4 DOMINGO de PÁSCOA – 07 de Maio de 2017

“EU SOU A PORTA DAS OVELHAS” - Comentário de Pe. Alberto Maggi OSM ao evangelho

Jo 10,1-10

Naquele tempo, disse Jesus: 1”Em verdade, em verdade vos digo, quem não entra no redil
das ovelhas pela porta, mas sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante. 2Quem entra pela
porta é o pastor das ovelhas. quem não entra no redil 2Quem entra pela porta é o pastor
das ovelhas. 3A esse o porteiro abre, e as ovelhas escutam a sua voz; ele chama as ovelhas
pelo nome e as conduz para fora. 4E, depois de fazer sair todas as que são suas, caminha à
sua frente, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. 5Mas não seguem um
estranho, antes fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos”.
6
Jesus contou-lhes esta parábola, mas eles não entenderam o que ele queria dizer. 7Então Jesus
continuou: “Em verdade, em verdade vos digo, eu sou a porta das ovelhas. 8Todos aqueles que
vieram antes de mim são ladrões e assaltantes, mas as ovelhas não os escutaram. 9Eu sou a
porta. Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem. 10O ladrão só
vem para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância

Por ter aberto os olhos ao cego de nascença, Jesus foi acusado de ser um pecador, porque, para
eles, o pecado é a transgressão da lei divina. Pois bem, Jesus retruca, dizendo que são eles, os
fariseus, os verdadeiros pecadores, porque, para Jesus, o pecado é o que ofende o ser humano. E é
aos fariseus que Jesus dirige esta repreensão, que está no décimo capítulo do evangelho de João.
Jesus se dirige aos fariseus do tempo dele, mas também para os de hoje.

Vamos ler o que o evangelista escreve.

“Em verdade, em verdade...” - quando João, o evangelista, usa essa expressão significa: eu lhes
asseguro, eu digo com firmeza - “...vos digo...” - portanto se dirige diretamente aos fariseus -
“...quem não entra no redil...”. Aqui, o evangelista usa o termo “redil”: palavra usada não para as
ovelhas, mas para o átrio do templo. Isso porque ele quer esclarecer: cuidado, não se trata de
espaço para ovelhas, mas para o povo e para a instituição religiosa.
“Em verdade, em verdade vos digo, quem não entra no redil das ovelhas pela porta, mas sobe
por outro lugar, é ladrão e assaltante”.

Jesus é muito claro - está falando aos fariseus- : “vocês são ladrões, porque vocês têm tomado
posse do povo de Deus”. “E, acima de tudo, vocês são assaltantes, porque vocês usaram a violência
para subjugar esse povo”. No fundo da queixa de Jesus - Ele é Deus, o verdadeiro pastor - há toda a
carga da acusação que o Profeta Ezequiel, especialmente no capítulo 34, faz contra os pastores,
que governam o rebanho apenas visando seu próprio interesse, sua própria conveniência, e não se
interessam pelo bem e o bem-estar das ovelhas!

E Jesus continua: “Quem entra pela porta é o pastor das ovelhas”. Jesus afirma com força que Ele
é, sendo Deus, o verdadeiro pastor de seu povo. “A esse o porteiro abre, e as ovelhas escutam a
sua voz”. Por que as ovelhas escutam a Sua voz? Porque elas reconhecem, na voz de Jesus, a
resposta para a necessidade e o desejo de plenitude de vida, que cada pessoa carrega dentro de si.
“Ele chama as ovelhas pelo nome...”. Jesus não há um relacionamento com a multidão, com as
massas, com as ovelhas em geral! Não. Jesus há uma relacionamento especial com cada pessoa,
com cada ovelha. “...e as conduz para fora”. O verbo usado pelo evangelista, é o mesmo que foi
utilizado no livro do Êxodo para indicar a libertação da escravidão e o caminho rumo à terra da
liberdade.

“E depois de fazer sair - literalmente “expulsar” - todas as que são suas...” - Jesus já, no episódio
da entrada em Jerusalém, tinha expulso as ovelhas do templo - “E depois de fazer sair todas as
que são suas, caminha à sua frente, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz”.
Jesus liberta as ovelhas do espaço e da cerca da instituição religiosa, mas não as fecha num outro
“redil”, ainda que seja melhor, mas oferece-lhes total liberdade.

E Jesus continua acrescentando: “Mas não seguem um estranho...” - essas palavras de Jesus
não são uma constatação de fato, são um conselho que Ele oferece - “...antes fogem dele...” -
é preciso correr longe daqueles que se apresentam como pastores, e, em vez disso, o
veremos, são apenas lobos insaciáveis - “...porque não conhecem a voz dos estranhos”.
As ovelhas conhecem sim a voz daqueles que as amam, mas não daqueles que querem tirar
vantagens. Reconhecem, na voz dos falsos pastores, a avidez de poder e a fome de domínio.
“Jesus contou-lhes esta parábola - sempre aos fariseus – mas, eis aqui, a surpresa: “mas eles
não entenderam o que ele queria dizer”. Como é possível que eles não entendam? Simples,
porque não são deles as ovelhas. Atenção: eles não são surdos, simplesmente são teimosos
em sua tentação de poder e de ambição.

“Então Jesus continuou: “Em verdade, em verdade vos digo, eu sou...” - e essa é a reivindicação
do nome de Deus, portanto, é a plenitude da condição divina que se manifesta em Jesus: “...Eu sou
a porta das ovelhas. Todos aqueles que vieram antes de mim são ladrões e assaltantes...”. Então
Jesus repete a acusação aos líderes religiosos, por terem se apropriado do rebanho que era de
Deus e por tê-lo dominado pela violência. Deus é o único e verdadeiro pastor. “...Mas as ovelhas
não os escutaram”. Aqui está a constatação de Jesus: as pessoas podem ter sido submetidas por
medo, mas não por sua própria escolha.

“Eu sou a porta. Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá...”. Esse “entrar e sair” significa
que Jesus não fecha o rebanho em outro redil, e a porta não está fechada. O fechamento da porta
significa segurança do rebanho, mas também a falta de liberdade. Não! Seguindo Jesus, há
liberdade completa: “entrará e sairá”. “... e encontrará pastagem”. Aqui o evangelista joga com os
termos do idioma grego: “encontrará pastagem”. “Pastagem”, na língua grega, se diz “nomé”,
enquanto “lei” se diz “nómos”. Portanto, com Jesus, não há uma “lei a ser obedecida”, mas há
“pastagem”, quer dizer, um alimento que dá vida.

Conclusão: Jesus usa para esses pretensos pastores as mesmas características dos lobos. Portanto,
eles não são pastores, mas lobos. Precisa ter muito cuidado: “O ladrão só vem para roubar, matar
e destruir”. Aqui há eco da acusação já feita pelo profeta Ezequiel no capítulo 22, versículo 25:
“Seus chefes parecem lobos que arrebatam a presa para derramarem o sangue, devoram as
pessoas por ganhos vergonhosos”. Portanto, Jesus identifica esses pastores como lobos: então é
preciso ser cautelosos, ou melhor, precisa fugir! As verdadeiras vítimas do culto do templo são as
pessoas. “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”.
É o convite de Jesus: é urgente se libertar desses pastores que exigem e mandam. É indispensável
que cada pessoa acolha o dom da plenitude de vida que o próprio Jesus oferece
incondicionalmente.