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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DAS RELIGIÕES

NÚCLEO DE ESTUDOS VIKINGS E ESCANDINAVOS

V COLÓQUIO DE ESTUDOS VIKINGS E ESCANDINAVOS

II CICLO DE PESQUISAS MEDIEVAIS

I JORNADA DE SIMBOLOGIA RELIGIOSA

COORDENAÇÃO GERAL

Prof. Dr. Johnni Langer (UFPB/NEVE/VIVARIUM)

Ma. Luciana de Campos (PPGL-UFPB/NEVE)

Núcleo de Estudos Vikings e Escandinavos (NEVE)

VIVARIUM – Laboratório de Estudos da Antiguidade e Medievo - UFPB

COMISSÃO ORGANIZADORA

Ma. Andressa Furlan Ferreira (PPGCR-UFPB/NEVE/VIVARIUM)

Me. Leandro Vilar Oliveira (PPGCR-UFPB/NEVE/VIVARIUM)

Me. Pablo Gomes de Miranda (PPGCR-UFPB/NEVE/VIVARIUM)

Angela Albuquerque de Oliveira (PPGCR-UFPB/NEVE/VIVARIUM)

Lorenzo Sterza (CGCR-UFPB/VIVARIUM)

COMISSÃO CIENTÍFICA

Profa. Dra. Dilaine Soares Sampaio (UFPB)

Prof. Dr. Eduardo Fabbro (Universidade de Toronto/NEVE)

Prof. Dr. Fabricio Possebon (UFPB)


Profa. Dra. Fernanda Lemos (UFPB)

Prof. Dr. Germano Miguel Favaro Esteves (UNESP/ VIVARIUM)

Prof. Dr. Guilherme Queiroz de Souza (UEG/VIVARIUM)

Prof. Dr. Hélio Pires (Universidade Nova de Lisboa/NEVE)

Prof. Dr. Johnni Langer (UFPB/NEVE/VIVARIUM)

Prof. Dr. Luciano Vianna (UPE/VIVARIUM/SPATIO SERTI)

Profa. Dra. Priscilla Gontijo Leite (UFPB/VIVARIUM)

EQUIPE DO CADERNO DE RESUMOS

Mirelly Maciel Silva (UFPB/NEVE)

Me. Ricardo Menezes (NEVE)

Susan Sanae Tsugami (UFPB/NEVE)

Victor Hugo Sampaio Alves (UFPB/NEVE)

APOIO

ABHR (Associação Brasileira de História das Religiões)

ABREM (Associação Brasileira de Estudos Medievais)

Centro de Educação da UFPB

Centro Acadêmico de Ciências das Religiões (CACR-UFPB)

Diretório Central dos Estudantes da UFPB

PPGCR-UFPB (Programa de Pós-Graduação em Ciências das Religiões da


UFPB)
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APRESENTAÇÃO

Durante muito tempo os animais foram relegados a temas marginais ou


insignificantes na Academia. Dentro das atuais discussões sobre ambiente e
ecologia, as relações dos humanos com o mundo animal estão passando por
diversas reavaliações, enquanto que historiadores, medievalistas e cientistas das
religiões nas últimas décadas passaram a estudar os diversos simbolismos que
os animais desempenharam na História e nas culturas pelo mundo.
Os temas animais dominam a imaginação humana desde a Pré-História,
na qual tem-se registros visuais datados aproximadamente de cem mil anos
atrás, constituindo o âmago de diversas religiosidades na Antiguidade. No
contexto medieval, em específico, Michel Pastoureau nos recorda dos usos
ideológicos dos animais para se entender a própria natureza humana, as
contradições e ambiguidades da moral, e também como símbolos de alteridade.

Com o intuito de promover um espaço de debate acadêmico acerca do


simbolismo animal nas mais diversas fontes, os grupos NEVE (Núcleo de
Estudos Vikings e Escandinavos) e VIVARIUM-UFPB (Laboratório de Estudos
da Antiguidade e do Medievo) têm a honra de reunir pesquisadores, discentes e
demais interessados no tema.

Johnni Langer (PPGCR-UFPB/NEVE)

Luciana de Campos (PPGL-UGPB/NEVE)


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CONFERÊNCIA DE ABERTURA

“Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas,


e os idólatras”: conflitos sociais, simbolismo animal e as reconstruções da
narrativa primordial sobre a unidade cristã (950-1125)

Prof. Dr. Leandro Duarte Rust (Universidade Federal de Mato Grosso)

Aristocratas condenados a carregar fétidas carcaças de cães perante audiências


régias; grupos de citadinos abastados descritos como matilhas ensandecidas;
bispos cujas críticas eram encaradas como mordidas caninas que dilaceravam as
entranhas da autoridade universal... A documentação que compõe a história da
res publica governada pelos imperadores otônidas e sálios – notadamente aquela
há muito classificada como “crônicas” - está impregnada de alusões a animais.
Apesar da notoriedade dos imaginários como objeto de estudos, tais referências
costumam receber uma atenção tacanha, marginal, como se não passassem de
meros floreios retóricos ou analogias irrelevantes para uma investigação séria.
Nesta conferência, gostaríamos de sugerir uma abordagem distinta: a de que o
simbolismo animal não apenas expressa, mas condiciona, decisivamente, as
percepções acerca da unidade cristã. Não se trata de meros adornos narrativos
ou hipérboles descritivas. A força simbólica de tais imagens mentais era uma
engrenagem fundamental ao incessante movimento de disputa e reconstrução
das legitimidades cristãs, lançando, com isso, uma luz histórica privilegiada
sobre o curso de certos conflitos coletivos. O simbolismo animal colocava em
jogo uma narrativa primordial sobre a unidade e a exclusão social no âmago da
hegemonia imperial entre os séculos X e XII. Eis a hipótese que defenderemos
com base na análise documental e no diálogo com certas reflexões teóricas de
Ronald Grigor Suny e Margaret Somers.

Palavras-chave: Imaginário; simbolismo animal; legitimidade cristã.


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CONFERÊNCIAS

La cristianización de la Rusia Medieval

Prof. Dr. Enrique Santos Marinas (Universidad Complutense de Madrid)

La cristianización oficial del primer estado eslavo oriental, la llamada Rus´ de


Kiev, tuvo lugar en el año 988 con el bautismo del Príncipe Vladimir I. Se trató
por lo tanto de una conversión forzosa y en dirección vertical (de arriba abajo),
al igual que había sucedido con otros pueblos eslavos, como los búlgaros o los
polacos. Esto tuvo como consecuencia la pervivencia de muchos elementos de
la religión eslava precristiana que se mantuvieron en la religión popular a lo
largo de varios siglos, en lo que se denominó dvoeverie “doble fe”, dándose
incluso casos de sincretismo religioso. En esta conferencia, haremos un repaso
de las prácticas y creencias de la religión eslava precristiana que se conservaron
tras la llegada del cristianismo, centrándonos especialmente en el simbolismo
de los animales. Desgraciadamente, al no disponer los pueblos eslavos de
escritura hasta la cristianización nos ha privado de testimonios directos sobre
sus creencias y prácticas religiosas. De esta forma, la religión eslava precristiana
debe ser reconstruida a partir de la comparación de los testimonios escritos
indirectos que han llegado hasta nosotros, junto con los datos arqueológicos y
del folclore. Asimismo, el método comparativo entre los distintos pueblos
eslavos (orientales, occidentales y meridionales), así como con otros pueblos
indoeuropeos puede sernos de gran ayuda. Sobre las fuentes primarias
utilizadas destaca principalmente la reciente publicación de la recopilación de
las Fuentes para el estudio de la religión eslava precristiana, editada por Juan
Antonio Álvarez-Pedrosa Núñez (Zaragoza: Libros Pórtico, 2017).

Palavras-chave: religión eslava precristiana; cristianización de los eslavos;


simbolismo animal.
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Do rapto de Europa ao Minotauro

Prof. Dr. Milton Marques Júnior (Universidade Federal da Paraíba)

Horresco referens! Eis como Eneias inicia para Dido o relato da morte de
Laocoonte e seus filhos – Horrorizo-me ao referir! O horror do herói vem da
advertência enviada pelos deuses aos troianos, sob a forma de duas serpentes
marinhas, que estrangulam o sacerdote e seus filhos, por aquele ter ousado
ferir, com uma lança, o flanco do cavalo de madeira, pretenso presente à deusa
Atena. Ao ferir o monstro, Laocoonte, juntamente com a prole, é morto por dois
outros monstros. Este trabalho intenta discutir o sentido do vocábulo
monstrum, na mitologia clássica, a partir de sua etimologia, seja no sentido de
advertência, seja no sentido daquilo que se mostra, evitando o senso comum de
algo maléfico ou abominável per se. Para tanto, se partimos da narrativa de
Eneias a Dido, também nos dirigimos para o mito do rapto de Europa,
intimamente ligado ao Minotauro, a gemina tauri iuuenisque figura – a gêmea
figura de touro e jovem – como o chama Ovídio em Metamorfoses.

Palavras-chave: Mitologia clássica; Europa; Minotauro; monstrum.

PALESTRAS DE MESAS REDONDAS:

MESA-REDONDA 1: O SIMBOLISMO ANIMAL NA ANTIGUIDADE


CLÁSSICA

Coordenação: Profa. Dra. Priscilla Gontijo Leite (UFPB/VIVARIUM)

A cruentação em Ájx, de Sofocles

Profa. Dra. Alcione Lucena de Albertim (Depto. de Letras Clássicas/UFPB)

O primeiro rito de sacrifício, realizado por Prometeu a mando de Zeus a fim de


ser estabelecido o liame que diferencia os mortais dos imortais, tem por
primazia a separação das partes do animal sacrificado, de modo a atribuir-se
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aos deuses o quinhão que lhes pertence. Ao homem, no entanto, destina-se a


carne, que deve ser consumida mediante o seu cozimento. Isso delimita a
condição humana em relação aos seres divinos. Na tragédia Ájax, de Sófocles, o
herói epônimo, atingido pela loucura divina, a mania, imputada pela deusa
Atena por haver ele cometido uma hýbris contra a ordem sagrada, condena-se
ao atacar os animais destinados ao alimento da coalizão grega, matando-os sem
os preceitos ritualísticos necessários. Nesse sentido, propomos analisar a
cruentação no ato de Ájax, identificando-a como uma ação ímpia em relação ao
que foi estabelecido nos primórdios através do rito prometeico, haja vista que
ao matar os animais nessas condições, o herói não mais se situa como homem
mortal, mas desce ao nível das criaturas as quais matou.

Palavras-chave: rito, sacrifício, Prometeu, Ájax, deuses, mortais.

O simbolismo animal através de símiles na Ilíada de Homero

Prof. Dr. Marcos Valério Colonelli (UFPB)

O intuito desta comunicação é demonstrar, a partir de alguns símiles, como


Homero produz uma caracterização concisa de seus heróis. Partindo de
comparações com animais, o poeta produz símiles que formam um quadro
imediato e eficaz do herói, projetado pela força simbólica e analógica que o
animal evoca como termo comparativo na cultura grega arcaica e clássica.

Palavras-chave: Homero; heróis; animais; cultura grega arcaica.

Os animais, o sacrifício e a cidade: percepções sobre o sacrifício sangrento.

Profa. Dra. Priscilla Gontijo Leite (DH/UFPB)

O sacrifício sangrento do tipo alimentar foi uma prática constante na pólis,


sendo indissociavelmente uma oferenda para os deuses e um repasto de festas
para os homens. Apesar da multiplicidade de formas, para o sacrifício
sangrento era sempre escolhido um animal doméstico, havendo uma gradação
de valores entre eles, sendo o de maior prestígio os bovinos. Partindo desse
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aspecto da religião grega, duas questões nortearam nossas reflexões: primeira,


entender a importância e o significado do sacrífico de bois e touros e segunda,
se o sacrifício sangrento seria marcado pelo engodo. Para respondê-las
utilizaremos principalmente a Teogonia de Hesíodo, o Hino Homérico a Hermes e
a Odisseia de Homero e o tratado de Teofrasto Sobre a Piedade. Também
utilizaremos os estudos contemporâneos de Vernant (Mito e Religião na Grécia
Antiga), Zaidmam (Le commerce des dieux. Eusebeia : essai sur la piété en Grece
ancienne), McInerley (The Cattle of the Sun. Cowns and culture in the world of the
ancient Greeks) e Vans Straten (Hierà Kalá: images of animal sacrifice in Archaic na
Classical Greece). Com isso, nosso objetivo é entender a presença do gado na
cultura grega, a relação entre homens, animais e deuses e as simbologias
advindas dessa relação, e como formas de negação ao sacrífico sangrento e o
consumo de carne são condenáveis socialmente, mas praticado por grupos
sectários.

Palavras-Chave: sacrifício; religião grega; bovinos.

MESA REDONDA 2: O SIMBOLISMO ANIMAL NA ESCANDINÁVIA

Coordenação: Prof. Dr. Johnni Langer (UFPB/NEVE/VIVARIUM)

Animais e Guerra entre os Antigos Germanos

Prof. Me. Sandro Teixeira Moita (ECEME/NEVE)

A relação do fenômeno da guerra com o homem tem facetas variadas, com


expressões em campos diversos como o político, o econômico, o social e o
cultural. Com base em tal multiplicidade, e focando nos aspectos socioculturais
produzidos pela influência do conflito na história humana, o presente trabalho
tem a intenção de fazer uma reflexão sobre a ligação entre o simbolismo animal
e a atividade guerreira, com foco no combate e a experiência no campo de
batalha, no qual os arquétipos ligados aos animais com valor dito guerreiro ou
mesmo marcial tem especial valor, numa relação desenvolvida e presente até os
dias atuais. O uso de posturas associadas a animais, valorizadas ou criticadas,
faz parte das posturas psicológicas e simbólicas assumidas por um combatente
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para sobreviver a jornada da luta e assim, se perpetuam e permanecem no


imaginário das sociedades por fazerem e constituírem um estilo e forma de
combater, seja por meio de indumentárias, proteções individuais e
comportamentos que refletem esta aproximação com uma suposta natureza
animal ou bestial da guerra.

Palavras-chave: Simbolismo Animal, Guerra, Germanos.

As Representações Simbólicas do Urso na Mitologia Nórdica: notas sobre as


relações circumpolares entre as culturas escandinavas do séc. XII ao XIV

Me. Pablo Gomes de Miranda (PPGCR-UFPB/NEVE/VIVARIUM)

O objetivo da nossa exposição é o de apontar as múltiplas representações do


Urso nas mitologias nórdicas em suas diversas narrativas. Os usos de tais
representações já eram apontados desde as fontes etnográficas sobre os antigos
germanos e o animal encontrou lugar cativo nas relações políticas e sociais entre
esses povos durante boa parte da Idade Média na Europa Central,
principalmente como sinalizador de identidades étnicas. No contexto da
Europa Setentrional, o Urso ocupa o espaço das representações desde cenas
ritualísticas em elmos antigos, a menções na cultura literária da Idade Média
Tardia. Sendo impossível abordar o assunto em sua totalidade, escolhemos um
contexto espacial e temporal que nos servirá para balizar as pontuações acerca
das relações entre as diferentes culturas, com principal atenção a Fenoscândia,
na produção das narrativas mitológicas nórdicas.

Palavras-Chave: Mitologia Nórdica; Sagas Islandesas; Simbolismo Animal.


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Animais, suásticas e símbolos celestes na Escandinávia (séc. V-XI d.C.)

Prof. Dr. Johnni Langer (UFPB/NEVE)

O presente trabalho investiga os simbolismos envolvendo a suástica na Europa


Setentrional e na Escandinávia antiga e medieval, utilizando a metodologia
combinada da Etnoastronomia e da Mitologia Comparada. Nossa principal
hipótese é que alguns mitos e ritos envolvendo o deus Thor estiveram
associados à estrela Polaris, à constelação da Ursa Maior, à uma noção
cosmológica de prego cósmico e ao simbolismo da suástica enquanto rotação
estelar. Além das fontes literárias, utilizamos algumas pesquisas envolvendo
cultura material (dados obtidos pela Arqueoastronomia) e folclore da área
euroasiática, especialmente as da Finlândia, Báltico e Escandinávia.

Palavras-chave: suástica; simbolismo; Thor; Etnoastronomia.

MESA REDONDA 3: O SIMBOLISMO ANIMAL E A RELIGIOSIDADE

Coordenação: Prof. Dr. Fabrício Possebon (UFPB)

A serpente e a mulher no mito criacional, uma análise exegética de Gênesis 3

Profa. Dra. Fernanda Lemos (UFPB)

O mito criacional surge no âmbito da tradição judaica, entretanto, é perpetuado


e alcança o processo de cristianização do ocidente. As personagens míticas,
neste caso a mulher e a serpente, serão aqui compreendidas a partir da leitura
sócio-crítica do texto bíblico, uma vez que este método contempla as análises
antropológica, literária e histórica em que o mito se apresenta. Objetiva-se,
portanto, analisar como as personagens do mito criacional judaico-cristão se
relacionam, e a partir disto compreender os processos interpretativos e
redacionais que buscaram ‘teologizar o mito’.

Palavras Chave: Mito Criacional; Judaico-Cristão; Serpente/Mulher


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O simbolismo animal nas religiões afro-brasileiras

Profa. Dra. Dilaine Soares Sampaio (UFPB)

Os animais possuem um papel fundamental nas religiões afro-brasileiras de


modo que não é possível pensar a existência desse universo religioso sem a
presença animal. Todavia, como o universo das religiões de matrizes africanas é
bastante diversificado, envolvendo várias religiões distintas, encontraremos
modos também diferentes de lidar com a presença e o simbolismo animal.
Assim, circunscrito apenas ao universo do Candomblé, podemos pensar o
simbolismo animal basicamente de duas formas: a primeira seria no âmbito da
mitologia dos orixás e a segunda seria no contexto do rito, particularmente a
dimensão sacrificial e a importância do sangue animal para os rituais de
iniciação bem como para os demais “ritos de passagem” denominados como
“obrigações” no cotidiano do Candomblé. Vale também notar que cada orixá
tem seu animal votivo bem como existem os animais que são tomados como
“quizilas”, ou seja, aqueles que não agradam a determinado orixá. A
bibliografia afro-brasileira, desde os autores clássicos (Nina Rodrigues, Artur
Ramos, Edison Carneiro, Ruth Landes, Roger Bastide, Pierre Verger), até
autores mais contemporâneos (Roberto Motta, Vagner Gonçalves da Silva,
Reginaldo Prandi, dentre outros), têm dado maior ênfase à questão do sacrifício
e a dimensão ritual. Há ainda trabalhos mais recentes, como os de Norton
Correia, Marcelo Tadvald, dentre outros, discutindo os desdobramentos
controversos acerca do sacrifício animal e das tentativas de sua proibição nos
cultos afros, conduzindo diretamente a discussão acerca da liberdade religiosa,
que atualmente chega ao Supremo Tribunal Federal. Todavia, há uma carência
no que se refere as análises do simbolismo animal no contexto do mito. Diante
do exposto, pretendemos, primeiramente, fazer um estado da arte, pontuando
como os principais autores lidaram com a questão do simbolismo animal na
bibliografia afro-brasileira, fazendo a conexão com a teorias antropológicas que
os orientaram. Posteriormente, tomando alguns mitos como exemplares,
buscaremos analisar, ainda que parcialmente, os papeis desempenhados pelos
animais nas narrativas míticas e como elas se conectam com o rito. Ao final
apontaremos, como uma chave de leitura possível, como a perspectiva
antropológica de Bruno Latour, que integra humanos e “não humanos”, pode
nos auxiliar a qualificar melhor a presença animal no âmbito das religiões afro-
brasileiras.

Palavras-chave: simbolismo animal; religiões afro-brasileiras; mito; rito


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O sangue no sacrifício animal

Prof. Dr. Fabrício Possebon (UFPB)

Diversas tradições religiosas utilizavam o sacrifício animal, ou de maneira


sistemática, como faziam os gregos, nos holocaustos, ou episódica, como por
exemplo Abraão no Gênesis 22, 13. Essas práticas sacrificiais ainda permanecem
vivas em alguns contextos de religiões tradicionais, embora certa crítica social
tem prevalecido no sentido de coibi-las, levando-as a permanecer na
obscuridade. Há evidentemente uma interpretação simbólica possível,
igualando o sangue com a própria vida, identificando a sua cor vermelha ou
negra e sua consistência aquosa como elementos primordiais da existência. Há,
por outro lado, a possibilidade de interpretá-lo dentro de uma visão
pluridimensional do ser, visão esta partilhada por muitos povos antigos. Nesta
visão, há um elemento vital que mantém o corpo vivo: pneûma dos gregos,
spiritus dos latinos e prana dos indianos, para limitar os exemplos. Enquanto o
sangue corre pelas veias e artérias, o pneûma circula por respiradouros, como
diz o pai da medicina, Hipócrates (~460-370 a.C.). Seria, neste entendimento, o
sangue o elemento material condutor do pneûma, ou seja, o portador da
vitalidade. Assim, o sacrifício animal intencionaria sobretudo manipular este
princípio vital e não o sangue propriamente dito.

Palavras-chave: sacrífico animal; pnêuma; sangue.

MESA REDONDA 4: O SIMBOLISMO ANIMAL NA EURÁSIA

Coordenação: Ma. Luciana de Campos (PPGL-UFPB/NEVE/CEIA/Northern


Women Arts Collaborative)
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Baleias e golfinhos no universo nórdico medieval: elementos sobre


simbolismo, cultura e conhecimento ecológico

Dr. Marcos Roberto Rossi Santos (UFRB)

A história de coexistência entre humanos e cetáceos sempre apresenta


elementos de admiração e fascínio interessantes, seja na própria compreensão
destes animais, vistos primeiramente ou como monstros ou como mensageiros
dos deuses, gerando respeito e até mesmo tabus, mas também pelo elemento
simbólico, como a jornada para enfrentar monstros nas profundezas dos
oceanos, domina-los, e utiliza-los como parte de bens e recursos alimentares
disponíveis. A cultura Nórdica apresenta um particular interesse, neste
contexto, quando percebemos que a historia da expansão Viking, a partir do
século IX, esta intimamente relacionada com a evolução da tecnologia náutica e
marítima, aprimorada por estes povos. Essa exploração marítima os fez serem
profundos conhecedores da natureza ao seu redor, desenvolvendo diversas
técnicas de navegação sem instrumentação, como a habilidade de observação
do mundo natural e de uso dos sentidos como olfato, audição e observação de
fauna marinha, como aves e baleias, que utilizam áreas com predominância de
correntes que podem ser favoráveis para a navegação. Dentro desta ótica de
relação e percepção com um determinado grupo animal, o presente trabalho se
propõe a analisar algumas obras importantes como as Sagas Islandesas, com
destaque para a pescaria lendária do deus Thor e do gigante Ymir, o Espelho do
Rei e a obra do professor Ole Lindquist, que dedicou sua vida aproximando as
ciências naturais da historia nórdica, para destacar a relação entre os povos
nórdicos e o conhecimento sobre os cetáceos, desde seu uso como recurso,
passando pelo uso simbólico e ritualístico, demonstrando uma relação proximal
entre homem e natureza, o que resulta em um profundo saber etno-ecológico,
desenvolvido há mais de 1000 anos e ainda presente em alguns aspectos de sua
cultura.

Palavras-chave: Cetáceos, Vikings, cultura nórdica.


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Animais e dieta alimentar na Escandinávia da Era Viking e Eurásia

Ma. Luciana de Campos (NEVE/CEIA/ Northern Women Arts Collaborative)

Como em qualquer sociedade da Idade do Ferro na Eurásia, os animais já


domesticados e criados pelo homem bem como os selvagens foram essenciais
não só para a manutenção da vida, mas foram símbolos religiosos e guerreiros
importantes para esses grupos sociais. Para analisarmos da importância dos
animais na dieta dos povos Escandinavos e Euroasiáticos utilizaremos fontes
iconográficas e itens da cultura material como potes, talheres e tapeçarias que
evidenciam a imagem desses animais destacando a sua importância para a
alimentação cotidiana, como para os banquetes e festins com finalidade
religiosa. É importante salientar que as trocas comerciais entre os povos da
Eurásia, principalmente as que aconteciam na Europa Oriental, na região onde
hoje estão localizadas as Repúblicas Bálticas, a Ucrânia e a Rússia, foram
fundamentais para que se construísse um novo conceito de consumo de carnes
consideradas sagradas com a utilização de temperos e modos de preparo que
eram diferentes entre os povos que ali se relacionavam comercialmente e
também culturalmente. Para conceituarmos e discutirmos o que é a Eurásia, e
sua importância histórica e cultural, utilizaremos o conceito proposto pelo
GEsEu/UNIPAMPA, além das obras de Massimo Montanari dedicadas a
questão da alimentação, dos tabus alimentares e das trocas entre produtos que
permitiu, além de novas experiências degustativas, novas formas de preparo e
conservação das carnes com as inclusão de novos ingredientes. Para
contextualizarmos a cultura material, basicamente serão utilizados os estudos
de Kevin Philbrook Smith.

Palavras-chave: Eurásia, Alimentação na Era Viking, Cultura Material.


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MINICURSOS

Mitologia Nórdica
Me. Ricardo Wagner Menezes Oliveira (UFPB/NEVE)
Ma. Andressa Furlan Ferreira (PPGCR-UFPB/NEVE)
Angela Albuquerque de Oliveira (PPGCR-UFPB/NEVE)

Representações de animais não-humanos na mitologia nórdica abundam tanto


em fontes escritas quanto em produtos da cultura material, tais como broches,
bordados, estatuetas, escudos, estelas fúnebres etc. Este minicurso, de
abordagem interdisciplinar, tem como objetivo geral apresentar alguns animais
que se destacam nos mitos nórdicos e discutir respectivos significados
simbólicos e religiosos. Para tanto, fontes iconográficas, narrativas mitológicas,
práticas mágicas e depósitos arqueológicos serão contextualizados e analisados.
Três módulos serão ministrados por cada professor e os seguintes animais serão
enfatizados: 1) aves; 2) cavalos e caprinos; e 3) lobos e serpentes. No primeiro
módulo, o professor Ricardo realizará uma análise das representações
iconográficas de algumas aves (águias, corvos e cisnes) presentes na arte
escandinava da Era Viking, relacionando-as com deuses e outros seres
mitológicos, de modo a evidenciar como esse grupo de animais está relacionado
com aspectos de cosmovisão que simbolizam o céu, os deuses, a sabedoria, a
aristocracia, a viagem entre os planos, entre outros elementos míticos. No
segundo módulo, a professora Andressa apresentará sobre a relevância de
cavalos e caprinos (bodes, cabras e ovelhas) na cultura e religião nórdicas
antigas, especialmente a respeito de seus usos em práticas mágicas e ritos
sacrificiais. No terceiro e último módulo, a professora Angela explorará
elementos simbólicos no tocante à fúria cósmica — a Era de Lobos, (Fenrir, Skoll
e Hati) que atinge a abóboda celeste no evento de Ragnarök como
desencadeadora do caos cósmico — e à fúria de gigante de Jormungand, a
serpente de Midgard, que traz dilúvio e maremoto.

Palavras-chave: mitologia nórdica; animais sagrados; simbolismo animal.


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Sagas islandesas: abordagens e sentidos


Me. André Araújo de Oliveira (UFMT/NEVE/INSÍGNIA)
Me. José Lucas Cordeiro Fernandes (NEVE/GERAM)
Me. Pablo Gomes de Miranda (UFPB/NEVE)

Objetivo: Neste minicurso, buscaremos traçar um panorama sobre as sagas


islandesas, explorando a multiplicidade de subgêneros que este corpus
documental possui. Compreendemos que, dentro da conceituação moderna,
podemos relacionar estas fontes com uma dinâmica literária, portanto,
buscaremos explorar esta dinâmica para analisar as múltiplas relações que a
literatura tem para com a sociedade medieval escandinava. A partir disso,
dividiremos em três momentos: 1°) O Prof. Me. José Lucas Cordeiro Fernandes
(NEVE/GERAM) irá fazer uma análise da conceituação de verdade e da
dinâmica estética literária cristã dentro das Sagas de Família (Íslendingasögur),
buscando apresentar e problematizar as peculiaridades deste gênero, assim
como fazendo um panorama sobre suas composições; 2°) No segundo dia, o
Prof. Me. André Araújo de Oliveira (UFMT/NEVE/ INSÍGNIA) trabalhará o
contexto de produção e reprodução das Sagas de Bispo (Biskupasögur) onde se
dedicará a explicitar os fatores histórico-sociais que influenciaram a produção
escrita; 3°) O Prof. Me Pablo Gomes de Miranda (UFPB/VIVARIUM-
NE/NEVE) buscará discutir a noção de passado e mito utilizando as Sagas dos
Tempos Antigos das Terras do Norte (Fornaldarsögur Norðrlanda) e se detendo
na construção de um mosaico histórico das produções de narrativas mitológicas
entre os escandinavos medievais, suas construções de espaços míticos e os
elementos heroicos ressignificados pela circularidade cultural surgida pós-
século XIII. Dessa maneira, buscaremos apontar diferentes abordagens teórico-
metodológicas com o intento de explorar, mesmo que ainda de forma
superficial, a larga dinâmica dos estudos em sagas islandesas, bem como
algumas problemáticas que deverão ser questionadas em seus usos.

Palavras-Chave: Cultura Escrita; Sagas Islandesas; Literatura.


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História da Escandinávia
Me. Munir Lutfe Ayoub (MAE-USP/NEVE)
Me. Leandro Vilar Oliveira (PPGCR-UFPB/NEVE)
Vítor Bianconi Menini (PPGH-Unicamp/NEVE)

Objetivo geral: O minicurso se propõe a introduzir ao inscrito algumas reflexões


iniciais de temas específicos da história escandinava como a Era Viking (793-
1050), a invasão da Inglaterra pelos dinamarqueses (886-878) e o protagonismo
político do Império da Suécia (1560-1718), a partir de aulas expositivas, leituras
e discussões documentais. Cada um dos responsáveis pelo minicurso abordará
temáticas paralelas a suas pesquisas atuais baseados em abordagens históricas
ou arqueológicas e tópicos específicos como a política, sociedade e cultura.

Palavras-chave: Era Viking; história escandinava.

OFICINAS

Bestiários Medievais e Living History

Ma. Luciana Campos (NEVE / CEIA / Women Arts Collaborative)


Ma. Andressa Furlan Ferreira (NEVE / VIVARIUM-UFPB)

Objetivo: O living history (do inglês, “história viva”) é uma atividade que
incorpora ferramentas históricas, com vestuário e objetos cotidianos adequados
à época que se está reconstituindo, tais como pratos e talheres — em alguns
casos, inclusive a refeição. As atividades consistem de uma apresentação
interativa — com os componentes do grupo reconstrucionista e o público que
assiste à ação — e pretendem proporcionar aos observadores e participantes
uma sensação de “volta ao tempo”. Com frequência, Living history incorpora
uma encenação histórica. Um dos desafios contemporâneos do ensino em sala
de aula incide na dificuldade de o professor manter os alunos atentos e
interessados, seja na escola, seja na universidade. As ações de living history
possibilitam tornar a relação ensino-aprendizagem mais dinâmica e instigante,
além de ser mais atrativa do que o método tradicional de aprendizagem. Nessa
oficina, usaremos esse recurso de modo a apresentar a importância e a difusão
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que os bestiários tiveram na Idade Média. O bestiário foi um gênero de


literatura medieval que descreve características e hábitos de animais e criaturas
fantásticas, estabelecendo analogias com a moral cristã. Trata-se de um gênero
que alcançou grande popularidade na Idade Média, permeando a cultura de
diversos povos europeus. Estudar bestiários medievais permite a identificação e
o entendimento de temas comuns à cultura de sociedades europeias passadas.

Palavras-chave: Bestiários; Living History; Idade Média; ensino.

Justas de símbolos: análise de formação e utilização da heráldica na Idade


Média

Prof. Dr. Gleudson Passos Cardoso (MAHIS-UECE/ARCHEA)


Me. José Lucas Cordeiro Fernandes (NEVE/GERAM)
Me. Leandro Vilar Oliveira (PPGCR-UFPB/NEVE/VIVARIUM–NE)

Nossa proposta busca explorar um campo ainda parco nos estudos medievais
brasileiros, os estudos sobre heráldica. Nesta oficina, intentaremos mostrar a
configuração das primeiras sistematizações de brasões e escudos, a partir das
regras feitas pelo clero nos séculos X e XI, em que buscaremos apresentar a
relevância da composição da heráldica na dinâmica medieval, buscando
perceber as ramificações e problematizações que trouxeram a necessidade de
sistematizar famílias e sujeitos através de símbolos. Configuramos enquanto
oficina, pois não apenas faremos um debate sobre o tema, mas mostraremos
como se realiza a montagem de brasões, suas dinâmicas de construção,
estruturação e posicionamento, revelando sentidos múltiplos para as
simbologias postas. Logo, nossa proposta pretende apresentar, mesmo que de
forma introdutória, a larga dinâmica e o universo de possibilidades que
cerceiam a heráldica medieval, trazendo assim um reforço para estudos que
vêm sendo abordados e das atividades do Centro de Heráldica Medieval da
Universidade Estadual do Ceará.

Palavras-chave: Heráldica; Idade Média; Escudos; Brasões.


18

COMUNICAÇÕES

Comparando os Versos do poema Vǫluspǫ́: notas sobre uma tradução

Pablo Gomes de Miranda (PPGCR-UFPB/NEVE)

O objetivo da nossa comunicação é discutir alguns pontos pertinentes ao


exercício da tradução do corpo mitológico norreno, com especial atenção ao
poema Vǫluspǫ́, A Profecia da Vidente. Não iremos nos ocupar aqui dos
detalhes linguísticos ou do desenvolvimento teórico-metodológico pertinente
ao campo da tradução, e que sem dúvidas são pertinentes a essa operação.
Contudo, as nossas preocupações estão voltadas às diferenças entre os
manuscritos utilizados nas publicações modernas da Edda Poética e de como o
leitor moderno se encontra alheio a importantes elementos míticos,
principalmente cosmológicos, pela falta de intimidade com a documentação
medieval. Em nossa fala iremos priorizar os vinte primeiros versos do poema
Vǫluspǫ́ a fim de ilustrarmos os nossos questionamentos.

Palavras-Chave: Edda Poética; Mitologia Nórdica; Vǫluspǫ.

Simbolismo animal na “Basilica Di San Zeno” em Verona um conúbio entre


lenda, sagrado e profano

Lorenzo Sterza (Universidade Federal da Paraíba)


Valentino Sterza (Universidade Federal da Paraíba)

Os animais que encontramos representados nas paredes e nas estruturas que


são próximas à entrada principal das igrejas medievais, carregam consigo uma
pluralidade de “funções” que, dependendo do caso, envolvem a lenda, o
sagrado e o profano. Assim, estas figuras, podem variar de significado
dependendo do objetivo pelo qual foram reproduzidas. Nesse sentido, as
representações dos animais que fazem parte da estrutura da entrada da
“Basilica di San Zeno”, que se encontra na cidade de Verona, na Itália, são
emblemáticas no que diz respeito à complexidade dos propósitos pelos quais
foram elaboradas. Composições que reproduzem um só animal, um grupo de
19

animais, seres humanos e animais, animais cuja forma parece surreal, são
somente algumas das situações que podemos identificar olhando as figuras que
estão retratadas nas obras situadas ao redor da entrada da Basílica. Diante
disso, observando essas obras sem a devida atenção, dificilmente podemos
individuar nelas o significado pelo qual foram criadas. Portanto, somente
depois de uma análise mais aprofundada, o significado dessas reproduções
tornar-se-ia mais claro e, talvez, diferente em relação ao primeiro entendimento.
Dessa forma, nosso trabalho tem como objetivo desvendar as múltiplas
vertentes que estas efígies poderiam simbolizar. Por isso, para conseguirmos no
nosso intento, utilizaremos publicações de autores que têm como interesse de
pesquisa a temática do simbolismo e do imaginário medieval. A vista disso,
Michel Pastoreau, Maria Pia Ciccaraese, Francesco Zambom, Giuseppe Sergi,
Francesco Gandolfo, dentre outros, são, cada um com a própria especialização,
os cientistas que utilizaremos como referências pela nossa pesquisa, na tentativa
de conseguir nosso objetivo.

Palavras-Chave: Igrejas medievais; Simbolismo animal; Imaginário medieval.

Entre asas, garras e dentes: análise dos animais no culto odínico

Monicy Araujo Silva (PPGCR-UFPB)

Em muitas mitologias os animais estão presentes e tem seu papel significativo


dentro delas. Na mitologia nórdica, eles estão intrínsecos, na guerra sendo
associados aos Berserkir e aos Úlfhednar e estão também relacionados a alguns
cultos religiosos. Em várias fontes literárias e estelas, estão citados ou
representados alguns animais, principalmente ursos, lobos, corvos (animais
totêmicos), serpentes e dragões. Muitos desses animais que estão citados nas
fontes literárias ou representados imageticamente estão associados ao deus
Odin, nesse sentido, ligados à guerra, à busca de conhecimento e à jornadas
além-morte. Partindo de fontes literárias, como Sagas e Eddas, e achados
arqueológicos, como estelas, além de bibliografias sobre o assunto, este trabalho
pretende analisar a partir do imaginário o papel desses animais no culto
odínico.

Palavras-chave: Imaginário; Culto Odínico; Animais; Guerra.


20

Os festivais do fogo no paganismo e neopaganismo nórdico: um estudo


comparado

Susan Sanae Tsugami (PPGCR-UFPB)

Propõe-se com este trabalho estudar os festivais do fogo da religiosidade


nórdica, tendo como objetivo realizar um levantamento histórico a fim de
compreender a evolução e transformações que estes festivais sofreram durante
a história, além de entender como são praticados na atualidade, em especial, no
neopaganismo nórdico. Para a realização deste estudo, será utilizado o método
comparativo, que nos permite identificar e contrapor semelhanças e diferenças
entre as culturas, mitologias e crenças relacionadas a esses festivais. Os festivais
do fogo são de grande importância para a compreensão e vivência da
religiosidade pagã como um todo e suas vertentes. A realização dessas
celebrações para os povos antigos e para a religiosidade nórdica, segundo
Langer (2005), aconteciam em momentos de paz, com o intuito de promover a
união entre o povo, sendo celebrados em situações de grande relevância social e
também possuíam cunho religioso. O fogo também era um elemento
importante que estava relacionado ao bem-estar dos homens e dos animais
(FRAZER, 1982). É possível identificar elementos vivos de celebração do
paganismo nórdico na atualidade, porém com nova roupagem. É o que
Albertsson (2005) enfatiza, quando trata da importância do Yule (Jól), apontado
como uma das principais celebrações do neopaganismo nórdico, o qual ensejou
os festejos e elementos natalinos. A importância do estudo destes festivais para
a compreensão da religiosidade nórdica, tanto antiga, quanto atual, está no fato
de que a espiritualidade pagã é vivenciada em um sentido “sensocorpóreo”,
seguindo o entendimento de York (2005). Assim, as datas festivas e suas
celebrações seriam meios de comunicação com as divindades, pois os deuses e
deusas pagãos são imanentes ao Ser e se manifestam tanto nos animais, plantas
e coisas, quanto na sacralidade de um evento ou local.

Palavras-chave: paganismo; religiosidade nórdica; festivais do fogo.


21

O simbolismo do cavalo na religiosidade e mitologia nórdica

Victor Hugo Sampaio Alves (PPGCR-UFPB)

O símbolo do cavalo se faz presente nas mitologias de inúmeros povos,


manifestando-se principalmente como figura de transição entre os diferentes
mundos. Sua habilidade de transitar entre o reino dos vivos e o dos mortos
permite relacioná-lo tanto à simbologia do mundo lunar e ctônico, quanto à do
mundo uraniano e solar. No contexto da mitologia nórdica, os cavalos são
mencionados por diversas vezes nas Eddas e também nas Sagas. Nesses
materiais literários, a cada deus, gigante ou rei é atribuído um cavalo
devidamente nomeado. Muitas das Sagas Islandesas descrevem rituais em que
se sacrificavam cavalos, pois eram considerados animais sagrados e fortemente
atrelados ao mundo espiritual. Na literatura Eddica sobressai a imagem do
cavalo como figura de transcendência, onde é ilustrada sua capacidade de
transcender a realidade, a mortalidade e até mesmo as fronteiras entre
diferentes mundos mitológicos. Vestígios arqueológicos apontam para práticas
ritualísticas em que cavalos eram sacrificados e ofertados aos deuses, com
ingestão de sua carne em seguida. O objetivo do presente trabalho é elucidar o
papel simbólico do cavalo no contexto mitológico e religioso dos nórdicos
durante a Era Viking, utilizando-se de materiais literários como as Eddas e as
Sagas Islandesas. Estes materiais, apesar de produzidos em um período
posterior, ajudam a revelar as diversas atribuições simbólicas conferidas ao
animal. Por vezes, serão levados em conta relatos de estrangeiros como Adão
de Bremen e Tácito no que diz respeito às práticas e rituais dos nórdicos e
germânicos envolvendo o cavalo. Quando necessário, considerar-se-á também
vestígios arqueológicos, como sítios de inumação onde cavalos foram
enterrados junto de seus donos. Utilizando-se dos trabalhos de Katrín
Einarsdóttir, Thomas Rowsell e Joseph Harris, procurar-se-á explicitar a relação
do cavalo com a transcendência, a transição entre mundos e estados, ao
sobrenatural e sua relevância mágica como no seiðr e no níðstang.

Palavras-chave: cavalo; simbolismo; mitologia nórdica.


22

Táin Bó Cúalnge: um olhar sobre a relação de Cú Chulainn e os animais


mágicos.

Beatriz Abrantes (História/UFBA)

Os povos identificados como celtas se relacionam intimamente com a natureza.


O ritmo das estações direcionava parte do desenvolvimento das comunidades e
da sua rotina. O mundo natural foi dotado de caráter simbólico e mágico,
fazendo parte dos mitos, rituais e concepções religiosas. Os deuses eram
associados às forças da natureza, mas também à fertilidade, aos animais, às
plantas e aos elementos da paisagem como montanhas etc. Há um grande
número de divindades cujas identidades estão intimamente associadas com os
animais. Este é o caso do herói Cú Chulainn, cujo nome Cú, significa Cachorro,
ou seja, Cachorro de Cú Chulainn. A personagem épica liga-se a outros animais:
Cavalo, Cisne, Corvo e Gado. Este trabalho tem como objetivos identificar e
analisar os diferentes animais associados ao herói Cú Chulainn dentro do épico.
Pretende pensar sobre as construções das masculinidades associados ao herói e
como e/ou se elas perpassam por sua relação com esses animais. Faremos isso a
partir do conceito de gênero formulado pela professora doutora Andréia
Frazão, já que o determinismo biológico é rejeitado e se percebe a distinção
sexual como uma construção discursiva e inter-relacional, pressupondo relações
hierárquicas de dominação. Tal como sugere R. Connell, pretende-se também
discutir as representações das masculinidades associadas a esse personagem
como “uma configuração de práticas organizadas em relação à estrutura das
relações de gênero”. Utilizarei como fonte principal o Taín Bó Cúalnge Recession
1, a partir do Lebor na hUidre (século XI) e do Yellow Book of Lecan (século XIV),
escrito traduzido por Cecile O’Rahilly. Para discutir sobre o manuscrito e o
problema da periodização na Irlanda Medieval, tomarei como base Ann
Dooley, Brent Miles e Dominique dos Santos.

Palavras-chave: Táin Bó Cúalnge; Animais; Celtas; masculinidades.


23

A representação do Rei Leão na obra “O livro das Bestas (1288-89)” de Ramon


Llull.

Diogo Rodrigues dos Santos (PEM/PPGHC/UFRJ)

O homem e os animais estão interligados desde as primeiras civilizações


através das pinturas rupestres, dos deuses antropomórficos e, posteriormente,
da arquitetura, pintura e literatura de bestiário. O bestiário medieval era
composto por narrativas que descreviam histórias com propósitos morais e
didáticos, cujos protagonistas eram animais com características humanas. Essas
narrativas foram influenciadas por obras como as fábulas de Esopo (620-560 a.C.),
textos bíblicos como o Livro dos Salmos 7-3, Pedro 5:8, Atos dos Apóstolos 5:5,
Gêneses 49:9, o Fisiólogo (ca. séculos II-III), as Etimologias de Isidoro de Sevilha
(556-636) e outros mais. Dentre as obras de bestiário medieval, destacamos o
Livro das Bestas (LB), sétimo capítulo da obra Felix, o livro das maravilhas (1288-
89), escrita por Ramon Llull, destacado “homem de saber”, durante sua estadia no
reino da França. Nosso objeto de reflexão remete à tentativa, por parte de Llull,
em se estabelecer no ambiente intelectual e político francês, relacionando-a ao
reinado de Filipe IV (1268-1314), a quem o autor dedicou a referida obra. Em
sua primeira viagem a Paris, Llull empenhou-se em um duplo objetivo: obter
apoio do Rei Filipe IV na construção das escolas línguas para missionários,
como a que conseguiu em Miramar, e ter a aprovação das suas obras,
investindo-lhe de autoridade, na Universidade de Paris, centro intelectual da
época. Em nossa apresentação analisamos a representação, na perspectiva de
Roger Chartier, do Rei Leão, protagonista do LB, no ponto de vista de Ramon
Llull. Além disso, construiremos o modelo governante ideal a partir das
qualificações representadas. Para atingir tais objetivos estabelecemos uma
investigação baseada na técnica de análise do discurso de textos narrativos: isto
é, averiguando o enredo da obra, com quem o Leão se relacionava e como era
qualificado, tomando-o como referência de comportamento à corte parisina.

Palavras-chave: Rei Leão; Ramon Llull; Bestiário Medieval.


24

O CAVALEIRO BRILHOSO DE KNAPPSTÖÐUM: REALIDADE DA


REPRESENTAÇÃO E ESTÉTICA LITERÁRIA CRISTÃ NA ÞÓRHALLS
ÞÁTTUR KNAPPS

José Lucas Cordeiro Fernandes (NEVE/GERAM)

Buscamos neste trabalho analisar um campo literário proveniente da Islândia


medieval, os þættir (þáttur, no singular), uma espécie de contos em dimensões
reduzidas, que podem ou não ser complementares as sagas e outros textos da
dinâmica do mundo cultural escrito da Escandinávia medieval. Tais textos estão
arraigados de referências da sociedade do período pré-cristão de dominância e
de uma fase inicial de transição, em que sincretismos culturais e religiosos são
latentes (c. IX-XI), assim como do período de sua construção, que difere da sua
narrativa (c. XII-XV ou até posteriores). Como base nessa compreensão de fonte,
buscamos analisar o uso da estética cristã na narrativa, como instrumento de
cristianização, observando os usos da literatura e sua dinâmica na cultura
escrita islandesa, como um mecanismo de manipulação do “passado histórico”,
e, portanto, da memória social dos sujeitos, para questionar de que forma esses
usos estéticos auxiliam e/ou consolidam o processo de cristianização da
Islândia, visto que tal recorte espacial é determinado por nossa fonte principal.
Em virtude do espaço e possibilidade de tal pesquisa, selecionamos analisar os
objetivos supracitados pela realidade da representação no Þórhalls þáttur knapps,
em que buscamos analisar a construção de sua representação e como os
elementos estéticos fazem todo um direcionamento na narrativa, refletindo
assim sobre sua força estética no entendimento de sua composição para um
favorecimento da aceitação e ampliação do Cristianismo. Neste sentido, nos
balizamos no aporte da Nova História Cultural e da metodologia da Cultura
Escrita, com o intento de melhor balizar os objetivos postos neste trabalho, com
meios de controle e verificações viáveis para a pesquisa postulada.

Palavras-Chave: Þættir; Cristianismo; Literatura Islandesa.


25

Desconstrução do estereótipo dos vikings no Brasil

Lucas de Oliveira Cheque (História/UFG)

Graças ao romantismo e ao movimento nacionalista do século XIX, os povos


escandinavos são representados como os conhecemos hoje. Buscava-se obter
uma unidade tanto política quanto cultural nos países europeus, e os povos
“bárbaros” foram usados para tentar construir uma identidade coletiva. A
pesquisa tem o objetivo de identificar os estereótipos que marcam as sociedades
nórdicas na memória dos brasileiros, e a partir do conhecimento destes, tentar
desconstruí-los, apresentando essas populações sem falsas representações, já
que com o avanço dos estudos sobre os escandinavos, tais como Fúria odínica e
Vikings e o estereótipo do bárbaro no ensino de História, do professor Johnni Langer
e Breve História dos Vikings, do fotógrafo/escritor Manuel Velasco, os pré-
conceitos tendem a serem desfeitos, e esses povos podem ser representados
apropriadamente, para que assim as suas contribuições à nossa cultura sejam
evidenciadas. Valendo-nos da metodologia das fontes orais em História, tal
como defendida por Ferreira e Amado (1998) produzimos um total de 16
entrevistas - com pessoas de diferentes idades e diferentes formações escolares -
nas quais se questionava como essas pessoas viam e percebiam os
escandinavos. Os entrevistados foram questionados sobre a aparência destes
povos e seu vestuário, como eram suas relações com as demais pessoas e o
primeiro contato com a sua representação no cinema e/ou literatura. A
pesquisa foi feita com base nos estereótipos apresentados pelos entrevistados,
onde ficou evidente que os nórdicos são representados na imagética dos
“bárbaros”, que teve sua construção iniciada nos oitocentos e continua até os
dias atuais.

Palavras–chave: escandinavos; estereótipos; entrevistas.

Considerações sobre o Ragnarök

Mirelly Maciel da Silva (PPGCR-UFPB)

O presente trabalho se propõe a analisar o apocalipse na mitologia nórdica o


Ragnarök, com isso lançaremos um olhar sobre o poema éddico Völuspá, obra
anônima composta no século X, utilizando essas como fonte de pesquisa. Para
26

mais, é necessária uma observação acerca sociedade nórdica escandinava na era


pré-cristã, percebendo narrativas externalizadas pela Edda Poética, buscando
diálogos entre essas é o mito Ragnarök na Europa setentrional. Com isso,
buscaremos investigar pontos chaves como cultura e sociedade. Como
arcabouço teórico utilizaremos (LÉVI-STRAUSS, 1989) e (ELIADE, 1972)
permeando as discussões sobre mito e mitologia além deles, aproveitaremos
(WACHOCKA, 1993) e (DEL MOLINO, 2012) que pontuaram diálogos sobre o
Ragnarök, e sua importância para sociedade ora apresentada. Com essas
informações tornaram-se possíveis percorrer e distinguir as ações do mito na
sociedade de forma direta ou indireta e como ele influência o pensamento e a
organização social, na qual é possível evidenciar uma cultura apocalíptica
transitando e se propagando por meio de rituais, festejos de estações, colheitas,
navegações e artefatos simbólicos, que envolvem toda uma sociedade em torno
de um fim cataclísmico e o surgimento de um mudo novo. Empregaremos
como metodologia, estudos comparados minimizando as complexidades sobre
o tema, e apontamentos sobre mito e mitologia e suas interferências na
sociedade.

Palavras-chave: Ragnarök; sociedade nórdica; mito e mitologia

Os corvos no imaginário nórdico pré-cristão

Munir Lutfe Ayoub (PPGA-USP)

A fronteira entre a natureza e a cultura, as distinções entre o material e o


mental, tendem em se dissolver uma vez que nos aproximamos da parte que
está diretamente subordinada ao homem e que é produzida ou reproduzida por
ele. Embora externa a nós, essa natureza não é externa à cultura, à sociedade ou
à história, transformada pela ação humana do pensamento, é uma realidade que
é, simultaneamente, material e mental. Esta parte da natureza é apropriada e
humanizada, tornando-se uma inscrição da historia de cada sociedade em seu
vértice espaço-temporal. Nenhuma ação material do ser humano sobre a
natureza, pelos quais quero dizer qualquer ação que é intencional e perseguida
por sua própria vontade, pode assim ser executada sem definir e trabalhar as
realidades mentais, representações, juízos e princípios de pensamento. Levando
em consideração a dialética aqui já apresentada, buscaremos pela análise das
27

fontes literárias nórdicas, em comparação com as fontes arqueológicas


provenientes da Idade do Ferro Escandinava, a compreensão relacionada aos
corvos no mundo nórdico pré-cristão. Os animais que iremos aqui abordar,
serão compreendidos como uma parte da natureza que pela ação humana
sofreu um processo imagético, conectando-se a ideias e valores manipulados
por uma sociedade, esse que presume o estabelecimento de três elementos
básicos: o meio, o corpo e a imagem. Como meio, pretendemos demonstrar a
oralidade, a escrita e a representação desses corvos em diversos artefatos; como
corpo, pretendemos pensar o órgão vivo, que munido de sensores como a visão
e a audição, detém a detecção e contemplação da imagem; por último, como
imagem, pretendemos pensar não apenas a reprodução do visível, mas também
a portabilidade de compreensões sociais, políticas e religiosas conectadas por
cada ser e sociedade na formação desses suportes imagéticos.

Palavras-chave: corvos; imaginário; pré-cristão

O simbolismo animal no Evangelho de Tomé: uma abordagem exploratória

Nestor Pinto de Figueiredo Junior (PPGCR-UFPB)

O Evangelho de Tomé oferece alguns desafios hermenêuticos ao longo dos seus


114 lógios ou ditos atribuídos a Jesus. Entre estes ditos cerca de 11% trazem
animais em seu enunciado, seja como recurso retórico a exemplo de metáforas,
seja apenas denotando atitudes próprias dessa categoria, porém sempre
visando a um conteúdo simbólico subjacente. O objetivo de nosso trabalho é
identificar, classificar e propor uma discussão introdutória sobre essa fauna
tomesina, verificando a possível simbologia desse conjunto de sentenças que
utilizam animais como recurso discursivo explícito ou implícito.
Metodologicamente, fazemos uma pequena contextualização histórica do
Evangelho de Tomé, situado dentro do primeiro cristianismo, a partir de John
Dominic Crossan (O nascimento do cristianismo, 2004), Marvin Meyer (O
Evangelho de Tomé, 1993) e Elaine Pagels (Os evangelhos gnósticos, 2004);
apresentamos o perfil das sentenças em estudo e isolamos aquelas mais
significativas em relação à sua carga simbólica. De maneira resumida, tratamos
dos desafios que os trechos selecionados podem demandar para os estudiosos
desse evangelho, nos detendo um pouco mais naqueles que constam
exclusivamente nessa literatura, isto é, que não encontram paralelos nos
28

evangelhos sinóticos, como é o caso do lógio 7, onde a figura de um leão é o


elemento chave para a interpretação desta passagem, costumeiramente evitada
ou generalizada pela maioria dos hermeneutas desse texto. Embora nossa
abordagem da simbologia animal em Tomé seja eminentemente descritiva,
partindo de sua dinâmica intrínseca, sem recorrer a uma teoria específica, nas
considerações finais, aventamos uma possibilidade de análise do material com
base em Gilbert Durand (As estruturas antropológicas do imaginário, 2012), dentro
daquela noção exploratória de nosso trabalho.

Palavras-chave: Evangelho de Tomé; primeiro cristianismo; simbolismo animal.

Habitus herdado e motivos iconográficos: a migração simbólica dos


acólitos-guardiães na capital paraibana.

Rafael Trindade Heneine (BCR-UFPB)

Acólitos-guardiães, segundo D’Alviella, são seres protetores ou cuidadores, que


foram e ainda são simbolicamente evidenciados também através das artes,
como animais, seres míticos e/ou bestiários fantásticos, que eram encontrados
no imaginário dos povos antigos, descrito em seus mitos. Artísticamente
costumam estar dispostos em pares, nos portais e nas colunas de templos,
protegendo árvores sagradas, em estelas, e presentes também em emblemas e
brasões da heráldica, este tipo de símbolo foi potencialmente identificado em
culturas distintas, com suas particularidades próprias, sendo essa a razão pela
sua variação morfológica. A ação que tem os acólitos-guardiães de protegerem,
esconderem, guardarem, etc, é a função motriz dos motivos para a utilização
deste símbolo, e que aparenta ser comum a todas estas culturas, e por isso uma
análise é plausível, já que supõe-se pela aparente longevidade, a migração do
símbolo e de seus significados. A simpleza das evidências materiais por si só
qualificam os elementos iconográficos como de permanência, e que os valores
que foram adquiridos sobre este tipo de símbolo possivelmente ainda existem,
mesmo com suas re-significações, conceituam uma espécie de habitus herdado,
aonde segundo Bourdieu, motivos de origem podem estar impregnados. Dessa
forma, é através do metodo iconológico ensinado por Panofsky, que pretendo
validar este possível habitus herdado de funções mágico-religiosas, na intenção
de identificar uma compreensão dos motivos iconográficos que ainda fazem
com que este tipo de símbolo continue a ser utilizado. A utilização deste tipo de
29

símbolo atualmente, não está restrita apenas aos templos religiosos, também
está nas propriedades privadas ou estatais, aonde foram especificamente
econtrados e observados em visitas in loco na cidade de João Pessoa, capital do
estado da Paraíba e anfitriã dessa pesquisa.

Palavras-Chave: Habitus, Iconografia, Símbolos.

Representações de animais em túmulos medievais

Francileide Verissimo da Silva (BCR-UFPB)

Nossa pesquisa consiste em analisar as representações de animais em túmulos


medievais. Verificar também suas formas, seus desenhos nos túmulos como
estão inseridos. É de grande importância nos túmulos a simbologia que serve
como uma decifração do que é capaz de estabelecer no mundo dos vivos.
Temos entre-Douro-Minho a sua idealização e suas diversas representações e
personalizações. Para o teórico Mario Jorge Barroca a primeira forma de
personalização do sepulcro no entre- Douro- e minho, na maioria das vezes, é a
existência de obituários, onde se registrava com o nome do defunto era uma
forma identificação e perpetuação da memória a representações dos animais
nas sepulturas uma forma de refletir sobre as marcas do quotidiano inscritas
nos monumentos funerários. Enquanto para Jacques Legoff seriam
monumentos documentos. É importante ressaltar que esses monumentos
funerários começaram a se constituir entre os séculos XII a XV, sendo uma
forma de expressarem principalmente a representação da natureza, em
particular dos animais nos túmulos. Nossa metodologia consiste em fazer uma
pesquisa nas respectivas monografias de mestrado, artigos, e livros que possa
me proporcionar um melhor conhecimento acerca do tema. Vamos utilizar o
poema de Manoel de Barros ressalta a importância e a sabedoria dos animais
como também das plantas e das pedras, sobre estes elementos da natureza não
só restringe ao conteúdo apenas ao reino animal, mas sim ao conteúdo da
literatura brasileira. Ressaltado a relação com a literatura brasileira, com os
autores contemporâneos que trabalham a temática dos animais com base na
literatura Brasileira escolhi Moacyr Scliar, e Manoel de Barros os dois teóricos
irão falar sobre este tema. Temos como objetivo observa a singularidade de
cada uma das respectivas obras existentes que fazem parte de um contexto
particular os autores por sua vez, possuem seus diferentes contextos literários
30

permite conhecer novos saberes aproximar, ou mesmo distanciar, torna-se


possível construir uma visão crítica referente aos contos e a poesia.

Palavras-chave: Túmulos; simbologia; monumentos funerários.

ANIMOT E ANIMAL-ESTAR: QUIMERAS CONTEMPORÂNEAS


Sílvia Barbalho Brito (PPgEL/UFRN)

Com este trabalho, pretendemos pensar as desconstruções impulsionadas na


contemporaneidade pela alteridade de um outro não humano: o animal, que é
aqui compreendido como uma abertura para desencadear uma crise no
Pensamento Ocidental, no qual o homem da perspectiva logocêntrica não é
mais o centro. Para Jacques Derrida (1930-2004), pensador da vertente filosófica
francesa do século XX, o animal é pura possibilidade de deslocamentos que nos
colocam num movimento de deriva. Animal e humano passam a compartilhar
percepções, ressignificações e afetos. Para demarcar essa possibilidade de
desconstrução da nossa época, esclarecemos a relação estabelecida pelo Cânone
Ocidental entre humano e animal: uma disposição violenta, em que este é tido
como um corpo sem alma, a serviço do homem. Na Tradição, o animal passou a
não ser visto, a ser apenas objeto, sem direito a sensibilidade. Ele constituiu o
outro mais outro, aquele separado por uma distância abismal, o opositor.
Derrida, em O animal que logo sou (2002), explica a dominação humana sobre o
animal por meio da cena do Gênesis: Deus cria o homem à sua imagem e
semelhança e o coloca no mundo onde os animais já surgem dispostos como
machos e fêmeas, prontos para servi-lo. Ao homem é dado o dever de nomear e
controlar os outros. Sem direito a singularidade, os animais são determinados
quanto a sua espécie ou a sua designação geral, tendo suas características
homogeneizadas. É válido salientar que, no Gênesis, este processo de nomeação
e controle é realizado exclusivamente pelo homem, antes do surgimento da
mulher. Segundo Derrida, o humano, nesse momento, é apenas o homem (no
máximo, um homem-casal ou homem-mulher, o qual proverá parte de si para a
constituição do seu complemento feminino), que recebe de Deus a ordem de
sujeitar o animal, exercendo sua autoridade e devendo cumprir a obrigação de
frutificar e preencher a Terra, conquistando-a. O olhar no olho do outro, do
animot, é que o permite ver a fronteira do humano. Para Derrida, essas questões
promovem novas reflexões sobre nosso viver, fazer, morrer, ser. É um momento
de pura possibilidade, de potências. Esse jogo, essa troca, elimina as raias:
31

humano e animal transitam por linhas de fuga, que não se permitem objetivar,
nem contar, apagando as bordas. Emerge novamente a limitrofia: enquanto
fronteira, ela não se consiste em uma única linha somente (se assim fosse,
continuaria como pensamento antropocêntrico). Lá, estamos em face de um
contradiscurso concernente às interpretações hegemônicas, homogeneizadoras
da história e da cultura. Estas são potências que o animot e o animal-estar
possibilitam enquanto mudanças dos sentidos do mundo, a partir desse
relacionar-se com o outro. A impregnação da leitura imediatista humana passa
a ser fissurada pelos sentidos do animal, promovendo uma ressignificação a
partir do outro. Leituras pulsantes e selvagens emergem, corrompendo o
fascismo humano instalado na cultural Ocidental e instaurando pluralidades.

Palavras-chave: Animot; Animal-estar; Jacques Derrida.


32

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