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DIABETES
RESUMO
A Diabetes Mellitus tipo 2 (D2) caracteriza-se pela falência progressiva das células beta pancreá-
ticas, associada a um grau variável de insulinoresistência periférica. As alterações do estilo de vida
podem ser eficazes para controlar os níveis de glicemia em muitos doentes com D2 precoce. No mia pós-prandeal parece que está liga-
entanto, à medida que a doença evolui e progride, o seu tratamento passa pelo uso, para além da do ao desenvolvimento e à progressão
dieta e do exercício, de antidiadiabéticos orais (AO) e depois pela adição de insulinoterapia à tera- das complicações da doença.
pêutica oral. As indicações para o uso de insulina exógena em pacientes com D2 incluem doença Os pacientes com diabetes tipo 2, se
aguda, cirurgia, gravidez, glucotoxicidade, contra-indicação ao uso, ou incapacidade em atingir os diagnosticados numa fase inicial, são
objectivos de tratamento, com os AO1. Acrescentar ao tratamento a insulina basal torna-se útil muitas vezes tratados por meio de dieta
se existe alguma função residual das células beta. Já a terapêutica substitutiva com insulina basal- adequada e exercício. Quando o contro-
-bólus é necessária se há exaustão da célula beta. Um tratamento de emergência com insulina lo glicémico se agrava, iniciam um agen-
substitutiva durante algumas semanas pode reverter a glucotoxicidade. te oral (sulfonilureia, metformina, tia-
zolidinediona, inibidor da alfa-glucosi-
dase, secretagogo não-sulfonilureia). A
SECREÇÃO DE INSULINA libertação de insulina pode ser estimu-
lada pelas meglitinidas (1a fase de secre-
O padrão fisiológico de secreção da in- ção) ou pelas sulfonilureias (SUF)
sulina pelas células B pancreáticas con- (2a fase de secreção). As SUF têm uma
siste num nível de insulina sustentado taxa de falência anual de 5 a 10% (gli-
ao longo de todo o dia a que acrescem, cemias de jejum >200 mg/dl). Assim, se
após as refeições, surtos relativamente em monoterapia ou com dois agentes
elevados de insulina que vão diminuir orais, não é conseguido o controlo gli-
em 2 ou 3 horas. Estes dois componen- cémico, pode associar-se um terceiro.
tes da secreção fisiológica da insulina Com o passar do tempo, contudo, para
são chamados de bólus (relacionados muitos doentes, os AO não conseguem
com refeição) e basal (não relacionado manter o necessário controlo glicémico.
com ingestão alimentar). Uma adequa- A perda progressiva de células beta
da secreção de insulina basal é essen- funcionantes coloca a necessidade de
cial para a regulação da glicose nos adicionar/substituir insulina ao trata-
orgãos alvo (músculo e tecido adiposo) mento farmacológico. Resultados do
e tem um papel determinante em UKPDS mostraram que 53% dos
modular a produção endógena de glico- pacientes que iniciaram tratamento
se pelo fígado, a qual é altamente sen- com SU vieram a necessitar de insuli-
sível a pequenas variações no nível de na num período de seis anos de acom-
insulina. A subida de insulina que se panhamento2.
segue à ingestão alimentar estimula a
tomada de glicose pelos tecidos perifé-
ricos e suprime a produção endógena
OBJECTIVOS DE TRATAMENTO
de glicose. Deste modo, as acções da
insulina mantêm os níveis plasmáticos A ADA3 apresenta os seguintes valores
de glicose dentro de margens bastante alvo a atingir na diabetes tipo 2: HbA1c
estreitas. A elevação no valor da glice- <7%, glicemia de jejum entre 90 e
*Serviço de Endocrinologia mia de jejum parece estar associada a 130 mg/dl e glicemia pós-prandeal
Hospital Geral de S. António – Porto risco de mortalidade, e o valor da glice- <180 mg/dl.
QUADRO I
*descontinuadas
**não disponíveis no mercado nacional
Figura 1. Esquemas de associação da insulina basal e bólus mostrando tempos de administração e no de injecções para diferen-
tes tipos de insulina.