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Genética e hanseníase*

Genetics and leprosy

Bernardo Beiguelman 1

Abstract The different research lines explored Resumo As diferentes linhas de pesquisa uti-
to investigate the importance of inherited hu- lizadas para investigar a importância dos fa-
man factors in determining resistance/suscep- tores hereditários humanos na determinação
tibility to the infection provoked by Mycobac- da resistência/suscetibilidade à infecção pelo
terium leprae have been discussed in the pre- Mycobacterium leprae foram discutidas no
sent paper. A synthesis of these approaches al- presente trabalho. Uma síntese dessas aborda-
lowed us to analyze the results of the investi- gens permitiu analisar os resultados das inves-
gations on the association of leprosy to genet- tigações sobre associação da hanseníase com
ic polymorphisms, familial distribution of lep- polimorfismos genéticos, distribuição familial
rosy, prevalence of leprosy and genetic distance, da hanseníase, prevalência da hanseníase e dis-
concordance rate of leprosy among twins, and tância genética, concordância da hanseníase
genetic studies on Mitsuda reaction. em gêmeos e estudos genéticos sobre a reação
Key words Leprosy, Genetics, Infectious dis- de Mitsuda.
eases Palavras-chave Hanseníase, Genética, Mo-
léstias infecciosas

* Trabalho realizado
com apoio do CNPq.
1 Departamento de
Parasitologia, Instituto
de Ciências Biomédicas,
Universidade de São Paulo.
Av. Lineu Prestes, 1.374,
05508-900 São Paulo, SP.
bbeiguel@uol.com.br
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Introdução ser classificados em um dos tipos polares de han-


seníase. Tais pacientes apresentam lesões com es-
A hanseníase, designação adotada no Brasil pa- truturas tanto da hanseníase virchowiana quan-
ra a lepra, é uma moléstia infecciosa crônica to da tuberculóide em reação. Certos pacientes
provocada pelo bacilo álcool-ácido-resistente dimorfos, que manifestam episódios reacionais
(a.a.r.) e Gram-positivo, classificado como My- sucessivos, podem sofrer alterações que os apro-
cobacterium leprae. Por ter sido descrito por ximam do pólo virchowiano. São eles os res-
Hansen em 1874, o M. leprae também é conhe- ponsáveis pelo conceito de instabilidade atribuí-
cido como bacilo de Hansen. do aos doentes dimorfos, ou seja, por eles serem
A hanseníase não é uma doença monomór- considerados um grupo. Opromolla (1981), po-
fica porque, se a infecção pelo M. leprae tiver rém, afirma que essas alterações não constituem
êxito, o cortejo fisiopatológico variará segundo transformações definitivas, porque se os dimor-
diferentes padrões que, de acordo com o siste- fos transformados em virchowianos são curados
ma de classificação seguido no Brasil, são qua- e, depois, recidivam, eles tornarão a exibir lesões
tro: virchowiano (antigamente denominado le- dimorfas. De acordo com Opromolla (1981),
promatoso), tuberculóide, indeterminado e di- portanto, os pacientes dimorfos deveriam cons-
morfo. A hanseníase virchowiana e a tubercu- tituir um tipo e não um grupo de hanseníase.
lóide são consideradas tipos, enquanto que a O grupo indeterminado inclui os pacientes
hanseníase indeterminada e a dimorfa são acei- que apresentam as manifestações iniciais da in-
tas como grupos. Essas designações foram ado- fecção pelo M. leprae. Suas lesões são infiltra-
tadas para que a palavra tipo indicasse as formas dos inflamatórios simples, em que os bacilos
estáveis, isto é, aquelas nas quais o padrão de a.a.r. são raros ou não detectados ao microscó-
hanseníase não muda, e para que a palavra gru- pio, e, por essa razão, do ponto de vista epide-
po indicasse as formas clínicas instáveis, ou seja, miológico, a hanseníase indeterminada é con-
aquelas cujo padrão de hanseníase pode mudar. siderada benigna, do mesmo modo que o tipo
Os tipos de hanseníase virchowiana e tu- tuberculóide dessa doença. A hanseníase inde-
berculóide são também denominados tipos po- terminada é instável, pois os pacientes que a
lares por se comportarem antiteticamente no manifestam podem permanecer nesse grupo
que diz respeito à resistência tecidual à infec- ou evoluir para um dos tipos polares ou, ainda,
ção pelo M. leprae. De fato, os macrófagos dos passar para o grupo dimorfo. Em decorrência
pacientes com hanseníase tuberculóide são ca- dessa instabilidade, a designação hanseníase in-
pazes de destruir os bacilos de Hansen que fa- diferenciada, proposta por Rabello (1976) para
gocitam, impedindo, assim, a sua proliferação, esse grupo, parece mais adequada do que a de-
enquanto que os macrófagos dos pacientes vir- nominação consagrada pelo uso.
chowianos não são capazes de digeri-los, o que A identificação do Mycobacterium leprae
propicia a sua sobrevivência e multiplicação no como agente etiológico da hanseníase teve co-
interior desses fagócitos, os quais, desse modo, mo corolário a pronta rejeição da teoria da
se transformam em células de Virchow, reple- transmissão hereditária dessa moléstia, que era,
tas de bacilos a.a.r. e de gotas de gordura. Nos até a descoberta de Hansen (1874), sustentada
pacientes tuberculóides, os macrófagos, após a por importantes estudiosos do século 19, como
destruição dos bacilos fagocitados, adquirem o Danielssen e Boeck (1848). A descoberta do
aspecto de células epitelióides, sendo suas le- agente patogênico da hanseníase, entretanto,
sões infiltrados do tipo sarcóide ou folicular, não afetou a aceitação, baseada em dados em-
onde os bacilos a.a.r. são, regra geral, muito ra- píricos, de que a infecção pelo M. leprae e as
ros ou não detectados ao microscópio. Em manifestações dela decorrentes dependem mui-
oposição, as lesões de pacientes com hansenía- to da predisposição individual, que os clínicos
se virchowiana são infiltrados, nos quais pre- antigos denominavam terreno. Por outro lado,
dominam as células de Virchow. É por essa ra- tendo em mente que toda manifestação fenotí-
zão que, se os pacientes virchowianos não fo- pica depende da participação de alguma enti-
rem tratados adequadamente, eles apresenta- dade genética, estava subentendido, também,
rão piora progressiva e oferecerão risco de con- que esse grau de predisposição individual à in-
tágio, enquanto que as lesões tuberculóides po- fecção pelo M. leprae deveria estar na depen-
derão até apresentar regressão espontânea. dência de fatores hereditários do hospedeiro.
O grupo dimorfo é composto por pacientes Apesar disso e de alguns autores como Rot-
que se situam na área interpolar, pois não podem berg (1937), no Brasil; e Tolentino (1938), Ay-
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cock & McKinley (1938) e Aycock (1940), na bina, proteína grupo-específica (grupos Gc),
década de 1930, chamarem a atenção para a ne- pseudocolinesterase, reação gustativa à fenil-
cessidade da pesquisa genética na hanseníase, tiouréia, secreção de substâncias ABH, sistemas
ela somente foi iniciada de modo sistemático e sangüíneos ABO, Diego, Duffy, Kell, Kidd, Le-
com grande intensidade, aqui no país, na déca- wis, MNSs, Rh, talassemia beta, transaminase
da de 1960 (Beiguelman, 1962a, b, 1963a, b, glutâmica pirúvica e transferrinas (para refe-
1964a-c, 1965, 1967, 1968; Beiguelman & Mar- rências vide Beiguelman, 1983).
ques, 1964; Beiguelman & Quagliato, 1964, Algumas dessas pesquisas, entretanto, de-
1965; Beiguelman & Barbieri, 1965; Beiguel- ram resultados negativos, outras mostraram
man et al., 1965a, b, 1967, 1968a-c; Salzano & associações fracas e outras, ainda, não condu-
Hirschfeld, 1965; Salzano, 1967; Salzano et al., ziram a conclusões unânimes. Isso, aliás, não
1967; Pinto Jr. & Beiguelman, 1967). Na mes- deve surpreender, pois os resultados negativos
ma década, independentemente dos pesquisa- tinham maior probabilidade de ocorrência a
dores brasileiros, Spickett (1962a, b), na Ingla- priori, já que os sistemas genéticos estudados
terra, também começou a estudar a hanseníase foram, em sua maioria, tomados aleatoriamen-
sob o enfoque genético. Infelizmente, as pes- te para investigação. Tais sistemas foram estu-
quisas desse promissor geneticista foram inter- dados em hansenianos sem que houvesse algu-
rompidas por seu falecimento muito precoce. ma indicação lógica de que a suscetibilidade à
Na década de 1960, porém, a genética care- hanseníase poderia depender dos genes poli-
cia de uma metodologia para investigar a par- mórficos escolhidos (os antígenos HLA, eviden-
ticipação do componente genético humano na temente, fazem parte das raras exceções). Por
manifestação de doenças infecciosas, já que, outro lado, as grandes flutuações causadas pelo
nesse período, as pesquisas genéticas no campo estudo de amostras de pequeno tamanho, as
médico estavam voltadas, primordialmente, variações raciais e geográficas, os controles ina-
para as doenças constitucionais e degenerati- dequados, e/ou a heterogeneidade da composi-
vas. Essa situação contribuiu, evidentemente, ção das amostras de hansenianos quanto às for-
para que as investigações feitas com o propósi- mas clínicas da doença, devem ter contribuído
to de avaliar a contribuição genotípica humana para a geração de resultados discordantes.
na determinação da suscetibilidade à infecção O que parece interessante ressaltar, em rela-
hansênica não perseguissem uma linha única ção a essas pesquisas, é que elas não tiveram
de pesquisa, mas empregassem, tentativamen- utilidade imediata para os hansenólogos práti-
te, uma gama variada de abordagens, as quais cos, apesar de sua relevância para alguns gene-
serão comentadas, em seguida. ticistas. De fato, a demonstração, ainda que de
modo indiscutível, de uma associação entre um
sistema polimórfico escolhido aleatoriamente e
Polimorfismos genéticos a hanseníase, pode representar a detecção de
um eventual desequilíbrio de ligação ou servir,
Dentre as várias linhas abordadas, a investiga- somente, para indicar que a hanseníase é uma
ção de polimorfismos genéticos em hansenia- das várias forças que mantêm o polimorfismo
nos recebeu, inicialmente, muita atenção, ten- analisado e que, reciprocamente, esse polimor-
do sido analisados cerca de quarenta sistemas fismo pode ter alguma influência na manifes-
polimórficos, na esperança de encontrar asso- tação da hanseníase. Entretanto, o hansenólo-
ciação significativa entre a hanseníase e algum go prático, que está interessado nas aplicações
marcador genético. Esses sistemas, por ordem que a genética pode fornecer à hansenologia,
alfabética, foram os seguintes: acetilação da não fará uso de tais informações, visto que elas
diaminodifenilsulfona, adenilatocinase, antíge- não têm valor diagnóstico nem prognóstico.
nos Gm, antígenos HLA, alfa-1-antitripsina,
beta-2-glicoproteína 1, beta-lipoproteína Ag,
C3 (componente do complemento), ceruloplas- Distribuição familial
mina, desaminase de adenosina, desidrogenase
de 6-fosfato de glicose, desidrogenase de 6-fos- As investigações a respeito da distribuição fa-
fogluconato, desidrogenase lática, esterase D, milial da hanseníase passaram por uma fase em
fator properdina B, fosfatase ácida, glioxalase, que a preocupação primordial foi a de demons-
fosfoglicomutases 1, 2 e 3, haptoglobinas, he- trar a importância da distinção entre os tipos e
moglobina S, NADH redutase de metemoglo- grupos dessa doença nos estudos a respeito da
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taxa de contágio intrafamilial. Assim, o estudo agregação familial da hanseníase em uma po-
dessa taxa em cônjuges de virchowianos e em pulação brasileira (Beiguelman et al 1968a;
famílias nas quais os indivíduos tinham pelo Beiguelman, 1972). Essa agregação não foi,
menos cinco anos de coabitação com um foco contudo, observada na Micronésia por Morton
virchowiano (Beiguelman, 1971; 1972) deixou et al. (1972). Lá, entretanto, a prevalência da
claro que, se as formas clínicas de hanseníase hanseníase virchowiana era a metade (22%) da
dos contagiados forem levadas em conta, os observada no Brasil (45%), apesar de a preva-
consangüíneos de focos virchowianos têm lência global de todas as formas de hanseníase
maior probabilidade de apresentar esse mesmo na Micronésia ser bem maior do que entre nós
tipo polar do que os não-consangüíneos desses (Mattos, 1964; Sloan et al., 1972). A discordân-
focos. Além disso, os consangüíneos de focos cia observada pode ser conseqüência dessa di-
virchowianos têm menor probabilidade de ma- ferença, pois sabe-se que a probabilidade de
nifestar outras formas de hanseníase, ocorren- encontrar recorrência familial de hanseníase é
do o inverso com os não-consangüíneos. maior nas famílias que incluem um paciente
Essa conclusão, obtida no Brasil, foi apoia- virchowiano do que naquelas em que isso não
da por Smith et al. (1978), ao observarem que a acontece (Kapoor, 1963).
prevalência da hanseníase virchowiana em fa- De qualquer modo, atualmente, todos os
mílias filipinas, nas quais um dos genitores ti- trabalhos mostram que a hanseníase exibe agre-
nha esse tipo da doença, era cerca de três vezes gação familial e o desenvolvimento espetacular
mais alta do que naquelas em que nenhum dos de poderosos métodos de análise de segregação
genitores era virchowiano ou manifestava outra (Elston & Stewart, 1971; Morton & MacLean,
forma da moléstia. Essa diferença não foi cons- 1974; Lalouel & Morton, 1981; Lalouel et al.,
tatada em famílias em que um dos genitores ma- 1983) fez com que os estudos a respeito da dis-
nifestava hanseníase diferente da virchowiana. tribuição da hanseníase em famílias evoluíssem
Os estudos sobre a distribuição familial da para a investigação do eventual papel da here-
hanseníase também passaram por uma fase em ditariedade na determinação dessa agregação.
que houve a preocupação de demonstrar que Entretanto, como veremos a seguir, apesar des-
ela exibe agregação familial. Tal demonstração sa evolução, as análises de segregação comple-
em relação a uma doença infecto-contagiosa xas que foram realizadas não conseguiram al-
pode não ter grande significação genética, pois, cançar resultados satisfatórios, em decorrência
para a ocorrência dessa associação podem ser das contradições constatadas.
prioritárias as condições de exposição diferen- Realmente, Serjeantson et al. (1979), anali-
cial ao agente etiológico e, ao contrário, de mí- sando 340 famílias de hansenianos da Papua
nima importância a eventual predisposição ge- Nova Guiné, concluíram a favor da herança
nética à infecção manifestada pelo hospedeiro. multifatorial tanto para a hanseníase vircho-
Contudo, apesar de não ser condição suficien- wiana quanto para a não-virchowiana enquan-
te, está claro que a agregação familial de uma to que, no mesmo ano, Smith (1979), após es-
doença infecto-contagiosa é uma condição ne- tudar 91 famílias com pelo menos um paciente
cessária para supor a intervenção de algum virchowiano ou dimorfo, constatou que seus
componente genético importante do hospedei- dados não foram inconsistentes seja com a hi-
ro na sua manifestação. pótese autossômica recessiva monogênica, seja
A hanseníase sempre foi considerada uma com a hipótese multifatorial. As análises feitas
doença familial, sendo bem antigas as descri- por Haile et al. (1985) de dados a respeito de 72
ções de genealogias com alta concentração de famílias do sul da Índia serviram para sugerir
hansenianos (Danielssen e Boeck, 1848). En- um modo recessivo de herança da hanseníase,
tretanto, a maioria desses dados se referia a fa- com a ressalva de que ela ficou mais clara para
mílias que viviam segregadas em populações o tipo tuberculóide dessa enfermidade. No en-
nas quais a prevalência da hanseníase era bai- tanto, a análise de segregação de Shields et al.
xa. Parecia, pois, necessário demonstrar que es- (1987) a respeito de 269 irmandades de uma
sa doença apresenta agregação familial mesmo população isolada da Papua Nova Guiné, com
em populações com alta prevalência de hanse- 552 hansenianos, não pôde diferenciar entre a
níase, já que aí aumenta a possibilidade de con- hipótese de um gene principal determinador
tato com focos extrafamiliais. Esse tipo de in- da suscetibilidade à hanseníase e a de ser so-
vestigação teve início no final da década de mente o ambiente o responsável pela agregação
1960, quando ficou provada a ocorrência de familial observada.
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Wagener et al. (1988), estudando 63 famí- pesquisadores também conduziu a resultados


lias tailandesas com pelo menos dois casos de discordantes. Bechelli et al. (1973b) analisaram
hanseníase, concluíram a favor da existência de a prevalência da hanseníase em 118 pares de al-
um gene principal com efeito dominante e pe- deias birmanesas com distâncias variadas entre
netrância incompleta para a suscetibilidade a si, mas com condições biológicas, ambientais e
essa doença sem distinção de formas clínicas. socioeconômicas que eles consideraram uni-
Para a hanseníase tuberculóide consideraram formes. Pelo fato de a distribuição dos coefi-
ser mais provável o modelo recessivo, mas a dis- cientes de correlação entre as taxas de hanse-
criminação entre os vários modelos foi fraca. níase nas aldeias estudadas não ter satisfeito a
Abel e Demenais (1988) e Abel et al. (1989), por função monotônica decrescente esperada no
sua vez, após estudarem 27 genealogias averi- caso do parentesco genético, isto é, por ter o ti-
guadas a partir dos hansenianos de uma ilha po de distribuição desses coeficientes divergido
caribenha (Desirade), aceitaram a hipótese de da distribuição esperada para marcadores ge-
que a suscetibilidade à hanseníase per se e à néticos nas mesmas condições, Bechelli et al.
hanseníase não-virchowiana dependeria de um (1973b) se posicionaram contra a hipótese ge-
gene principal com efeito recessivo. Posterior- nética para a concentração de hansenianos,
mente, porém, Abel et al. (1995), estudando considerando que ela seria, primordialmente,
285 famílias vietnamitas e 117 chinesas que re- uma função do número de pacientes vircho-
sidiam no Vietnã, concluíram que, somente nas wianos.
famílias vietnamitas, poder-se-ia aceitar a par- Serjeantson et al. (1979), por sua vez, usan-
ticipação de um gene principal co-dominante do dados epidemiológicos da Papua Nova Gui-
com dependência familial residual na distri- né a respeito de 183 aldeias, contradisseram os
buição da hanseníase per se e que, para os fenó- resultados de Bechelli et al. (1973b), ao obser-
tipos não-virchowianos, haveria rejeição da hi- var que a distribuição da hanseníase corres-
pótese de transmissão mendeliana. Nas famí- pondeu a de 13 locos polimórficos em sua de-
lias chinesas houve forte rejeição da transmis- pendência de distância geográfica e diferenças
são mendeliana para a hanseníase per se e não lingüísticas.
se evidenciou um componente familial na dis- É possível, porém, que a discordância entre
tribuição da hanseníase não-virchowiana. esses dois grupos de pesquisadores tenha de-
Finalmente, ao analisar 1.568 famílias de corrido da aceitação indevida da hipótese de
hansenianos de Campinas, Feitosa et al. (1995) uniformidade das condições biológicas, am-
não obtiveram evidências que permitissem acei- bientais e socioeconômicas nas aldeias birma-
tar a hipótese de transmissão mendeliana da nesas.
suscetibilidade à hanseníase virchowiana, nem
à hanseníase tuberculóide. No caso da susceti-
bilidade à hanseníase per se seus dados foram Concordância de gêmeos
compatíveis com a hipótese de um gene princi- quanto à hanseníase
pal com efeito recessivo, mas houve desvios da
segregação mendeliana. Os trabalhos nos quais foram comparadas as
Evidentemente, as discordâncias entre os proporções de concordância da hanseníase em
resultados das análises de segregação podem gêmeos monozigóticos e dizigóticos foram pou-
ter sido decorrentes de heterogeneidade genéti- cos (Spickett, 1962b; Mohamed-Ali, 1965; Mo-
ca, mas é possível, também, que elas sejam con- hamed-Ali & Ramanujam, 1966; Chakravartti
seqüência da ação de fatores do ambiente ou de & Vogel, 1973). Além disso, infelizmente, eles
variações culturais que influenciam a transmis- não levaram em conta três critérios importan-
são da doença, as quais podem obscurecer o tes no estudo de uma moléstia infecto-contagio-
eventual papel desempenhado pela hereditarie- sa capaz de se manifestar sob diferentes formas
dade humana. clínicas (Beiguelman, 1972, 1974, 1978, 1983).
Esses critérios podem ser assim resumidos:
1) tanto os pares monozigóticos quanto os
Prevalência da hanseníase dizigóticos devem ter as mesmas oportunida-
e distância genética des de exposição ao M. leprae;
2) os pares de cada sexo devem ser analisa-
A aplicação de modelos de distância genética à dos separadamente, não sendo levados em con-
prevalência da hanseníase por dois grupos de ta os pares dizigóticos discordantes quanto ao
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sexo, porque a hanseníase é mais freqüente em los de Hansen mortos pelo calor, extraídos me-
indivíduos do sexo masculino, pelo menos em canicamente de hansenomas de pacientes vir-
grupos etários acima dos 14 anos (Doull et al., gens de tratamento ou de tecidos de tatus in-
1942; Bechelli et al., 1966; Beiguelman et al., fectados por M. leprae. Quando a mitsudina é
1968b); obtida a partir de hansenomas, ela é denomi-
3) somente devem ser analisados os pares nada mitsudina H, para indicar a origem hu-
compostos por casos informativos no que diz mana. No caso de ser extraída de tecidos de ta-
respeito à concordância ou discordância quan- tu, ela é denominada mitsudina A, letra inicial
to às manifestações da hanseníase, o que equi- de armadillo que, tanto em espanhol quanto
vale a dizer que não podem participar da amos- em inglês, significa tatu. A denominação mit-
tra pares que incluam um paciente com hanse- sudina foi adotada no Brasil para homenagear
níase indeterminada ou limítrofe, em decor- Kensuke Mitsuda, o primeiro a relatar, na III
rência da instabilidade desses grupos e da pau- Conferência Internacional de Hanseníase, rea-
cibacilaridade do grupo indeterminado. Tam- lizada em 1923, em Estrasburgo, os resultados
bém não podem participar da amostra pares das experiências em larga escala com a suspen-
compostos por pacientes tuberculóides, porque são de M. leprae, que ele vinha fazendo (Mitsu-
os casos esporádicos de hanseníase tuberculói- da, 1924, 1953).
de são menos freqüentemente detectados que Atualmente, a preparação da mitsudina
os familiais. Assim, em decorrência de condi- obedece a normas de padronização e segurança
ções de amostragem, pode haver um excesso recomendadas pela Organização Mundial de
aleatório de pares tuberculóides, seja entre os Saúde para a escolha e processamento dos teci-
gêmeos monozigóticos, seja entre os dizigóti- dos utilizados para a extração dos bacilos, tes-
cos, o que distorceria casualmente as conclu- tes de esterilidade, inocuidade, reatividade cu-
sões a favor de maior concordância em uma ou tânea, conteúdo total de proteína, conteúdo to-
outra classe de gêmeos. tal de fenol e contagem dos bacilos de Hansen,
Parece claro, pois, que, para a investigação cuja concentração deve variar entre 40 a 160
da concordância da hanseníase em gêmeos, eles milhões por ml (Bloom et al., 1979).
deveriam ser averiguados a partir de pacientes A injeção intradérmica de 0,1ml de mitsu-
virchowianos, levando-se em conta os pares dina pode provocar uma reação precoce, que é
com um irmão gêmeo do mesmo sexo que ma- lida 48 horas após a inoculação dessa suspen-
nifeste um dos tipos polares da hanseníase. Os são, e uma reação tardia, que é denominada
irmãos gêmeos sadios de pacientes virchowia- reação de Mitsuda. Em hansenianos e em seus
nos, que com eles coabitaram por mais de cin- comunicantes, a leitura da reação de Mitsuda é
co anos após o início da hanseníase, também feita quatro semanas após a inoculação da mit-
poderiam ser informativos, mas isso depende- sudina, mas em não-comunicantes de hanse-
ria do grau da gravidade da doença e da regu- nianos a reação tardia à injeção de mitsudina
laridade do tratamento dos pacientes. pode levar mais tempo para se expressar clini-
Evidentemente, a obediência a esses crité- camente (Bechelli et al., 1963). De acordo com
rios cria grandes dificuldades para a obtenção o VI Congresso Internacional de Hanseníase
de um número apreciável de pares monozigó- (Madri, 1953), a ausência de resposta clínica é
ticos e dizigóticos, mas a cooperação interna- denominada reação negativa, enquanto que
cional, proposta há tempos (Beiguelman, 1974; uma infiltração franca, pápula ou nódulo com
1983), poderia trazer uma solução em curto mais de 3 milímetros de diâmetro, é denomi-
prazo. De qualquer modo, apesar das críticas nada reação positiva, a qual pode ser + (3 a 5
que podem ser feitas às investigações sobre a mm), ++ (mais de 5 mm) e +++ (infiltração
concordância da hanseníase em gêmeos, elas nodular ulcerada). Uma infiltração discreta
não contrariaram a hipótese de que os elemen- com menos de 3 milímetros de diâmetro é con-
tos dos pares monozigóticos são mais propen- siderada duvidosa (±).
sos a manifestar a mesma forma dessa doença. A reação de Mitsuda é, regra geral, perma-
nentemente negativa em indivíduos com han-
seníase virchowiana, predominantemente posi-
Reação de Mitsuda tiva em indivíduos com hanseníase tuberculói-
de e freqüentemente negativa em pacientes di-
A mitsudina, nome adotado no Brasil para a le- morfos. Nos pacientes com hanseníase indeter-
promina, é uma suspensão esterilizada de baci- minada, a distribuição das respostas positiva e
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negativa varia de acordo com a amostra estu- de-se dizer que, se expostas ao M. leprae, elas
dada (Rotberg, 1944; Quagliato, 1959; Bechelli estarão sob risco de contágio e, quando conta-
et al., 1959, 1973a), como conseqüência da pro- giadas, de manifestar hanseníase virchowiana,
porção de pacientes que, potencialmente, pode apesar de ser possível supor que a capacidade
evoluir para o tipo virchowiano ou para o tipo dos macrófagos de destruir os bacilos de Han-
tuberculóide de hanseníase. O importante, po- sen fagocitados não é o único fator orgânico
rém, é que os pacientes com hanseníase inde- que impede a proliferação do M. leprae.
terminada que são Mitsuda-positivo não evo- Antes de encerrar o presente tópico é im-
luem para o tipo virchowiano da doença (Rot- portante enfatizar que a ampla literatura acu-
berg, 1944). mulada sobre a reação de Mitsuda deve muito
A reação tardia provocada pela inoculação às numerosas contribuições de pesquisadores
da mitsudina é uma conseqüência dos eventos brasileiros, que analisaram essa prova cutânea
que se seguem à fagocitose dos bacilos dessa segundo enfoques clínico-epidemiológico, his-
suspensão, pelos macrófagos da pele (histióci- tológico, genético e de experimentação animal.
tos). Na reação positiva esses bacilos são dige- Uma revisão enfatizando a participação brasi-
ridos pelos macrófagos, que se transformam leira no estudo dessa prova cutânea de impor-
em células epitelióides sendo, por isso, a res- tante valor para a avaliação da resistência de
posta positiva definida, histologicamente, pela comunicantes à manifestação da hanseníase
presença dessas células, que assumem uma es- virchowiana, além de seu valor prognóstico na
trutura tuberculóide ou tuberculóide-símile, hanseníase indeterminada e dimorfa, foi publi-
na qual os bacilos a.a.r. estão ausentes ou difi- cada, recentemente, pelo autor (Beiguelman,
cilmente encontrados. Na reação negativa não 1999).
ocorre essa destruição dos bacilos fagocitados,
nem se revela uma tendência à formação de
uma estrutura tuberculóide (Bechelli et al., Estudos genéticos da reação de Mitsuda
1959; Azulay et al., 1960; Michalany & Micha-
lany, 1983; Petri et al., 1985). A reação de Mit- Rotberg (1937) foi o primeiro a sugerir que a
suda avalia, portanto, a capacidade que os ma- reação de Mitsuda poderia ter determinação
crófagos possuem de digerir os bacilos da mit- genética, ao estabelecer a hipótese de que os in-
sudina fagocitados, mas a associação entre essa divíduos que manifestam a positividade dessa
capacidade, isto é, entre a resposta histológica à reação possuiriam um fator natural de resis-
inoculação de mitsudina e sua expressão ma- tência à hanseníase virchowiana, possivelmente
croscópica nem sempre é completa. Assim, ape- genético. A fração da população desprovida
sar de menos provável, é possível o encontro de desse fator de resistência à proliferação do ba-
respostas macroscópicas, tanto positivas quan- cilo de Hansen, e que responderia permanente-
to negativas, sem correspondência histológica mente de modo negativo ao teste de Mitsuda,
(Bechelli et al., 1959; Azulay et al., 1960; Petri comporia aquilo que Rotberg denominou mar-
et al., 1985). gem anérgica.
Visto que os bacilos da mitsudina são sem- Entretanto, as investigações a respeito da
pre mortos pelo calor, está claro que a reação possibilidade de a reação de Mitsuda ser um
de Mitsuda não pode ser considerada como polimorfismo genético somente foram inicia-
uma réplica da infecção hansênica. Entretanto, das 25 anos depois da publicação de Rotberg
a reação de Mitsuda possui valor prognóstico (Beiguelman, 1962b) em 220 famílias de Rio
notável não apenas entre os pacientes indeter- das Pedras (SP), predominantemente de ori-
minados e dimorfos, mas por ter a experiência gem norte-italiana, que incluíram apenas indi-
demonstrado que, entre os comunicantes de víduos sem hanseníase (vide, também, Beiguel-
hansenianos, aqueles com resposta positiva não man, 1963a, 1971). Nessa amostra ficou de-
correm risco de manifestar hanseníase vircho- monstrado, de modo indubitável, que, na gera-
wiana (Dharmendra e Chatterjee, 1955; Qua- ção filial, a distribuição da resposta macroscó-
gliato, 1962). Em outras palavras, a reação po- pica tardia à inoculação da mitsudina estava
sitiva de Mitsuda indica que os macrófagos de fortemente associada à da geração paterna, isto
um indivíduo são capazes de destruir tanto os é, os casais Mitsuda-negativo geraram propor-
bacilos de Hansen mortos quanto os vivos. Já ção maior de filhos Mitsuda-negativo do que
em relação às pessoas em que a resposta ao tes- os casais Mitsuda-positivo. Nessa ocasião, o au-
te de Mitsuda é persistentemente negativa, po- tor aventou a hipótese de que essa distribuição
124

poderia decorrer de um par principal de alelos tanto as pessoas classificadas com tendo o fe-
autossômicos com relação de dominância com- nótipo lisador, quanto aquelas com o fenótipo
pleta, sendo recessiva a resposta negativa ao não-lisador teriam macrófagos que mostra-
teste de Mitsuda. Uma parte dos homozigotos riam diferentes graus de capacidade de lise. Em
recessivos, entretanto, poderia manifestar o fe- outras palavras, entre os lisadores existiriam
nótipo oposto, como decorrência da ação de indivíduos cujos macrófagos expressariam mais
fatores do ambiente (Beiguelman, 1962b). fortemente sua capacidade de destruir os baci-
A associação familial da reação de Mitsuda los de Hansen fagocitados do que os de outros,
examinada macroscopicamente foi confirmada mas os não-lisadores também seriam um gru-
em outra amostra, que também não incluiu po heterogêneo, pois incluiriam indivíduos
hansenianos, composta por 100 famílias brasi- com macrófagos incapazes de qualquer ativi-
leiras de Cosmópolis (SP) (Beiguelman & Qua- dade de lise em relação aos bacilos de Hansen
gliato, 1965), bem como em famílias de hanse- fagocitados, bem como indivíduos cujos ma-
nianos de Campinas (Beiguelman, 1965) e da crófagos poderiam mostrar graus incipientes
Índia (Saha & Agarwal, 1979; Kundu et al., dessa lise. Essa capacidade incipiente de lise em
1979). Além disso, ao analisar quantitativa- indivíduos não-lisadores foi comprovada por
mente a reação de Mitsuda em famílias de han- Convit et al. (1979), que constataram, em pa-
senianos e naquelas sem essa doença, Botasso cientes virchowianos, que alguns possuíam ma-
et al. (1984), na Argentina, constataram uma crófagos capazes de digerir os bacilos de uma
correlação significativa entre as médias das res- mitsudina mais concentrada num período en-
postas dos genitores e dos filhos. Aqui é inte- tre 90 e 120 dias, enquanto outros possuíam
ressante assinalar que nas famílias de hansenia- macrófagos nos quais os bacilos se apresenta-
nos brasileiros, a associação familial da reação ram íntegros mesmo após esse tempo.
de Mitsuda foi mais forte do que nas famílias Se admitirmos que tanto o conjunto dos li-
compostas por indivíduos sem hanseníase, sadores quanto o dos não-lisadores apresentam
provavelmente porque, nas primeiras, as pes- distribuição unimodal, segundo a capacidade
soas estiveram mais expostas a agentes sensibi- de lise, pode-se admitir, também, que a distri-
lizantes (inoculações repetidas do antígeno de buição dos seres humanos segundo a capacida-
Mitsuda, vacinação com BCG e infecção pri- de que seus macrófagos têm de lisar o bacilo de
mária do M. leprae) que acentuam a corres- Hansen seria bimodal. Essa capacidade de lise
pondência entre a resposta macroscópica e a seria, pois, um caráter semidescontínuo, com
histológica ao teste de Mitsuda. os fenótipos lisador e não-lisador discrimina-
A análise da distribuição da reação macros- dos pela região antimodal. Desse modo, acei-
cópica de Mitsuda nas famílias de hansenianos tar-se-ia um gene principal autossômico res-
brasileiros, levando em conta apenas as irman- ponsável pelo fenótipo lisador e um seu alelo
dades geradas por casais que incluíam pelo me- principal responsável pelo fenótipo não-lisa-
nos um genitor Mitsuda-positivo (41 casais dor. A capacidade de lise dos macrófagos em
compostos por paciente tuberculóide x cônju- relação aos bacilos de Hansen fagocitados seria
ge sadio(a) e 65 casais compostos por paciente um caráter genético cuja expressão clínica, isto
virchowiano(a) x cônjuge Mitsuda fortemente é, macroscópica, dependeria muito de fatores
positivo), também satisfez a hipótese de heran- modificadores do ambiente. Essa teoria permi-
ça monogênica autossômica, sendo a reação te aceitar a possibilidade de discordância entre
positiva o fenótipo dominante (Beiguelman, as respostas macroscópicas e histológicas, ape-
1965). Entretanto, essa interpretação esbarrou sar da grande associação entre ambas, além do
no que pareceu, à época, um forte obstáculo à que, ela não exclui a possibilidade de ocorrên-
hipótese monogênica, pois, dentre os 81 filhos cia de genocópias do alelo não-lisador, isto é,
de 24 casais virchowianos estudados, e, portan- ela permite admitir que a incapacidade de des-
to, indiscutivelmente Mitsuda-negativo, cons- truição dos bacilos de Hansen pelos macrófa-
tatou-se que 30,9% responderam positivamen- gos pode ser conseqüência de mais de um tipo
te à inoculação do antígeno de Mitsuda. de erro genético.
Foi aventada, então, a hipótese de que a ca- De acordo com essa proposta, poder-se-ia
pacidade de lise, isto é, de destruição do bacilo explicar a ocorrência dos cerca de 30% de indi-
de Hansen fagocitado pelos macrófagos, pode- víduos macroscopicamente Mitsuda-positivo
ria mostrar diferentes graus de intensidade observados pelo autor (Beiguelman, 1965) en-
(Beiguelman, 1967, 1968, 1971). Desse modo, tre os filhos de casais virchowianos e, portanto,
125

seguramente Mitsuda-negativo, como conse- que aquele necessário à manifestação do tipo


qüentes das seguintes causas: virchowiano. A pesquisa para encontrar o loco
1. alguns casais virchowianos poderiam ser responsável pela reação de Mitsuda pareceu,
constituídos por genocópias e, por causa dos pois, ser o caminho mais promissor do que
genótipos discordantes, dariam origem a filhos qualquer outro para a localização dos alelos
com o genótipo lisador, capaz, portanto, de es- responsáveis pela suscetibilidade/resistência à
tar associado a uma reação de Mitsuda macros- hanseníase virchowiana.
copicamente positiva; Para iniciar essa investigação pareceu atra-
2. alguns filhos de casais virchowianos, ape- ente fazer estudos de ligação entre a reação de
sar de seu genótipo não-lisador, poderiam ter Mitsuda e os marcadores polimórficos de um
sido transformados em lisadores (fenocópias), gene localizado na região distal do braço infe-
em conseqüência de maior exposição à vacina- rior do cromossomo 2 humano (região 2q35),
ção com BCG e inoculações repetidas de mit- o gene NRAMP1 (Alcaïs et al., 2000; Hatagima
sudina, mormente se sua capacidade de lise es- et al., 2001). Essa escolha se deu porque o gene
tivesse próxima do valor antimodal; NRAMP1 é homólogo do gene de camundon-
3. alguns filhos de casais virchowianos po- go, que já foi designado por Lsh, Ity ou Bcg
deriam expressar respostas macroscopicamen- (Blackwell, 1989; Vidal et al., 1993; Cellier et
te positivas ao teste de Mitsuda sem correspon- al., 1994) e é, atualmente, denominado Nramp
dência histológica; 1 (natural resistance associated macrophage
4. alguns filhos de casais virchowianos se- protein 1). Visto que, nesse gene, a substituição
riam ilegítimos, acontecimento não muito raro de um aminoácido apresentou associação com
entre esses casais (Pinto Jr. & Beiguelman, 1967). a suscetibilidade a vários parasitas intracelula-
Apesar de essa teoria, que admite diferentes res, como o M. lepraemurium, BCG e espécies
graus de capacidade de lise, também mostrar- de Leishmania e Salmonella (Blackwell, 1989;
se útil para explicar tanto os dados epidemio- Schurr et al., 1990), era tentador o estudo de li-
lógicos mundiais sobre a ocorrência e distribui- gação da reação de Mitsuda com marcadores
ção das diferentes formas de hanseníase quan- dessa região.
to os resultados da única análise quantitativa Infelizmente, os resultados desses estudos
da reação de Mitsuda em gêmeos (Beiguelman, foram contraditórios. Enquanto os de Alcaïs et
1971), ela não saiu do terreno especulativo. Tal al. (2000) falaram a favor de ligação significati-
situação permaneceu assim até que Feitosa et va entre a reação de Mitsuda e a região NRAMP
al. (1996) submeteram dados a respeito da dis- 1, os resultados obtidos por Hatagima et al.
tribuição da reação de Mitsuda em 544 famílias (2001) não forneceram qualquer evidência de
nucleares de hansenianos da região de Campi- existência de ligação entre a reação de Mitsuda
nas à análise de segregação complexa, usando o e os três marcadores genéticos estudados. Os
método unificado de Lalouel et al. (1983). dados de Hatagima et al. (2001) juntam-se, pois,
Os resultados dessa análise confirmaram, aos resultados igualmente negativos obtidos
de modo indubitável, que a reação de Mitsuda em estudos de ligação entre os marcadores des-
mostra agregação familial e que, para a mani- sa região do cromossomo 2 humano e a hanse-
festação dessa reação, pode-se desprezar a par- níase (Shaw et al., 1993; Levee et al., 1994; Ro-
ticipação de um componente multifatorial e ger et al., 1997; Roy et al., 1999) os quais, aliás,
aceitar as hipóteses de transmissão mendeliana também contrariaram os de Abel et al. (1998).
e da existência de um gene principal, sendo o É bem possível que todas essas discordân-
fenótipo reação positiva decorrente de um ge- cias decorram da possibilidade, postulada por
ne parcialmente dominante (grau de dominân- Roy et al. (1999), de existência de, pelo menos,
cia = 0,811). dois mecanismos genéticos responsáveis pela
Como se vê, apesar de a mitsudina ser um suscetibilidade/resistência à hanseníase. Desse
reagente rústico, a reação tardia por ela provo- modo, as diferentes combinações de freqüên-
cada mostrou-se extremamente mais impor- cias dos locos em questão poderiam ser res-
tante para as pesquisas de genética na hanse- ponsabilizadas pelos resultados discordantes
níase do que a própria hanseníase virchowiana encontrados pelos diferentes grupos de autores
porque, além de esse tipo de hanseníase estar e, às vezes, por um mesmo grupo de pesquisa-
completamente associado ao fenótipo Mitsu- dores. Contudo, tendo em vista o aumento
da-negativo, o nível de complexidade da reação crescente de evidências a favor da ligação do lo-
de Mitsuda é, evidentemente, muito menor do co NRAMP1 com a tuberculose, que é, tam-
126

bém, uma doença infecciosa macrófago-de-


pendente (Greenwood et al., 2000), parece que
a aparente heterogeneidade dos dados de liga-
ção entre esse loco e a hanseníase pode ser uma
indicação de maior complexidade genética no
caso dessa doença, o que, evidentemente, esti-
mulará empenho de maior número de pesqui-
sadores.

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