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FAEME – FACULDADE EVANGÉLICA DO MEIO NORTE

CURSO

LICENCIATURA PLENA
EM
CIÊNCIAS DA RELIGIÃO

Matéria

PROPEDEUTICA BÍBLICA

Professor: Pr Gouveia

Deus seja louvado. 1


FAEME – FACULDADE EVANGÉLICA DO MEIO NORTE

TRABALHO

O CÂNON NO ANTIGO
TESTAMENTO

O CÂNON NO NOVO TESTAMENTO

Deus seja louvado. 2


FAEME – FACULDADE EVANGÉLICA DO MEIO NORTE

Aluno: JORGE LUIS VICENTINI

A FORMAÇÃO DO CÂNON SAGRADO


A palavra cânon, desde a sua etimologia, até o atual sentido de conjunto de livros da Bíblia,
conserva o sentido de medida diretiva ordenadora. O termo grego "Cânon" é de origem semítica,
pois em hebraico "ganeh", significa regra, régua para medir, varinha direita.
O grego clássico acentua o sentido figurado da palavra e cânon designa a vara, o nível, o
esquadro, o braço da balança, norma, padrão, depois a meta a ser atingida, a medida infalível.
Aristóteles chama o homem bom de cânon ou métron da verdade. Em português o termo é usado
também no sentido de norma, como nesta frase de Aquilino Ribeiro. "Havendo fugido ao cânon da
beleza consagrada." Os cristãos do II século denominavam os ensinos sagrados da seguinte
maneira: "o cânon (regra) da Igreja", "o cânon da fé", "o cânon da verdade." Estas expressões nos
fazem compreender porque os Pais da Igreja utilizaram a palavra para designar tudo quanto serve
de fundamento à religião, regra da fé e da verdade e por fim o livro que contém as normas
diretivas para uma correta vida cristã. Em meados do quarto século toda a coleção dos livros
sagrados passou a ser designada como o cânon. Foi Atanásio quem lhe deu, pela primeira vez,
este nome. A princípio a palavra cânon designava apenas a lista dos livros sagrados, mas depois
passou a designar os próprios escritos, indicando assim que as Escrituras são a regra de ação
investida com autoridade divina.

ORDEM CRONOLÓGICA DOS LIVROS DO VELHO TESTAMENTO

Segundo as autoridades mais dignas de confiança, é geralmente aceito que o livro de Jó seja
o mais antigo do Velho Testamento, escrito por volta do ano 1600 A.C.; e Malaquias, o último dos
profetas do Velho Testamento a escrever, ao passo que Neemias provavelmente escreveu bem
pouco antes de Malaquias – mais ou menos em 400 A.C: JÓ, PENTATEUCO, JOSUÉ, JUÍZES,
RUTE, I e II SAMUEL, I e II REIS, I e II CRÔNICAS, SALMOS, CANTARES DE SALOMÃO,
PROVÉRBIOS, ECLESIASTES, JONAS, JOEL, AMÓS, OSÉIAS, ISAÍAS, MIQUÉIAS, NAUM,
SOFONIAS, JEREMIAS, LAMENTAÇÕES, HABACUQUE, EZEQUIEL, DANIEL, OBADIAS,
ESDRAS, AGEU, ZACARIAS, ESTER, NEEMIAS, MALAQUIAS.

01) Cânon do Velho Testamento


Foi um processo de acrescentamento gradual. E a divisão em Lei, Profetas e Escritos
confirma esta afirmação. Foi o resultado do trabalho de um conjunto de pessoas. Não foi a
autoridade eclesiástica que o criou, esta apenas sancionou e fixou a coleção de escritos que
vinham sendo reconhecidos como divinos. Muitos livros fazem referências à "A Grande Sinagoga"
um Conselho, do qual Esdras era o presidente, e que incluía entre os seus 120 membros,
Neemias, Ageu, Zacarias, Malaquias, Daniel e Simão o Justo. Embora o Talmude atribua a
ratificação do cânon hebraico aos membros desta sinagoga, alguns eruditos afirmam que a
Grande Sinagoga não passa de uma lenda que surgiu no século XVI, sendo ela o produto de uma
ficção rabínica.
Quase todos os estudiosos deste assunto concluem que Esdras e Neemias colecionaram os
livros sagrados do Velho Testamento e fecharam o cânon, entre os anos 430 e 420 a.C. Alguns
autores mais precisos fixam a data em 432 a.C. Isto é evidente das seguintes conclusões: Os
livros históricos da Bíblia registram acontecimentos que se realizaram até o sexto e quinto séculos
a.C. e não mais tarde; O historiador Flávio Josefo (70 S.D.) em sua catilinária Contra Ápion 1: 8
nos afirma que os judeus no tempo de Cristo estavam convictos de que o cânon tinha sido fixado
no tempo de Esdras e Neemias. Os judeus haviam estabelecido outros princípios para os livros do

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Velho Testamento figurarem ou não no cânon, e estes eram: Estar em conformidade com a Lei;
Ter sido escrito na Palestina; Redigido na língua hebraica.
Alguns estranham que Flávio Josefo fale em 22 livros e não em 24 como normalmente são
citados para o cânon do Velho Testamento. O cânon apresentado por Josefo divide os livros do
Antigo Testamento em três partes: 5 livros de Moisés, 13 livros dos profetas e 4 livros contendo
hinos e regras de vida. Origenes também fala em 22 livros. O próprio Jerônimo também se refere a
22 livros, mas conhece o arranjo que leva a 24 livros. A divisão que temos hoje de 39 livros tem
sua origem na Septuaginta, tradução do hebraico para o grego. Os judeus dividiam os 24 livros
em seções: A Lei (Torah), contendo os primeiros cinco livros, que os Setenta chamaram de
Pentateuco: a) Gênesis, b) Êxodo, c) Levítico, d) Números, e) Deuteronômio. Os Profetas (Nebilim),
num total de oito livros, subdivididos em: Quatro antigos ou anteriores – Josué, Juízes, Samuel e
Reis; Quatro posteriores – Isaías, Jeremias, Ezequiel e os doze profetas menores num só livro.
Os Escritos (Ketubim), chamados no texto grego "hagiógrafos" (escritos sagrados) são
formados de três grupos, num total de 11 livros: Livros Poéticos – Salmos, Provérbios e Jó; Os
Cinco Megilotes (rolos) – Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester; Os outros
livros – sem uma nomenclatura específica – Daniel, Esdras e Neemias, Crônicas. A divisão em três
partes não visa indicar três fases da canonização, mas antes a posição oficial ou a ocupação de
seus autores, 1ª) A parte inicial é obra do grande legislador do povo de Israel. 2ª) A segunda parte
foi redigida por pessoas escolhidas por Deus para o sublime trabalho de profetizar. 3ª) A terceira
parte foi produzida por homens privilegiados com o dom profético, mas que se dedicavam a outros
trabalhos, como Davi, Salomão, Esdras, Neemias e Daniel. A divisão do Antigo Testamento em
três partes foi confirmada pelo próprio Cristo... importava que se cumprisse tudo o que de Mim
está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos, que é o primeiro livro da terceira divisão.
(Lucas 24:22). No texto grego da Septuaginta, o cânon do Velho Testamento foi dividido em quatro
seções: A Tora, a Lei, ou seja o Pentateuco, com os cinco primeiros livros; Os livros históricos – de
Josué até Crônicas e mais outros como Esdras, Neemias, Ester; Os livros poéticos – Jó, Salmos,
Provérbios, Eclesiastes, Cantares; Os livros proféticos – os quatro maiores, Isaías, Jeremias,
Ezequiel, Daniel e os doze menores.
Mais de uma vez ouvimos a afirmação de que o sínodo de Jânia – cerca de 90 A.D., encerrou
o cânon do Velho Testamento. Esta afirmação não corresponde à realidade, porque dentre os dois
problemas principais ventilados neste Concílio, um dizia respeito a alguns livros, que certos
eruditos achavam que não deviam estar incluídos no cânon. Este concílio defendeu a
canonicidade de quatro livros contra os ataques da "Escola de Shammai", que não queria que eles
figurassem entre os demais. Os livros eram os seguintes: Ester, por não fazer menção do nome de
Deus; Cantares, por ser considerado por muitos mero canto de amor; Eclesiastes, por causa do
espírito pessimista que permeia o livro; Provérbios, por possuir capítulos de autores
desconhecidos.

2) Cânon do Novo Testamento


As mesmas perguntas já formuladas quanto ao cânon do Velho Testamento podem ser
repetidas aqui: A igreja cristã crê firmemente que foi o Espírito Santo que orientou os servos de
Deus dos primeiros séculos na seleção dos livros neo-testamentários. Convém recordar que os
primeiros cristãos que constituíam os diversos núcleos ou igrejas da Palestina, da África, da Ásia
Menor, de Roma, etc., acreditavam que a volta de Cristo seria para breve, por isso não se
preocuparam em registrar por escrito os empolgantes acontecimentos relacionados com a vida de
Cristo e Seus sublimes ensinos. Os apóstolos e primeiros discípulos perpetuavam, sobretudo, a
tradição oral composta quase exclusivamente de fatos da vida de Jesus. Com o correr do tempo,
foram, naturalmente, compostos escritos fragmentários, que divulgaram palavras de Jesus (as
Logias) e outros, mais cuidados e ampliados, que assinalavam fatos, milagres, acontecimentos da
vida de Jesus.
Os livros do Novo Testamento foram surgindo sem desígnio, sem previsão, sendo coligidas
as palavras de Jesus, as narrações de Sua vida, os atos dos apóstolos, as cartas apostólicas, o
livro de Apocalipse. Embora haja intermináveis controvérsias concernentes a data em que foram
escritos alguns livros do Novo Testamento, os estudiosos parecem estar mais ou menos de acordo
que o primeiro livro escrito foi I Tessalonicenses em 51; e em 96 ou 97 João escreveu o
Apocalipse. É questão também muito aceitável entre os eruditos que o Evangelho de Marcos é o

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mais antigo, escrito entre os anos 65 e 67. São Mateus data aproximadamente do ano 70. Lucas
mais ou menos, dessa mesma época e João na última década do primeiro século.
F. F. Bruce, no livro Merece Confiança o Novo Testamento? atribui as seguintes datas às
epístolas paulinas: Gálatas 48 A.D., I e II Tessalonicenses 50, Filipenses 54, I e II Coríntios 54-56,
Romanos 57, Colossenses, Filemon e Efésios 60, aproximadamente. As Epístolas Pastorais, em
virtude do seu conteúdo, são posteriores às paulinas 63-64. Note bem: Outras idéias e datas são
apresentadas e também as conhecemos, como por exemplo que o livro de Mateus foi o primeiro
Evangelho escrito e que João escreveu o seu Evangelho depois do Apocalipse, etc, etc. Não há
aqui afirmações definidas e taxativas.

Critérios Para a Canonização: De modo sintético os critérios usados para a canonicidade


foram os seguintes: Inspiração dos livros que estavam sendo considerados, I Pedro 1:21. Após a
leitura do livro, este era julgado pelo próprio conteúdo; Catolicidade do livro. Escrito para todas as
pessoas da época. Deveria também ser conhecido universalmente, isto é, ter sido aceito por todas
as igrejas; Coerência na doutrina. Graças a este critério alguns livros foram deixados de fora;
Apostolicidade do Escrito. Deveria ser de fonte apostólica ou de assessor direto do apóstolo. Desde
o fim do segundo século os Pais da Igreja sentenciaram que só existe um único evangelho, por
isso, devemos dizer: Evangelho "segundo" São Mateus, "segundo" São Marcos, "segundo" São
Lucas, "segundo" São João, a fim de bem assinalar que se trata de um único comunicado aos
homens, segundo manifestações diversas.

Livros Não Introduzidos no Cânon: Até meados do quarto século alguns livros eram
agregados aos demais do Novo Testamento, mas que posteriormente foram retirados como nos
provam manuscritos antigos. O Códice Sinaítico, mais ou menos do ano 350 A.D., incluía a
Epístola de Barnabé e o Pastor de Hermas, obra escrita mais ou menos no ano 110. O manuscrito
Alexandrino contém a Primeira e a Segunda Epistolas de Clemente. A colocação destes escritos é
uma prova de que naqueles idos lhe atribuíam certo grau de canonicidade. Pela leitura atenta da
Bíblia se conclui da existência de outros livros que se perderam, mas estão mencionados nos
livros canônicos. Dizem os eruditos, que destes pelo menos 16 foram citados em Josué 10:13; II
Samuel 1:18; I Reis 4:32, 33; 11:41; 14:29; II Reis 1:18; I Crônicas 29:29; II Crônicas 9:29; 12:15;
20:34; 26:22; Judas 14, 15.

Texto: Pr. Pedro Apolinário

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