vários processos


de prevenção que poderião ser adotados na UFRGS, como por exemplo:

Mapeamento de Riscos;
Análise Prelinar de Riscos;
Programas de Prevenção de Riscos da Unidade/UFRGS - PPRU;
Programas de Gestão de Riscos Químicos - PGRQ;
Programas de Gestão de Riscos Biológicos - PGRB;
Programas de Prevenção a exposição ao Ruído - PPER;
Programas de Gestão de Riscos à Saúde Mental – PGRSM
Etc.

72
CONCLUSÃO

O que fazer agora?

Esta primeira fase da nossa capacitação básica em segurança do trabalho com a


Oficina de Mapa de Riscos não se conclui com as primeiras vinte horas de aulas. A
Prevenção é um processo contínuo, simples, porém requer empenho e compromisso,
um compromisso com a comunidade e com a UFRGS.

Com os conhecimentos e habilidades desenvolvidas, as COSATs devem dar


seguimento ao mapeamento de riscos de todas as dependências da Unidade e
planejar as ações da gestão.

O Mapa de Riscos, como vimos, retira dos corredores as reclamações, e sistematiza


o levantamento dos riscos por parte dos trabalhadores, estebelecendo a formalidade
inicial e necessária para acionar as demais áreas da UFRGS que, por competência,
devem dar as respostas esperadas.

Neste próximo módulo de 20 horas, buscaremos consolidar formas para dar as


respostas ao questionamento sobre o que fazer agora que identificamos os riscos da
nossa Unidade?

Ampliar os levantamentos, elaborar plano de ação, estabelecer metas, processo de


avaliação, conhecer os setores técnicos e administrativos para onde encaminhar os
pleitos, assim como organizar os trabalhos das COSAT, desde sua primeira reunião
formal após o curso.

Pararemos por ai? Evidente que não! Teremos ainda o CONSSAT a ser constituído
por Campus, cursos de capacitação especificos como Segurança com Agentes
Químicos – O Laboratorio Seguro, Segurança e Proteção Radiológica, Ergonomia,
dentre tantos outros que visarão qualificar a ação das COSATs e enfocar ainda mais
nas especidades dos riscos de cada local de trabalho.

O processo de qualificação dos ambientes de trabalho é contínuo, de permanente


avaliação e correção de rumos, até que se possa dotar as pessoas da UFRGS e de
cada unidade de um pensamento, um comportamento naturalmente seguro,
embasador da qualidade almejada.

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GLOSSÁRIO

Absenteísmo: ausência habitual do emprego.


Acidentes do trabalho: acontecimento anormal, imprevisto e involuntário que causa
ferimentos ou danos materiais ocorrido durante o exercício do trabalho que, do ponto
de vista preventivo, não resulta de uma única causa e, sim, de uma falha global do
sistema de gestão preventiva de SST.
Âmbito: espaço delimitado, recinto, área ou campo de ação, zona de atividade.
Ações Reativas: procedimentos adotados tão somente após a ocorrência de um
fato.
Álcalis cáusticos: substância de propriedades análogas às da soda cáustica, ou da
potassa;
Análise Ergonômica do Trabalho – AET: metodologia que conduz à elaboração de
um projeto com a finalidade de adaptar, concretamente, as condições e situações de
trabalho às características do homem. Observações são realizadas no local de
trabalho considerando o homem como objeto do trabalho humano e que conduzem a
um diagnóstico, um projeto de modificação e uma verificação dos efeitos resultantes.
Tem como finalidade transformar o trabalho, visando obter boas condições para os
operadores e o atendimento aos objetivos da produção. Constitui-se das fases:
análise da demanda, análise da tarefa e análise da atividade.
Antecipação e reconhecimento dos riscos/ identificação precoce: identificação de
um processo perigoso, um risco, um incêndio, uma doença, etc, em suas primeiras
manifestações, ou quando, ainda, permanece em estado de latência. Configura uma
etapa do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA em que se
desenvolve a análise de projetos de novas instalações, métodos ou processos de
trabalho visando a identificar os riscos e introduzir medidas de proteção para sua
redução ou eliminação.
Aplicabilidade: possibilidade de alguma medida ou recomendação, administrativa ou
técnica, ser implantada no processo do trabalho.
Atestado de Saúde Ocupacional – ASO: documento integrante do Programa de
Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO emitido pelo médico da empresa
atestando as condições de saúde do trabalhador por ocasião do seu ingresso, durante
o trabalho e quando de sua saída da empresa.
Atos Ilícitos: atos não lícitos; contrário à moral ou às leis; ato ilegal.
Associativismo: prática em unir-se, reunir-se para compartilhar, contribuir e
cooperar em prol do mesmo objetivo.
Audiometria: exame médico para determinar se o trabalhador sofreu alguma perda
auditiva.
Avaliação audiológica: vide “Audiometria”.
Avaliação da exposição ao risco: estudo das condições ambientais de trabalho para
determinar o nível de comprometimento da saúde dos indivíduos
Avaliação quantitativa: estudo que visa determinar a intensidade e o provável dano
que pode ser produzido, no indivíduo, pela presença do risco no ambiente de
trabalho.

C
Código Civil: conjunto de dispositivos que estabelece o começo e o fim da
personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família – Código Civil Brasileiro.

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Código Penal: conjunto de dispositivos que define os crimes e as penas a que
estão sujeitos aqueles que os cometem.
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA: espécie de comitê de
segurança formado por representantes dos trabalhadores e do empregador, em uma
empresa, que objetiva a prevenção de acidentes e doenças do trabalho.
Comunicação de Acidentes do Trabalho – CAT: formulário padrão de
preenchimento obrigatório para encaminhar um acidentado do trabalho ao Seguro de
Acidentes do Trabalho da Previdência Social.
Consolidadas: que foram tornadas sólidas, estáveis, seguras.
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT): conjunto de normas que regem as
relações de trabalho no Brasil.
Consórcios: reunião de empresas, pessoas ou de interesse em busca de alcançar
de forma mais fácil um objetivo comum.
Contaminação ambiental: dispersão de produtos nocivos para a saúde no meio
ambiente.
Contaminante: substância ou material prejudicial presente no ambiente capaz de
produzir danos na saúde das pessoas.
Controle de riscos: conjunto de atuações para evitar a exposição dos trabalhadores
a um risco presente no local de trabalho mediante a adoção de medidas técnicas e
organizacionais que impeça a emissão, difusão ou a retirada do mesmo.
Convenções: encontros, reuniões ou assembléia de indivíduos ou representações
de classes, de associações, onde se delibera sobre determinados assuntos de
interesse comum.
Cronograma: representação gráfica da previsão de execução de um trabalho onde
são indicados os prazos em que se deverão executar as suas diversas fases.
Croquis: esboço simples de um desenho, figura ou planta.

D
dB: símbolo de decibel – usado para representar diferenças de nível de sensação
acústica.
Definição de prioridades e metas de avaliação e controle: estabelecimento do que é
mais importante e o que se pretende alcançar realizando determinada tarefa.
Dejetos humanos: conjunto de matérias fecais excretadas pelos indivíduos e
animais.
Direito do trabalho: ramo do Direito que se dedica às normas que regulam as
condições do trabalho humano assalariado, os direitos e os deveres de empregados e
empregadores.
Dispositivo de segurança: sistema que impede que se inicie ou se mantenha uma
fase perigosa de uma máquina ou equipamento.
Doenças infecto-contagiosas: que produzem infecção e se propagam por contágio.
Doenças do trabalho: doenças resultantes do exercício da atividade de trabalho e
que possuem relação direta com este.

Eficácia: qualidade ou propriedade de eficaz.


Embargo: impedimento judicial a execução de obra.
EPI: Equipamento de Proteção Individual – conjunto de dispositivos de uso
individual destinados a proteger o usuário contra lesões resultantes de acidentes.

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Ergonomia: ciência multidisciplinar aplicada, cujo objeto é o trabalho humano e seu
objetivo é a transformação concreta das situações de trabalho inadaptadas ao homem
(Pierre Cazamian).
Espaços confinados: espaço com entrada e saída limitados e que não se destina a
permanência de pessoas.
Esterilidade: qualidade de estéril, que não é capaz de produzir, infecundo.
Estratégia de ação: modo como será realizada determinada ação.
Estresse: considerado um estado pessoal onde se reúnem ansiedade, medos,
emoções, fadigas, etc. produzido por um desequilíbrio entre a demanda das
exigências de trabalho e a capacidade de resposta do indivíduo condicionada por um
grau de apoio social com qual conta, dentro e fora do trabalho.

F
Fadiga laboral: esgotamento orgânico e/ou psíquico que aparece no trabalhador
quando as energias investidas em um determinado trabalho se esgotam e não são
repostas mediante a ingestão de alimentos ou de repouso (pausas e sono).
Fatos Jurídicos: acontecimento em virtude do qual os direitos nascem ou se
extinguem.
Ferramentas de gestão: conjunto de dispositivos gerenciais que auxiliam na
organização e administração de determinadas situações.
Fonte geradora: elemento ou conjunto de elementos responsáveis pela iniciação e
existência de uma situação ou circunstância.

G
Gestão: administração, gerência.
Gestão participativa: método de administrar situações por intermédio da
participação de todos os envolvidos.
Gestão preventiva: método de administrar situações antecipando-se à ocorrência
dos fatos, para evitar que se manifestem.
Gestão reativa: método de administrar situações somente após a ocorrência de
determinados fatos.
Grau de risco: nível de intensidade atribuído a um agente capaz de produzir danos
à saúde ou integridade física de uma pessoa.
Gravidez: estado físico da mulher durante o período em que uma criança é gerada
(gestação) no seu ventre.

H
Hipossuficiente: diz-se daquilo ou de quem é economicamente frágil, que não é
auto-suficiente.

I
Implantação das medidas: introdução de uma nova forma de conduzir, m
Implementação: ato de levar à prática por meio de providências concretas.
Imprudência: qualidade do ato praticado por quem conhece a possibilidade de
efeitos danosos e ainda assim continua a prática.
INSS: sigla que identifica o Instituto Nacional do Seguro Social.
Interditar: vedar o acesso a um determinado local, máquina ou equipamento.
Inviabilidade: qualidade daquilo que não é possível de se fazer.

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Leis: regra de Direito ditada pela autoridade estatal e tornada obrigatória para
manterá ordem. Norma ou conjunto de normas elaboradas e votadas pelo poder
legislativo.
Lesões Corporais: ofensas à integridade corporal de alguém.
Limite de tolerância: limite máximo de concentração ou intensidade estabelecido
pela legislação para que o trabalhador fique exposto a um agente agressivo, durante
a jornada de trabalho, sem sofrer efeitos adversos na saúde.
Lux: unidade de medida de iluminamento no Sistema Internacional.
M
Mapa de Riscos Ambientais: representação gráfica que utiliza formas e cores para
informação aos trabalhadores sobre os riscos existentes nos setores de trabalho.
Medicina do trabalho: especialidade da medicina que promove a saúde dos
trabalhadores a partir do conhecimento das condições de trabalho em que eles
desenvolvem suas atividades.
Metodologia de ação: vide “estratégia de ação”.
Minimização do risco: procedimento técnico e/ou administrativo que busca diminuir
a intensidade do risco existente por meio de medidas de ordem tecnológicas ou
organizacionais.
Monitoramento dos riscos: vide “avaliação da exposição aos riscos”.
Multidisciplinar: referente ou que abrange várias áreas do conhecimento.

N
Negligência: desleixo, descuido, relaxamento.
Neutralização do risco: ato de tornar sem efeito a agressividade de um risco.
Normas legais: vide “leis”.
Normas Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho – NR: conjunto
de normas técnicas sobre segurança e saúde no trabalho inseridas na legislação
trabalhista, estabelecem as responsabilidades do empregador, empregados e do
poder público, quanto aos procedimentos a serem observados, nos ambientes em que
existam riscos de acidentes ou doenças, visando a preservação da integridade física
e a saúde dos trabalhadores.
Normatização: ato de estabelecer normas para algo.

O
Omissão: ato ou efeito de não fazer aquilo que moral ou juridicamente se devia
fazer.
Ônus: encargo, obrigação, dever.
Operacionalidade: qualidade daquilo que está pronto para funcionar.
Organização Internacional do Trabalho (OIT): agencia especializada associada à
Organização das Nações unidas (ONU) que tem como objetivo o estabelecimento d
diretrizes em matéria de trabalho que são d aplicação para os países que as ratificam.
Organização Mundial da Saúde (OMS): organismo internacional que se constitui em
autoridade direta e coordenação em matéria de saúde.
Organizacionais: relativo ou próprio da organização de uma empresa.
Osteomioarticulares: que tem relação com os ossos, músculos e articulações do
corpo humano.

P
Periclitação da vida: situação em que existe perigo para a vida

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Plano de gestão preventiva: conjunto de atividades organizadas por uma empresa
para alcançar objetivos de saúde e segurança mediante o desenho de atividades
isentas de risco ou o controle dos riscos que não podem ser evitados.
Planta baixa: representação gráfica da distribuição do espaço físico de um local
com suas dimensões.
Portarias: documento de ato administrativo de qualquer autoridade pública
contendo instruções relativas a aplicação de leis ou regulamentos.
Preceitos: regra de procedimento
Prevenção: conjunto de atividades ou medidas adotadas ou previstas em todas as
fases de atividade de uma empresa com o fim de evitar ou diminuir os riscos
derivados do trabalho.
Proativa (o): que se refere a algo ou alguém que antecipa futuros problemas,
necessidades ou mudanças, que seja capaz de mudar eventos em vez de reagir a
eles, fazendo com que as coisas aconteçam.
Proteção coletiva: atividades ou medidas que evitam ou reduzem a exposição ao
risco de um conjunto de trabalhadores.
PCA: Programa de Controle Auditivo
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO: programa
instituído que tem por objetivo a promoção e preservação da saúde dos
trabalhadores, individualmente e coletivamente, devendo ter o caráter de prevenção,
rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho.
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA: Programa instituído que
visa à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, por meio da
antecipação, reconhecimento, avaliação e conseqüente controle dos riscos
ambientais, existentes ou que venham a existir.
Psicofisiologia: estudo científico das relações entre a atividade fisiológica e o
psiquismo.

R
Recepcionadas pela Constituição Federal: instrumentos legais que possuem data
anterior e que tiveram a sua eficácia mantida quando da promulgação da Constituição
Federal (1988)
Regência legal: elenco de instrumentos legais que regulamentam atos e fatos
jurídicos.
Relações de trabalho: figura jurídica que identifica a relação que se estabelece
entre o tomador do serviço (empregador) e o prestador do serviço (empregado) com
fundamento em normas próprias.
Responsabilidade civil: obrigação de reparar o dano que uma pessoa causa a outra.
Em direito, a teoria da responsabilidade civil procura determinar em que condições
uma pessoa pode ser considerada responsável pelo dano sofrido por outra pessoa e
em que medida está obrigada a repará-lo. A reparação do dano é feita por meio da
indenização, que é quase sempre pecuniária. O dano pode ser à integridade física,
aos sentimentos ou aos bens de uma pessoa.
Responsabilidade criminal: a que decorre de deliberação consciente ou omissão,
sem intenção dolosa, prevendo ou não as conseqüências lesivas.
Responsabilização: ato de atribuir responsabilidade
Riscos biológicos: microrganismos transmitidos ao indivíduo, por meio de contato
ou contágio, capazes de produzirem efeitos danosos à saúde.
Riscos de acidentes: chamados também riscos mecânicos, a condição material
capaz de potencializar danos à integridade do indivíduo

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Riscos ergonômicos: situações potencializadoras de disfunções orgânicas e/ou
psicológicas resultantes da deficiente organização no trabalho.
Riscos físicos: formas de energia que se transmitem ao indivíduo com propriedades
de gerar alterações nos órgãos, tecidos e funções do corpo humano.
Risco grave e iminente: probabilidade de que ocorra uma exposição imediata com a
capacidade de produzir danos graves, à integridade do trabalhador, em curto ou longo
prazo,.
Riscos químicos: são aqueles cujos agentes podem reagir com os tecidos humanos
ou afetar o organismo, causando alterações em sua estrutura e/ou funcionamento.

S
Sistema de gestão da SST: conjunto de elementos inter relacionados ou interativos
que têm por fim estabelecer uma política e objetivos de SST e alcançar esses
objetivos.

T
Trabalho noturno: trabalho realizado entre as 22h00min de um dia e as 05h00min
do outro.
Trabalho insalubre: atividade desenvolvida sob condições operacionais ou
ambientais adversas e que comprometem a saúde do trabalhador, inclusive podendo
provocar doenças.
Trabalho perigoso: atividade desenvolvida sob condições operacionais ou
ambientais de perigo iminente, podendo produzir danos à integridade do trabalhador,
inclusive a morte.
Tratado de Versailles: acordo de paz assinado entre os países Aliados e a
Alemanha, pondo fim à Primeira Guerra Mundial. A importância deste Tratado para o
Direito do Trabalho foi a elaboração do projeto de estruturação da Organização
Internacional do Trabalho – OIT.

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BIBLIOGRAFIA

1. Normas Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho – Portaria


3214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego -
http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas-regulamentadoras-1.htm
2. www.fundacentro.gov.br
3. SESI-http://pro-
sst1.sesi.org.br/portal/main.jsp?lumPageId=4028E4810FE33B67010FE5F87
E682F15
4. Google – Imagens - www.googe.com/imagens
5. http://www.pgt.mpt.gov.br/publicacoes/pub48.html
6. Mapa de Riscos - http://www.scielo.br/pdf/csp/v10n2/v10n2a12.pdf
7. http://www.ufrgs.br/progesp/progesp-1/manual-do-
servidor/manual/formulario-de-acidente-e-incidente-de-servico-
fais/formulario-de-acidente-e-incidente-de-servico-fais
8. http://www.iq.ufrgs.br/cosat/FAIS.php
9. http://www.epsjv.fiocruz.br/pdtsp/index.php?s_livro_id=6&area_id=2&autor_id=&c
apitulo_id=13&sub_capitulo_id=14&arquivo=ver_conteudo_2

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