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HISTORIA
DA INfÂNCIA SEM FIM
2 ã edição
fe
(INIJCll
Ijuí
2004
© 2000, Editora Unijuí
Rua do Comércio, 1364
Caixa Postal 560
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Catalogação na Publicação:
Biblioteca Universitária
Mario Osório Marques - Unijuí
Associação Brasileira
das Editoras Universitárias
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^jj^ÉrtWGç&BssjgM%£||j|£ayngM^Ml^^iaeáreadaedu^j|§. Aten-
dem ao perfil dessa coleção' as "pesquisas que, emergindo do campo da
educação, propõem revisões críticas em nível dos seus pressupostos,
apontando para novas perspectivas em termos epistemológicos, éti-
cos, axiológicos, estéticos, políticos e t c , e conseguem estabelecer um
diálogo crítico e fecundo com outras ciências e outros campos de reflexão,
como a filosofia, a psicologia, a sociologia, a estética e a psicanálise.
CONSELHO EDITORIAL
1 - Jacques Therrien (UFC) - Filosofia e Pedagogia
2 - Gaudêncio Frigotto (UFF) - Filosofia e Economia
3 - José Carlos Libâneo (UFG) - Pedagogia
4 - Magda Becker Soares (UFMG) - Linguagem e Alfabetização
5 - Valdemar Sguissardi (UNIMEP) - Política da Educação
6 - Elenor Kunz (UFSC) - Educação Física
7 - Janete Bolite Frant (Santa Ursula - RJ) - Educação Matemática
8 - Lúcio Kreutz (UNIS1N0S) - História e Filosofia da Educação
9 - Margareth Schaefer (UFRGS) - Psicologia e Pedagogia
10 - Valeska Fortes de Oliveira (UFSM) - Pedagogia
COMITê DE REDAçãO
1- José Pedro Boufleuer - Presidente
2- Ruth Marilda Fricke
3- Elza Maria Fonseca Falkembach
4- Joel Corso
Editora ÍJMiJCi!
FRONTEIRAS" - €DUCACÃ0
1 - Por Uma Teoria da Pedagogia: Pesquisas Contemporâneas sobre o Saber
Docente
Clermont Gauthier
Stéphane Martineau
Jean-François Desbiens
Annie Maio
Denis Simard
2 - O Tortuoso e Doce Caminho da Sensibilidade: Um Estudo Sobre Arte e
Educação
Angela Maria Bessa Linhares
3 - Co-Educação Física e Esportes: Quando a Diferença É Mito
Maria do Carmo Saraiva
4 - A Escola no Computador: Linguagens Rearticuladas, Educação Outra
Mario Osório Marques
5 - Inter-Relação: A Pedagogia da Ciência - Uma Leitura do Discurso
Epistemológico de Gaston Bachelard
Ilton Benoni da Silua
6 - História da Educação Brasileira: Formação do Campo
Carlos Monarcha (Org.)
7 - A Eticidade da Educação: o Discurso de uma Práxis Solidária/Universal
Alvori Ahlert
8 - Não Brinco Mais: a (des)construção do brincar no cotidiano educacional
Maria Sílvia Pinto de Moura Librandi da Rocha
9 - Do "Manifesto de 1932" à Construção de um Saber Pedagógico: en-
saiando um Diálogo entre Fernando de Azevedo e Anísio Teixeira
Pedro Ângelo Pagni
10 - Economia Popular e Cultura do Trabalho: Pedagogia(s) da Produção
associada
Lia Tiriba
11 - História da Infância Sem Fim
Sandra Mara Corazza
Para
Hugo,
Paulo, André e Sérgio,
com quem aprendi
a ser mulher e mãe
no jogo amoroso da vida.
UMARIG
PREFACIO 13
AURORA 15
Era uma vez ... quer que conte outra vez? 31
Espectros de infantil 35
NA RDDA
Todavia, vocês são infanticidas (...); vocês que matam seus filhos
recém-nascidos pela exposição (...). O fato de que o assassinato
que cometem não seja ritual, nem realizado pela espada, não
constitui uma diferença. Ao contrário, o ato é ainda mais cruel,
por causa do frio, da fome ou dos animais, se vocês expuserem
a criança; ou por causa da morte mais lenta nas águas, se vocês
a afogarem (Oliveira, 1990, p. 42).
20 anos de idade (...)• E o que vem a ser esse décimo, tão caro,
se lançarmos à conta dos que sobrevivem a despesa feita com os
que morrem? Um número muito pequeno aprende ofícios; os
outros, saem dos asilos para serem mendigos e vagabundos, ou
se transferem para Bicêtre com uma certidão de pobreza
(Badinter, 1985, p. 156).
DISPARATE DA PRQVENIENCIA
A IDENTIDADE: C ü M E ç D S INUMERáVEIS
Em uma dessas ocasiões foi ouvida uma mãe que assim se expri-
mia: 'O como estou feliz! O como estou feliz, pois que morreu o
último de meus filhos! Que feliz que estou! Quando eu morrer e
chegar diante dos portões do céu, nada me impedirá de entrar,
pois que ali estarão cinco criancinhas a me rodear e a puxar-me
pela saia e exclamando: Entra Mamãe, entra! Ó que feliz que
sou'! repetiu ainda, rindo a grande. Se isso fosse um exemplo
isolado de sentimentos maternais estranhos, poderia ainda ser
considerado efeito de um desvio mental passageiro; o caso, po-
rém, é que a satisfação em tais momentos é geral demais, e por
demais ostensiva, para que deixe lugar à desculpa dessa espé-
cie. Não posso ter uma opinião boa sobre o futuro de um Estado
onde assim se dissolvem os mais fortes laços dos seres deste
mundo (Costa, 1989, p. 160).
PLEBEUS, CAMPONESES,
ESCRAVOS NEGROS, AMAS, CRIADAS
Aqui começa a dizer algo específico sobre a criança enquanto aquele que escapa a norma.
A LOUCURA E INFÂNCIA
D CORPO: SUPERFíCIE DE I N S C R I ç ã O
DDRMINDD/MDRTD
IMOBILIZADO
AFASTADO
cas, que não seja medrosa, nem estúpida, nem grosseira. Que
seus peitos sejam entre macios e duros, grandes porém não
excessivamente grandes; seu leite deve ser moderado no que
respeita à quantidade, de cor branca e não amarelo nem verde,
e ainda menos escuro, de bom cheiro e de sabor nem salgado
nem amargo, e sim doce e sempre uniforme, porém não
espumoso, e abundante. E levai em conta que a melhor é a ama
que teve um filho homem. Desconfiai daquela que "ande dando
maus passos", como as que seus maridos não deixam sozinhas,
e da que esteja grávida (Ross, 1995, p. 216).
AFRGNTAMENTD DA EMERGêNCIA
CENAS
INICIIA AQUIII
A NATIMDRTA ND CAMARIM-TRINCHEIRA
TRABALHO PEDAGóGICO
PEDAGGGIZAR A SEXUALIDADE.
MORALIZAR A PEDAGOGIA
INFANTILIZAR(-SE)
FALAR(-SE) DD SEXD-SOBERANO
Tive ocasião de ver uma infeliz mãe que pediu-me que fosse ver
sua filha vítima do hábito funesto, objeto de sua maior dor. Esta-
va-se no inverno, era noite; conduzido por esta senhora a uma
janela de uma saleta, que se abria para o jardim; vede, disse-me
ela, afastando um dos postigos da sala, se não me devo lastimar!
Vejo com efeito uma pessoa, de 30 anos, no máximo, sentada
junto de uma mesa com um castiçal; o pescoço e o peito mal
cobertos, as mãos automaticamente abandonados sobre as co-
xas, pés nus, cabelos desgrenhados, face descarnada, espáduas
e extremidades de seus membros salientes sob as vestes e enfim
esta pessoa se achava em imobilidade completa.
Entrou neste ano para o Hospital da Santa Casa de Misericórdia
um menino epiléptico e já idiota pelos efeitos do onanismo; sua
face estampava o vício e o padecer; teria ao muito doze anos;
seu corpo era franzino e atrofiado, mas os órgãos genitais eram
prodigiosos e tão completamente desenvolvidos como se fossem
de um homem (Costa, 1989, p. 188).
S E X U A L I ^ ;
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Para^^bfítipfuar seu exercício, o poder moralizador que
pedagogiza,. jpfantilizando - e, o que dá no mesmo, o que
infantiliza,%jedâgogizando -, pode ser relacionado com ou-
tro dos dispositivos estudados por Foucault: o da sexualida-
de. Para existir um discurso sobre o sexo, que revelasse a
verdade do sujeito ocidental e sobre o qual se formulasse
uma demanda incessante de verdade foi necessário colocar
o sexo no centro de uma petição de saber. Estabelecendo as
coordenadas para realizar a história dessa vontade de verda-
de, dessa obstinação e tenacidade, que, por tantos séculos,
íez brilhar o sexo, Foucault diz ser preciso tomar os mecanis-
mos positivos, produtores de saber, e segui-los nas suas con-
dições de surgimento e de funcionamento, além de definir
as estratégias de poder imanentes a essa vontade de saber,
constituindo sua economia política. Para realizar tal tarefa é
necessário dirigir-se menos para uma teoria do que para
uma analítica do poder, ou seja, "para uma definição do
domínio específico formado pelas relações de poder e a de-
terminação dos instrumentos que permitem analisá-lo"
(Foucault, 1993, p. 86; 1990c).
Tecendo argumentos que diferenciam a análise históri-
ca pretendida da história das idéias, Foucault indica que vai
analisar a formação de um certo tipo de saber sobre o sexo,
não em termos de repressão ou de lei, mas em termos de
poder, buscando a multiplicidade de correlações de força
H I S T ó R I A S DE GOVERNO: CRIANçAS E C I A . 2 9 3
outro em relação a si, mas que não deixava de ser ele mes-
mo, apenas distanciado no tempo, que fora o de sua vida e
também o de sua morte. A finitude radical do humano, essa
dispersão que o afastava da origem e lhe prometia a distân-
cia insuperável do tempo, teve a função de mostrar como o
Outro, o Longínquo, era também o Próximo e o Mesmo. O
pensamento moderno dirigiu-se para o trabalho de efetuar o
Mesmo, sempre a conquistar o seu oposto (Foucault, 1968,
p.395-502).
E esse Duplo no espelho de Velázquez? Ainda era cedo
para que as "meninas" fossem diretamente refletidas em
sua imagem. No espelho, estavam sendo representados os
soberanos, organizando as Meninas, trocando olhares com
elas, que para eles se voltavam, assistindo a seu jogo. No
entanto, não esqueçamos que o espelho e a criança ocupa-
vam o mesmo ponto, no centro de todas aquelas representa-
ções: era como se assinalasse para a/o "Visitante da
Modernidade" que, daí a algum tempo, ela/ele poderia tan-
to em outra criança como em outro espelho, definitivamen-
te, se mirar.
Deverão passar-se quase três séculos para que tal es-
pelho - integrante do fundo de um outro tempo, envolvido
por outra moldura de relações de poder-saber, disposto em
um campo diferente de visibilidades luminosas e de dizibili-
dades enunciativas - permita situar aquele antigo visitante
em um lugar já não tão ambíguo, e realizar a junção das
"meninas", enquanto duplos-infantis do humano moderno,
com o Grande-Outro; para aí então, refletindo-as, constituí-
las em seu novo reino: o espelho de Lacan (cf. 1985a,b;
1986; 1988b,c; 1990; 1992a,b,c; s.d.a.b). Sendo a ques-
tão deste espelho formulada em oposição a toda filosofia
saída diretamente do Cogito, sua presença desenha-se na
disposição singular que aquele Impensado do século XIX
H I S T ó R I A S DE GOVERNO: CRIANçAS E C I A . 3 D 9
FIGURAS DE INFANTIL
SOFIA
EMíLIO
GRACILIAND
EL NINO/ LA NINA
Nós
RESUMO
FRQNIEIRAS-fDUCACAO
I - Por Uma Teoria da Pedagogia: Pesquisas Contemporâneas sobre o Saber
Docente
Clermont Gauthier, Stéphane Martineau, Jean-François Desbiens, Annie
Maio, Denis Simard