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17 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.

‘Aos que conseguirem a vitória darei


do maná escondido. E a cada um deles darei uma pedra branca, na qual está escrito um nome
novo que ninguem conhece, a não ser quem o recebe.’

Uma vez mais, como das duas vezes anteriores, aquele que ouve é chamado a obedecer. O
Hebraico não tem nenhuma palavra para obediência. Ouvir alguém significa obedecer-lhe.
Quem obedece é descrito como conquistador e vencedor. Para este vencedor particular, Cristo
está prometendo algo muito especial – o maná escondido e uma pedra branca com um novo
nome secreto. A primeira promessa é mais fácil de interpretar do que a segunda.

O maná é um símbolo de sustento e provisão de Deus para o povo de Israel no deserto quando
eles vieram do Egito em obediência ao chamado de Deus, arriscando as próprias vidas para ir
para uma terra que só mais tarde seria mostrada. Quando Jesus falou com a mulher
Samaritana Israelita (João 4), seus discípulos Israelitas Judeus estavam retornando de uma
cidade vizinha com alimentos apropriados para o consumo pelos Judeus (Ioudaioi). Os
discípulos perguntaram entre si se talvez alguém já tinha trazido comida para Jesus. Ele então
respondeu a eles que tinha algo que foi agora, nesta passagem em Apocalipse, também
prometido a quem vence – o maná escondido. Ele disse: “Eu tenho para comer uma comida
que vocês não conhecem.” (Jo 4:32) Esta comida secreta que “os demais” não conheciam é
nada menos do que a energia divina que é capaz de fornecer sustento nas circunstâncias mais
inimagináveis e perigosas. Isto caracterizava o que em breve seria realidade para os crentes
em Pérgamo. Jesus prometeu essa energia para aqueles que obedecem à palavra de Deus. É
por isso que aquele que obedece também é aquele que supera.

As coisas ficam mais complicadas com relação a identidade das pedras brancas. Entre as
interpretações mais prováveis que podem se encaixar no contexto está a sugestão de que as
pedras brancas, com os nomes dos destinatários inscritos, eram dadas para os candidatos a
vencedores dos esportes de corridas Romanos. A pedra branca com um nome pessoal inscrito
presumivelmente servia como uma entrada para um banquete de prestígio onde só
participavam os vencedores. Esta pedra seria recebida após a conclusão da corrida. Embora
isso não seja particularmente uma referência cultural Judaica, sabemos de muitos exemplos
bíblicos do uso de referências culturais Greco-Romanas como ilustrações para e pelos Judeus.
Por exemplo, o apóstolo Paulo usou muitas metáforas de esportes Romanos para destacar
seus pontos (Fp 3:12-14; 1 Co 9:24-27; 2 Tm 4:6-8). O escritor da carta aos Hebreus também
empregou a ilustração do esporte de corrida Romano e do recebimento da coroa de vencedor
(ver também Hebreus 12:1). Este tipo de ilustração era bem conhecido na Judéia que abrigava
elaboradas arenas esportivas. Este tipo de analogia é muito mais parecido com a cultura da
cidade Romana de Pérgamo. Sem dúvida, os crentes perseguidos, tanto Judeus como antigos
pagãos, estavam cientes desta prática e dos banquetes elaborados em honra aos
vencedores/ganhadores das corridas. A maioria dos crentes não tomava parte nestes jogos em
virtude do fato de os jogos serem dedicados aos deuses Romanos. Cristo lhes diz que na
realidade eles não perderam nada. A verdadeira corrida é a corrida de perseverança dedicada
ao Deus de Israel. Quem persevera nesta corrida e a vence receberá uma entrada para o
banquete celestial de honra eterna.
Outra possibilidade intrigante continua com o tema do vestuário sacerdotal, como já foi usado
na carta do Apocalipse. A túnica do sumo sacerdote tinha 12 pedras com os nomes das 12
tribos de Israel. Uma das pedras era realmente branca – Yahalom (era a pedra número 6),
significando o sexto filho de Lia – Zebulom. O que é importante sobre Zebulom? Lemos em Is
9:1-7, citado em Mt 4:15 que:

“No passado ele humilhou a terra de Zebulom e a terra de Naftali, mas no futuro ele honrará a
Galiléia das nações, que vai desde o Mar, além do Jordão. O povo que andava nas trevas viu
uma grande luz; e aos que viviam na região da sombra da morte resplandeceu-lhes a luz …
Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o governo estará sobre os seus ombros.
E ele será chamado Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Príncipe da Paz.
Para que aumente o seu governo e venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu
reino, para o estabelecer e o firmar mediante o juizo e a justiça, desde agora e para sempre”.

De acordo com esta interpretação, a pedra branca sagrada simboliza os Greco-Romanos


residentes na Galiléia que receberiam a luz através do nascimento de Jesus. Poderia o segredo
aqui ser o próprio Messias? Poderia a pedra branca apontar para Jesus através da pedra de
yahalom outrora adornando o peito do Sumo Sacerdote de Israel? Talvez.

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