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SOLUÇÕES PARA O
DESENVOLVIMENTO
URBANO DE METRÓPOLES
ISSN 1981-4240
BRASILEIRAS
I CENPES II: O NOVO CENTRO DE PESQUISAS DA PETROBRAS I
I SOFTWARE PARA O GERENCIAMENTO DE PROJETOS I
I PRODUÇÃO DE BLOCOS CERÂMICOS I REÚSO DE ÁGUA I
I PANORAMA DA ARQUITETURA BRASILEIRA I
E m busca de um desenvolvi-
mento urbano mais sustentável
e da preservação dos recursos hí-
úso de água disponíveis no mer-
cado para sua implantação nas
edificações. Além disso, examina-
dricos naturais, práticas descen- se o funcionamento, composição
tralizadas de conservação e categorização dos sistemas de
de água nas edificações reúso existentes.
Em geral, os sistemas de podem contribuir para a
redução do consumo de Sistemas de reúso de água
reúso de água realizam água potável, através do Em geral, os sistemas de reú-
uso de fontes alternativas so de água realizam o tratamen-
o tratamento de águas to de águas menos nobres para
de águas menos nobres
menos nobres para seu para reúso não-potável, seu reaproveitamento para fins
como a irrigação, lavagem não-potáveis, tais como irrigação,
reaproveitamento para e limpezas externas ou lavagem e limpeza, e descarga
em descargas sanitárias. sanitária. Vários estudos demons-
fins não-potáveis, tais Apesar das tecnologias tram que a aplicação de sistemas
descentralizadas para o de reúso de água em edificações
como irrigação, lavagem reúso de água existirem pode reduzir efetivamente o con-
desde a década de 70, o sumo de água potável.
e descarga sanitária reúso de água ainda é uma Existem diversos aspectos co-
prática pouco utilizada nos muns na composição dos sistemas
edifícios brasileiros. Porém, com de reúso de água (Figura 1). Fontes
a crescente preocupação com os alternativas de água, como por
recursos hídricos, a aceitação des- exemplo, águas pluviais, águas
tes sistemas começa a tomar for- cinzas ou águas residuárias, são
ma e novas tecnologias começam coletadas por uma rede coleto-
a surgir no mercado brasileiro. ra de tubulações usada no seu
O presente artigo descreve os transporte para tratamento e re-
Daniel Sant’Ana sistemas de aproveitamento das tenção. O nível de tratamento da
Arq. MSc. - Oxford Institute for Sustainable águas pluviais (AAP), reciclagem água para reúso - seja ele bioló-
Development - Oxford Brookes University das águas cinzas (RAC), recupe- gico, químico, ou físico - varia de
ração das águas residuárias (RAR) acordo com a qualidade inicial da
Cláudia Naves David Amorim e seus processos nas edificações, água e sua qualidade final deseja-
Profa. Dra. - Faculdade de Arquitetura e traçando algumas perspectivas da. Depois de tratada, a água de
Urbanismo - para o contexto brasileiro. Preten- reúso pode ser armazenada em
Universidade de Brasília de-se analisar os sistemas de re- um reservatório de retenção, cujo
distribuidora transporta
água de reúso para pon- Taratamento
Alimentação Rede Distribuição
Reservatório de
Águas Potável da
tos de usos não-potáveis. Biológico / Químico
Concessionária Distribuição Distribuidora
Pontos de uso Não-Potável
de normas e diretrizes no
Rede
por outro lado, requerem um alto ção, caso falte água de chuva para
nível de tratamento através de sua atender a demanda ou haja algum
desinfecção e exigem um monito- problema no sistema AAP. Sem
ramento constante através de uma que haja conexão cruzada com a
unidade de controle que corta o rede de abastecimento potável,
abastecimento da água de chuva uma rede distribuidora transporta a
ou alerta o usuário caso haja de- água de chuva tratada para pontos
feito no sistema. Apesar dos sis- de usos não-potáveis.
temas AAP potáveis exigirem um
investimento inicial alto, seu poten- Reciclagem das águas cinzas
cial de economia é elevado. Água cinza é todo esgoto se-
A Figura 2 demonstra uma com- cundário proveniente dos lavató-
posição genérica de um sistema rios, chuveiros, tanque e máquina
de lavar roupa. Devido à escassez
AAP, em que a chuva coletada por
dos recursos hídricos, diversos
uma área de captação (a), é trans-
países desenvolveram sistemas
portada por uma rede coletora (b) e
de tratamento visando à recicla-
tratada inicialmente por um filtro (c).
gem das águas cinzas (RAC) para
A entrada da água de chuva no seu
s o seu reúso não-potável. Pode-se
Figura 2. Configuração genérica de um
reservatório de retenção ou cisterna
encontrar uma gama de impu-
Sistema AAP (d) é feita através de um freio d’água
rezas nas águas cinzas, em que
(e) para não suspender impurezas
substâncias como cabelos, pêlos,
decantadas na base do reservató-
pele, sabão e detergentes usados
rio e manter a qualidade da água
na lavagem e banho são comuns.
armazenada. O filtro não é capaz Não podemos esquecer outros
de remover partículas finas encon- tipos de impurezas que passam
tradas na água de chuva, porém, pelos ralos, como por exemplo
com o tempo, sua sedimentação urina, traços de fezes, vômito, en-
ocorre na base da cisterna. Nem tre muitos outros contaminantes.
todas impurezas decantam, algu- Portanto, torna-se necessária a
mas partículas finas, como o pólen, desinfecção das águas cinzas que
ficam suspensas na superfície da forem armazenadas para reúso,
água. A remoção destas partículas evitando a proliferação de bacté-
suspensas ocorre de tempos em rias potencialmente patogênicas.
tempos através de um extravasor Sautchuk, et al. (2005) fornece
(f). O extravasor evita a sobrecarga alguns dados sobre a qualidade
do sistema lançando o acúmulo de das águas cinzas de algumas edi-
chuva para a rede pluvial ou drena- ficações brasileiras.
gem. A extração da água de chuva Sistemas de reciclagem das
armazenada é feita logo abaixo da águas cinzas também podem ser
superfície por uma sucção flutuan- classificados de acordo com o nível
te (g), podendo ter em si um filtro de tratamento e seu tipo de reúso: (i)
fino para impedir a entrada de im- reúso não-potável direto e (ii) reúso
purezas. Uma bomba de recalque não-potável tratado. O reúso não-
(h), acionada por uma bóia de nível, potável direto limita-se apenas à ir-
transporta a água de chuva trata- rigação subterrânea de jardins, ou
da, através de uma rede distribui- lavagem de pisos. A coleta de águas
dora (i), para um reservatório de cinzas provenientes do tanque ou
distribuição (j) que é conectado a máquina de lavar em baldes ou ba-
uma caixa d’água de água potável cias para reúso na lavagem de pisos
da concessionária (k). Uma válvula não é incomum no Brasil. Existem
solenóide (l) acionada por uma bóia também sistemas simples de reúso
de nível controla a entrada de água direto das águas cinzas exclusiva-
potável no reservatório de distribui- mente direcionados para irrigação