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Tishk Barzanji e Seu Mundo de Estado Mental
Tishk Barzanji e Seu Mundo de Estado Mental
O artista Tishk Barzanji nasceu no Curdistão (Iraque) e se mudou para Londres aos 7
anos em 1997. A mudança criou um choque cultural desde cedo criando novas impressões no
artista ainda criança. Um fascínio por um mundo novo, na capital britânica que iniciou sua
paixão por arquitetura e pela arte. Estudou Fine Arts na Richmond upon Thames College e Física
na Loughborough University.
Sua produção é composta por trabalhos de “arquitetura surreal” onde há um mundo
mental e psicológico cheio de perspectivas impossíveis. O artista, que já sofreu de depressão,
utiliza formas simples e cores para criar mundos solitários e distópicos mistos de beleza e
isolamento.
Como trabalha? Um pouco de seu processo criativo e poética
Seu processo criativo em alguns trabalhos geralmente se inicia com técnicas tradicionais
como aquarela e acrílica, depois utiliza scanner e adiciona os processos digitais. Em outros o
artista explora o uso da fotografia, animação e CGI (Computer Graphic Imagery).
Com esses recursos cria um mundo onde não existe um caminho certo, onde o rumo seja
indefinido já que não existem caminhos pré estabelecidos em suas paisagens, ou seja, é permitido
que o corpo caminhe por superfícies que não são as habituais do nosso mundo.
Ele diz que seu processo “é sobre o espaço, a cor, a desconstrução, a quebra dos limites, a
compreensão do espaço vital neste mundo em rápida mudança e as interações humanas dentro
desses espaços.” (TISHK BARZANJI, 2017)
No nosso mundo contemporâneo a incapacidade de gerar sentido e fazer recortes para
aprofundamento de significados e conhecimentos faz surgir doenças como a depressão e em uma
análise conceitual, isso tem tudo a ver com a obra de Tishk, que também já sofreu de depressão.
Neles não sabemos se as paisagens são sonhos ou pesadelos ou devaneios de um estado mental
que vagueia enquanto o tempo passa.
A cor é a primeira coisa que o espectador irá perceber, pois a cor nos invade os olhos
antes de tudo, a cor é sensação e nisso este trabalho de Tishk Barzanji nos toma de surpresa. Há
um choque entre razão e emoção. Razão sendo a sensação de perspectiva dos espaços sugeridos
pelo artista em contraste com a sensação de espacialidade construída pela cor. Isso cria uma
confusão visual/mental, uma curiosidade em descobrir o que é esse desconforto gerado pela
percepção. As cores podem construir e definir espaços. As cores quentes tendem a vir para o
primeiro plano enquanto as cores frias tendem ao segundo plano. As duas juntas criam um jogo
de aproximação e distanciamento. Ao inverter essa lógica o artista cria uma relação de
planaridade que é ainda maior com sua perspectiva arquitetônica. A perspectiva participa dessas
relações dúbias trazendo ao espectador um desconforto, pois a textura e representação dos
objetos estão “próximos do real”.
Unindo a cor e perspectiva, a ilusão de mundo ou o mundo surreal é possível perceber
uma constante na obra de Tishk, pois nessa união o artista cria de forma compositiva relações
atraentes e intrigantes com as formas simples e as cores. Na obra Let it enfold you, with time,
criada em agosto deste ano com técnica digital podemos ficar um bom tempo observando a obra.
Os olhos brincam ora com um plano exterior que se transforma em interior, ora com diferentes
possibilidades de ângulos/visão.
A primeira coisa aparente neste trabalho é o choque entre os verdes e os vermelhos, um
dos contrastes mais violentos em questão de cor. Poeticamente associamos este choque ao título
do trabalho “Pequenos Terremotos”. O verde e o vermelho atraem igualmente nossos olhos
tornando a imagem mais planar e traz uma vibração constante para a imagem, mais ruído, mais
ação para a cena e talvez a figura humana esteja correndo de toda essa ação e indo em direção a
um mundo mais contido, mais silencioso, menos conturbado.
Seus trabalhos tem diversas linhas de projeção, linhas do horizonte e pontos de fuga.
Utiliza muito formas simples e geométricas em linhas rígidas, sem expressividade com
delimitações criadas pela cor, ora análogas, ora contrastantes. Ele cria uma perspectiva
assistemática com várias linhas do horizonte. Como se fossem visões de vários observadores ou
de um mesmo observador olhando de diferentes alturas a mesma cena.
Às vezes temos a impressão de que nós estamos numa janela observando a cena ou seria
uma visão compartilhada com o artista? Ou ainda seria a visão de pessoas diferentes que
observam a cena cada uma de seu ângulo? Por isso os pontos de fuga não pertencem a uma única
linha do horizonte?
Como se nós víssemos o que e como ele vê. Outras vezes ele trabalha com pontos de
vista completamente desconstruídos principalmente em seus trabalhos de técnicas mistas onde a
fotografia tem suas próprias variações de planos independentes da composição digital que segue
outros pontos de fuga criando a sensação de colagem e planaridade.
BARZANJI, TISHK. Circumstances. 2016. Digital. BARZANJI, TISHK. Passion, Pain and the mystics.
. 2016. Técnica mista.
Referências Bibliográficas
BARZANJI, TISHK. About. 2017. Disponível em: <http://www.tishkbarzanji.co.uk/about/>
Acesso em 26 nov. 2017.
BREWER, Jenny. Kurdish illustrator Tishk Barzanji explores isolation and anxiety in his
surrealist urban landscapes. 2017. Disponível em:
<https://www.itsnicethat.com/articles/tishk-barzanji-illustration-100517> Acesso em 26 nov.
2017.
DAMIEN. FUBIZ. Colorful Illustrations by Tishk Barzanji. 2017 Disponível em:
<http://www.fubiz.net/2017/05/10/colorful-illustrations-by-tishk-barzanji/> Acesso em: 4 dez.
2017