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CODIGO ELEITORAL- LEI N° 4.737, DE 15 DE JULHO DE 1965 “0 principio albergado no art. 219 do Codigo Eleitoral tem aplicabilidade em toda controvérsia eleitoral” (TRE-CE, Recurso Ordindrio Eleitoral n° 123428, Julg. 12/12/2001, rel. Abelardo Benevides Moraes, pub. (05/02/2002). 2. Requerimento de declaragao de nulida- de, O par. nico materializa conhecido postu- lado do direito, segundo o qual a ninguém & dado se beneficiar da propria torpeza. A exem- plo do caput, esse preceito legal tem aplicagao a todo o processo eleitoral e nao sé a fase de vvotagaio, Exemplo pratico disso é que serviu de fundamento para impedir a candidatura, na rtenovacao do pleito (art. 224 do CE), daquele ‘que deu causa & anulacio da eleigo ordinaria em razdo da pratica de ilicito eleitoral. Em ‘outra perspectiva, 0 dispositive determina que somente a parte a quem aproveita a nulidade poderé requerer sua declaragao. Decorre dai quea nulidade nao seré reconhecida se puder ser proferida decisio de mérito em favor da parte a quem aproveitaria a nulidade (art. 282, § 2%,do NCPC). + Jurisprudéncia “Ajurisprudéncia no admite é que o candidato que deu causa & nulidade de um pleito possa disputar as eleigbes suplementares subsequentes. [sso nao impe- de e nem poderia Impedir que os Partidos Politicos, Art. 220. Enulaa votagao:’ Art. 220 ‘caja existéncia Bessenciala democracia, possam lancar ‘outros candidates, que nao aquele que deu causa & eleicao, nas eleicbes suplementares’ (TSE, REsp n° 31696/PE,julg. 28/05/2013, rel, Henrique Neves, pub. 18/2013}, “Esta Corte firmouo entendimentode que ocandidato {que deu cause & anulago do pleito n3o poderd par- ticipar das novas eleicdes, porém tal vedacéo ocorre ‘em razio da pratica de iicito eleitoral pelo proprio ‘candidato” (TSE, REsp n° 720/SC, julg.04/06/2013, rel. Laurita Hilario Vaz, pub. 01/08/2013). “€ assente 0 posicionamento desta Corte de que 0 ‘candidato que deu causa 2 anulagao do pielto néo poder participar das novas eleicbes, em respeito 20 principio da razoabilidade” (TSE, REsp n° 35901/SP, Julg, 29/09/2008, rel, Marcelo Ribeiro de Oliveira, pub, 03/11/2009). ‘A jurisprudéncia desta Corte Superior tem reitera- damente assentado que aqueles que deram causa & nulidade da eleigdo ndo podem pretender a realizac0 de novo pleito. Esse entendimento foi firmado tendo lem vista que a declaracéo de nulidade no pode ser requerida por quem the deu causa, nos termos do art. 219, pardgrafo Gnico, do Cédigo Eleitoral” (TSE, ‘AB-REsp/RN, jul 19/06/2008, rel. Caputo Bastos, pub. 18/08/2008), "0 ordenamento jurdico eletoral positive e jurispru- dencial brasileiro, impondo a carga axiolégica que o ccompoe, especiaimentea inspirada no principio ético, indo agasalha a possibilidade de candidato que deu ‘causa 3 nulidade das elelcbes participarna renovaco do pleto. interpretacio do art. 218, pardgrafo tinico, do Codigo Eleitoral” (TSE, REsp n° 26018/MG, julg. 10/10/2006, rel. José Delgado, pub. 27/10/2006), | = quando feita perante Mesa no nomeada pelo Juiz Eleitoral, ou constituida com ofensa 3 letra da lei? II quando efetuada em folhas de votacéo falsas? INI quando realizada em dia, hora, ou local diferentes do designado ou ‘encerrada antes das 17 horas* IV- quando preterida formalidade essencial do sigilo dos sufragios;* \V- quando a Se¢ao Eleitoral tiver sido localizada com infracao do dis- posto nos §§ 4° e 5°do art. 1354 Inciso acrescentado pela Lein’ 4.961, de 4 de maio de 196. Pardgrafo tnico. A nulidade sera pronunciada quando o érgio apurador conhecer do ato ou dos seus efeitos e a encontrar provada, néo lhe sendo licito supri-a, ainda que haja consenso das partes.” 1.Sistema de nulidades. No sistema de nuli- dades do Cédigo Eleitoral, 0 art. 220 define as nulidades absolutas, ao passo que 0s arts. 221 € 222 estabelecem as nulidades relativas. Tais sie Art. 220 disposigdes relacionam exemplificativamente as hipdteses de nulidade da votagdo, havendo ‘outras delas, como a decorrente da condenaco €m agio de impugnasao de mandato eletivo (art. 14, § 10, da CE) e em representagio por conduta vedada aos agentes publicos (art. 73 da Lei n° 9.504/97). Ao contrario de outros ramos do direito (civil, p. ex, conforme art. 169 do CC), no direito eleitoral, mesmo a nulidade absoluta depende de oportuna alegacdo (arts. 220, par. nico, e 223 do CE), nao podendo ser suscitada a qualquer tempo, haja vista a prevaléncia do principio da preclusio, salvo se houver fundamento constitucional. No direito eleitoral, mais importante que a distingdo entre nulidade absoluta ¢ relativa é perquirir se 0 fundamento da nulidade tem ou nao assento constitucional, pois, em caso positivo, nio ha que se falar de preclusio, embora tenha que ser observada a oportunidade propria paraa devida alegaco (arts. 220, par. tinico, e 223 do CE). Outra peculiaridade do direito eleitoral consiste na tipicidade dos meios de impugnasao, ou seja, em regra, nao cabe a alegacio de nulidade em procedimento inominado, a exemplo da ago ordinaria no processo civil, mas apenas nas aces previstas na legislacao eleitoral, salvo em hipéteses excepcionais (cf. nota 25 dos comen- tarios ao art. 22 do CE). P. ex. a nomeacao de mesérios deve ser impugnada na forma e no momento do art. 63, caput, da Lei n® 9.504/97; ‘a impugnagao contra a indicagao dos locais de votacdo deve ser realizada nos moldes do art. 135, § 7*, do CE e assim por diante, em cada fase do processo eleitoral. O reconhecimento da nulidade reclama a demonstragao de efetivo prejuizo (art. 219 do CE), + Jurisprudéncia “Agi de impugnacéo de mandato eletivo Litispendén- a, Oanterior ajuizamento de acbes deinvestiga¢ou- dicial eleitoral ndo tornao autor da agaodeimpugnagao ‘demandato eletivo carecedor da demanda, porfaltade Interesse de agir, dada a independeéncia desses fetos e ‘considerada a tipicidade dos meios de impugnagéo da Justiga Eleitoral’ (TSE, AR-REsp n? 25683326/SP,julg. 21/06/2011, rel, Araldo Versiani, pub. 12/08/2011). “As nulidades, mesmo as de cunho constitucional, somente podem ser alegadas em aco prevista na legislagio eleitora.a fim de evitar ocomprometimento da regularidade, da celeridade e da seguranca juridica LEGISLACAO ELEITORAL ~ Comentada e Anotada - Marcio Nunes Mepeinos, dp processo eleitoral” (TSE, REsp n* 21227/P, julg, 16/12/2003, rel. Fernando Neves, pub. 19/03/2004), 2. Composigéo das Mesas Receptoras. 4 irregularidade na composigio das Mesas Re- ceptoras constitui hipétese infraconstitucional de nulidade. A reclamacdo contra a composicao das Mesas Receptoras de Votos deve ser feita nos termos do art. 63, caput, da Lei n° 9.504/97, sob pena de preclusio, salvo quanto 4 nomeagao ad_ hoc, na forma do art. 123, § 3°, do CE. Feitatem- pestivamente a reclamagao, julgada esta proce- dente, efeito éa nulidade dos votos contidosna Secao Eleitoral em que atuou a Mesa Receptora, irregular. No caso de auséncia de nomeagio da Mesa Receptora, aimpugnagio deve ser feta no curso da votacdo, a teor dos arts. 132, 149 e 223, § 1°, do CE, pois, uma vez encerrada a votacio, exaure-se 0 papel da Mesa Receptora, salvo ‘quando excepcionalmente proceder contagem de votos, a teor do art. 188 do CE. 3. Falsidade das folhas de votagao. A fal- sidade das folhas de votagio consubstancia hipétese infraconstitucional de nulidade. As folhas de votacdo foram extintas pelo art. 12 da Lei n® 6,996, de 7 de junho de 1982. Com © sistema eletronico de votac&o, as listas de eleitores sao emitidas eletronicamente ¢ tm importincia reduzida, uma vez. que somente so admitidos a votar aqueles eleitores cujos nomes constam da lista de eleitores ¢ do ca- dastro de eleitores da urna eletrOnica (cf. nota 4 dos comentarios ao art. 133 e nota 5 dos comentarios a0 art. 147, ambos do CE). Nesse contexto, embora possivel, eventual falsidade da lista de eleitores produziria limitado efeito pritico, pois embora tivesse 0 nome incluido na lista falsa, seria invidvel 0 voto da pessoa cujo nome nao consta do cadastro da urna, 4, Dia e horério da votagao. A data para realizacao das eleig6es para Presidente da Re- piiblica, Governador de Estado e Prefeito est prevista na Constituicdo (arts. 28, 29, inc. Il, €77). Os locais de votacdo sao designados na forma dos arts. 135 a 138 do CE, O horério. da votacdo estende-se das 8 as 17 horas, nos termos do art. 144 do CE. 5. Sigilo do voto. O sigilo do voto ¢ estabele- cido no art. 14, caput, da CF Jé as formalidades ymento do processo eleitoral. O érgao competent (¢f. nota 1 dos comentarios ao art. 220 do CE). . Extravio de documento. Atualmente, € ra garantia do sigilo do voto estao previstas + Jurisprudéncia 2s a violagao de direito fundamental constante 7, Prondncia da nulidade. O par. unico consagra a necessidade de impugnacdo para polstaisviciospodemserapontadosaqualquer que © Srgdo competente conheca da nulida- de, Estabelece também que ¢ 6nus de quem a nulidade comprové-la a fim de que alengoolulz seia reconhecida. Tratando-se de matéria de ordem piblica, nao é licito ao érgao julga- dor suprir a nulidade, ainda que haja acordo entre as partes. Cabe destacar que embora 0 dispositivo legal mencione “6rgio apurador”, deve-se ler “érgio competente’, porque nfo jo em imével de candidato ou em pro- _necessariamente a declaragao da nulidade deverd ser pronunciada pelo érgao apurador, havendo, p. ex., hipdteses de competéncia do no tempo e modo previstos no Juiz Eleitoral (art. 63, caput, da Lei n® 9.504/97 ‘julgamento das impugnagées decorrentes da su 80 ou da apuracéo é a Junta E ral, nos termos do que dispbe 0 art. 169 c/c art. -Locais de votagao. A indicacio delocal de dade rural privada justificam a nulidade da jotacdo ali realizada. A impugnacio, porém, 135, $ 7°, do CE. e art, 135, § 7°, do CE). Art. 221, £ anulavel a votacdo: 1—-quando houver extravio de documento reputado essencial Inciso renumerado pela Lei n? 4.961, de 4 de maio de 1966. l— quando for negado ou sofrer restrigao 0 direito de fiscalizar,e 0 fato constar da ata ou de protesto interposto, por escrito, no momento? Inciso renumerado pela Len? 4.961, de 4 de maio de 1966. Ill quando votar, sem as cautelas do art. 147, § 2%: Inciso renumerado pela Lei n® 4.961, de 4 de maio de 1966. a) eleitor excluido por sentenca nao cumprida por ocasiéo da remessa das folhas individuais de votacao 8 Mesa, desde que haja oportuna recla- magéo de partido;* b) eleitor de outra Seco, salvo a hipétese do art. 14535 ©) alguém com falsa identidade em lugar do eleitor chamado* nulidades relativas contidas neste art. 221 pende da oportuna alegacio do interessado provavel a ocorréncia de extravio de docu- (CODIGO ELEITORAL-LEIN°4.737,DE1SDEJULHODE 1965 Art, 221 "As nulidades, mesmo as de cunho constituclonal, somente podem ser alegadas em acao prevista na legistacao.eleltoraafimde evitar ocomprometimento daregularidade, da celeridade e da seguranca uridica do processo eleitoral” (TSE, REsp n* 21227, julg. 16/12/2003, rel. Fernando Neves, pub. 19/03/2004). © reconhecimento ela exerce rigido controle sobre seus servidores € auxiliares, bem assim candidatos e partidos 1s. Ndo se deve esquecer, ainda, a con- tinua informatizagio do processo de votacéo e apuracao de votos, o que reduz a quantidade de documentos manuseados pelos servidores mento a cargo da Justiga Eleitoral, porquanto _e colaboradores da Justiga Eleitoral.

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