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Obras de Soares dos Reis:

António Soares dos Reis (V. N. Gaia 1847-1889) frequentou com distinção a Academia Portuense de Belas-
Artes, entre 1861-66.

Em 1867 fez o concurso para pensionista no estrangeiro com o busto de Firmino e o baixo-relevo Mercúrio
adormecendo Argos. Em Paris ingressou no atelier de Mr. Jouffroy como preparação para ser admitido na
exigente École Impériale des Beaux-Arts. A obra Negro sobre uma placa marca o ingresso do jovem bolseiro
nesse estabelecimento de ensino, que frequentou entre 1869-70.

Nesse ano regressou a Portugal devido à guerra franco-prussiana, e no nosso País recebeu as primeiras
encomendas, como o baixo-relevo Carro de Apolo. No ano seguinte partiu para Roma no sentido de concluir
o pensionato em Escultura e instalou-se no Instituto de Santo António dos Portugueses. Aí realizou o
Desterrado (1872) como prova final do pensionato no estrangeiro, pelo qual foi nomeado Académico de
Mérito da Academia Portuense de Belas-Artes.

No Porto, entre 1873-75, instalou-se no seu primeiro atelier, na Rua das Malmerendas. Foi a partir daí que se
projectou no meio social com os mármores Cabeça de Negro e Saudade, assim como O Artista na Infância,
que realizou para a duquesa de Palmela, em Lisboa.
Entretanto a encomenda de uma Nossa Senhora da Vitória em madeira policromada, para a igreja da mesma
invocação no Porto, foi mal acolhida pelo pároco que mandou fazer alterações irreversíveis à imagem.

A partir de 1876 Soares dos Reis vai residir numa casa-atelier em Vila Nova de Gaia. Nesse ano recebe uma
medalha de prata na exposição da Sociedade Promotora de Belas Artes, em Lisboa.

Entre 1876-77 vai realizar a sua primeira obra de escultura monumental, a Estátua do Conde de Ferreira em
mármore, destinada ao cemitério de Agramonte, no Porto.

Aos 31 anos de idade o escultor projecta-se no exterior ao receber uma menção honrosa na Exposição
Universal de Paris de 1878 pelo seu Artista na Infância e o Busto de Almeida Ribeiro.

Em 1880 Soares dos Reis e o pintor Marques de Oliveira dirigem o Centro Artístico Portuense, onde
incentivam o estudo do modelo vivo e a estética. No ano imediato a Flor Agreste, retrato de uma
adolescente em mármore, é exposta no Palácio de Cristal na 1ª Exposição-Bazar do Centro Artístico.

Soares dos Reis está no auge nesse ano de 1881. Recebeu a medalha de ouro na Exposição de Belas Artes de
Madrid com o seu nostálgico Desterrado. Também nessa época foi admitido como professor de escultura da
Academia Portuense de Belas Artes, com as provas de concurso de Narciso e o baixo-relevo Morte de Adónis.

Entre 1883-84 prossegue a sua carreira de retratista, com encomendas principalmente ligadas a figuras da
política e da alta burguesia portuense.

Em 1885 casa com Amélia de Macedo com quem vai residir na rua do Agueiro em Gaia. Nesta fase o escultor
manifestava sinais de debilidade física e psíquica, estado que resultava de várias causas como a recusa de
alguns retratos e a falta de reconhecimento oficial do Projecto de Reforma e Regulamento do curso de
Escultura apresentado pelo mestre à Academia de Belas-Artes.

Mas no topo da carreira do estatuário estiveram a realização da Estátua de Brotero, destinado ao Jardim
Botânico de Coimbra, e a inauguração do Monumento a D. Afonso Henriques em Guimarães, em 1887.

A rejeição do Busto da inglesa Mrs. Leech certamente contribuiu para o agravamento do estado de saúde do
escultor, que não conseguia suportar as condições adversas que se interpunham no seu trabalho. No dia 16
Fevereiro de 1889 Soares dos Reis suicidou-se em casa com dois tiros de revólver. Foi sepultado no cemitério
da Igreja de Mafamude em Gaia.
A presença no museu de muitas obras de Soares dos Reis resulta em grande parte das remessas de
estudante, de ofertas do autor e da família (viúva e filha) à antiga Academia Portuense. Muitos originais
foram passados a bronze em 1921 tornando substancial a colecção de obras reunidas.

A grande exposição A Obra de Soares dos Reis, no âmbito das Comemorações Nacionais de 1940, assinalou a
instalação do Museu, de que o escultor é patrono, no Palácio dos Carrancas.

Flor Agreste (1878), de Soares dos Reis


O desterrado (1872), de Soares dos Reis
A Música, 1877 A História, 1877 A Riqueza, 1877
A Música, 1877

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