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PRÓ-REITORIA ACADEMICA
CURSO DE HISTÓRIA
SÃO GONÇALO
2018
WASHINGTON LUIZ DA SILVA RIBEIRO
SÃO GONÇALO
2018
WASHINGTON LUIZ DA SILVA RIBEIRO
Banca Examinadora:
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Professor Orientador
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por te me concedido forças para concluir este trabalho e também
agradeço aos professores da Universidade Salgado de Oliveira – UNIVERSO pelo empenho e
dedicação aos alunos.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 7
3 A VIOLÊNCIA ESTATAL................................................................................................. 10
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................16
REFERÊNCIAS......................................................................................................................17
A violência urbana se caracteriza pelas ações criminosas que são praticadas, em grande parte, nas
médias e grandes cidades. À impressa cabe um papel relevante: gerar notícia sobre a violência e a
criminalidade. O presente trabalho se propõe a avaliar a percepção da violência urbana por um grupo
de moradores na década de 1970 no Município de São Gonçalo, no Estado do Rio de Janeiro. Tem o
objetivo de compreender essa percepção a partir dos relatos dos sujeitos que a vivenciaram dentro de
um contexto político ditatorial, no qual os meios de comunicação eram submetidos à censura prévia, e
de alguma forma, contribuíram para a manipulação da opinião pública, já que dependiam das
concessões do governo para funcionar. O estudo baseia-se em traçar um paralelo entre a opinião do
grupo pesquisado e os noticiários dos jornais da época em relação à violência no município, fazendo
um recorte temporal entre 1970 e 1975. Observam-se ainda, as ações de torturas cometidas pelas
Forças Armadas como parte dessa violência e o papel da imprensa nesses acontecimentos. Para o
desenvolvimento do estudo foi elaborada uma pesquisa utilizando o questionário para obtenção dos
dados e também os relatos orais baseados nas memórias de percepção ou não de violência no período
mencionado.
Urban violence is characterized by criminal actions that are made mostly in medium and large
cities. To the press is due a relevant part: create news about violence and criminality. The
present work seeks to evaluate the perception of urban violence by a droup of inhabitants
from the 1970s in the city of São Gonçalo, in Rio de Janeiro state. It has the objective of
understanding this perception from what is told by people who lived it within a political
context of a dictatorial period, in which means of communication were submitted to previous
censorship, and somehow, contributed to manipulation of public opinion, since they depended
on the government allowances to remain functioning. The study is based upon in tracing a
parallel between the opinion of the researched group and the news from the time about
violence in the city, showing the point of view from 1970 to 1975. It's also taken in account
the actions of torture made by the Military Force as a part of the violence and the part of the
press in this event. For the development of the study a research was made using a form for
data obtaining and also spoken reports based on the memories of whether there was a
perception of violence or not in that period
Keywords: Violence; Perception; Politics; Censorship; Press
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1 INTRODUÇÃO
A história de São Gonçalo data do século XVI, e nos seus primórdios foi Freguesia e
Distrito da Vila Real da Praia Grande (Niterói) do qual se emancipou politicamente em 1890.
Somente em 1929 recebe o título de cidade e a partir daí inicia seu caminho independente.
Anos mais tarde, vive sua fase de euforia industrial e torna-se uma das cidades mais
relevantes no cenário econômico do estado fluminense. O crescimento desordenado e o
aumento substancial da população foram importantes para demonstrar que a infraestrutura da
cidade não atendia à demanda industrial e com isso a indústria gonçalense entra em
decadência.
São Gonçalo chega à década de 70 enfrentando graves problemas estrutural e
populacional que se junta à crise do recém-criado estado do Rio de Janeiro. Embora, a
propaganda do governo anunciasse o milagre econômico e a copa do mundo de futebol de
1970, o que preocupava era a fusão do estado da Guanabara com o estado do Rio de Janeiro
em 1975. Com a fusão diminuiu- se a arrecadação e o Rio perdeu os repasses destinados à
antiga capital federal. Os impactos dessa mudança foram sentidos em toda a Região
Metropolitana.
Com a queda na economia surgiram os problemas do desemprego, do crescimento das
favelas, e consequentemente, do aumento da violência. Esta violência atingiu, logicamente, as
periferias da metrópole como a Baixada Fluminense e São Gonçalo de forma contundente,
segundo os noticiários da imprensa da época.
A motivação deste trabalho surgiu após ouvir os relatos de pessoas que viveram nesta
região durante o período e descreveram a época como um tempo em que não havia violência
como os assassinatos e a tortura. É sabido que as informações e divulgações das notícias eram
seletivas, que o acesso à informação era restrito a quem possuía um rádio ou podia comprar os
jornais, a televisão era um bem de consumo ausente das residências dos mais pobres. A
imprensa oficial estava a serviço do Regime e a imprensa alternativa era cassada e censurada
nas suas publicações.
Diante desse quadro, como perceber a violência? Na percepção deste grupo a violência
se caracterizava pelos “ladrões de galinhas”, indivíduos que praticavam pequenos furtos sem
maiores consequências. Para obter as respostas que subsidiaram este trabalho foi elaborado
um questionário (Anexo A) contendo uma pergunta fechada e cinco perguntas abertas e para
complementar este estudo foi feita uma investigação nas notícias veiculadas sobre violência
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2 VIOLÊNCIA URBANA
A violência não é um fato novo na história humana. Sempre foi objeto de pesquisa de
estudiosos de diversas áreas da ciência como a Antropologia e a Sociologia. Assim, também
Sigmund Freud, na Psicanálise, caracterizou a violência como inerente ao homem e no seu
estudo afirma: “Em tudo o que se segue, adoto, portanto, o ponto de vista de que a inclinação
para a agressão constitui, no homem, uma disposição instintiva original e autossubsistente, e
retorno à minha opinião, de que ela é o maior impedimento à civilização”. 3
A violência por definição da Organização Mundial da Saúde pode ser entendida como:
Não é incomum também observar que os mais altos índices de violência ocorrem em
áreas de periferia e atingem as populações menos favorecidas pelos recursos econômicos e
esquecidas pelas políticas públicas na área de segurança, produzindo uma relação de
causalidade entre violência e pobreza. Esse conjunto de fatores - econômico político e social
- são determinantes para explicar o contexto da violência no Estado do Rio de Janeiro, na
década de 1970. Logicamente, não é pretensão de este auto r elaborar um estudo científico
1
Jornal circu lante em São Gonçalo fundado em 1931 pelo jo rnalista Belarmino de Mattos.
2
Jornal circulante em Niterói fundado em 1878 por Francisco Rodrigues de Miranda e Prudêncio Luís Ferreira
Travassos.
3
https://cei1011.files.wordpress.com/2010/04/freud_o_mal_estar_na_civilizacao.pdf
9
aprofundado a respeito da violência neste trabalho, porém, essas observações são pertinentes
aos objetivos propostos.
O final dos anos 60 foi denominado por alguns grupos como os “anos de chumbo”,
referência ao período mais violento do regime militar no Brasil. A ideia do milagre
econômico, da modernização e de um “país do futuro” transmitia à população, principalmente
àquela que não tinha acesso à informação, a imagem de um Brasil próspero e pacífico.
Contudo, os crimes ocorriam cotidianamente nas periferias das grandes cidades, cabe
destacar a região da Baixada Fluminense que enumerava os casos de assassinatos cometidos
pelos “esquadrões da morte”, sequestros e tráfico de drogas.
3 A VIOLÊNCIA ESTATAL
Fonte: Google.co m. br
Nós, os prisioneiros detidos na Ilha das Flores (Ilha Flower), no Rio de Janeiro,
escreveu esta carta, num mo mento em que o público brasileiro co meça a ser
informado sobre as atrocidades cometidas contra os presos políticos em nosso país e
ainda podem duvidar que estes crimes estejam realmente acontecendo. Nós podemos
assegurar a todos que a tortura existe no Brasil. E mais, tudo que é dito sobre
métodos de tortura é muito pouco, comparado com os verdadeiros fatos . Temos sido
vítimas e testemunhas de torturas infligidas aqui e nós consideramos que é nosso
dever para com a verdade e a justiça para denunciá-los. Muitos podem perguntar por
que só agora é que as denúncias estão aparecendo de todos os cantos do nosso país.
Ameaças de mais torturas e até mesmo a morte tem, até agora, nos manteve em
silêncio. Recentemente, no entanto, declarações do Presidente da República e do
Ministro da Justiça,bem co mo os relatórios da imp rensa local e internacional, fazem-
nos crer que estamos mais protegidos contra represálias.6
6
https://www.documentosrevelados.com.br/depoimentos -torturas-denuncias-ditadura/denuncias-de-torturas-na-
ilha-das-flores/
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É importante enfatizar que a ditadura militar também teve a sua contribuição para a
violência em São Gonçalo (RJ), e não se pode desconsiderar esse tipo de crime cometido
pelas Forças Armadas durante o regime. Mas, a análise aqui se detém na década de 1970 na
Base Militar de Fuzileiros Navais da Ilha das Flores que foi local dos crimes de tortura
conforme conclusão dos integrantes da Comissão Nacional da Verdade (CNV). Várias
pessoas foram torturadas, calculam-se duzentas almas entre 1969 e 1971 que padeceram nas
mãos dos militares.
Em outra década, a Ilha das Flores foi utilizada como presídio na Revolução de 1930.
Mas, a Ilha já serviu a bons propósitos. Foi hospedaria para imigrantes quando acabou o
tráfico de africanos e os políticos da época passaram a incentivar a vinda de estrangeiros para
compor a força de trabalho livre. A ilha servia também para receber os refugiados que
chegavam ao país, em outros momentos, como no pós- Segunda Guerra Mundial. Atualmente
a ilha serve de base para a Tropa de Reforço dos Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil e
conserva o espaço do Centro de Memória da Imigração da Ilha das Flores.
Para o presente artigo apresento o resultado dos relatos dos colaboradores que
responderam à pesquisa-questionário (anexo A) a respeito da percepção da violência no
Município de São Gonçalo na década de 1970. Pude observar que alguns se mostraram
receosos para falar sobre o assunto da violência urbana, principalmente em relação aos
militares, devido a atual situação do aumento da violência na cidade
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Para o desenvolvimento desta pesquisa doze (12) pessoas foram entrevistadas. Sendo
duas (2) mulheres e dez (10) homens com idades entre cinquenta e cinco e oitenta e cinco
anos. Do total pesquisado seis nasceram em São Gonçalo, três em outros municípios do
Estado, dois em outro estado do Brasil e um era estrangeiro.
Ao serem perguntados por quais meios eles tinham acesso às informações entre os
anos de 1970 e 1975, e tendo como opções para assinalar o rádio, a televisão, o jornal ou
nenhuma das opções, as respostas foram: sete pessoas sabiam das notícias por meio do rádio,
apenas uma pela televisão e quatro não tinham nenhum acesso.
Assim, o trabalho aqui elaborado não tem o objetivo de fazer comparações entre a
década de 70 com a atualidade, e sim analisar os depoimentos das pessoas que vivenciaram
esta época e comparar com outras fontes documentais com o objetivo de entender o contexto
político-social relacionado ao tema da violência urbana. Portanto, é uma contribuição para
desconstruir a ideia de que neste período específico havia mais segurança, especialmente em
São Gonçalo.
7
“Ho mem morto em Neves é desconhecido”. (O São Gonçalo. p. 4, ano 1970. Edição nº 5488).
“Foi esfaqueado na praia da lu z”. (O São Gonçalo. p. 4, ano 1971. Ed ição nº 5678).
“Ate no ônibus: vítima que estava “dura” foi surrada pelos assaltantes”. (O São Gonçalo. p.4 , ano 1972. Ed ição
nº 5954).
“Choveu tiros, socos e pontapés na cidade”. (O São Gonçalo. p.4, ano 1973. Ed ição n 6248).
“Gang levou todo o dinheiro e vinho para comemorar o ano novo ”. (O São Gonçalo. p. 4, ano 1974. Ed ição nº
5819)
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao encerrar este trabalho pode-se concluir que a violência urbana tem motivações
derivadas de vários fatores que afetam profundamente a sociedade. Desde a motivação
originária do instinto agressivo do homem até as causas sociais provocadas pela política e
pela economia.
Foi observado que a história da nação é repleta de elementos de violência em vários
períodos históricos, o que de certa forma, desconstrói a imagem de país pacífico e seguro,
inclusive no tempo de governo dos militares.
Na conjuntura que o país atravessava na década analisada, há uma dissonância quanto
aos índices elevados de violência e a falta de percepção dessa mesma violência pelo grupo
pesquisado. Portanto, é compreensível que as respostas dos colaboradores se enquadrem neste
contexto temporal onde o poder do Estado decidia e manipulava as informações conforme as
circunstâncias. É compreensível também que em áreas de periferia - onde as políticas públicas
de atendimento à população não chegam, - exista um elevado índice de violência,
confirmando que existe uma estreita relação entre a violência e a pobreza.
Num tempo de intensa repressão à imprensa, associado à falta de recursos financeiros
e vivendo em uma cidade na periferia da metrópole, fica evidente que todo esse conjunto de
fatores influencia a percepção dos colaboradores sobre a violência urbana existente no seu
entorno. É admissível concluir que esse fenômeno decorre da deficiência de informação e da
ignorância sobre os eventos ocorridos e isso é justificado pela dificuldade de acesso aos meios
de comunicação existentes na época.
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REFERÊNCIAS
Senhor (a),
Este questionário é parte de uma pesquisa para meu Trabalho de Conclusão de Curso
da pós-graduação em História do Brasil, intitulado “A percepção da violência urbana no
contexto da Ditadura Militar: o caso de São Gonçalo (RJ) na década de 1970”. Suas respostas
serão muito importantes para o desenvolvimento deste estudo. O seu nome será substituído
por um fictício e o conteúdo desse questionário será incorporado ao meu trabalho. Desde já,
agradeço- lhes por sua colaboração!
1ª parte
1. Nome:_______________________________________________________________
2. Empresa que trabalhou:_________________________________________________
3. Bairro:_______________________________________________________________
4. Nível de escolaridade:___________________________________________________
6. Idade:
2ª parte
7. O senhor (a) era morador (a) de São Gonçalo na década de 1970?
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8. Por qual meio de comunicação o senhor (a) tinha acesso ao noticiário na década de 1970?
9. Qual é sua lembrança de casos de violência urbana entre os anos de 1970 a 1975?
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12. Qual era sua percepção da atuação dos militares das Forças Armadas?
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15. Alguma outra consideração que gostaria de externar?
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