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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES – UCAM

MBA EM GERENCIAMENTO DE RISCOS


E SEGURANÇA INDUSTRIAL

JOÃO ALVARO DE SOUZA ALMEIDA

ABASTECIMENTO DE COMBUSTÍVEL EM EMBARCAÇÕES


OFFSHORE:
NORMAS REGULAMENTADORAS E SUA APLICAÇÃO NA SEGURANÇA DO TRABALHO

Orientadora: Prof. Dra. Vânia Maria de Alcântara

Rio de Janeiro
2020
ABASTECIMENTO DE COMBUSTÍVEL EM EMBARCAÇÕES
OFFSHORE:
NORMAS REGULAMENTADORAS E SUA APLICAÇÃO NA SEGURANÇA DO TRABALHO

JOÃO ALVARO DE SOUZA ALMEIDA1

Acadêmico do Programa de Pós-graduação lato sensu:


MBA EM GERENCIAMENTO DE RISCOS E SEGURANÇA INDUSTRIAL
Universidade Cândido Mendes – UCAM

1
joaoasa26@hotmail.com
AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus todo poderoso por me dar motivação a cada dia, ao


acordar para começar uma nova jornada com o pensamento no meu objetivo
À Universidade Cândido Mendes pela oportunidade concedida para
realização do curso.
À professora Vânia Maria de Alcântara por toda orientação e atenção
dispensada.
À professora Gisele Teixeira Saleiro pelo apoio constante e dedicação
na minha vida acadêmica.
A minha profunda consideração a todos os funcionários e professores
da plataforma da Pós-graduação da Universidade Cândido Mendes.
Dedico este trabalho primeiramente aos meus filhos, pela força maior de
motivação, para que possam vislumbrar que o conhecimento é um bem muito
precioso.
Ao meu pai, Orlando de Souza Almeida, por ter sido um grande homem
e ter me ensinado a seguir o caminho do bem (in memoriam).
A todos aqueles que, de uma forma ou de outra foram motivo de
inspiração para a minha caminhada profissional e acadêmica.
RESUMO

Algumas atividades profissionais são caracterizadas como insalubres e periculosas para os


trabalhadores porque oferecem riscos diretos à segurança e à saúde no ambiente laboral. A condição
do ambiente de trabalho adequado à prevenção de acidentes é a maneira mais eficiente de proteger a
vida e a saúde do trabalhador. Diante do risco, inerente a essas atividades, foram desenvolvidas as
Normas Regulamentadoras (NR), conjunto de normas que tratam das questões da saúde e da
segurança do trabalhador, e suas regras são de cumprimento obrigatório por empresas públicas e
privadas. Este trabalho tem como objetivo apresentar os riscos decorrentes das operações de
abastecimento de combustíveis marítimos, que são insalubres e perigosos, e relacioná-los com as
Normas Regulamentadoras vigentes para demonstrar que os riscos qualitativos existentes justificam a
criação das normas para esta atividade profissional.

Palavras-chave: Segurança. Normas Regulamentadoras. Abastecimento. Combustíveis.

ABSTRACT

Some professional activities are characterized as unhealthy and dangerous for workers because they
offer direct risks to safety and health in the workplace. The condition of the proper work environment for
preventing accidents is the most efficient way to protect the life and health of the worker. In view of the
risk inherent in these activities, Regulatory Norms (NR) were developed, a set of norms that deal with
issues of health and safety of workers, and their rules are mandatory for public and private companies.
This work aims to present the risks arising from marine fuel supply operations, which are unhealthy and
dangerous, and relate them to the current Regulatory Standards to demonstrate that the existing
qualitative risks justify the creation of standards for this professional activity.

Keywords: Security. Regulatory Standards. Supply. Fuels.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 6
2 REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................................7

3 MÉTODO................................................................................................................................8

4 A PRIMEIRA ETAPA DO ABASTECIMENTO ..................................................................9

4.1 Siglas e Definições ......................................................................................................10

4.2 Combustível Marítimo ................................................................................................10

4.3 Risco Laboral ..............................................................................................................11


5 NORMAS REGULAMENTADORAS DO TRABALHO – NRs .........................................13
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................................16
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1 INTRODUÇÃO

Com o advento da Revolução Industrial o homem passou a trabalhar mais.


Trabalhavam mulheres e crianças sem nenhum tipo de cuidado adequado para o
serviço, ou seja, não atentavam para os riscos que corriam no seu meio laboral.
Quanto mais trabalhadores eram somados às linhas de produção, mais
acidentes ocorriam. As mutilações eram comuns, o que provocava sua inutilização
para o trabalho e a perda da qualidade de vida desde a tenra idade. A força da mão
de obra infantil era explorada além dos limites humanos. O mundo velho passava por
uma transformação surpreendente e era difícil pensar em desistir daquele crescimento
industrial vertiginoso.
Contudo, o grande número de pessoas acidentadas e incapacitadas para o
trabalho levou a situação ao limite; algo precisava ser feito para diminuir o grande
número de acidentes e de pessoas lesionadas por operações de trabalho. A situação
era terrivelmente trágica. Neste contexto, sobreveio a organização dos trabalhadores
que se mobilizaram para exigirem os direitos trabalhistas que os amparassem neste
novo cenário industrial que se iniciava.
Com o passar dos anos, desenvolver o pensamento prevencionista em
qualquer tipo de trabalho se tornou a regra. Modelos, técnicas e métodos foram cada
vez mais estudados para reduzir os níveis de acidentes de trabalho e promover uma
atividade laboral com segurança para que se possa preservar a saúde do trabalhador.
O objetivo deste trabalho é apresentar a importância das Normas
Regulamentadoras do Ministério do Trabalho relacionada aos procedimentos
operacionais, inerentes ao serviço de abastecimento e fornecimento de combustível
em embarcações, as quais estão envolvidas no segmento da indústria de óleo e gás.
A importância dessas normas se dá pela natureza insalubre e periculosa dessa
atividade profissional.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Para fundamentar este trabalho foi utilizado o livro “Risco” de John Adams, o
autor cita os cuidados que devem ser tomados por todos que trabalham direta ou
indiretamente com produtos químicos, já que são muito prejudiciais à saúde.
Além dessa obra usou-se também as leis contidas no nosso ordenamento
jurídico, o que inclui a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT (capítulo V; Redação
deste Capítulo dada pela Lei n.6.514, de 22-12-77, DOU 23-12-77, art. 154 até o 200.
E pela Constituição da República Federativa do Brasil primeiramente em seu art. 7º-
XXII, XXVIII e XXXIII; 200º-VII e VIII; art. 201, §10.
Como complemento à pesquisa foi usado o livro “Medicina do Trabalho – Leis
e Legislação – obra coletiva da Editora Saraiva.
Buscou-se também orientações nas Normas Regulamentadoras (NR) do
Ministério da Economia, por meio do portal Inspeção do Trabalho, além de pesquisas
em material virtual disponível nos sites de referência do assunto proposto.
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3 MÉTODO

Para a realização deste artigo foi utilizada como base a pesquisa exploratória;
embora contenha também partes de uma pesquisa explicativa. Por não ser um
assunto difundido na sociedade, e ainda não haver autores abordando diretamente
essa questão, é relevante apresentar hipóteses sobre um objeto de estudo que mais
à frente poderá fomentar outras investigações sobre este problema.
Este trabalho contou ainda com uma pesquisa de campo, em que alguns
profissionais da área, em entrevista oral, relataram suas experiências pessoais sobre
o tema abordado. Essas entrevistas proporcionaram um interessante conteúdo, já que
foi possível extrair do público entrevistado as percepções sobre o serviço de
abastecimento e a segurança envolvida nos procedimentos.
A análise bibliográfica desse material se deu nas obras disponíveis nas
disciplinas online da plataforma da pós-graduação, relacionadas às Normas
Regulamentadoras, bem como nos livros indicados nas referências deste trabalho,
além da utilização de conteúdo disponível em material virtual diverso, devidamente
referenciado.
9

4 A PRIMEIRA ETAPA DO ABASTECIMENTO

Em todas as empresas prestadoras deste tipo de serviço existem documentos


que irão padronizar as etapas de trabalho, a fim de garantir a eficiência e eficácia.
Construindo um mapa hierárquico do pessoal envolvido no processo,
poderemos assim definir: a empresa responsável pela embarcação ou o armador, ou
o seu preposto – que é o agente marítimo, deverá solicitar o abastecimento de
combustível de uma de suas embarcações com uma empresa contratada,
devidamente capacitada, qualificada e habilitada para realizar o serviço em
determinado porto escolhido pelo armador ou preposto. Nesta solicitação constam os
itens obrigatórios necessários para que o abastecimento seja concretizado.
Assim sendo, é verificado com a superintendência do porto se todas as
exigências para a realização do serviço foram cumpridas pela empresa contratada, ou
seja, há uma monitoração da solicitação. Geralmente, a superintendência do porto da
localidade, onde o abastecimento será feito, possui a documentação informando as
resoluções ou normas para que este tipo de serviço seja realizado.
A gerência do meio ambiente local irá verificar se as normas estão todas
corretas e atualizadas para prosseguir com o fornecimento. Passa-se, então, a outra
etapa muito importante que é verificar se o veículo e os equipamentos estão em
conformidade com as normas regulamentadoras para este tipo de serviço.
O próximo passo é conferir se a equipe da base de emergência da empresa
que presta o abastecimento está em dia e preparada para dar prosseguimento ao
serviço até o seu término, além de averiguar se toda a documentação que registra o
serviço feito foi preenchida corretamente. Para iniciar as atividades, o operador
portuário – ele determina a hora de início dos trabalhos a serem executados – é
necessário ter o PEC – Plano de Controle de Emergência e o PEI – Plano de
Emergência Individual.
O abastecimento das embarcações demanda vários procedimentos
administrativos e de segurança. Cabe ao armador acionar o agente portuário para que
seja disponibilizada a data com a empresa contratada, responsável pelo fornecimento.
À empresa compete a parte administrativa de faturamento e também a preparação da
segurança para o serviço. Na fatura da operação, estão incluídas a garantia de uma
operação segura em vários aspectos; segura contra riscos ao meio ambiente, à
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máquinas e equipamentos e à saúde do trabalhador. Outros setores como a Gerência


de Meio Ambiente e o Controle de Programação da Base de Emergência possuem
cópia da fatura, dando ciência à operação que será realizada em dia e data
registrados. A contratada para o serviço fará a verificação da AFE na ANVISA e será
checada a validade das licenças e planos ambientais na Gerência de Meio Ambiente.
Para acessar a área do fornecimento, a empresa que fará o abastecimento é
acompanhada da base de emergência do local por profissionais do controle de
programação da base, demonstrando ciência da data e hora do procedimento. Os
veículos envolvidos no trabalho são pesados na entrada e na saída do local do
abastecimento. É emitido um comprovante com essas informações para serem
registradas e contabilizadas. Esses dados são importantes para mensurar o máximo
de riscos no local do abastecimento. A Base de Emergência, responsável pelas
operações de segurança e também por analisar e mensurar se há boa qualidade nos
equipamentos e no estado dos veículos envolvidos na operação.

4.1 Siglas e Definições


AFE - Alvará de Funcionamento da Empresa
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
GEAMB - Gerência de Meio Ambiente
GUAPOR - Gerência da Guarda Portuária
PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
MOPP – Movimentação de Produtos Perigosos

4.2 Combustível Marítimo


Segundo definição do Ministério de Minas e Energia “os combustíveis
marítimos são classificados em dois tipos principais. O bunker, também chamado de
Intermediate Fuel Oil (IFO) ou Óleo Combustível Marítimo (OCM), é utilizado em
motores principais, de grandes dimensões, nos sistemas de propulsão de navios de
grande porte”
O trabalho de abastecimento por combustíveis, seja ele qual for, derivado do
petróleo em seus vários fracionamentos, gerando dezenas de compostos inorgânicos
diferentes como gasolina, nafta, álcool, gás, diesel e especificamente para este estudo
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o óleo “bunker”, cada um com sua característica, mas todos eles com um alto grau de
risco à saúde dos envolvidos. O uso deste tipo de material manuseado sem a devida
precaução causa insalubridade que afeta a saúde ou gera periculosidade e risco à
vida do trabalhador.

4.3 Risco Laboral


“O risco é definido, pela maioria dos que buscam mensurá-lo, como o produto
da probabilidade e da utilidade de algum evento futuro” (Adams, 1998, p.64). É nessa
perspectiva de futuro que muito da segurança do trabalho se baseia para prevenir os
acidentes de trabalho. No cenário estudado do abastecimento marítimo é possível
classificar os riscos em riscos operacionais e riscos administrativos. O primeiro
envolve todas as etapas necessárias à operação, como equipamentos, máquinas,
veículos, trabalhadores. O outro abrange a eficiência do planejamento traçado desde
o primeiro contato do armador, com a contratação da empresa, para que seja
alcançado 100% de eficácia no procedimento com o mínimo de risco envolvido.
O meio laboral para fazer a análise do abastecimento de combustíveis para
embarcações com o óleo combustível ou “bunker oil” como sendo “sistema”. O mesmo
será compreendido pelo porto ou píer; veículos, equipamentos diversos como:
Equipamentos de Proteção Coletiva – EPCs; Equipamento de Proteção Individual –
EPIs, e o capital humano - todos os trabalhadores envolvidos no sistema.
Os veículos podem compreender barcaças (veículo, geralmente não
motorizado que funciona como tanque do combustível que vai ser entregue para evitar
risco de incêndio e explosão) que podem ser empurradas por rebocador até o navio
que vai receber o combustível, carretas, caminhões-tanques
Após a abertura das “bocas” dos tanques de carga, convés ou do navio para
fazer a medição da quantidade de combustível, o processo requer a verificação com
muita segurança e procedimento específico conforme as normas, pois poderá
acarretar acidente humano na operação e ainda poderá ocorrer diferença de pressão
que está dentro do tanque, com o percentual de oxigênio do lado externo podendo
causar entrada de oxigênio para dentro do tanque, quebra da válvula de retenção da
barcaça ou carreta para a embarcação e problemas no mangote ou mangueira
condutora por falta de inspeção, gerando vazamento, falha no fluxômetro da barcaça
(equipamento que mede a pressão do fluxo do óleo combustível ou “bunker oil”.
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Os riscos neste sistema são referentes a falhas mecânicas, resistência dos


materiais ou por erro humano no manuseio operacional nas válvulas, mangueiras,
mangotes, causando vazamentos e perda de material, afetando o ambiente do
entorno, os trabalhadores envolvidos, e a princípio, com pouca proporção de prejuízo.
Os riscos operacionais abarcam tanto os elementos humanos como materiais,
por exemplo, devido a manobras realizadas incorretamente pelo profissional, com
movimentação e ações feitas com imperícia ou negligência podem causar
consequências como: derramamento de combustível no local incorreto, ocasionado
por um mal-estar súbito, decorrente de inalação de algum gás ou vapor tóxico no
momento da abertura do tanque de armazenamento, alterando o seu estado de saúde
naquele momento. Este trabalhador pode sofrer vertigem ou desmaio expondo o
perigo na liberação de combustível. Há riscos também de incêndio, explosão e
intoxicação, essa última ocorre por inalação de produtos inflamáveis, absorção pela
pele, com fator agravante se o trabalhador não tiver utilizando os equipamentos de
proteção individual corretamente, mesmo com os equipamentos sendo fornecidos
pelo empregador de maneira correta. Existe ainda a condição dos equipamentos de
proteção individual serem fornecidos de forma negligente pelo empregador, por
exemplo, sem o CA (Certificado de Aprovação – que é aprovado pelo Ministério do
Trabalho) gerando mais prejuízos ao trabalhador acidentado.
Estas condições devem gerar um alerta às autoridades responsáveis pela
fiscalização e a elaboração de leis e normas de proteção nos diversos níveis de
atuação. Há profissionais que trabalham muitas horas por dia neste tipo de atividade,
o que legalmente não é permitido, esse acúmulo de exposição a esses produtos
tóxicos elevam a carga de insalubridade, seja pela inalação e também pela absorção
de materiais combustíveis. Isso poderá ser verificado na rotina de exames de sangue
por quais passam os operários.
Existe um cronograma de exames que devem ser realizados pelos
profissionais. Ao se observar uma variação muito distorcida no padrão das
características dos elementos, essa variação pode indicar um alerta de que algo na
rotina de trabalho deste colaborador está fugindo do controle. Essa previsão se
encontra na NR 9 em seu Anexo II – Exposição Ocupacional ao Benzeno em Postos
Revendedores de Combustíveis que orienta devidamente (CÉSPEDES, Lívia;
ROCHA, Fabiana Dias da, 2018).
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Por isso, é muito importante o desenvolvimento de ações de proteção na área


da saúde ocupacional para diminuir os riscos no manuseio e na manipulação dessas
substâncias. Os riscos que podem ocorrer devido a alguma falha nos procedimentos
da verificação médica dos trabalhadores até as operações de trabalho podem gerar
incidentes, acidentes, além de perdas financeiras.
Cabe salientar que este tipo de substância não oferece risco somente aos seres
humanos envolvidos no processo operacional de abastecimento de combustíveis, há
riscos diretos e indiretos também ao meio ambiente e a outros seres vivos,
especialmente nos ambientes aquáticos. Os riscos à fauna e a flora, envolvem, neste
caso, um custo muito mais alto para os responsáveis pelo acidente. Além de multas,
gastos onerosos com os reparos que terá que fazer na recuperação do local afetado.
Neste contexto de dano ambiental; “onde houver riscos significativos de danos ao
meio ambiente, o governo estará preparado para tomar medidas preventivas”.
(Adams, 1998, p. 74).
Para Cardoso (2004, p. 96), é imprescindível que toda a cadeia envolvida neste
trabalho esteja envolvida e sincronizada com eficiência e eficácia para que não haja
nenhuma chance de ocorrer algum tipo de erro, pois até mesmo toda a parte
burocrática envolvida no fornecimento e abastecimento dessas monstruosas
embarcações, são extremamente necessárias que sejam feitas com excelência para
que não venham a causar um entrave no objetivo final.

5 Normas Regulamentadoras do Trabalho - NR

As Normas Regulamentadoras - NR, relativas à segurança e medicina do


trabalho, são de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas
e pelos órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como pelos
órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados
regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. (Consolidação das
leis do trabalho – CLT e normas correlatas. – Brasília: Senado Federal,
Coordenação de Edições Técnicas, 2017.189 p.)
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Na década de 1970 com o objetivo de padronizar, fiscalizar e fornecer


orientações sobre procedimentos obrigatórios relacionados à segurança e à medicina
do trabalho, foram elaboradas 28 Normas Regulamentadoras (NRs) – hoje já são 36
– que tratam do assunto. Essas normas abrangem diversas atividades profissionais e
estabelecem instruções específicas, a depender de cada trabalho desempenhado.
Não é pretensão de este autor discutir todas as normas de segurança do trabalho,
todavia, é importante para a o desenvolvimento deste artigo uma breve explicação
sobre como é determinada a relação entre a prevenção e o risco de determinada
atividade, no caso, a dos trabalhadores responsáveis pelo abastecimento das grandes
embarcações.
As NRs têm especificidades em cada uma das suas aplicações. A NR-6, por
exemplo, trata dos EPIs. Essa norma dita as regras quanto aos equipamentos de
proteção individual que devem seguir um padrão de segurança adequado para cada
função desenvolvida pelo trabalhador. Da mesma forma a NR-7 regula a saúde
ocupacional que deve ser um programa implementado pelas empresas para cuidar da
saúde dos seus colaboradores.
Algumas normas são específicas para a atividade profissional apresentada no
estudo, dentre elas a NR-30 tem como objetivo a proteção e a regulamentação das
condições de segurança e saúde dos trabalhadores aquaviários. Devido ao grau de
perigo existente na atividade desenvolvida pelos profissionais que trabalham com o
abastecimento de combustível marítimo, a NR-16 oferece subsídios para a segurança
daqueles que exercem atividade e operações perigosas como o transporte de
inflamáveis líquidos ou gasosos liquefeitos.
No Brasil, apesar das iniciativas governamentais de proteção à saúde do
trabalhador com a implantação das NRs e do PCMSO, ainda são inúmeros os casos
de adoecimento provocado pelo ambiente de trabalho. Isso ocorre porque a
fiscalização por parte das autoridades responsáveis é falha neste quesito, conforme
afirma o Manual de Auditoria do PCMSO – Programa de Controle Médico de saúde
Ocupacional:
[...] se um PCMSO sequer possui exames periódicos, por exemplo, como
servirá para a promoção de saúde e terá um caráter de prevenção,
rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos? Uma análise superficial
acaba por homologar situações em que o trabalhador está exposto a doenças
ocupacionais, prejudicando fortemente os objetivos do programa e os
trabalhadores alcançados, resultando em uma fiscalização que não cumpre
os seus objetivos.
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É indiscutível os benefícios advindos das Normas Regulamentadoras, não só


para o trabalhador, que tem sua integridade física e psíquica resguardada pela
legislação em caso de algum acidente no desenvolvimento de sua ocupação
profissional. As empresas cumpridoras dessas normas também se beneficiam, seja
por meio do aumento da produtividade, visto que, um trabalhador acidentado gera
prejuízo a linha de produção ou nas operações. Uma empresa que não investe na
segurança dos seus colaboradores não é bem vista pelo mercado, o que pode gerar
dano à imagem da empresa e perda de valor, tanto material quanto moral.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo do tempo, desde a Revolução Industrial e a invenção de novas


máquinas, ferramentas e tecnologias um novo cenário se criou no mundo do trabalho.
Neste novo mundo houve também a necessidade de se adotar medidas de prevenção
e de segurança para os operários em sua atividade laboral. Fazia-se necessário
desenvolver políticas públicas e ações voltadas para atender a demanda de um
mercado de trabalho carente dessas ações. Diante disso, a atenção aos trabalhadores
foi sendo construída com muita luta, tanto pelo lado das classes trabalhadoras quanto
dos governantes que se esforçaram para elaborar leis que dessem mais segurança
aos trabalhadores, disseminando, dessa forma, um pensamento prevencionista.
Sem dúvida, algumas atividades profissionais oferecem mais riscos do que
outras, por isso a legislação contida na Consolidação das Leis do Trabalho - CLT trata
desse tema, sobre a Segurança e Medicina do Trabalho e suas Normas
Regulamentadoras que visam reduzir os riscos e proteger os trabalhadores nas
diversas funções em que ofereça risco à saúde e a segurança do profissional. Dentro
dessa categoria de atividade de risco está o sistema de abastecimento das
embarcações “offshore” da indústria de óleo e gás. Para esse grupo, esses cuidados
devem ser mais apurados ainda, devido ao risco potencial que existe num trabalho
tão específico. A análise de riscos, a prevenção de acidentes e a segurança do
trabalhador devem ser condições básicas ofertadas aos profissionais que exercem
atividades insalubres e periculosas. Cabe a todos os envolvidos; empresa, trabalhador
e governo a observância de todas as normas para garantir o cumprimento da
legislação trabalhista vigente.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADAMS, John. Risco: tradução de Lenita R. Esteves. – Ed. Senac. São Paulo: 2009.

CARDOSO, Luiz Cláudio dos Santos. Logística do Petróleo: Transporte e


Armazenamento – Rio de Janeiro: 2004.

CÉSPEDES, Lívia; ROCHA, Fabiana Dias da. Medicina do Trabalho - Leis e


Legislação. Editora Saraiva, 2018.

CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO – CLT e normas correlatas. – Brasília:


Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2017.189 p.

YONG Bai; QIANG Bai. Sistemas marítimos de produção de petróleo: processos,


tecnologias e equipamentos offshore. (Tradução Bob idiomas). 1ª Edição. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2016.

COMBUSTÍVEIS MARÍTIMOS – Informações Técnicas - <disponível em:


http://sites.petrobras.com.br/minisite/assistenciatecnica/public/downloads/manual-
tecnico-combustiveis-maritimos-assistencia-tecnica-petrobras.pdf> Acesso em 05 de
outubro de 2020.

ESCOLA NACIONAL DA INSPEÇÃO DO TRABALHO – ENIT - <disponível em


https://enit.trabalho.gov.br/portal/index.php/seguranca-e-saude-no-trabalho/sst-
menu/sst-normatizacao/sst-nr-portugues?view=default> Acesso em 05 de outubro de
2020.

MINISTÉRIO DO TRABALHO – Manual de Auditoria do PCMSO – Brasília: 2017


<disponível em https://www.abho.org.br/wp-content/uploads/2014/02/Manual-de-
Inspecao-do-Trabalho-PCMSO.pdf> Acesso em 08 de outubro de 2020.

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