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MATEMÁTICA

FINANCEIRA
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MATEMÁTICA
FINANCEIRA
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poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados:
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Editoração Eletrônica: Estúdio Castellani
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Serviço de Atendimento ao Cliente


0800-0265340
sac@elsevier.com.br

ISBN 978-85-352-1880-0

Nota: Muito zelo e técnica foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação, im-
pressão ou dúvida conceitual. Em qualquer das hipóteses, solicitamos a comunicação ao nosso Serviço de Atendimento
ao Cliente, para que possamos esclarecer ou encaminhar a questão.
Nem a editora nem o autor assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas a pessoas ou
bens, originados do uso desta publicação.

CIP-Brasil. Catalogação na fonte.


Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ

L322m
Lapponi, Juan Carlos
Matemática financeira: redesenho organizacional para o crescimento
e desempenho máximos / Juan Carlos Lapponi ; com a colaboração de
André Luís Galvão Lapponi. – Rio de Janeiro : Elsevier, 2005 –
3a reimpressão.
il.
Apêndice
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-352-1880-0
1. Matemática financeira. I. Lapponi, André Luís Galvão. II. Título.
05-3086. CDD 513.93
CDU 51-7
Prefácio

Este novo livro ensina Matemática Financeira conduzindo o aluno por um


processo de aprendizado de conceitos, relações e equivalências. O estudo de
Matemática Financeira não se limita a ensinar fórmulas ou procedimentos de
calculadora que resolvem determinados tipos de problemas. Este livro prepara o
aluno para equacionar problemas aplicando conceitos que facilitam sua resolu-
ção e utilizando mais de uma abordagem, com destaque para a equação de valor
equivalente.
A apresentação de cada tema deste livro começa pelo desenvolvimento de
exemplos utilizando os conhecimentos apresentados até o momento. A seguir
são desenvolvidas equivalências mostrando como utilizá-las por meio de exem-
plos e orientando o leitor, quando necessário, nos procedimentos de cálculo
adequados para, finalmente, em cada tema, propor problemas com respostas. A
fim de aprimorar a preparação e aumentar o conhecimento do aluno, são incluí-
das revisões, além de temas correlatos e mais avançados nos Apêndices da maio-
ria dos capítulos do livro, e os que ultrapassam o objetivo da obra impressa estão
publicados na página do livro na Internet, em www.campus.com.br. Com todo
esse material, é possível formar programas de ensino com diversos conteúdos de
Matemática Financeira. Os temas que excederem o objetivo do curso poderão
ser utilizados como trabalhos extras orientados pelo professor, o que motivará
os alunos a continuar seu aprendizado.
Além dos temas tradicionais de Matemática Financeira, como juros simples,
juros compostos, desconto, taxa nominal de juro, taxa real, série uniforme com
XIV MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

capitais postecipados e antecipados, planos de financiamento com amortização


constante e prestação constante etc., neste livro destacam-se temas adicionais e
novidades:

— Análise de procedimentos de cálculo utilizados na resolução de proble-


mas financeiros.
— Utilização da equação de valor equivalente na resolução de problemas fi-
nanceiros.
— Regime de juros simples e de juros compostos com taxa variável de juro.
— Regime de capitalização contínua com taxa instantânea constante e taxa
instantânea variável.
— Série uniforme com ajuste de disponibilidades do tomador do emprés-
timo, empréstimo com entrada, com diferimento dos pagamentos e in-
cluindo simultaneamente capitais únicos na data inicial e na data final da
operação.
— Série de capital com gradiente linear e com gradiente geométrico.
— Série perpétua de capital uniforme e capital variável com crescimento
geométrico.
— Formação de fundo para atender necessidade futura e construção de pla-
nos de aposentadoria complementar com renda temporária constante,
renda variável com gradiente linear e gradiente geométrico. Também é
mostrado como construir o plano com renda perpétua constante e com
renda perpétua variável com crescimento geométrico.
— Série de capital variável desenvolvendo a determinação do valor equiva-
lente, do valor presente líquido, da taxa interna de retorno, do saldo de-
vedor e a equação de valor equivalente. Além disso, como extensão, es-
tudaremos a série contínua.
— Projeto de investimento, que começa pela identificação do tipo, a cons-
trução do fluxo de caixa e sua avaliação pelos métodos de valor presente
líquido, taxa interna de retorno e payback descontado e simples, e termina
ensinando como analisar os resultados dessas avaliações e como tomar a
decisão correta para aprovar um investimento. Completa o capítulo a se-
leção do melhor projeto de um grupo de projetos independentes, mu-
tuamente excludentes e sob restrição de capital.
— Regras para construir um plano de financiamento. Além dos planos tra-
dicionais, são apresentados os planos de financiamento com amortização
PREFÁCIO
XV

variável, taxa de financiamento variável e prestação variável com gradien-


te linear e gradiente exponencial.
— Operação contingente, denominada assim porque, apesar de conhecer
todos os resultados possíveis dessa operação, não é possível antecipar seu
próximo resultado, o que veremos no Capítulo 11. O primeiro tema des-
se capítulo mostra como tratar de forma preventiva o risco de crédito, in-
cluindo os prejuízos esperados no próprio financiamento.
— Outra novidade incluída no Capítulo 11 é o Cálculo Atuarial baseado nas
tábuas biométricas AT-2000M e AT-2000F, utilizadas pelas companhias
de seguro e previdência no Brasil. Além de cálculos de probabilidades,
são apresentadas, para uma pessoa com qualquer idade, as equivalências
do seguro de sobrevivência, das rendas vitalícias e das rendas temporárias.
Outra novidade é a determinação da estimativa de vida.

Na página do livro na Internet o aluno encontra:

— Extensões dos conceitos dos capítulos incluindo artigos variados.


— Planilhas Excel de todos os capítulos incluindo construção de tabelas, re-
solução de exemplos e problemas etc.
— Com a série de Apêndices “Criação de valor”, o aluno conseguirá medir
a criação de valor em diversas operações financeiras, apoiado com mode-
los em Excel.
— Com a série de Apêndices “Cálculos com HP-12C”, o aluno melhorará a
compreensão e utilização dessa calculadora para resolver parte dos exem-
plos e problemas do livro.
— Com a série de Apêndices “Cálculos com Excel”, o aluno aprenderá a
construir planilhas e modelos das operações apresentadas no livro. Tam-
bém aprenderá a utilizar funções financeiras e outros recursos do Excel.
— Os “Modelos Financeiros” em Excel da maioria dos capítulos foram
construídos com macros e podem ser utilizados como outra ferramenta
de cálculo na resolução dos exemplos e problemas do livro.

O conteúdo deste livro será útil para:

— Estudantes que cursam Matemática Financeira nas diversas áreas do co-


nhecimento e em diferentes níveis de graduação como Administração,
Contabilidade, Economia, Engenharia, Finanças, Marketing etc.
XVI MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

— Alunos de áreas correlatas que utilizarão Matemática Financeira e dese-


jam antecipar seu aprendizado e agregar valor ao seu conhecimento vi-
sando o mercado de trabalho.
— Profissionais das diversas áreas que utilizam os conceitos de Matemática
Financeira e gostariam de reciclar seus conhecimentos de forma concei-
tual e abrangente, incluindo novos temas.

Queremos agradecer ao André Luis Galvão Lapponi, gerente da Sul Amé-


rica Seguros de Vida e Previdência S.A., pela colaboração no desenvolvimen-
to do texto, exemplos, problemas e nos Apêndices do livro na Internet. Agra-
decemos também a todos aqueles que participam de nosso constante desen-
volvimento.

JUAN CARLOS LAPPONI


Julho de 2005
PREFÁCIO XVII

Obras do Autor

— Matemática Financeira com Aplicações em Microcomputadores e Planilha de


Cálculo. Ebrás, 1987.

As seguintes obras foram publicadas pela Editora Lapponi:

— Lotus 1-2-3 em Modelos para Avaliação Econômica de Projetos de Investimento,


1989.
— Novas Funções Financeiras para Lotus 1-2-3, 1991.
— Matemática Financeira Usando Excel, versão 4, 1993.
— Matemática Financeira Usando Excel 4 e 5, 1994.
— Estatística Usando Excel 4 e 5, 1995.
— Matemática Financeira – Uma Abordagem Moderna, terceira edição, 1995.
— Avaliação de Projetos de Investimento – Modelos em Excel, 1996.
— Matemática Financeira Usando Excel 5 e 7, 1996.
— Estatística Usando Excel 5 e 7, 1997.
— Matemática Financeira, 1998.
— Excel & Cálculos Financeiros – Introdução à Modelagem Financeira, 1999.
— Estatística Usando Excel, 2000.

Todas as obras anteriores estão esgotadas.

A seguir a relação das obras atuais da Editora Lapponi:

— Projetos de Investimento – Construção e Avaliação do Fluxo de Caixa, 2000.


— Matemática Financeira Usando Excel – Como Medir Criação de Valor, 2002.

Edição da Editora Campus/Elsevier:

— Modelagem Financeira com Excel, Campus/Elsevier, primeira edição, 2004.


— Estatística Usando Excel, Campus/Elsevier, quarta edição, 2005.
Capítulo 1

Conhecimentos
Iniciais

Embora a experiência recomende que, em vez de receber uma certa quantia no


futuro, seja melhor receber essa mesma quantia no presente, esse bom senso é
mais bem exposto estabelecendo o objetivo econômico de maximizar a riqueza1
do dono do capital. Por exemplo, a quantia investida hoje em renda fixa será me-
nor que a quantia resgatada no final do prazo do investimento, pois a remunera-
ção dessa operação é positiva. Entretanto, devido à inflação, essa quantia poderá
destruir riqueza se o poder aquisitivo da quantia resgatada for menor do que a
quantia aplicada. Além disso, se o risco de um investimento for maior do que o
da renda fixa, por exemplo, então a remuneração desse investimento deverá ser
maior. Como conclusão inicial, a remuneração de uma operação é afetada pelo
prazo, pela inflação e pelo risco associado à operação. O que fazer se houver o
risco de não receber no futuro parte ou toda a quantia investida? Se a perda de
valor de um capital for constatada depois de ter ocorrido, apenas restará assumir
o prejuízo. Entretanto, se essa possível perda de capital for detectada antes de
iniciar a operação, então será possível evitar, diminuir e até transferir esse risco,
como se mostra em “Atitude diante do Risco”, Apêndice do Capítulo 1 na pá-
gina do livro na Internet.

1
A riqueza de uma pessoa é formada pela soma dos valores de seus bens ou ativos reais, por
exemplo, casas, carros, sítios, joias, investimentos em ações etc., e ativos financeiros, por exem-
plo, depósitos à vista, aplicações, bonds etc. conceito que se pode estender a uma empresa.
Entende-se que o objetivo de maximizar a riqueza é conseguido dentro de restrições técnicas,
éticas e legais.
2 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Você tem $10.000 numa conta corrente para utilizar numa transação
que deverá ocorrer daqui a dois meses. Seguindo a orientação do gerente
do banco, você investiu os $10.000 pelo prazo de um mês com a remu-
neração de $110, em vez de não receber remuneração na conta corrente.
Além disso, ao terminar o primeiro mês, será possível reinvestir os
$10.000 com a mesma remuneração e o mesmo prazo até completar o pra-
zo total de seis meses.

A decisão de investir os $10.000 atende à premissa de maximizar sua rique-


za. A Economia ensina que o verdadeiro custo de uma decisão não é o valor do
desembolso e sim o custo de oportunidade que mede o valor do que deve ser dei-
xado ou abandonado para poder adquirir algo. Por exemplo, o custo de oportu-
nidade do exemplo é a remuneração $0 por mês, que será abandonada pela re-
muneração de $110, situação de fácil decisão. Outros exemplos de custo de
oportunidade são: para atualizar a tecnologia de produção, a empresa deverá re-
nunciar à construção da nova sede administrativa; para aumentar o programa de
seguridade pública, o governo deverá abandonar o projeto de construir novos
hospitais, ou escolas; para comprar um carro novo pode ser que se tenha de
abandonar o projeto de realizar uma viagem à Europa com a família etc.
Os conceitos de maximização da riqueza e do custo de oportunidade aju-
dam a analisar o que se pode fazer com a remuneração recebida no final do pri-
meiro mês do investimento. No mesmo dia de receber a primeira remuneração,
você poderia decidir entre consumir ou não consumir os $110 recebidos esco-
lhendo uma das três possíveis alternativas:2

— Manter os $110 sem remuneração numa conta corrente, num cofre, em-
bora saiba que essa alternativa não atenda à premissa de maximizar sua ri-
queza.
— Investir os $110 junto com o investimento de $10.000, atendendo à pre-
missa de maximizar a riqueza.
— Consumir os $110, tentando utilizar o conceito de custo de oportunidade.

Por outro lado, o banco emprestará os $10.000 recebidos para uma pessoa
física ou jurídica, por exemplo, com a condição de receber $175 por mês até

2
Das duas primeiras alternativas surgem as bases dos regimes de juros simples e compostos apre-
sentados nos Capítulos 2 e 3.
Capítulo 1
CONHECIMENTOS INICIAIS 3

completar o prazo de seis, quando receberá a devolução dos $10.000 empresta-


dos. O banco recebe uma remuneração maior da que paga ao investidor, pois o
lucro bruto de $65 é destinado ao pagamento de impostos, despesas do banco e
também seu lucro. Em ambos os casos, os dois lados da operação conhecem o
que vai acontecer no futuro, pois os resultados das operações de captação e em-
préstimo foram estabelecidos com certeza. Nos dois lados das duas operações há
a remuneração do capital denominada juro, que é o preço, prêmio ou recom-
pensa que se deve pagar pela utilização de capital de terceiros durante um certo
período de tempo. No caso do exemplo, o banco pagará o juro de $110 pela
utilização de $10.000 durante um mês, e o tomador do empréstimo pagará ao
banco o juro de $175 pela utilização de $10.000 pelo mesmo prazo de um mês.
Para confirmar os conceitos iniciais, apresentamos mais dois exercícios.

Continuando com o exemplo, suponha que estamos no dia de comple-


tar o segundo mês. Verifique o resgate total ao completar dois meses, consi-
derando as alternativas apresentadas:
a) Sem investir a remuneração do primeiro mês: $10.220.
b) Investindo a remuneração do primeiro mês no início do segundo mês, o
resgate será $10.221,21.
c) Gastando a primeira remuneração, o resgate será $10.110, pois ainda não
deu tempo de gastar a segunda remuneração.
Outro exercício continuando com o exemplo. Agora suponha que es-
tamos no dia de completar o sexto mês. Verifique o resgate total ao comple-
tar seis meses considerando as três alternativas, sendo que as respostas ficam
por conta do leitor.

De forma geral, a remuneração (ou pagamento) que se deve receber (ou fa-
zer) pelo empréstimo de capital é denominada juro cujo valor depende da quantia,
do prazo e do risco da operação. Como o juro é dinheiro, em vez dessa medida
absoluta, se utiliza a medida relativa taxa de juro, que mede a recompensa de uma
unidade monetária $1 de capital durante um certo período de tempo. Para facili-
tar a continuação do desenvolvimento são estabelecidas algumas definições:

— O ato de adicionar o juro ao capital inicial é denominado capitalização.


— O capital inicial é denominado presente P, valor atual ou principal da
operação.
4 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

— O capital final é denominado futuro F ou, de forma geral, valor acumulado


da operação.
— A duração da operação é denominada prazo.

Na maioria dos exemplos deste livro se considera que os participantes das


operações conhecem com certeza o que vai acontecer no futuro ou, de outra
maneira, as transações se desenvolvem num ambiente de certeza, sem nenhum
tipo de risco.3 No Capítulo 11 é apresentada a operação contingente, denomi-
nada assim porque não é possível antecipar seu resultado, apesar de conhecer to-
dos os resultados possíveis. Além disso, as operações de investimentos alternati-
vos realizados no mesmo momento e durante o mesmo prazo produzirão a mes-
ma rentabilidade, pois não há oportunidades de arbitragem como se mostra em
“Noções de Arbitragem”, Apêndice do Capítulo 1 na página do livro na Inter-
net.

JURO
Há várias formas de definir juro. Por exemplo, o dicionário Houaiss define o
juro como a quantia que remunera um credor pelo uso de seu dinheiro por par-
te de um devedor durante um período de tempo determinado, ou como a renda
ou rendimento de capital investido. Portanto, se uma pessoa física ou jurídica
empresta uma certa quantia de dinheiro a outra pessoa, física ou jurídica, ela deixa
de dispor desse capital por um certo prazo e deve receber uma recompensa por
esse sacrifício denominada juro. O juro J também é o resultado da diferença do
capital final F e do capital inicial P da operação financeira conhecida:

J=F–P

Seja a operação financeira com capital inicial P = $10.000 e capital final F =


$10.110 o juro dessa operação é $110, resultado obtido com:4

J = $10.110 – $10.000 = $110

3
Os agentes econômicos e financeiros conhecem com total certeza o valor que as variáveis eco-
nômicas terão no futuro.
4
O juro é positivo, mas o juro do investimento em ações durante um curto período de tempo
poderá ser negativo.
Capítulo 1
CONHECIMENTOS INICIAIS 5

O resultado do cálculo de J é um valor monetário, um dado absoluto que


não identifica o prazo de geração de J.5

TAXA DE JURO
A desvantagem da definição do juro J não incluir um período de tempo é elimi-
nada com a taxa unitária de juro i, definida como:
J
i=
P
A taxa de juro do exemplo anterior é i = 0,0110 ao mês, resultado obtido com:
$110
i= = 0,0110
$10.000
A taxa unitária de juro i é o juro gerado por uma unidade de capital inicial $1
associado com o período de tempo de geração do juro, denominado período da
taxa de juro. Em geral, a taxa de juro é apresentada como porcentagem, por
exemplo, multiplicando a taxa unitária 0,0110 ao mês por 100 se obtém a taxa
percentual de juro 1,10% ao mês. Tanto a taxa unitária como a taxa percentual é
representada pelo mesmo símbolo i, devendo-se ter o cuidado de utilizar a taxa
unitária nos cálculos.
Uma das características da taxa de juro i é medir a prosperidade de uma opera-
ção. Por exemplo, se i = 0, o juro será nulo e o capital final será igual ao capital ini-
cial, ou F = P. No caso de i > 0, então J > 0 e o capital F será maior que o capital
inicial P da operação. Do ponto de vista matemático, não há limite para F ser maior
do que P, porém, do ponto de vista financeiro, F dependerá do prazo e do tipo de
operação financeira. Como se paga uma remuneração pelo uso de uma quantia
em dinheiro de outrem, nesse caso a taxa de juro sempre será positiva, o que ex-
plica que uma quantia hoje tenha mais valor do que a mesma quantia no futuro.
Se a taxa de juro for negativa, i < 0 o juro também será negativo e o capital F
será menor do que o capital P da operação. Do ponto de vista matemático, não
há limite para F ser menor do que P, porém, do ponto de vista financeiro, o mí-
nimo valor possível será a perda total do capital inicial P, representado por F = 0.
Nesse caso, a taxa de juro será i = –1, ou i = –100%, como se deduz da definição
de taxa de juro:6
5
Verifique que para um valor de J, há muitos valores P e F e prazos com o mesmo resultado J.
6
Na prática, a taxa de juro i = –100% não poderá ser alcançada, porque em alguns cálculos se
tentará dividir por zero.
6 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

0 −P
i= = −1
P
Resumindo, a taxa de juro i é uma variável com valores unitários no inter-
valo –1 < i < + ∞, ou valores percentuais no intervalo –100% < i < + ∞ que ca-
racterizam a matemática aplicada denominada Matemática Financeira. Embora
o valor da taxa de juro dependa da quantia emprestada, do prazo, da oferta e
procura de dinheiro, da política monetária e fiscal vigente e implantada pela au-
toridade monetária e das expectativas futuras dos agentes econômicos, no de-
senvolvimento dos temas deste livro, a taxa de juro será uma variável determi-
nada de forma externa num ambiente de certeza.

EXEMPLO 1.1 O gerente do banco outorgou um empréstimo de $2.000 pelo prazo


de 48 dias. No momento de assinar o contrato, o devedor se comprometeu a de-
volver $2.250. Calcule o juro, a taxa unitária de juro e a taxa percentual de juro
dessa operação.
SOLUÇÃO. Os resultados são obtidos como segue:
— O juro da operação é J = $2.250 – $2.000 = $250.
$250
— A taxa unitária de juro é i = = 0,1250 aos 48 dias.
$2000
.
— A taxa percentual de juro é i = 0,1250 × 100 = 12,50% aos 48 dias.

EXEMPLO 1.2. O gerente da instituição garantiu que aplicando $5.000 pelo prazo de
7
60 dias nominais você resgatará $5.122,50 no final da operação. Calcule o juro, a
taxa unitária de juro e a taxa percentual de juro dessa aplicação.
SOLUÇÃO. Os resultados são obtidos como segue:
— O juro da operação é J = $5.122,50 – $5.000 = $122,50.
$122,50
— A taxa unitária de juro é i = = 0,0245 aos 60 dias.
$5000
.
— A taxa percentual de juro é i = 0,0245 × 100 = 2,45% aos 60 dias.

7
O prazo nominal de 60 dias significa que a duração da operação será de 60 dias se o dia do res-
gate for um dia útil. Se o dia do resgate for um domingo, a operação terá 61 dias, e se for um sá-
bado, a operação terá 62 dias, sem considerar os possíveis feriados contíguos à data de resgate.
Esses prazos reais reduzem a taxa efetiva da operação.
Capítulo 1
CONHECIMENTOS INICIAIS 7

EQUIVALÊNCIA ENTRE AS VARIÁVEIS


A partir da definição da taxa unitária de juro i, obtêm-se conclusões reagrupan-
J
do as variáveis, começando por reescrever i = como:
P
J =P×i
O resultado do segundo membro é o juro do capital inicial P com a taxa de
juro i, como será utilizado no Capítulo 2. Se, na definição da taxa unitária de
juro, este for substituído por J = F – P:
F −P
i=
P
Realizando a divisão indicada:
F
i= −1
P
Essa expressão é a equivalência entre a taxa de juro i e a relação dos capitais F
e P da operação. Por exemplo, da relação F/P = 1,1250 do Exemplo 1.1, temos
a taxa unitária de juro i = 1,1250 – 1 = 0,1250 aos 48 dias. Dessa equivalência
também obtemos a relação F/P em função da taxa de juro i:
F
= 1+ i
P
Da mesma maneira, com a taxa de juro 0,1250 aos 48 dias, se obtém a rela-
ção entre os capitais da operação F/P = 1 + 0,1250 = 1,1250.

EXEMPLO 1.3. O
empréstimo de $1.000 foi realizado pelo prazo de seis meses,
quando o devedor deverá pagar $1.420,50. Calcule a taxa de juro desse em-
préstimo.
SOLUÇÃO. A taxa de juro i do empréstimo pode ser obtida pelos dois procedimen-
1420
. ,50
tos de cálculo. Primeiro, da relação dos capitais da operação i = –1=
1000
.
0,4205 se obtém i = 0,425 aos seis meses. Pelo segundo procedimento, do juro do
empréstimo J = $1.420,50 – $1,000 = $420,50 é obtida a taxa unitária de juro
$420,50
i= = 0,4205 aos seis meses.
$1000
.
8 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 1.4. Você ficou muito satisfeito com a aplicação em renda fixa com prazo
de 92 dias que acabou de realizar. O gerente garantiu a taxa de juro de 4,82% aos 92
dias. Calcule o valor da relação dos valores monetários dessa operação.
SOLUÇÃO. A relação dos valores monetários da operação é 1,0482, resultado obtido
da taxa de juro 1,0482 = 1 + 0,0482 e de forma mental, pois a relação dos valores
monetários da operação mostra que será resgatado $1,0482 por $1 aplicado.

Os Exemplos 1.3 e 1.4 mostram que o procedimento de cálculo utilizando a


relação de capitais F/P pode ser mais rápido. A relação entre os capitais F e P e a
taxa de juro i deve ser bem compreendida, pois é de grande ajuda na realização
de cálculos. Continuando, da equivalência entre as variáveis da operação se de-
duz o futuro da operação F:

F = P × (1 + i)

A equivalência entre os capitais P e F da operação financeira com dois capi-


tais, uma única capitalização e a taxa de juro i com período igual ao prazo da opera-
ção tem três variáveis P, F e i que podem ser fornecidas ou podem ser incógnitas,
conforme o tipo de problema. Dessa maneira, conhecidas duas das três possíveis
variáveis, obtém-se a terceira considerando que o período da taxa de juro deve ser
igual ao prazo da operação. Embora os cálculos realizados sejam simples, o leitor
deve dominá-los, pois, em essência, o objetivo da maioria dos cálculos das opera-
ções com dois capitais é obter uma equivalência do tipo F = P × (1+i), conceito
essencial que será reforçado nos capítulos seguintes.
Os exemplos e problemas seguintes utilizam fórmulas deduzidas da equiva-
lência entre as variáveis da operação que estão agrupadas na seção “Resumo de
Fórmulas” no final deste capítulo. Os Apêndices deste capítulo “Cálculos com a
HP-12C-Capítulo 1” e “Cálculos com Excel-Capítulo 1” na página do livro na
Internet mostram como utilizar essas ferramentas para realizar os cálculos deste
capítulo.

EXEMPLO 1.5. Suponha que você aplicou $4.500 pelo prazo de um ano. Sabendo
que a instituição garantiu a taxa de juro de 12% ao ano, calcule o valor a ser resgata-
do no final da operação.
SOLUÇÃO. O resgate da aplicação é $5.040, resultado obtido com:
Capítulo 1
CONHECIMENTOS INICIAIS 9

F = P × (1 + i)
F = $4.500 × (1 + 0,12) = $5.040
Esse resultado também pode ser obtido a partir da relação dos capitais da operação
1,12 = 1 + 0,12, que mostra que será resgatado $1,12 por $1 aplicado. Dessa manei-
ra, o resgate será $5.040, resultado de multiplicar $4.500 pelo coeficiente 1,12.

EXEMPLO 1.6. Daqui a um ano, será necessário dispor de $10.000. Calcule quanto
será necessário aplicar hoje numa operação com taxa de juro de 12% ao ano.
SOLUÇÃO. Hoje deverá ser aplicado $8.928,57, resultado obtido com:
F
P=
1+ i

$10.000
P= = $8.928,5714
1 + 0,12
Esse resultado também pode ser obtido da relação dos capitais da operação 1,12,
que mostra que de uma aplicação com taxa de juro de 12% ao ano será resgatado
$1,12 por $1 aplicado. Da mesma maneira, para conseguir $1 daqui a um ano será
necessário aplicar hoje $0,8928571429, resultado obtido da divisão de $1 por
$1,12. Portanto, para resgatar $10.000 daqui a um ano, será necessário aplicar hoje
$8.928,57, resultado de multiplicar o coeficiente $0,8928571429 por $10.000.8

EXEMPLO 1.7. Depois de aplicar $8.500 durante um ano foi resgatado $12.000. Cal-
cule a taxa de juro dessa operação.
9
SOLUÇÃO. A taxa de juro dessa operação é 41,18% ao ano, resultado obtido com:

F
i= –1
P
$12000
.
i= − 1 = 0,411765 ao ano
$8.500

8
As respostas dos cálculos com dinheiro devem ser arredondadas a quantias exatas que possam
ser pagas com o dinheiro corrente, por exemplo, centavos. Entretanto, deve-se tomar cuidado
com os arredondamentos de resultados intermediários de um cálculo maior.
9
O resultado da taxa de juro deve ser arredondado de forma que não afete os resultados de cál-
culos posteriores. Por exemplo, o número de casas decimais da taxa de juro deve permitir obter
resultados exatos de quantias em dinheiro com duas casas decimais.
10 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMAS
PROBLEMA 1.1
O valor inicial desembolsado numa operação é $1.000, e o valor resgatado $1.145,60.
Calcule a taxa de juro dessa operação com prazo de 70 dias.
R: i = 0,1456 aos 70 dias

PROBLEMA 1.2
Calcule o resgate da operação do Problema 1.1 se o valor desembolsado for $500.
R: F = $572,80

PROBLEMA 1.3
Calcule o valor do desembolso no Problema 1.2 se o valor resgatado fosse $1.258,30.
R: P = $1.098,38

PROBLEMA 1.4
Se o valor resgatado na operação do Problema 1.1 for $935,21, calcule a taxa de
juro.
R: i = – 6,48% aos 70 dias

PROBLEMA 1.5
A aplicação foi realizada com prazo de 39 dias, e a relação entre o futuro e o presen-
te é igual a 1,0975. Calcule o valor da aplicação se o valor resgatado foi $2.598,03.
R: P = $2.367,23

PROBLEMA 1.6
Se o desembolso do Problema 1.5 fosse P = $1.273,25, calcule a relação entre o fu-
turo e o presente F/P.
R: F/P = $2,04047

PROBLEMA 1.7
Se o desembolso do Problema 1.5 fosse P = $1.829,36, calcule o valor do resgate
mantendo a mesma relação entre o futuro e o presente.
R: F = $ 3.732,76

PROBLEMA 1.8
O valor inicial é $1.000, e o valor resgatado da operação é $1.145,60. Calcule a
taxa de juro dessa operação com prazo de 90 dias.
R: i = 0,1456 aos 90 dias ou i = 14,56% aos 90 dias

PROBLEMA 1.9
A taxa de juro de uma operação financeira com prazo de 30 dias é –5,48% aos 30
dias. Calcule o valor da relação dos valores monetários da operação.
R: F/P = 0,9452
Capítulo 1
CONHECIMENTOS INICIAIS 11

PROBLEMA 1.10
Se na operação do Problema 1.9 for aplicado $4.500, calcule o valor a ser resgatado.
R: F = $4.253,40

PROBLEMA 1.11
A relação dos valores monetários de uma operação financeira com prazo de 54 dias
é 1,3418. Calcule o valor aplicado sabendo que o valor do resgate foi $3.622,86.
R: P = $2.700,00

PROBLEMA 1.12
Calcule as taxas de juro unitária e percentual da operação do Problema 1.11.
R: i = 0,3418 e i = 34,18% aos 54 dias

PROBLEMA 1.13
Determine o intervalo de valores possíveis da relação F/P de uma operação com
dois capitais, cujo período da taxa de juro coincide com o prazo da operação.
R: 0 ≤ F/P < +∞

PROBLEMA 1.14
Calcule quanto você pagaria hoje para receber $12.000 numa certa data futura, se a
taxa de juro é 13% e o período igual ao prazo da operação.
R: $10.619,47

PROBLEMA 1.15
Daqui a 6 meses, será necessário dispor de $2.570. Calcule quanto deve ser aplica-
do hoje considerando a taxa de juro de 10% ao ano.
R: $2.447,62

PROBLEMA 1.16
Calcule o prazo da operação que conseguirá transformar o valor $1.000 em $1.090
considerando a taxa de juro 10% ao ano.
R: 0,90 ano, ou 328,50 dias (base de 365 dias por ano)

VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO


Resumindo conceitos anteriores, o juro é o preço pela utilização do capital de
terceiros durante um certo período de tempo, e a taxa de juro é o preço que se
deve pagar pela utilização de uma unidade monetária ($1) de capital alheio duran-
te um certo período de tempo. Além disso, a taxa de juro positiva indica que uma
unidade monetária disponível hoje tem mais valor do que essa mesma unidade
monetária disponível no futuro. Esse resumo mostra que o valor do dinheiro de-
pende do tempo, característica identificada como valor do dinheiro no tempo.
12 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Fica claro que ao se referir a uma determinada quantidade de dinheiro, é


preciso estabelecer a data de sua ocorrência, por exemplo, a quantia C será paga
ou recebida na data t. Essa característica do capital C que ocorre na data t é re-
presentada pelo par de valores (C, t), conhecido como capital financeiro. De outra
maneira, o capital financeiro é definido pela quantia de capital C e o momento
de sua disponibilidade t, no caso de um investimento ou na devolução de um
empréstimo. O par de valores (C, t) pode ser representado como um ponto de
um diagrama de eixos cartesianos, com C no eixo de ordenadas e t no eixo de
abscissas desse gráfico. Perceba o leitor que se o eixo de ordenadas for elimina-
do, ainda será possível representar os dois valores mantendo somente o eixo de
abscissas. Essa representação simplificada dá origem ao diagrama de fluxo de ca-
pitais, ou simplesmente DFC, utilizado no livro para representar de forma gráfi-
ca uma operação, como está desenvolvido no Apêndice 1.1 deste capítulo “Re-
presentação Gráfica da Operação Financeira”.
O hábito de construir o DFC desenvolve a atitude de equacionar o problema
antes de resolvê-lo, preparando uma boa parte do caminho da solução. No proce-
dimento de resolução de um problema de matemática financeira, deve-se começar
entendendo a descrição do problema, que pode ser escrita, como o enunciado dos
exemplos e problemas deste livro, ou verbal, como é em geral no caso dos proble-
mas que se apresentam no dia a dia. Conhecidos os dados e as especificações do pro-
blema, recomenda-se desenhar o DFC correspondente que registrará os dados dis-
poníveis e o objetivo do problema, a incógnita que se deve calcular, restando ape-
nas escolher a abordagem de resolução do problema. Os temas seguintes mostram
uma parte da aplicação dos conceitos apresentados em situações reais, em que o lei-
tor aprenderá outras definições e procedimentos de resolução. Alguns dos exem-
plos seguintes serão complementados em outros capítulos do livro.

TAXA NOMINAL E TAXA EFETIVA


Embora até este momento tenha sido utilizada a taxa de juro i com período de-
finido, é preciso entender que há diferentes tipos de taxas, por exemplo, a taxa
nominal de juro in utilizada para preparar a operação10 e a taxa efetiva de juro i
obtida da relação dos capitais F/P da operação financeira. Para definir a taxa efe-

10
A taxa nominal é utilizada em diversas situações, por exemplo, a taxa total considerando a taxa
real, a taxa instantânea no regime de capitalização contínua etc., como será apresentado em ou-
tros capítulos do livro.
Capítulo 1
CONHECIMENTOS INICIAIS 13

tiva de uma operação financeira com dois capitais, suponha que seja investido o
capital unitário $1 na data 0 por um prazo unitário e que na data 1 seja resgatado
$(1+i), resultado obtido com:

F = P × (1 + i)
F = $1 × (1 + i) = $(1 + i)

A taxa de juro i é a taxa efetiva com período unitário que coincide com o
prazo unitário dessa operação. De forma geral, suponha que seja investido o ca-
pital unitário $1 na data t por um prazo unitário e que na data (t + 1) seja resgata-
do $(1 + i); a taxa de juro i é a taxa efetiva com período unitário dessa operação
com prazo unitário (t, t + 1).

EMPRÉSTIMO
A operação de empréstimo é um bom exemplo que mostra como construir o
DFC dessa operação e o equacionamento para calcular a taxa efetiva.

EXEMPLO 1.8. O empréstimo de $1.000 foi acertado por um prazo de 100 dias com taxa
de juro de 20% aos 100 dias. Calcule a taxa efetiva de juro considerando que o pagamen-
to do juro é realizado no final da operação junto com a devolução do empréstimo.
SOLUÇÃO. Com a atitude de equacionar antes de resolver, começamos por cons-
truir o diagrama de fluxo de capitais, ou DFC, dessa operação de empréstimo com
pagamento postecipado do juro.
P=$1.000
in=20% aos 100 dias
0 i=? aos 100 dias 100 dias

Devolução = $1.00
Juro = $200
Total=F = $1.200

Na data 0, o tomador do empréstimo receberá $1.000, e, ao completar o prazo de


100 dias, devolverá o capital recebido $1.000 mais o juro de $200, calculado com a
taxa nominal de in = 20% aos 100 dias, totalizando $1.200. Para calcular a taxa efe-
tiva de juro i, é importante considerar que o resultado dos capitais F/P da operação
se relaciona com a taxa efetiva da operação:
14 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

F
1+ i =
P
F
i= −1
P
Com os dados do exemplo, obtém-se a taxa efetiva i = 20% aos 100 dias:

1200
.
i= −1
1000
.

i = 0,20
O resultado mostra que a taxa nominal in coincide com a taxa efetiva i, pois o paga-
mento do juro ocorre junto com a devolução do empréstimo no final da operação.

O procedimento de cálculo utilizado no Exemplo 1.8 ajuda a obter a equi-


valência da taxa efetiva de juro do empréstimo. No momento de outorgar o
empréstimo E, o cliente receberá a quantia P = E. Vencido o prazo, o tomador
do empréstimo devolverá a quantia F = E + J, que se transforma em F = E + in ×
E tendo presente que J = E × in. A equivalência da taxa efetiva i do empréstimo
com os capitais, considerando que o pagamento de juro é realizado no final da
operação, é obtida com:
E+ J
1+ i =
E
E + in × E
1+ i =
E
Realizando as simplificações indicadas, temos:
E × (1 + i n )
1+i =
E
i = in

Esse resultado mostra que a taxa nominal in coincide com a taxa efetiva i,
pois o pagamento do juro ocorre junto com a devolução do empréstimo no fi-
nal da operação.
Capítulo 1
CONHECIMENTOS INICIAIS 15

EXEMPLO 1.9. Continuando com o empréstimo do Exemplo 1.8, para receber o


empréstimo, o cliente concordou em manter em conta corrente durante o prazo
de 100 dias o saldo médio de 12% do valor do empréstimo. Calcule a taxa efetiva
de juro.
SOLUÇÃO. A instituição que outorga o empréstimo exigiu do tomador de emprés-
timo a reciprocidade de manter em conta corrente não remunerada o saldo médio
de $120 (12% do valor do empréstimo durante o prazo de 100 dias); essa quantia
será fornecida pelo próprio financiamento de $1.000. O DFC seguinte mostra o
empréstimo com reciprocidade de saldo médio de $120.
P = $1.000–$120 = $880

in = 20% aos 100 dias


0 i = ? aos 100 dias 100 dias
Empréstimo = $1.000
Juro = $200
Reciprocidade = ($120)
Total=F = $1.080

Devido à reciprocidade exigida pelo credor, o tomador do empréstimo receberá


$880, em vez dos $1.000. Ao completar o prazo de 100 dias, será devolvido
$1.080, resultado da soma do capital recebido $1.000 mais o juro $200 menos o
saldo médio de $120, que é recuperado pelo devedor. Da relação dos capitais da
operação, obtém-se a taxa efetiva i = 22,73% aos 100 dias com:
F
i= –1
P
1080
.
i= – 1 = 0,227272
880

O resultado mostra que a reciprocidade de saldo aumentou a taxa efetiva do em-


préstimo com pagamento do juro junto com a devolução do empréstimo no final
da operação.

Observe que o empréstimo de $880 recebido na data 0 pelo prazo de 100


dias foi devolvido pagando $1.080, o que resultou na taxa efetiva de 22,73%
com período de 100 dias, igual ao prazo do empréstimo. Usando o procedi-
mento de cálculo do empréstimo do Exemplo 1.9, também obtemos a taxa efe-
tiva de juro. No momento de outorgar o empréstimo E, o cliente receberá P =
16 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

E – H, onde H é a quantia da reciprocidade igual a h × H, sendo h a porcentagem


de reciprocidade. Vencido o prazo, o tomador do empréstimo devolverá F = E +J
– H, sendo o juro J calculado com a taxa nominal in. A taxa efetiva i do emprésti-
mo com reciprocidade de saldo médio e pagamento de juro no final da opera-
ção é obtida a partir de:
E+ J −H
1+ i =
E−H

E + in × E − h × E
1+ i =
E −h× E

Realizando as simplificações, temos:


E × (1 + i n − h )
1+ i =
E × (1 − h )

1+ i n − h
i= −1
1− h
Observe que se h = 0, obtém-se a taxa de juro do Exemplo 1.8. Substituin-
do os dados do Exemplo 1.9, temos a taxa efetiva igual a 22,73% aos 100 dias:
1 + 0,20 − 0,12
i= −1
1 − 0,12

i = 0,227272

EXEMPLO 1.10. Continuando com o Exemplo 1.8, calcule a taxa efetiva de juro
considerando que o pagamento do juro será realizado na data de recebimento do
empréstimo.
SOLUÇÃO. O DFC com pagamento antecipado do juro é apresentado a seguir.
P = $1.000-$200 = $800

in = 20% aos 100 dias


0 i = ? aos 100 dias 100 dias

F = $1.000
Capítulo 1
CONHECIMENTOS INICIAIS 17

Como o pagamento do juro $200 será realizado na data de recebimento do em-


préstimo, o tomador do empréstimo receberá apenas $800, a diferença entre o va-
lor do empréstimo e o juro $200. No final do prazo do empréstimo, será devolvido
o valor do empréstimo $1.000. A partir da relação dos capitais, obtém-se a taxa efe-
tiva de juro i = 25% aos 100 dias:
F
i= −1
P

1000
.
i= − 1 = 0,25
800

O resultado mostra, primeiro, que a taxa efetiva de juro i é diferente da taxa nomi-
nal in da operação e, depois, que a taxa efetiva da operação aumentou, passando de
20% para 25% aos 100 dias.

Com o procedimento de cálculo utilizado no Exemplo 1.10, se obtém a


taxa efetiva do empréstimo. No momento de outorgar o empréstimo E o
cliente receberá P = E – J. Vencido o prazo, o tomador do empréstimo devol-
verá F = E. A taxa efetiva i da operação de empréstimo com pagamento de juro
no ato de recebimento do empréstimo é obtida desta forma:
E
1+ i =
E − in × E

1
i= −1
1− in

Simplificando essa expressão, temos:


in
i=
1− in

Substituindo a taxa nominal do Exemplo 1.10 na equivalência da taxa efeti-


0,20
va, obtém-se a taxa efetiva 25% aos 100 dias i = = 0,25. Embora o pro-
1 − 0,20
cedimento de resolução do Exemplo 1.10 mostre claramente o que ocorre com
a antecipação do juro e permita calcular a taxa efetiva da operação, o procedi-
mento não outorga o valor do empréstimo requerido, pois quem solicita um em-
préstimo quer receber o valor que necessita, e não menos, como foi mostrado.
18 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

AJUSTE DO VALOR DO EMPRÉSTIMO


Para pagar o juro no ato de receber o empréstimo e receber o empréstimo de
$1.000, o valor do contrato de empréstimo deverá ser maior do que $1.000.
Para determinar o novo valor do empréstimo, proceda como se mostra a seguir.
Comece definindo o valor do empréstimo E, o valor recebido pelo tomador do
empréstimo R e a taxa nominal in com período igual ao prazo do empréstimo,
considerando que o juro é pago no ato de receber o empréstimo E. Com essas
informações, foi desenvolvida a equivalência entre as variáveis que participam
da operação na data de receber o empréstimo R = E × (1–in). No caso do Exem-
plo 1.10, para receber $1.000, o tomador deverá aceitar um empréstimo de E =
$1.250, resultado obtido com:
R
E=
1− in

$1000
.
E= = $1250
.
1 − 0,20
Vejamos outra forma de calcular o valor do empréstimo E. Conhecida a
taxa efetiva i da operação, o valor do empréstimo E é igual a E = R × (1 + i) con-
siderando que o pagamento do juro é realizado no ato de receber o empréstimo.
No caso do Exemplo 1.10, para receber $1.000, o tomador deverá aceitar um
empréstimo de E = $1.250, resultado obtido com E = $1.000 × (1 + 0,25).
Com os exemplos de empréstimo apresentados, o leitor pode constatar a
equivalência das variáveis da operação com dois capitais. Sem dúvida, os dados
ajudaram para que assim ocorresse; por exemplo, a taxa nominal foi informada
com o período igual ao prazo da operação, situação que, em geral, não ocorre na
prática. Essa limitação será abordada nos capítulos seguintes para cada modalidade
de regime de capitalização, taxa proporcional e taxa equivalente. Continuando
com o objetivo de utilizar os conceitos apresentados em situações reais, depois
dos problemas seguintes, apresentaremos outros exemplos na próxima seção.

PROBLEMAS
PROBLEMA 1.17
O empréstimo de $10.000 foi acertado por um prazo de 90 dias, com taxa de juro
de 24% aos 90 dias. Calcule a taxa efetiva de juro considerando que o juro é pago
no final da operação junto com a devolução do capital.
R: i = 24% aos 90 dias
Capítulo 1
CONHECIMENTOS INICIAIS 19

PROBLEMA 1.18
Continuando com o Problema 1.17, calcule a taxa efetiva de juro considerando a
reciprocidade de saldo médio de 10% sobre o empréstimo.
R: i = 26,67% aos 90 dias

PROBLEMA 1.19
Continuando com o Problema 1.17, calcule quanto o tomador realmente terá no
ato de receber o empréstimo se o juro será pago na data de recebimento do em-
préstimo.
R: Receberá $7.600,00

PROBLEMA 1.20
Continuando com o Problema 1.19, calcule a taxa efetiva de juro.
R: i = 31,58% aos 90 dias

PROBLEMA 1.21
Continuando com o Problema 1.18, calcule quanto deverá ser o valor do emprés-
timo se o tomador necessita receber $10.000.
R: E = $13.157,89

PROBLEMA 1.22
A operação de empréstimo tem prazo de 6 meses e taxa nominal de juro de 35% aos
6 meses. Calcule a taxa efetiva de juro considerando que o juro é pago no final da
operação junto com a devolução do capital.
R: i = 35% aos 6 meses

PROBLEMA 1.23
Continuando com o Problema 1.22, calcule a taxa efetiva de juro considerando a
reciprocidade de saldo médio de 12% sobre o empréstimo.
R: i = 39,77% aos 6 meses

PROBLEMA 1.24
Repita o Problema 1.22 considerando que o juro é pago na data de recebimento
do empréstimo.
R: i = 53,85% aos 6 meses

TAXA BRUTA E TAXA LÍQUIDA


Em algumas operações, se utilizam a taxa bruta de juro e a taxa líquida de juro.
Em geral, a taxa líquida identifica a taxa efetiva de juro da operação que é obtida
da taxa bruta de juro depois de deduzir a tributação incidente na operação. Por
exemplo, para emprestar dinheiro aos seus clientes, o banco capta dinheiro por
20 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

meio da emissão de título privado CDB – Certificado de Depósito Bancário.


Esses títulos são identificados por uma taxa bruta de juro e são classificados em
prefixado e pós-fixado. No primeiro tipo, o aplicador conhece antecipadamen-
te o resultado da operação, a taxa líquida e o resgate do título. No tipo
pós-fixado, no ato da aplicação, o aplicador só conhece a taxa real e o índice de
indexação utilizado, pois o resultado somente será conhecido no final da opera-
ção.11 O Exemplo 1.11 mostra o cálculo da taxa líquido de um CDB prefixado.

EXEMPLO 1.11. O CDB prefixado de $30.000 para 31 dias foi comprado com taxa
de juro de 1,50% aos 31 dias. Calcule os resultados relevantes e a taxa líquida da
aplicação nesse título.
SOLUÇÃO. Os dados da operação estão registrados no diagrama de capitais a seguir,
assim como os resultados obtidos com o procedimento de cálculo apresentado.
G = $30.450
IR = ($90)
R = $30.360

ib = 1,50% aos 31 dias


0 il = ? aos 31 dias n = 31dias

A=$30.000

Ganho da aplicação. A taxa de juro de 1,50% aos 31 dias é a taxa bruta de juro ib utili-
zada para calcular o ganho G = $30.450 da aplicação A, resultado monetário antes
do imposto de renda, IR.

G = A × (1+ib)
G = $30.000 × (1 + 0,015) = $30.450

Rendimento bruto. O rendimento bruto, RB, é o juro agregado à aplicação e incluí-


do no valor do ganho G. Nessa aplicação, RB = $450:

RB = G – A
RB = $30.450 – $30.000 = $450

11
A taxa real e a taxa de indexação são apresentadas no Capítulo 4.
Capítulo 1
CONHECIMENTOS INICIAIS 21

Imposto de renda. A alíquota do imposto de renda é T = 20%, aplicada sobre o ren-


dimento bruto, RB. O imposto de renda descontado no ato do resgate do CDB é
IR = $90:

IR = RB × T
IR = $450 × 0,20 = $90

Resgate. O resgate R no vencimento do CDB é igual ao valor do ganho, G, menos


o imposto de renda, IR, portanto R = $30.360:

R = G – IR
R = $30.450 – $90 = $30.360

Taxa líquida. A taxa líquida da operação calculada é il = 1,20% aos 31 dias, resultado
obtido com:
R
il = − 1
A
$30.360
il = − 1 = 0,012
$30.000

Com o procedimento de cálculo utilizado no Exemplo 1.11, obtém-se a


taxa efetiva de juro da aplicação em CDB. Na data zero, se aplica a quantia A, e,
terminado o prazo, o aplicador resgatará F = G – IR. A taxa líquida il dessa ope-
ração é obtida desta forma:
G − IR
1+ il =
A
A × (1 + ib ) − (G − A ) × T
1 + il =
A
Realizando substituições e simplificações, temos:

A × (1 + ib ) − ( A × (1 + ib ) − A ) × T
1 + il =
A
il = ib × (1 − T )

Portanto, a taxa líquida do CDB prefixado do Exemplo 1.11 é 1,20% aos 31


dias, resultado obtido com il = 0,015 × (1 – 0,20) = 0,0120.
22 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

INCLUINDO CPMF
Ao resultado final de muitas operações, deve-se adicionar o custo da CPMF –
Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras – definido pela alí-
quota de 0,38% sobre o valor da transação.12 Como base de cálculo, a CPMF se
aplica a qualquer operação que represente circulação escritural ou física de moe-
da, e de que resulte ou não transferência da titularidade dos mesmos valores,
créditos e direitos. Portanto, deverá ser realizado o pagamento da alíquota de
CPMF de 0,38% em cada operação de saque da conta, tanto para pagamentos
como para investimentos, e sobre qualquer quantia, sendo o recolhimento da
contribuição realizado no mínimo uma vez por semana. Embora o exemplo de
CPMF seja de aplicação de CDB prefixado, a inclusão de CPMF deve ser con-
siderada em todas as fases da operação que tenham saque da conta corrente.

EXEMPLO 1.12.Continuando com o Exemplo 1.11, calcule a taxa líquida conside-


rando que o capital aplicado estava em conta corrente do banco.
SOLUÇÃO. O desembolso total será o valor do CDB, $30.000, mais a CPMF de
0,38% sobre essa quantia ($114), totalizando $30.114. Como o resgate continua
sendo $30.360, a taxa líquida desse CDB prefixado é 0,8169% aos 31 dias, resulta-
do obtido com:
$30.360
il = − 1 = 0,008169
$30.000 + $114

Analisando os dados e o resultado, se deduz que o custo da CPMF igual a $114 é


uma parte significativa do rendimento bruto depois do IR de $360. Esse resultado
é prejudicado pelo curto prazo da aplicação.

Continuando com o desenvolvimento anterior, a taxa líquida incluindo a


alíquota w da CPMF é:
A × (1 + ib ) − ( A × (1 + ib ) − A ) × T
1 + il =
A × (1 + w )
1 + ib × (1 − T )
il = −1
1+ w

12
Obtido em http://www.receita.fazenda.gov.br/Aliquotas/ContribCpmf.htm.
Capítulo 1
CONHECIMENTOS INICIAIS 23

A taxa líquida do CDB prefixado do Exemplo 1.12 é 0,8169% aos 31 dias,


resultado obtido com:
1 + ib × (1 − T )
il = −1
1+ w
1 + 0,015 × (1 − 0,20 )
il = − 1 = 0,008169
1 + 0,0038

PROBLEMAS
PROBLEMA 1.25
O CDB prefixado de $50.000 para 30 dias foi comprado com taxa de juro de
1,30% aos 30 dias. Calcule os resultados relevantes e a taxa líquida dessa aplicação.
R: G = $50.650 R = $50.520 il = 1,04% aos 30 dias

PROBLEMA 1.26
Refaça o Problema 1.25 incluindo a alíquota de CPMF de 0,38%.
R: A = $50.190 R = $50.520 il = 0,6575% aos 30 dias

PROBLEMA 1.27
O CDB prefixado com prazo de 180 dias foi comprado com taxa de juro de 7,3%
aos 180 dias. Calcule a taxa líquida dessa aplicação.
R: il = 5,84% aos 180 dias

PROBLEMA 1.28
Refaça o Problema 1.27 incluindo a alíquota de CPMF de 0,38%.
R: il = 5,44% aos 180 dias

PROBLEMA 1.29
O CDB prefixado tem taxa líquida de 5% aos 122 dias. Calcule a taxa bruta dessa
aplicação.
R: i = 6,25% aos 122 dias

TAXA DE RETORNO DE UM INVESTIMENTO


Na avaliação de alguns tipos de investimento, como ações, fundos etc., é utili-
zada a taxa de juro denominada taxa de retorno, ou simplesmente retorno. O
Exemplo 1.13 mostra o procedimento tradicionalmente utilizado no cálculo
da taxa de retorno de um investimento em ações num período único, por
exemplo, um ano.
24 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 1.13. Foram compradas ações da empresa TELE desembolsando $75.860.


No dia que o investimento completou um ano, as ações foram vendidas recebendo
$102.437. Calcule a taxa de retorno desse investimento considerando que durante
esse ano foram recebidos $386 de dividendos.
SOLUÇÃO. Do ponto de vista do investidor, no cálculo do retorno do investimen-
to, deve-se considerar a variação do valor de mercado do investimento, a diferença
entre o valor recebido pela venda $102.437 e o desembolso inicial $75.860, além
dos recebimentos durante o período de avaliação, nesse caso o dividendo de $386.
Dessa maneira, a taxa de retorno i num determinado período é obtida com:

Recebimentos + Variação do preço de mercado


i=
Valor inicial de mercado

A taxa de retorno desse investimento é 35,54% ao ano, resultado obtido com:

$386 + $102.437 − $75860


.
i= = 0,3554
$75860
.

O procedimento de cálculo do Exemplo 1.13 pode apresentar resultados


distorcidos, pois qualquer que seja a data de recebimento do dividendo ele será
sempre considerado como ocorrendo no final do período de avaliação. Em pe-
ríodos de curta duração, esse erro pode não ser significativo, entretanto, à medi-
da que o prazo de avaliação aumentar, o erro de avaliação da taxa de retorno
também aumentará. Quanto antes ocorra o recebimento do dividendo, dentro
do período de avaliação, maior será o erro de avaliação que, por sua vez, será
também afetado pela eficiência do investidor em reinvestir os recebimentos du-
rante esse prazo de avaliação.

COMO DECIDIR ENTRE COMPRAR À VISTA


COM DESCONTO OU A PRAZO
Um problema interessante e frequente no nosso dia a dia é escolher a melhor
entre duas alternativas de pagamento de compra: pagar à vista com desconto ou
com cheque pré-datado para uma determinada data futura.13
13
A alternativa com cartão de crédito não é incluída na análise, pois o prazo entre a data da deci-
são e a data de pagamento do cartão de crédito geralmente é diferente do período da taxa de juro
da aplicação, como será apresentado no Exemplo 4.7 do Capítulo 4.
Capítulo 1
CONHECIMENTOS INICIAIS 25

EXEMPLO 1.14. Para a compra do eletrodoméstico de $650, a loja oferece duas alter-
nativas de pagamento, à vista com desconto de 2% ou o preço da mercadoria com
cheque pré-datado para 30 dias. Escolha a melhor alternativa sabendo que o di-
nheiro do comprador está aplicado com a taxa de juro de 1,15% aos 30 dias.
SOLUÇÃO. Antes de decidir pela melhor alternativa, é necessário ter os resultados
monetários das duas alternativas numa mesma data, por exemplo, a data da compra.
Na compra à vista, na data da compra será desembolsado $637 = $650 × (1 – 0,02).
Considerando a taxa de juro da aplicação do comprador de 1,15% aos 30 dias, o pa-
gamento de $650 com cheque pré-datado daqui a 30 dias é equivalente a desem-
$650
bolsar hoje $642,61 = . Comparando os resultados das duas alternativas na
10115
,
data da decisão, o eletrodoméstico deverá ser comprado à vista, pois o desembolso
é menor que o da compra com cheque pré-datado.

Nessa decisão foram atendidas duas premissas que não foram explicadas,
pois ficaram ocultas para o leitor. A primeira é que o comprador dispõe de $637
para comprar à vista,14 e, a segunda, que essa quantia está aplicada15 durante o
prazo da operação, por exemplo, com taxa de juro de 1,15% aos 30 dias, perío-
do coincidente com o prazo da operação. Atendidas as duas premissas, é preciso
escolher a alternativa com menor desembolso na data da análise.16 Portanto,
comparando os desembolsos das duas alternativas do Exemplo 1.14, o compra-
dor deverá escolher a compra à vista, $637, pois o desembolso é menor que o da
compra com cheque pré-datado, $642,61. Ao pagar à vista o comprador está
criando riqueza com valor igual a $5,61 medido na data do pagamento à vista.
Se, mesmo dispondo dos $637 aplicados com taxa de juro de 1,15% aos 30
dias, o comprador escolhesse a alternativa de pagar com cheque pré-datado,
qual seria a consequência dessa decisão? O comprador teria destruído parte de
seu patrimônio, pois os $637 aplicados durante 30 dias com taxa de juro de
1,15% aos 30 dias gerariam o futuro de $644,33, menos que os $650 necessários
para pagar o cheque pré-datado. Na data de pagamento do cheque pré-datado,
o comprador deveria retirar de seu patrimônio $5,67 para completar o paga-
14
Para selecionar a melhor alternativa, é preciso ter pelo menos duas alternativas, pois
havendo apenas uma, não há decisão.
15
O comprador sempre maximiza sua riqueza.
16
O procedimento de decisão é equivalente ao utilizado na comparação do preço à vista de um
mesmo produto oferecido por dois fornecedores ou lojas diferentes. Escolheremos a alternativa
com menor desembolso na data da compra.
26 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

mento de $650. Nessa decisão, o comprador não maximizou sua riqueza, pelo
contrário, destruiu parte de seu patrimônio. É importante observar que, consi-
derando a taxa de juro de 1,15% aos 30 dias, a perda de valor igual a $5,67, me-
dida 30 dias depois da data da compra, é equivalente ao valor $5,61 na data da
compra. O Apêndice “Criação de Valor” deste capítulo, que se encontra na pá-
gina do livro na Internet, mostra a conceituação de criação de valor.

PROBLEMAS
PROBLEMA 1.30
Você selecionou três pares de sapatos que estão em oferta. A loja oferece duas formas
de pagar a compra no valor de $730: o preço da mercadoria com cheque pré-datado
para 30 dias ou à vista com desconto de 2%. Selecione a melhor alternativa conside-
rando que seu dinheiro está aplicado com taxa de juro de 1% aos 30 dias.
R: Comprar à vista

PROBLEMA 1.31
Continuando com o Problema 1.30. Selecione a melhor alternativa considerando
que o desconto é de 1%.
R: Comprar com cheque pré-datado

PROBLEMA 1.32
Continuando com o Problema 1.30. Tente determinar a porcentagem de descon-
to que deixaria o comprador indiferente quanto à alternativa a escolher, conside-
rando a taxa de juro das aplicações do comprador igual a 1% aos 30 dias.
R: Desconto de 0,99%

RISCO DE CRÉDITO NA TAXA DE FINANCIAMENTO


Nos exemplos apresentados até aqui, os participantes das operações certamente
conhecem o que acontecerá no futuro, pois as transações se desenvolvem num
ambiente de certeza. Entretanto, essa certeza não está presente na totalidade das
operações, pois há a possibilidade de algumas operações não terminarem como
estava previsto, devido ao risco de inadimplência. Por exemplo, uma instituição
que mantém uma carteira de empréstimos enfrenta o risco de não receber o em-
préstimo mais os encargos, denominado risco de crédito ou risco de inadimplên-
cia. Essa operação é denominada operação contingente porque não é possível an-
tecipar seu resultado, apesar de conhecer todos os seus resultados possíveis.17
17
Esse tema é desenvolvido no Capítulo 11.
Capítulo 1
CONHECIMENTOS INICIAIS 27

Suponha que um determinado banco seja uma instituição que anualmente


realiza um número muito grande de financiamentos de $15.000 pelo prazo de
seis meses. Pela análise dos registros históricos dos contratos de financiamentos
já concluídos se sabe que, em média, 3% desses financiamentos não são devolvidos,
sendo classificados como irrecuperáveis. De outra maneira, em vez de receber
$15.000, o banco recebeu $14.550, resultado obtido com $15.000 × (1 – 0,03).
O que se poderia fazer para evitar essa perda de capital devido ao risco de ina-
dimplência? Sobre o passado nada pode ser feito. Entretanto, em relação ao fu-
turo, aceitando que a taxa de inadimplência histórica se repetirá, poder-se-ia
contratar um seguro para garantir a quantia do financiamento, transferindo seu
custo para o tomador do financiamento, procedimento não tratado neste livro.
Uma alternativa é incluir os prejuízos esperados no próprio financiamento,
transferindo esse custo para o financiado, aumentando a taxa efetiva de juro do
financiamento.
Ou seja, para empréstimos até $15.000 com prazo de seis meses, o banco
utiliza a taxa de juro de 12% ao semestre com pagamento antecipado do juro.
Dessa maneira, na data de assinar o contrato, o tomador do empréstimo recebe-
$15.000
rá P = = $13.392,8574, considerando somente a taxa de juro de 12% ao
1 + 0,12
semestre, denominada taxa livre de risco.18 Como 3% dos financiamentos não
são devolvidos, depois de seis meses o banco receberá 97% do valor $15.000, ou
$14.550, resultado já obtido. Considerando a taxa livre de risco de 12%, o pre-
sente de $14.550 é $12.991,07, quantia que o tomador do empréstimo receberá
na data de hoje e que daqui a um ano devolverá como $15.000. Portanto, a taxa
de financiamento é 15,46% ao semestre, resultado obtido com:
$15000
.
i= − 1 = 0,154639
$1299107
. ,
Denominando E o empréstimo que será devolvido, P o valor recebido pelo
tomador do empréstimo, p a taxa unitária de empréstimos não devolvidos e if a
taxa de juro livre de risco, tem-se a relação seguinte, obtida com o procedimen-
to de cálculo do exemplo apresentado:
(1 − p ) × E
P=
1 + if
18
O valor recebido pode ser obtido utilizando a taxa de desconto d = 10,714286% aplicada di-
retamente sobre o valor do empréstimo, pois esta é equivalente à taxa de juro de 12%, tema
apresentado no Capítulo 4.
28 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

E
Como o mesmo valor de P pode ser também obtido de P = , sendo i a
1+ i
1 1− p
taxa de financiamento do empréstimo, obtém-se a igualdade = . Fi-
1+ i 1+ if
nalmente, a taxa de financiamento i é:
1+ i f
i= −1
1− p
No exemplo, a taxa de financiamento 15,46% ao semestre também pode ser
calculada desta forma:
1 + 0,12
i= − 1 = 0,154639
(1 − 0,03 )
Na tentativa de eliminar o risco de inadimplência, incluindo os prejuízos
esperados na própria operação e aumentando a taxa de financiamento, o finan-
ciador transfere o custo desse risco para os tomadores de financiamento. A pre-
missa desse procedimento é que o futuro repetirá o passado, ou que a probabi-
lidade de inadimplência passada se repetirá no futuro. Também nesse custo
adicional podem estar sendo transferidas as ineficiências do financiador, por
exemplo, a precariedade do sistema de análise de crédito, o alto custo de capta-
ção de dinheiro etc.

INVESTIMENTO E SEGURO DE SOBREVIVÊNCIA


Outro tipo de operação contingente na qual se sabe que o evento ocorrerá, po-
rém não se sabe quando ocorrerá é o relacionado com o seguro de sobrevivên-
cia. Por exemplo, utilizando suas atuais economias aplicadas, uma pessoa de 35
anos de idade deseja formar dentro de 30 anos um fundo de $100.000, realizan-
do hoje o investimento necessário para conseguir acumular essa quantia. O ge-
rente do banco informou que depositando hoje $41.198,67 num fundo especial,
daqui a 30 anos o cliente resgatará $100.000, pois o banco garante uma taxa de
juro de 3% ao ano durante os próximos 30 anos. Da mesma maneira, querendo
retirar do fundo antes de completar os 30 anos, o banco pagará o valor acumula-
do até a data da retirada descontando uma pequena comissão pela antecipação
da liquidação do plano.
Ao mesmo tempo, o gerente apresentou a proposta alternativa de participar
de um grupo de pessoas com a mesma idade e objetivo comprando um seguro
Capítulo 1
CONHECIMENTOS INICIAIS 29

de sobrevivência com as seguintes características. Pagando hoje o prêmio de


$36.711, se estiver vivo daqui a 30 anos, o cliente receberá $100.000. Entretan-
to, se morrer antes de vencer o prazo de 30 anos a companhia seguradora não
realizará nenhum pago.
Como é determinado o prêmio do seguro de sobrevivência? 19 O procedi-
mento do cálculo do prêmio do seguro supõe que cada pessoa do grupo com
idade de 35 anos comprará esse seguro que pagará a quantia de $1 quando elas
alcançarem a idade de 65 anos.20 De acordo com a tábua biométrica AT-2000M,
incluída no capítulo Tábuas do livro, de uma população de 10.000.000 re-
cém-nascidos com idade zero, na idade de 35 anos haverá 9.788.905 pessoas vi-
vas, que, ao completarem 65 anos, se reduzirão para 8.722.623.
Nessas condições, ao grupo de pessoas que atingir 65 anos a seguradora de-
verá pagar a quantia total de $8.722.623. Considerando a taxa de juro constante
de 12% ao ano, para formar o montante de $8.722.623, a empresa seguradora
deverá ter aplicado hoje $3.593.605,18, resultado obtido no regime de juros
compostos que será apresentado no Capítulo 3. Portanto, para cada assegurado
receber $1 se estiver vivo daqui a 30 anos, cada um dos 9.788.905 segurados de-
verá desembolsar na data de hoje $0,36711003, resultado obtido dividindo
$3.593.605,18 por 9.788.905 pessoas vivas na idade de 35 anos. Desse modo,
cada um dos 9.788.905 assegurados deverá desembolsar $36.711 na data de hoje
para receber $100.000, quem estiver vivo daqui a 30 anos, resultado obtido
multiplicando o desembolso na data de hoje, $0,36711003, para receber $1 da-
qui a 30 anos, pelo valor requerido, $100.000, daqui a 30 anos.
Observe que o resultado de dividir o número de pessoas vivas com 35 anos,
9.788.905, pelo número de pessoas vivas com 65 anos, 8.722.623, é igual a
1,122244. Esse valor é também o resultado de dividir o investimento pessoal de
$41.198,67 pelo prêmio do seguro de $36.711.

PROBLEMAS PARA REVISÃO


PROBLEMA 1.33
Foi aplicado $1.000 durante 75 dias com taxa efetiva de juro de 5,46% aos 75 dias.
Calcule o valor resgatado.
R: F = $1.054,60

19
Este tema é desenvolvido no Capítulo 11.
20
É utilizado o valor $1 para facilitar o desenvolvimento dos cálculos.
30 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMA 1.34
O capital inicial e o capital final de uma operação com prazo de 3 meses são, res-
pectivamente, $1.000 e $1.078,35. Calcule a taxa efetiva de juro dessa operação.
R: i = 7,835% aos 3 meses
PROBLEMA 1.35
De uma operação com prazo de seis meses foi resgatado $1.000. Calcule o valor
inicial dessa operação considerando a taxa efetiva de juro de 24,6% aos 6 meses.
R: P = $802,57
PROBLEMA 1.36
Um empréstimo de $1.000 foi acertado por um prazo de 95 dias com a taxa nomi-
nal de juro de 12% aos 95 dias. Calcule a taxa efetiva de juro considerando que o
juro será pago no final da operação junto com a devolução do capital.
R: ie = 12% aos 95 dias
PROBLEMA 1.37
Com os dados do Problema 1.36, calcule a taxa efetiva de juro considerando que o
juro será pago na data de recebimento do empréstimo.
R: ie = 13,64% aos 95 dias
PROBLEMA 1.38
Um empréstimo foi acertado por um prazo de 30 dias com taxa nominal de juro de
3,5% aos 30 dias. Se o devedor devolveu $1.000, calcule o valor financiado consi-
derando que o juro foi pago no final da operação junto com a devolução do capital.
R: P = $966,1836
PROBLEMA 1.39
Com os dados do Problema 1.38, calcule o valor financiado considerando que o
juro será pago na data de recebimento do empréstimo.
R: P = $965,00
PROBLEMA 1.40
Você recebeu $2.050 num financiamento com prazo de quatro meses. Se no final
da operação Rafael devolveu $2.203,75, calcule a taxa de juro dessa operação.
R: i = 7,50% aos 4 meses
PROBLEMA 1.41
Calcule a taxa efetiva do empréstimo do Problema 1.40 considerando que o juro
foi pago no início da operação.
R: i = 8,11% aos 4 meses
PROBLEMA 1.42
Calcule a taxa nominal de juro do Problema 1.41.
R: i = 7,50% aos 4 meses
Capítulo 1
CONHECIMENTOS INICIAIS 31

PROBLEMA 1.43
Os valores inicial e final de um empréstimo com prazo de 65 dias são, respectiva-
mente, $1.932 e $2.100. Calcule a taxa nominal de juro considerando que o paga-
mento do juro foi realizado no início da operação.
R: i = 8% aos 65 dias

PROBLEMA 1.44
Calcule os resultados relevantes e a taxa líquida do CDB prefixado de $120.000
para 61 dias que foi comprado com taxa de juro de 2,45% aos 61 dias.
R: G = $122.940 R = $122.352 il = 1,96% aos 61 dias

PROBLEMA 1.45
Refaça o Problema 1.44 incluindo a alíquota de CPMF de 0,38%.
R: A = $120.456 R = $122.352 il = 1,57 % aos 61 dias

PROBLEMA 1.46
Calcule a taxa líquida do CDB prefixado com prazo de 91 dias que foi comprado
com taxa de juro de 3,65% aos 91 dias.
R: il = 2,92% aos 91 dias

PROBLEMA 1.47
Refaça o Problema 1.46 incluindo a alíquota de CPMF de 0,38%.
R: il = 2,53% aos 91 dias

PROBLEMA 1.48
Calcule a taxa bruta do CDB prefixado com taxa líquida de 5% aos 122 dias.
R: i = 8,48% aos 122 dias

PROBLEMA 1.49
A compra de um conjunto de móveis será realizada com uma parcela única de
$5.000 a ser paga na data de entrega dos móveis que ocorrerá depois de 60 dias de
assinado o contrato de compra. Durante a negociação, o vendedor ofereceu o des-
conto de 2% se pagar a parcela única no ato da assinatura do contrato de compra.
Considerando que o comprador dispõe do dinheiro para pagar a parcela única no
ato da assinatura do contrato e esse dinheiro está aplicado à taxa de 2,45% aos 60
dias, escolha a melhor alternativa de pagamento da parcela única.
R: Pagar na data de entrega dos móveis

PROBLEMA 1.50
Continuando com o Problema 1.49. Como a empresa gostaria de receber o dinheiro
da venda no ato da assinatura do contrato de compra, o vendedor foi autorizado a
aumentar o desconto para 3%. Escolha a melhor alternativa de pagamento da par-
cela única.
R: Pagar no ato da assinatura do contrato
32 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMA 1.51
Continuando com o Problema 1.49. Determine a porcentagem de desconto que
deixaria o comprador indiferente quanto à alternativa a escolher.
R: Desconto de 2,39%

RESUMO DE FÓRMULAS
Da equivalência F = P × (1 + i) da operação financeira com dois capitais e uma
única capitalização, sendo o período da taxa de juro igual ao prazo da operação
deduz-se que:
— Para calcular o futuro, se aplica F = P × (1 + i).
F
— Para calcular o capital inicial ou presente, se aplica P = . O resultado
1+ i
do denominador deve ser maior do que zero.21
F
— Para calcular o valor da taxa de juro, se aplica i = − 1.
P

21
Em geral, nos cálculos financeiros, o valor (1+i) é maior que zero. Entretanto, se esse resulta-
do for zero, i = –1, o cálculo de P não será possível, pois se estará tentando dividir por zero.
Apêndice 1.1
REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA OPERAÇÃO FINANCEIRA 33

Apêndice 1.1

Representação Gráfica
da Operação Financeira
A taxa de juro positiva faz com que uma certa quantia disponível hoje tenha
mais valor do que a mesma quantia disponível no futuro. Essa compreensão leva
ao conceito de valor do dinheiro no tempo e alerta para o fato de que não se
pode definir uma determinada quantidade de dinheiro sem fazer referência ao
momento de sua ocorrência. Surge aí o conceito de capital financeiro, definido
como (C, t), sendo C a quantia ou unidades monetárias do capital financeiro e t
a data de sua ocorrência ou de disponibilidade para a operação financeira. O ca-
pital financeiro (C, t) pode ser representado num diagrama de eixos cartesianos,
com C na ordenada t na abscissa desse gráfico, como mostra o gráfico à esquerda
da Figura 1.1, em que foram registrados os capitais (C1, t1) e (C2, t2).
C
C2
C1
C1 C1 C2
C2
t t
t1 t2 t1 t2 t1 t2
FIGURA 1.1 Representação gráfica dos capitais.

Eliminando o eixo de ordenadas, no eixo de abscissas ainda se poderá repre-


sentar os dois valores de (C, t), como mostra o gráfico do meio da Figura 1.1, em
que o segmento vertical representa o valor do capital correspondente C tentan-
do representá-lo com tamanho relativo aos outros capitais do mesmo gráfico.
No gráfico à direita da Figura 1.1, todos os capitais da operação são representa-
dos com flechas com o mesmo tamanho, dando origem ao diagrama de fluxo de
capitais, ou simplesmente DFC,22 utilizado no livro para registrar os eventos de
uma operação financeira.
As operações financeiras com dois capitais apresentadas neste capítulo estão
formadas por uma entrada e uma saída de dinheiro, ou receitas e desembolsos que

22
Conhecido também como Diagrama de Fluxo de Caixa.
34 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

ocorrem em datas diferentes. Para construir o DFC de uma operação, comece


desenhando a linha de tempo, reta horizontal dividida em segmentos que represen-
tam períodos de tempos iguais ordenados de forma crescente, por exemplo, dias,
meses, trimestres, anos etc. No final de cada segmento é registrada a data do even-
to, como data calendário ou períodos corridos a partir de uma data inicial. Por
exemplo, um segmento que tenha registrado o número 2 indicará que esse even-
to ocorre no final do período 2. Da própria construção a data final de um período
coincide com a data inicial do período seguinte, por exemplo, o número 2, final
do segundo período, significa também o início do período 3.
O gráfico à esquerda da Figura 1.2 representa uma aplicação de $10.000 reali-
zada na data zero, com taxa de juro de 25% ao ano e o resgate de $12.500 reali-
zado ao completar 1 ano. Para construir o DFC dessa operação, primeiro foi de-
senhada a linha de tempo. Como a operação tem dois capitais e uma única capi-
talização, somente é registrado o segmento correspondente ao ano de prazo da
operação. Nas setas verticais é registrado o valor do capital nessa data e corres-
pondem à entrada ou saída de capitais nas datas de ocorrência desses eventos. De
forma geral, as entradas, as receitas, os recebimentos etc. são representados com
setas verticais para cima da linha de tempo, pois são valores positivos, e as setas
verticais para baixo da linha de tempo representam as saídas de capitais, despe-
sas, aplicações etc., pois são valores negativos.

F = $12.500 P = $10.000

i = 25% ao ano i = 25% ao ano


0
1 ano 0 1 ano

P = $10.000 F = $12.500
FIGURA 1.2 Representação gráfica dos capitais.

Em toda operação financeira, há sempre duas partes negociando, quando


uma das partes tem uma saída de capital, a outra deverá ter uma entrada do mes-
mo capital. Portanto, antes de desenhar o DFC deve ser definida a parte da ope-
ração que será representada, a referência, que deverá ser mantida em toda a aná-
lise e cálculo da transação. O DFC da direita da Figura 1.2 foi construído tendo
como referência a instituição que recebeu o dinheiro para aplicar. Para termi-
nar, recomenda-se utilizar o DFC para desenvolver a atitude de equacionar an-
tes de resolver, preparando uma boa parte do caminho da solução.
Capítulo 2

Juros Simples

O juro J de uma operação financeira é o resultado da diferença do capital final F


menos o capital inicial P e obtido com J = F – P, como foi definido no Capítulo 1.
Também foi desenvolvida a equivalência entre os capitais e a taxa de juro i dessa
operação F = P × (1 + i). Substituindo a expressão dessa equivalência na do
juro, temos:

J = P × (1 + i) – P
J =P×i

Agora o juro é calculado a partir do capital inicial P, sendo o período da taxa


de juro i igual ao prazo da operação; por exemplo, no investimento de $1.000
pelo prazo de um ano com taxa de juro de 22% ao ano, o juro gerado durante
um ano é igual a $220. Entretanto, em geral, o período da taxa de juro i é dife-
rente do prazo da operação, por exemplo, o investimento de $2.000 pelo prazo
de oito meses com a taxa de juro de 23,5% ao ano. Para poder calcular o juro
nesse último caso será necessário definir o procedimento de cálculo, pois o pe-
ríodo da taxa de juro deverá ser igual ao prazo de geração do juro.
Para operações com prazo em dias e o período da taxa de juro com período
anual, o prazo da operação em dias é convertido numa fração de um ano, faltan-
do definir quantos dias têm um ano e como se calcula a fração de um ano. Por
exemplo, para um ano de 360 dias e uma operação com prazo de t dias, a fração
que ajusta a taxa anual de juro ao prazo da operação é (t/360). No cálculo do
36 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

juro, o período da taxa de juro é ajustado ao prazo da operação utilizando taxas


proporcionais:
t
J =P×i×
360

EXEMPLO 2.1. O empréstimo de $15.000 pelo prazo de 45 dias foi acertado com a
taxa de juro de 18% ao ano, com a condição de pagar o juro junto com a devolução
do empréstimo. Calcule o juro no regime de juros simples considerando o ano de
360 dias.
SOLUÇÃO. O juro desse empréstimo é igual a $337,50, resultado obtido com:
t
J = P×i×
360
45
J = $15.000 × 0,18 × = $337,50
360

No cálculo do Exemplo 2.1 foi utilizada a taxa de juro 2,25% com período
45
de 45 dias igual ao prazo do empréstimo, resultado obtido com it = 0,18 × =
360
0,0225. A partir da taxa anual i com período de 360 dias1 e a taxa proporcional it
com período igual ao prazo da operação t se obtém:
t
it = i ×
360
t i
= t
360 t

O resultado do primeiro membro da última expressão é a taxa diária pro-


porcional da taxa i com período de um ano de 360 dias. E o resultado do segun-
do membro é a mesma taxa unitária, porém calculado com a taxa de juro it com
período t.

1
Em alguns casos, o período da taxa anual de juro é 365 dias. Nesse caso, se utiliza o mesmo pro-
cedimento de cálculo, porém mudando 360 para 365, por exemplo, o resultado do Exemplo
2.1 é $332,88, resultado menor do que o obtido com 360 dias.
Capítulo 2
JUROS SIMPLES 37

Observe que na resolução do Exemplo 2.1 foi utilizado J = P × it sendo a


t
taxa de juro it o resultado de it = i × com período igual ao prazo da operação.
360
Ou seja, na sua essência, o cálculo do juro J foi realizado com J = P × i, como
mostrado no Capítulo 1. Ao mesmo tempo, como (1 + it) é igual à relação dos
F
capitais F/P da operação, temos = 1 + it. Pondo em evidência F:
P

F = P × (1 + it)
⎛ t ⎞
F = P × ⎜1 + i × ⎟
⎝ 360 ⎠
Agora tem-se a equivalência entre os capitais P e F e a taxa de juro da opera-
ção financeira com dois capitais e prazo menor de um ano no regime de juros
simples considerando o ano com 360 dias, antecipando a utilização do regime
de juros simples desenvolvido neste capítulo.

EXEMPLO 2.2.Continuando com o Exemplo 2.1, calcule quanto pagou o tomador


do empréstimo.
SOLUÇÃO. O tomador do empréstimo pagou $15.337,50, resultado obtido com:
F = $15.000 + $337,50 = $15.337,50
Esse resultado também pode ser calculado diretamente com:

⎛ t ⎞
F = P × ⎜1 + i × ⎟
⎝ 360 ⎠

⎛ 45 ⎞
F = $15.000 × ⎜ 1 + 0,18 × ⎟ = $15.337,50
⎝ 360 ⎠

EXEMPLO 2.3. O banco financiou $28.000 pelo prazo de 180 dias com a taxa de juro
de 17% aos 360 dias no regime de juros simples. Calcule quanto o tomador do em-
préstimo devolverá ao banco.
SOLUÇÃO. O tomador do empréstimo devolverá ao banco $30.380, calculado des-
ta forma:
38 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

⎛ 180 ⎞
F = $28.000 × ⎜ 1 + 0,17 × ⎟
⎝ 360 ⎠
F = $30.380,00
Esse resultado também pode ser obtido com a calculadora financeira HP-12C, que
dispõe de uma rotina para cálculo do juro e do futuro de uma operação no regime
de juros simples com prazo t em dias e taxa de juro com período de 360 ou 365
dias. O procedimento seguinte se refere ao ano de 360 dias.
[f] [FIN]
180 [n] 17 [i] 28000 [CHS] [PV]
[f] [INT] → 2.380,00
[+] → 30.380,00

EXEMPLO 2.4. Daqui a 145 dias a empresa deverá ter formado um fundo de
$120.000. Calcule quanto deverá ser aplicado hoje com taxa de juro de 15% aos
360 dias no regime de juros simples.
⎛ t ⎞
SOLUÇÃO. Da equivalência F = P × ⎜1 + i × ⎟ se deduz P em função das restan-
⎝ 360 ⎠
tes variáveis.
F
P=
t
1+ i ×
360

Substituindo os dados, hoje deverá ser aplicado $114.285,71, resultado obtido


com:
$120.000
P=
120
1 + 0,15 ×
360
P = $114.285,7143

EXEMPLO 2.5. De um investimento de $50.000 pelo prazo de 183 dias foram resga-
tados $52.435. Calcule a taxa de juro com período de 360 dias no regime de juros
simples.
⎛ t ⎞
SOLUÇÃO. Da equivalência F = P × ⎜ 1 + i × ⎟ se deduz i em função das restan-
⎝ 360 ⎠
tes variáveis.
Capítulo 2
JUROS SIMPLES 39

F t t F
= 1+ i × ⇔i× = −1
P 360 360 P

⎛F ⎞ 360
i = ⎜ − 1⎟ ×
⎝P ⎠ t

Substituindo os dados, a taxa de juro é 9,58% aos 360 dias, resultado obtido com:

⎛ $52.435 ⎞ 360
i=⎜ − 1⎟ ×
⎝ $50.000 ⎠ 183

i = 0,095803

EXEMPLO 2.6.Foram emprestados $8.500 com a condição de devolver $8.939,88.


Calcule o prazo da operação considerando a taxa de juro do empréstimo de
20,70% aos 360 dias no regime de juros simples.
⎛ t ⎞
SOLUÇÃO. Da equivalência F = P × ⎜ 1 + i × ⎟ se deduz t em função das restan-
⎝ 360 ⎠
tes variáveis.
F t t F
= 1+ i × ⇔i× = −1
P 360 360 P

⎛F ⎞ 360
t = ⎜ − 1⎟ ×
⎝P ⎠ i

Substituindo os dados, o prazo da operação é de 90 dias, resultado obtido com:

⎛ $8.939,88 ⎞ 360
i=⎜ − 1⎟ ×
⎝ $8.500 ⎠ 0,207

t = 90,001

Para analisar os efeitos da escolha do número de dias do ano, 360 ou 365,


sugerimos que o leitor refaça os exemplos apresentados considerando o ano de
365 dias, compare os resultados com os dos problemas equivalentes com 360
dias e verifique que para o mesmo valor de taxa de juro, por exemplo, o resul-
40 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

tado com o ano de 360 dias gera maior juro. Também, para os mesmos capitais
da operação, a taxa de juro com período de 360 dias é maior que a de período
de 365 dias.
Ao definir o período da taxa de juro como anual não se tem uma definição
exata, pois nos cálculos financeiros a duração de um ano pode ter números de
dias diferentes; nos exemplos anteriores foi considerado o ano de 360 dias, e nos
problemas propostos a seguir há um mix de 360 e 365 dias. A duração de um ano
pode ser definida de três formas, considerando o ano comercial formado por
doze meses de 30 dias cada um; o ano civil de 365 dias, sem considerar os anos
bissextos com 366 dias; e, por último, o ano calendário, que na maioria das ve-
zes terá 365 dias, mas de quatro em quatro anos terá 366 dias, por exemplo, os
anos 2004, 2008, 2012 e seguintes. No caso do ano com 365 dias o procedi-
mento de cálculo continuaria sendo o mesmo, porém substituindo 360 pelo
novo valor 365 nas fórmulas. Entretanto, a contagem do número de dias entre a
data inicial e a data final de uma operação financeira é realizada de diversas ma-
neiras conforme o tipo de produto financeiro e até o país, como mostra o Apên-
dice “Regras de Contagem de Dias Corridos” deste capítulo, que se encontra
na página do livro na Internet.
Seja qual for a duração do ano, o procedimento de cálculo será o mesmo,
registrando apenas o número de dias adequado. Essa característica permite es-
tender o conceito de considerar que a taxa de juro pode ter qualquer período,
por exemplo, o período da taxa de juro de 31 dias, os dias da duração de um ano
etc. Portanto, sendo m o período da taxa de juro i e t o período de cálculo do
juro correspondente, tendo m e t a mesma unidade de medida, tem-se:
⎛ t⎞
F = P × ⎜1+ i × ⎟
⎝ m⎠

EXEMPLO 2.7. Foram aplicados $10.800 pelo prazo de 95 dias seguidos. Calcule o
resgate, considerando a taxa de juro constante de 1,25% aos 30 dias no regime de
juros simples.
SOLUÇÃO. O valor do resgate é $11.227,50, resultado obtido com:
⎛ t⎞
F = P × ⎜ 1+ i × ⎟
⎝ m⎠

⎛ 95 ⎞
F = $10.800 × ⎜ 1 + 0,0125 × ⎟ = $11.227,50
⎝ 30 ⎠
Capítulo 2
JUROS SIMPLES 41

EXEMPLO 2.8. O financiamento será liquidado pagando $57.891,61 no dia 5 de no-


vembro de 2005. Se o empréstimo foi recebido no dia 19 de junho de 2005, calcu-
le o valor recebido considerando a taxa de juro de 3,52% aos 31 dias no regime de
juros simples.
SOLUÇÃO. Deve-se começar calculando o número de dias corridos entre
19-jun.-2005 e 5-nov.-2005, lembrando de não incluir na contagem a data final da
operação, neste caso o dia 5 de novembro. O número de dias corridos entre essas
duas datas é 139, resultado obtido de um calendário. O valor do empréstimo é de
$50.000, resultado obtido com:
F
P=
t
1+ i ×
m

$57.89161
,
P= = $50.000
139
1 + 0,0352 ×
31

O número de dias corridos entre as duas datas da operação também pode ser resol-
vido com a calculadora financeira HP-12C. Utilizando a formatação brasileira
DD/MM/AA, depois de pressionar as teclas [g] [D.MY] na última linha do visor
da calculadora aparecerá D.MY. Procedendo como segue se obtém o número de
dias corridos, 139:
[CLx] 19.062005 [E]
05.112005 [g] [ΔDYS] → 139
Esse cálculo considera o número real de dias de cada ano, incluindo os anos bis-
sextos. A calculadora HP-12C determina também o número de dias entre as duas
datas considerando que os doze meses do ano têm trinta dias, ou ano de 360 dias,
resultado obtido pressionando em sequência a tecla [x⇔y].
[x y] → 136

O prazo da operação do Exemplo 2.8 foi estabelecido entre duas datas do


calendário. Dessas datas foi determinado o número de dias corridos DC=139
como resultado da contagem de todos os dias entre as duas datas, incluindo as
próprias datas, menos um. Do ponto de vista financeiro, o último dia da opera-
ção não é incluído na contagem, pois o capital resgatado estará disponível para
ser reaplicado.
42 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 2.9. De um investimento de $23.200 realizado durante 320 dias no regi-


me de juros simples foram resgatados $43.566,51. Calcule a taxa de juro com pe-
ríodo de 30 dias.
SOLUÇÃO. O valor da taxa de juro é 8,23% aos 30 dias, resultado obtido com:
⎛F ⎞ m
i = ⎜ − 1⎟ ×
⎝P ⎠ t

⎛ $43.566,51 ⎞ 30
i=⎜ − 1⎟ × = 0,0821
⎝ $23.200 ⎠ 320

Lembrando novamente: a maioria dos desenvolvimentos apresentados nes-


te livro considera que os participantes das operações conhecem com certeza o
que acontecerá no futuro e que não há oportunidades de arbitragem.

PROBLEMAS
PROBLEMA 2.1
Conhecida a taxa de juro de 29% aos 360 dias, calcule a taxa proporcional de juro
aos 60 dias.
R: i = 4,833% aos 60 dias

PROBLEMA 2.2
Conhecida a taxa diária de juro de 0,045%, calcule a taxa proporcional de juro aos
360 dias.
R: i = 16,20% aos 360 dias

PROBLEMA 2.3
O empréstimo de $35.000 pelo prazo de 135 dias foi acertado com a taxa de juro
de 16% aos 360 dias, com a condição de pagar o juro junto com a devolução do
empréstimo. Calcule o pagamento final no regime de juros simples.
R: F = $37.100,00
PROBLEMA 2.4
O fabricante financia o pagamento da venda em até 60 dias da data da compra com
acréscimo de juros calculados com a taxa de juro de 78% aos 365 dias considerando
juros simples. Se o valor da mercadoria é $3.250 e o comprador pagará 35 dias de-
pois da data da compra, calcule o valor a ser recebido pelo fabricante.
R: F = $3.493,08
Capítulo 2
JUROS SIMPLES 43

PROBLEMA 2.5
Foram emprestados $15.000 pelo prazo de 12 meses na taxa de juro de 4% ao mês.
Calcule o juro e o valor do pagamento final considerando juros simples.
R: J = $7.200 e F = $22.200

PROBLEMA 2.6
Depois de 210 dias, foram resgatados $97.614 de um investimento de $85.000.
Calcule a taxa de juro com período de 30 dias no regime de juros simples.
R: i = 2,12% aos 30 dias

PROBLEMA 2.7
Roberto emprestou $25.000 com a promessa de receber antes de três meses o valor
emprestado mais os juros correspondentes, com a taxa de juro de 55% aos 365 dias.
Considerando juros simples, calcule o prazo desse empréstimo se Roberto recebeu
$27.561,64.
R: t = 68 dias

PROBLEMA 2.8
O investidor recebe juros de $733,68 a cada 31 dias. Calcule o valor do investi-
mento considerando a taxa de juro de 24% aos 360 dias no regime de juros simples.
R: Com a taxa de juro i = 2,0667% aos 31 dias, P = $35.500,65

PROBLEMA 2.9
Você investiu $100.000 com taxa de juro de 30% aos 360 dias e com a condição de
receber juros a cada 90 dias. Calcule o valor dos juros no regime de juros simples.
R: J = $7.500,00

PROBLEMA 2.10
Foram investidos $100.000 durante 300 dias no regime de juros simples com taxa
de juro de 2,85% aos 30 dias. Calcular o valor do resgate considerando o regime de
juros simples.
R: F = $128.500

PROBLEMA 2.11
Foram aplicados $20.000 pelo prazo de 192 dias seguidos. Calcule o valor do res-
gate considerando a taxa de juro constante de 1,04% aos 31 dias no regime de juros
simples.
R: F = $21.288,26

PROBLEMA 2.12
De um investimento de $40.000 foram resgatados $46.496. Se o prazo desse inves-
timento foi de 290 dias no regime de juros simples, calcule a taxa de juro com pe-
ríodo de 30 dias.
R: i = 1,68% aos 30 dias
44 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMA 2.13
Foram resgatados $121.650,06 de um investimento realizado com taxa de juro de
7,23% aos 181 dias. Calcule o capital investido se o prazo do investimento foi de
542 dias no regime de juros simples.
R: P = $100.000

PROBLEMA 2.14
Calcule o prazo do empréstimo realizado com as seguintes características: valor
emprestado $32.000, valor devolvido $38.552, taxa de juro de 2,45% aos 28 dias
no regime de juros simples.
R: t = 234 dias

PROBLEMA 2.15
No dia 3 de outubro foram resgatados $125.879. Se o investimento foi realizado
no dia 28 de março, calcule o valor investido considerando a taxa de juro de 2,89%
aos 30 dias no regime de juros simples.
R: t = 198 dias e P = $105.714,93

REGIMES DE CAPITALIZAÇÃO
Suponha que você tenha investido $10.000 pelo prazo de doze meses com pa-
gamento mensal de juro calculado com a taxa de juro de 2% ao mês. Portanto,
desse investimento você receberá mensalmente $200 de juro durante os doze
meses do prazo do investimento, ocorrendo o pagamento do primeiro juro um
mês depois da data do investimento. Ao receber o primeiro pagamento de juro,
como foi apresentado no Capítulo 1, você poderia escolher entre manter o juro
mensal de $200 sem remuneração até completar o prazo de 12 meses do investi-
mento, ou investir o juro mensal de $200 até completar o prazo de 12 meses do
investimento, ou ainda consumir a remuneração mensal de $200.
Para visualizar os resultados das duas primeiras alternativas, construímos a
Tabela 2.1, em cuja primeira coluna foram registrados os 12 meses e na segunda
os juros recebidos no final de cada um dos 12 meses. As duas colunas seguintes
da tabela mostram os efeitos de manter os juros mensais de $200 sem remunera-
ção até completar o prazo de 12 meses do investimento. A terceira coluna regis-
tra para cada mês o valor dos juros mensais acumulados nessa data; por exemplo,
no final do quinto mês foram acumulados $1.000 de juros. A quarta coluna re-
gistra para cada mês o futuro, considerando que a operação terminasse nessa
data; por exemplo, o futuro no final do quinto mês é $11.000, resultado da soma
do investimento $10.000 mais os juros acumulados $1.000.
Capítulo 2
JUROS SIMPLES 45

Sem reinvestir os juros Reinvestindo os juros


Juros Juros
Meses Juro mensal acumulados Futuro acumulados Futuro
1 $200,00 $200,00 $10.200,00 $200,00 $10.200,00
2 $200,00 $400,00 $10.400,00 $404,00 $10.404,00
3 $200,00 $600,00 $10.600,00 $612,08 $10.612,08
4 $200,00 $800,00 $10.800,00 $824,32 $10.824,32
5 $200,00 $1.000,00 $11.000,00 $1.040,81 $11.040,81
6 $200,00 $1.200,00 $11.200,00 $1.261,62 $11.261,62
7 $200,00 $1.400,00 $11.400,00 $1.486,86 $11.486,86
8 $200,00 $1.600,00 $11.600,00 $1.716,59 $11.716,59
9 $200,00 $1.800,00 $11.800,00 $1.950,93 $11.950,93
10 $200,00 $2.000,00 $12.000,00 $2.189,94 $12.189,94
11 $200,00 $2.200,00 $12.200,00 $2.433,74 $12.433,74
12 $200,00 $2.400,00 $12.400,00 $2.682,42 $12.682,42

TABELA 2.1 Regimes de capitalização

As duas últimas colunas da tabela mostram os efeitos de reinvestir os juros


mensais de $200 até completar o prazo de 12 meses do investimento, por exem-
plo, supondo que o mesmo banco aceite investimentos mensais de $200 pagan-
do a mesma taxa de juro de 2% ao mês. A quinta coluna registra para cada mês o
valor dos juros mensais acumulados nessa data; por exemplo, no final do primeiro
mês, foram recebidos $200 que automaticamente são investidos à taxa de juro
mensal de 2% ao mês.2 A seguir, no final do segundo mês, o valor do juro acu-
mulado é $404, resultado da soma do juro investido no final do primeiro mês,
$204, mais o juro do segundo mês, $200. E assim sucessivamente, até completar
os 12 meses do investimento. A sexta coluna registra para cada mês o futuro
considerando que a operação terminasse nessa data, por exemplo, o futuro no
final do quinto mês é $11.040,81, resultado da soma do investimento $10.000
mais os juros acumulados $1.040,81. Ao completar os 12 meses do investimen-
to, o futuro, reinvestindo os juros mensais $12.682,42, é maior do que o futuro
correspondente sem reinvestir os juros, $12.400. A diferença positiva desses
dois futuros, $282,42, mede o acréscimo recebido pelo reinvestimento dos ju-
ros recebidos mensalmente. O procedimento que não reinveste os juros é de-

2
Uma característica importante: os resultados no final do primeiro mês são iguais nos dois
regimes.
46 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

nominado regime de juros simples; o procedimento que reinveste os juros é


denominado regime de juros compostos, tema do Capítulo 3.3

REGIME DE JUROS SIMPLES


A característica importante do regime de juros simples é que os juros gerados du-
rante a operação são acumulados sem remuneração até o final da operação, quan-
do são capitalizados. A premissa de reinvestimento dos juros é utilizada para dis-
tinguir os dois regimes, no regime de juros simples, os juros não são reinvestidos.

EXEMPLO 2.10. Foram investidos $10.000 durante seis meses com a taxa de juro de
2% ao mês e pagamento mensal de juro. Calcule o valor resgatado considerando o
regime de juros simples.
SOLUÇÃO. Na data zero foi investido $10.000 com a taxa de juro de 2% ao mês e
pagamento mensal dos juros. No final do primeiro mês, é recebido o juro J1 =
$200, que é mantido sem remuneração. No final do segundo mês, é recebido o
juro J2 = $200, que, junto com o juro anterior J1 = $200, forma o juro acumulado
$400. Esse procedimento continua até o final do sexto mês, quando é recebido o
valor investido, $10.000, e o juro J6 = $200, que, junto com os outros cinco juros
anteriores, totaliza $1.200. Finalmente, o resgate total no final do terceiro mês é
F = $11.200, resultado obtido com:

 
6 vezes

F = $10.000 + $200 + $200 +  + $200
F = $11.200
Esses resultados mostram que os cinco primeiros juros mensais não foram reinves-
tidos, e os seis juros mensais foram todos capitalizados no final, ao completar o pra-
zo do investimento de seis meses.

A relação entre os capitais da operação P e F, os juros dos seis meses do in-


vestimento e o procedimento de cálculo do Exemplo 2.10 ajuda a deduzir a
equivalência de F:

F = P + J1 + J2 +  + J6

3
Os dois regimes de capitalização apresentados formam o grupo de capitalização discreta. O re-
gime de capitalização contínua é apresentado no Capítulo 5.
Capítulo 2
JUROS SIMPLES 47

Como os seis juros mensais são iguais, substituindo os seis juros pelo valor
único J se tem:4
 
6 vezes

F = P + J + J + + J

F=P+J×6

Agora, consideremos a operação financeira com prazo n e geração de juros


com taxa de juro i, em um período 1/n coincidente com o período de geração
dos juros 1/n. De outra maneira, durante o prazo n da operação financeira
com juros simples são gerados n juros com taxa constante de juro i em um pe-
ríodo 1/n:
  
n vezes

F = P + J + J + + J

Substituindo o juro J pelo seu equivalente J = P × i temos:

  
n vezes

F = P +P × i + P × i +  + P × i

⎛  ⎞
n vezes

F = P × 1+ i + i +  + i ⎟

⎜ ⎟
⎝ ⎠

Agrupando as últimas n parcelas, obtemos a equivalência de F com as variá-


veis da operação:

F = P × (1 + i × n)

Durante o prazo da operação, não há nenhuma entrada nem saída de capital,


havendo somente a incorporação de todos os juros no final da operação. Observe
que, novamente, foi utilizada F = P × (1 + iq), sendo a taxa de juro iq o resultado de
iq = i × n com período igual ao prazo da operação. Ou seja, na sua essência, o cálcu-
lo do futuro F é realizado com F = P × (1 + i), como mostrado no Capítulo 1.
A equivalência de F na operação financeira com dois capitais no regime de
juros simples tem quatro variáveis, P, F, i e n que, conforme o tipo de problema,

4
No Apêndice 2.1 é apresentado o desenvolvimento com taxa variável de juro no regime de ju-
ros simples.
48 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

podem ser fornecidas ou incógnitas, sendo o período da taxa de juro i igual ao


período de geração dos juros. Dessa maneira, conhecidas três das quatro possí-
veis variáveis se obtém a quarta. Os exemplos e problemas seguintes utilizam
fórmulas deduzidas da equivalência entre as variáveis da operação que também
estão agrupadas na seção “Resumo de fórmulas” no final deste capítulo. Os
Apêndices deste capítulo “Cálculos com a HP-12C – Capítulo 2” e “Cálculos
com Excel – Capítulo 2” que se encontram na página do livro na Internet, mos-
tram como utilizar essas ferramentas para realizar os cálculos deste capítulo.

EXEMPLO 2.11. Calcule o resgate de uma aplicação de $5.000 durante oito meses se-
guidos com taxa de juro constante de 1,20% ao mês considerando o regime de ju-
ros simples.
SOLUÇÃO. O resgate é igual a $5.480,00, resultado obtido com:
F = P × (1 + i × n)
F = $5.000 × (1 + 0,0012 × 8) = $5.000 × (1 + 0,096)
F = $5.480,00

EXEMPLO 2.12. Calcule quanto você deveria aplicar hoje para resgatar $10.000 da-
qui a doze meses, considerando a taxa de juro mensal constante de 2,2% no regime
de juro simples.
SOLUÇÃO. Da equivalência F = P × (1 + i × n) se deduz P em função das restantes
variáveis.
F
P=
1+ i × n

Será necessário aplicar hoje $7.911,39, resultado obtido com:

$10.000
P= = $7.91139
,
1 + 0,022 × 12

EXEMPLO 2.13. Os capitais inicial e final de uma operação financeira com prazo de
oito meses são, respectivamente, $2.500 e $4.350. Calcule a taxa de juro mensal
dessa operação considerando o regime de juro simples.
SOLUÇÃO. Da equivalência F = P × (1 + i × n) se deduz i em função das restantes
variáveis.
Capítulo 2
JUROS SIMPLES 49

F
1 + i×n =
P
(F / P ) − 1
i=
n
A taxa de juro dessa operação é 9,25% ao mês, resultado obtido com:
($4.350 / $2.500 ) − 1
i= = 0,0925
8

EXEMPLO 2.14. Calcule o prazo necessário para duplicar o investimento inicial de


$1.000 considerando a taxa mensal de juro de 4% no regime de juro simples.
SOLUÇÃO. Da equivalência F = P × (1 + i × n) se deduz i em função das restantes
variáveis.
F
1 + i×n =
P
(F / P ) − 1
n=
i
O prazo dessa operação no regime de juro simples é 25 meses, resultado obtido
com:
($2000
. . )−1
/ $1000
n= = 25
0,04

Na equivalência F = P × (1 + i × n) da operação financeira com dois capitais


no regime de juros simples com n gerações de juro, se a taxa de juro i tiver pe-
ríodo m e o período de geração dos juros t for diferente de m temos:5

⎛ t ⎞
F = P × ⎜ 1 + i × × n⎟
⎝ m ⎠

5
Se o período da taxa de juro for igual ao prazo de geração dos juros, m = t, então se obtém a ex-
pressão anterior.
50 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 2.15. Calcule o resgate de uma aplicação de $25.000 durante um ano com
taxa de juro constante de 1,30% ao mês e geração bimestral de juros considerando
o regime de juros simples.
SOLUÇÃO. O resgate é igual a $28.900,00, resultado obtido com:
⎛ t ⎞
F = P × ⎜ 1 + i × × n⎟
⎝ m ⎠

⎛ 2 ⎞
F = $25.000 × ⎜ 1 + 0,013 × × 6⎟ = $28.900,00
⎝ 1 ⎠

Para terminar esta parte, no regime de juros simples é preciso tomar cuidado
com a escolha do procedimento de cálculo, pois, mudando o procedimento, o
resultado final pode ser diferente porque não há consistência nos resultados fi-
nais, como mostra o apêndice deste capítulo “Taxas Proporcionais e Taxas
Equivalentes”, que se encontra na página do livro na Internet.

COMENTÁRIO
A resolução de problemas reforça a compreensão da equivalência entre as variá-
veis das operações com juros simples, no caso deste capítulo. Mudando uma va-
riável por vez e mantendo as restantes variáveis inalteradas, por exemplo, é pos-
sível verificar que o aumento da taxa de juro provoca o aumento do futuro da
operação etc. Embora a resolução de problemas possa ser mais fácil para alguns
do que para outros, o leitor deve entender que essa é uma habilidade que se
pode aprender.
No procedimento de resolução de um problema de matemática financeira,
deve-se começar entendendo a descrição do problema, que pode ser escrita,
como o enunciado dos exemplos e problemas deste livro, ou verbal, como em
geral é caso dos problemas que se apresentam no dia a dia. Em outras palavras, é
preciso ter a informação necessária dos dados numéricos e da relação entre os da-
dos que levam à solução do problema. Primeiro, deve-se definir o que deve ser
obtido, calculado, para depois identificar quais são os dados necessários e de que
forma estão relacionados com a solução do problema. A construção do diagrama
do fluxo de capitais, DFC, ajuda a resolver o problema financeiro e desenvolve a
atitude de equacionar antes de resolver, preparando uma boa parte da solução.
Capítulo 2
JUROS SIMPLES 51

Para terminar, resta resolver o problema. Além dos dados numéricos, será ne-
cessário realizar algumas manipulações algébricas que assumimos que o leitor co-
nheça. Se essa habilidade tiver enfraquecido por falta de uso, você deverá recupe-
rá-la revendo conceitos básicos de álgebra. Para ajudar, revisões de logaritmo, ex-
ponencial, somatório e produtório foram preparadas nos Apêndices dos capítu-
los. Ao mesmo tempo, lembre-se de que muitos problemas de matemática finan-
ceira podem ser resolvidos utilizando procedimentos de cálculo diferentes. Que
método utilizar? Deve-se tentar escolher um procedimento simples do ponto de
vista conceitual e de tempo de cálculo. A resolução dos problemas propostos no
livro não é difícil, pois tanto o enunciado como o resultado está registrado no li-
vro. Às vezes, pequenas distrações podem provocar erros – como a posição errada
de uma vírgula –, entretanto, não dê muita importância ao fato de cometer erros
durante o cálculo, concentre-se na detecção e correção dos erros cometidos.
Apesar de o resultado obtido coincidir com o valor registrado no problema pro-
posto, recomenda-se que esse resultado passe por uma análise de bom senso. Isso
reforçará a compreensão da relação entre as variáveis das operações e encurtará a
distância entre a resolução de problemas didáticos e problemas reais.
A situação muda num caso real do qual não se conhece nem o enunciado
nem o resultado. É uma boa prática de resolução de problemas de matemática
financeira começar redigindo o enunciado do problema, identificando a incóg-
nita e os dados necessários para obter o resultado desejado. Depois de obter o
primeiro resultado, é necessário validá-lo, confirmar que está correto, come-
çando pela análise de bom senso. Aplicar outro procedimento de cálculo ajuda-
rá a confirmar o resultado. Você também pode utilizar o resultado como dado
de um novo cálculo dirigido a confirmar o valor de um dos dados utilizado para
encontrar esse resultado. Resolver o problema por diversos procedimentos
equivalentes ajuda a ganhar confiança no resultado e a aumentar a compreensão
dos conceitos de Matemática Financeira. Não obstante essas verificações con-
firmem o resultado, num caso real, ainda assim, esse resultado algebricamente
correto pode não ser o resultado do problema proposto devido a falhas no
enunciado do problema ou à utilização de dados incorretos.

PROBLEMAS
PROBLEMA 2.16
Foram aplicados $8.500 durante cinco meses à taxa de juro de 2,14% ao mês. Cal-
cule o valor do resgate no regime de juro simples.
R: F = $9.409,50
52 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMA 2.17
De uma aplicação realizada durante oito meses foi resgatado $5.328,39. Calcule
o valor aplicado no regime de juro simples considerando a taxa de juro de 2,34%
ao mês.
R: P = $4.488,20

PROBLEMA 2.18
Foram aplicados $3.000 durante cinco meses no regime de juro simples, quando,
no final do quinto mês, foram resgatados $3.850,50. Calcule a taxa de juro dessa
operação.
R: i = 5,67% ao mês

PROBLEMA 2.19
Suponha que você aplicou $5.500 com taxa de juro de 1,45% ao mês. Calcule o
prazo da aplicação no regime de juro simples que permitirá resgatar $6.058,25.
R: n = 7 meses

PROBLEMA 2.20
Paulo disse que fechou uma aplicação com taxa de juro de 2,50% ao mês. Se os va-
lores aplicado e resgatado foram, respectivamente, $2.500 e $3.250, calcule o pra-
zo dessa operação no regime de juros simples.
R: n = 12 meses

PROBLEMA 2.21
Calcule o prazo necessário para duplicar o investimento inicial de $10.000 consi-
derando a taxa mensal de juro de 2% no regime de juro simples.
R: n = 50 meses

PROBLEMA 2.22
Um empréstimo de $5.000 foi devolvido depois de quatro meses pagando $6.000.
Calcule a taxa de juro desse empréstimo com período de um ano no regime de juro
simples.
R: i = 60% ao ano
PROBLEMA 2.23
A compra de um televisor no valor de $2.000 foi realizada pagando 40% no ato da
compra e o restante com um cheque pré-datado para 45 dias da data da compra.
Calcule o valor do cheque se o comprador concordou em pagar juro sobre o saldo
na taxa de juro de 3% aos 30 dias no regime de juro simples.
R: F = $1.254,00

PROBLEMA 2.24
Hoje, o pagamento de $5.008,56 liquida um financiamento contraído há 75 dias.
Calcule quanto foi recebido considerando que o tomador do empréstimo concor-
Capítulo 2
JUROS SIMPLES 53

dou em pagar juro com a taxa de juro de 55% aos 365 dias no regime de juro simples.
R: P = $4.500

PROBLEMA 2.25
Prove que para calcular o prazo necessário para multiplicar k vezes o capital inicial
considerando a taxa mensal de juro i no regime de juro simples não é necessário co-
nhecer o valor do capital inicial.
k −1
R: n =
i

RESUMO DE FÓRMULAS
O juro de uma operação com prazo t dias e taxa de juro i com período m dias é
t
obtido com J = P × i × , o que mostra que o ajuste do período da taxa de juro
m
ao prazo da operação t/m se faz com taxas de juros proporcionais.
⎛ t ⎞
Da equivalência F = P × ⎜ 1 + i × × n ⎟ da operação financeira com dois ca-
⎝ m ⎠
pitais no regime de juros simples com n gerações de juro, se a taxa de juro i tiver
período m e o período de geração dos juros t for diferente de m deduz-se que:

⎛ t ⎞
— Para calcular o futuro, se aplica F = P × ⎜ 1 + i × × n ⎟.
⎝ m ⎠
F
— Para calcular o presente, se aplica P = .
t
1+ i × ×n
m
⎛F ⎞ m
— Para calcular a taxa de juro, se aplica i = ⎜ − 1⎟ × .
⎝P ⎠ t ×n
⎛F ⎞ m
— Para calcular o número de gerações de juro, se aplica n = ⎜ − 1⎟ × .
⎝P ⎠ i ×t

Se na equivalência anterior t = m temos a equivalência F = P × (1 + i × n) da


operação financeira de prazo n com dois capitais no regime de juros simples
com taxa de juro i em um período 1/n coincidente com o período de geração
de juros 1/n deduz-se que:

— Para calcular o futuro, se aplica F = P × (1 + i × n).


54 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

F
— Para calcular o presente, se aplica P = sendo 1 + i × n > 0.6
1+ i ×n

(F / P ) − 1
— Para calcular a taxa de juro, se aplica i = .
n

(F / P ) − 1
— Para calcular o prazo da operação, se aplica n = .
i

6
Geralmente, o resultado de (1 + i) é maior que zero. Entretanto, se i = –1 o cálculo de P não
será possível ao tentar dividir F por zero.
Apêndice 2.1
JUROS SIMPLES COM TAXA VARIÁVEL DE JURO 55

Apêndice 2.1

Juros Simples com


Taxa Variável de Juro
Nos exemplos e problemas propostos no regime de juros simples, a geração de ju-
ros durante o prazo da operação foi realizada com taxa de juro constante. Agora é
apresentado o mesmo tema de juros simples, porém com taxa variável de juro. É
um procedimento mais abrangente que inclui o da taxa de juro constante.

EXEMPLO 2.16. Foram investidos $10.000 num fundo de investimento, e três meses
depois foram resgatados $10.620. A instituição informou que as taxas de rentabili-
dade mensais do fundo durante o prazo do investimento foram 2%, 2,4% e 1,8%.
Calcule a taxa total de rentabilidade no prazo do investimento considerando o re-
gime de juros simples.
SOLUÇÃO. Do capital investido e do valor resgatado no final do prazo do investi-
mento é calculada a taxa total de rentabilidade igual a 6,20% aos três meses, resulta-
do obtido com:
F
i = −1
P
$10.620
i= − 1 = 0,062
$10.000

Observe que o fato de as três taxas de juros mensais serem diferentes não in-
valida o cálculo da rentabilidade total quando são conhecidos os capitais inicial e
final da operação financeira. Além disso, utilizando os capitais inicial e final da
operação financeira não é necessário se preocupar com o tipo de regime de ju-
ros simples ou de juros compostos. A taxa total de juro 6,2% do Exemplo 2.16
também pode ser obtida pela simples soma das três taxas 2%, 2,4% e 1,8%, pois
no regime de juros simples os juros são acumulados sem reinvestimento até o fi-
nal da operação, quando são incorporados ao capital inicial. Considerando o
desenvolvimento realizado a partir do Exemplo 2.10 deste capítulo, no caso do
Exemplo 2.16 temos:
56 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

F = P + J1 + J2 + J3

Substituindo o juro J pelo seu equivalente J = P × i, considerando que o pe-


ríodo da taxa de juro i deve ser igual ao período de geração dos juros:

F = P + P × i1 + P × i2 + P × i3
F = P + P × (i1 + i2 + i3)

Dessa forma, o resgate do Exemplo 2.16 é $10.620, resultado obtido com:

F = $10.000 + $10.000 × (0,02 + 0,024 + 0,018)


F = $10.620

Se, durante o prazo da operação financeira com juros simples, forem gera-
dos n juros com taxa variável de juro em um período igual ao período de gera-
ção dos juros se obtém:

F = P + J1 + J2 +  + Jj +  + Jn

Substituindo os juros Jj por Jj = ij × P:

F = P + i1 × P + i2 × P +  + ij × P +  + in × P
F = P + P × (i1 + i2 +  + ij +  + in)

Simplificando:

F = P × (1 + i1 + i2 +  + ij +  + in)

Essa equivalência também pode ser representada com o símbolo somatório7


n
substituindo a soma das n taxas de juro ∑ i j = i1 + i2 +  + ij +  + in. Depois
j=1

dessa substituição, temos:


⎛ n ⎞
F = P × ⎜⎜1 + ∑ i j ⎟⎟
⎝ j=1 ⎠

7
No Apêndice 2.2 deste capítulo é apresentada a revisão do símbolo Somatório.
Apêndice 2.1
JUROS SIMPLES COM TAXA VARIÁVEL DE JURO 57

Observe que a soma das n taxas de juro pode ser representada pela taxa total
de juro i igual a i = i1 + i2 +  + ij +  + in. Dessa maneira, a equivalência F = P ×
(1 + i1 + i2 +  + ij +  + in) se transforma em F = P × (1 + i), sendo o período
da taxa total de juro i igual ao prazo da operação, ou igual à soma dos períodos
das n taxas de juro. Ou seja, na sua essência, o cálculo de F é realizado com F = P ×
(1 + i), conforme desenvolvido no Capítulo 1. Continuando, da equivalência
que relaciona P, F e as taxas de juro, deduz-se:

— Cálculo do futuro da operação:


⎛ n ⎞
F = P × (1 + i1 + i2 +  + ij +  + in) = P × ⎜⎜ 1 + ∑ i j ⎟⎟ .
⎝ j=1 ⎠

— Cálculo do presente da operação:


F F
P= = .
1 + i 1 + i2 +  + i j +  + i n n
1+ ∑i j
j=1

— Cálculo de taxa de juro. Se P e F da operação forem conhecidos, o cálcu-


lo da taxa total de juro, ou de apenas uma das n taxas de juro, poderá ser
realizado sem dificuldade. Entretanto, para calcular as n taxas de juro si-
multaneamente serão necessárias n equações. Portanto, para calcular
simultaneamente 2, 3,..., n taxas de juro da operação será necessário criar
1, 2,..., (n – 1) novas equações que estabelecem as 1, 2,..., (n – 1) relações
entre as taxas de juro da operação.

As premissas contidas na operação financeira no regime de juros simples


com n taxas variáveis de juro e consequentes gerações de n juros são:
— As taxas de juro entre si e seus respectivos períodos também podem ser
diferentes, com a condição de que os períodos das taxas de juro sejam
iguais aos respectivos prazos de geração dos juros.
— O capital inicial permanecerá até o final da operação. Durante o prazo da
operação não há nenhuma entrada nem saída de capital, havendo somen-
te geração de juros que serão capitalizados somente no final da operação.
Novamente, na operação no regime de juros simples com taxa variável de
juro os participantes conhecem com certeza o que acontecerá no futuro e não
há oportunidades de arbitragem.
58 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 2.17. Calcule o resgate do investimento de $70.000 pelo prazo de quatro


meses com taxas de juros mensais de 1,25%, 1,80%, 0,78% e 2,15% no regime de
juros simples.
SOLUÇÃO. O resgate é $74.186, calculado desta forma:
F = P × (1 + i1 + i2 + i3 + i4)
F = $70.000 × (1 + 0,0125 + 0,018 + 0,0078 + 0,0215) = $74.186

EXEMPLO 2.18. De um investimento realizado durante 90 dias foram resgatados


$124.457,50. Calcule o capital aplicado no regime de juros simples sabendo que as
taxas de juros com período de 30 dias foram 2,85%, 2,23% e – 0,23%.
SOLUÇÃO. O capital aplicado foi $118.700,52, resultado obtido com:
F
P=
1 + i 1 + i2 + i 3
$124.457,50
P= = $118.700,52
1 + 0,0285 + 0,0223 + ( − 0,0023 )

EXEMPLO 2.19. Foram financiados $65.000 por quatro meses, quando foram devol-
vidos $78.325. Esse financiamento foi realizado com taxa de juro variável, cujas
três primeiras taxas são 5%, 4,8% e 5,1% ao mês. Calcule a taxa de juro do quarto e
último mês considerando o regime de juros simples.
SOLUÇÃO. Começamos por registrar a equivalência que permitirá calcular a taxa de
juro do quarto mês.

F = P × (1 + i1 + i2 + i3 + i4)
$78.325 = $65.000 × (1 + 0,05 + 0,048 + 0,051 + i4)

Resolvendo essa equação, temos a taxa de juro do quarto mês igual a 5,6% ao mês.

$78.325
= 1 + 0,05 + 0,048 + 0,051 + i4
$65000
.

⎛ ⎞
$78.325 ⎜  ⎟
1, 149

i4 = − 1 + 0,05 + 0,048 + 0,051 = 0,056


$65000
. ⎜ ⎟
⎝ ⎠
Apêndice 2.1
JUROS SIMPLES COM TAXA VARIÁVEL DE JURO 59

TAXA TOTAL DE JURO


A relação F/P de qualquer operação financeira com dois capitais F e P é igual a
(1 + i), sendo i a taxa total de juro com período igual ao prazo da operação.
Aplicando o mesmo conceito na operação no regime de juros simples com n ge-
rações de juros com taxa variável de juro, temos:
F
= 1 +(i1 + i2 +  + in)
P
A fórmula anterior pode ser reescrita assim:

1 + i = 1 + (i1 + i2 +  + in)
n
1 + i = 1 +∑ i j
j=1

Pondo em evidência a taxa total de juro i, temos:


i = i1 + i2 +  + in
n
i =∑ i j
j=1

EXEMPLO 2.20. Calcule a taxa de juro durante os quatro meses do Exemplo 2.17.

SOLUÇÃO. A taxa de juro total é 5,98% aos quatros meses, resultado obtido com:

i = i1 + i2 + i3 + i4
i = 0,0125 + 0,018 + 0,0078 + 0,0215 = 0,0598

EXEMPLO 2.21. As rentabilidades mensais de um investimento durante três meses


seguidos foram, respectivamente, 2,5%, i2 = ? e 3,2% ao mês. Calcule a rentabilida-
de do segundo mês sabendo que a rentabilidade total foi de 5% aos três meses, con-
siderando juros simples.
SOLUÇÃO. Começamos por registrar a fórmula que permitirá calcular a taxa de juro
do segundo mês.
i = i1 + i2 + i3
0,05 = 0,025 + i2 + 0,032
60 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Resolvendo essa equação, temos a rentabilidade do segundo mês igual a – 0,70%


ao mês.
i2 = 0,05 – (0,025 + 0,032)
i2 = – 0,0070

PRAZO DE GERAÇÃO DE JURO DIFERENTE


DO PERÍODO DA TAXA DE JURO
A equivalência F = P × (1 + i1 + i2 +  + ij +  + in) relaciona os capitais com
n taxas de juros no regime de juros simples com a característica de que o período
de cada uma das n taxas de juros coincide com o período de geração do juro cor-
respondente. Entretanto, de maneira geral, os períodos de geração de juros po-
dem ser diferentes entre si e diferir também dos períodos das taxas de juros cor-
respondentes. Dessa maneira, considerando que cada taxa de juro ij tem período
mj e sendo tj o período de geração do juro correspondente à taxa ij, a equivalên-
cia anterior passa a ser:

⎛ i i ij i ⎞
F = P × ⎜⎜1 + t 1 × 1 + t2 × 2 +  + t j × +  + t n × n ⎟⎟
⎝ m1 m2 mj mn ⎠

EXEMPLO 2.22. Calcule o resgate de um investimento de $100.000 pelo prazo de


seis meses no regime de juros simples, com as seguintes taxas de juros e prazos de
geração de juros:
— Nos dois primeiros meses, o capital foi investido à taxa de 1,5% ao mês.
— Nos três meses seguintes, o capital foi investido à taxa de 12% ao semestre.
— No último mês, o capital foi investido à taxa de 6% ao trimestre.

SOLUÇÃO. O resgate é $111.000, resultado obtido com:

⎛ i i i ⎞
F = P × ⎜ 1 + t 1 × 1 + t2 × 2 + t 3 × 3 ⎟
⎝ m1 m2 m3 ⎠

⎛ 0,015 0,12 0,06 ⎞


F = $100.000 × ⎜ 1 + 2 × +3× + 1× ⎟ = $111000
.
⎝ 1 6 3 ⎠
Apêndice 2.1
JUROS SIMPLES COM TAXA VARIÁVEL DE JURO 61

EXEMPLO 2.23. Calcule o capital investido cujo resgate foi de $87.615 pelo prazo de
92 dias no regime de juros simples, com as seguintes taxas de juros e prazos de gera-
ção de juros:

— Nos primeiros 25 dias, o capital foi investido com a taxa de juro de 1,8% aos 30 dias.
— Nos 44 dias seguintes, o capital foi investido com a taxa de juro de 3,9% aos 61 dias.
— Nos últimos 23 últimos, o capital foi investido com a taxa de juro de 22% aos
365 dias.
SOLUÇÃO. O capital aplicado é $82.890,73, calculado desta forma:

F
P=
i1 i i
1+ t 1 × + t2 × 2 + t 3 × 3
m1 m2 m3

$87.615
P= = $82890
. ,73
0,018 0,039 0,22
1 + 25 × + 44 × + 23 ×
30 61 365

LIGANDO OS CONCEITOS
Na equivalência da operação financeira com dois capitais no regime de juros
simples com taxa variável de juro, cada taxa de juro ij tem período mj, sendo tj o
prazo de cálculo do juro correspondente à taxa ij:
⎛ i i ij i ⎞
F = P × ⎜⎜1 + t 1 × 1 + t2 × 2 +  + t j × +  + t n × n ⎟⎟
⎝ m1 m2 mj mn ⎠

Se as n gerações de juro tiverem o mesmo prazo t e a mesma taxa de juro i


com o mesmo período m temos:

⎛  ⎞
n vezes
⎜ i i i⎟
F = P × ⎜1 + t × + t × +  + t × ⎟
⎜ m m m⎟
⎜ ⎟
⎝ ⎠

Se, ainda, o prazo de geração dos juros t for igual ao período da taxa de juro
m, t = m, temos:
62 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

⎛  
n vezes
⎞
F = P × 1+ i + i +  + i ⎟

⎜ ⎟
⎝ ⎠
F = P × (1 + i × n)

PROBLEMAS
PROBLEMA 2.26
Calcule o resgate do investimento de $60.000 pelo prazo de quatro meses com ta-
xas de juros mensais de 1,5%, 1,20%, 0,65% e 1,92% no regime de juros simples.
R: F = $63.162
PROBLEMA 2.27
Um investimento foi realizado durante 120 dias com as taxas de juros de 2,2%,
1,9%, 1,75% e – 0,45% aos 30 dias. Calcule o capital aplicado no regime de juros
simples sabendo que foram resgatados $76.524,30.
R: P = $72.603,70
PROBLEMA 2.28
Um financiamento de $20.000 foi feito com prazo de quatro meses, quando foram
devolvidos $25.000. Esse financiamento teve taxa de juro variável cujos valores
dos dois primeiros meses são 4% e 5,2% ao mês, e do quarto mês, 5,5% ao mês. Cal-
cule a taxa de juro do terceiro mês considerando o regime de juros simples.
R: i3 = 10,3% ao mês
PROBLEMA 2.29
Calcule o resgate de um investimento de $130.000 pelo prazo de nove meses no
regime de juros simples com as seguintes taxas de juros e prazos de cálculo dos ju-
ros: nos dois primeiros meses, o capital foi investido à taxa de 1,6% ao mês e nos
três meses seguintes, o capital foi investido à taxa de 13% ao semestre. A seguir, no
sexto mês, o capital foi investido à taxa de 6% ao trimestre e nos últimos três meses,
o capital foi investido à taxa de 4,4% ao bimestre.
R: F = $153.790
PROBLEMA 2.30
Calcule o capital investido cujo resgate foi de $101.520 pelo prazo de 122 dias no regi-
me de juros simples, com as seguintes taxas de juros e prazos de cálculo dos juros: nos
primeiros 35 dias, o capital foi investido com a taxa de juro de 2% aos 30 dias, e nos 45
dias seguintes, o capital foi investido com a taxa de juro de 4% aos 60 dias. A seguir, nos
30 dias subsequentes, o capital foi investido com a taxa de juro de 7% aos 91 dias, e, nos
12 últimos dias, o capital foi investido com a taxa de juro de 20% aos 360 dias.
R: P = $93.732,95
Apêndice 2.2
SÍMBOLO SOMATÓRIO 63

Apêndice 2.2

Símbolo Somatório

Suponha a sucessão de n termos a0, a1, a2,..., aj,..., an, onde os aj se denominam
termos da sucessão e aj e aj+1 são termos sucessivos.8 A soma dos termos sucessi-
vos de uma sucessão, por exemplo, a0 + a1 + a2 +... + aj +... + an pode ser repre-
sentada utilizando o símbolo ∑, denominado sinal de somatório.9 Portanto, a
soma dos termos sucessivos da sucessão anterior pode ser representada pelo so-
n
matório ∑ a j onde a expressão j = 1 registrada abaixo do símbolo é o limite infe-
j=0

rior do somatório, e a expressão n registrada acima do símbolo é o limite supe-


rior do somatório.
Vejamos alguns exemplos:

— A soma dos termos sucessivos da sucessão 1, 2, 4, 8, 16, 32 pode ser repre-


5
sentada pelo somatório ∑ 2 j , pois aquela sucessão é formada pelos ter-
j=0

mos 2 , 2 , 2 , 2 , 2 , 25. Observe que para desenvolver o somatório


0 1 2 3 4
5

∑ 2 j , a variável j foi substituída sucessivamente pelos números inteiros


j=0

0, 1, 2, 3, 4, 5 que dão origem às parcelas do somatório. Dos limites do


somatório pode-se obter o número de parcelas do somatório, assim: do
limite superior subtraia o limite inferior e a esse resultado adicione o va-
lor um.
— A soma dos termos sucessivos da sucessão i1, i2, , in pode ser representa-
n
da pelo somatório ∑ i j .
j=1

— A soma dos termos sucessivos da sucessão (1 + i)–1, (1 + i)–2, , (1 + n)–n


n
pode ser representada pelo somatório ∑ (1 + i) − j .
j=1

8
Foi utilizado o índice j em vez do índice i, pois i é reservado para representar a taxa de juro.
9
O símbolo ∑ é a letra grega maiúscula sigma.
64 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

4
— O somatório ∑ (1 + i) 4 − j representa a soma, entre j = 0 e j = 4, dos ter-
j=0

mos consecutivos da sucessão (1 + i)4, (1 + i)3, (1 + i)2, (1 + i)1, 1.

O Apêndice “Símbolo Somatório” deste capítulo, que se encontra na pági-


na do livro na Internet, apresenta mais informações sobre Somatório.
Capítulo 3

Juros Compostos

I niciamos o tema deste capítulo com a análise dos regimes de capitalização discre-
ta1 realizada no Capítulo 2 e que repetimos de forma reduzida. Do investimento de
$10.000 realizado com prazo de doze meses você receberá mensalmente juros de
$200 calculados com a taxa de juro de 2% ao mês, ocorrendo o pagamento do pri-
meiro juro no final do primeiro mês depois da data do investimento. Agora, os ju-
ros mensais gerados $200 são reinvestidos até completar o prazo de 12 meses do in-
vestimento, atendendo à premissa de maximizar a riqueza e supondo que se conse-
gue investir mensalmente $200 com a mesma taxa de juro de 2% ao mês.
As duas últimas colunas da Tabela 3.1 mostram os efeitos de investir os juros
mensais até completar o prazo do investimento. Para cada mês, a terceira coluna
da tabela registra o valor dos juros mensais acumulados nessa data, e a última co-
luna registra o futuro considerando que a operação terminasse nessa data. Ao
completar os 12 meses do investimento de $10.000, se verifica que o futuro re-
investindo os juros mensais, $12.682,42, é maior do que o futuro correspon-
dente sem reinvestir os juros, $12.400, resultado obtido no Capítulo 2. O pro-
cedimento que reinveste os juros é denominado regime de juros compostos,
tema deste capítulo. Portanto, no regime de juros compostos,2 os juros gerados

1
Os regimes de juros simples e juros compostos formam o grupo capitalização discreta. O regi-
me de capitalização contínua é apresentado no Capítulo 5.
2
O Dicionário Houaiss registra juro composto como juro calculado sobre um montante principal
acrescido de seus próprios juros, e juro simples como juro calculado sobre um capital fixo, sobre o
montante principal de um empréstimo.
66 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

são capitalizados na mesma data e geram juro no período seguinte até completar
o prazo da operação. No Apêndice “Juros Simples versus Juros Compostos”
deste capítulo, que se encontra na página deste livro na Internet.

Reinvestindo os juros

Meses Juro mensal Juros acumulados Futuro

1 $200,00 $200,00 $10.200,00


2 $200,00 $404,00 $10.404,00
3 $200,00 $612,08 $10.612,08
4 $200,00 $824,32 $10.824,32
5 $200,00 $1.040,81 $11.040,81
6 $200,00 $1.261,62 $11.261,62
7 $200,00 $1.486,86 $11.486,86
8 $200,00 $1.716,59 $11.716,59
9 $200,00 $1.950,93 $11.950,93
10 $200,00 $2.189,94 $12.189,94
11 $200,00 $2.433,74 $12.433,74
12 $200,00 $2.682,42 $12.682,42

TABELA 3.1 Regime de juros compostos

EXEMPLO 3.1. Foram investidos $10.000 durante três meses com a taxa de juro de
2% ao mês e pagamento mensal de juros. Calcule o valor resgatado considerando o
regime de juros compostos.
SOLUÇÃO. Na data zero, foi investido $10.000 com a taxa de juro de 2% ao mês e
pagamento mensal dos juros. No final do primeiro mês, é recebido o juro J1 = $200
que, na mesma data, é investido junto com o capital inicial, totalizando $10.200
pelo prazo de um mês à taxa mensal de juro de 2%. No final do segundo mês, é re-
cebido o juro J2 = $200 do investimento inicial de $10.000 mais o juro $200 do
primeiro mês remunerado com a taxa mensal de juro de 2%, que resulta no valor
$204, totalizando $10.404. Os futuros F1 e F2 no final do primeiro e do segundo
mês são:
F1 = $10.000 × (1 + 0,02) = $10.200
F2 = $10.200 × (1 + 0,02) = $10.404

No final do terceiro mês, é recebido o juro J3 = $200 do investimento inicial de


$10.000 mais os juros $404 acumulados até o final do segundo mês remunerados
Capítulo 3
JUROS COMPOSTOS 67

com a taxa mensal de juro de 2%, o que resulta no valor $412,08. No final do ter-
ceiro mês temos:
F3 = $10.404 × (1 + 0,020) = $10.612,08
O procedimento mostra que os dois primeiros juros mensais foram reinvestidos,
ou capitalizados, e o terceiro juro mensal foi capitalizado no final, ao completar o
prazo do investimento de três meses.

A relação entre os capitais da operação P e F, o juro periódico calculado


com a taxa de juro i constante e o procedimento de cálculo do Exemplo 3.1 aju-
dam a deduzir a equivalência de F no regime de juros compostos. Considere-
mos a operação financeira com prazo n e taxa de juro i com período 1/n coinci-
dente com o período de geração de juros 1/n. No final do primeiro período, o
futuro F1 é o resultado da soma do presente P mais o juro do primeiro período J1
calculado com a taxa de juro i e representado da mesma forma que no regime de
juros simples:

F1 = P + J1 = P + P × i
F1 = P × (1 + i)

No final do segundo período, o futuro F2 é o resultado da soma do capital F1


mais o juro J2 de F1:

F2 = F1 + F1 × i
F2 = F1 × (1 + i)

Substituindo F1 em F2 temos:

F2 = P × (1 + i) × (1 + i)
F2 = P × (1 + i)2

No final do terceiro período, o futuro F3 é o resultado da soma do capital F2


mais o juro J3 de F2:

F2 = F2 + F2 × i = F2 × (1 + i)
F3 = P × (1 + i)3
68 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

De forma geral, pode-se deduzir que o futuro F da n-enésima capitalização é


o resultado da soma do capital Fn-1 mais o juro Jn de Fn-1:

F = Fn-1 + Jn

Como Fn-1 = P × (1 + i)n – 1, na última capitalização do juro temos o futuro


F da operação:

F = P × (1 + i)n

Durante o prazo da operação não há nenhuma entrada nem saída de capital,


havendo somente capitalizações dos juros no final de cada período de cálculo
dos juros. De outra maneira, o capital cresce somente pela geração de juro.
Além disso, o período da taxa de juro i é igual ao período de geração dos juros,
ou período de capitalizações dos juros. Dessa maneira, se o período da taxa
de juro for mensal, então as capitalizações serão mensais; se o período da
taxa de juro for diário, então as capitalizações deverão ser diárias etc. Também,
o número de capitalizações n é um número inteiro, circunstância que será le-
vantada depois de apresentar o tema das taxas equivalentes. A equivalência3 de
F na operação financeira com dois capitais no regime de juros compostos tem
quatro variáveis, P, F, i e n, que, conforme o tipo de problema, podem ser for-
necidas ou incógnitas, considerando que o período da taxa de juro i deve ser
igual ao período de geração dos juros. Novamente, os participantes das opera-
ções conhecem com certeza o que acontecerá no futuro e não há oportunidades
de arbitragem. Os exemplos e problemas seguintes utilizam fórmulas deduzidas
da equivalência entre as variáveis da operação e que também estão agrupadas na
seção “Resumo de fórmulas” no final deste capítulo.4 Os Apêndices “Cálculos
com a HP-12C – Capítulo 3” e “Cálculos com Excel – Capítulo 3”, que se en-
contram na página do livro na Internet, mostram como utilizar essas ferramen-
tas para realizar os cálculos deste capítulo.

3
Utilizaremos como sinônimo equação de equivalência e equivalência.
4
Cada tipo de problema utiliza uma fórmula diferente, porém obtida da fórmula deduzida. Em
vez de decorar todas as fórmulas obtidas, recomenda-se ao leitor que obtenha a fórmula reque-
rida para resolver o problema proposto.
Capítulo 3
JUROS COMPOSTOS 69

EXEMPLO 3.2. Durante oito meses seguidos foram aplicados $6.000 com taxa de
juro constante de 1,20% ao mês. Calcule o resgate considerando o regime de juros
compostos.
SOLUÇÃO. O resgate dessa operação será obtido com:
F = P × (1 + i)n
Substituindo os dados do problema se obtém o valor do resgate, $6.600,78:
F = $6.000 × (1 + 0,012)8
F = $6.600,78
Esse resultado também pode ser obtido com a calculadora financeira HP-12C ou
uma calculadora científica.
[CLX]
1.012 [E] 8 [yx] 6600 [×] → $6.600,78

EXEMPLO 3.3. Calcule quanto deveria aplicar hoje para resgatar $10.000 daqui a
doze meses, considerando a taxa de juro constante de 2,2% ao mês no regime de
juros compostos.
SOLUÇÃO. Da equivalência F = P × (1 + i)n, se deduz P em função das restantes va-
riáveis.
F
P=
(1 + i ) n

Substituindo os dados, hoje deveria ser aplicado $7.701,75, resultado obtido com:

$10.000
P=
(1 + 0,022) 12

P = $7.701,75
Esse resultado também pode ser obtido com a calculadora financeira HP-12C ou
uma calculadora científica.
[CLX]
10000 [E] 1 [E] 0.022 [+]
12 [yx] [×] → $7.701,75
Outra forma de proceder com a calculadora é a seguinte:
[CLX]
1.022 [E] 12 [yx] [1/x]
10000 [×] → $7.701,75
70 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 3.4. O presente e o futuro de uma operação financeira são, respectiva-


mente, $2.500 e $4.350. Calcule a taxa de juro mensal dessa operação com prazo
de oito meses no regime de juros compostos.
SOLUÇÃO. Na equivalência F = P × (1 + i)n, primeiro os capitais são agrupados no
primeiro membro:
F
= (1 + i ) n
P

Extraindo a raiz de índice n nos dois membros se deduz a taxa de juro i da operação:
1n 1n
⎛F⎞ ⎛F⎞
⎜ ⎟ = ((1 + i ) n ) 1 n ⇔ ⎜ ⎟ = 1+ i
⎝P⎠ ⎝P⎠
1n
⎛ F⎞
i=⎜ ⎟ −1
⎝P⎠

Substituindo os dados, a taxa de juro é 7,169% ao mês:


18
⎛ $4350
. ⎞
i=⎜ ⎟ −1
⎝ $2.500 ⎠

i = 0,07169
Esse resultado também pode ser obtido com a calculadora financeira HP-12C ou
uma calculadora científica.
[CLX]
4350 [E] 2500 [÷]
8 [1/x] [yx] 1 [–] → 0,07169 ao mês

EXEMPLO 3.5.No regime de juros compostos foram aplicados $1.000 e resgatados


$2.000 com uma taxa de juro mensal igual a 4%. Calcule o prazo dessa operação.
SOLUÇÃO. Na equivalência F = P × (1 + i)n, primeiro os capitais são agrupados no
primeiro membro:
F
= (1 + i ) n
P
Depois, aplicando logaritmos, deduz-se o prazo n da operação em função das res-
tantes variáveis.
lg (F/P) = lg ((1 + i)n) ⇔ lg(F/P) = n × lg(1 + i)
Capítulo 3
JUROS COMPOSTOS 71

lg( F P )
n=
lg(1 + i )

Substituindo os dados, o prazo da operação ou o número de capitalizações é 17,67:


lg($2000
. $1000
. )
n=
lg(1 + 0,04)
n = 17,67

O símbolo “lg” não identifica a base do logaritmo, pois qualquer que seja a base es-
colhida o resultado de n será o mesmo. O Apêndice 3.2 deste capítulo apresenta
uma revisão de logaritmos e suas aplicações. Esse resultado também pode ser obti-
do com uma calculadora científica ou a calculadora financeira HP-12C, que so-
mente dispõe do logaritmo com base e, com a instrução [g] [LN].
[CLX]
2000 [E] 1000 [÷] [g] [LN]
1.04 [g] [LN] [÷] → 17,67 meses

A equivalência F = P × (1 + i)n da operação financeira com dois capitais no


regime de juros compostos pode ser reescrita como F = P × (1 + iq), onde iq é a
taxa equivalente de i que gera a mesma relação de capitais F/P, porém com pe-
ríodo igual ao prazo da operação, ou número de capitalizações n. Ainda mais, a
partir dessas expressões obtém-se a equivalência (1 + i)n = 1 + iq, sendo i e iq ta-
xas equivalentes, tema desenvolvido na Seção “Equivalência de taxas efetivas”,
posteriormente neste capítulo. Ou seja, na sua essência, o cálculo dos juros
compostos é realizado com F = P × (1 + i), desenvolvida no Capítulo 1.
Para terminar, há dois assuntos que devemos registrar. O primeiro se refere
ao cálculo do juro J da operação financeira no regime de juros compostos obti-
do a partir de J = F – P. Considerando que F = P × (1 + i)n temos:

J = P × (1 + i)n – P
J = P × ((1 + i)n – 1)

Novamente, como essa expressão pode ser representada como J = P × iq, de-
duz-se a equivalência iq = (1 + i)n – 1, sendo o período da taxa de juro iq igual ao
prazo da operação n.
72 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

O outro assunto é a utilização do fator de valor presente v = (1 + i)–1. Nesse


caso, a equivalência de P passa a ser:

P = F × (1 + i)–n
P = F × vn

Da mesma forma, temos F = P × v–n.

PROCEDIMENTOS DE CÁLCULO
Na resolução dos exemplos, foram utilizadas uma fórmula e as funções expo-
nenciais da calculadora financeira HP-12C, porém há outros procedimentos de
cálculo para resolver problemas no regime de juros compostos. Por exemplo, o
F
primeiro membro da equivalência = (1 + i)n é o resultado da relação F/P dos
P
capitais da operação financeira, e o segundo membro, (1 + i)n, é a função expo-
nencial denominada fator de acumulação, cujo resultado é o futuro de um capi-
tal inicial de $1 na taxa de juro i e n capitalizações. O resultado da função expo-
nencial pode ser obtido realizando n multiplicações sucessivas do fator (1 + i),
ou aplicando logaritmos, ou ainda utilizando calculadora com a função expo-
nencial e a função logaritmo, denominada em geral como calculadora científica
e atualmente bastante difundida pela redução de preço em função do desenvol-
vimento tecnológico.
A Tábua Financeira é uma forma prática de resolver problemas de juros
compostos bastante utilizada antes das calculadoras financeiras. Apesar de
sua vantagem operacional, há uma desvantagem, porque diminui a exatidão
de alguns resultados, devido à limitação do número de casas decimais que a
tábua oferece, bem como à necessidade de aplicar procedimentos de inter-
polação para obter os resultados de i e n não inteiros. Há diversas formas de
apresentar essa tábua, porém todas elas registram o resultado do fator de acu-
mulação (1 + i)n referente ao capital inicial $1 para diversos valores de i nas
colunas e n nas linhas da tábua. Sendo o fator de acumulação igual à relação
F/P, com esse resultado e os dados da tábua, pode-se calcular qualquer uma
das quatro variáveis quando são conhecidas as outras três. Embora no livro
não seja utilizada a Tábua Financeira, no Apêndice 3.3, é mostrado como
utilizá-la, e no capítulo “Tábuas” apresentamos a Tábua Financeira do fator
de acumulação (1 + i)n, ou F/P.
Capítulo 3
JUROS COMPOSTOS 73

A calculadora financeira HP-12C é uma forma rápida de obter resultados de


cálculos financeiros.5 A HP-12C dispõe de teclas pré-programadas para cálculo
de qualquer uma das quatro variáveis P, F, i e n da operação no regime de juros
compostos quando são conhecidas três delas, como se mostra nos exemplos se-
guintes. Os Apêndices “Cálculos com a HP-12C – Capítulo 3” e “Cálculos
com Excel – Capítulo 3”, que se encontram na página do livro na Internet,
mostram como utilizar essas ferramentas para realizar os cálculos deste capítulo.6

EXEMPLO 3.6. Calcule quanto se deve depositar hoje para poder resgatar $100.000
daqui a 15 meses, considerando a taxa de juro de 1,75% ao mês no regime de juros
compostos.
SOLUÇÃO. Hoje deve-se depositar $77.087,46, resultado obtido com:
F
P=
(1 + i ) n

$100.000
P= = $77.087,46
(1 + 0,0175) 15

Esse cálculo também pode ser feito com as teclas financeiras da calculadora finan-
ceira HP-12C.
[f] [FIN]
Para evitar erro de resultado devido a algum valor registrado em PMT, antes de co-
meçar um novo cálculo, recomenda-se sempre zerar os registros das cinco memó-
rias financeiras com a instrução [f] [FIN].
100000 [FV] 15 [n]
1.75 [i] [PV] → –77.087,46

EXEMPLO 3.7. Um financiamento foi devolvido após seis meses desembolsando


$141.852. Calcule a taxa de juro mensal dessa operação sabendo que o valor rece-
bido pelo cliente foi $100.000.
SOLUÇÃO. A taxa de juro é 6% ao mês, resultado obtido com:

5
Há outros modelos de calculadoras financeiras da HP, Texas etc.
6
Veja Lapponi, J.C. Modelagem Financeira com Excel. Rio de Janeiro: Elsevier Campus, 2004.
74 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

1n
⎛ F⎞
i=⎜ ⎟ −1
⎝P⎠
16
. ⎞
⎛ $141852
i=⎜ ⎟ − 1 = 0,06
⎝ $100.000 ⎠

Esse resultado também pode ser obtido com as teclas financeiras da calculadora fi-
nanceira HP-12C.
[f] [FIN]
141852 [CHS] [FV]
100000 [PV] 6 [n] [i] → 6%

EXEMPLO 3.8. De uma aplicação de $10.000 foram resgatados $10.689,12. Calcule


o prazo dessa aplicação sabendo que foi realizada com a taxa de juro de 1,68% ao
mês no regime de juros compostos.
SOLUÇÃO. O prazo da aplicação é de 4 meses, resultado obtido com:
lg( F P )
n=
lg(1 + i )

lg($10.689,12 $10.000 )
n= =4
lg(1 + 0,0168 )
Esse cálculo também pode ser feito com as teclas financeiras da calculadora finan-
ceira HP-12C.
[f] [FIN]
10689,12 [FV] 10000
[CHS] [PV] 1.68 [i] [n] → 4 meses
Embora, neste caso, em geral, o resultado do número de capitalizações n da calcu-
ladora HP-12C não seja um valor exato, o que aparece no visor da calculadora é o
resultado exato da operação arredondado para o valor inteiro seguinte.

EXEMPLO 3.9. Hoje foram aplicados $10.000 pelo prazo de 4 trimestres com taxa de
juro de 3,5% ao trimestre. Calcule o valor do resgate considerando o regime de ju-
ros compostos.
SOLUÇÃO. Da aplicação serão resgatados $11.475,23, resultado obtido com:
F = P × (1 + i)n
F = $10.000 × (1 + 0,035)4 = $11.475,23
Capítulo 3
JUROS COMPOSTOS 75

Esse resultado também pode ser conseguido com as teclas financeiras da calculado-
ra financeira HP-12C.
[f] [FIN]
10000 [PV] 4 [n]
3.5 [i] [FV] → 11.475,23
Os exemplos seguintes são um pouco diferentes dos anteriores, porém com juros
compostos.

EXEMPLO 3.10. O investimento de $650.000 será remunerado com a taxa de juro de


1,35% ao mês durante os quatro primeiros meses, e com a taxa de juro de 1,24% ao
mês durante os oito meses restantes da operação. Calcule o resgate desse investi-
mento no final de um ano.
SOLUÇÃO. Primeiro é calculado o futuro depois dos primeiros quatro meses, com a
taxa de juro de 1,35% ao mês F4 = P × (1 + i1)4. A seguir, o capital F4 é reinvestido
durante oito meses, com a taxa de juro de 1,24% ao mês, obtendo o futuro F = F4 ×
(1 + i2)8. Finalmente, o resgate no final do ano é igual a $756.877,27, resultado ob-
tido com:
F = P × (1 + i1)4 × (1 + i2)8
F = $650.000 × (1 + 0,0135)4 × (1 + 0,0124)8 = $756.877,266

EXEMPLO 3.11. Continuando com o Problema 3.10, calcule a taxa de juro constante
com período mensal que, aplicada durante um ano, consiga o mesmo resgate no fi-
nal de um ano.
SOLUÇÃO. A taxa de juro constante com período mensal que, aplicada durante 12
meses, consegue acumular o mesmo valor monetário no final de um ano é
1,2767% ao mês, resultado obtido com:
1n
⎛ F⎞
i=⎜ ⎟ –1
⎝P⎠
1 12
⎛ $756.877,266 ⎞
i=⎜ ⎟ − 1 = 0,0127665
⎝ $650.000 ⎠

Alternativamente, esse resultado pode ser obtido utilizando as taxas de juro conheci-
das. Sendo i a taxa com período mensal durante os 12 meses do investimento temos:
(1 + i)12 = (1 + i1)4 × (1 + i2)8
76 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Substituindo os dados obtém-se a taxa de juro constante 1,2767% ao mês que, apli-
cada durante 12 meses, consegue acumular o mesmo valor monetário no final de
um ano.
1
i = ((1 + i 1 ) 4 × (1 + i 2 ) 8 ) 12 − 1 1
i = ((1 + 0,0135) 4 × (1 + 0,0124) 8 ) 12 − 1 = 0,0127665

PROBLEMAS
Ao resolver um problema de matemática financeira, deve-se começar enten-
dendo o que deve ser obtido a partir da descrição do problema, que pode ser es-
crita, como o enunciado dos exemplos e problemas deste livro, ou verbal como
em geral é o caso dos problemas que se apresentam no dia a dia. Conhecidos os
dados e as especificações, para desenvolver a atitude de equacionar antes de re-
solver o problema, recomenda-se construir o diagrama do fluxo de capitais,
DFC, da operação, que prepara uma boa parte do caminho da solução. Para ter-
minar, resta escolher a abordagem de resolução do problema. Essa orientação
foi apresentada no Capítulo 2.

PROBLEMA 3.1
Você necessita de $12.000 daqui a cinco meses. Calcule quanto deverá aplicar na
data de hoje, considerando a taxa de juro igual a 2,5% ao mês e no regime de juros
compostos.
R: P = $10.606,25

PROBLEMA 3.2
Depois de doze meses de aplicação de $12.000 foi resgatado o valor $16.520. Cal-
cule a taxa de juro mensal dessa aplicação.
R: i = 2,6997% ao mês

PROBLEMA 3.3
Calcule o valor do depósito que deveria ser feito hoje para retirar $100.000 depois
de quinze meses, considerando a taxa de juro de 4% ao mês.
R: P = $55.526,45

PROBLEMA 3.4
De uma aplicação de $1.000.000 realizada durante um semestre, foi resgatado
$1.418.520. Calcule a taxa de juro mensal dessa operação.
R: i = 6% ao mês
Capítulo 3
JUROS COMPOSTOS 77

PROBLEMA 3.5
Numa operação financeira, foram aplicados $12.000 e resgatados $16.354,77. Cal-
cule a duração dessa operação considerando a taxa de juro de 3,5% ao mês.
R: n = 9 meses
PROBLEMA 3.6
Foram aplicados $2.500 durante o prazo de 180 dias à taxa de juro igual a 2,5% aos
30 dias. Calcule o valor resgatado.
R: F = $2.899,23
PROBLEMA 3.7
Uma aplicação de $3.600, com taxa de juro de 1,69% ao mês, gerou o resgate
$4.116,50. Calcule a duração dessa aplicação.
R: n = 8 meses
PROBLEMA 3.8
Depois de 300 dias, o valor final de uma operação foi $16.298,14. Calcule o valor
aplicado considerando a taxa de juro de 2,35% ao mês.
R: P = $12.919,91
PROBLEMA 3.9
Foram emprestados $8.000 durante dez meses à taxa de juro de 2,02% ao mês. Cal-
cule o valor devolvido no final do empréstimo.
R: F = $9.771,09
PROBLEMA 3.10
Calcule a taxa mensal de juro que permite dobrar um capital em dois anos.
R: i = 2,93% ao mês
PROBLEMA 3.11
Uma curiosidade. O capital investido com taxa de juro de 7% por ano dobra seu
valor em aproximadamente dez anos. Além disso, o capital investido com taxa de
juro de 10% por ano dobra seu valor em aproximadamente em sete anos. Verifique
essa afirmativa.
PROBLEMA 3.12
Regra 72 (outra curiosidade). Considerando a taxa de juro com período anual, o
número de anos necessários para dobrar um capital é aproximadamente igual ao
resultado de dividir 72 pela taxa de juro percentual i%. Verifique essa afirmativa
para diversos valores de taxa de juro.
PROBLEMA 3.13
O investimento de $100.000 será remunerado com a taxa de juro de 1,1% ao mês du-
rante os três primeiros meses, e com a taxa de juro de 1 % ao mês durante os nove me-
ses restantes da operação. Calcule o resgate desse investimento no final de um ano.
R: $113.017,54
78 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMA 3.14
Continuando com o Problema 3.13, calcule a taxa de juro constante com período
mensal que aplicada durante um ano conseguisse o mesmo resgate no final de um ano.
R: i = 1,025% ao mês
PROBLEMA 3.15
O financiamento de $200.000 será remunerado com a taxa de juro de 2% ao mês
durante os três primeiros meses, e com a taxa de juro de 1,85% ao mês durante os
três meses restantes da operação. Calcule a devolução desse financiamento no final
de seis meses.
R: $224.240,27
PROBLEMA 3.16
Continuando com o Problema 3.15, calcule a taxa de juro constante com período
mensal que aplicada durante seis meses conseguisse a mesma devolução no final de
seis meses.
R: i = 1,925% ao mês

EQUIVALÊNCIA DE TAXAS EFETIVAS


Foi visto que o juro J de uma operação no regime de juros compostos é J = P ×
((1 + i)n – 1). Como essa expressão é equivalente a J = P × iq, deduz-se a equivalên-
cia iq = (1 + i)n – 1, sendo o período da taxa de juro iq igual ao prazo da operação n.
Portanto, duas taxas de juros com períodos diferentes são equivalentes se sobre um
mesmo capital e num determinado prazo produzirem o mesmo juro composto.
Para determinar a taxa equivalente de juro para um período definido, supo-
nha que da aplicação de $10.000 pelo prazo de 4 trimestres com taxa de juro de
3,5% ao trimestre foi resgatado $11.475,23, que são os dados e o resultado do
Exemplo 3.9 deste capítulo. Dos capitais dessa operação se obtém a taxa
14,7523% ao ano ou, de outra maneira, no capital $10.000 aplicado durante um
ano no regime de juros compostos, a taxa de 3,5% ao trimestre e a taxa de
14,7523% ao ano geram o mesmo juro, $1.475,23. Portanto, para um mesmo
capital P com a taxa de juro de 14,7523% ao ano se obtém o futuro F = P × (1 +
0,147523); e com a taxa de juro de 3,5% ao trimestre, temos o futuro F = P × (1 +
0,035)4. Como esses dois futuros são iguais:

P × (1 + 0,147523) = P × (1 + 0,035)4

Como o capital P pode ser retirado dessa expressão, temos:

(1 + 0,147523) = (1 + 0,035)4
Capítulo 3
JUROS COMPOSTOS 79

Nesse caso, duas taxas de juros com períodos diferentes são equivalentes se
sobre o mesmo capital unitário $1 e num determinado prazo produzirem o
mesmo juro, ou mesmo futuro.

EXEMPLO 3.12.Seja a taxa de juro de 50% ao ano. Calcule a taxa equivalente com
período mensal.
SOLUÇÃO. Duas taxas de juros com períodos diferentes são equivalentes se sobre
um mesmo capital unitário $1 e num determinado prazo produzirem o mesmo
juro composto. No exemplo, aplicando $1 por um ano com taxa de juro de 50% ao
ano será resgatado $1,5. Ao mesmo tempo, a taxa equivalente mensal iq deverá ser
tal que composta durante 12 meses resulte na taxa de juro de 50% ao ano. Portanto,
a partir da equivalência (1 + iq)12 = 1 + 0,50, temos a taxa equivalente iq = 3,4366%
ao mês, resultado obtido com:
iq = (1 + 0,50)1/12 – 1
iq = 0,034366

Analisando o resultado do Exemplo 3.12, deduzimos que, no conceito de


taxa equivalente, está incluída a premissa de reinvestimento com a taxa de juro
constante de 3,4366% ao mês durante um ano.

EXEMPLO 3.13. Um empréstimo de $1.000 contratado por um prazo de um mês foi


honrado no prazo estabelecido com o pagamento de $1.060. Calcule a taxa equi-
valente anual desse financiamento.
SOLUÇÃO. Dos capitais do financiamento, se obtém a taxa de juro do financiamen-
to de 6% ao mês. Para o capital unitário $1, o juro gerado pela taxa equivalente iq
com período anual será igual ao juro gerado pela taxa de 6% ao mês capitalizada
durante 12 meses. Da equivalência 1 + iq = (1 + 0,06)12, temos a taxa equivalente
de 101,2196% ao ano, resultado obtido com:
iq = 1,0612 – 1
iq = 2,012196 – 1 = 1,012196

Nos Exemplos 3.12 e 3.13, a relação entre os períodos das taxas de juros é
sempre um número inteiro. Entretanto, há casos em que essa relação é um nú-
mero fracionário, por exemplo, uma operação com prazo de 91 dias e taxa de
80 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

juro com período de 360 dias. Entretanto, seja qual for a relação entre os perío-
dos, duas taxas de juros com períodos diferentes são equivalentes se sobre um
mesmo capital e num determinado prazo produzirem o mesmo juro composto.

EXEMPLO 3.14. Com o investimento em ações foi conseguida a rentabilidade medi-


da pela taxa de juro de 8,52% aos 62 dias. Calcule a taxa equivalente para 360 dias.
SOLUÇÃO. No exemplo, a relação entre os períodos das taxas de juros não é um nú-
mero inteiro, porém tem a mesma unidade de tempo. Considerando que duas ta-
xas de juros com períodos diferentes são equivalentes se sobre um mesmo capital
unitário $1 e num determinado prazo produzirem o mesmo juro composto, a se-
guinte equivalência atende essa condição para uma operação com prazo de um dia:
1 1
(1 + iq) 360 = (1 + 0,0852) 62

Pondo em evidência a taxa equivalente iq, temos:


360
⎛ 1 ⎞
1 + iq = ⎜ (1 + 0,0852) 62 ⎟
⎝ ⎠

Realizando os cálculos, temos a taxa equivalente 60,76% aos 360 dias, resultado
obtido com:
360
iq = (1 + 0,0852) 62 − 1
iq = 0,607629

O procedimento de cálculo do Exemplo 3.14 ajuda a deduzir a equivalência


entre a taxa de juro conhecida im com período m e a nova taxa de juro in com novo
período n, ambos com a mesma unidade de tempo, por exemplo, dia, mês etc.:

(1 + in)1/n = (1 + im)1/m

A partir dessa equivalência, é possível calcular qualquer uma das duas taxas
de juro, sendo conhecidos os três dados restantes. Por exemplo, a taxa equiva-
lente in com período n é calculada a partir da taxa de juro im com período m, des-
ta forma:
1 + in = (1 + im)n/m
in = (1 + im)n/m – 1
Capítulo 3
JUROS COMPOSTOS 81

Como regra prática, para obter a taxa equivalente de uma taxa de juro conheci-
da, primeiro forme o fator (1 + im) da taxa conhecida im com período m. Depois,
calcule (1 + im)n/m, onde o denominador m do expoente da expressão é o período da
taxa conhecida im e o numerador n é o período da taxa equivalente. A taxa equiva-
lente in é o resultado de subtrair um ao resultado anterior in = (1 + im)n/m – 1.

EXEMPLO 3.15. O financiamento de $10.000 realizado pelo prazo de 63 dias foi fe-
chado com a taxa de juro de 4,75% aos 63 dias. Calcule a taxa equivalente com pe-
ríodo de 30 dias.
SOLUÇÃO. A taxa equivalente é 2,234% aos 30 dias, resultado obtido com:
in = (1 + im)n/m – 1
in = (1 + 0,0475)30/63 – 1 = 0,02234
Esse resultado também pode ser conseguido com a calculadora financeira HP-12C.
[CLX]
1.0475 [E] 63 [1/x] [yx] converte a taxa conhecida na taxa equivalente diária
30 [yx] 1 [–] → 0,02234
Pode-se proceder, também, da seguinte maneira:
[CLX]
1.0475 [E] 30 [E] 63 [÷] calcula o resultado do expoente n/m
[yx ] 1 [–] → 0,02234

COMENTÁRIO
Foi mostrado que duas taxas de juros com períodos diferentes são equivalentes
se sobre um mesmo capital unitário $1 e num determinado prazo produzirem o
mesmo juro composto. Dessa maneira, a taxa de juro de período menor deve
ser constante durante as capitalizações necessárias para completar o período da
outra taxa, situação que deve ser reconhecida no tipo de problema.

EXEMPLO 3.16. Numa operação interbancária, o banco A empresta $100.000 pelo


prazo de 7 dias com taxa de juro de 20% aos 360 dias. Ao mesmo tempo, aceita re-
investir o resultado da primeira operação numa segunda operação pelo prazo de 7
dias com taxa de juro de 19,5% aos 360 dias. Considerando que ambas as operações
são realizadas no regime de juros simples, calcule o resgate do banco A no final das
duas operações e a taxa efetiva de juro da operação com período de 360 dias.
82 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

SOLUÇÃO. O valor resgatado no final de 14 dias é $100.769,53, resultado obtido


com:

⎛ n ⎞ ⎛ n ⎞
F = P × ⎜1 + i 1 × 1 ⎟ × ⎜1 + i2 × 2 ⎟
⎝ 360 ⎠ ⎝ 360 ⎠

⎛ 7 ⎞ ⎛ 7 ⎞
F = $100.000 × ⎜ 1 + 0,20 × ⎟ × ⎜ 1 + 0,195 × ⎟ = $100.769,5301
⎝ 360 ⎠ ⎝ 360 ⎠

Dos resultados da operação temos a taxa efetiva de 0,7695% aos 14 dias. A taxa efe-
tiva equivalente da operação é 21,79% aos 360 dias, resultado obtido a partir da
equivalência de taxas efetivas, ou assim:
360
⎛⎛ n ⎞ ⎛ n ⎞⎞ 14
1 + i = ⎜ ⎜1 + i 1 × 1 ⎟ × ⎜1 + i2 × 2 ⎟ ⎟
⎝⎝ 360 ⎠ ⎝ 360 ⎠ ⎠
360
⎛⎛ 7 ⎞ ⎛ 7 ⎞⎞ 14
i = ⎜ ⎜ 1 + 0,20 × ⎟ × ⎜ 1 + 0,195 × ⎟⎟ – 1 = 0,21789215
⎝⎝ 360 ⎠ ⎝ 360 ⎠ ⎠

O Exemplo 3.16 mostra que os participantes da operação conhecem com


certeza o que acontecerá no futuro e que não há oportunidades de arbitragem,
pois os participantes definem as taxas de juro dos próximos 14 dias. Ao mesmo
tempo, essa operação atende ao Princípio de Consistência, pois no prazo de 14
dias para os participantes a taxa efetiva de juro de 21,79% aos 360 dias é equiva-
lente à composição das taxas nominais de 20% e 19,5% pelo prazo sucessivo de
14 dias, não gerando oportunidade de arbitragem. Entretanto, se a taxa efetiva
praticada no mercado fosse maior do que 21,79% ao ano para uma operação de
14 dias, então seria mais conveniente aplicar com essa taxa num prazo de 14 dias
em vez de duas aplicações sucessivas com prazo de sete dias e taxas nominais de
20% e 19,5%. Nesse caso, não se atenderia ao Princípio de Consistência, pois há
uma oportunidade de arbitragem. É importante observar que, se a taxa pratica-
da no mercado fosse menor do que 21,79% ao ano para uma operação de 14
dias, então seria mais conveniente realizar duas aplicações sucessivas com prazo
de sete dias e taxas nominais de 20% e 19,5%, pois há oportunidade de arbitra-
gem. O Apêndice “Princípio de Consistência” deste capítulo, que se encontra
na página do livro na Internet, analisa esse tema.
Capítulo 3
JUROS COMPOSTOS 83

PROBLEMAS
PROBLEMA 3.17
Calcule a taxa equivalente de juro mensal à taxa de juro de 25% ao semestre.
R: i = 3,7890% ao mês
PROBLEMA 3.18
Uma aplicação de $1.000 durante 23 dias resultou em um valor futuro de
$1.025,56. Calcule a taxa diária de juro dessa operação.
R: i = 0,109794% ao dia
PROBLEMA 3.19
Calcule a taxa equivalente anual da taxa de juro de 4,825% ao mês.
R: i = 76,03% a.a.
PROBLEMA 3.20
Calcule a taxa de juro com período de 30 dias equivalente à taxa de juro 0,0987%
ao dia.
R: i = 3,0038% aos 30 dias
PROBLEMA 3.21
Uma operação foi fechada com uma taxa de juro 2,5% aos 30 dias. Calcule a taxa
equivalente de juro para 60 dias.
R: i = 5,06% aos 60 dias
PROBLEMA 3.22
Um financiamento foi realizado com a taxa de juro de 60% ao ano. Calcule a taxa
equivalente de juro mensal.
R: i = 3,99% ao mês
PROBLEMA 3.23
Calcule a taxa de juro diária equivalente da taxa de juro de 36,50% aos 365 dias.
R: i = 0,08528% ao dia
PROBLEMA 3.24
Uma aplicação em renda fixa com prazo de 63 dias foi fechada com a taxa de juro
de 5,25% aos 92 dias. Calcule a taxa equivalente de juro para 365 dias.
R: i = 22,51% aos 365 dias
PROBLEMA 3.25
Calcule as taxas equivalentes das seguintes taxas de juros:
a) 1,95% aos 31 dias → TE para 365 dias.
b) 2,45% aos 22 dias → TE ao dia.
c) 45,08% aos 360 dias → TE para 62 dias.
R: a) i = 25,53% aos 365 dias. b) i = 0,11% ao dia. c) i = 6,62% aos 62 dias
84 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMA 3.26
Uma aplicação por 90 dias foi realizada numa taxa de juro de 25,8% aos 365 dias.
Calcule a taxa equivalente de juro com período de 90 dias.
R: i = 5,82% aos 90 dias

PROBLEMA 3.27
Continuando com o Problema 3.26, se, por esquecimento, o aplicador resgatou
sua aplicação quando completou 95 dias da data da sua aplicação, calcule a taxa
equivalente com período de 90 dias.
R: i = 5,51% aos 90 dias

PROBLEMA 3.28
Um empréstimo de $1.000,00 foi fechado com prazo de 32 dias e à taxa efetiva de
5% aos 30 dias. Calcule a taxa dessa operação com período de 32 dias.
R: i = 5,34% aos 32 dias

PROBLEMA 3.29
Continuando com o Problema 3.28, se a liberação do dinheiro foi realizada três
dias depois da assinatura do contrato, calcule a taxa efetiva dessa operação com pe-
ríodo de 30 dias.
R: i = 5,53% aos 30 dias

PRAZO FRACIONÁRIO
Na equivalência F = P × (1 + i)n, o expoente n é sempre um número inteiro,
pois o período da taxa de juro é a unidade de tempo das capitalizações. Entre-
tanto, essa premissa não procede quando o período da taxa de juro é diferente
do período de geração dos juros, ou das capitalizações.

EXEMPLO 3.17. A aplicação de $15.000 em renda fixa durante 95 dias foi realizada
com a taxa de juro de 1,85% aos 30 dias. Calcule o resgate no final da operação.
n/m
SOLUÇÃO. A partir da definição de taxa equivalente 1 + in = (1 + im) , deduz-se a
95/30
equivalência da taxa desse exemplo 1 + in = (1 + 0,0185) , cujo resultado é a
F
própria relação dos capitais = (1 + 0,0185)95/30 da operação. Portanto, o resgate
P
F no final da operação é $15.896,49, resultado obtido com:

F = P × (1 + 0,0185)95/30
F = $15.000 × (1 + 0,0597659) = $15.896.4884
Capítulo 3
JUROS COMPOSTOS 85

Com o desenvolvimento do Exemplo 3.17, deduz-se a equivalência com


prazo fracionário no regime de juros compostos:
n
F = P × (1 + i)m

Agora, a taxa de juro pode ter período diferente do prazo da operação, po-
rém, ambos os períodos devem ter a mesma unidade de tempo. Observe que se
o período da taxa de juro for a unidade de tempo das capitalizações, ou m = 1,
temos a equivalência anterior, F = P × (1 + i)n.

EXEMPLO 3.18. Durante 90 dias, foram aplicados $1.000 com a taxa de juro de
2,35% aos 31 dias. Calcule o resgate dessa aplicação.
SOLUÇÃO. O resgate dessa aplicação é $1.069,76, resultado obtido com:

F = P × (1 + i)n/m
F = $1.000 × (1 + 0,0235)90/31 = $1.069,76

Esse cálculo também pode ser feito com as teclas financeiras da calculadora finan-
ceira HP-12C.
[f] [FIN]
[STO] [EEX]
Depois de pressionar primeiro a tecla [STO] e depois a tecla [EEX] no canto inferi-
or direito do visor da calculadora aparecerá a letra C. Esta instrução é necessária
para resolver corretamente, com a HP-12C, problemas com períodos fracionários,
ou n/m não inteiro. Essa instrução pode permanecer na calculadora, pois não in-
troduz nenhuma modificação nos outros cálculos. Para retirar a letra C, pressione
as mesmas teclas na mesma sequência [STO] [EEX].
1000 [CHS] [PV] 2.35 [i]
90 [E] 31 [÷] [n] [FV] → 1.069,76
Outra forma de resolver esse exemplo é calculando a taxa equivalente de juro com
período de um dia da taxa de juro 2,35% aos 31 dias:
[f] [FIN] Neste caso a instrução [STO] [EEX] não é necessária.
1 [E] 0.0235 [+] 31 [1/x] [yx]
1 [–] 100 [×] [n] → 0,074958 resultado da taxa diária de forma percentual
1000 [CHS] [PV] 90 [n] [FV] → 1.069,76
86 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 3.19. Na operação com prazo de 197 dias foram aplicados $10.500 e res-
gatados $11.370. Calcule a taxa de juro com período de 360 dias.
n
SOLUÇÃO. Da equivalência F = P × (1 + i)m se deduz a taxa de juro i com período m:

F n
= (1 + i )m
P

Elevando ambos os membros à potência m/n temos:


m m m
⎛F⎞ n ⎛ n⎞ n ⎛F⎞ n
⎜ ⎟ = ⎜ (1 + i )m ⎟ ⇔⎜ ⎟ = 1+ i
⎝P⎠ ⎝ ⎠ ⎝P⎠
m
⎛ F⎞ n
i =⎜ ⎟ −1
⎝P⎠

Substituindo os dados, temos a taxa de juro de 15,66% aos 360 dias, resultado obti-
do com:
360
⎛ $11370
. ⎞ 197
i=⎜ ⎟ −1
⎝ $10.500 ⎠

i = 0,156580

Esse resultado também pode ser obtido com as teclas financeiras da calculadora fi-
nanceira HP-12C.
[f] [FIN] e se for necessário [STO] [EEX]
10500 [CHS] [PV] 11370 [FV]
197 [E] 360 [÷] [n] [i] → 15,6580% aos 360 dias
Outra forma de resolver o exemplo:
[f] [FIN] Neste caso a instrução [STO] [EEX] não é necessária.
10500 [CHS] [PV] 11370 [FV] 197 [n] [i] → 0,0404158% ao dia
360 [n] [FV] 1 [n] [i] → 15,6580% aos 360 dias

EXEMPLO 3.20. Da aplicação de $18.000 foi resgatado $21.360,65. Calcule o prazo


dessa aplicação considerando a taxa de juro de 25% aos 365 dias.
n
SOLUÇÃO. Da equivalência F = P × (1 + i)m se deduz o prazo n:
F n
= (1 + i )m
P
Capítulo 3
JUROS COMPOSTOS 87

Aplicando logaritmo em ambos os membros:

⎛F⎞ ⎛ n⎞
⎛F⎞ n
lg ⎜ ⎟ = lg ⎜ (1 + i )m ⎟ ⇔ lg ⎜ ⎟ = × lg(1 + i )
⎝P⎠ ⎝ ⎠ ⎝P⎠ m

lg( F P )
n =m×
lg(1 + i )
Substituindo os dados, temos o prazo de 280 dias, resultado obtido com:
lg( 21.360,65 18.000 )
n = 365 ×
lg(1 + 0,25)
n = 280
Esse resultado também pode ser alcançado com as teclas financeiras da calculadora
financeira HP-12C.
[f] [FIN] Neste caso a instrução [STO] [EEX] não é necessária.
18000 [CHS] [PV] 21360.65 [FV]
1 [E] 0.25 [+] 365 [1/x] [yx]
1 [–] 100 [×] [i] [n] → 280 dias
Embora neste caso, em geral, o resultado do número de capitalizações n da calcula-
dora HP-12C não seja um valor exato, pois o que aparece no visor da calculadora é
o resultado exato da operação arredondado para o valor inteiro seguinte.

EXEMPLO 3.21. Repita o Exemplo 3.20 considerando que o valor resgatado tenha
sido $21.000.
SOLUÇÃO. A duração desse empréstimo é 252,15 dias, resultado obtido com:

lg( F P )
n =m×
lg(1 + i )

lg( 21000
. 18.000 )
n = 365 × = 252,1471
lg(1 + 0,25)

Esse cálculo também pode ser feito com as teclas financeiras da calculadora finan-
ceira HP-12C.
[f] [FIN] Neste caso a instrução [STO] [EEX] não será necessária.
18000 [CHS] [PV] 21000 [FV]
1 [E] 0.25 [+] 365 [1/x] [yx]
1 [–] 100 [×] [i] [n] → 253 dias
88 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Observe que o resultado da HP-12C é o resultado exato arredondado para o


inteiro seguinte, pois o resultado exato é n = 252,15 dias. Como analisar o re-
sultado arredondado? Como se trata de uma aplicação, se considerar n = 253
dias, então a taxa de juro da aplicação é menor do que 25% aos 365 dias, e se
considerar n = 252 dias, então a taxa de juro da aplicação é maior.

EXEMPLO 3.22. Suponha que daqui a 310 dias você necessitará de $10.000. A insti-
tuição financeira está oferecendo a taxa de juro de 2% aos 30 dias para aplicações
com prazo superior a 180 dias. Calcule quanto você deveria aplicar hoje no regime
de juros compostos.
SOLUÇÃO. Hoje deveria aplicar $8.149,51, resultado obtido com:
F
P= n
(1 + i )m
10.000
P= 310
= $8.149,51
(1 + 0,02) 30
Esse resultado também pode ser calculado com as teclas financeiras da calculadora
financeira HP-12C.
[f] [FIN]
10000 [FV] 2 [i]
310 [E] 30 [÷] [n] [PV] → 8.149,51

PROBLEMAS
PROBLEMA 3.30
Durante 90 dias foram aplicados $100.000 com taxa de juro de 3,5% aos 31 dias.
Calcule o resgate dessa operação.
R: F = $110.503,29
PROBLEMA 3.31
Com o pagamento de $1.000 foi encerrado o financiamento realizado com taxa
efetiva de juro de 48% aos 360 dias e prazo de 63 dias. Calcule o valor recebido
pelo tomador do empréstimo.
R: P = $933,69
PROBLEMA 3.32
Na compra de ações foram investidos $20.000. Depois de 114 dias, da venda das
ações foi recebido $23.365. Calcule a taxa de juro com período de 360 dias.
R: i = 63,41% aos 360 dias
Capítulo 3
JUROS COMPOSTOS 89

PROBLEMA 3.33
Na data de resgate da aplicação de $18.000 foi recebido um valor 50% maior. Con-
siderando a taxa de juro dessa operação igual a 32,50% aos 365 dias, calcule a dura-
ção dessa aplicação.
R: n = 525,90 dias
PROBLEMA 3.34
Um capital de $100.000 foi aplicado durante 180 dias com taxa líquida de 65% aos
365 dias. Calcule o resgate dessa operação.
R: F = $128.012,49
PROBLEMA 3.35
Necessitando de $18.000 daqui a 450 dias, você gostaria de saber quanto deveria
aplicar hoje considerando a taxa de juro de 1,42% aos 30 dias.
R: P = $14.568,62
PROBLEMA 3.36
No final de um ano de 365 dias você necessitará de $200.000. Calcule quanto de-
veria aplicar hoje, com a taxa de juro de 45% aos 360 dias.
R: P = $137.221,06
PROBLEMA 3.37
Calcule em quanto tempo um capital será duplicado com a taxa de juro de 73% aos
360 dias.
R: n = 455,25 dias
PROBLEMA 3.38
Sabendo que a taxa total de juro de uma aplicação com prazo de dois anos é igual a
200%, calcule a taxa mensal de juro.
R: i = 4,6839% ao mês
PROBLEMA 3.39
Um empréstimo pelo prazo de 90 dias foi acertado com a taxa de juro de 5,5% aos 30
dias. Se o devedor saldou o empréstimo nove dias antes do vencimento, sem receber
nenhum benefício por essa antecipação, calcule a taxa de juro desse empréstimo.
R: i = 6,13% aos 30 dias
PROBLEMA 3.40
Repita o Problema 3.39 considerando que o devedor saldou o empréstimo nove
dias depois do vencimento, sem incluir nenhum encargo adicional.
R: i = 4,99% aos 30 dias
PROBLEMA 3.41
Calcule o resgate de uma aplicação de $50.000 realizada durante um ano com taxa
de juro de 3% ao mês.
R: F = $71.288,04
90 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMA 3.42
Calcule em quanto tempo um capital pode gerar juro igual a 50% do capital inves-
tido considerando a taxa de juro 15% aos 365 dias.
R: n = 1.058,91 dias

PROBLEMA 3.43
Calcule a taxa de juro em que deve ser aplicado um capital durante 365 dias para
gerar juro igual a 50% do capital investido.
R: i = 49,17% aos 360 dias

PROBLEMA 3.44
O banco A oferece a taxa de juro de 2,25% pelo investimento de $1 pelo prazo de
60 dias. Ao mesmo tempo, o banco B oferece a taxa de juro de 1,2% pelo investi-
mento de $1 pelo prazo de 30 dias, garantindo o reinvestimento do resgate do pri-
meiro com taxa de juro de 1,15% pelo prazo de 30 dias. Selecione a melhor alter-
nativa.
R: O banco B com taxa total de 2,364% aos 60 dias

PROBLEMA 3.45
Para uma mesma compra, o comprador tem duas alternativas. Pagar $15 daqui a 45
dias ou pagar $15,50 daqui a 122 dias. Escolha a melhor alternativa considerando a
taxa de juro de 2,45% aos 30 dias.
R: Pagar $15,50

PROBLEMA 3.46
Na operação de penhora foi recebido o valor de $1.000. No vencimento, 180 dias
depois do recebimento do dinheiro, deverá ser pago o valor $1.317,29. Calcule a
taxa de juro para 30 dias dessa operação.
R: i = 4,70% aos 30 dias

PROBLEMA 3.47
Sabendo que o capital quadruplicou seu valor num prazo de três anos, calcule a
taxa de juro semestral dessa aplicação.
R: i = 25,99% ao semestre

PROBLEMA 3.48
Daqui a um ano você receberá $18.500 como devolução de um empréstimo. Se
nessa data você necessitará ter acumulado $32.000, calcule quanto deveria aplicar
hoje em renda fixa com taxa líquida de 12,65% ao ano.
R: Hoje, deveria investir $11.984,02

PROBLEMA 3.49
Hoje, o agiota de plantão situado no Bar do Zé realizou dois empréstimos com
prazo de um ano. Na primeira operação, emprestou $1.000 com taxa de juro de
Capítulo 3
JUROS COMPOSTOS 91

40% ao ano. Na segunda operação, emprestou $450 com taxa de juro de 50% ao
ano. O agiota está muito contente com as duas operações realizadas e afirma que
aplicou $1.450 com taxa média de 45% ao ano. Concorda?
R: A taxa total de juro é 43,1% ao ano

EQUIVALÊNCIA DE DOIS CAPITAIS


Devido à variação do valor do dinheiro no tempo, receber hoje uma certa
quantia em dinheiro é melhor do que receber essa mesma quantia numa data fu-
tura, pois, como a taxa de juro é positiva, o presente de uma quantia futura é
uma quantia menor. Portanto, se para você for indiferente, por exemplo, rece-
ber $100 hoje ou $120 daqui a nove meses, então essas duas quantias são equiva-
lentes, com uma taxa de juro de 20% aos nove meses. Consequentemente, dois
capitais são iguais se eles tiverem o mesmo valor absoluto e ocorrerem na mes-
ma data. Nesse caso, pode-se realizar a soma algébrica dos dois capitais, a soma
dos dois capitais com seu verdadeiro sinal, entrada com sinal positivo e saída
com sinal negativo.
Na equivalência dos juros compostos F = P × (1 + i) n/m , o coeficiente
(1 + i)n/m converte o valor de P na data 0 no seu valor equivalente F na data final,
considerando a taxa de juro i com n/m capitalizações. Portanto, a soma algébri-
ca desses dois capitais P e F na data final é igual a zero e forma a equação de valor
equivalente F + P × (1 + i)n/m = 0. Daí se deduz que se dois capitais são equiva-
lentes na taxa de juro i então a soma algébrica dos capitais em qualquer data é
sempre igual a zero.7

EXEMPLO 3.23. Foram aplicados $1.000 no dia de hoje pelo prazo de 60 dias, com a
taxa de juro de 2% aos 30 dias. Calcule o resgate.
SOLUÇÃO. Da equivalência F + P × (1 + i)n/m = 0, do ponto de vista do aplicador, é
possível ter o resgate F = +$1.040,40 com seu verdadeiro sinal:

F + (– $1.000) × (1 + 0,02)60/30 = 0
F – $1.040,40 = 0
F = + $1.040,40

7
Esse tema é retomado de forma geral no Capítulo 8.
92 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 3.24. O financiamento foi liquidado 92 dias depois de ser recebido pagan-
do $12.435. Calcule o valor recebido pelo tomador do financiamento consideran-
do que foi realizado com taxa de juro de 3,50% aos 31 dias.
SOLUÇÃO. Da equivalência F + P × (1 + i)n/m = 0, do ponto de vista do tomador
do empréstimo, obtém-se o valor financiado P = – $11.228,11 com seu verda-
deiro sinal:
(+ $12.435) + P × (1 + 0,035)92/31 = 0
$12.435 + P × 1,107488 = 0
P = – $11.228,11

EXEMPLO 3.25.Foram investidos $18.350 por 183 dias, quando foram resgatados
$21.025,08. Calcule a taxa de juro com período de 30 dias.
SOLUÇÃO. Da equivalência F + P × (1 + i)n/m = 0, temos:

m
F ⎛ F⎞ n
F = – P × (1 + i)n/m ⇔ − = (1 + i ) n m ⇔ ⎜ − ⎟ = 1+ i
P ⎝ P⎠
m
⎛ F⎞ n
i = ⎜− ⎟ −1
⎝ P⎠
Substituindo os dados, do ponto de vista do investidor, temos a taxa de juro de
2,26% aos 30 dias:
30
⎛ $21025
. ,08 ⎞ 183
i = ⎜− ⎟ −1
⎝ −$18.350 ⎠

i = 0,2255996

Resumindo, os capitais P e F da operação estão sendo somados, ou compa-


rados, na mesma data, no final da operação, portanto podem ser somados alge-
bricamente, informando os verdadeiros sinais dos capitais. Nos Exemplos 3.23
e 3.24, os capitais P e de F foram informados com seus verdadeiros sinais, e os
resultados de F e de P foram obtidos com seu verdadeiro sinal. Pela mesma regra
de sinais, no cálculo da taxa de juro do Exemplo 3.25, o capital investido foi in-
formado com sinal negativo, cancelando o sinal negativo da divisão, e o valor
Capítulo 3
JUROS COMPOSTOS 93

resgatado foi obtido com sinal positivo.8 É importante lembrar-se de que a


comparação dos dois capitais pode ser realizada em qualquer data dentro ou fora
do prazo da operação.

PROBLEMAS
PROBLEMA 3.50
Calcule o futuro de uma operação financeira aplicando o procedimento de equiva-
lência de dois capitais considerando P = $15.500, taxa de juro i = 2,5% aos 30 dias e
prazo n = 185 dias.
R: F = $18.049,38

PROBLEMA 3.51
O tomador do empréstimo recebeu $10.000 e devolveu $12.498,02. Consideran-
do a taxa de juro de 6,2% aos 30 dias, calcule a duração dessa operação aplicando o
procedimento de equivalência de dois capitais.
R: n = 111,21 dias

PROBLEMA 3.52
O banco recebeu $8.300 para serem aplicados e devolveu $10.213,73. Se o prazo
dessa operação é 122 dias, calcule a taxa de juro com período de 31 dias aplicando o
procedimento de equivalência de dois capitais.
R: i = 5,41% aos 31 dias

EQUAÇÃO DE VALOR EQUIVALENTE


Frequentemente, uma ou mais obrigações ou direitos são trocados por outra ou
mais obrigações ou direitos equivalentes com diferentes valores e datas de ocor-
rência. Em geral, é conveniente realizar essa troca por acerto entre as partes de
uma transação financeira. Da mesma forma que foi estabelecida uma equação de
equivalência entre dois capitais de uma mesma operação financeira, também
pode-se estabelecer uma equação de equivalência entre dois grupos de capitais
de forma que um grupo de capitais financeiros substitua o outro grupo de forma
equivalente. Esse tema é desenvolvido de forma geral para uma série de capital
variável no Capítulo 8.

8
A equação de equivalência de capitais é utilizada pela calculadora financeira HP-12C e algu-
mas funções financeiras do Excel.
94 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 3.26. O cliente avisou ao fornecedor que necessita prorrogar o paga-


mento da duplicata no valor de $67.500, que vence daqui a 36 dias. Como nos
últimos dois anos o cliente tem sido bom pagador, o fornecedor concordou em
prorrogar a dívida por mais 28 dias a contar da data de vencimento da duplicata
considerando a taxa de juro de 3,2% aos 30 dias. Calcule quanto o cliente deverá
pagar na nova data.
SOLUÇÃO. Há duas formas de calcular o novo valor da dívida. No primeiro proce-
dimento, o cálculo é realizado na data de hoje, que corresponde a 36 dias antes do
vencimento original da duplicata. O valor da duplicata de $67.500 na data de hoje
na taxa de juro de 3,2% aos 30 dias é $64.996,23, resultado obtido com
$67.500
P= = $64.996,23. A prorrogação da dívida por mais 28 dias a
(1 + 0,032) 36 30
contar da data de vencimento da duplicata corresponde a pagar uma duplicata de
$69.513,88 daqui a 64 dias, resultado obtido com:

F = $64.996,23 × (1 + 0,032)64/30
F = $69,513,88

No segundo procedimento, a prorrogação da dívida por mais 28 dias a contar da


data de vencimento da duplicata corresponde a pagar uma duplicata de $69.513,88
daqui a 64 dias, resultado obtido com:

F = $67.500 × (1 + 0,032)28/30
F = $69.513,87

A diferença de $0,01 entre os resultados dos dois procedimentos do Exem-


plo 3.23 se deve ao arredondamento do primeiro resultado no primeiro proce-
dimento. Se tivessem sido utilizadas todas as casas decimais do primeiro resulta-
do, obteríamos o mesmo resultado do segundo procedimento, por exemplo,
armazenando o valor $64.996,2254 na memória da calculadora, ou utilizando o
seguinte procedimento, que abrange os dois cálculos:
$67.500
F= × (1 + 0,032)64 30
(1 + 0,032)36 30
F = $69.513,87

Ao fazer a simplificação dos expoentes dessa expressão, demonstramos a va-


lidade do segundo procedimento utilizado no Exemplo 3.23:
Capítulo 3
JUROS COMPOSTOS 95

(1 + 0,032)64 30
F = $67.500 ×
(1 + 0,032)36 30
F = $67.500 × (1 + 0,032)28/30 = $69.513,87

EXEMPLO 3.27. Para adequar o fluxo de caixa da empresa, o gerente financeiro está
pensando em solicitar ao seu fornecedor a substituição de três duplicatas futuras
vencendo em 32, 60 e 97 dias a contar de hoje com os respectivos valores de
$12.000, $17.450 e $15.320 por uma única duplicata com data de vencimento da-
qui a 85 dias, considerando a taxa de juro de 2,85% aos 30 dias. Calcule o valor des-
sa nova duplicata.
SOLUÇÃO. O valor da nova duplicata daqui a 85 dias é a soma dos valores equiva-
lentes das três duplicatas na data 85. O valor da nova duplicata é $45.623,01, resul-
tado obtido com:
F = $12.000 × (1 + 0,0285)(85 – 32)/30 + $17.450 × (1 + 0,0285)(85 – 60)/30
+ $15.320 × (1 + 0,0285)(85 – 97)/30
F = $12.610,78625 + $17.863,46388 + $15.148,75870
F = $45.623,01

Observe que as duas primeiras parcelas da expressão do Exemplo 3.27 calcu-


lam o futuro das respectivas quantias, e a terceira parcela calcula o presente, pois o
expoente é negativo, considerando a seguinte propriedade da potenciação:
$15320
.
$15.320 × (1 + 0,0285)–12/30 = = $15148
. ,75870
(1 + 0,0285)12 30

EXEMPLO 3.28. Uma dívida de $35.000 vence daqui a dois meses e será renegociada
em dois pagamentos iguais. O primeiro pagamento vence hoje, e o segundo, daqui
a três meses. Calcule o valor desses dois pagamentos considerando a taxa de juro de
3% ao mês.
SOLUÇÃO. O presente da dívida que vence daqui a dois meses é $32.990,86, resul-
tado obtido com:
$35000
.
P= = $32990
. ,86
(1 + 0,030 )2
96 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

O presente da dívida $32.990,86 é equivalente a dois pagamentos iguais, vencendo


hoje o primeiro X e daqui a três meses o segundo pagamento X, com a taxa de juro
de 3% ao mês.
X
$32.990,86 = X +
(1 + 0,03 ) 3

⎛ 1 ⎞
. ,86 = X × ⎜ 1 +
$32990 ⎟
⎝ (1 + 0,03 ) ⎠
3

Resolvendo essa equação, temos o valor dos dois pagamentos iguais X =


$17.226,33 com:

$32.990,86 = X × 1,915142
X = $17.226,33

Esse resultado também pode ser obtido construindo a equação de valor na data de
pagamento da última parcela X, daqui a três meses, desta forma:

$35.000 × 1,03 = X × 1,033 + X


$35.000 × 1,03 = X × (1 + 1,033)
$35000
. × 103
,
X = = $17.226,33
1 + 103
, 3

EXEMPLO 3.29. Continuando com o Exemplo 3.28, o devedor solicitou que fosse
elaborado um plano de forma que hoje ele pagasse um certo valor e daqui a três
meses o dobro de primeiro pagamento, mantendo inalterada a taxa de juro e consi-
derando juros compostos.
SOLUÇÃO. O cálculo é mais rápido, pois já conhecemos o presente $32.990,86 a ser
financiado. O presente $32.990,86 é equivalente a dois pagamentos, vencendo
hoje o primeiro pagamento X e daqui a três meses o segundo, com o dobro do va-
lor do primeiro (2X) à taxa de juro de 3% ao mês. A equação de valor na data de
hoje é:
2X
$32.990,86 = X +
(1 + 0,03 ) 3

⎛ 2 ⎞
$32.990,86 = X × ⎜ 1 + ⎟
⎝ (1 + 0,03 ) ⎠
3
Capítulo 3
JUROS COMPOSTOS 97

Resolvendo essa equação, temos o primeiro pagamento na data de hoje X =


$11.656,38 do qual se determina o segundo pagamento 2X = $23.312,76, que
vence daqui a três meses.
$32.990,86 = X × 2,830283
X = $11.656,38
Outra forma de resolver o problema é construindo a equação de valor equivalente
na data de pagamento da última parcela, daqui a três meses.
$35.000 × 1,03 = X × 1,033 + 2 × X
$35.000 × 1,03 = X × (2 + 1,033)
$35000
. × 103
,
X = = $11656
. ,38
2 + 103
, 3

EXEMPLO 3.30. A dívida formada pelas três parcelas – $18.000, $11.000 e $16.500 –
a serem pagas, respectivamente, em 45, 90 e 110 dias a partir da data de hoje será
substituída por duas parcelas vencendo em 62 e 100 dias. Calcule o valor das parce-
las à taxa de juro de 2,5% ao mês, sabendo que a primeira parcela é 50% maior do
que a segunda.
SOLUÇÃO. A partir da equação de valor equivalente na data de hoje, obtém-se a se-
gunda parcela X = $18.169,3361.

1,50X × (1 + 0,025)62/30 + X × (1 + 0,025)100/30 = $18.000 × (1 + 0,025)45/30 +


$11.000 × (1 + 0,025)60/30 +
$16.500 × (1 + 0,025)110/30
X × (1,50 × (1 + 0,025) 62 / 30 + 1 × (1 + 0,025) 100 / 30 ) = $42.631,8188
X = $18.169,3361

Portanto, a primeira parcela com vencimento daqui a 62 dias é $27.254,0041, e a


segunda parcela com vencimento daqui a 100 dias é $18.169,3361.

PROBLEMAS
PROBLEMA 3.53
Calcule o valor de uma nova duplicata que vencerá daqui a 151 dias e substituirá
uma duplicata de $43.560, que vencerá daqui a 151 dias, considerando a taxa de
juro de 2,75% aos 30 dias.
R: $44.717,44
98 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMA 3.54
Continuando com o Problema 3.53, suponha que a duplicata será substituída por
outras duas de mesmo valor vencendo em 95 e 180 dias. Calcule o valor dessas duas
duplicatas com a mesma taxa de juro.
R: $22.071,13
PROBLEMA 3.55
Continuando com o Problema 3.53. Agora suponha que a duplicata $43.560 será
substituída por duas duplicatas vencendo em 95 e 180 dias, porém considerando
que o valor da primeira é a metade do valor da segunda. Calcule o valor dessas duas
duplicatas com a mesma taxa de juro.
R: $14.904,93 vencendo em 95 dias e $29.809,87 vencendo em 180 dias
PROBLEMA 3.56
O fornecedor concordou em substituir quatro duplicatas do cliente vencendo em
28, 65, 92 e 120 dias a contar de hoje com respectivos valores de $9.000, $10.400,
$8.300 e $9.525 por uma única duplicata com data de vencimento daqui a 78 dias
considerando a taxa de juro de 2,5% aos 30 dias. Calcule valor da nova duplicata.
R: $37.296,25
PROBLEMA 3.57
Continuando com o Problema 3.56, suponha que as quatro duplicatas serão subs-
tituídas por três duplicatas com o mesmo valor, vencendo em 45, 78 e 115 dias.
Calcule o valor dessas três duplicatas com a mesma taxa de juro.
R: $12.442,29
PROBLEMA 3.58
Continuando com o Problema 3.56. Agora suponha que as quatro duplicatas serão
substituídas por duas duplicatas vencendo em 35 e 120 dias, porém considerando
que o valor da primeira é o dobro do valor da segunda. Calcule o valor dessas duas
duplicatas com a mesma taxa de juro.
R: $24.552,56 vencendo em 35 dias e $12.276,28 vencendo em 120 dias
PROBLEMA 3.59
A matéria-prima recebida pela empresa será paga com três duplicatas – $8.000,
$9.500 e $8.700 – vencendo em 28, 56 e 84 dias a contar de hoje. Calcule quanto
deverá aplicar hoje para realizar esses três pagamentos, considerando a taxa de juro
de 1,35% aos 30 dias.
R: $25.545,05
PROBLEMA 3.60
Continuando com o Problema 3.59, suponha que de comum acordo o fornecedor
da matéria-prima receberá numa única duplicata em 61 dias a contar de hoje. Cal-
cule o valor dessa duplicata e quanto a empresa deverá aplicar hoje para realizar esse
único pagamento, considerando a taxa de juro de 1,35% aos 30 dias.
R: Respectivamente, $26.251,15 e $25.545,05
Capítulo 3
JUROS COMPOSTOS 99

RESUMO DE FÓRMULAS
Duas taxas de juros com períodos diferentes são equivalentes se sobre o mesmo
capital unitário $1 e num determinado prazo produzirem o mesmo juro com-
posto. A taxa de juro im com período m e a taxa de juro in com período n são
equivalentes se verificarem a relação (1 + in)1/n = (1 + im)1/m, tendo os períodos
das taxas de juros a mesma unidade de tempo, por exemplo, dia, mês etc. Por-
tanto, a taxa equivalente in com período n é obtida com :

in = (1 + im)n/m – 1
n
Da equivalência F = P × (1 + i) m da operação financeira com prazo n e dois
capitais com taxa de juro i com período m deduz-se que:

n
— Para calcular o futuro, aplica-se F = P × (1 + i) m .
F
— Para calcular o presente, aplica-se P = n
sendo o denominador
(1 + i) m
maior do que zero.9
m
⎛F⎞n
— Para calcular a taxa de juro, aplica-se i = ⎜ ⎟ − 1.
⎝P⎠
⎛F⎞
lg ⎜ ⎟
⎝P⎠
— Para calcular o prazo, aplica-se n = m × . No Apêndice 3.2 deste
lg (1 + i)
capítulo é apresentada uma revisão de logaritmo.
lg (1 + i)
— Embora na prática não seja utilizada, vale registrar m = n × .
⎛F⎞
lg ⎜ ⎟
⎝P⎠
Se o período da taxa de juro for a unidade de tempo das capitalizações, ou
m = 1, as fórmulas anteriores se convertem nas da equivalência F = P × (1 + i)n
da operação financeira com dois capitais e taxa de juro i com período igual ao
prazo de geração dos juros.

9
Em geral, nos cálculos financeiros, o valor (1 + i) é maior que zero. Entretanto, se esse resulta-
do for zero, pois i = –1, o cálculo de P não será possível ao tentar dividir por zero.
100 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Apêndice 3.1

Juros Compostos com


Taxa Variável de Juro
Nos exemplos e problemas propostos no regime de juros compostos, a geração
de juros durante o prazo da operação foi realizada com taxa de juro constante.
Neste Apêndice, é apresentado o mesmo tema de juros compostos, porém com
taxa variável de juro, mantendo as premissas de ambiente de certeza e ausência
de oportunidades de arbitragem. É um procedimento mais abrangente que in-
clui o da taxa de juro constante.

EXEMPLO 3.31. Foram investidos $10.000 num fundo de investimento durante três
meses com as taxas de rentabilidade mensais de 2%, 2,4% e 1,8%. Calcule a taxa to-
tal de rentabilidade no prazo do investimento considerando o regime de juros
compostos.
SOLUÇÃO. O investimento de $10.000 durante um mês à taxa de juro de 2% ao mês
gerou o juro $200 que, junto com o capital inicial de $10.000, foi reinvestido na
mesma data, com a taxa de juro de 2,4% ao mês. No final do segundo mês, o inves-
timento de $10.200 mais o juro, $244,80, calculado à taxa de juro de 2,4%, foram
reinvestidos na mesma data com a taxa de juro de 1,8% ao mês. No final do terceiro
mês, o investimento de $10.444,80 à taxa de juro de 1,8% ao mês gerou o valor fi-
nal $10.632,81. A partir do capital investido, $10.000, e do valor resgatado,
$10.632,81, é calculada a taxa total de rentabilidade, igual a 6,328%, aos três meses,
resultado obtido com:
F
i= −1
P
$10.632,81
i= − 1 = 0,063281
$10.000
O procedimento de cálculo do Exemplo 3.31 para obter o resgate da opera-
ção no regime de juros compostos com taxa variável é um pouco demorado, e
até cansativo, sendo conveniente desenvolver um procedimento analítico. Par-
tindo do futuro do terceiro reinvestimento do Exemplo 3.31 que se repete,
$10.632,81 = $10.444,80 × (1 + 0,018), o resultado $10.444,80 é o resgate do
Apêndice 3.1
JUROS COMPOSTOS COM TAXA VARIÁVEL DE JURO 101

segundo investimento, obtido com $10.444,81 = $10.200 × (1 + 0,024), que,


substituído no cálculo anterior, se tem:

$10.632,81 = $10.200 × (1 + 0,024) × (1 + 0,018).

Substituindo o primeiro resgate $10.200 = $10.000 × (1 + 0,02) no anterior


temos:

$10.632,81 = $10.000 × (1 + 0,02) × (1 + 0,024) × (1 + 0,018).

De forma geral, essa expressão pode ser substituída pela seguinte:

F = P × (1 + i1) × (1 + i2) × (1 + i3)

Portanto, se durante o prazo da operação financeira com juros compostos


forem gerados n juros com taxa variável de juro com período igual ao período
de geração dos juros temos:

F = P × (1 + i1) × (1 + i2) × (1 + i3) ×  × (1 + ij) ×  × (1 + in)

Essa equivalência também pode ser representada com o símbolo produ-


n
tório,10 substituindo o produto dos n fatores ∏ (1 + ij) = (1 + i1) × (1 + i2) × 
j=1

× (1 + ij) ×  × (1 + in). Depois dessa substituição temos:


n
F = P × ∏ (1 + i j )
j=1

Observe que o produto dos n fatores pode ser representado pela taxa total de
juro i igual a 1 + i = (1 + i1) × (1 + i2) ×  × (1 + in). Dessa maneira, a equivalên-
cia F = P × (1 + i1) × (1 + i2) × (1 + i3) ×  × (1 + in) se transforma em F = P × (1 +
i) sendo o período da taxa total de juro i igual ao prazo da operação, ou igual à
soma dos períodos das n taxas de juro. Ou seja, na sua essência, o cálculo de F é
realizado com F = P × (1 + i), conforme desenvolvido no Capítulo 1. Continuan-
do, a partir da equivalência que relaciona P, F e as taxas de juro deduz-se que:

10
No Apêndice 3.4 deste capítulo é apresentada a revisão do símbolo Produtório.
102 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

— O cálculo do futuro da operação é F = P × (1 + i1) × (1 + i2) ×  × (1 + in)


n
= P × ∏ (1 + i j )
j=1

— O cálculo do presente da operação é


F F
P= =
(1 + i 1 ) × (1 + i2 ) ×  × (1 + i n ) n
∏ (1 + i j )
j=1

— Cálculo da taxa de juro. Se P e F da operação forem conhecidos, o cál-


culo da taxa total de juro ou de apenas uma das n taxas de juro poderá ser
realizado sem dificuldade. Entretanto, para calcular as n taxas de juro si-
multaneamente serão necessárias n equações. Portanto, para calcular
simultaneamente 2, 3, ..., n taxas de juro da operação, será necessário
criar 1, 2, ..., (n – 1) novas equações que estabelecem as 1, 2, ..., (n – 1) re-
lações entre as taxas de juro da operação.

As premissas contidas numa operação financeira no regime de juros com-


postos com n taxas variáveis de juro e consequentes n gerações de juros são:

— As taxas de juro entre si e seus respectivos períodos também podem ser


diferentes, com a condição de que os períodos das taxas de juro sejam
iguais aos respectivos prazos de geração dos juros.
— O capital cresce somente pela geração de juros. Durante o prazo da ope-
ração, não há nenhuma entrada nem saída de capital, havendo somente
geração de juros que são capitalizados no momento de sua geração.

EXEMPLO 3.32. Calcule o resgate do investimento de $70.000pelo prazo de quatro


meses com taxas de juros mensais de 1,25%, 1,80%, 0,78% e 2,15% no regime de
juros compostos.
SOLUÇÃO. O valor do resgate é $74.276,87, resultado obtido com:
F = P × (1 + i1) × (1 + i2) × (1 + i3) × (1 + i4)
F = $700.000 × (1 + 0,0125) × (1 + 0,018) × (1 + 0,0078) × (1 + 0,0215)
= $74.276,86665
Apêndice 3.1
JUROS COMPOSTOS COM TAXA VARIÁVEL DE JURO 103

EXEMPLO 3.33. Do investimento realizado durante 90 dias foram resgatados


$124.457,50. Calcule o capital aplicado no regime de juros compostos sabendo
que as taxas de juros foram 2,85%, 2,23% e – 0,23% aos 30 dias.
SOLUÇÃO. O valor do capital aplicado foi $118.641,996, resultado obtido com:
F
P=
(1 + i 1 ) × (1 + i 2 ) × (1 + i 3 )

$124.457,50
P=
(1 + 0,0285) × (1 + 0,0223 ) × (1 − 0,0023 )

P = $118.6419959
,

EXEMPLO 3.34. Foi feito um financiamento de $65.000 com prazo de quatro meses,
quando foi devolvido $78.325. Esse financiamento foi realizado com taxa de juro
variável cujos valores dos três primeiros meses são 5%, 4,8% e 5,1% ao mês. Calcule
a taxa de juro do quarto e último mês considerando o regime de juros compostos.
SOLUÇÃO. Começamos registrando a equivalência que permitirá calcular a taxa de
juro do quarto mês:
F = P × (1 + i1) × (1 + i2) × (1 + i3)
$78.325 = $65.000 × (1 + 0,05) × (1 + 0,048) × (1 + 0,051) × (1 + i4)
Resolvendo essa equação, temos a taxa de juro do quarto mês igual a 4,19% ao
mês:
$78.325
= 1+ i 4
$65000
. × 105
, × 1048
, × 1051
,

i 4 = 0,0419185

TAXA TOTAL DE JURO


A relação F/P de qualquer operação financeira com dois capitais é igual a (1 + i),
sendo i a taxa efetiva de juro com período igual ao prazo da operação. Aplican-
do o mesmo conceito na operação no regime de juros compostos com n capita-
lizações e taxa variável de juro temos:
F
= (1 + i1) × (1 + i2) ×  × (1 + in)
P
104 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

A expressão anterior pode ser reescrita assim:

1 + i = (1 + i1) × (1 + i2) ×  × (1 + in)


n
1 + i = ∏ (1 + i j )
j=1

Pondo em evidência a taxa total de juro i, tem-se:

i = (1 + i1) × (1 + i2) ×  × (1 + in) – 1


n
i = ∏ (1 + i j ) − 1
j=1

EXEMPLO 3.35. Calcule a taxa de juro durante os dois anos do Exemplo 3.32.
SOLUÇÃO. A taxa de juro total é 6,11% aos quatros meses, resultado obtido com:

1 + i = (1 + 0,0125) × (1 + 0,018) × (1 + 0,0078) × (1 + 0,0215)


i = 1,0610981 – 1 = 0,0610981

EXEMPLO 3.36. As rentabilidades mensais de um investimento durante três meses


seguidos foram, respectivamente, 2,5%, i2=? e 3,2% ao mês. Calcule a rentabili-
dade do segundo mês sabendo que a rentabilidade total durante os três meses foi
de 5 % no regime de juros compostos.
SOLUÇÃO. A rentabilidade do segundo mês foi de – 0,74% ao mês, resultado obtido
com
(1 + 0,025) × (1 + i2) × (1 + 0,032) = 1 + 0,05

105
,
i2 = − 1 = − 0,0074
1025
, × 1032
,

PROBLEMAS
PROBLEMA 3.61
Uma aplicação realizada durante três dias úteis seguidos foi realizada com as taxas
diárias: 0,1%, 0,098% e 0,096%. Calcule a taxa acumulada durante os três dias no
regime de juros compostos.
R: i = 0,294288% aos três dias úteis
Apêndice 3.1
JUROS COMPOSTOS COM TAXA VARIÁVEL DE JURO 105

PROBLEMA 3.62
O excesso de caixa da empresa de $18.000 foi aplicado em um fundo durante 5 dias
com a taxa de juro de 0,3% aos 5 dias. Em seguida, o valor resgatado foi reaplicado
em renda fixa durante 8 dias com taxa de juro de 0,48% aos 8 dias. Finalmente, o
valor resgatado da aplicação em renda fixa foi aplicado durante 12 dias com taxa de
juro de 0,75% aos 12 dias. Calcule o resgate dessa operação.
R: F = $18.276,71
PROBLEMA 3.63
Continuando com o Problema 3.62, calcule a taxa total de juro dessa operação.
R: i = 1,5373% aos 25 dias
PROBLEMA 3.64
Foram aplicados $760.000 durante dez dias com taxa de juro total de 0,8%. O valor
resgatado foi reaplicado durante 6 dias com taxa de juro total de 0,4%. O valor res-
gatado da segunda aplicação foi reaplicado durante 12 dias com taxa de juro total
de 1,05%. A quarta aplicação foi realizada durante 7 dias com taxa de juro total de
0,5%. Calcule a taxa de juro e o resgate no final da quarta aplicação.
R: i = 2,78% aos 35 dias, e F = $781.106,44
PROBLEMA 3.65
A empresa aplicou $100.000 durante sete meses seguidos em duas operações, ten-
do resgatado o valor de $118.365,20. Se a taxa de juro durante os quatro primeiros
meses foi igual a 10%, calcule a taxa de juro da segunda aplicação no regime de ju-
ros compostos.
R: i = 7,60% aos três meses
PROBLEMA 3.66
A empresa aplicou $25.000 durante três meses tendo conseguido as seguintes taxas
de juros mensais: no primeiro mês 2,8%, no segundo mês 4,7% e no último mês
3,76%. Calcule a taxa total de juro e o resgate no regime de juros compostos.
R: i = 11,678548% aos 3 meses; F = $27.919,64
PROBLEMA 3.67
Foram aplicados $29.000, e, depois de 15 meses, foram resgatados $35.570,20. Sa-
bendo que a taxa de juro total dos dez primeiros meses foi igual a 16%, calcule a
taxa de juro dos cinco meses restantes no regime de juros compostos.
R: i = 5,74% aos 5 meses
PROBLEMA 3.68
Uma aplicação realizada durante quatro meses teve as seguintes taxas de juros men-
sais: 3,15%, 2,94%, – 2,05% e 3,22%. Calcule a taxa total de juro durante os quatro
meses da operação no regime de juros compostos.
R: i = 7,35% aos quatro meses
106 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMA 3.69
Foram mantidos $10.000 em caderneta de poupança durante dez meses seguidos.
Analisando a quantia resgatada, foi verificado que a taxa total de juro da operação foi
9,65% aos dez meses. Calcule a taxa de juro dos últimos quatro meses sabendo que a
taxa de juro total durante os primeiros seis meses da operação foi 5,33% aos seis meses.
R: i = 4,10% aos quatro meses
PROBLEMA 3.70
Foram aplicados $7.000,00 por três meses. A taxa de juro do primeiro mês foi 1,88%
e do terceiro mês, 2,05%. Calcule a taxa de juro do segundo mês sabendo que no fi-
nal do terceiro mês foi resgatado $7.378,96 no regime de juros compostos.
R: i = 1,39% ao mês

PRAZO DE GERAÇÃO DO JURO DIFERENTE


DO PERÍODO DA TAXA DE JURO
A equivalência F = P × (1 + i1) × (1 + i2) ×  × (1 + ij) ×  × (1 + in) relaciona os
capitais com n taxas de juros diferentes no regime de juros compostos com a ca-
racterística de que o período de cada uma das n taxas de juros coincida com o
prazo do cálculo do juro correspondente. Entretanto, de maneira geral, os pe-
ríodos de geração dos juros podem ser diferentes entre si e diferir, também, dos
períodos das taxas de juros correspondentes. Dessa maneira, considerando que
cada taxa de juro ij tem período mj e sendo tj o período de geração do juro cor-
respondente à taxa ij, a equivalência anterior passa a ser:
t1 t2 tj tn
mj
F = P × (1 + i 1 )m 1 × (1 + i2 )m2 ×  × (1 + i j ) ×  × (1 + i n )m n

EXEMPLO 3.37. Calcule o resgate de um investimento de $100.000 pelo prazo de seis


meses no regime de juros compostos com as seguintes taxas de juros e prazos de cálculo
dos juros: nos dois primeiros meses, o capital foi investido à taxa de 1,5% ao mês; nos
três meses seguintes, o capital e os juros foram investidos à taxa de 12% ao semestre; no
último mês, o capital e os juros foram investidos à taxa de 6% ao trimestre.
SOLUÇÃO. O resgate é $111.167,13, resultado obtido com:
t1 t2 t3
F = P × (1 + i 1 ) m1
× (1 + i 2 ) m2
× (1 + i j ) m3

2 3 1
F= $100.000 × (1 + 0,015) 1 × (1 + 0,12) 6 × (1 + 0,06 ) 3 = $111.167,13
Apêndice 3.1
JUROS COMPOSTOS COM TAXA VARIÁVEL DE JURO 107

EXEMPLO 3.38. Calcule o capital investido pelo prazo de 92 dias no regime de juros
compostos cujo resgate foi de $87.615, com as seguintes taxas de juros e prazos de
cálculo dos juros: nos primeiros 25 dias, o capital foi investido com a taxa de juro
de 1,8% aos 30 dias; depois, nos 44 dias seguintes, o capital e os juros foram investi-
dos com a taxa de juro de 3,9% aos 61 dias, e nos 23 últimos dias o capital e os juros
foram investidos à taxa de juro de 22% aos 365 dias.
SOLUÇÃO. O capital aplicado é $82.926.85, resultado obtido com:

F
P= t1 t2 t3
(1 + i 1 ) m1
× (1 + i 2 ) m2
× (1 + i n ) m3

$87.615
F= 25 44 23
= $82926
. ,85
(1 + 0,018 ) 30 × (1 + 0,039 ) 61 × (1 + 0,22) 365

LIGANDO OS CONCEITOS
Na equivalência da operação financeira com dois capitais no regime de juros
compostos com taxa variável de juro, cada taxa de juro ij tem período mj sendo tj
o prazo de cálculo do juro correspondente à taxa ij:
t1 t2 tj tn
mj
F = P × (1 + i 1 )m 1 × (1 + i2 )m2 ×  × (1 + i j ) ×  × (1 + i n )m n

Se as n gerações de juro tiverem o mesmo prazo t e a mesma taxa de juro i


com o mesmo período m temos:
t t t
F = P × (1 + i )m × (1 + i )m ×  × (1 + i )m

n vezes

Se ainda o prazo de geração dos juros t for igual ao período da taxa de juro
m, t = m:

F = P × (1 + i ) × (1 + i ) ×  × (1 + i )

n vezes
F = P × (1 + i)n
108 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMAS
PROBLEMA 3.71
Calcule o resgate de um investimento de $60.000 pelo prazo de quatro meses com ta-
xas de juros mensais de 1,5%, 1,20%, 0,65% e 1,92% no regime de juros compostos.
R: F = $63.222,40

PROBLEMA 3.72
Um investimento foi realizado durante 120 dias com as taxas de juros de 2,2%,
1,9%, 1,75% e – 0,45% aos 30 dias. Calcule o capital aplicado no regime de juros
compostos sabendo que foram resgatados $76.524,30.
R: P = $72.543,52

PROBLEMA 3.73
Do financiamento de $20.000 com prazo de quatro meses quando foram devolvi-
dos $25.000. Esse financiamento foi realizado com taxa de juro variável, cujos va-
lores dos dois primeiros meses são 4% e 5,2% ao mês, e do quarto mês, 5,5% ao
mês. Calcule a taxa de juro do terceiro mês considerando o regime de juros com-
postos.
R: i3 = 8,30% ao mês

PROBLEMA 3.74
Calcule o resgate de um investimento de $130.000 pelo prazo de nove meses no
regime de juros compostos, com as seguintes taxas de juros e prazos de cálculo dos
juros: nos dois primeiros meses, o capital foi investido à taxa de 1,6% ao mês; nos
três meses seguintes, o capital foi investido à taxa de 13% ao semestre; no sexto
mês, o capital foi investido à taxa de 6% ao trimestre, e, nos últimos três meses, o
capital foi investido à taxa de 4,4% ao bimestre.
R: F = $155.151,52

PROBLEMA 3.75
Calcule o capital colocado num investimento cujo resgate foi de $101.520 pelo
prazo de 122 dias no regime de juros compostos com as seguintes taxas de juros e
prazos de cálculo dos juros: nos primeiros 35 dias, o capital foi investido com a taxa
de juro de 2% aos 30 dias; nos 45 dias seguintes, o capital foi investido com a taxa de
juro de 4% aos 60 dias; nos 30 dias seguintes, o capital foi investido com a taxa de juro
de 7% aos 91 dias; e, nos 12 últimos dias, o capital foi investido com a taxa de juro de
20% aos 360 dias.
R: P = $93.630,37
Apêndice 3.2
LOGARITMO 109

Apêndice 3.2

Logaritmo

DEFINIÇÃO DE LOGARITMO
Seja o número a maior que zero. O logaritmo de a em base b é igual a c, se a base
b elevada ao valor c for igual ao valor a, ou com fórmulas lgba = c se bc = a. Por
exemplo:
— O logaritmo do número a = 100 em base b = 10 é igual a 2, resultado ob-
tido com lg10100 = 2, pois a base b = 10 elevada ao resultado c = 2 é igual a
100, resultado obtido com 102 = 100.
— O logaritmo do número a = 16 em base b = 2 é igual a 4, resultado obtido
com lg216 = 4, pois a base b = 2 elevada ao resultado c = 4 é igual a 16, re-
sultado obtido com 24 = 16.

LOGARITMO DE UM NÚMERO
Em finanças são utilizados o logaritmo decimal e o logaritmo natural, também
conhecido como logaritmo neperiano.11
— Quando a base é o número e = 2,718281828..., o logaritmo também
prescinde do índice da base e. Registra-se simplesmente como ln 25, que
deve ser entendido como logaritmo natural (ou neperiano) do número
25 em base e. O cálculo do logaritmo natural realizado com a calculadora
financeira HP-12C utiliza a tecla [LN], que é ativada depois de pressionar
a tecla [g]. Por exemplo, o logaritmo de 25 em base e é 3,218876, resulta-
do obtido com:
[CLx]
25 [g] [LN] → 3,218876.
O que também pode ser calculado com a planilha Excel utilizando a fun-
ção LN. Se numa célula vazia de uma planilha Excel for registrada a
fórmula = LN(25), ela retornará o resultado 3,218876.

11
Recebeu esse nome em homenagem a John Napier, matemático escocês inventor dos loga-
ritmos.
110 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

— Quando a base do sistema de logaritmos é 10, o símbolo de logaritmo


prescinde do índice 10 e se registra simplesmente como log 25, que deve
ser entendido como logaritmo do número 25 em base 10. O cálculo do
logaritmo pode ser realizado utilizando a Tábua de Logaritmos ou uma
calculadora com a função logaritmo decimal, que a HP-12C não tem.
Entretanto, é possível utilizar o logaritmo natural considerando a fórmula
de conversão para calcular o logaritmo do número N em base a e utilizan-
lg N
do somente logaritmo em base b lg a N = b . No nosso caso, como
lg b a
somente temos o recurso do logaritmo natural, o lg1025 é calculado com
lg 25
a fórmula: lg 10 25 = e = 1,397940.
lg e 10

Esse resultado pode ser obtido com a planilha Excel utilizando a função
LOG10. Se numa célula vazia de uma planilha Excel for registrada a fórmula =
LOG10(25), ela retornará o resultado 1,39794.

NÚMERO DE UM LOGARITMO
É o procedimento inverso, o cálculo do número cujo logaritmo é conhecido
numa determinada base é denominado antilogaritmo e utiliza a definição do lo-
garitmo. Por exemplo:
— Calcule o número cujo logaritmo em base 10 é 1,39794. Pela definição
de logaritmo, se verifica que 101,39794 = 25. Esse resultado pode ser con-
firmado com a calculadora financeira HP-12C, como segue:
[CLx] 10 [Enter]
1,39794 [yx] → 25.
Esse resultado também pode ser obtido com a planilha Excel. Se numa
célula vazia de uma planilha Excel for registrada a fórmula =10^1,39794,
ela retornará o resultado 25.
— Calcule o número cujo logaritmo em base e é 3,218876. Pela definição
de logaritmo, se verifica que e3,218876 = 25. Esse resultado pode ser confir-
mado com a calculadora financeira HP-12C utilizando a tecla [ex], que é
ativada depois de pressionar a tecla [g], como segue:
[CLx] 3,218876
[g] [ex] → 25.
Apêndice 3.2
LOGARITMO 111

Lembre-se de que pequenas diferenças poderão ocorrer devido ao


arredondamento do número de casas decimais.
Esse resultado também pode ser obtido com a planilha Excel utilizan-
do a função EXP. Se numa célula vazia de uma planilha Excel for regis-
trada a fórmula = EXP(3,218876), ela retornará o resultado 25.

PROPRIEDADES DO LOGARITMO
São apresentadas algumas propriedades sem demonstração.
— O logaritmo do número 1 em qualquer base é igual a zero, pois base0 = 1
— O logaritmo do número igual à base é um, por exemplo, ln e = 1 ⇒ e1 = e.
— Propriedade do logaritmo de um produto: o logaritmo de um produto é
igual à soma dos logaritmos dos fatores que compõem a operação, log(a × b)
= log(a) + log(b). Por exemplo, log(4 × 3) = log(4) + log(3), operando
com a base 10 se tem: log(12)=1,079181; log(4)=0,602060 e log(3)=
0,477121. Observe que a soma dos dois últimos logaritmos é igual ao lo-
garitmo de 12. Essa propriedade operacional, como também as seguintes,
se aplicam para qualquer base de logaritmo.
— Propriedade do logaritmo de um cociente: o logaritmo de um cociente é
o resultado da diferença do logaritmo do numerador e do denominador,
log(a/b) = log(a) – log(b). Por exemplo, log(6 ÷ 2) = log(6) – log(2), ope-
rando com a base 10, log(3)=0,477121, log(6)=0,778151 e log(2)=
0,301030. Observe que a diferença dos dois últimos logaritmos é igual ao
logaritmo de 3.
— Propriedade do logaritmo de uma potência: o logaritmo de uma potência é
igual ao resultado de multiplicar o expoente pelo logaritmo da base da po-
tência, log(ab) = b × log(a). Por exemplo, log(23) = 3 × log(2), operando
com a base 10, resulta em: log(8)=0,903090 e log(2)=0,301030. Observe
que multiplicando por 3 o último logaritmo, temos o logaritmo de 8.

EXEMPLO 3.39. Durante oito meses seguidos, foram aplicados $6.000 com taxa de
juro constante de 1,20% ao mês. Calcule o valor do resgate considerando o regime
de juros compostos.
SOLUÇÃO. O resgate dessa operação será obtido com:
F = P × (1 +i)n
112 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Aplicando logaritmos nos dois membros se tem:


log(F) = log(P) + log((1 +i)n)
log(F) = log(P) + n × log(1 +i)
Substituir os dados do problema na última fórmula, com arredondamento do loga-
ritmo com 6 casas decimais, produz o seguinte:

Base 10 Base e
log(F) = log(6.000) + 8 × log(1,012) log(F) =ln(6.000) + 8 × ln(1,012)
log(F) = 3,778151 + 8 × 0,005181 = 3,819599 log(F) = 8,699514 + 8 × 0,011929 = 8,794946

O resultado do resgate obtido com logaritmo base 10 é F = $6.600,84 e F =


$6.600,80 com logaritmo na base e resultados obtidos a seguir. O resultado deveria
ser F = $6.600,7814, que não foi totalmente alcançado devido aos arredondamen-
tos realizados nos cálculos intermediários.

Base 10 Base e
F= 103,819599 F = e8,794946
F = 6.600,84 F = 6.600,80
Apêndice 3.3
TÁBUA FINANCEIRA 113

Apêndice 3.3

Tábua Financeira

Antes das calculadoras científicas e financeiras, os cálculos financeiros eram rea-


lizados com ajuda das tábuas financeiras, que facilitavam os cálculos com expo-
nenciais e logaritmos. É importante considerar que nessa época os analistas ti-
nham total conhecimento das fórmulas matemáticas que o leitor está estudando
neste livro. As tábuas financeiras das operações com dois capitais no regime de
F
juros compostos são construídas a partir da equivalência = (1 + i) n , que tem
P
apenas três variáveis que facilitam a construção de uma tábua de dupla entrada,
em que o primeiro membro é a relação dos valores monetários da operação e o
segundo membro depende apenas de i e n, com períodos de tempo coerentes,
como mostra a tabela seguinte.

n i = 1% 2% 3% 4% 5% 6%
1 1,0100 1,0200 1,0300 1,0400 1,0500 1,0600
2 1,0201 1,0404 1,0609 1,0816 1,1025 1,1236
3 1,0303 1,0612 1,0927 1,1249 1,1576 1,1910
4 1,0406 1,0824 1,1255 1,1699 1,2155 1,2625
5 1,0510 1,1041 1,1593 1,2167 1,2763 1,3382
6 1,0615 1,1262 1,1941 1,2653 1,3401 1,4185
7 1,0721 1,1487 1,2299 1,3159 1,4071 1,5036
8 1,0829 1,1717 1,2668 1,3686 1,4775 1,5938
9 1,0937 1,1951 1,3048 1,4233 1,5513 1,6895
10 1,1046 1,2190 1,3439 1,4802 1,6289 1,7908

As colunas da Tábua Financeira registram valores de taxa de juro i, e as li-


nhas, o número de capitalizações n. As intersecções das linhas e colunas regis-
tram o fator de acumulação (1 + i)n correspondente a $1 de capital inicial e cujo
resultado é igual à relação P/F da mesma operação com juros compostos que
medem o futuro F por unidade $1 de capital inicial ou presente. O Exemplo
3.40 mostra como utilizar a Tábua Financeira.
114 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 3.40. Foram investidos $10.000 durante três meses com a taxa de juro de
2% ao mês e pagamento mensal de juro. Calcule o resgate no regime de juros com-
postos.
SOLUÇÃO. Com a taxa de juro i = 2% e o número de capitalizações n = 3 da Tábua
Financeira anterior, se obtém a relação P/F igual a 1,0612, que mede o futuro F
por unidade $1 de capital inicial da operação com juros compostos. O resgate é
$10.612,00, resultado obtido com:

F = $10.000 × 1,0612 = $10.612,00

O resultado exato do Exemplo 3.40 é $10.612,08 como foi feito no Exem-


plo 3.1 deste capítulo. A diferença de $0,08 devida ao número de casas decimais
da Tábua Financeira utilizada mostra que a vantagem operacional da Tábua
Financeira nesse caso fica comprometida pela exatidão do resultado devido ao
número insuficiente de casas decimais. Portanto, antes de construir ou utilizar
uma Tábua Financeira, deve ser verificado o grau de exatidão necessário para
obter resultados.

EXEMPLO 3.41. Os capitais inicial e final de uma operação financeira são, respectiva-
mente, $10.000 e $12.388,25. Calcule a taxa de juro trimestral dessa operação com
prazo de um ano no regime de juros compostos.
SOLUÇÃO. Com os dados P = $10.000 e F = $12.388,25 temos a relação F/P =
1,2388, que é o resultado do fator de acumulação (1 + i)4 para n = 4 e taxa de juro i
desconhecida. Na linha n = 4 da Tábua Financeira anterior, o resultado da relação
F/P = 1,2388 não está registrado, porém, se conhecem dois valores contíguos, o
menor anterior, 1,2155, para i = 5%, e o maior seguinte, 1,2625, para i = 6%. Esses
resultados mostram que a taxa de juro procurada se encontra no intervalo 4% < i <
5%. Realizando uma interpolação linear entre esses valores limites, temos i =
5,4957% ao trimestre, resultado obtido com:
1,2388 − 1,2155
i = 5% + = 5,49574%
1,2625 − 1,2155

Enquanto o resultado da taxa de juro do Exemplo 3.41 obtido com a Tábua


Financeira é 5,49574%, o resultado exato é 5,5% ao trimestre, como você pode
Apêndice 3.3
TÁBUA FINANCEIRA 115

verificar utilizando a fórmula correspondente. O erro é causado pela interpola-


ção linear utilizada, pois a relação entre os capitais da operação financeira no re-
gime de juros compostos não é linear. Mais um caso que mostra que a vantagem
operacional da Tábua Financeira fica comprometida pela exatidão do resultado.
Portanto, mais uma vez, antes de construir ou utilizar uma Tábua Financeira,
verifique o grau de exatidão necessário para obter resultados. O capítulo “Tá-
buas” apresenta a Tábua Financeira do fator de acumulação (1 + i)n.
116 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Apêndice 3.4

Símbolo Produtório

Suponha uma sucessão de n termos a0, a1, a2, ..., aj, ..., an, onde os aj são os termos
da sucessão e aj e aj+1 são termos sucessivos12. O produto dos termos consecutivos
de uma sucessão, por exemplo, a0 × a1 × a2 × ... × aj × ... × an pode ser representado
utilizando o símbolo ∏,13 denominado sinal de produtório. O produto dos ter-
n
mos sucessivos dessa sucessão pode ser representada pelo produtório ∏ a j , onde a
j=1

expressão j = 1 registrada abaixo do símbolo é o limite inferior do produtório, e a


expressão n registrada acima do símbolo é o limite superior do produtório.
Vejamos alguns exemplos.
— O produto dos termos sucessivos da sucessão 1, 2, 4, 8, 16 pode ser repre-
4
sentado pelo produtório ∏ 2 j , pois aquela sucessão é formada pelos ter-
j=0

mos 20, 21, 22, 23, 24, 25. Observe que, para desenvolver o produtório
4
∏ 2 j , a variável j foi substituída sucessivamente pelos números inteiros
j=0

0, 1, 2, 3, 4, que dão origem aos termos do produtório. O número de ter-


mos do produtório pode ser obtido dos limites do produtório com a se-
guinte regra: do limite superior subtraia o limite inferior e a esse resultado
adicione o valor um.
— O produto dos termos consecutivos da sucessão (1 + i1), (1 + i2), ,
n
(1 + in) pode ser representado pelo produtório ∏ (1 + i j ).
4 j=1
— O produtório ∏ (1 + i j ), entre os limites j = 1 e j = 4, representa o produ-
j=1
to dos termos consecutivos da sucessão (1 + i1), (1 + i2), (1 + i3), (1 + i4).

No Apêndice “Símbolo Produtório” deste capítulo, que se encontra na pá-


gina do livro na Internet, o leitor pode ler mais sobre o Produtório.
12
Foi utilizado o índice j em vez do índice i, pois i é reservado para representar a taxa de juro.
13
O símbolo ∏ é a letra maiúscula grega pi.
Capítulo 4

Outras Taxas de Juro

Entre os temas desenvolvidos até agora, um dos mais fundamentais é o juro, o


preço que se deve pagar pela utilização de capital de terceiros durante um certo
período de tempo. Em vez dessa medida absoluta denominada juro, se utiliza a
taxa de juro, medida relativa que mede o preço de uma unidade monetária $1
de capital durante certo período de tempo. Assim, o juro e a taxa de juro estão
relacionados conforme o regime de capitalização escolhido – juros simples ou
juros compostos –, regimes diferenciados pelo destino dos juros gerados duran-
te o prazo da operação. Na prática financeira, o juro é calculado com outras ta-
xas de juros como as apresentadas neste e no próximo capítulo. Os dois primei-
ros temas deste capítulo tratam das operações com dois capitais, porém utilizan-
do a taxa de desconto e a taxa efetiva diária aplicada somente em dias úteis, in-
cluindo sua taxa nominal equivalente, over. O terceiro tema trata da taxa real de
juro e da taxa de indexação, que participam da formação da taxa de juro.

DESCONTO
O desconto participa de muitas operações comerciais e bancárias. Na compra
de bens do tipo TV, geladeira, roupas etc., o cliente tem mais de uma alterna-
tiva de pagamento; por exemplo, em três parcelas iguais sem acréscimo ou à
vista com 5% de desconto.1 Na negociação de compra com o fabricante de

1
No Exemplo 1.14, do Capítulo 1, é utilizada a taxa de desconto para determinar o preço de
uma mercadoria para pagamento à vista.
118 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

bens do tipo TV, geladeira, roupas etc., o lojista conhece o preço unitário de
venda do bem a ser adquirido para revenda utilizando a Margem Bruta sobre o
Custo, Markup, ou a Margem Bruta sobre o Preço, Markdown, como mostra o
Apêndice 4.1. Na forma de pagamento dos bens comprados, o lojista analisará
a melhor alternativa entre pagar numa data futura ou pagar no ato da compra
com desconto.
No mesmo ciclo comercial, o fabricante de bens acostuma manter uma car-
teira de contas a receber, com suas respectivas duplicatas. A venda a prazo num
único pagamento diferido ou em parcelas exige da empresa uma disponibilida-
de de capital2 para honrar os compromissos decorrentes da manufatura dos pro-
dutos vendidos. O planejamento inadequado das necessidades de capital, bem
como o atraso no recebimento dos clientes, pode aumentar as necessidades de
dinheiro da empresa.3 Nesse caso, a empresa antecipará esses recebimentos fu-
turos diretamente com os clientes propondo o pagamento antecipado das du-
plicatas, oferecendo uma determinada taxa de desconto. Também poderá utili-
zar a linha de desconto bancário do banco com o qual opera regularmente. Nes-
se caso, o banco proporá uma determinada taxa de desconto sobre o valor das
duplicatas. Em geral, a taxa de desconto proposta gerará divergências, pois am-
bas as partes tentam maximizar sua riqueza.

TAXA DE DESCONTO
Por que uma pessoa, seja física ou jurídica, anteciparia o pagamento de certa
quantia devida em vez de pagá-la numa data futura como tinha sido acertado?
Uma pessoa anteciparia esse pagamento se este atendesse seu objetivo de maxi-
mizar sua riqueza, por exemplo, recebendo um desconto que crie valor para a
pessoa. Seja uma transação comercial com vencimento F numa data futura que
também pode ser liquidada hoje pagando P, valor obtido com a taxa de descon-
to d sobre F:4

P = F × (1 – d)

2
A necessidade de capital para financiar as vendas é um dos itens do capital de giro da empresa.
3
Exemplos de troca de um grupo de capitais por outro com valores e datas de ocorrências dife-
rentes são apresentados em “Equação de Valor Equivalente”, no Capítulo 3, no Capítulo 6,
com série uniforme, e no Capítulo 8, com série de capital variável.
4
A taxa de desconto d é sempre positiva, pois o sinal negativo já está incluído na expressão mate-
mática.
Capítulo 4
OUTRAS TAXAS DE JURO 119

EXEMPLO 4.1. Na compra de um eletrodoméstico no valor de $600, o vendedor da


loja oferece duas alternativas de pagamento: com cartão de crédito ou à vista com
3% de desconto. Calcule o valor do pagamento à vista, pois o vencimento do car-
tão de crédito ocorrerá daqui a dez dias.
SOLUÇÃO. O comprador pagará à vista $582, resultado obtido com:
P = F × (1 – d)
P = $600 × (1 – 0,03) = $582

EXEMPLO 4.2. Necessitando equilibrar o fluxo de caixa da empresa, o gerente finan-


ceiro vendeu uma duplicata no valor de $1.035 com vencimento daqui a 29 dias.
Calcule a taxa de desconto considerando que o banco pagou $1.000 pela compra
dessa duplicata.
SOLUÇÃO. Da equivalência P = F × (1 – d) se deduz a taxa de desconto d.
P
= 1– d
F
P
d = 1–
F
A taxa de desconto é 3,38% resultado obtido com:
1000
.
d = 1–
1035
.
d = 0,0338

No Exemplo 4.1, a compra do eletrodoméstico é realizada à vista, pois o


vencimento do cartão de crédito ocorrerá a dez dias e o comprador considera
que o desconto de 3% é atrativo. Entretanto, a decisão de realizar uma compra
pagando à vista com desconto ou a prazo pagando o valor normal deve ser reali-
zada utilizando um procedimento coerente com o objetivo de maximizar a ri-
queza, como foi realizado no Exemplo 1.14 do Capítulo 1.

EXEMPLO 4.3. O pagamento da compra de mercadorias no valor de $10.000 pode


ser realizado com cheque pré-datado para 30 dias, ou à vista com desconto de 3%.
Escolha a melhor alternativa considerando que o comprador tem dinheiro para pa-
gar à vista e está aplicado à taxa de juro de 1,25% aos 30 dias.
120 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

SOLUÇÃO. Analisemos os pagamentos das duas alternativas.


— Pagamento de $9.700 no ato da compra, resultado obtido com $9.700 =
$10.000 × (1 – 0,03).
— Pagamento de $10.000 com cheque pré-datado para 30 dias da data da compra.
Como o dinheiro do comprador está aplicado à taxa de juro de 1,25% aos 30
dias, o presente do pagamento futuro de $10.000 é $9.876,54, resultado obtido
$10.000
com P = = $9.876,54.
1 + 0,0125

Comparando as duas alternativas de pagamento, o comprador deve escolher pagar


a compra à vista, pois é a alternativa com menor desembolso na data da compra.
Essa escolha criará valor para o comprador.

Os exemplos mostram que os capitais P e F da operação com taxa de des-


conto d também formam uma operação financeira com os mesmos capitais P e F
e uma única capitalização com taxa de juro i ainda com valor desconhecido, po-
rém possível de calcular. Isso mostra que na mesma operação há uma equivalên-
cia entre a taxa de desconto d e a taxa de juro i. No Exemplo 4.3, a taxa de des-
conto de 3% é equivalente à taxa de juro i = 3,093% aos 30 dias, resultado obti-
do com ($10.000 / $9.700) – 1 = 0,03093. O período da taxa de juro é determi-
nado pelo prazo medido entre a data da compra e a data de vencimento do che-
que pré-datado, 30 dias.
P
Também é interessante analisar o significado da taxa de desconto d = 1 –
F
deduzida no Exemplo 4.2. Fazendo a operação de subtração indicada:
F –P
d=
F
Observe que a taxa de desconto d, como também a taxa de juro i, depende
do juro da operação F – P. Enquanto a taxa de juro é uma medida do juro por
unidade de presente P, a taxa de desconto é uma medida do juro por unidade de
futuro F. Portanto, a taxa de desconto será sempre menor do que a taxa de juro,
ambas taxas referidas ao mesmo período.
Capítulo 4
OUTRAS TAXAS DE JURO 121

PROBLEMAS
PROBLEMA 4.1
As alternativas de pagamento de uma compra são duas: pagar o valor da compra,
$1.000, daqui a 35 dias, ou pagar à vista com taxa de desconto de 3,85% sobre o va-
lor da compra. Calcule o valor do pagamento à vista.
R: P = $961,50
PROBLEMA 4.2
A instituição financeira está aplicando a taxa de desconto de 6,2% na compra de
duplicatas com data de vencimento de 45 dias. Calcule o valor da duplicata que
será necessário negociar com a instituição para receber hoje $1.200.
R: F = $1.279,32
PROBLEMA 4.3
A duplicata de $12.545 com data de vencimento daqui a 70 dias foi negociada hoje
por $11.850. Calcule a taxa de desconto dessa operação.
R: d = 5,54%
PROBLEMA 4.4
Continuando com o Problema 4.3, calcule a taxa de desconto que deveria ser apli-
cada para receber hoje $12.000 em vez de $11.850.
R: d = 4,34%
PROBLEMA 4.5
Uma compra no valor de $2.560 pode ser paga de duas formas: o preço da merca-
doria com cartão de crédito que vence daqui a 30 dias, ou à vista, com desconto de
1%. Escolha a melhor alternativa considerando que o comprador tem dinheiro
para pagar à vista e está aplicado à taxa de juro de 1,25% aos 30 dias.
R: Comprar com cartão de crédito
PROBLEMA 4.6
Continuando com o Problema 4.5, calcule:
a) O desconto mínimo para que seja indiferente a escolha da alternativa de paga-
mento.
b) As taxas de desconto para tomar a decisão de comprar à vista.
R: a) d = 1,2346% b) d >1,2346%

EQUIVALÊNCIA TAXA DE DESCONTO E TAXA EFETIVA


Seja a operação com o futuro F na data n e o capital equivalente P na data zero
relacionados com a taxa de desconto d, como mostra o DFC da Figura 4.1. Ao
mesmo tempo, nessa operação de prazo n os capitais P e F estão relacionados
com a taxa efetiva de juro i com período m.
122 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

i,m
0 d n

P
FIGURA 4.1 Equivalência entre i e d.

A equivalência dos capitais dessa operação com a taxa efetiva i com período
n
m é F = P × (1 = i) m . Além disso, a equivalência dos capitais dessa operação com
taxa de desconto d é P = F (1 – d). Como se trata da mesma operação, pois os ca-
pitais P e F são os mesmos – seja com a taxa efetiva i com período m ou com a
taxa de desconto d, substituindo a segunda equivalência na primeira:
n
F = F × (1 – d) × (1 + i) m

Simplificando e reordenando os fatores:


n 1
(1 + i ) m =
1– d
Observe que o primeiro membro é igual a 1 + iq, sendo iq a taxa efetiva equi-
valente no prazo da operação n da taxa de juro i com período m. Nessas condi-
ções, d é uma taxa efetiva de desconto.

EXEMPLO 4.4. O pagamento da compra de diversas roupas de criança pode ser reali-
zado à vista com desconto ou com cheque pré-datado para 30 dias no valor da mer-
cadoria. Calcule a taxa de desconto mínima que o comprador deveria aceitar para
comprar à vista, considerando que tem dinheiro para realizar o pagamento à vista e
está aplicado com uma taxa de juro de 2,15% aos 30 dias.
n 1
SOLUÇÃO. Da equivalência entre a taxa de desconto e a taxa de juro (1 + i ) m =
1– d
se deduz d:
1
1– d = n
(1 + i ) m
1
d = 1− n
(1 + i ) m
Capítulo 4
OUTRAS TAXAS DE JURO 123

Como o prazo da operação n é igual ao período da taxa de juro m, ambos iguais a 30


1
dias, então a equivalência anterior passa a ser d = 1 – . Realizando a subtração
1+ i
indicada temos:
i
d=
1+ i
A taxa de desconto mínima é 2,10% para 30 dias, resultado obtido com:
0,0215
d= = 0,021047
1 + 0,0215

O resultado de 1/(1 + i) também se denomina fator de desconto, que no


Exemplo 4.4 é igual a 0,978952, resultado obtido de 1/(1 + 0,0215). Na com-
pra de $1.000 com o fator de desconto 0,978952, o pagamento à vista será de
$978,95, o mesmo resultado obtido com taxa de desconto de $1.000 × (1 –
0,021047) = $978,95.

EXEMPLO 4.5. Na operação de 25 dias foi aplicada a taxa de desconto de 4,80%. Cal-
cule a taxa de juro equivalente com período de 25 dias.
n 1
SOLUÇÃO. Da equivalência entre a taxa de desconto e a taxa de juro (1 + i ) m =
1– d
se obtém: m
⎛ 1 ⎞ n
1+ i = ⎜ ⎟
⎝1– d⎠
m
⎛ 1 ⎞ n
i=⎜ ⎟ −1
⎝1– d⎠

Como o prazo da operação n é igual ao período da taxa de juro m, ambos iguais a 25


dias, então a equivalência anterior passa a ser:
1 d
i= −1 ⇔ i=
1– d 1− d
A taxa de juro é 5,04% aos 25 dias, resultado obtido com:
0,048
i= = 0,05042
1 – 0,048
124 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 4.6. A taxa de juro da operação é 1,8% aos 30 dias. Calcule a taxa de des-
conto equivalente sabendo que o prazo da operação é de 25 dias.
SOLUÇÃO. Nesse exemplo, o prazo da operação de 25 dias é diferente do período
de 30 dias da taxa de juro. A taxa de desconto equivalente é 1,4757%, resultado ob-
tido com:
1
d = 1– n
(1 + i ) m
1
d = 1– 25
= 0,0147566
(1 + 0,018 ) 30

EXEMPLO 4.7. O pagamento da compra pode ser realizado à vista com desconto ou
pelo valor da mercadoria com cartão de crédito, cuja data de vencimento é 33 dias
depois da data da compra. Calcule a taxa de desconto mínima que o comprador de-
veria aceitar para comprar à vista, considerando que seu dinheiro está aplicado à
taxa de juro de 1,45% aos 30 dias.
SOLUÇÃO. Nesse exemplo, o prazo da operação de 33 dias é diferente do período
de 30 dias da taxa de juro. A taxa de desconto mínima é 1,57%, resultado obtido
com:
1
d = 1– n
(1 + i ) m
1
d = 1− 33
= 0,0157107
(1 + 0,0145) 30

EXEMPLO 4.8. Na compra da duplicata com vencimento em 43 dias da data de análi-


se, o banco oferece a taxa de desconto de 5,3%. Calcule a taxa de juro equivalente
com período de 30 dias.
SOLUÇÃO. A taxa de juro equivalente é 3,87% aos 30 dias, resultado obtido com:
m
⎛ 1 ⎞ n
i=⎜ ⎟ –1
⎝1– d⎠
30
⎛ 1 ⎞ 43
i=⎜ ⎟ − 1 = 0,038724
⎝ 1 – 0,053 ⎠
Capítulo 4
OUTRAS TAXAS DE JURO 125

Como o leitor acompanhou, o tema de desconto foi desenvolvido dentro


da equivalência entre a taxa de desconto e a taxa de juro equivalente. Esses re-
sultados podem ser aplicados sobre o capital inicial P ou sobre o capital final F de
uma operação com resultados monetários, como é o caso do desconto de uma
duplicata realizada por um banco. Esse tema se encontra no Apêndice “Opera-
ção de Desconto”, que se encontra na página do livro na Internet.

PROBLEMAS
Os exemplos anteriores e os seguintes também podem ser resolvidos com o mo-
delo da planilha em Excel “Taxa de Desconto”, na página do livro na Internet.

PROBLEMA 4.7
Complete a coluna d da tabela seguinte, considerando que os períodos das taxas
efetivas de juro coincidem com os prazos das respectivas operações.

Operação i d
a) 4% a.m. ?
b) 3,5% aos 35 dias ?
c) 2,75% aos 28 dias ?

R: a) d = 3,85% b) d = 3,38% c) d = 2,68%

PROBLEMA 4.8
Complete a coluna i da tabela seguinte, considerando que o prazo da operação coin-
cide com o período da taxa de juro.

Operação i d
a) ? a.m. 2,2%
b) ? aos 28 dias 3%
c) ? aos 40 dias 4,1%
d) ? 58 dias 5,6%

R: a) i = 2,25% b) i = 3,09% c) i = 4,28% d) i = 5,93%

PROBLEMA 4.9
Você tem aplicado dinheiro com taxa de juro de 2,5% aos 30 dias. Supondo que
hoje você tem de decidir a compra de um eletrodoméstico devendo escolher entre
pagar à vista com desconto de 2,5% e pagar o valor da mercadoria com um cheque
pré-datado para 30 dias da data, qual a sua melhor opção?
R: Comprar à vista
126 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMA 4.10
Continuando com o Problema 4.9, defina a taxa de desconto que recomende:
a) Pagar à vista
b) Pagar com cheque pré-datado para 30 dias
R: 1. d > 2,44%; 2. d < 2,44%

PROBLEMA 4.11
Na pesquisa de preços de um produto que você está querendo comprar, a loja
ABCD apresentou o menor preço e ofereceu as alternativas de pagamento de com-
pra à vista com 4% de desconto ou pagamento com cheque pré-datado para 30 dias
pelo valor das mercadorias. Considerando que você tem dinheiro para pagar à vista
e que ele está aplicado, calcule a taxa de juro máxima para 30 dias que permita deci-
dir pelo pagamento à vista.
R: i = 4,17% aos 30 dias

PROBLEMA 4.12
Uma compra de $1.000 poderá ser paga com cartão de crédito daqui a 30 dias sem
acréscimo nem juros, ou à vista com desconto. Calcule a taxa de desconto mínima
aceitável considerando que o comprador está conseguindo nas suas aplicações a
taxa de juro de 1,8% aos 30 dias.
R: d = 1,77%

PROBLEMA 4.13
Calcule a taxa equivalente de desconto da taxa de juro de 2,6% aos 31 dias, sabendo
que o prazo da operação é de 35 dias.
R: d = 2,8564%

PROBLEMA 4.14
A operação foi realizada com uma taxa de desconto de 3%. Calcule a taxa equi-
valente de juro com período de 30 dias sabendo que o prazo dessa operação foi
de 25 dias.
R: i = 3,7227% aos 30 dias

PROBLEMA 4.15
Na compra de um lote de vinhos importados, o dono da loja de revenda de vinhos
escolheu pagar à vista com 5% de desconto sobre o valor total da mercadoria. A al-
ternativa era pagar sem desconto depois de 60 dias da data da compra. Calcule a
taxa equivalente de juro para 30 dias.
R: i = 2,5978% aos 30 dias

PROBLEMA 4.16
Uma compra de $ 15.000 pode ser paga com cartão de crédito vencendo daqui a 35
dias ou à vista com desconto de 2% sobre o valor da mercadoria. Escolha a melhor
Capítulo 4
OUTRAS TAXAS DE JURO 127

alternativa de compra sabendo que você tem dinheiro para pagar à vista aplicado à
taxa de juros de 2% aos 30 dias.
R: Comprar à vista

PROBLEMA 4.17
Hoje você decidiu realizar uma compra que pode ser paga com cartão de crédito
que vence daqui a 32 dias ou à vista com desconto. Sabendo que seu dinheiro está
sendo remunerado com a taxa de juro de 2,2% aos 30 dias, calcule o desconto mí-
nimo sobre o valor da compra que você deveria aceitar para pagar à vista.
R: d = 2,2945%

PROBLEMA 4.18
Uma operação pode ser realizada com a taxa de juro de 2,35% aos 30 dias ou a taxa de
desconto no prazo da operação igual a 3,4242%. Calcule o prazo dessa operação.
R: 45 dias

PROBLEMA 4.19
Complete as taxas de descontos d na tabela seguinte.

Prazo da operação
i aos 30 dias 14 dias 28 dias 42 dias
1% 1,3834%
2% 1,8313%
3% 4,0538%
4% 1,8137%

TAXA DIÁRIA DE JURO CAPITALIZADA EM DIAS ÚTEIS


As operações são fechadas especificando as datas de ocorrência dos capitais, e des-
sas datas é determinada a duração da operação, por exemplo, em dias corridos uti-
lizando o ano real.5 Entretanto, as datas de ocorrência podem ser a data do desem-
bolso e a data do recebimento do dinheiro, denominadas datas de liquidação da
mesma operação que, em geral, pode gerar um prazo diferente do das datas de fe-
chamento da operação. Por exemplo, suponha que hoje, quarta-feira, foi fechada
uma operação com desembolso em D+3, no terceiro dia útil após a data de fecha-
mento D, nesse caso, a segunda-feira seguinte. Ao mesmo tempo, nesse caso, a
avaliação de operações financeiras realizadas com a taxa efetiva de juro entre as

5
Apresentado no Apêndice “Regras de Contagem de Dias Corridos” do Capítulo 2, que se en-
contra na página do livro na Internet.
128 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

datas de liquidação provocará variabilidade nessas taxas. Considerando que em


operações de curtíssimo prazo os fins de semana influem na remuneração de uma
operação, em vez de contar os dias corridos entre as datas da operação se contam
os dias úteis, DU, entre as mesmas datas. O número de dias úteis, DU, entre duas
datas é o número de dias corridos, DC, entre as duas datas menos a soma dos feria-
dos regulares (sábados e domingos) e os feriados especiais (de segunda a sexta) en-
tre as mesmas datas, excluindo o dia inicial da contagem. No mercado financeiro
brasileiro se utiliza a taxa diária de juro, conhecida como taxa Selic, ou a taxa anual
considerando somente os 252 dias úteis do ano. 6 O Apêndice “Contagem de
Dias Úteis” deste capítulo, que se encontra na página do livro na Internet, mostra
como calcular o número de dias úteis e outros procedimentos associados. Tam-
bém é mostrada a utilização dos recursos do Excel.

EXEMPLO 4.9. A taxa Selic anual do dia 8-jun.-2004 foi 15,84%. Calcule a taxa
equivalente diária.
SOLUÇÃO. Para as aplicações no mercado financeiro, em setembro de 2000, o Ban-
co Central do Brasil definiu que o número de dias úteis do ano é de 252 dias. A taxa
equivalente diária no regime de juros compostos com 252 dias úteis por ano é
0,0005837, ou 0,05837% ao dia útil, resultado obtido com:
1
i = (1 + i a ) 252 – 1
1
i = (1 + 0,1584) 252 – 1 = 0,00058366

EXEMPLO 4.10.No dia 1-fev.-2005, a operação foi fechada com a taxa diária
0,066509%. Calcule a taxa equivalente anual.
SOLUÇÃO. A taxa equivalente anual no regime de juros compostos considerando
252 dias úteis por ano é 0,1824 ou 18,24% ao ano de 252 dias úteis, resultado obti-
do com:
i = (1 + id)252 – 1
i = (1 + 0,00066509)252 – 1 = 0,1824008

6
O Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - Selic – do Banco Central do Brasil é um sis-
tema informatizado que se destina à custódia de títulos escriturais de emissão do Tesouro Na-
cional e do Banco Central do Brasil, bem como ao registro e à liquidação de operações com os
referidos títulos; veja http://www.bcb.gov.br/?SELICINTRO.
Capítulo 4
OUTRAS TAXAS DE JURO 129

Em vez de utilizar a taxa diária capitalizada em dias úteis também se utiliza a


taxa over ou simplesmente Tov, obtida como o resultado de multiplicar a taxa
diária pelo fator 30. Por exemplo, a Tov da taxa diária do Exemplo 4.10 é
1,99527%, resultado de multiplicar a taxa diária 0,066509% pelo fator 30. Da
mesma maneira, a Tov de 4,2% é equivalente à taxa diária de 0,14% ao dia útil,
capitalizada somente em dias úteis. A taxa de juro diária é uma taxa efetiva, e a
Tov é uma taxa nominal utilizada somente como referência.

EXEMPLO 4.11. A operação financeira foi fechada com taxa de 0,2% ao dia útil. Cal-
cule a taxa efetiva com período igual ao prazo da operação de 31 dias corridos e
correspondentes 23 dias úteis, a Tov e a taxa anual equivalente, considerando so-
mente os dias úteis.
SOLUÇÃO. A taxa efetiva é 4,70% aos 23 dias úteis, resultado obtido com:

i = (1 + id)23 – 1
i = (1 + 0,002)23 – 1 = 0,047026311
Como durante o prazo da operação de 23 dias úteis também ocorrem 31 dias corri-
dos, a taxa efetiva procurada é 4,70% aos 31 dias corridos, ou aos 23 dias úteis. A
Tov equivalente é 6%, resultado do produto da taxa diária 0,2% pelo fator 30. A
taxa anual é 65,45% ao ano de 252 dias, resultado obtido com:

i = (1 + id)252 – 1
i = (1 + 0,002)252 – 1 = 0,654496

A taxa de juro no prazo da operação do Exemplo 4.11 é 4,70% aos 23 dias


úteis, ou aos 31 dias corridos, ambos os resultados no regime de juros com-
postos. A taxa diária 0,2% é equivalente à taxa efetiva 4,70% aos 23 dias úteis;
e a taxa efetiva 4,70% aos 23 dias úteis é equivalente à taxa efetiva 0,1483%
ao dia corrido, obtida com i = (1 + 0,047)1/31 – 1 = 0,001483. Além disso, a
Tov = 6% é equivalente à taxa efetiva 4,70% aos 23 dias úteis ou 31 dias corri-
dos.
130 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 4.12. Foram investidos $35.000 pelo prazo de 22 dias úteis com a taxa diá-
ria de 0,15% capitalizada em dias úteis. Calcule o resgate dessa operação.
SOLUÇÃO. Como se trata de uma operação no regime de juros compostos com taxa
de juro 0,15% com período diário e 22 capitalizações em dias úteis, o resgate é
$36.173,37, resultado obtido com:
F = $35.000 × (1 + 0,0015)22
F = $36.173,3745

O procedimento de cálculo do Exemplo 4.12 ajuda a deduzir a equivalên-


cia dos capitais P e F com a taxa diária id capitalizada em dias úteis e o prazo da
operação DU em dias úteis.
F = P × (1 + id)DU

EXEMPLO 4.13. Uma aplicação foi realizada com prazo de 29 dias úteis e com taxa
diária de 0,125% capitalizada em dias úteis. Calcule quanto foi aplicado se foram
resgatados $28.543,30.
SOLUÇÃO. Da equivalência F = P × (1 + id)DU se deduz P em função das restantes
variáveis.
1
P = F× ⇔ P = F × (1 + i d ) – DU
(1 + i d ) DU

Foi aplicado $27.527,76, resultado obtido com:


P = $28.543,30 × (1 + 0,00125)–29
P = $27.527,7578

EXEMPLO 4.14. Foram resgatados $107.830 de uma aplicação de $100.000 realizada


durante 31 dias corridos e correspondentes 23 dias úteis. Calcule a taxa diária capi-
talizada em dias úteis.
SOLUÇÃO. Da equivalência F = P × (1 + id)DU se deduz i em função das restantes
variáveis.
Capítulo 4
OUTRAS TAXAS DE JURO 131
1
F ⎛ F ⎞ DU 1
= (1 + i d ) DU ⇔ ⎜ ⎟ = ((1 + i d ) DU ) DU = 1 + i d
P ⎝P⎠
1
⎛ F ⎞ DU
id = ⎜ ⎟ –1
⎝P⎠

A taxa diária capitalizada em dias úteis é 0,3283%, resultado obtido com:


1
⎛ $107.830 ⎞ 23
id = ⎜ ⎟ –1
⎝ $100.000 ⎠

id = 0,00328302

EXEMPLO 4.15. Foi recebido $1,2052449 por $1 aplicado. Calcule o prazo da opera-
ção em dias úteis considerando que a operação foi realizada com a taxa diária de
0,34% capitalizada em dias úteis.
SOLUÇÃO. Da equivalência F = P × (1 + id)DU se deduz DU em função das restantes
variáveis.

F ⎛F⎞ ⎛F⎞
= (1 + i d ) DU ⇔ lg ⎜ ⎟ = lg((1 + i d )) DU ⇔ lg ⎜ ⎟ = DU × lg (1+ i d )
P ⎝P⎠ ⎝P⎠

lg( F P )
DU =
lg(1 + i d )

O prazo da operação é 55 dias úteis, resultado obtido com:


ln(1,2052449/1)
DU =
ln(1 + 0,0034)

DU = 55

EXEMPLO 4.16. Foram investidos $67.500 pelo prazo de um ano e Tov de 6,5%. Cal-
cule o valor resgatado e a taxa efetiva anual dessa operação.
SOLUÇÃO. A Tov é o resultado de multiplicar a taxa efetiva diária pelo coeficiente
30, e vice-versa, a taxa diária efetiva é o resultado de dividir a Tov pelo coeficiente 30.
Como se trata de uma operação no regime de juros compostos com Tov de
132 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

6,5% com 22 capitalizações em dias úteis, o resgate no final do ano com 252 dias
úteis é $116.458,74, resultado obtido com:

DU
⎛ Tov ⎞
F = P × ⎜1 + ⎟
⎝ 30 ⎠
252
⎛ 0,065⎞
F = $67.500 × ⎜ 1 + ⎟
⎝ 30 ⎠

F = $67.500 × 1,72531450196 = $116.458,7385


A partir desse cálculo, do fator de acumulação 1,72531450196 é deduzida a taxa
efetiva de 72,53% aos 252 dias úteis.

O cálculo do Exemplo 4.16 ajuda a deduzir a equivalência dos capitais P e F


com a Tov capitalizada em dias úteis e o prazo da operação DU.
DU
⎛ Tov ⎞
F = P × ⎜1 + ⎟
⎝ 30 ⎠

Há situações em que a Tov é utilizada nos cálculos da forma como é recebi-


da, por exemplo, 6,3%. Nesse caso, a taxa diária é obtida de:
Tov %
id =
3.000

6,3%
id = = 0,0021
3.000

O Exemplo 4.16 também mostra que a equivalência F = P × (1 + Tov/30)DU


da operação financeira com dois capitais com taxa efetiva diária id = Tov/30
capitalizada em dias úteis no regime de juros compostos pode ser reescrita
como F = P × (1 + iq), onde iq é a taxa equivalente de id que gera a mesma relação de
capitais F/P, porém com período igual ao prazo da operação em dias corridos. Ou
seja, na sua essência, o cálculo com taxa efetiva diária capitalizada em dias úteis, e
correspondentes dias corridos no regime de juros compostos é realizado com F = P
× (1 + i), equivalência desenvolvida no Capítulo 1. Além disso, a partir dessas ex-
pressões temos a equivalência (1 + id)DU = 1+iq, sendo id e iq taxas equivalentes com
períodos em, respectivamente, dias corridos e correspondentes dias úteis.
Capítulo 4
OUTRAS TAXAS DE JURO 133

PROBLEMAS
PROBLEMA 4.20
Foram aplicados $25.000 numa operação com taxa diária de 0,2% capitalizada em
dias úteis e prazo de 33 dias corridos e correspondentes 24 dias úteis. Calcule o va-
lor do resgate.
R: F = $26.228,01

PROBLEMA 4.21
Foram resgatados $121.457,30 de uma aplicação de $105.450 com prazo de 95 dias
corridos e correspondentes 64 dias úteis. Calcule a taxa diária capitalizada em dias
úteis dessa operação.
R: id = 0,221% ao dia útil

PROBLEMA 4.22
Numa operação com Tov de 10% foram aplicados $100.000 e resgatados
$109.765,72. Calcule o prazo dessa operação em dias úteis.
R: DU = 28 dias úteis

PROBLEMA 4.23
De uma operação realizada com taxa diária de 0,195% ao dia útil foram resgatados
$185.720,65. Calcule a quantia aplicada sendo o prazo da operação de 42 dias cor-
ridos e correspondentes 33 dias úteis.
R: P = $174.156,85

PROBLEMA 4.24
Confirme a seguinte afirmação: em qualquer operação financeira realizada com
taxa diária de 0,21% ao dia útil e duração de 23 dias úteis, a relação entre o capital
inicial e o capital final é 0,95289615.

PROBLEMA 4.25
Confirme a seguinte afirmação: em qualquer operação financeira realizada com
Tov de 8% e relação de capitais F/P = 0,94560961, a duração da operação é 21 dias
úteis.

PROBLEMA 4.26
Calcule o tempo necessário para duplicar um capital aplicado com taxa diária de
0,10% ao dia útil.
R: DU = 693,49 dias úteis

PROBLEMA 4.27
A taxa Selic anual do dia 8/3/2005 informada pelo Banco Central foi 18,75% ao
ano. Calcule o fator diário, a taxa diária equivalente e a Tov.
R: Fator = 1,00068218, i = 0,068218 ao dia, Tov = 2,04654%
134 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EQUIVALÊNCIA DA TAXA DIÁRIA EM DIAS ÚTEIS E TAXA


EFETIVA EM DIAS CORRIDOS
Como o leitor terá percebido, a utilização do conceito de taxa equivalente é
bastante ampla. Por exemplo, a operação do Exemplo 4.14, com prazo de 23
dias úteis e correspondentes 31 dias corridos, foi realizada com a taxa efetiva
0,3283% ao dia útil. Também podemos dizer que essa operação foi realizada
com a taxa efetiva de 7,83% aos 31 dias corridos, resultado obtido rapidamente
dos capitais dessa operação.

EXEMPLO 4.17. A taxa Selic anual do dia 25/5/2005 informada pelo Banco Central
foi 19,75% ao ano.7 Calcule o fator diário, a taxa diária equivalente e a Tov.
SOLUÇÃO. Conhecida a taxa Selic anual ia=19,75% aos 252 dias úteis, a taxa equi-
valente i é 0,071548% ao dia útil, resultado obtido com:
1
i = (1 + 0,1975) 252 – 1= 0,00071548

O fator diário é o futuro do investimento de uma unidade monetária $1 durante


um dia útil numa determinada taxa efetiva diária. Dessa maneira, o fator diário é
1,00071548, resultado obtido com:
F 1
= (1 + 0,1975) 252
$1
F
= 100071548
,
$1
A Tov é igual a 2,1464%, resultado obtido com:

Tov = 30 × 0,00071548 = 0,0214644

Seja a operação com prazo de DC, dias corridos, e correspondentes DU,


dias úteis, cujos capitais P e F estão relacionados com a taxa diária id capitalizada
nos dias úteis da operação, e a taxa efetiva de juro i com período n capitalizada em
dias corridos, como mostra a Figura 4.2.

7
Veja na Internet http://www.bcb.gov.br/?SELICDIA.
Capítulo 4
OUTRAS TAXAS DE JURO 135

id
0 i,m DC, DU
P

FIGURA 4.2 Equivalência taxa diária id e taxa efetiva i com período m.

A equivalência dos capitais P e F com a taxa diária capitalizada somente nos


DU, dias úteis, da operação é F = P × (1 + id)DU. Da mesma maneira, a equiva-
lência dos capitais P e F com a taxa efetiva capitalizada em dias corridos durante
o prazo da operação é F = P × (1 + i)DC/m. Como esses dois futuros são iguais:

P × (1 + i)DC/m = P × (1 + id)DU

Simplificando P se tem:8

(1 + i)DC/m = (1 + id) DU

Caso seja necessário operar com Tov, é preciso substituir id por Tov/30 ou
Tov%/3.000.

EXEMPLO 4.18. A operação financeira com prazo de 25 dias úteis e correspondentes


32 dias corridos foi realizada com taxa efetiva diária de 0,29% capitalizada em dias
úteis. Calcule a taxa efetiva com período de 30 dias.
SOLUÇÃO. Da equivalência (1 + i) DC/m = (1 + id)DU se deduz a taxa efetiva i com
período m.

m ×DU
((1 + i ) DC m )m DC
= ((1 + i d ) DU )m DC
⇔ 1 + i = (1 + i d ) DC

m ×DU
i = (1 + i d ) DC –1

8
Os dois membros retornam o mesmo futuro do investimento do capital unitário $1 durante
DC, dias corridos, com a taxa efetiva i com período m em dias corridos, e durante DU, dias
úteis, com a taxa efetiva diária id capitalizada em dias úteis.
136 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

A taxa efetiva é 7,02% aos 30 dias, resultado obtido com:


30 ×25
i = (1 + 0,0029 ) 32 –1
i = 0,07022658

EXEMPLO 4.19. A taxa efetiva da operação financeira é 2,50% aos 30 dias. Calcule a
taxa diária capitalizada em dias úteis considerando o prazo da operação de 31 dias
corridos e correspondentes 22 dias úteis.
DC/m
SOLUÇÃO. Da equivalência (1 + i) = (1 + id)DU se deduz a taxa diária id capita-
lizada em DU, dias úteis.
DC
((1 + i ) DC m ) 1 DU = ((1 + i d ) DU ) 1 DU ⇔ (1 + i ) m ×DU = 1 + i d

DC
i d = (1 + i ) m ×DU – 1

A taxa diária é 0,29% capitalizada em dias úteis da operação, resultado obtido com:
31
i d + (1 + 0,025) 30×22 – 1
id = 0,0348

EXEMPLO 4.20. De uma aplicação de $1.000 com taxa diária de 0,2% capitalizada em
dias úteis foi resgatado $1.042,85. Sabendo que a taxa equivalente é 4,144% aos 30
dias e o prazo de 31 dias corridos, calcule o número de dias úteis dessa operação.
SOLUÇÃO. Da equivalência (l + i)DC/m = (1 + id)DU, se deduz o número de dias
úteis, DU. Aplicando logaritmo nos dois membros temos:
DC
lg((1 + i ) DC m ) = lg((1 + i d ) DU ) ⇔ × lg(1 + i ) = DU × lg(1 + i d )
m
DC ln(1 + i )
DU = ×
m ln(1 + i d )
O número de dias úteis dessa operação é 21, resultado obtido com:

31 ln(1 + 0,04144)
DU = ×
30 ln(1 + 0,002)

DU = 21
Capítulo 4
OUTRAS TAXAS DE JURO 137

EXEMPLO 21. A operação foi fechada com Tov de 5,1% e correspondente taxa efeti-
va de 3,8957% aos 30 dias. Calcule o número de dias corridos dessa operação sa-
bendo que o número de dias úteis é 27.
DC/m
SOLUÇÃO. Da equivalência (l + i) = (l + id)DU se deduz o número de dias cor-
ridos DC. Aplicando logaritmo nos dois membros temos:
DC
lg((1 + i )DC m ) = lg((1 + id )DU ) ⇔ × lg(1 + i ) = DU × lg(1 + id )
m

ln(1 + id )
DC = m × DC ×
ln(1 + i )

O número de dias corridos, DC, dessa operação é 36, resultado obtido com:

ln(1 + 0,051 / 30 )
DC = 30 × 27 × = 36
ln(1 + 0,038957 )

EXEMPLO 4.22. A operação financeira foi realizada no dia 17-maio-2005 com taxa
Selic de 19,52% ao ano. Calcule a taxa efetiva com período de 30 dias sabendo que
o prazo da operação foi de 24 dias corridos e correspondentes 19 dias úteis.
m ×DU
SOLUÇÃO. Já foi deduzida a expressão da taxa efetiva i = (1 + i d ) DC – 1. Neste
exemplo é conhecida a taxa Selic anual, capitalizada em dias úteis, portanto
1
1 + i d = (1 + i a ) 252 . Substituindo essa expressão na anterior, temos a taxa efetiva de
1,695% aos 30 dias:
m ×DU

i = ⎛⎜⎝ (1 + i ) 252 ⎞⎟
1 DC
–1

30 ×19

i = ⎛⎜ (1 + 0,1952) 252 ⎞⎟
1 24
– 1 = 0,01694735
⎝ ⎠

O resultado dentro do parêntese maior é o fator diário9 da taxa diária que será apli-
cada durante os 19 dias úteis da operação.

9
No site do Banco Central do Brasil o leitor encontra a taxa Selic diária para essa data, o fator
diário e o fator acumulado.
138 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMAS
Os exemplos anteriores e os seguintes podem ser resolvidos com o modelo da pla-
nilha em Excel “Taxa Diária”, que se encontra na página do livro na Internet.
PROBLEMA 4.28
O investimento com prazo de 23 dias corridos e correspondentes 18 dias úteis foi
realizado com taxa efetiva de 26,50% aos 23 dias corridos. Calcule a taxa diária
com capitalizações em dias úteis da operação.
R: id =1,3145% ao dia útil
PROBLEMA 4.29
De uma aplicação de $1.000 durante 81 dias corridos e correspondentes 51 dias
úteis foram resgatados $1.147,42. Calcule a taxa diária por dia útil dessa aplicação.
R: id = 0,27% ao dia útil
PROBLEMA 4.30
Uma aplicação com prazo de 32 dias corridos e correspondentes 23 dias úteis foi
fechada com Tov de 5,68%. Calcule a taxa efetiva com período de 30 dias.
R: i = 4,16% aos 30 dias
PROBLEMA 4.31
Verifique o resultado do Problema 4.30 calculando a Tov, conhecida a taxa efetiva.
PROBLEMA 4.32
A operação com prazo de 33 dias corridos foi fechada com a taxa diária de
0,20667% com capitalizações em dias úteis. Calcule o número de dias úteis dessa
operação sabendo que a taxa efetiva é 4,862972% aos 33 dias corridos.
R: DU = 23 dias úteis
PROBLEMA 4.33
A operação com prazo de 62 dias corridos foi fechada com a taxa diária de 0,1525%
equivalente à taxa efetiva de 3,145284% aos 30 dias. Calcule o número de dias úteis
dessa operação.
R: DU = 42 dias
PROBLEMA 4.34
Suponha que a taxa diária com capitalizações em dias úteis seja igual a 0,2357% ao
dia. Calcule a taxa efetiva mensal considerando que o mês tem 31 dias corridos e
correspondentes 21 dias úteis.
R: i = 5,068% aos 31 dias corridos, ou aos 21 dias úteis
PROBLEMA 4.35
O rendimento total da caderneta de poupança foi 2,34% ao mês. Calcule a taxa
diária com capitalizações em dias úteis equivalente ao rendimento total da cader-
neta de poupança, considerando que nesse mês ocorreram 19 dias úteis.
R: id = 0,1218% ao dia útil
Capítulo 4
OUTRAS TAXAS DE JURO 139

PROBLEMA 4.36
A aplicação foi realizada com taxa efetiva de 2,8% aos 30 dias e prazo total de 98
dias e correspondentes 66 dias úteis. Calcule a taxa diária com capitalizações em
dias úteis equivalente dessa aplicação.
R: id = 0,13677% ao dia útil
PROBLEMA 4.37
Em um fundo de investimento foi aplicada uma quantia durante 20 dias úteis com
Tov constante de 5%. Calcule a taxa efetiva com período de 30 dias considerando
que durante a aplicação ocorreram 31 dias corridos.
R: i = 3,2756% aos 30 dias
PROBLEMA 4.38
Uma aplicação em renda fixa por 60 dias está sendo remunerada com taxa efetiva
de 1,9328% aos 30 dias. Ao mesmo tempo, outra aplicação está sendo oferecida
com Tov constante de 2,8729% durante o mesmo prazo. Calcule o número de dias
úteis correspondentes ao prazo da aplicação para que as duas aplicações tenham a
mesma taxa efetiva.
R: DU = 40 dias úteis
PROBLEMA 4.39
De uma aplicação de $10.000 durante 65 dias corridos foi resgatado $10.580. Se no
mesmo período ocorreram 43 dias úteis, calcule a taxa efetiva com período de 360
dias corridos.
R: i = 36,65% aos 360 dias
PROBLEMA 4.40
Continuando com o Problema 4.39, calcule a taxa equivalente de juro diária, con-
siderando DC.
R: i = 0,08677% ao DC
PROBLEMA 4.41
Continuando com o Problema 4.39, calcule a taxa equivalente de juro diária, con-
siderando DU.
R: i = 0,131203% ao DU
PROBLEMA 4.42
Uma aplicação rendeu 2,25% durante um mês. Se nesse mesmo período ocorre-
ram 21 dias úteis, calcule a Tov de outra aplicação equivalente para obter a mesma
rentabilidade.
R: Tov =3,18%
PROBLEMA 4.43
A operação financeira foi realizada no dia 25-maio-2005 com taxa Selic de 19,75%
ao ano. Calcule a taxa efetiva com período de 30 dias sabendo que o prazo da ope-
ração foi de 32 dias corridos e correspondentes 22 dias úteis.
R: i = 1,486079% aos 30 dias
140 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

INDEXAÇÃO
O capital inicial e o capital final de uma operação com dois capitais definem a taxa
efetiva de juro da operação. Essa taxa efetiva avalia a operação financeira em moe-
da corrente, pois nessa taxa estão incluídos os efeitos inflacionários a perda do poder
aquisitivo durante o prazo da operação. Por exemplo, uma parte da taxa de juro
prefixada10 de uma aplicação em renda fixa se refere à estimativa da variação de
preços (ou alguma outra referência) no prazo da operação, denominada de forma
genérica indexação. Na prática, a variação de preços é medida com índices, valores
absolutos que medem a evolução dos preços. De dois índices mensais seguidos,
por exemplo, se obtém a taxa mensal de variação desse índice. Ao mesmo tempo,
estabelecendo alguns critérios, a projeção de taxas futuras de indexação pode ser
realizada a partir de taxas anteriores, históricas. Se do capital final da operação for
retirada a indexação será obtido o capital final em moeda constante. Nesse caso, a
taxa de juro definida pelos capitais em moeda constante é a taxa real de juro da ope-
ração, que mede a remuneração do capital em moeda constante.
Lembrando um pouco nosso passado. Nos anos anteriores ao Plano Real, os
preços dos produtos e serviços aumentavam periodicamente de forma generali-
zada, chegando até a aumentos diários, processo denominado inflação. Nesse
tempo, os que estavam na ponta vendedora, fornecedores de produtos e servi-
ços, tentavam acompanhar o custo do dinheiro corrigindo periodicamente os
preços de seus produtos e serviços. Na outra ponta, os compradores, quando as-
salariados, tentavam manter o poder aquisitivo de seus salários antecipando as
compras ou por meio de outros artifícios como as aplicações de curtíssimo pra-
zo. No final de cada mês, ou antes, todos os participantes desse jogo inflacioná-
rio comparavam seus resultados com diversas taxas de inflação medidas por vá-
rias entidades com objetivos diferentes. Dessa avaliação, surgiam as perdas indi-
viduais, de grupos e consequentes tentativas de aumento e de controle de pre-
ços, reivindicações de aumento de salários etc. Toda essa vivência mostrou que
em épocas de inflação é bastante difícil manter o patrimônio.
Uma forma de medir a inflação é acompanhando a evolução periódica dos
preços, como mostra a Tabela 4.1, que registra alguns dos índices mensalmente
publicados e utilizados.11

10
No Exemplo 1.11, do Capítulo 1, é apresentado o cálculo da taxa efetiva, ou taxa líquida, de
uma aplicação prefixada.
11
Índices publicados pelo Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada no site
http://www.ipeadata.gov.br/.
Capítulo 4
OUTRAS TAXAS DE JURO 141

IGP-DI. Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna. Esse índice


da Fundação Getulio Vargas é formado pela média ponderada de três índices:
60% do Índice de Preços por Atacado (IPA), 30% do Índice de Preços ao Con-
sumidor (IPC) e 10% do Índice Nacional da Construção Civil (INCC). A cole-
ta de dados é realizada entre os dias 1o e 30 de cada mês.

IPC-Fipe. Índice de Preços ao Consumidor. Esse índice é preparado pela


Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo.
Mede a inflação das famílias paulistanas que ganham entre um e 20 salários míni-
mos.

IPCA-IBGE. Índice de Preços ao Consumidor. Esse índice é preparado


pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e reflete o custo de vida de fa-
mílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos em 11 principais regiões
metropolitanas do país.

TABELA 4.1 Índices de preços

IGP-DI IPC Geral IPCA


jan./04 293,793 239,917 2.246,43
fev./04 296,976 240,363 2.260,13
mar./04 299,746 240,648 2.270,75
abr./04 303,184 241,354 2.279,15
maio/04 307,616 242,734 2.290,77
jun./04 311,576 244,979 2.307,03
jul./04 315,113 246,417 2.328,02
ago./04 319,244 248,854 2.344,08
set./04 320,788 249,379 2.351,82
out./04 322,492 250,934 2.362,17
nov./04 325,148 252,332 2.378,47
dez./04 326,833 254,023 2.398,92
jan./05 327,915 255,456 2.412,83
fev./05 329,241 256,366 2.427,07
mar./05 332,490 258,380 2.441,87
abr./05 334,170 260,523 2.463,11
maio/05 333,321 261,481 2.475,11
jun./05 331,823 260,958 2.474,68
142 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

O cálculo mensal de um índice começa pela definição dos itens de uma ces-
ta representativa de produtos e serviços, ponderando os itens da cesta de forma
que o resultado consiga refletir o objetivo do índice. Depois é realizado o pri-
meiro levantamento dos preços dos produtos e serviços que fazem parte da
cesta. Como o preço de um mesmo produto ou serviço pode variar conforme
o local de compra, devem ser coletados diversos preços dos quais, depois de
um tratamento estatístico, será escolhido o preço mais representativo do pro-
duto e serviço da cesta. Finalmente, com os itens, quantidades e preços é cal-
culado o valor absoluto da cesta nesse mês, ou índice inicial. Em sequência,
mensalmente são coletados os preços de cada item da cesta seguindo o proce-
dimento de coleta estabelecido e o tratamento estatístico para escolha do pre-
ço mais representativo de cada produto e serviço, incluindo a retirada de efei-
tos sazonais, entressafras etc. Importante considerar que esses levantamentos
de preços são tentativas que nem sempre conseguem refletir plenamente o po-
der aquisitivo de cada família ou grupo, pois cada família ou grupo tem sua
própria inflação. Dessa maneira, o leitor poderia criar sua própria cesta de pro-
dutos e serviços registrando a evolução mensal dos preços dos produtos e ser-
viços que periodicamente costuma comprar. Em geral, os jornais e revistas
publicam as taxas de variação dos índices:

It
Taxa = –1
It – 1

Para um determinado índice I escolhido como indexador, It é o índice do


mês t e It-1 é o índice do mês anterior (t – 1). Portanto, a partir dos índices men-
sais da Tabela 4.1 se obtém as taxas mensais de variação desses índices, como
mostra a Tabela 4.2, exceto as taxas do mês jan./2004, que foram calculadas
com os índices do mês anterior que não consta na tabela de índices. Esse tema se
encontra na planilha Excel “Índices e Taxas”, que se encontra na página do li-
vro na Internet.
Os índices e suas taxas correspondentes são utilizados para corrigir valores
monetários em moeda corrente, valores nominais da data de pagamento.
Capítulo 4
OUTRAS TAXAS DE JURO 143

TABELA 4.2 Taxas de indexação

IGP-DI IPC Geral IPCA


jan./04 0,800% 0,647% 0,760%
fev./04 1,083% 0,186% 0,610%
mar./04 0,933% 0,119% 0,470%
abr./04 1,147% 0,294% 0,370%
maio/04 1,462% 0,571% 0,510%
jun./04 1,287% 0,925% 0,710%
jul./04 1,135% 0,587% 0,910%
ago./04 1,311% 0,989% 0,690%
set./04 0,484% 0,211% 0,330%
out./04 0,531% 0,624% 0,440%
nov./04 0,824% 0,557% 0,690%
dez/04 0,518% 0,670% 0,860%
jan./05 0,331% 0,564% 0,580%
fev./05 0,404% 0,356% 0,590%
mar./05 0,987% 0,786% 0,610%
abr./05 0,505% 0,829% 0,870%
maio/05 –0,254% 0,350% 0,487%
jun./05 –0,449% –0,200% –0,017%

INDEXAÇÃO DE VALORES MONETÁRIOS


Suponhamos que no dia 1/2/2005 foram financiados $1.000.000 pelo prazo de
um mês com a condição de devolver o valor recebido corrigido pelo IGP-DI.
Portanto, no dia 1/3/2005 foram devolvidos $1.004.043,73, resultado obtido
329,241
com × $1.000.000. Esse resultado também pode ser obtido com a taxa
327,915
de variação do índice tomando o cuidado de utilizar o número de casas decimais
adequado para evitar erros grosseiros de arredondamento. Outro exemplo: no
dia 1/12/2004 foi tomado um empréstimo de $1.000.000 pelo prazo de três
meses com a condição de devolver o valor recebido corrigido pelo IGP-DI. No
dia 1/3/2005, o tomador do empréstimo devolveu $ 1.012.588,11, resultado
329,241
obtido com × $1.000.000.
325,148
144 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

DESINDEXAÇÃO DE VALORES MONETÁRIOS


Assim como os índices foram utilizados para indexar preços, os mesmos índices
podem ser utilizados para desindexar preços. Por exemplo, no dia 1/3/2005 fo-
ram recebidos $503.048,94 como devolução de um empréstimo realizado no
dia 1/2/2005 considerando o IPC Geral. O valor financiado foi $500.000, re-
2.427,07
sultado obtido com × $503.048,94.
2.441,87

TAXA REAL DE JURO


Suponha que você decidiu adiar por um ano a compra de um aparelho de TV
no valor de $1.000 e aplicar esse dinheiro em renda fixa pelo prazo de um ano.
Analisemos um dos resultados possíveis depois de completar um ano da decisão
de aplicar $1.000 no lugar de comprar a TV. Como depois de um ano você res-
gatou $1.185 da aplicação de $1.000, a taxa de juro dessa aplicação é denomina-
da taxa total i = 18,50% ao ano. Ao mesmo tempo, como o preço do mesmo
aparelho de TV depois de um ano é $1.075, a taxa de variação do preço do apa-
relho de TV é j = 7,50% ao ano. Em princípio, considerando a taxa de variação
de preço j como uma medida da inflação durante esse ano, os resultados mos-
tram que o valor resgatado da aplicação permitirá comprar o aparelho de TV e
ainda sobrarão $110. Observe que $110 é o juro real obtido como resultado da
diferença do juro recebido na aplicação $185 menos o aumento dos preços $75.
Com esses dados, calculamos a taxa real de juro π = 10,23% ao ano com:
$110
= 0,1023256
$1075
.
Como interessa obter uma expressão da taxa real de juro, refazemos o cálcu-
lo anterior:
$1185
. – $1075
.
= 0,1023256
$1075
.
Definindo a taxa total i, a taxa de indexação j, a taxa real π, as três com o
mesmo período e o preço inicial igual a $1, a expressão anterior passa a ser:12

12
A taxa total também se denomina taxa nominal.
Capítulo 4
OUTRAS TAXAS DE JURO 145

(1 + i ) – (1+ j )
π=
1+ j
i– j
π=
1+ j
Essa última expressão mostra uma interpretação interessante da taxa real
medida pela diferença da taxa total e a taxa de indexação (i – j) deflacionada pela
taxa de indexação (1 + j).
Somando o valor 1 nos dois membros da expressão anterior e realizando a
soma indicada temos:
i– j 1+ i
1+ π = 1 + ⇔ 1+ π =
1+ j 1+ j
Considerando que a taxa total i, a taxa de indexação j e a taxa real π devem
ter o mesmo período, uma forma prática de utilizar essa expressão é reescreven-
do-a como segue:13

1 + i = (1 + j) × (1 + π)

EXEMPLO 4.23. A caderneta de poupança remunera à taxa de indexação mensal mais


a taxa real de juro de 6% ao ano com capitalizações mensais. Calcule o montante de
uma aplicação de $10.000 durante um mês considerando a taxa de indexação de
0,65% ao mês.
SOLUÇÃO. A taxa real de 6% ao ano é uma taxa nominal cuja taxa efetiva equivalen-
te é 0,50% ao mês.14 Com esses dados, temos a taxa total i = 1,15% ao mês, resulta-
do obtido com:

1 + i = (1 + j) × (1 + π) ⇔ i = (1 + j) × (1 + π) – 1
i = (1 + 0,0065) × (1 + 0,005) – 1 = 0,0115325

O resgate depois de um mês é $10.115,32, resultado obtido com:

F = P × (1 + i)
F = $10.000 × 1,0115325 = $10.115,325

13
Equivalência conhecida como efeito Fisher. Em 1930, Irving Fisher sugeriu que as taxas de
juro de um país ajustam-se à inflação de maneira que a taxa de juro real permaneça constante.
14
A taxa nominal é apresentada no Capítulo 5.
146 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

O Exemplo 4.23 também pode ser resolvido como segue.

— Na data do vencimento, o montante de um investimento em caderneta


de poupança começa pela determinação do capital inicial corrigido pela
taxa de indexação, ou taxa de referência (TR), no exemplo igual a 0,65%
ao mês. O capital corrigido é igual a $10.065, resultado obtido com
$10.000 × (1 + 0,0065).
— O montante final é o resultado de remunerar o capital corrigido com a
taxa real de juro. O montante final é igual a $10.115,32, resultado obtido
com $10.065 × (1 + 0,005).
— Do investimento de $10.000 em caderneta de poupança durante um mês
e do montante resgatado $10.115,32 se obtém a taxa total de juro i da
operação igual a 1,1532% ao mês.

EXEMPLO 4.24. A aplicação foi remunerada com a taxa total de juro de 18,5% ao
ano. Calcule a taxa real considerando a taxa de indexação de 12,3% ao ano.
SOLUÇÃO. Da equivalência 1 + i = (1 + j) × (l + π) se deduz a taxa real de juro.

1+ i 1+ i
1+ π = ⇔π= –1
1+ j 1+ j

A taxa real de juro da operação é 5,52% ao ano, resultado obtido com:


1 + 0,185
π= –1
1 + 0,123
π = 0,055209

EXEMPLO 4.25. A estimativa de inflação para o próximo trimestre é 1,75%. O obje-


tivo do investidor é conseguir remunerar seu investimento com a taxa real de 3%
ao trimestre. Calcule a taxa total de juro mínima para aceitar um investimento.
SOLUÇÃO. A taxa total de juro mínima é 4,8025% ao trimestre, resultado obtido
com:
1 + i = (1 + j) × (1 + π)
i = 1,0175 × 1,03 – 1 = 0,048025
Capítulo 4
OUTRAS TAXAS DE JURO 147

EXEMPLO 4.26. A aplicação realizada durante um trimestre foi remunerada com a


taxa total de juro de 6,3%. Calcule a taxa de indexação no prazo da aplicação consi-
derando que o aplicador espera uma taxa real de 3% nesse trimestre.
SOLUÇÃO. Da equivalência 1 + i = (1+j) × (1 + π) se deduz a taxa de indexa-
ção.

1+ i 1+ i
1+ j = ⇔ j= –1
1+ π 1+ π

A taxa de indexação é 3,20% ao trimestre, resultado obtido com:


1063
,
j= –1
103
,

j = 0,03203884

EXEMPLO 4.27. A operação com prazo de um ano foi fechada com a taxa total de
juro de 18,35% ao ano. Calcule a taxa real da operação considerando a taxa de in-
dexação de 23,75% ao ano.
SOLUÇÃO. A taxa real de juro é – 4,36% ao ano, resultado obtido com:

1,1835 = 1,2375 × (1 + π)
11835
,
π= – 1 = – 0,043636
1,2375

Por que a taxa real do Exemplo 4.27 é negativa? Porque a operação teve pre-
juízo, pois como a taxa de indexação é maior que a taxa nominal, a rentabilidade
total não foi suficiente para compensar a inflação. Numa fase de inflação crescen-
te, uma taxa total baixa pode gerar uma taxa real baixa e até negativa, e numa fase
de inflação decrescente, uma taxa total baixa pode gerar uma taxa real alta.

COMENTÁRIOS
Os exemplos mostraram como operar com a indexação, a taxa total de juro e a
taxa real verificando que conhecendo duas delas, a terceira taxa fica determina-
148 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

da. Na prática, é um pouco diferente, por exemplo, para um investidor interessa


garantir uma taxa real adequada para seus investimentos, pois a taxa de indexa-
ção repõe o poder de compra e a taxa total fica determinada por essas duas taxas.
Conhecer antecipadamente a indexação futura é um exercício difícil à medida
que aumenta o prazo do investimento; para o curto prazo, essa previsão é mais
fácil. Dessa maneira, em vez de tentar estimar a indexação futura, prefere-se ava-
liar as operações em moeda constante com a taxa real. Por exemplo, no Capítu-
lo 7 o leitor participará da construção de um plano para atender a necessidades
futuras, como é o caso do plano de aposentadoria complementar. Nesse desen-
volvimento, as necessidades são estimadas em moeda constante, decisão que
facilita a determinação no presente das necessidades futuras, e os cálculos fi-
nanceiros são realizados com a taxa real. Esse procedimento não prejudica a de-
terminação dos resultados nem sua avaliação, pois se é importante considerar
que o plano de aposentadoria é de longo prazo e que, apesar de ter realizado cál-
culos exatos, tanto os dados como os resultados são estimativos numa determi-
nada data. Não se deve esperar que o plano inicialmente preparado se mantenha
intacto durante esse longo prazo. A comparação periódica entre os valores pre-
vistos e os realizados ajudará a tomar a decisão de ajustar ou continuar com o
mesmo plano.
Na análise de projetos de investimento do Capítulo 9 ocorre algo pareci-
do. As estimativas relevantes do projeto de investimento são estabelecidas
em moeda constante, por exemplo, as estimativas das vendas durante o prazo
de análise do projeto não incluem correções anuais dos preços devido à in-
flação, e as variações de vendas são provenientes somente do ciclo do produ-
to e das reações do mercado. Dessa maneira, ao avaliar o fluxo de caixa de
projeto será utilizada uma taxa real. Se for utilizada uma taxa total de juro,
resultado da composição da taxa de indexação e da taxa real, o fluxo de caixa
deverá ser construído com estimativas que considerem os preços e os custos
com inflação.
Mudando um pouco de assunto. Nem sempre a informação divulgada pelos
meios de comunicação coincide com o procedimento apresentado de cálculo
da taxa real de juro. Por exemplo, a instituição financeira informa que para um
determinado período, a taxa pós-fixada de juro de um CDB é a taxa de indexa-
ção mais a taxa real de juro, ambas no mesmo período. Nesse caso, a declaração
de somar (ou subtrair) taxas de juros é apenas uma forma de expressão, pois na
prática as taxas são compostas utilizando o procedimento apresentado. Da mes-
ma maneira, a taxa real é definida como a diferença da taxa nominal menos a taxa
Capítulo 4
OUTRAS TAXAS DE JURO 149

de indexação, tendo todas as taxas o mesmo período. Nesse caso, em alguns ca-
sos, a declaração de subtrair (ou de somar) taxas de juro é posta em prática. Essa
aproximação é consequência da seguinte análise:

1 + i = (l +j) × (l +π) ⇔ 1 + i = 1 + j + π + j × π
i=j + +j×

A última expressão foi obtida da primeira. Para valores pequenos das taxas de
juro j e π, o resultado de (j × π) tenderá a zero e a taxa total será igual a i ≅ j + π.

PROBLEMAS
PROBLEMA 4.44
Suponha que a taxa de indexação do mês passado tenha sido 1,73%. No mesmo pe-
ríodo, a taxa total de um investimento foi 2,10%. Calcule a taxa real.
R: π = 0,3637% ao mês
PROBLEMA 4.45
O investidor exigiu do banco uma taxa real de 0,8% aos 30 dias. Calcule a taxa total
de juro considerando a taxa de indexação de 1,75% aos 30 dias.
R: i = 2,5640% aos 30 dias
PROBLEMA 4.46
A taxa total de juro de uma aplicação é 2,44% ao mês. Calcule a taxa de indexação
considerando que o aplicador afirma que a taxa real dessa aplicação foi 1% ao mês.
R: j = 1,4257% ao mês
PROBLEMA 4.47
No último mês, o retorno total da carteira do fundo de investimentos foi de 1,89%
aos 31 dias. Calcule a taxa real considerando a taxa de indexação de 2,2% aos 31
dias.
R: π = – 0,3033% aos 31 dias
PROBLEMA 4.48
Foi aplicado $1.000 em caderneta de poupança durante dois meses. Calcule a taxa
total considerando que as taxas de indexação foram 1,5% e 1,8% em cada mês.
R: i = 4,36285% aos 2 meses
PROBLEMA 4.49
O retorno total da aplicação por 30 dias foi 1,745%. Considerando a taxa de inde-
xação de 1,897% no mesmo período, calcule a taxa real dessa aplicação.
R: π = – 0,1492% aos 30 dias
150 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

TAXAS COM PERÍODOS DIFERENTES


No desenvolvimento da taxa real de juro foi visto que as três taxas devem ter o
mesmo período. Entretanto, há situações em que os períodos das taxas são dife-
rentes entre si, incluindo o resultado que deve ser apresentado num período di-
ferente dos períodos das taxas conhecidas. O cálculo pode ser realizado por eta-
pas utilizando taxas equivalentes, ou incluindo essa propriedade na própria
equivalência. Denominando, respectivamente, mi, mj e mπ os períodos das taxas
i, j e π expressados na mesma unidade de tempo e considerando uma operação
com prazo unitário, tem-se:
1 1 1
(1 + i ) m i = (1 + j ) m j × (1 + π ) m π

EXEMPLO 4.28. Há uma proposta para investir $450.000 pelo prazo de 365 dias com
taxa real de juro de 16,5% aos 360 dias. O investidor quer conhecer a taxa total de
juro com período de 30 dias considerando a taxa de indexação prevista para esse
prazo de 3% aos 90 dias.
SOLUÇÃO. A taxa total de juro é 2,28% aos 30 dias, resultado obtido com:

mi
⎛ 1 1

i = ⎜ (1 + j ) m j × (1 + π ) mπ ⎟ –1
⎝ ⎠

30
i = ⎛⎜⎝ (1 + 0,165) 360 × (1 + 0,03 ) 90 ⎞⎟
1 1
– 1 = 0,0228

EXEMPLO 4.29. Uma aplicação em renda fixa prefixada é oferecida com a taxa líqui-
da de 3,5% aos 62 dias. Calcule a taxa de indexação com período de 30 dias consi-
derando a taxa real esperada de 1,40% aos 60 dias.
SOLUÇÃO. A taxa de indexação é 0,974% aos 30 dias, resultado obtido com:
mj
⎛ (1 + i ) m1i ⎞
j=⎜ ⎟ –1
⎜ 1

⎝ (1 + π ) m π ⎠

30
⎛ (1 + 0,035) 621 ⎞
j=⎜ ⎟ – 1 = 0,0097415
⎜ 1

⎝ (1 + 0,014) ⎠
60
Capítulo 4
OUTRAS TAXAS DE JURO 151

EXEMPLO 4.30. O investimento realizado durante um ano foi remunerado com a


taxa total de juro de 27,8% aos 365 dias. Sabendo que a taxa média da inflação du-
rante o prazo do investimento foi de 0,89% aos 30 dias, calcule a taxa real de juro
com prazo de 31 dias.
SOLUÇÃO. A taxa real é 1,175% aos 31 dias, resultado obtido com:


⎛ (1 + i ) m1i ⎞
π=⎜ ⎟ –1
⎜ 1

⎝ (1 + j ) mj ⎠

31
⎛ (1 + 0,278 ) 3651 ⎞
π=⎜ ⎟ – 1 = 0,01174587
⎜ 1

⎝ (1 + 0,0089 ) ⎠
30

PROBLEMAS
Os exemplos anteriores e os seguintes problemas podem ser resolvidos com o mo-
delo da planilha Excel “Taxa Real”, que se encontra na página do livro na Internet.
PROBLEMA 4.50
O Banco propõe o rendimento real de 1% aos 30 dias para aplicações de 90 dias.
Considerando que a taxa de indexação estimada seja 28% aos 365 dias, calcule a
taxa total de juro mínima para 30 dias que o aplicador deve exigir.
R: i = 3,0702% aos 30 dias
PROBLEMA 4.51
Depois de 60 dias foram resgatados $155.000 de uma aplicação de $145.000. Con-
siderando a taxa de indexação de 4% aos 60 dias, calcule a taxa real com período de
30 dias.
R: π = 1,38% aos 30 dias
PROBLEMA 4.52
A taxa real de juro do investidor é 12% aos 360 dias, e a taxa de indexação estimada
é 1,5% aos 30 dias. Calcule a taxa total mínima que o investidor deve aceitar para
conseguir o retorno real desejado.
R: i = 34,24% aos 365 dias ou i = 2,45% aos 30 dias
PROBLEMA 4.53
O rendimento total da operação financeira com duração de quatro meses foi 22,5%
ao quadrimestre. Considerando as taxas mensais de indexação de 2,5%, 3,5%, 4% e
5,6%, calcule a taxa real com período mensal.
R: π = 1,26% ao mês
152 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMA 4.54
O objetivo é conseguir um rendimento real de 1% ao mês. Calcule a taxa total mí-
nima que uma aplicação deveria ter nesse mesmo período se a taxa de inflação
mensal prevista é 0,75%.
R: i = 1,76% ao mês
PROBLEMA 4.55
A taxa total de rendimento de uma aplicação durante 30 dias foi 1,25%. Calcule a taxa
real dessa aplicação considerando que a taxa de inflação no mesmo período foi 1,60%.
R: π = – 0,3445% aos 30 dias
PROBLEMA 4.56
Calcule os resultados das células com o símbolo (?) da tabela seguinte, onde i é a
taxa total, j é a taxa de indexação e π é a taxa real.
j% % i%
Primeiro Semestre 12 ? 18,72
Segundo Semestre ? 5 ?
Valor Anual 20 ? ?

R: Por linha: 6%, 7,14%, 12,5%, 11,3% e 33,56%


PROBLEMA 4.57
Complete os resultados das células com o símbolo (?) da seguinte tabela:
1 2 3 4 5
i 2,5% a.m. 2,5% aos 30 dias ? a.m. 1,6% a.m. 2,1% aos 30 dias
j 2,2% a.m. ? aos 30 dias 2,15% a.m. 2,2% a.m. ? aos 30 dias
π ? a.m. 1% aos 30 dias 0,5% a.m. ? a.m. 20% aos 365 dias

R: 1. 0,29%; 2. 1,485%; 3. 2,66%; 4. – 0,587%; 4. 0,58%


PROBLEMA 4.58
Uma operação com prazo de 30 dias foi fechada com taxa total de 1,85% aos 30 dias.
Calcule a taxa de indexação com período de 30 dias, que resulta numa taxa real nula.
R: j = 1,85% aos 30 dias
PROBLEMA 4.59
Continuando com o Problema 4.58, calcule a taxa de indexação com período de
30 dias que resulta numa taxa de juro real igual a 12% aos 365 dias.
R: j = 0,91% aos 30 dias
PROBLEMA 4.60
Continuando com o Problema 4.58, calcule a taxa de indexação com período de
30 dias que resulta numa taxa real negativa igual a – 1% aos 30 dias.
R: j = 2,88% aos 30 dias
Capítulo 4
OUTRAS TAXAS DE JURO 153

TAXA REAL ACUMULADA


No desenvolvimento da taxa real de juro foi visto que as três taxas devem ter o
mesmo período e se referem a uma operação com prazo igual aos períodos das
três taxas. Entretanto, uma operação pode ter mais de uma capitalização como a
Tabela 4.3 com n capitalizações, considerando, em cada uma delas, a taxa total
de juro, a taxa de indexação e a taxa real, todas com o mesmo período, que pode
variar entre capitalizações.

TABELA 4.3 Taxas de indexação

Taxa Taxa Taxa


Capitalização Total Indexação Real
1 i1 j1 π1
2 i2 j2 π2
3 i3 j3 π3
... ... ... ...
k ik jk πk
... ... ... ...
n in jn πn

Nessa tabela, de forma geral, no período k, ik é a taxa total ou nominal, jk é a


taxa de indexação, e πk é a taxa real, sendo os períodos das três taxas iguais. Seja a
operação no regime de juros compostos com n períodos de capitalização. No fi-
nal do primeiro período de capitalização temos:

1 + i1 = (1 + j1) × (1 + π1)

No final do segundo período de capitalização, temos 1 + i2 = (1 + j2) × (1 + π2)


e a taxa total acumulada é:

1 + i = (1 + i1) × (1 + i2)

Substituindo as expressões anteriores nessa última:

(1 + i1) × (1 + i2) = (1 + j1) × (1 + π1) × (l + j2) × (l + π2)

Reagrupando os fatores do segundo membro:

(1 + i1) × (1 + i2) = (1 + j1) × (1 + j2) × (l + π1) × (l + π2)


154 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Estendendo essa fórmula até o último período de capitalização n:

(1 + i1) ×  × (1 + in) = (1 + j1) ×  × (1 + jn) × (l + π1) ×  × (l + πn)

Utilizando o símbolo produtório:15


n n n
∏ (1+ i k ) =∏ (1+ j k ) × ∏ (1+ π k )
k=1 k=1 k=1

EXEMPLO 4.31. As taxas de indexação de dois meses seguidos foram 0,75%, 0,82%
ao mês. Calcule a taxa total acumulada depois de dois meses com taxa real constan-
te de 0,5% ao mês.
SOLUÇÃO. A taxa total acumulada no final do segundo mês é 2,5945% aos dois me-
ses, resultado obtido com:

1 + i = (1 + j1) × (1 + j2) × (1 + π1) × (l + π2)


1 + i = (1 + 0,0075) × (1 + 0,0082) × (1 + 0,005) × (l + 0,005)
i = 0,025945

EXEMPLO 4.32. Na seguinte tabela, complete os resultados das células com o sím-
bolo (?).
j% % i%
Primeiro mês 0,80 0,50 ?
Segundo mês ? 0,55 1,40
Total ? ? 2,75

SOLUÇÃO. Começamos completando os resultados das linhas com dados suficientes


para isso. A taxa total do primeiro mês é 1,304%, resultado obtido com:
i1 = (1 + 0,008) × (1 + 0,005) – 1 = 0,01304
A taxa de indexação do segundo mês é 0,84535%, resultado obtido com:

(1 + 0,014)
j2 = – 1 = – 0,0084535
(1 + 0,0055)

15
O Apêndice 3.4 do Capítulo 3 apresenta a revisão do símbolo produtório.
Capítulo 4
OUTRAS TAXAS DE JURO 155

Depois, o procedimento de cálculo continua pelas colunas. A taxa real total


acumulada durante os dois meses é 1,053% ao mês, resultado obtido com:

π = (1 + 0,005) × (1+0,0055) – 1 = 0,0105275

Finalmente, a taxa de indexação acumulada é 1,652% ao mês, resultado ob-


tido com:

j = (1 + 0,008) × (1 + 0,00845) – 1 = 0,0165176

PROBLEMAS
PROBLEMA 4.61
As taxas de indexação de três meses seguidos foram 1,40%, 1,27% e 1,8% em cada
mês. Calcule a taxa total depois de três meses de uma aplicação em caderneta de
poupança.
R: i = 6,1121% aos três meses

PROBLEMA 4.62
Se a taxa de juro total é 5,50% ao trimestre e a taxa de indexação 1% ao mês, calcule
a taxa real com período de um ano.
R: π = 9,9394% ao ano

PROBLEMA 4.63
Uma aplicação de $10.000 foi realizada durante três meses com uma taxa líquida
composta pela taxa real de 12% ao ano, e a taxa de indexação é 2,98% ao trimestre.
Calcule o valor resgatado no final do terceiro mês.
R: F = $10.593,94

PROBLEMA 4.64
Um empréstimo de $100.000 foi devolvido depois de quatro meses pagando
$108.706,06. Se a taxa real foi 14% ao ano, qual a taxa de indexação com período
mensal?
R: j = 1% ao mês

PROBLEMA 4.65
Desenhe a curva da taxa de total i em função da taxa de indexação j entre 0% e 5%,
com intervalos de 1%, mantendo a taxa real constante igual a 1% ao mês.

PROBLEMA 4.66
Complete os resultados das células com o símbolo (?) da seguinte tabela.
156 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

j% % i%
Primeiro mês 1,20 0,5 ?
Segundo mês ? 1,5 1,4
Terceiro mês ? ? 0,9
Total 3,6 ? ?

R: Por linha: i = 1,71%; j = 0,098%; j = 2,47%; π = 1,53%; π = 0,44%; i = 4,06%

PROBLEMA 4.67
Desenvolva a fórmula geral de uma aplicação em caderneta de poupança durante
12 meses.
12 12
R: A expressão é ∏ (1 + i k ) = ∏ (1 + j k ) × (1 + 0,005) 12
k=1 k=1

PROBLEMA 4.68
Continuando com o Problema 4.67, desenvolva a fórmula geral supondo que a
taxa de indexação se mantém constante e igual a j durante os 12 meses.
12
R: A expressão é ∏ (1 + i k ) = (1 + j ) 12 × (1 + 0,005) 12
k=1
PROBLEMA 4.69
Complete os resultados das células com o símbolo (?) da seguinte tabela.
j% % i%
Primeiro mês 2,50 ? 2,45
Segundo mês ? 2 2,5
Total ? ? ?

R: Por linha: π = – 0,05%; j = 0,49%; j = 3%; π = 1,95%; i = 5,01%

RESUMO DE FÓRMULAS
TAXA DE DESCONTO
A partir da equivalência P = F × (1 – d) da operação financeira com taxa de des-
conto com período igual ao prazo deduz-se que:
— Para calcular o valor com desconto, se aplica P = F × (1 – d).
P
— Para calcular o valor sem desconto, se aplica F = sendo (1 – d) > 0.
1– d
P
— Para calcular a taxa de desconto, se aplica d = 1 – .
F
Capítulo 4
OUTRAS TAXAS DE JURO 157

n 1
A partir da equivalência (1 + i) m = da taxa de juro i com período m e a
1– d
taxa de desconto d correspondente ao prazo n da mesma operação deduz-se que:
m

⎛ 1 ⎞n
— Para calcular a taxa de juro, se aplica i = ⎜ ⎟ – 1, sendo (1 – d) > 0.
⎝1– d⎠
1
— Para calcular a taxa de desconto, se aplica d = 1 – n
.
(1 + i) m

TAXA DE JURO CAPITALIZADA EM DIAS ÚTEIS


A partir da equivalência F = P × (1 + id)DU da operação de dois capitais no regi-
me de juros compostos com taxa diária id capitalizada em dias úteis e prazo da
operação em dias úteis, DU, deduz-se que:

— Para calcular o futuro, se aplica F = P × (1 + id)DU.


— Para calcular o presente, se aplica P = F × (1 + id)–DU.
1 DU
⎛F⎞
— Para calcular a taxa diária, se aplica id = ⎜ ⎟ – 1.
⎝P⎠
lg(F P )
— Para calcular o número de dias úteis, se aplica DU = . O Apên-
lg(1 + id )
dice 3.2 do Capítulo 3 apresenta uma revisão de logaritmo.

Caso seja necessário operar com Tov, substitua id por Tov/30 ou


Tov%/3.000.
DC
A partir da equivalência (1 + i) m = (1 + id ) DU entre a taxa de juro i com pe-
ríodo m e a taxa diária id capitalizada em dias úteis de uma operação com dois ca-
pitais com prazo em DU com DC correspondentes no regime de juros compos-
tos, deduz-se que:
DC
— Para calcular a taxa diária, se aplica id = (1 + i) m ×DU – 1.
m ×DU
— Para calcular a taxa em dias corridos, se aplica i = (1 + id ) DC – 1.
DC
lg(1 + i) m
— Para calcular o número de dias úteis, se aplica DU = .
lg(1 + id )
158 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

lg(1 + id ) DU
— Para calcular o número de dias corridos, se aplica DC = m × .
lg(1 + i)

Caso seja necessário operar com Tov, substitua id por Tov/30 ou


Tov%/3.000.

TAXA REAL DE JURO


1 1 1
A partir da equivalência (1 + i) m = (1 + j) m j × (1 + π) m π da taxa total i, da taxa de
indexação j e da taxa real π com períodos, mi, mj e mπ, respectivamente, expres-
sados na mesma unidade de tempo e considerando uma operação com prazo
unitário deduz-se que:

— Para calcular a taxa total de juro i, se aplica


mi
⎛ ⎞
1
1

i = ⎜ (1 + j) ⎟
mj
× (1 + π)

– 1.
⎝ ⎠
mj
⎛ ⎞
1

(1 + i) i
m

— Para calcular a taxa de indexação j, se aplica j = ⎜ ⎟ – 1.


⎜ (1 + π) m1π ⎟
⎝ ⎠

⎛ ⎞
1

(1 + i) i
m

— Para calcular a taxa real de juro π, se aplica π = ⎜ ⎟ – 1.


⎜ 1

⎝ (1 + j) j ⎠
m

Se os períodos das três taxas mi, mj e mπ, forem iguais, essas expressões passam
a ser:

— Para calcular a taxa total de juro i, aplica-se i = (1 + j) × (1 + π) – 1.


1+ i
— Para calcular a taxa de indexação j, aplica-se j = – 1.
1+ π
1+ i
— Para calcular a taxa real de juro π, aplica-se π = – 1.
1+ j
Apêndice 4.1
CÁLCULOS COMERCIAIS COM MARGENS BRUTAS 159

Apêndice 4.1

Cálculos Comerciais
com Margens Brutas
Quando o lojista compra bens para revendê-los, tem de definir o preço unitário
de venda do bem, que depende do custo unitário do bem e da margem estabele-
cida pelo lojista. Para realizar esses cálculos, há dois procedimentos:
— Não havendo concorrência, o preço unitário de venda P de um produto
pode ser obtido como o resultado da soma do custo unitário C mais todas
as despesas da loja, incluindo o lucro do lojista, e agrupadas com o nome
de Margem Bruta sobre o Custo, ou Markup, representada com MBC e esta-
belecida de forma percentual sobre o custo unitário. Dessa maneira, o
preço unitário de venda será calculado com P = C × (1 + MBC).
— Havendo concorrência que pressione o preço do produto, o custo unitá-
rio C do lojista deverá ser o resultado da diferença do preço de venda P e
a Margem Bruta sobre o Preço, ou Markdown, representada com MBP e esta-
belecida de forma percentual sobre o preço unitário. Dessa maneira, o
custo unitário será C = P × (1 – MBP). Procedimento equivalente ao da
taxa de desconto.
De cada tipo de margem bruta se obtém as fórmulas das outras variáveis.
Para os mesmos valores de preço unitário P e custo unitário C se obtém a rela-
ção entre as duas margens brutas:
P 1
= (1 + MBC ) =
C 1 – MBP

EXEMPLO 4.33. A loja de roupas aplica a margem bruta sobre o custo de 60%. Calcu-
le o preço unitário de venda de um produto com custo unitário $1.200.
SOLUÇÃO. O preço unitário de venda considerando MBC é $1.920, resultado obti-
do com:
P = C × (1 + MBC)
160 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

P = 1.200 × (1 + 0,60) = $1.920,00


EXEMPLO 4.34.
A margem bruta sobre o preço é 35%. Calcule o preço unitário de
um produto com custo unitário $850.
SOLUÇÃO. O preço unitário considerando MBP é $1.307,70, resultado obtido com:

C
P=
1 – MBP
$850
P= = $1307
. ,70
1 – 0,35

EXEMPLO 4.35. Calcule a margem bruta sobre o preço para manter os mesmos pre-
ços de compra e venda do Exemplo 4.33.
SOLUÇÃO. A margem bruta sobre o preço é 37,5%, resultado obtido com:
MBC
MBP =
1 + MBC

0,60
MBP = = 0,375
1 + 0,60

PROBLEMAS
PROBLEMA 4.70
O custo unitário do novo produto é $25,50. Calcule o preço de venda desse pro-
duto se a margem bruta sobre o custo é 50%.
R: P = $38,25

PROBLEMA 4.71
Calcule os valores identificados com o símbolo (?) na tabela seguinte:
C P MBC
$100 ? 45%
? $100 45%
$100 $190 ?

R: Por linha: $145; $68,97 e 90%

PROBLEMA 4.72
O lojista está oferecendo ao cliente um par de meias por $12,30. Calcule a margem
bruta sobre o custo dessa transação sabendo que o custo unitário é $7,25.
Apêndice 4.1
CÁLCULOS COMERCIAIS COM MARGENS BRUTAS 161

R: MBC = 69,66%

PROBLEMA 4.73
Calcule o custo unitário do produto com preço de venda de $250 e margem bruta
sobre o custo de 35%.
R: C = $185,19

PROBLEMA 4.74
Calcule os valores identificados com o símbolo (?) na tabela seguinte:
C P MBP
$100 ? 45%
? $100 45%
$100 $190 ?

R: Por linha: $181,82; $55 e 47,37%

PROBLEMA 4.75
O custo unitário do produto é $45 e a margem bruta sobre o preço 30%. Calcule o
preço unitário de venda do produto.
R: P = $64,29

PROBLEMA 4.76
O preço de venda de um produto é $48 e a margem bruta sobre o preço aplicada é
25%. Calcule o custo unitário desse produto.
R: C = $36%

PROBLEMA 4.77
O melhor preço de um eletrodoméstico é $325. Se você sabe que o custo unitário
desse produto é $200, calcule a margem bruta sobre o preço aplicada pela loja.
R: MBP = 38,46%

PROBLEMA 4.78
A margem bruta sobre o preço de eletrodoméstico é 39,65%. Calcule a margem
bruta sobre o custo.
R: MBC = 65,70%
Capítulo 5

Taxa Nominal e
Capitalização Contínua

No Capítulo 4, foi iniciado o cálculo do juro de uma operação utilizando ou-


tras taxas de juros. Neste capítulo, continuamos com a taxa nominal com perío-
do anual capitalizada a taxas proporcionais com períodos menores do que um
ano, e terminamos com o regime de capitalização contínua com a taxa instantâ-
nea, uma extensão da taxa nominal. O Exemplo 4.23 antecipou a utilização da
taxa nominal numa aplicação em caderneta de poupança à taxa real de 6% ao
ano com capitalizações mensais e à taxa proporcional de 0,5% ao mês.

EXEMPLO 5.1. A rentabilidade real da caderneta de poupança é 6% ao ano com capi-


1
talização mensal. Calcule: a) a taxa real com período anual, b) a taxa total anual
considerando a taxa de indexação de 4% ao ano e c) o resgate da aplicação de
$10.000 durante um ano com a taxa total calculada no item b.
SOLUÇÃO. Como a capitalização da taxa real de 6% ao ano é mensal, primeiro cal-
cule a taxa de juro proporcional 0,5% ao mês, resultado da divisão da taxa anual,
6%, por 12 meses, ou seja, um ano. A taxa proporcional 0,5% ao mês é a taxa efeti-
va de juro com período mensal. Portanto, a taxa efetiva anual é 6,17% ao ano, re-
sultado obtido com:

1
O prazo mensal é determinado pela data de aniversário entre dois meses seguidos descartando
os dias 29, 30 e 31 de cada mês.
164 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

12
⎛ 0,06 ⎞
i = ⎜1 + ⎟ −1
⎝ 12 ⎠

i = (1 + 0,005)12 – 1 = 0,06167781

Com a taxa de indexação de 4% ao ano, a taxa total de juro i é 10,41% ao ano, re-
sultado obtido com:
i = (1 + j) × (1 + π) – 1
i = (1 + 0,04) × (1 + 0,06167781) – 1 = 0,10414492
Finalmente, o resgate da aplicação de $10.000 durante um ano com a taxa total cal-
culada no item anterior é $11.041,45, resultado obtido com:
F = P × (1 + i)
F = $10.000 × 1,10414492 = $11.041,4492

O Exemplo 5.1 mostra que a taxa 0,50% é a taxa proporcional com período
mensal da taxa nominal 6% ao ano e, ao mesmo tempo, a taxa 0,5% ao mês é
uma taxa efetiva mensal. Portanto, a taxa efetiva de 6,17% ao ano é equivalente
à taxa efetiva de 0,50% ao mês no regime de juros compostos. Dessa maneira, a
taxa nominal de 6% ao ano com capitalizações mensais é equivalente à taxa efe-
tiva 6,17% ao ano.

EXEMPLO 5.2. Calcule a taxa efetiva de juro anual de uma operação com a taxa no-
minal de 40% ao ano com capitalizações trimestrais.
SOLUÇÃO. A taxa efetiva trimestral é 10% ao trimestre, resultado da divisão da taxa
anual 40% por quatro trimestres, que tem um ano. A taxa proporcional 10% ao tri-
mestre é a taxa efetiva de juro com período trimestral. Portanto, a taxa efetiva de
juro é 46,41% ao ano, resultado obtido com:
i = (1 + 0,10)4 – 1 = 0,4641

EXEMPLO 5.3. Seja a taxa nominal de juro de 60% ao ano. Calcule a taxa efetiva anual
considerando capitalizações anuais, semestrais, trimestrais, mensais e diárias.
SOLUÇÃO. Repetindo o procedimento de cálculo dos exemplos anteriores, foi cons-
truída a tabela seguinte com os resultados solicitados. Por exemplo, o cálculo da taxa
anual com capitalizações semestrais foi realizado com i = (1 + 0,30)2 – 1 = 0,69.
Capítulo 5
TAXA NOMINAL E CAPITALIZAÇÃO CONTÍNUA 165

Capitalização
Taxa efetiva
Tipo Vezes por ano anual
Anual 1 60%
Semestral 2 69%
Trimestral 4 74,90%
Mensal 12 79,59%
Diária 365 82,12%

As taxas efetivas anuais registradas na tabela do Exemplo 5.3 mostram que,


ao aumentar a frequência das capitalizações, a taxa efetiva também aumenta,
porém, com força cada vez menor. Se forem realizadas 1.000, 10.000, 100.000
etc. capitalizações num ano,2 verifica-se que a taxa efetiva tende a 82,21% ao
ano, como será apresentado no regime de capitalização contínua neste capítulo.
O procedimento de cálculo e os resultados dos exemplos anteriores ajudam
a realizar a seguinte dedução: seja o investimento do capital unitário $1 pelo
prazo de um ano com a taxa nominal anual im com m capitalizações por ano, ou
período de capitalizações 1/m. O resgate depois de um ano desse investimento
é igual a $(1 + im/m)m. Portanto, o resgate F do capital P é:
m
⎛ i ⎞
F = P × ⎜1 + m ⎟
⎝ m⎠

Substituindo essa expressão na do juro, J = F – P, dessa operação financeira


no regime de juros compostos temos:
m
⎛ i ⎞
J = P × ⎜1 + m ⎟ − P
⎝ m⎠

⎛⎛ i ⎞ m ⎞
J = P × ⎜ ⎜1 + m ⎟ − 1⎟
⎜⎝ m ⎠ ⎟
⎝ ⎠

2
É uma análise teórica, pois do ponto de vista prático a capitalização diária é o máximo possível
de capitalizações.
166 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Representando a última expressão como J = P × iq, se deduz a equivalência


m
⎛ i ⎞
i q = ⎜ 1 + m ⎟ − 1, sendo o período da taxa equivalente iq igual ao prazo da ope-
⎝ m⎠
ração de um ano. Dessa maneira, como a taxa iq com período anual é equivalen-
te à taxa nominal anual im com m capitalizações, se estabelece a equivalência F =
P × (1 + iq). Na sua essência, o cálculo com taxa nominal com período anual é
realizado com F = P × (1 + i), conforme desenvolvido no Capítulo 1.

EXEMPLO 5.4. Você aplicou $3.500 com taxa nominal de 25% ao ano e capitaliza-
ções mensais. Calcule o resgate no final de um ano.
SOLUÇÃO. O resgate é $4.482,56, resultado obtido com:
m
⎛ i ⎞
F = P × ⎜1 + m ⎟
⎝ m⎠
12
⎛ 0,25⎞
F = $3.500 × ⎜ 1 + ⎟ = $4.482,56
⎝ 12 ⎠

EXEMPLO 5.5. Numa operação com duração de um ano foram aplicados $12.000 e
resgatados $18.381,51. Calcule a taxa nominal da operação aplicada com capitali-
zações trimestrais.
m
⎛ im ⎞
SOLUÇÃO. Da equivalência F = P × ⎜ 1 + ⎟ , deduz-se a taxa nominal im capitali-
⎝ m⎠
zada trimestralmente.
1
⎛⎛ i ⎞ m⎞ m
1 1
m
F ⎛ im ⎞ ⎛F⎞ m
⎛F⎞ m i
= ⎜1 + ⎟ ⇔⎜ ⎟ = ⎜ ⎜1 + m ⎟ ⎟ ⇔ ⎜ ⎟ = 1 + m
P ⎝ m⎠ ⎝P⎠ ⎜⎝ m⎠ ⎠⎟ ⎝P⎠ m

⎛⎛ F ⎞ 1 m ⎞
im = ⎜ ⎜ ⎟ − 1⎟ × m
⎜⎝ P ⎠ ⎟
⎝ ⎠
A taxa nominal de juro é 45% ao ano capitalizada trimestralmente, resultado obti-
do com:
⎛ ⎛ $18.381,51⎞ 1 4 ⎞
im = ⎜ ⎜ ⎟ − 1⎟ × 4
⎜ ⎝ $12000
. ⎠ ⎟
⎝ ⎠
i m = 0,45
Capítulo 5
TAXA NOMINAL E CAPITALIZAÇÃO CONTÍNUA 167

EXEMPLO 5.6. O financiamento foi resgatado pagando $35.995,81 ao completar um


ano. Calcule o valor financiado considerando a taxa nominal de juro de 18,5%
com capitalizações bimensais.
SOLUÇÃO. O valor recebido foi $30.000, resultado obtido com:
F
P= m
⎛ im ⎞
⎜1 + ⎟
⎝ m⎠

$35995
. ,81
P= 6
= $30.000
⎛ 0,185⎞
⎜1 + ⎟
⎝ 6 ⎠

EXEMPLO 5.7. Foram aplicados $10.000 com taxa nominal de 35% ao ano e capitali-
zações mensais. Calcule o valor resgatado no final de 12 meses.
SOLUÇÃO. O valor resgatado é $14.119,80, resultado obtido com:
m
⎛ i ⎞
F = P × ⎜1 + m ⎟
⎝ m⎠
12
⎛ 0,35⎞
F = $10.000 × ⎜ 1 + ⎟ = $14119
. ,80
⎝ 12 ⎠

Esse resultado também pode ser confirmado com as teclas financeiras da calculado-
ra financeira HP-12C.3
[f] [FIN] 10000 [PV]
35 [g] [i] A calculadora armazenará o resultado de dividir 35% por 12, a taxa
2,916667%.
1 [g] [n] A calculadora armazenará o resultado de multiplicar um por 12, o va-
lor 12.
[FV] →14.119,80

3
A taxa im é conhecida como APR – Annual Percentage Rate. Nos Estados Unidos, é utilizada
como mostrado, entretanto, no Reino Unido é diferente, pois é utilizada a taxa equivalente em
vez da taxa proporcional.
168 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMAS
Os exemplos anteriores e os seguintes problemas podem ser resolvidos com o
modelo da planilha em Excel “Taxa Nominal” deste capítulo, que se encontra
na página do livro na Internet.
PROBLEMA 5.1
Um financiamento de $20.000 foi realizado pelo prazo de um ano com taxa nominal
de juro de 10% ao ano e capitalizações mensais. Calcule o futuro dessa operação.
R: F = $22.094,26
PROBLEMA 5.2
Você recebeu um empréstimo de $7.500 comprometendo-se a devolver $8.350
no prazo de um ano depois do recebimento do empréstimo. Calcule a taxa nomi-
nal de juro com capitalizações trimestrais desse empréstimo.
R: im= 10,88% ao ano
PROBLEMA 5.3
Calcule a taxa efetiva anual de uma operação com prazo de um ano que foi fechada
com taxa nominal de 38% ao ano e capitalizações mensais.
R: i = 45,37% ao ano
PROBLEMA 5.4
Repita o Problema 5.3 considerando capitalizações trimestrais e semestrais.
R: i = 43,77% ao ano e i = 41,61% ao ano
PROBLEMA 5.5
A taxa efetiva de uma operação com duração de um ano é 25,8% ao ano. Calcule a
taxa nominal equivalente sabendo que foi aplicada com capitalizações mensais.
R: im= 23,17% ao ano
PROBLEMA 5.6
Repita o Problema 5.5 considerando capitalizações trimestrais e semestrais.
R:im= 23,62% ao ano e im= 24,32% ao ano
PROBLEMA 5.7
Um empréstimo pelo prazo de um ano foi realizado com a taxa efetiva de 8% ao
mês. Calcule a taxa nominal aplicada com capitalizações mensais.
R: im= 96% ao ano
PROBLEMA 5.8
Uma operação financeira foi fechada com a taxa nominal de 18% ao ano com capi-
talizações mensais. Calcule o futuro da operação considerando que o valor presen-
te é $1.000.
R: F = $1.195,62
Capítulo 5
TAXA NOMINAL E CAPITALIZAÇÃO CONTÍNUA 169

PROBLEMA 5.9
Um empréstimo foi resgatado depois de um ano pagando $2.548,95. Calcule o va-
lor financiado considerando a taxa nominal de 24,5% ao ano com capitalizações
mensais.
R: P = $2.000

PROBLEMA 5.10
Os valores inicial e final da operação financeira são, respectivamente, $10.500 e
$13.057,76. Calcule a taxa nominal anual com capitalizações mensais.
R: im= 22% ao ano

PROBLEMA 5.11
Continuando com o Problema 5.10, calcule a taxa nominal anual com capitaliza-
ções trimestrais.
R: im = 22,41% ao ano

PROBLEMA 5.12
Escolha a melhor alternativa de investimento com prazo de um ano: a) taxa nomi-
nal de 12,3% ao ano com capitalizações semestrais, b) taxa nominal de 12% ao ano
com capitalizações trimestrais.
R: Alternativa a

EQUIVALÊNCIA TAXA NOMINAL E TAXA EFETIVA


O Exemplo 5.4 mostra que, depois de aplicar $3.500 durante 12 meses com
a taxa nominal de 25% ao ano com capitalizações mensais, foi possível resga-
tar $4.482,56. Da relação dos capitais F/P dessa operação se obtém a taxa
efetiva de 28,0731% ao ano equivalente à taxa nominal 25% ao ano com ca-
pitalizações mensais. De forma geral, o capital P investido durante um ano
com a taxa nominal anual im e m capitalizações gerou o capital final F, que
também estão relacionados com a taxa efetiva de juro i com período anual,
como mostra a Figura 5.1.

i
0 im 1 ano
P
FIGURA 5.1 Equivalência entre i e im com m capitalizações.
170 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

A equivalência dos capitais P e F com a taxa efetiva i com período anual é


F = P × (1 + i). Ao mesmo tempo, a equivalência dos capitais P e F com a taxa
m
⎛ i ⎞
nominal anual im com m capitalizações é F = P × ⎜ 1 + m ⎟ . Como esses dois fu-
⎝ m⎠
turos são iguais: m
⎛ im ⎞
P × (1 + i ) = P × ⎜1 + ⎟
⎝ m⎠

Simplificando o capital P, temos: 4


m
⎛ i ⎞
1 + i = ⎜1 + m ⎟
⎝ m⎠

Nessa operação com taxa nominal anual im com m capitalizações, a taxa im/m
com período 1/m é uma taxa efetiva equivalente à taxa efetiva i com período
anual.

EXEMPLO 5.8. A operação foi fechada com a taxa nominal de 66% ao ano com capi-
talizações mensais. Calcule a taxa efetiva de juro com período anual.
m
⎛ i ⎞
SOLUÇÃO. Da equivalência 1 + i = ⎜ 1 + m ⎟ se deduz a taxa efetiva de juro de
⎝ m⎠
90,12% ao ano:
m
⎛ i ⎞
i = ⎜1 + m ⎟ −1
⎝ m⎠
12
⎛ 0,66 ⎞
i = ⎜1 + ⎟ − 1 = 0,9012
⎝ 12 ⎠

EXEMPLO 5.9. A aplicação foi realizada com taxa efetiva de juro de 33% ao ano. Cal-
cule a taxa nominal anual equivalente com capitalizações trimestrais.
m
⎛ im ⎞
SOLUÇÃO. Da equivalência 1 + i = ⎜ 1 + ⎟ se deduz a taxa nominal.
⎝ m⎠

4
Os dois membros retornam o futuro do capital unitário $1 durante um ano com a taxa efetiva i
com período anual, e com a taxa nominal anual im com m capitalizações.
Capítulo 5
TAXA NOMINAL E CAPITALIZAÇÃO CONTÍNUA 171

1 ⎛⎛ i ⎞ m⎞ m 1 i
(1 + i ) = ⎜ ⎜ 1 + m ⎟ ⎟ ⇔ (1 + i ) m = 1 + m
m
⎜⎝ m ⎠ ⎟⎠ m

i m = ((1 + i ) 1 m − 1) × m

A taxa nominal de juro é 29,56% ao ano, resultado obtido com:

i m = ((1 + 0,33 ) 1 4 − 1) × 4
i m = 0,2956

EXEMPLO 5.10. A instituição realizou um empréstimo com taxa efetiva de 45% ao


ano. Calcule a taxa nominal anual equivalente com capitalizações mensais.
SOLUÇÃO. A taxa nominal de juro é 37,74% ao ano, resultado obtido com:

i m = ((1 + i ) 1 m − 1) × m
i m = ((1 + 0,45) 1 12 − 1) × 12 = 0,377376

EXEMPLO 5.11. Numa operação, a instituição está utilizando a taxa nominal 57% ao
ano com capitalizações mensais. Calcule a taxa efetiva de juro.
SOLUÇÃO. A taxa efetiva de juro é 74,52% ao ano, resultado obtido com:
12
⎛ 0,57 ⎞
i = ⎜1 + ⎟ − 1 = 0,745213
⎝ 12 ⎠

A calculadora financeira HP-12C não tem uma rotina para o cálculo da taxa efeti-
va, entretanto, é possível utilizar o seguinte procedimento.
[f] [FIN] 1 [CHS] [PV]
57 [g] [i] 1 [g] [n]
[FV] → 1,745213 resultado intermediário
1 [–] 100 [×] → 74,5213
172 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMAS
PROBLEMA 5.13
A taxa nominal de juro de 27,50% ao ano foi aplicada com capitalizações mensais.
Calcule a taxa efetiva anual.
R: i = 31,25% ao ano

PROBLEMA 5.14
Repita o Problema 5.13 com capitalizações semestrais.
R: i = 29,39% ao ano

PROBLEMA 5.15
A taxa efetiva de uma operação é 19,75% ao ano. Calcule a taxa nominal de juro
anual com capitalizações mensais.
R: im= 18,16% ao ano

PROBLEMA 5.16
Repita o Problema 5.15 com capitalizações trimestrais.
R: im= 18,44% ao ano

PROBLEMA 5.17
Seja a taxa nominal de 20% ao ano com capitalizações mensais. Calcule a taxa no-
minal equivalente com capitalizações trimestrais.
R: im= 20,3352% ao ano

PROBLEMA 5.18
Repita o Problema 5.17 considerando capitalizações semestrais.
R: im= 20,8521% ao ano

PROBLEMA 5.19
Uma operação foi fechada com taxa nominal de 17% ao ano com capitalizações tri-
mestrais. Calcule a taxa nominal com capitalizações mensais que resulte na mesma
relação de capitais F/P.
R: im= 16,7647% ao ano

PROBLEMA 5.20
Repita o Problema 5.19 considerando capitalizações semestrais.
R: im= 17,3613% ao ano

PROBLEMA 5.21
Para o investimento de $10.000 durante um ano, o banco A oferece a taxa nominal
anual de 18,37% com capitalizações mensais, e o banco B oferece a taxa efetiva
anual de 20,8% ao ano. Escolha a melhor alternativa de investimento.
R: Banco B
Capítulo 5
TAXA NOMINAL E CAPITALIZAÇÃO CONTÍNUA 173

PROBLEMA 5.22
Para o investimento de $10.000 durante um ano, o banco C oferece a taxa nominal
anual de 18,15% com capitalização diária, e o banco A oferece a taxa nominal anual
de 18,37% com capitalizações mensais. Escolha a melhor alternativa de investi-
mento.
R: Banco A

AUMENTANDO AS CAPITALIZAÇÕES
O Exemplo 5.3 deste capítulo mostra que, ao aumentar o número de capitaliza-
ções, a taxa efetiva de juro anual também aumenta, porém tendendo a um valor
ainda desconhecido.

EXEMPLO 5.12. Calcule a taxa efetiva da operação com prazo de um ano realizada
com taxa nominal de 60% ao ano com capitalizações m = 1 até 100.000, como está
registrado na tabela seguinte.
SOLUÇÃO. Os resultados da coluna i da tabela seguinte foram obtidos com
m
⎛ 0,60 ⎞
i = ⎜1 + ⎟ − 1.
⎝ m ⎠

m i m i
1 60% 1.000 82,1791%
10 79,0848% 5.000 82,2053%
50 81,5623% 10.000 82,2086%
100 81,8855% 50.000 82,2112%
500 82,1463% 100.000 82,2116%

A tabela do Exemplo 5.12 mostra que, ao aumentar o número de capitaliza-


ções, a taxa efetiva também aumenta, porém reduzindo sua velocidade de cres-
cimento. O número de casas decimais influi na comparação de resultados, por
exemplo, arredondando o resultado com quatro casas decimais, as taxas efetivas
são todas diferentes, entretanto, se o leitor arredondar com duas casas decimais,
começará a receber resultados iguais a partir de m = 10.000. A assíntota da taxa
efetiva se situa em i = 82,21188...%, como será mostrado no Exemplo 5.16
deste capítulo.
174 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

REGIME DE CAPITALIZAÇÃO CONTÍNUA


Quando o número de capitalizações é muito grande, o regime de capitalização é
denominado capitalização contínua, e a taxa nominal, taxa instantânea de juro. Por-
tanto, a taxa instantânea de juro é uma taxa nominal aplicada de forma proporcio-
nal, porém com um número muito grande de capitalizações, número que tende
ao infinito. Como o juro gerado em cada período 1/m é capitalizado nesse instan-
te, o regime de capitalização contínua é um regime de juros compostos. A capita-
lização contínua é uma ferramenta utilizada na moderna teoria de finanças, por
exemplo, na avaliação do preço de derivativos, commodities, futuros, opções etc.5
O leitor não utilizará esse regime no mercado de varejo, aplicações em renda fixa,
empréstimos etc., entretanto, como no nosso mercado se opera com taxas utili-
zando dias úteis e dias corridos, a equivalência entre as taxas de juro diária, efetiva
e instantânea de uma mesma operação é importante.
m
⎛ i ⎞
Voltemos à equivalência 1 + i = ⎜ 1 + m ⎟ da operação financeira com taxa
⎝ m⎠
nominal im com período anual e capitalizada durante m períodos com a taxa pro-
porcional im/m no regime de juros compostos, sendo i a taxa equivalente com
período anual. Substituindo o símbolo im da taxa nominal pelo símbolo r temos:
m
⎛ r⎞
i = ⎜1 + ⎟ − 1
⎝ m⎠

O Exemplo 5.12 mostra que o aumento do número de capitalizações pro-


voca, também, o aumento da taxa efetiva anual, porém, com acréscimos cada
vez menores. Ampliando essa tabela para valores de m maiores do que 100.000,
e aumentando também o número de casas decimais dos resultados, é possível
observar que a taxa efetiva i tende a um valor limite. O limite de i é calculado
aplicando o conceito de cálculo diferencial na procura do limite de uma função
quando m tende a infinito, m → ∞, representado da seguinte forma:
m
⎛ r⎞
i = lim ⎜1 + ⎟ − 1
m→ ∞ ⎝ m⎠

5
Os professores universitários americanos Robert C. Merton e Myron S. Scholes receberam o
Prêmio Nobel de Economia de 1997 pelo modelo de avaliação do preço de opções no mercado
acionário conhecido como modelo B&S, desenvolvido no regime de capitalização contínua.
Capítulo 5
TAXA NOMINAL E CAPITALIZAÇÃO CONTÍNUA 175

m ∞
⎛ r⎞ ⎛ r ⎞
Substituindo m por infinito, se obtém lim ⎜ 1 + ⎟ = ⎜ 1 + ⎟ = 1∞
m→ ∞ ⎝ m⎠ ⎝ ∞⎠
cujo resultado é indeterminado, pois elevar a unidade 1 a mais infinito não é
igual a um. Pode-se salvar essa indeterminação substituindo a variável m pelo
produto qr, como a seguir:
q× r
⎛ r ⎞
i = lim ⎜1 + ⎟ −1
q→ ∞ ⎝ q×r⎠

Separando o produto dos fatores do expoente q × r:

⎛ q⎞ r
⎛ 1⎞
i = ⎜ lim ⎜1 + ⎟ ⎟ −1
⎜ q→ ∞ ⎝ q⎠ ⎟
⎝ ⎠

Se m tende a infinito, q também tenderá a infinito e vemos que: 6


q
⎛ 1⎞
e = lim ⎜1 + ⎟
q→ ∞ ⎝ q⎠

O número irracional e é igual a 2,71828.... e seu valor pode ser obtido con-
forme apresentado no Apêndice 5.1 deste capítulo. Finalmente, se tem a equi-
valência entre a taxa instantânea e a taxa efetiva, ambas com o mesmo período:

i = er – 1 ⇔ 1 + i = er

Como a equivalência 1 + i = er também é igual à relação dos capitais P e F da


operação, temos:7
F
= e r ⇔ F = P × er
P

A equivalência de F na operação financeira com dois capitais no regime de


capitalização contínua tem três variáveis, P, F, e r que, conforme o tipo de pro-
blema, podem ser dados ou incógnitas, considerando que o período da taxa de

6
É um limite fundamental do cálculo diferencial. O leitor interessado obterá mais detalhes em
um livro sobre Cálculo de sua preferência.
7
O Apêndice 5.2 apresenta uma revisão da função exponencial e algumas de suas características.
176 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

juro r é igual ao prazo da operação. Novamente, os participantes das operações


conhecem com certeza o que vai acontecer no futuro e não há oportunidades
de arbitragem. Os exemplos e problemas seguintes utilizam fórmulas deduzidas
da equivalência entre as variáveis da operação e que também estão agrupadas na
seção “Resumo de Fórmulas” no final deste capítulo. O Apêndice “Cálculos
com Excel – Capítulo 5” deste capítulo, que se encontra na página do livro na
Internet, mostra como utilizar essa ferramenta para realizar os cálculos desse
tema.

EXEMPLO 5.13. Foram investidos $10.000 pelo prazo de um ano no regime de capi-
talização contínua. Calcule o resgate desse investimento considerando a taxa ins-
tantânea de 22% ao ano.
SOLUÇÃO. O resgate desse investimento é $12.460,7673, resultado obtido com:
F = P × er
F = $10.000 × e0,22 = $12.460,7673

Dos capitais da operação do Exemplo 5.13 se obtém a taxa efetiva de


24,6076% ao ano. Portanto, nesse investimento, a taxa instantânea de 22% ao
ano é equivalente à taxa efetiva de 24,6076% ao ano e vice-versa. A percepção
de equivalência entre a taxa efetiva e a taxa instantânea ajuda a compreender o
procedimento de equivalência entre diferentes taxas de juro de uma mesma
operação.

EXEMPLO 5.14. Foram resgatados $1.086,90 de uma operação financeira realizada


no regime de capitalização contínua com prazo de 180 dias e taxa instantânea de
juro de 8% aos 180 dias. Calcule o valor aplicado nessa operação.
SOLUÇÃO. O valor aplicado é $1.003,34, resultado obtido com:
F
P= ⇔ P = F × e–r
er

P = $1.086,90 × e–0,08
P = $1.003,34
EXEMPLO 5.15. Foram aplicados $1.000 no regime de capitalização contínua pelo
Capítulo 5
TAXA NOMINAL E CAPITALIZAÇÃO CONTÍNUA 177

prazo de 62 dias, quando foram resgatados $1.050. Calcule a taxa instantânea.


SOLUÇÃO. Da equivalência F = P × er se deduz a taxa instantânea r. Para calcular a
taxa instantânea é conveniente utilizar logaritmo em base e, devido à simplificação
introduzida com ln e=1.8
F ⎛F⎞ ⎛ F⎞
= e r ⇔ ln ⎜ ⎟ = ln(e r ) ⇔ ln ⎜ ⎟ = r × ln
e
P ⎝P⎠ ⎝P⎠ =1
⎛F⎞
r = ln ⎜ ⎟
⎝P⎠

A taxa instantânea é 4,88% aos 62 dias, resultado obtido com:


r = 1n(1.050/1.000)
r = 0,0488

O juro J da operação financeira no regime de capitalização contínua é obti-


do de J = F – P. Sabendo que F = P × er, temos:

J = P × er – P
J = P × (er – 1)
Como essa expressão pode ser representada como J = P × iq, se deduz a equi-
valência iq = er – 1 sendo o período da taxa de juro iq igual ao prazo da operação,
como já tinha sido mostrado. Dessa maneira, se estabelece a equivalência F = P ×
(1 + iq) com a taxa efetiva iq com o mesmo período da taxa instantânea r, que co-
incide com o prazo da operação. Novamente, na sua essência, o cálculo é reali-
zado com F = P × (1 + i), conforme desenvolvido no Capítulo 1.

EXEMPLO 5.16. Continuando com o Exemplo 5.12, calcule a taxa efetiva da taxa
instantânea de juro de 60% ao ano.
SOLUÇÃO. A taxa efetiva é 82,21% ao ano, resultado obtido com:
i = er – 1
i = e0,60 – 1 = 0,8221188
A taxa efetiva é 82,21% ao ano é a assíntota detectada no Exemplo 5.12.

8
O Apêndice 3.2, do Capítulo 3, apresenta uma revisão de logaritmos.
178 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 5.17. Calcule a taxa efetiva equivalente da taxa instantânea de 12% ao ano.

SOLUÇÃO. A taxa efetiva é 12,7497% ao ano, resultado obtido com:


i = er – 1
i = e0,12 – 1 = 0,127497

EXEMPLO 5.18. A operação financeira foi realizada com taxa efetiva de 12% ao ano.
Calcule a taxa instantânea equivalente.
SOLUÇÃO. Da equivalência 1 + i = er se deduz a taxa instantânea.

ln(1 + i ) = ln(e r ) ⇔ ln(1 + i ) = r × ln


e
r = ln (1+ i) =1

A taxa instantânea é 11,3329% ao ano, resultado obtido com:


r = ln(1 + 0,12)
r = 0,113329

EXEMPLO 5.19. Calcule a taxa instantânea equivalente da taxa efetiva 82,2119% aos
360 dias.
SOLUÇÃO. A taxa instantânea é 60% aos 360 dias, resultado obtido com:
r = ln(1 + i)
r = ln(1 + 0,822119) = 0,60

PROBLEMAS
Os exemplos anteriores e os seguintes problemas podem ser resolvidos com o
modelo da planilha em Excel “Capitalização Contínua” deste capítulo, que se
encontra na página do livro na Internet.
PROBLEMA 5.23
Numa operação financeira no regime de capitalização contínua foi aplicado
$1.000 durante um ano. Calcule o resgate considerando a taxa instantânea de
22,55% ao ano.
R: F = $1.252,95
Capítulo 5
TAXA NOMINAL E CAPITALIZAÇÃO CONTÍNUA 179

PROBLEMA 5.24
Calcule quanto se deve aplicar no regime de capitalização contínua para resgatar
$1.000 depois de um ano considerando a taxa instantânea de 26% ao ano.
R: P = $771,05
PROBLEMA 5.25
Os valores inicial e final de uma operação financeira com duração de seis meses são,
respectivamente, $10.500 e $13.000. Calcule a taxa instantânea de juro.
R: r = 21,36% aos seis meses
PROBLEMA 5.26
Calcule a taxa de juro instantânea considerando que a duração da operação do Pro-
blema 5.21 fosse de um ano, mantendo inalterados os valores monetários.
R: r = 21,36% ao ano
PROBLEMA 5.27
Depois de 270 dias foram resgatados $15.325,76 de uma operação financeira reali-
zada no regime de capitalização contínua com taxa instantânea de 19,85% aos 270
dias. Calcule quanto foi aplicado.
R: P = $12.566,51
PROBLEMA 5.28
O valor inicial da operação financeira é $7.500. Depois de 184 dias, foram resgata-
dos $8.524,15. Calcule a taxa de juro instantânea dessa operação.
R: r = 12,80% aos 184 dias
PROBLEMA 5.29
Calcule a taxa efetiva da operação financeira do Problema 5.28.
R: i = 13,6553% aos 184 dias
PROBLEMA 5.30
Você aplicou $15.000 durante um ano com taxa efetiva de 1,25% ao mês no regi-
me de juros compostos. Calcule a taxa instantânea anual dessa operação.
R: r = 14,9070% ao ano
PROBLEMA 5.31
Vera aplicou $22.000 durante um mês com taxa efetiva de juro de 1,25% ao mês.
Calcule a taxa instantânea mensal dessa operação.
R: r = 1,2423% ao mês
PROBLEMA 5.32
Analisando os resultados dos Problemas 5.30 e 5.31, você concorda com a seguinte
afirmativa: a taxa instantânea mensal 1,2423 é equivalente à taxa instantânea anual
14,9070% ao ano.
R: Sim, concordo
180 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMA 5.33
Depois de um ano, foram resgatados $12.450 de um investimento de $10.000. O
analista do investimento afirma que a taxa instantânea 21,91% ao ano é equivalente
à taxa efetiva de 24,50% ao ano desse investimento. Você concorda?
R: Sim

PROBLEMA 5.34
Para aplicações o banco está oferecendo a taxa instantânea anual de 25%. Calcule a
taxa efetiva.
R: i = 28,40% ao ano

PROBLEMA 5.35
O empréstimo foi realizado com taxa efetiva de 65% ao ano. Calcule a taxa instan-
tânea equivalente.
R: r = 50,08% ao ano

PROBLEMA 5.36
A taxa efetiva da operação é 2,5% aos 45 dias. Calcule a taxa instantânea.
R: r = 2,47% aos 45 dias

PROBLEMA 5.37
A taxa instantânea da operação é 3,85% ao semestre. Calcule a taxa efetiva.
R: i = 3,93% ao semestre

PROBLEMA 5.38
Calcule a taxa efetiva equivalente da taxa instantânea de 90% ao ano.
R: i = 145,96% ao ano

PROBLEMA 5.39
A operação financeira foi realizada com taxa efetiva de 56% aos 270 dias. Calcule a
taxa instantânea equivalente.
R: r = 44,47% aos 270 dias

TAXA INSTANTÂNEA EQUIVALENTE


A equivalência i = (er – 1) mostra que o juro gerado por uma unidade de capital
$1 com a taxa efetiva i é o mesmo que o gerado pela taxa instantânea r, ambas
com o mesmo período igual ao prazo da operação. Novamente, duas taxas de
juros são equivalentes se sobre um mesmo capital e num determinado prazo
produzirem o mesmo juro composto.9 Da mesma maneira, duas taxas instantâ-

9
Desenvolvimento equivalente ao realizado para as taxas efetivas no Capítulo 3.
Capítulo 5
TAXA NOMINAL E CAPITALIZAÇÃO CONTÍNUA 181

neas com períodos diferentes são equivalentes se sobre o mesmo capital e num
determinado prazo produzirem o mesmo juro composto.

EXEMPLO 5.20. Calculea taxa instantânea equivalente com período mensal da taxa
instantânea 50% ao ano.
SOLUÇÃO. Investindo $1 por um ano com taxa instantânea de 50% ao ano serão res-
gatados $1,6487213, resultado obtido com F = $1 × e0,50. Ao mesmo tempo, in-
vestindo $1 com a taxa instantânea rq com período mensal durante 12 meses no re-
⎛   ⎞
12 vezes
⎜ rq rq r ⎟
gime de juros compostos, tem-se F = $1 × ⎜ e × e ×  × e q ⎟ . Sendo essas duas
⎜ ⎟
⎝ ⎠
taxas equivalentes, os futuros são iguais:

  
12 vezes

rq rq r
e × e ×  × e q = e 0 ,50
12 vezes
 
rq + rq +  + rq
e = e 0 ,50
Portanto, a taxa instantânea equivalente é 4,16667% ao mês, resultado obtido
com:
12 × rq = 0,50
0,50
rq = = 0,0416667
12

EXEMPLO 5.21. Um empréstimo de $1.000 contratado pelo prazo de um mês foi


honrado no prazo estabelecido com o pagamento de $1.060. Calcule a taxa instan-
tânea equivalente com período anual.
SOLUÇÃO. A taxa instantânea desse financiamento é 5,8269% ao mês, resultado ob-
tido com:
r = ln (F/P)
r = ln (1,06) = 0,058269
A taxa instantânea anual é 69,92%, resultado obtido com:
rq = 12 × 0,058269
rq = 0,699228
182 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

O procedimento de cálculo dos Exemplos 5.20 e 5.21 ajuda a deduzir a taxa


instantânea equivalente para qualquer situação. Seja a taxa instantânea rm com
período m e a taxa equivalente rn para o novo período n na mesma unidade de
tempo. Considerando que duas taxas de juros são equivalentes se sobre o mes-
mo capital unitário $1 e num determinado prazo produzirem o mesmo juro
rn rm
composto, temos e n = e m . Desta maneira:
rn rm
=
n m
A taxa instantânea equivalente rn com período n é obtida da taxa de juro rm
com período m:
n
rn = rm ×
m
Como regra prática, a taxa instantânea equivalente rn com período n da taxa ins-
tantânea rm com período m é o resultado da multiplicação da taxa instantânea co-
nhecida rm pelo fator n/m, sendo o denominador m o período da taxa instantânea
conhecida e o numerador n o período da taxa instantânea equivalente. De outra
maneira, o cálculo da taxa instantânea equivalente é um cálculo de proporções.

EXEMPLO 5.22. Seja a taxa instantânea de 2,8% aos 35 dias. Calcule a taxa instantânea
equivalente rq com período de 30 dias
SOLUÇÃO. A taxa instantânea equivalente é 2,40% aos 30 dias, resultado obtido
com:
n
r n = rm ×
m
30
r n = 0,028 × = 0,0240
35

EQUIVALÊNCIA TAXA INSTANTÂNEA E TAXA EFETIVA


Seja a operação com prazo unitário com capital futuro F na data 1 e o capital
equivalente P na data zero relacionados com a taxa de juro i com período n. Ao
mesmo tempo, nessa operação os capitais F e P estão relacionados com a taxa
instantânea r com período m, como mostra a Figura 5.2.
Capítulo 5
TAXA NOMINAL E CAPITALIZAÇÃO CONTÍNUA 183

i, n
0 r, m 1

FIGURA 5.2 Equivalência entre i e r.

1
Considerando a taxa efetiva i com período n, temos F = P × (1 + i) n . Ao
mesmo tempo, considerando a taxa instantânea r com período m, temos
F = P × e r × m . Como esses dois futuros são iguais:
1

1
r × m1
P × (1 + i ) n = P × e

Como o capital P pode ser simplificado nessa expressão, temos:10


1
r × m1
(1 + i ) n = e

EXEMPLO 5.23. A operação foi fechada com a taxa instantânea de 19% aos 365 dias.
Calcule a taxa efetiva com período de 31 dias.
1
r × m1
SOLUÇÃO. Da equivalência (1 + i ) n = e se deduz a taxa efetiva i.

n n
⎛⎜ (1 + i ) n1 ⎞⎟ = ⎛⎜ e m ⎞⎟
r× 1
⎝ ⎠ ⎝ ⎠

r × mn
1+ i = e
A taxa efetiva é 1,63% aos 31 dias, resultado obtido com:

r × mn
i =e −1

0 , 19× 365
31
i =e − 1 = 0,016268

10
Os dois membros retornam o mesmo futuro do investimento do capital unitário $1 durante
um prazo unitário com a taxa efetiva i e com a taxa instantânea r, ambas com o mesmo período
unitário.
184 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 5.24. A operação foi fechada com a taxa efetiva de 2,25% aos 30 dias. Cal-
cule a taxa instantânea com período de 360 dias
1
r × m1
SOLUÇÃO. Da equivalência (1 + i ) n = e se deduz a taxa instantânea r.

n n
⎛⎜ (1 + i ) n1 ⎞⎟ = ⎛⎜⎝ e m ⎞⎟
r× 1
⎝ ⎠ ⎠

r × mn
1+ i = e
Aplicando logaritmos nos dois membros, temos:

n
ln(1 + i ) = ln ⎛⎜ e
r × mn ⎞
⎟ ⇔ ln(1 + i ) = r × × ln
e
⎝ ⎠ m =1

m
r = × ln(1 + i )
n

A taxa instantânea é 26,70% aos 360 dias, resultado obtido com:

360
r = × lg(1 + 0,0225)
30
r = 0,267007

Os Exemplos 5.25 e 5.26 mostram passo a passo os cálculos das equivalên-


cias entre as taxas efetiva e instantânea.

EXEMPLO 5.25. Seja a taxa efetiva de 18% aos 365 dias. Mostre os procedimentos
de cálculo das taxas efetiva e instantânea equivalentes com período de 90 dias.
SOLUÇÃO. A taxa instantânea equivalente da taxa efetiva 18% aos 365 dias é
16,5514% aos 365 dias, resultado obtido com r = ln(1,18) = 0,165514. As taxas de
juro equivalentes para 90 dias são obtidas da forma indicada na tabela seguinte. Fica
por conta do leitor verificar a equivalência entre as taxas efetiva e instantânea com
período de 90 dias.
Capítulo 5
TAXA NOMINAL E CAPITALIZAÇÃO CONTÍNUA 185

Taxas efetivas Taxas instantâneas

i = 18% aos 365 dias r = ln(1+0,18)


r = 0,165514 aos 365 dias

iq = 1,1890/365 rq = 0,165514 ´ (90/365)


iq = 0,041656 aos 90 dias rq = 0,0408012 aos 90 dias

EXEMPLO 5.26. Seja a taxa instantânea 12% aos 365 dias. Mostre os procedimentos
de cálculo das taxas efetiva e instantânea equivalentes com período de 95 dias.
SOLUÇÃO. Aplicando procedimento utilizado no Problema 5.23 se obtém os se-
guintes resultados:

Taxas instantâneas Taxas efetivas

r = 12% aos 365 dias i = e0,12 – 1


i = 0,127497 aos 365 dias

rq = 12% ´ (95/365) iq = 1,12749795/365 – 1


rq = 3,1233% aos 95 dias iq = 0,031726 aos 95 dias

PROBLEMAS
PROBLEMA 5.40
Calcule a taxa instantânea equivalente com período de 31 dias da taxa instantânea
17,5% aos 365 dias.
R: r = 1,4863% aos 31 dias

PROBLEMA 5.41
Calcule a taxa instantânea equivalente com período de 360 dias da taxa instantânea
3,2% aos 62 dias.
R: r = 18,5806% aos 360 dias

PROBLEMA 5.42
Calcule a taxa instantânea mensal equivalente da taxa efetiva 28,50% ao ano.
R: r = 2,09% ao mês
186 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMA 5.43
Verifique o resultado do Problema 5.40, calculando a taxa efetiva a partir da taxa
instantânea.
PROBLEMA 5.44
Calcule a taxa efetiva mensal equivalente da taxa instantânea 32,0996% ao ano.
R: i = 2,71% ao mês
PROBLEMA 5.45
Calcule a taxa instantânea anual equivalente da taxa efetiva 7,56% ao semestre.
R: r = 14,58% ao ano
PROBLEMA 5.46
Seja a taxa efetiva 2,25% aos 31 dias. Mostre os procedimentos de cálculo das taxas
instantânea e efetiva equivalentes com período de 360 dias.
R: i = 29,4849% aos 360 dias; r = 25,8394% aos 360 dias
PROBLEMA 5.47
Seja a taxa instantânea 14,57% aos 365 dias. Mostre os procedimentos de cálculo
das taxas efetiva e instantânea equivalentes com período de 65 dias.
R: i = 2,6286% aos 65 dias; r = 2,5947% aos 65 dias
PROBLEMA 5.48
Conhecida a taxa instantânea 2,12% aos 62 dias, mostre os procedimentos de cál-
culo das taxas efetiva e instantânea equivalentes com período de 365 dias.
R: i = 13,2929% aos 365 dias; r = 12,4806% aos 365 dias
PROBLEMA 5.49
A taxa de desconto 2,5% é oferecida na compra de uma duplicata que vence daqui
a 30 dias. Calcule a taxa instantânea equivalente a essa taxa de desconto com perío-
do de 365 dias.
R: r = 30,80% aos 365 dias
PROBLEMA 5.50
Seja a taxa instantânea de 2% aos 35 dias. Calcule a taxa de desconto equivalente a
essa taxa instantânea considerando que o prazo da operação de desconto é de 62 dias.
R: d = 3,481% para uma operação com prazo de 62 dias
PROBLEMA 5.51
Seja a taxa instantânea de 10% aos 182 dias. Calcule a taxa efetiva equivalente com
período de 62 dias.
R: i = 3,465% aos 62 dias
PROBLEMA 5.52
Seja a taxa efetiva de 4% ao trimestre. Calcule a taxa instantânea anual equivalente.
R: i = 15,69% ao ano
Capítulo 5
TAXA NOMINAL E CAPITALIZAÇÃO CONTÍNUA 187

PROBLEMA 5.53
A taxa efetiva da operação é 2% ao mês. Calcule a taxa instantânea com período de
um ano.
R: r = 23,76% ao ano
PROBLEMA 5.54
A taxa instantânea da operação é 1,85 aos 30 dias. Calcule a taxa efetiva com perío-
do de 365 dias.
R: i = 25,24% aos 365 dias
PROBLEMA 5.55
A taxa de desconto 4,5% é oferecida na compra de uma duplicata que vence daqui
a 91 dias. Calcule a taxa instantânea equivalente a essa taxa de desconto com perío-
do de 91 dias.
R: r = 4,60% aos 91 dias
PROBLEMA 5.56
Seja a taxa instantânea de 6,6% aos 180 dias. Calcule a taxa de desconto equivalente
a essa taxa instantânea considerando que o prazo da operação de desconto coincide
com o período da taxa instantânea.
R: d = 6,387% para uma operação com prazo de 180 dias
PROBLEMA 5.57
Seja a taxa instantânea de 18% ao ano. Calcule a taxa nominal equivalente com pe-
ríodo anual com capitalizações mensais.
R: in = 18,136% ao ano com capitalizações mensais
PROBLEMA 5.58
Seja a taxa nominal de 15% ao ano com capitalizações mensais. Calcule a taxa ins-
tantânea equivalente com período anual.
R: r = 14,91% ao ano

RESUMO DE FÓRMULAS
TAXA NOMINAL ANUAL
m
⎛ i ⎞
A partir da equivalência F = P × ⎜ 1 + m ⎟ da operação financeira com dois ca-
⎝ m⎠
pitais e prazo de um ano com taxa nominal anual de juro im e m capitalizações no
regime de juros compostos, deduz-se que:11

11
O cálculo de m deve ser feito por tentativa e erro, pois não é possível obter uma fórmula para m.
188 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

m
⎛ i ⎞
— Para calcular o futuro F, aplica-se F = P × ⎜ 1 + m ⎟ .
⎝ m⎠
−m
⎛ i ⎞
— Para calcular o presente P, aplica-se P = F × ⎜ 1 + m ⎟ .
⎝ m⎠
⎛⎛ F ⎞ 1m ⎞
— Para calcular a taxa nominal de juro im, aplica-se im = ⎜ ⎜ ⎟ − 1⎟ × m.
⎝⎝ P ⎠ ⎠

TAXA NOMINAL ANUAL E TAXA EFETIVA


m
⎛ i ⎞
A partir da equivalência1 + i = ⎜ 1 + m ⎟ entre a taxa efetiva com período anual
⎝ m⎠
e a taxa nominal anual de juro im e m capitalizações no regime de juros compos-
tos deduz-se que:

m
⎛ i ⎞
— Para calcular a taxa efetiva de juro, aplica-se i = ⎜ 1 + m ⎟ − 1.
⎝ m⎠
— Para calcular a taxa nominal de juro, aplica-se im = ((1 + i) 1 m − 1) × m.

CAPITALIZAÇÃO CONTÍNUA
A partir da equivalência F = P × er da operação no regime de capitalização com
prazo unitário e taxa instantânea r com período unitário deduz-se que:

— Para calcular o futuro, aplica-se F = P × er.


— Para calcular o presente, aplica-se P = F × e–r.
— Para calcular a taxa instantânea, aplica-se r = ln(F / P). Deve ser utilizado
o logaritmo natural, pois facilita os cálculos. O Apêndice 3.2, do Capítu-
lo 3, apresenta a revisão de logaritmo.

Conhecida a taxa instantânea rm com período m, sua taxa equivalente rn para


n
o novo período n é obtida com rn = rm × .
m
Capítulo 5
TAXA NOMINAL E CAPITALIZAÇÃO CONTÍNUA 189

EQUIVALÊNCIA TAXA INSTANTÂNEA E TAXA EFETIVA


A partir da equivalência (1 + i) n = e r × m entre a taxa efetiva i com período n e a
1 1

taxa instantânea r com período n, deduz-se que:

— Para calcular a taxa efetiva, aplica-se i = e r × m − 1.


n

m
— Para calcular a taxa instantânea, aplica-se r = × lg(1 + i).
n

Se os períodos das duas taxas forem iguais, m=n, a equivalência passa a ser
1 + i = e r.
190 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Apêndice 5.1

Capitalização Contínua com


Taxa Instantânea Variável
No Apêndice 3.1, do Capítulo 3, foi apresentada a operação no regime de juros
compostos e taxa variável de juro. Foi desenvolvida a equivalência para n capi-
talizações com taxas variáveis com período igual ao período de geração de juros
e que repetimos:
F
= (1 + i 1 ) × (1 + i2 ) × (1 + i 3 ) ×  × (1 + i n )
P

Neste capítulo foi visto que toda taxa efetiva tem uma taxa instantânea equi-
valente e vice-versa, 1 + i = er, com o período de ambas as taxas iguais. Conside-
rando as n capitalizações, a expressão anterior pode ser escrita assim:
F
= e r 1 × e r 2 × ... × e r n
P

Pela propriedade associativa da operação potência com a mesma base e,


tem-se:
F
= e r1 + r2 +  + rn
P

Nessa equivalência, o período de cada taxa instantânea é igual ao seu respec-


tivo prazo de geração de juro. Isso indica que o prazo de geração de juro de cada
taxa instantânea pode ser diferente, acompanhado dos respectivos períodos das
taxas. Observe que, nesse caso, as taxas instantâneas se somam. Continuando, a
soma das taxas instantâneas pode ser representada com o símbolo somatório,
cuja revisão é apresentada no Apêndice 2.2, do Capítulo 2:
n

F ∑ rj
= e j=1
P

Da equivalência dos capitais P e F e as taxas instantâneas, deduz-se:


n
∑rj
— Cálculo do futuro da operação: F = P × e r 1 + r 2 +  + r n = P × e j = 1
Apêndice 5.1
CAPITALIZAÇÃO CONTÍNUA COM TAXA INSTANTÂNEA VARIÁVEL 191

F F
— Cálculo do presente da operação: P = r1 + r2 +  + rn
= n
e ∑rj
e j=1
— Cálculo da taxa instantânea: se P e F da operação forem conhecidos, o
cálculo da taxa instantânea total ou de apenas uma das n taxas instantâneas
poderá ser realizado sem dificuldade. Entretanto, para calcular as n taxas
instantâneas simultaneamente serão necessárias n equações. Portanto,
para calcular simultaneamente 2, 3, ..., n taxas instantâneas da operação
será necessário criar 1, 2, ..., (n – 1) novas equações que estabelecem as 1,
2, ..., (n – 1) relações entre as taxas instantâneas da operação.

As premissas contidas numa operação financeira no regime de capitalização


contínua com n taxas instantâneas variáveis e consequentes n gerações de juros são:

— As taxas instantâneas entre si e seus respectivos períodos também podem


ser diferentes, com a condição de que os períodos das taxas instantâneas
sejam iguais aos respectivos prazos de geração dos juros.
— O capital cresce somente pela geração de juros. Durante o prazo da ope-
ração não há nenhuma entrada nem saída de capital, havendo somente
geração de juros que são capitalizados instantaneamente.

A soma das taxas instantâneas pode ser representada pela taxa total rT consi-
derando que período de cada taxa instantânea é igual ao seu respectivo prazo de
geração de juro:
e rT = e r1 + r2 +  + rn
n
rT = r1 + r2 +  + rn = ∑r j
j=1

EXEMPLO 5.27. Calcule o resgate de um investimento de $70.000 pelo prazo de


quatro meses com taxas instantâneas mensais de 1,2%, 1,70%, 0,7% e 2,1% no regi-
me de capitalização contínua.
SOLUÇÃO. O resgate é $105.865,58, resultado obtido com:
F = P × e r1 + r2 + r3 + r4
F = $100.000 × e 0 ,012 + 0 ,017 + 0 ,007 + 0 ,021 = $105865
. ,58
192 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 5.28. Do investimento realizado durante 90 dias foram resgatados


$125.300. Calcule o capital aplicado no regime de capitalização contínua sabendo
que as taxas instantâneas foram 1,85%, 1,2% e -0,23% aos 30 dias.
SOLUÇÃO. O capital aplicado foi $121.815,90, resultado obtido com:
F
P= r1 + r2 + r3
e

$125300
.
F= = $121815
. ,897
e 0 ,0185 + 0 ,012 − 0 ,0023

EXEMPLO 5.29. O financiamento de $100.000 foi devolvido depois de quatro meses pa-
gando $112.000. Esse financiamento foi realizado com taxa instantânea variável, cujos
valores dos três primeiros meses são 3%, 2,8% e 2,1% ao mês. Calcule a taxa instantânea
do quarto e último mês considerando o regime de capitalização contínua.
SOLUÇÃO. Começamos registrando a equivalência que permitirá obter a taxa ins-
tantânea do quarto mês.
F
= e r1 + r2 + r3 + r4
P

$112000
.
= e 0 ,03 + 0 ,028 + 0 ,021+ r 4 ⇔ 112
, = e 0 ,03 + 0 ,028 + 0 ,021+ r 4
$100.000

Resolvendo essa equação, se obtém a taxa instantânea r4 igual a 3,43% ao mês.

ln 1,12 = 0,03 + 0,028 + 0,021 + r4


r 4 = ln
 ,
− 0,079 = 0,034329
112
= 0 , 113329

TAXA EFETIVA
A relação de capitais F/P de qualquer operação financeira com dois capitais é
igual a (1 + i), sendo i a taxa efetiva de juro com período igual ao prazo da ope-
ração. Aplicando o mesmo conceito na operação no regime de capitalização
contínua com taxa instantânea variável temos:
F
= e r1 + r2 +  + rn
P
Apêndice 5.1
CAPITALIZAÇÃO CONTÍNUA COM TAXA INSTANTÂNEA VARIÁVEL 193

A equivalência com a taxa efetiva i com período igual ao prazo da operação é:

1+ i = e r1 + r2 +  + rn

Pondo em evidência a taxa de juro i temos:

i = e r1 + r2 +  + rn − 1

EXEMPLO 5.30. Calcule a taxa efetiva durante os quatro meses do Exemplo 5.27.
SOLUÇÃO. A taxa de juro total é 5,866% aos quatros meses, resultado obtido com:

i = e r1 + r2 + r3 + r4 − 1
i = e0,012 + 0,017 + 0,007 + 0,021 – 1 = 0,0586558

EXEMPLO 5.31. As rentabilidades mensais de um investimento durante três meses se-


guidos foram, respectivamente, 2,2%, i2 = ? e 3% ao mês. Calcule a rentabilidade
do segundo mês sabendo que a rentabilidade durante os três meses foi de 5%.
SOLUÇÃO. Começamos registrando a fórmula que permitirá calcular a taxa instan-
tânea do quarto mês.

1 + i = e r1 + r2 + r3
ln (l + i) = r1 +r2+r3

A rentabilidade do segundo mês foi -0,121% ao mês.


r2 = ln (1 + i) – (r1 + r3)
r2 = ln (1 + 0,05) – (0,02 + 0,03) = – 0,0012098

PRAZO DE GERAÇÃO DO JURO DIFERENTE DO PERÍODO


DA TAXA INSTANTÂNEA
n
∑rj
A equivalência F = P × e r 1 + r 2 +  + r n = P × e j = 1 relaciona os capitais com n taxas
instantâneas diferentes no regime de capitalização contínua, com a característi-
ca de que o período de cada uma das n taxas instantâneas coincide com o prazo
194 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

de geração do juro correspondente. Entretanto, de uma maneira geral, os pe-


ríodos de geração dos juros podem ser diferentes entre si e diferir, também, dos
períodos das taxas instantâneas correspondentes. Dessa maneira, se cada taxa
instantânea rj pode ter seu próprio período mj sendo tj o prazo de geração do juro
correspondente à taxa rj.
A equivalência anterior passa a ser:

⎛ r 1 mt 1 t
r 2 m2
tj
rj m r n ⎞
t

F = P × ⎜e 1 ×e 2 ×  × e j ×  × e n mn ⎟
⎝ ⎠

EXEMPLO 5.32. Foram investidos $100.000 numa operação com duração de 15 dias
e taxa instantânea de 1,2% aos 30 dias. O resgate desse investimento foi reinvestido
no mesmo dia pelo prazo de 13 dias e taxa instantânea de 1,8% aos 20 dias. Final-
mente, o resgate desse investimento foi reinvestido no mesmo dia pelo prazo de 8
dias e taxa instantânea de 3,5% aos 60 dias. Calcule o resgate final.
SOLUÇÃO. A taxa instantânea total é 2,236667% aos 36 dias:
t1 t t
rT = r1 + r2 2 + r 3 3
m1 m2 m3

15 13 8
r T = 0,012 × + 0,018 × + 0,035 × = 0,02236667
30 20 60

O resgate final é $102.261,87, resultado obtido com:

F = P × e rT
F = $100.000 × e 0,0223667 = $102.261,871

EXEMPLO 5.33. Calcule o resgate do investimento de $100.000 formado por três in-
vestimentos seguidos no regime de capitalização contínua. O primeiro investi-
mento com duração de 30 dias foi realizado com a taxa instantânea de 2,25% aos 30
dias. O segundo teve duração de 22 dias e foi realizado com a taxa instantânea de
0,85% aos 22 dias. O terceiro teve duração de 45 dias e foi realizado com a taxa ins-
tantânea de 2,56% aos 45 dias. Calcule a taxa instantânea total no prazo da operação
e o valor resgatado.
Apêndice 5.1
CAPITALIZAÇÃO CONTÍNUA COM TAXA INSTANTÂNEA VARIÁVEL 195

SOLUÇÃO. A taxa instantânea total é 5,66% aos 97 dias, resultado obtido com:
rT = r1 + r2 + r3
rT = 0,0225 + 0,0085 + 0,0256 = 0,0566

No final da aplicação foram resgatados $105.823,24, resultado obtido com:

F = P × e rT
F = $100.000 × e0,0566 = $105.823,24

PROBLEMAS
PROBLEMA 5.59
Você aplicou $85.000 numa operação com duração de 31 dias e taxa instantânea de
1% aos 30 dias. O valor resgatado dessa operação foi reaplicado no mesmo dia numa
nova operação com duração de 62 dias e taxa instantânea de 22% aos 365 dias. Cal-
cule a taxa instantânea total e o valor resgatado no final da segunda aplicação.
R: rT = 4,7703% aos 93 dias, F = $89.153,04

PROBLEMA 5.60
O investimento foi realizado com investimentos seguidos. O primeiro com prazo
de 35 dias e taxa instantânea de 16,50% aos 360 dias. O segundo com prazo de 25
dias e taxa instantânea de 2,2% aos 30 dias. E o último com a taxa instantânea de
2,95% aos 60 dias. Calcule a taxa instantânea total considerando que o prazo total
da operação é 91dias corridos.
R: rT = 4,9617% aos 91 dias

PROBLEMA 5.61
Calcule o resgate de um investimento de $100.000 pelo prazo de seis meses no regi-
me de capitalização contínua com as seguintes taxas de juros e prazos de geração dos
juros. Nos dois primeiros meses, o capital foi investido à taxa instantânea de 1,5% ao
mês, nos três meses seguintes, o capital foi investido à taxa instantânea de 12% ao se-
mestre e no último mês o capital foi investido à taxa instantânea de 6% ao trimestre.
R: F = $111.627,81

PROBLEMA 5.62
Da aplicação de $1.000 foi resgatado $1.075,37 depois de duas operações segui-
das, a primeira com prazo de 35 dias e taxa instantânea de 3,8% aos 30 dias e a se-
gunda com taxa instantânea de 3,4% aos 30 dias. Calcule o prazo da segunda apli-
cação.
R: n = 25 dias
196 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Apêndice 5.2

Função Exponencial

Seja a um número positivo real, a função exponencial y = ax está definida em


todo o campo real. Para x = 0 temos y = 1 e a partir desse valor, se a>1 a função
cresce rapidamente para a direita e se a<1 decresce para a esquerda, como mos-
tra a figura seguinte.

8 ´
7 8
6
5
4
3
2
1 ´
0
–2 –1 0 1 2

FUNÇÃO ex
A base a mais utilizada em finanças é o número e igual a 2,7182... O resultado da
função exponencial com base e para um determinado valor de x pode ser calcu-
lado assim:
x 0 x 1 x2 x 3
ex = + + + +
0 ! 1! 2 ! 3 !

Nessa soma, por exemplo, 3! é o fatorial de 3 e seu valor é 6, 3!=3 × 2 × 1. A


soma dessa série de potências formada por um número infinito de parcelas tam-
bém pode ser representada com o somatório:


xj
ex = ∑ j!
j=0

Se x = 1, obtém-se o número e:


1j
e= ∑
j=0 j !
Apêndice 5.2
FUNÇÃO EXPONENCIAL 197

A função exponencial ex tem vantagens operacionais quando são aplicados


os conceitos de derivada e integral. 12 A derivada da função exponencial ax é ob-
tida com a expressão:
d x
a = a x .ln a
dx
A derivada da função exponencial ex é a própria função ex:
d x
a = a x .ln a
dx
d x
e = e x .ln
e = e
x
dx =1

De forma geral, a derivada da função exponencial au(x) com a função u(x)


como expoente é:
d u( x ) d
a = a u( x ) × ln a × u( x )
dx dx

No caso da derivada da função exponencial eu(x) com a função u(x) como ex-
poente é:
d u( x ) d d d
e = e u( x ) × ln e × u( x ) ⇔ e u( x ) = e u( x ) × u( x )
dx dx dx dx
d x
Se u(x)= x então a última expressão passa a ser a e = e x ×1 = e x.
dx
A integral de ex, operação inversa da derivada, é a própria ex, salvo uma
constante C:
∫ e x dx = e x + C

CAPITALIZAÇÃO CONTÍNUA – OUTRA FORMA


DE OBTER A EQUIVALÊNCIA
Seja a operação com dois capitais P e F e prazo de um ano. A taxa efetiva anual i
e a taxa nominal anual r aplicada com m capitalizações estão relacionadas com

12
Essas propriedades são importantes nos desenvolvimentos e modelos financeiros.
198 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

m
⎛ r⎞
i = ⎜ 1 + ⎟ − 1. O Exemplo 5.12 mostra que o aumento do número de capita-
⎝ m⎠
lizações m provoca, também, o aumento da taxa efetiva anual, porém, com
acréscimos cada vez menores. O objetivo agora é obter a taxa instantânea r dire-
tamente da taxa nominal a partir de:

r = ((1 + i )1 m − 1) × m
(1 + i )1 m − 1
r=
1m

O limite da taxa nominal r quando m tende ao infinito é a taxa instantânea, e


o limite quando m → ∞ do segundo membro é indeterminado, do tipo 0÷0.

⎛ (1 + i )1 m − 1⎞
r = lim ⎜ ⎟
m→ ∞ ⎝ 1m ⎠

Para salvar a indeterminação, poderíamos mudar a expressão algebricamen-


te procurando simplificações que removam a indeterminação. O procedimento
que será apresentado utiliza a regra de L´Hôpital.13 Derivando numerador e de-
nominador da função racional dentro dos parênteses com relação à variável m e
simplificando temos:
d d
((1 + i )1 m − 1) (1 + i )1 m
dm ⇔ dm
d d
(1 m ) (1 m )
dm dm

Aplicando a derivada da função exponencial ax do numerador, como apre-


d u( x ) d
sentada neste apêndice: a = a u( x ) × ln a × u(x). Neste caso temos
dx dx
d d ⎛ 1⎞
(1 + i) 1 m = (1 + i) 1 m × ln(1 + i) × ⎜ ⎟ . Derivando o numerador e o deno-
dm dm ⎝ m ⎠
minador:

13
Hôpital, Guillaume-Fraçõis-Antoine, Marques de l´ (1661-1704) Analista francês que escre-
veu o primeiro livro de Cálculo Diferencial que apresenta como encontrar o limite de uma fun-
ção racional cujo numerador e denominador tendem a zero num ponto, conhecida como a re-
gra de L'Hôpital.
Apêndice 5.2
FUNÇÃO EXPONENCIAL 199
−1
(1 + i )1 m × ln(1 + i ) ×
m 2 = (1 + i )1 m × ln(1 + i )
−1
m2

Voltando à expressão do limite:

r = lim ((1 + i )1 m × ln(1 + i ))


m→ ∞

r = ln(1 + i )

F
Da última expressão obtém-se 1 + i = er, da qual é deduzido = er.
P
Capítulo 6

Série Uniforme

Da mesma forma que foi estabelecida uma relação de equivalência entre dois
capitais de uma mesma operação financeira, também pode-se estabelecer uma
relação de equivalência entre um único capital e uma série de capitais. Exem-
plos dessa troca de obrigações ou direitos são: o desconto de duplicatas, o finan-
ciamento de vendas do comércio com pagamento em prestações, a formação de
um fundo complementar de aposentadoria, os retornos anuais de um projeto de
investimento, o retorno periódico de uma debênture, de um bond etc. Nesse
caso também os participantes das operações conhecem com certeza o que vai
acontecer no futuro e não há oportunidades de arbitragem. Este novo tema é
iniciado resolvendo cinco exemplos que utilizam juros compostos e o conceito
de equação de valor equivalente, desenvolvido no Capítulo 3 do livro.

EXEMPLO 6.1. O dono da pequena empresa está negociando com o banco a anteci-
pação do pagamento de três cheques pré-datados cujos valores e datas de pagamen-
to estão registrados no diagrama do fluxo de capitais seguinte, sendo as datas conta-
das como dias corridos a partir da data de negociação e recebimento do dinheiro,1
considerada como data zero. Sabendo que a taxa de juro utilizada pelo banco é
3,5% aos 30 dias, calcule quanto o dono da empresa receberá na data zero.

1
As datas de vencimento dos cheques pré-datados são datas do calendário. Para facilitar a análi-
se, essas datas foram transformadas numa sequência de dias corridos, definindo como zero a data
inicial da operação.
202 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

P=?
i = 3,5% aos 30 dias

0 28 35 60 dias

$1.000 $850 $1.190

SOLUÇÃO. Este exemplo é semelhante ao Exemplo 3.27, do Capítulo 3. A série é


formada por três capitais com valores diferentes e ocorrem, também, em datas dife-
rentes sem nenhuma periodicidade. Estabelecendo a equação de valor equivalente
na data zero, temos:
t1 t2 t3
P = A1 × (1 + i ) − m + A2 × (1 + i ) − m + A 3 × (1 + i ) − m

Pela antecipação do pagamento dos três cheques pré-datados, o dono da empresa


espera receber $2.895,84 na data zero, resultado obtido com:

− 28 − 35 − 60
P = $1.000 × (1 + 0,035) 30 + $850,00 × (1 + 0,035) 30 + $1.190 × (1 + 0,035) 30

P = $968,4020 + $816,5608 + $1.110,8777 = $2.895,8405

Considerando a taxa de juro de 3,5% aos 30 dias, o presente $2.895,84 na data zero
é equivalente aos três cheques pré-datados, e vice-versa.

O procedimento de cálculo utilizado no Exemplo 6.1 pode ser estendido


para uma série de capitais com qualquer número de capitais.2

EXEMPLO 6.2. O fundo será formado com as quatro aplicações mensais registradas
no seguinte diagrama de capitais. Calcule o futuro dessa série de capitais conside-
rando a taxa de juro de 1,5% ao mês.

F=?
i = 1,5% ao mês
0 1 2 3 4

$300 $400 $350 $450

2
O leitor perceberá que, na maioria dos casos, esse procedimento de cálculo é mais prático que a
utilização das rotinas de cash-flow das calculadoras financeiras e das planilhas de cálculo.
Capítulo 6
SÉRIE UNIFORME 203

SOLUÇÃO. A série é formada por quatro capitais com valores diferentes que ocor-
rem em datas diferentes, porém, com periodicidade constante, mensal. Estabele-
cendo a equação de valor equivalente no final do quarto mês, temos:
F = A1 × (1 + i)4 + A2 × (1 + i)3 + A3 × (1 + i)2 + A4 × (1 + i)1
O fundo $1.554,01 é o resultado da soma dos futuros das quatro aplicações mensais:
F = $300 × 1,044 + $400 × 1,043 + $350 × 1,042 + $450 × 1,041
F = $1.554,01
Considerando a taxa de juro de 1,5% ao mês, o futuro $1.554,01 no final do quarto
mês é equivalente às quantias das quatro aplicações mensais, e vice-versa.

EXEMPLO 6.3. A compra de um sistema de som, incluindo alguns acessórios, será fi-
nanciada em três prestações mensais seguidas e iguais a $310,20, vencendo a pri-
meira delas um mês depois da data da compra. Calcule o quanto foi financiado com
a taxa de financiamento da loja de 2,8% ao mês.
SOLUÇÃO. A série de pagamentos é formada por três capitais com valores iguais que
ocorrem em datas diferentes, porém, com periodicidade constante, mensal. A
equação de valor equivalente na data zero é:
−1 − 21 − 31
P = A × (1 + i) 1 + A × (1 + i) + A × (1 + i)

Como são três parcelas iguais, A, a equivalência anterior pode ser reescrita assim:

P = A × ((1 + i ) −1 + (1 + i ) −2 + (1 + i ) −3 )

O valor financiado é $880,82, obtido como o resultado da soma dos presentes dos
três capitais à taxa de financiamento de 2,8% ao mês:
P = $310,20 × ((1 + 0,028 ) −1 + (1 + 0,028 ) −2 + (1 + 0,028 ) −3 )
P = $310,20 × (0,9728 + 0,9463 + 0,9205)
P = $880,82

EXEMPLO 6.4. Luis Fernando comprou um DVD em três prestações mensais e iguais
em vez de comprá-lo à vista, desembolsando $980. Calcule o valor das três presta-
ções considerando a taxa de financiamento de 1% ao mês.
SOLUÇÃO. A operação está representada no seguinte fluxo de capitais. No ato da
compra, data zero, o valor à vista é P = $980 e as três prestações mensais e iguais es-
tão representadas por A, sendo o vencimento da primeira um mês depois da data da
compra, e os vencimentos seguintes com período de um mês.
204 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

P = $980
i = 1% ao mês

0 1 2 3 meses

A A A
Definindo a equação de valor equivalente na data zero, temos:

P = A × (1 + i)–1 + A × (1 + i)–2 + A × (1 + i)–3


P = A × ((1 + i ) −1 + (1 + i ) −2 + (1 + i ) −3 )

Substituindo os dados nessa equivalência, temos:

$980 = A × ((1 + 0,01) −1 + (1 + 0,01) −2 + (1 + 0,01) −3 ))


$980 = A × 2,94098521

O valor das três prestações iguais é $333,22, resultado obtido com:

$980
A=
2,94098521
A = $333,22166925

EXEMPLO 6.5. O financiamento de $4.000 será devolvido em três parcelas mensais


iguais e seguido de $1.430,20, vencendo a primeira um mês depois da data de rece-
bimento do empréstimo. Calcule a taxa de juro dessa operação.
SOLUÇÃO. A série de capitais está formada por três capitais iguais que ocorrem em
datas diferentes, porém, com periodicidade mensal, como mostra o diagrama a
seguir:
P = $4.000
i=?
0 1 2 3 meses

$1.430,20 $1.430,20 $1.430,20

Definindo a equação de valor equivalente na data zero, temos:3

3
O Capítulo 8 mostra que a equação de equivalência pode ser estabelecida em qualquer data,
dentro ou fora do prazo da operação.
Capítulo 6
SÉRIE UNIFORME 205

$4.000 = $1.430,20 × ⎛⎜ (1 + i ) 1 + (1 + i ) 1 + (1 + i ) 1 ⎞⎟
−1 −2 −3
⎝ ⎠

Dividindo os dois membros da igualdade por $1.430,20, temos:

$4.000
= (1 + i ) −1 + (1 + i ) −2 + (1 + i ) −3
$1.430,20

Como se pode ver, não é possível pôr em evidência a taxa de juro i. Nesse caso, o
cálculo de i será realizado por um procedimento de tentativa e erro, como o apre-
sentado no Exemplo 6.10. O resultado exato da taxa de juro é i = 3,59% ao mês,
obtido com a calculadora financeira HP-12C.

TIPOS DE SÉRIE UNIFORME


Os exemplos anteriores mostram diferentes tipos de séries de capitais e, portan-
to, diversos tipos de problemas para resolver. Por exemplo, os capitais do
Exemplo 6.1 são diferentes e ocorrem em datas sem nenhuma periodicidade
entre si. Nem todos os capitais do Exemplo 6.2 são diferentes, entretanto, ocor-
rem com a mesma periodicidade; e no Exemplo 6.3 todos os capitais são iguais e
ocorrem com a mesma periodicidade. Nessas séries se destacam duas caracterís-
ticas que as diferenciam: o valor dos capitais e sua periodicidade de ocorrência.
Se os valores dos capitais, como sua periodicidade de ocorrência, são uniformes
como as séries dos Exemplos 6.3, 6.4 e 6.5, essas séries são denominadas série de
capitais uniformes, anuidade ou simplesmente série uniforme. As séries dos
Exemplos 6.1 e 6.2 são de capital variável (apresentadas no Capítulo 8), como
mostra a classificação registrada no Apêndice 6.1 deste capítulo.
O desenvolvimento da equivalência de uma série uniforme é realizado em
função de seu objetivo, Amortização e Capitalização. A Amortização trata da equi-
valência entre os capitais da série e seu presente P na data zero, como é o caso do
financiamento contraído na data zero (ver Figura 6.1). A Capitalização trata da
equivalência entre os capitais da série e seu futuro F na data n, como é o caso da
formação de um fundo na data n. Também a data do primeiro capital estabelece
dois tipos de séries uniformes, série postecipada e série antecipada, como mostra a
Figura 6.1. Na série postecipada com n capitais, o primeiro capital ocorre na
data 1, o último capital na data n e seus capitais são denominados postecipados.
E na série antecipada com n capitais, o primeiro capital ocorre na data 0, o últi-
mo capital na data (n-1) e seus capitais são denominados antecipados.
206 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

P F

Série uniforme com capitais postecipados


0 1 2 3 n–1 n

A A A A A
P F
Série uniforme com capitais antecipados
0 1 2 3 n–1 n

A A A A A

FIGURA 6.1 Séries de capitais uniformes.

É bom lembrar que a data em que for situado o início da série uniforme é
apenas convencional, pois, como será visto em exemplos, qualquer série uni-
forme pode ser considerada como antecipada ou postecipada. O importante é
compreender a relação e a posição dos capitais equivalentes P e F em relação à
posição da série uniforme no diagrama de capitais. Mantendo P ou F inaltera-
dos, observe que a série antecipada pode ser obtida da série postecipada deslo-
cando todos os capitais um período na direção da data zero, procedimento de-
nominado descapitalização. Nesse caso, o capital deslocado para a data anterior
será igual ao seu valor original dividido pelo fator (1+i), considerando que o pe-
ríodo da taxa de juro coincide com o período deslocado. Da mesma maneira, a
série postecipada também pode ser obtida da série antecipada deslocando todos
os capitais dessa série um período na direção da data n, procedimento denomi-
nado capitalização. Nesse caso, o capital deslocado para a data posterior será igual
ao valor original multiplicado pelo fator (1+i), considerando que o período da
taxa de juro é o mesmo que o do período deslocado. Essas duas conclusões mos-
tram que é possível obter resultados equivalentes das séries antecipadas a partir
dos resultados das séries postecipadas, e vice-versa.

AMORTIZAÇÃO – CAPITAIS POSTECIPADOS


O diagrama de fluxo de capitais da Figura 6.2, formado pela série uniforme com
n capitais postecipados Apos, seu presente P na data zero e a taxa de juro i com pe-
Capítulo 6
SÉRIE UNIFORME 207

ríodo igual à periodicidade dos capitais, representa a operação de amortização


com capitais postecipados, como a do Exemplo 6.3 deste capítulo. A caracterís-
tica importante da amortização com capitais postecipados é que P ocorre um
período antes do primeiro capital da série.

i
0 1 2 3 n–1 n

Apos Apos Apos Apos Apos

FIGURA 6.2 Amortização com capitais postecipados.

A equação de valor equivalente do presente P e os n capitais postecipados


Apos na data 0 e no regime de juros compostos é:

P = Apos × (1 + i)–1 + Apos × (1 + i)–2 +  + Apos × (1 + i)–n

Como os capitais Apos são iguais, a expressão anterior pode se reescrever como
segue, representando com S a soma das n parcelas Apos dentro do parêntese:

P = Apos × ((1 + i)–1 + (1 + i)–2 +  + (1 + i)–n)

P = Apos × S

As parcelas da soma S formam uma progressão geométrica de n termos com


razão (1 + i)–1 e o resultado dessa soma S é obtido com:
a1 − an × q
S=
1− q

Na soma S, a1 = (1 + i)–1 é o primeiro termo da PG, an = (1 + i)–n o último


termo e (1 + i)–1 a razão da PG. Substituindo os termos e a razão da PG na soma
S, obtém-se:4

4
O Apêndice 6.2 apresenta uma revisão da PG e as deduções deste capítulo.
208 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

1 − (1 + i )− n
S=
i
A equivalência de P e A da operação amortização da série uniforme com ca-
pitais postecipados é:
1 − (1 + i )− n
P = Apos ×
i
Nessa equivalência, o período da taxa de juro i é igual à periodicidade dos
capitais, por exemplo, se a periodicidade dos capitais for mensal, então o perío-
do da taxa de juro deverá ser mensal. Observe que os resultados dos Exemplos
6.3, 6.4 e 6.5 foram obtidos utilizando os capitais de forma individual. Agora,
com as séries uniformes, será utilizada uma única expressão que representa os n
capitais. Isso foi conseguido devido à uniformidade dos capitais quanto aos seus
valores, como a frequência de ocorrência. A equivalência da amortização com
séries uniformes postecipadas no regime de juros compostos tem quatro variá-
veis, P, A, i e n que, conforme o tipo de problema, podem ser dados ou incógni-
1 − (1 + i) − n
tas. Da equivalência P = A pos × são deduzidas as fórmulas registra-
i
das no “Resumo de fórmulas”, no final do capítulo, e utilizadas para resolver os
exemplos e problemas seguintes.

PROCEDIMENTOS DE CÁLCULO
Na resolução de problemas de amortização com série uniforme postecipada no
regime de juros compostos pode ser utilizada uma expressão adequada – exceto no
Exemplo 6.10 –, e as calculadoras com funções exponenciais, como a calcula-
dora financeira HP-12C; porém, há outros procedimentos de cálculo. Por
P 1 − (1 + i) − n
exemplo, o primeiro membro de = é o resultado da relação de
A i
1 − (1 + i) − n
capitais P/A da série uniforme postecipada, e o segundo membro é
i
o fator de valor presente também representado por a n_|i ,5 cujo resultado é o pre-
sente de uma série uniforme postecipada com n capitais unitários $1 conside-
rando a taxa de juro i com período igual à periodicidade dos capitais. Perceba

5
O separador entre n e i é conhecido como cantoneira.
Capítulo 6
SÉRIE UNIFORME 209

1 − (1 + i) − n
que o resultado a n_|i = se situa em um período antes do primeiro ca-
i
pital da série uniforme com capitais postecipados.
A tábua financeira é uma forma prática de resolver problemas de séries uni-
formes postecipadas no regime de juros compostos bastante utilizada antes das
calculadoras financeiras. Apesar da vantagem operacional, ela tem uma desvanta-
gem ao diminuir a exatidão de alguns dos resultados devido à limitação do núme-
ro de casas decimais que a tábua oferece, bem como à necessidade de aplicar pro-
cedimentos de interpolação para obter os resultados de i e n não inteiros. Há di-
versas formas de apresentar essa tábua, porém todas elas registram o resultado do
1 − (1 + i) − n
fator de valor presente . Sendo o fator de valor presente igual à rela-
i
ção dos capitais P/A, com esse resultado e os dados da tábua pode-se calcular
qualquer uma das quatro variáveis da amortização postecipada quando são co-
nhecidas as outras três. Embora no livro não seja utilizada a tábua financeira, o ca-
1 − (1 + i) − n
pítulo Tábuas apresenta a tábua financeira do fator de valor presente .
i
A forma de utilizar a tábua financeira da série uniforme postecipada é semelhante
à da tábua financeira dos juros compostos do Apêndice 3.3, Capítulo 3.
A calculadora financeira HP-12C dispõe também de teclas financeiras [n] [i]
[PV] [PMT] para calcular qualquer uma das quatro variáveis n, i, P e A da ope-
ração de amortização da série uniforme no regime de juros compostos. Os
Apêndices deste capítulo “Cálculos com a HP-12C – Capítulo 6” e “Cálculos
com Excel – Capítulo 6”, que se encontram na página do livro na Internet,
mostram como utilizar essas ferramentas para realizar os cálculos deste capítulo.6

EXEMPLO 6.6. Refaça o Exemplo 6.3.


SOLUÇÃO. A quantia financiada é $880,82, resultado obtido com:
1 − (1 + i ) – n
P = A×
i
1 − (1 + 0,028 ) –3
P = $310,20 ×
0,028
P = $310,20 × 2,83952316 = $880,82

6
Lapponi J.C. Modelagem Financeira com Excel. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2004, incluin-
do a construção de funções no Excel.
210 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 6.7. Para a compra de uma câmera digital serão financiados $1.000 com a
taxa de juro de 2,3% ao mês. Calcule o valor das quatro prestações mensais, iguais e
seguidas, sabendo que a primeira prestação vencerá um mês depois da compra da
câmera.
1 − (1 + i ) – n
SOLUÇÃO. Da equivalência P = A × se deduz o valor das prestações.
i
i
A=P×
1 − (1 + i ) − n

O valor das quatro prestações mensais é $264,54, resultado obtido com:


0,023
A = $1000
. ×
1 − (1 + 0,023 ) −4
A = $264,5384
Esse resultado também pode ser determinado com as teclas financeiras da calcula-
dora financeira HP-12C.
[f] [FIN]
[g] [END] se for necessário
1000 [PV] 4 [n]
2.3 [i] [PMT] → – 264,5384

EXEMPLO 6.8. O vendedor da loja oferece um sistema de som em oito parcelas men-
sais, iguais e seguidas de $1.000. Sabendo que a primeira prestação vencerá um mês
depois da compra, calcule o presente desse financiamento considerando a taxa de
juro de 3,5% ao mês.
SOLUÇÃO. O presente desse financiamento é $6.873,96, resultado obtido com:
1 − (1 + i ) − n
P = A×
i
1 − (1 + 0,035) −8
P = $1000
. × = $6.873,9555
0,035

Esse resultado também pode ser determinado com as teclas financeiras da calcula-
dora financeira HP-12C.
[f] [FIN]
1000 [PMT] 8 [n]
3.5 [i] [PV] → – 6.873,96
Capítulo 6
SÉRIE UNIFORME 211

EXEMPLO 6.9. O financiamento de $8.000 será devolvido em parcelas mensais,


iguais e seguidas de $1.800, vencendo a primeira parcela um mês depois do recebi-
mento do dinheiro. Considerando a taxa de juro de 4% ao mês, calcule o número
de capitais desse financiamento.
1 − (1 + i ) − n
SOLUÇÃO. Da equivalência P = A × se deduz o número de capitais
i
desse financiamento.

P×i P×i A−P×i


= 1 − (1 + i ) − n ⇔ (1 + i ) − n = 1 − ⇔ (1 + i ) − n =
A A A
A
(1+ i ) n =
A−P×i

Aplicando logaritmos nos dois membros temos:

⎛ A ⎞ ⎛ A ⎞
lg((1+ i ) n ) = lg ⎜ ⎟ ⇔ n × lg(1 + i ) = lg ⎜ ⎟
⎝ A – P × i⎠ ⎝ A – P × i⎠

⎛ A ⎞
lg ⎜ ⎟
⎝ A – P × i⎠
n=
lg(1 + i )

O número de capitais desse financiamento é 4,9908, resultado obtido com:


⎛ $1.800 ⎞
lg ⎜ ⎟
⎝ $1.800 – $8.000 × 0,04⎠
n=
lg(1 + 0,04)
n = 4,9908

Em geral, o resultado do cálculo de n não é um número inteiro. O resultado deste


exemplo pode ser arredondado para n = 5, com erro aceitável. Entretanto há casos
em que o resultado de n não poderá ser arredondado sem cometer um erro signifi-
cativo. Esse resultado também pode ser obtido com as teclas financeiras da calcula-
dora financeira HP-12C.
[f] [FIN]
1800 [CHS] [PMT] 8000 [PV]
4 [i] [n] → 5,00 Esse resultado não é exato, pois a HP-12C arredonda o resul-
tado exato para a unidade superior.
212 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 6.10. No crediário oferecido pela loja, uma compra de $1.500 pode ser
paga em 12 prestações mensais, iguais e seguidas de $153,40. Calcule a taxa de juro
i considerando que a primeira parcela vence um mês depois da data da compra.
SOLUÇÃO. Como numa série uniforme nem sempre é possível calcular a taxa de
juro i com uma fórmula,7 é necessário utilizar um procedimento de tentativa e
erro. Para isso, começamos por substituir os dados disponíveis na fórmula de P,
onde i* é a taxa de juro desconhecida:

1 − (1 + i ) − n
P = A×
i
1 − (1 + i *) −12
$1.500 = $153,40 ×
i*
O objetivo é encontrar a taxa de juro i* tal que o resultado do segundo membro
seja igual ao do primeiro $1.500. Iniciamos o teste com a taxa i*= 2%, obtendo P =
$1.622,2573:
1 − (1 + 0,02) −12
$153,40 × = $1622
. ,2573
0,02

Como o resultado é maior do que $1.500, será necessário testar uma taxa de juro
maior a 2% para diminuir o presente da série uniforme, por exemplo, i*= 4% ob-
tendo P = $1.439,6703:
1 − (1 + 0,04) −12
$153,40 × = $1439
. ,6703
0,04
Das duas tentativas se deduz que a taxa de juro está entre 2% e 4%, mais próxima de
4% do que de 2%. Testando a taxa de juro i*= 3%, obtém-se:

1 − (1 + 0,03 ) −12
$153,40 × = $1526
. ,9442
0,03

Das últimas duas tentativas se deduz que a taxa de juro está entre 3% e 4%, mais
próxima de 3% do que de 4%. Realizando uma interpolação linear entre as taxas
3% e 4%, temos a taxa de juro 3,31%, resultado obtido com:

. ,9442 − 1500
1526 .
3% + × 1% = 3,3087%
. ,9442 − 1439,6703
1526
7
O Apêndice 3 deste capítulo mostra o cálculo da taxa de juro de uma série uniforme com dois
capitais.
Capítulo 6
SÉRIE UNIFORME 213

A taxa de juro 3,31% é um valor aproximado, pois diminuindo o intervalo entre os


valores de i* utilizados nos aproximaremos do valor exato i = 3,2995% ao mês, ob-
tido com as teclas financeiras da calculadora financeira HP-12C.
[f] [FIN]
153.40 [CHS] [PMT] 1500 [PV]
12 [n] [i] → 3,2995%

EXEMPLO 6.11. O financiamento será devolvido em 12 prestações mensais iguais e


seguido de $550, sendo o pagamento da primeira prestação realizado no final do
primeiro mês depois do recebimento do dinheiro. Calcule o valor do financia-
mento considerando a taxa de juro de 2,85% ao mês.
SOLUÇÃO. O valor do financiamento é $5.524,05, resultado obtido com a calcula-
dora financeira HP-12C:
[f] [FIN]
550 [PMT] 12 [n]
2.85 [i] [PV] → –5.524,0490

PROBLEMAS
PROBLEMA 6.1
Calcule o valor financiado sabendo que o devedor pagará dez parcelas mensais de
$1.200 num plano de amortização postecipado com taxa de juro de 3,65% ao mês.
R: P = $9.904,90

PROBLEMA 6.2
Um empréstimo de $2.500 foi financiado em seis prestações mensais iguais e segui-
das. Sabendo que a primeira prestação será paga um mês depois de receber o em-
préstimo, calcule o valor das prestações considerando a taxa de financiamento de
3,15% ao mês.
R: A = $463,79

PROBLEMA 6.3
A compra de um eletrodoméstico no valor de $2.500 será realizada em quatro par-
celas iguais e mensais de $735,50. Calcule a taxa de juro sabendo que a primeira
parcela será paga um mês depois da data da compra.
R: i = 6,85% ao mês

PROBLEMA 6.4
A capacidade de pagamento mensal de José é $200 para comprar materiais no valor
de $1.609. Se a taxa de financiamento da loja é 4,164% ao mês, calcule o número
214 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

de prestações do financiamento considerando que o pagamento da primeira parce-


la será realizado um mês depois da compra.
R: n = 10 meses, resultado exato

PROBLEMA 6.5
O devedor concordou em pagar o empréstimo de $15.000 em sete parcelas iguais e
mensais, sendo o pagamento da primeira parcela no final do primeiro mês depois
da data da compra. Considerando a taxa de financiamento de 4,85% ao mês, calcu-
le o valor das parcelas.
R: A = $2.578,22

PROBLEMA 6.6
Um eletrodoméstico no valor de $800 é oferecido em venda a prazo com 15% de
entrada mais cinco parcelas iguais e mensais, com vencimentos a cada 30 dias da
data da compra. Sabendo que o valor de cada parcela é $154,51, calcule o valor da
taxa de financiamento.
R: i = 4,41% aos 30 dias

PROBLEMA 6.7
Um empréstimo de $10.000 será devolvido em 12 parcelas, com periodicidade de
28 dias. Se a taxa de financiamento da empresa é 78% aos 360 dias, calcule o valor
das parcelas postecipadas.
R: A = $1.102,12

PROBLEMA 6.8
Calcule o valor financiado num empréstimo de seis parcelas mensais seguidas, an-
tecipadas e iguais a $345, considerando a taxa de juro de 3,78% ao mês.
R: P = $1.890,42

PROBLEMA 6.9
Um empréstimo de $25.000 será devolvido em 12 parcelas, com periodicidade
mensal. Calcule o valor das parcelas antecipadas considerando a taxa de financia-
mento de 3% ao mês.
R: Aant = $2.438,40

AJUSTE DAS DISPONIBILIDADES


A compra de alguns bens é realizada de acordo com as disponibilidades periódi-
cas do comprador.8 Por exemplo, depois de receber a notícia de um aumento

8
Este tema pode ser deixado para uma leitura posterior ou está além do escopo deste livro.
Capítulo 6
SÉRIE UNIFORME 215

de salário, o comprador sabe que da data de recebimento do aumento em diante


terá uma quantidade de dinheiro que poderá utilizar para reformar uma parte da
casa, trocar os móveis da sala etc. Nesse caso, o comprador conhece quanto po-
derá pagar por mês por um prazo que às vezes não faz muita diferença para ele,
embora essa decisão em geral não maximize sua riqueza.

EXEMPLO 6.12. Manoel dispõe de $125 por mês e está querendo comprar uma
geladeira no valor à vista de $985. Calcule o número de prestações postecipa-
das do plano de financiamento considerando a taxa de financiamento de 3,6%
ao mês.
SOLUÇÃO. Seguindo o procedimento do Exemplo 6.9, o número de prestações
postecipadas é n = 9,43, resultado obtido com:
⎛ A ⎞
lg ⎜ ⎟
⎝ A − i × P⎠
n=
lg(1 + i )

⎛ $125 ⎞
lg ⎜ ⎟
⎝ $125 − 0,036 × $985⎠
n= = 9,4333
ln (1 + 0,036 )

Na maioria dos problemas o resultado de n é um número fracionário, como


o do Exemplo 6.12. Do resultado n = 9,4333 não se conhece o número inteiro
de pagamentos iguais a $125 que amortizarão o empréstimo de $985. Portanto,
embora seja possível calcular o número exato de pagamentos, esse resultado não
deve ser utilizado. Inicialmente, deve-se entender que o número de prestações
1 − (1 + i) − n
9,4333 é o resultado da solução matemática P = A pos × da qual foi
i
⎛ A ⎞
lg ⎜ ⎟
⎝ A− i ×P ⎠
deduzido n = . Sendo n fracionário, como proceder para ajustar
lg(1 + i)
o plano de financiamento com um número de pagamentos com um determina-
do valor máximo? Há várias formas de construir esse plano, dependendo do tipo
de operação financeira:
216 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

— Utilizar a parte inteira do resultado fracionário e reduzir o valor do finan-


ciamento. No Exemplo 6.12 é utilizado n = 9, porém, como o teto da
prestação mensal é $125, o valor do financiamento deve ser reduzido
para $946,59. Esse procedimento pode ser aplicado no caso de financia-
mento de dinheiro, pois a redução do financiamento solicitado poderá
não ser significativa; entretanto, não poderá ser aplicado para o financia-
mento da compra de um bem como a geladeira, no valor de $985.
— Aumentar uma prestação e reduzir o valor das prestações. No Exemplo
6.12 é utilizado n = 9+1= 10, porém, como o financiamento permanece
em $985 o valor das prestações será reduzido para $119,04. Esse procedi-
mento pode ser aplicado no caso de financiamento para a compra de
bens, pois a redução das prestações favorece ao financiado.

EXEMPLO 6.13. Ajuste o plano de financiamento do Exemplo 6.12 com a calculado-


ra financeira HP-12C.
SOLUÇÃO. Vamos começar resolvendo o Exemplo 6.12.
[f] [FIN]
125 [CHS] [PMT] 3.6 [i]
985 [PV] [n] → 10
Esse resultado é um número inteiro arredondando para a unidade superior seguin-
te, de 9,4333 para 10. Para que o plano de financiamento tenha um número inteiro
de pagamentos, será adotado n = 10. Continuando a digitação na calculadora em
sequência à última linha anterior:
10 [n] [PMT] → – 119,04
Agora, os $985 da compra serão financiados com 10 prestações postecipadas e
iguais de $119,04. Entretanto se n = 9, continuando a digitação na calculadora:
9 [n] [PMT] → – 130,07
o novo valor das prestações excede o orçamento mensal de Manoel.

No financiamento do Exemplo 6.13, com prestações máximas de $125 por


mês, foram ajustados o número e o valor das prestações, pois se está financiando
um bem com um valor definido. No financiamento do Exemplo 6.14, foi
aumentado o valor do financiamento até esgotar o valor das prestações mensais,
pois se está financiando uma quantia em dinheiro, valor que pode sofrer peque-
nas variações sem alterar, por exemplo, as características de risco da operação.
Capítulo 6
SÉRIE UNIFORME 217

EXEMPLO 6.14. A pessoa necessita de $2.000 e dispõe de $350 por mês para saldar a
dívida. Se o banco financia esse dinheiro com taxa de financiamento de 3,3% ao
mês, calcule o número de prestações mensais, iguais e postecipadas.
SOLUÇÃO. Vamos começar resolvendo o exemplo.
[f] [FIN]
350 [CHS] [PMT] 3.3 [i]
2000 [PV] [n] → 7
Para o plano de financiamento ter um número inteiro de pagamentos será necessá-
rio corrigir o valor do financiamento, mantendo o valor das prestações n = 7. Con-
tinuando a digitação na calculadora em sequência à última linha:
7 [n] [PV] → – 2.156,16
Verifique que para n = 6, o novo valor de financiamento seria $1.877,31, valor
menor do solicitado, embora, em alguns casos, esse valor de financiamento possa
ser suficiente, em vez dos $2.000 iniciais.

Há outras formas de ajustar o resultado do número de prestações do pla-


no de financiamento quando o resultado de n é fracionário. O Exemplo 6.13
mostra que nove prestações de $125 não amortizam o financiamento de
$985, e que 10 prestações de $125 amortizam com excesso o financiamento
de $985. A partir dessa constatação, é possível realizar outros tipos de ajustes
levando em consideração o tipo de operação financeira. De forma geral, po-
de-se manter o valor das prestações e adicionar uma prestação extra cujo va-
lor dependerá da data em que se realize seu pagamento. O pagamento extra
poderá ser realizado em qualquer data durante a vigência do plano de finan-
ciamento, por exemplo, junto com o pagamento da primeira prestação, ou
na própria data fracionária, ou junto com o pagamento da última prestação.
O Apêndice deste capítulo “Outros Ajustes”, que se encontra na página do
livro na Internet, mostra exemplos desses ajustes.

PROBLEMAS
PROBLEMA 6.10
Ricardo consegue economizar mensalmente no máximo $1.300, quantia que
pode comprometer na compra de móveis para sua casa no valor de $9.800. Ele
quer conhecer o número de pagamentos postecipados considerando a taxa de fi-
nanciamento de 4,2% ao mês.
R: n = 9,2533, resultado exato
218 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMA 6.11
Continuando com o Problema 6.10. Ajuste o valor e o número de prestações do
plano de financiamento para pagar no máximo $1.300 por mês, mantendo os res-
tantes dados inalterados.
R: 10 prestações de $1.220,31
PROBLEMA 6.12
Suponha que você necessita agora de $5.400. Para devolver esse financiamento,
você dispõe de $550 por mês durante os próximos 12 meses. Calcule o número de
pagamentos postecipados considerando a taxa de financiamento de 2,85% ao mês.
R: n = 11,6810, resultado exato
PROBLEMA 6.13
Continuando com o Problema 6.12, ajuste o valor financiado para pagar 12 presta-
ções mensais de $550, mantendo os restantes dados inalterados.
R: Valor financiado = $5.524,05
PROBLEMA 6.14
Continuando com o Problema 6.12, ajuste o valor e o número de prestações do
plano de financiamento para pagar no máximo $550 por mês, mantendo os restan-
tes dados inalterados.
R: 12 prestações de $537,65
PROBLEMA 6.15
Continuando com o Problema 6.12, suponha que o financiador exiga que você
pague 12 prestações de $550. Calcule a taxa de financiamento mantendo os restan-
tes dados inalterados.
R: i = 3,2309% ao mês
PROBLEMA 6.16
Continuando com o Problema 6.15, em vez de pagar 12 prestações de $550, você
propõe pagar 11 prestações de $550, sendo que a diferença seria paga junto com a
primeira prestação. Calcule a quantia adicional que deverá pagar junto com a pri-
meira prestação à taxa de juro de 2,85% ao mês.
R: Quantia adicional = $268,52

FINANCIAMENTO COM ENTRADA


Outro tipo de operação frequente é a compra a prazo com uma entrada no ato
da compra. Por exemplo, a compra de um bem ou serviço no valor de $2.200
financiados da seguinte forma: entrada de 20% mais 10 prestações mensais iguais
e seguidas, vencendo a primeira um mês depois da data da compra.9
9
Se a entrada for igual às prestações, ocorre a amortização com capitais antecipados, tema apre-
sentado neste capítulo.
Capítulo 6
SÉRIE UNIFORME 219

EXEMPLO 6.15. No próximo final de semana prolongado o casal decidiu descansar,


passear e fazer compras em Buenos Aires. A empresa de turismo oferece um pacote
completo para duas pessoas pelo valor total de $3.200 incluindo viagem aérea de
ida e volta, traslados aeroporto/hotel/aeroporto, três noites de hospedagem em
hotel quatro estrelas, café da manhã e um tour pela cidade. Essa viagem pode ser fi-
nanciada com 20% de entrada mais seis prestações mensais iguais e seguidas, ven-
cendo a primeira um mês depois da data da compra do pacote turístico. Calcule o
valor das prestações considerando a taxa de juro de 2,8% ao mês.
SOLUÇÃO. O fluxo de capitais do financiamento de $3.200 com 20% de entrada
mais seis prestações mensais iguais e seguidas, vencendo a primeira um mês depois
da data da compra, está registrado a seguir:
P = $3.200

i = 2,80 ao mês
0 1 2 3 4 5 6

$640 A A A A A A
Na data de assinatura do contrato, data zero, o casal está recebendo um serviço pelo
valor de $3.200 e na mesma data está pagando $640. Dessa maneira, eles estão fi-
nanciando $2.560 em seis prestações mensais iguais e seguidas, vencendo a primei-
ra um mês depois da data da compra:
P = $2.560

i = 2,80 ao mês
0 1 2 3 4 5 6

A A A A A A
O valor das seis prestações mensais é $469,44, resultado obtido com:
i
A=P×
1 − (1 + i ) − n
0,028
A = $2.560 × = $469,4418
1 − (1 + 0,028 ) −6
Esse resultado também pode ser determinado com a calculadora financeira HP-12C.
[f] [FIN]
2560 [PV] 6 [n] 2.8 [i]
[g] [END] se for necessário
[PMT] → – 469,44
220 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 6.16. Antes de comprar o pacote de turismo oferecido pela empresa do


Exemplo 6.15, o casal consultou outro agente de viagens que apresentou outra
proposta: preço total de $3.200 financiados com 30% de entrada mais cinco presta-
ções mensais iguais e seguidas de $489,11, vencendo a primeira um mês depois da
data da compra do pacote turístico. Calcule a taxa de juro, ou taxa de financiamento.
SOLUÇÃO. O financiamento de $3.200 com 30% de entrada mais cinco prestações
mensais iguais e seguidas de $489,11 está representado no seguinte fluxo de capitais.
P = $3.200

i=?
0 1 2 3 4 5

$960
5 ´ $489,11
Na data de assinatura do contrato, o casal está financiando $2.240 em cinco presta-
ções mensais iguais e seguidas de $489,11, como mostra este fluxo de capitais:
P = $2.240

i=?
0 1 2 3 4 5

5 prestações de $489,11 cada uma

A taxa de financiamento é de 3% ao mês, resultado obtido com a calculadora HP-12C.


[f] [FIN]
2240 [PV] 5 [n] 489.11 [CHS] [PMT]
[g] [END] se for necessário
[i] → 2,9997

EXEMPLO 6.17. Continuando com os exemplos anteriores, suponha que uma terceira
agência de turismo apresentou esta proposta: preço total de $3.200 financiado com
uma entrada mais quatro prestações mensais iguais e seguidas de $552,90, vencen-
do a primeira um mês depois da data da compra do pacote turístico. Calcule o valor
da entrada sabendo que a taxa de juro é 2,50% ao mês.
P = $3.200

i = 2,50% ao mês
0 1 2 3 4

? 4 ´ $552,90
Capítulo 6
SÉRIE UNIFORME 221

SOLUÇÃO. O fluxo de capitais desse financiamento é mostrado a seguir.


O valor da entrada é o resultado de subtrair de $3.200 o presente $2.080,00 das
quatro parcelas de $552,90 à taxa de juro de 2,50% ao mês.
1 − (1 + i ) − n
P = A×
i

1 − (1 + 0,025) −4
P = $552,90 × = $2079
. ,9955
0,025

A entrada de 35% é $1.120, resultado obtido com:


Entrada = $3.200 – $2.080,00 = $1.120
Esse resultado também pode ser obtido com a calculadora financeira HP-12C.
[f] [FIN]
552.9 [PMT] 4 [n]
2.5 [i] [PV] → – 2.080,00
3.200 [+] → 1.120,00

ADIANDO O INÍCIO DOS CAPITAIS DA SÉRIE – CARÊNCIA


Para motivar a antecipação das compras feitas por ocasião do recebimento de
gratificações futuras – como o recebimento do décimo terceiro, bônus anual
etc. –, ou adiar o início do pagamento do financiamento para as compras reali-
zadas em cima da hora e não juntar todos os débitos nas mesmas datas, os comer-
ciantes acostumam a financiar as compras com planos do tipo compre agora e co-
mece a pagar daqui a três meses.

EXEMPLO 6.18. Os lojistas do novo shopping consideram que atrairão mais clientes
com um plano de financiamento do tipo compre agora e pague em três vezes vencendo a
primeira daqui a três meses. Calcule o valor das três prestações mensais iguais e seguidas
que pagarão o financiamento de $1.000 considerando a taxa de juro de 4% ao mês.
SOLUÇÃO. O fluxo de capitais desse financiamento é apresentado a seguir.
P = $1.000 $1.081,60

i = 4 ao mês
0 1 2 3 4 5

A A A
222 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Para calcular as três prestações como pertencentes a uma série uniforme com ca-
pitais postecipados, primeiro é preciso conhecer o valor equivalente de $1.000
no final do segundo mês, pois o presente da série postecipada ocorre em um pe-
ríodo antes do primeiro pagamento. Portanto, o futuro na data 2 do valor finan-
ciado $1.000 na data zero com a taxa de juro de 4% ao mês é $1.081,60, resultado
obtido com $1.000 × 1,042. As três prestações mensais são iguais a $389,75, resul-
tado obtido com:
i
A=P×
1 − (1 + i ) − n
0,04
A = $108160
. , × = $389,7529
1 − (1 + 0,04) −3

Esse resultado também pode ser determinado com a calculadora financeira


HP-12C.
[f] [FIN]
1000 [PV] 2 [n] 4 [i]
[FV] → –1.081,60 resultado intermediário
[g] [END] se for necessário
[ENTER] [PV] esta instrução registra o valor $1.081,60 na memória PV
0 [FV] 3 [n]
[PMT] → 389,75298

EXEMPLO 6.19. A empresa tem em carteira para receber três duplicatas de um mes-
mo cliente e está querendo descontá-las no banco com que opera regularmente.
Sabendo que as três duplicatas têm o mesmo valor $925 e vencem daqui a 4, 5 e 6
meses, respectivamente, calcule o presente na data de hoje considerando a taxa de
juro de 3,6% ao mês.
SOLUÇÃO. O fluxo de capitais desse financiamento é apresentado a seguir.
P $2.586,57

i = 3,6 ao mês
0 1 2 3 4 5 6

$925 $925 $925


Para calcular o presente na data zero das três duplicatas pertencentes a uma série
uniforme com capitais postecipados, primeiro é obtido o valor equivalente no final
do terceiro mês, igual a $2.586,57:
Capítulo 6
SÉRIE UNIFORME 223

1 − (1 + i ) − n
P =A×
i

1 − (1 + 0,036 ) −3
P = $925 × = $2.586,5718
0,036

O valor das três duplicatas na data zero é $2.326,19, resultado obtido com
$2.586.5718 × 1,036–3.
Esse resultado também pode ser determinado com a calculadora financeira
HP-12C.
[f] [FIN]
[g] [END] se for necessário
925 [PMT] 3 [n] 3.6 [i]
[PV] → – 2.586,5718 resultado intermediário
[ENTER] [FV] esta instrução registra o valor 2.586,5718 na memória FV
0 [PMT] [PV] → 2.326,19045

Antecipando o procedimento apresentado no Capítulo 8, esse tipo de problema


também pode ser resolvido com a calculadora financeira HP-12C, como segue:
[f] [REG]
0 [g] [CFj] 3 [g] [Nj]
925 [g] [CFj] 3 [g] [Nj]
3.60 [i] [F] [NPV] → 2.326,19045

PROBLEMAS
PROBLEMA 6.17
Um empréstimo de $2.500 será devolvido em três parcelas iguais de $945, com
vencimento em um, dois e três meses da data do empréstimo. Calcule a taxa de fi-
nanciamento.
R: i = 6,56% ao mês

PROBLEMA 6.18
Maria está pagando oito prestações postecipadas de $120 por mês pela compra de um
eletrodoméstico com preço à vista de $790,00. Calcule a taxa do financiamento.
R: i = 4,55%

PROBLEMA 6.19
Continuando com o Problema 6.18. Lendo o jornal de domingo, Maria verificou
que o preço à vista do eletrodoméstico que comprou é 10% menor do que pagou.
224 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Calcule quanto deveria ser o valor das prestações, mantendo os restantes dados
inalterados.
R: A = $108,00
PROBLEMA 6.20
Uma compra de roupas no valor total de $1.856 pode ser financiada com 15% de
entrada mais quatro prestações mensais iguais e seguidas, vencendo a primeira um
mês depois da data da compra de roupas. Calcule o valor das prestações conside-
rando a taxa de juro de 3,25% ao mês.
R: A = $426,96
PROBLEMA 6.21
O vendedor informa que os produtos selecionados podem ser pagos com uma entra-
da de 30% no ato da compra mais cinco prestações mensais iguais e seguidas de
$133,80, vencendo a primeira um mês depois da data da compra. Se a soma dos pre-
ços dos produtos selecionados é $845, calcule a taxa de juro desse financiamento.
R: i = 4,25% ao mês
PROBLEMA 6.22
Na compra de um novo tipo de iPod, a loja oferece o plano de financiamento de 12
prestações mensais iguais e seguidas de $70, vencendo a primeira um mês depois da
data da compra. Sabendo que o valor à vista desse iPod é $860 e a taxa de juro do fi-
nanciamento 3,5% ao mês, calcule o valor da entrada no ato dessa compra.
R: Entrada = $183,57
PROBLEMA 6.23
A dívida de $10.000 que vencia hoje foi renegociada em quatro parcelas iguais,
mensais e seguidas, vencendo a primeira seis meses depois da data de renegociação.
Calcule o valor dessas novas parcelas considerando a taxa de juro de 3,3% ao mês.
R: A = $3.187,18
PROBLEMA 6.24
A empresa tem em carteira seis duplicatas de um mesmo cliente para receber e está
querendo descontar no banco com que opera regularmente. Sabendo que as seis
duplicatas têm o mesmo valor, $1.420, vencendo a primeira delas daqui a 3 meses e
as restantes duplicatas nos meses seguintes, calcule o presente na data de hoje consi-
derando a taxa de juro de 4,2% ao mês.
R: P = $6.811,44

AMORTIZAÇÃO – CAPITAIS ANTECIPADOS


Na apresentação inicial da série uniforme foi mostrado que é possível obter resul-
tados equivalentes da série antecipada a partir do resultado da série postecipada, e
Capítulo 6
SÉRIE UNIFORME 225

vice-versa. Mantendo P inalterado, a série antecipada pode ser obtida a partir da


série postecipada deslocando todos os capitais um período na direção da data
zero, procedimento denominado descapitalização. Nesse caso, o capital deslocado
para a data anterior será igual ao seu valor original dividido pelo fator (1+i), consi-
derando que o período da taxa de juro coincide com o período deslocado.

EXEMPLO 6.20. Luis Fernando decidiu fechar a compra do DVD pensando em pagar
três prestações mensais de $333,22, vencendo a primeira um mês depois da data da
compra, como no Exemplo 6.4. Ao tentar concretizar a compra, o vendedor in-
formou que o plano de financiamento tinha mudado, agora o valor das três presta-
ções é $329,92 e o pagamento da primeira prestação é no ato da compra. Verifique
o valor das três prestações mensais e iguais considerando taxa de financiamento de
1% ao mês.
SOLUÇÃO. A operação está representada na figura a seguir.
P = $980

i = 1% ao mês
0 1 2 3 meses

A A A
Do Exemplo 6.4, o financiamento de $980 é realizado com três pagamentos men-
sais e postecipados de $333,22 considerando a taxa de juro de 1% ao mês. Para o
mesmo financiamento de $980 e taxa de juro de 1% ao mês, o valor das prestações
antecipadas é $329,92, resultado obtido com:

A pos
Aant =
1+ i

$333,22
Aant = = $329,92
1 + 0,01

Não sendo conhecidos os pagamentos da série postecipada, proceda como segue.


O plano de financiamento é uma série uniforme com três capitais antecipados, pois
o primeiro pagamento ocorre na data zero. A equação de valor equivalente na data
zero é:
P = A + A × (1 + i)–1 + A × (1 + i)–2
P = A × (1 + (1 + i)–1 + (1 + i)–2)
226 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Substituindo os dados, temos:


$980 = A × (1 + (1 + 0,01)–1 + (1 + 0,01)–2)
$980 = A × 2,97039506
Finalmente, o valor das três prestações iguais e antecipadas é A = $329,92:
$980
A= = $329,92
2,97039506

O diagrama de fluxo de capitais da Figura 6.3 representa uma série com n


capitais antecipados Aant e o presente P na data zero, considerando a taxa de
juro i. Esse tipo de série foi apresentado no Exemplo 6.20, referente a uma ope-
ração de amortização formada por uma série com três capitais uniformes e ante-
cipados A, em que o primeiro capital da série ocorre na data zero e o último na
data dois. Uma característica importante da amortização com capitais antecipa-
dos é que o presente P ocorre junto com o primeiro capital da série.

i
0 1 2 3 n–1 n

Aant Aant Aant Aant Aant

FIGURA 6.3 Amortização com capitais antecipados.

Nesse caso, também, o objetivo é obter a equivalência entre o presente P e


os n capitais antecipados Aant com a taxa de juro i. Em vez de repetir o procedi-
mento utilizado no desenvolvimento da equivalência da operação de amortiza-
ção com capitais postecipados, será utilizada a propriedade conhecida. Portan-
to, para um mesmo valor de P e taxa de juro i, os capitais postecipados Apos po-
dem ser obtidos a partir dos capitais antecipados Aant deslocando estes um perío-
do na direção crescente do tempo, deslocamento estabelecido por Apos = Aant ×
(1 + i). Substituindo na equivalência da amortização postecipada P = Apos ×
1 − (1 + i) − n
, temos:
i
1 − (1 + i )− n
P = Aant × (1 + i) ×
i
Capítulo 6
SÉRIE UNIFORME 227

PROCEDIMENTOS DE CÁLCULO
Na resolução de problemas de amortização com série uniforme antecipada
no regime de juros compostos devem ser utilizadas as recomendações de cál-
culo apresentadas para a amortização com série uniforme postecipada, con-
siderando os seguintes comentários adicionais. O primeiro membro de
P 1 − (1 + i) − n
= (1 + i) × é o resultado da relação de capitais P/A da série unifor-
A i
1 − (1 + i) − n
me antecipada, e o segundo membro (1 + i) × é o fator de valor pre-
i
sente e representado por  a n_|i , cujo resultado é o presente de uma série uniforme
antecipada com n capitais unitários $1 considerando a taxa de juro i com perío-
do igual à periodicidade dos capitais, e se situa na mesma data do primeiro capi-
tal da série antecipada.
Analisando as equivalências das séries uniformes postecipadas e antecipadas,
verifica-se a relação 
a n_|i =(1 + i) × a n_|i . A tábua financeira disponível se refere à
série uniforme postecipada no regime de juros compostos. Seria possível tentar
trabalhar com ela considerando a relação anterior ou construir uma tábua para a
série uniforme postecipada no regime de juros compostos. A utilização da cal-
culadora financeira HP-12C é igual à apresentada para a série postecipada, ten-
do o cuidado de informar que se trata de uma série uniforme antecipada com a
instrução [g] [BEG]. No Apêndice “Equivalência Única”, que se encontra na
página do livro na Internet, as duas séries são agrupadas numa única equivalên-
cia. Os Apêndices deste capítulo “Cálculos com a HP-12C – Capítulo 6” e
“Cálculos com Excel – Capítulo 6”, que também se encontram na página do li-
vro na Internet, mostram como utilizar essas ferramentas para realizar os cálcu-
los deste capítulo.

EXEMPLO 6.21. Refaça o Exemplo 6.20.


SOLUÇÃO. As três prestações mensais antecipadas são iguais a $329,92, resultado obti-
do com:
i
A=P ×
(1 + i ) × (1 − (1 + i ) − n )
0,01
A= $980 × = 329,9224
(1 + 0,01) × (1 − (1 + 0,01) −3 )
228 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 6.22. A compra de um conjunto de eletrodomésticos foi realizada em três


prestações mensais e iguais de $700. A primeira prestação foi paga no ato da com-
pra e as restantes serão pagas em um e dois meses a partir da data da compra. Saben-
do que o valor da compra à vista do conjunto de eletrodomésticos é $2.000, calcule
a taxa de juro desse financiamento.
SOLUÇÃO. O fluxo de capitais desse financiamento é o seguinte.
P = $2.000

i=?
0 1 2

700 700 700


A taxa de juro i não pode ser obtida com uma fórmula. O resultado aproximado da
taxa de juro pode ser calculado realizando o procedimento de tentativa e erro mos-
trado no Exemplo 6.10, ou utilizando a tabela financeira. Entretanto, o resultado
exato pode ser facilmente obtido com a calculadora financeira HP-12C.
[f] [FIN]
[g] [BEG] se for necessário
700 [CHS] [PMT] 3 [n]
2000 [PV] [i] → 5,08616%
Outra forma de resolver esse problema é considerando a operação de financiamen-
to de $1.300, que resulta numa série uniforme com dois capitais postecipados.
[f] [FIN]
[g] [END]
2000 [Enter] 700 [–] [PV] registra o resultado intermediário $1.300 na memó-
ria de PV.
700 [CHS] [PMT] 2 [n]
[i] → 5,08616%

EXEMPLO 6.23. A compra de um conjunto de móveis será paga em oito prestações


de $1.000, sendo a primeira paga no ato da compra. Calcule o valor dessa compra
considerando a taxa de juro de 3,5% ao mês.
SOLUÇÃO. O valor dessa compra é $7.114,54, resultado obtido com:

1 − (1 + i ) − n
P = A × (1 + i) ×
i
1 − (1 + 0,035) −8
P = $1.000 × (1 + 0,35) × = $7.114,54398
0,035
Capítulo 6
SÉRIE UNIFORME 229

Esse resultado também pode ser obtido com a calculadora financeira HP-12C.
[f] [FIN]
[g] [BEG] se for necessário
1000 [PMT] 8 [n]
3.5 [i] [PV] → – 7.114,54

EXEMPLO 6.24. O financiamento de $8.000 será devolvido em parcelas mensais,


iguais e seguidas de, no máximo, $1.800, vencendo a primeira parcela no ato do
recebimento do dinheiro. Considerando a taxa de juro de 4% ao mês, calcule o nú-
mero de capitais desse financiamento.
1 − (1 + i ) − n
SOLUÇÃO. Da equivalência P = Aant × (1 + i) × se deduz o número de
i
capitais.

P×i P×i
= 1 − (1 + i ) − n ⇔ (1 + i ) − n = 1 −
A ant × (1 + i ) A ant × (1 + i )

P×i
A ant −
⇔ (1 + i ) − n = 1 + i ⇔ (1 + i ) n = A ant
A ant P×i
A ant −
1+ i

Aplicando logaritmos nos dois membros, temos:

⎛ ⎞ ⎛ ⎞
⎜ A ⎟ ⎜ A ⎟
lg((1 + i ) n ) = lg ⎜ ant
⎟ ⇔ n × lg (1 + i ) = lg ⎜ ant

⎜A − P ×i⎟ ⎜A − P ×i⎟
⎝ ant 1 + i ⎠ ⎝ ant 1 + i ⎠

⎛ ⎞
⎜ A ant ⎟
lg ⎜ ⎟
⎜A − P ×i⎟
⎝ ant 1 + i ⎠
n=
lg (1 + i )
230 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

O número de capitais desse financiamento é 4,7799, resultado obtido com:

⎛ ⎞
⎜ $1800
. ⎟
lg ⎜ ⎟
⎜ $1800 0,04 × $8.000 ⎟
⎜ . − ⎟
⎝ 1 + 0,04 ⎠
n=
lg (1+ 0,04)

n = 4,7796927

Esse resultado também pode ser obtido com a calculadora financeira HP-12C. No
cálculo de n, a calculadora financeira HP-12C retorna um número inteiro, resulta-
do do arredondamento do valor exato de n para a unidade superior seguinte.
[f] [FIN]
[g] [BEG]
1800 [CHS] [PMT] 8000 [PV]
4 [i] [n] → 5,00

Como já foi visto, em geral, o resultado do cálculo de n é um número fra-


cionário. No caso do Exemplo 6.24 a operação deverá ser ajustada seguindo os
procedimentos apresentados nos Exemplos 6.13 e seguintes deste capítulo, pois
não será possível arredondar n = 5 com erro aceitável.

EXEMPLO 6.25. Ajuste o plano de financiamento do Exemplo 6.24 utilizando a cal-


culadora HP-12C.
SOLUÇÃO. Faça o seguinte:
[f] [FIN]
[g] [BEG]
1800 [CHS] [PMT] 8000 [PV]
4 [i] [n] → 5,00 prestações mensais e antecipadas.
Adotando n = 5, pois o valor máximo de prestação é $1.800. Continuando a digi-
tação na calculadora em sequência à última linha, temos o novo valor das presta-
ções $1.727,90:
5 [n] [PMT] → – 1.727,90
Verifique que, para n = 4, o valor das prestações seria $2.119,15.
Capítulo 6
SÉRIE UNIFORME 231

EXEMPLO 6.26. São financiados $1.000 com a taxa de juro de 2,3% ao mês. Calcule o
valor das quatro prestações mensais, iguais e seguidas, sabendo que a primeira pres-
tação vencerá no ato de assinar o contrato.
SOLUÇÃO. O valor das quatro prestações mensais é $258,59, resultado obtido com:

i
A=P×
(1 + i ) × (1 − (1 + i ) − n )

0,023
A = $1000
. × = $258,5908
(1 + 0,023 ) × (1 − (1 + 0,023 ) −4 )

Esse resultado também pode ser obtido com a calculadora financeira HP-12C.
[f] [FIN]
[g] [BEG] se for necessário
1000 [PV] 4 [n]
2.3 [i] [PMT] → – 258,59

PROBLEMAS
PROBLEMA 6.25
A compra de roupas no valor de $1.725 será financiada em seis prestações mensais
iguais e antecipadas. Calcule o valor das prestações considerando a taxa de finan-
ciamento de 3% ao mês.
R: A = $309,16
PROBLEMA 6.26
A capacidade de pagamento mensal de José é $200. Ele quer comprar materiais
para reformar sua casa no valor de $1.609. Considerando a taxa de financiamento
da loja de 5,20% ao mês, calcule o número de prestações desse financiamento sa-
bendo que o pagamento da primeira parcela será realizado no ato da compra.
R: n = 10 meses
PROBLEMA 6.27
O eletrodoméstico no valor de $625 está sendo oferecido em cinco parcelas iguais
e mensais de $135,37 vencendo a primeira parcela na data da compra. Calcule a
taxa de financiamento.
R: i = 4,15% ao mês
PROBLEMA 6.28
Calcule o valor financiado num empréstimo que será devolvido em seis parcelas men-
sais seguidas, antecipadas e iguais a $345, considerando a taxa de juro de 3,78% ao mês.
R: P = $1.890,42
232 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMA 6.29
O empréstimo de $10.000 será devolvido em 12 parcelas mensais iguais e seguidas.
Calcule o valor das parcelas antecipadas considerando a taxa de financiamento de
65% ao ano.
R: Aant = $1.037,53 (foi utilizada a taxa equivalente i = 4,2614% ao mês)

PROBLEMA 6.30
Repita o Problema 6.25 considerando que as parcelas são postecipadas.
R: Apos = $1.081,75

PROBLEMA 6.31
Verifique se os resultados dos Problemas 6.29 e 6.30 atendem à fórmula Apos = Aant
× (1 + i).

PROBLEMA 6.32
Para diminuir ao máximo que as parcelas das compras com duplicatas sejam pagas
depois do vencimento devido aos dias feriados, a empresa decidiu utilizar a perio-
dicidade de 28 dias, porém respeitando a taxa de juro que vinha utilizando. A com-
pra de $7.500 será paga em cinco parcelas iguais e seguidas com periodicidade de
28 dias, sendo que a primeira vence na data da compra. Calcule o valor das parcelas
considerando a taxa de financiamento de 54% aos 365 dias.
R: Aant = $1.600,98 (foi utilizada a taxa equivalente i = 3,3678% aos 28 dias)

PROBLEMA 6.33
Repita o Problema 6.32 considerando parcelas postecipadas, porém utilizando a
fórmula do Problema 6.31.
R: Apos = $1.654,90

PROBLEMA 6.34
Ricardo consegue economizar mensalmente $1.300, valor que pode comprome-
ter num crediário. Como ele está querendo comprar um bem no valor de $9.800,
deseja conhecer o número de pagamentos antecipados considerando a taxa de fi-
nanciamento de 6% ao mês.
R: nant= 9,5481

PROBLEMA 6.35
Ajuste o plano de financiamento do Problema 6.34 para ter um número inteiro de
parcelas.
R: nant= 10 e A = $1.256,14

PROBLEMA 6.36
Repita os Problemas 6.34 e 6.35 considerando pagamentos postecipados.
Capítulo 6
SÉRIE UNIFORME 233

PROBLEMA 6.37
Você está pagando $110 por mês pela compra de um eletrodoméstico com preço à
vista de $790,00. Calcule a taxa de juro desse financiamento sabendo que no ato da
compra você pagou $110 e se comprometeu a pagar mais sete prestações mensais
do mesmo valor.
R: i = 3,21% ao mês

PROBLEMA 6.38
Repita o Problema 6.37 considerando as oito prestações postecipadas.
R: i = 2,46%

PROBLEMA 6.39
Calcule o valor financiado em 12 parcelas antecipadas mensais, seguidas e iguais a
$256,00, considerando a taxa de financiamento de 3,50% ao mês.
R: P = $2.560,40

PROBLEMA 6.40
A dívida de $10.000 que vencia hoje foi renegociada em cinco parcelas iguais,
mensais e seguidas, vencendo a primeira na data de hoje. Calcule o valor dessas no-
vas parcelas considerando a taxa de juro de 3,3% ao mês.
R: A = $2.131,93

PROBLEMA 6.41
O novo modelo de carro está sendo oferecido durante este mês nas seguintes con-
dições: entrada de $10.000 mais 24 prestações mensais iguais e seguidas de $1.300,
vencendo a primeira um mês depois de pagar a entrada. Calcule o presente dessa
oferta considerando a taxa de juro de 24% ao ano.
R: P = $35.128,51 (foi utilizada a taxa equivalente i = 1,8090% ao mês)

PROBLEMA 6.42
Continuando com o Problema 6.41, suponha que você propõe outro plano similar
ao proposto pela concessionária: 25 prestações mensais iguais e seguidas equivalen-
tes ao presente obtido no Problema 6.37, sendo que a primeira prestação será paga
no ato de concretizar a compra. Calcule o valor das prestações com a taxa de juro
de 24% ao ano.
R: A = $1.727,95 (foi utilizada a taxa equivalente i = 1,8090% ao mês)

EQUAÇÃO DE VALOR EQUIVALENTE


No Capítulo 3, começamos a apresentar uma aplicação importante do conceito
de valor do dinheiro no tempo da Matemática Financeira: a equação de valor
equivalente. Às vezes, é necessário substituir um grupo de obrigações ou direi-
234 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

tos por um outro grupo equivalente com diferentes valores e datas de ocorrên-
cia. Para determinar um ou mais valores ou datas de ocorrência do novo grupo,
estabelecemos a equação de valor equivalente entre os dois grupos de forma que
o novo grupo de capitais financeiros substitua o outro de forma equivalente.

EXEMPLO 6.27. A empresa tem em carteira quatro duplicatas de um mesmo cliente,


todas com o mesmo valor, $1.975, sendo que a primeira delas vence daqui a um mês
e as restantes duplicatas nos meses seguintes. O cliente gostaria de pagar essa dívida
em três parcelas iguais mensais e seguidas, mas a primeira seria paga daqui a três me-
ses. Calcule o valor das novas parcelas considerando a taxa de juro de 2,8% ao mês.
SOLUÇÃO. Da equação de valor equivalente na data zero com os dados do exemplo
a seguir obtém-se o valor das três parcelas iguais a $2.745,31:

1 − (1 + 0,028 ) −4 1 − (1 + 0,028 ) −3
$1975
. × = X × (1 + 0,028 ) −2 ×
0,028 0,028
$1.975 × 3,734945 = X × 0,946267 × 2,839523

X = $2.745,3152

A seguir é mostrado o procedimento de cálculo sem utilizar a equação de valor


equivalente. O presente das quatro duplicatas iguais a $1.975, sendo que a primeira
delas vence daqui a um mês e as restantes nos meses seguintes, como mostra o dia-
grama a seguir, é $7.376,5158, valor localizado na data de hoje, data zero.10

P = $7.376,52

i = 2,8% ao mês
0 1 2 3 4

4 ´ $1.975,00
Esse presente é, também, o presente das três parcelas iguais mensais e seguidas e
cujo valor desconhecemos, sendo que a primeira parcela será paga daqui a três me-
ses. O cálculo do valor das três parcelas pode ser feito em dois procedimentos, con-
forme o tipo de série uniforme que for escolhida, com capitais postecipados ou an-
tecipados. Considerando a nova série uniforme com capitais postecipados, primei-

10
Deixamos por conta do leitor a verificação dos resultados dos exemplos desta seção.
Capítulo 6
SÉRIE UNIFORME 235

ro deve-se calcular o futuro de $7.376,5158 no final do segundo mês, pois nessa


data ocorre o presente da nova série. O futuro de $7.376,5158 na data dois, consi-
derando a taxa de juro 2,8% ao mês, é $7.795,3839, que é o presente da série uni-
forme de três capitais postecipados iguais a $2.745,3144, como mostra o diagrama
de fluxo de capitais a seguir.
P = $7.376,52 $7.795,39

i = 2,8% ao mês
0 1 2 3 4 5

3 ´ $2.745,31
Apenas para ilustrar a operação com a série uniforme antecipada, o futuro de
$7.376,5158 no final do terceiro mês considerando a taxa de juro 2,8% ao mês é
$8.013,6546, que é o presente da série uniforme de três capitais antecipados iguais
a $2.745,3144, como mostra o diagrama de fluxo de capitais a seguir.
P = $7.376,52 $8.013,65

i = 2,8% ao mês
0 1 2 3 4 5

3 ´ $2.745,31
Comparando os dois procedimentos de cálculo do Exemplo 6.27, podemos
deduzir que, embora a utilização da equação de valor equivalente exija habili-
dade algébrica, é um procedimento mais rápido.

EXEMPLO 6.28. Sabendo que não poderia pagar $15.000 daqui a quatro meses, o to-
mador do empréstimo quer renegociar essa dívida pagando sete prestações mensais
iguais e seguidas, vencendo a primeira na data de hoje. Calcule o valor das presta-
ções sabendo que a taxa de juro é de 3% ao mês.
SOLUÇÃO. Da equação de valor equivalente na data zero com os dados do exemplo
a seguir obtém-se o valor das sete prestações iguais a $2.076,81:

1 − (1 + 0,03 ) −7
$15.000 × (1 + 0,03)–4 = X × (1 + 0,03) ×
0,03
$15.000 × 0,88848705 = X × 1,03 × 6,230283

X = $2.076,8128
236 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

A seguir é mostrado o procedimento de cálculo sem utilizar a equação de va-


lor equivalente. Considerando a taxa de juro de 3% ao mês, o presente na data
zero de $15.000 que ocorre no final do quarto mês é $13.327,3057, que é tam-
bém o presente da série uniforme com sete capitais antecipados mensais e iguais
a $2.076,8129.
P = $13.327,31 $15.000

i = 3% ao mês
0 1 2 3 4 5 6

7 ´ $2.076,81
Considerando a série uniforme com sete capitais postecipados e a taxa de juro de
3% ao mês, o presente de $15.000 que ocorre em um período anterior à data 0, de-
nominada data menos um (-1), é igual a $12.939,1318, que também é o presente
da série uniforme com capitais postecipados mensais e iguais a $2.076,81.
P = $12.939,13 $15.000

i = 3% ao mês
–1 0 1 2 3 4 5 6

7 ´ $2.076,81

PROBLEMAS
PROBLEMA 6.43
Na carteira da empresa há quatro duplicatas de um mesmo cliente, todas com o
mesmo valor, $3.120, sendo que a primeira delas vencerá daqui a um mês e as res-
tantes duplicatas nos meses seguintes. O cliente quer renegociar essa dívida pa-
gando em quatro parcelas iguais mensais e seguidas, sendo que a primeira seria
paga daqui a dois meses. Calcule o valor das parcelas considerando a taxa de juro
de 3,25% ao mês.
R: A = $3.221,40 Nota: Este problema pode ser resolvido com o procedimento utilizado no
Problema 6.33.

PROBLEMA 6.44
Continuando com o Problema 6.43, suponha que o cliente queira renegociar a dí-
vida pagando em quatro parcelas iguais mensais e seguidas, sendo que a primeira
seria paga daqui a três meses. Calcule o valor das parcelas considerando a taxa de
juro de 3,25% ao mês.
R: A = $3.326,10
Capítulo 6
SÉRIE UNIFORME 237

PROBLEMA 6.45
A empresa tem em carteira seis duplicatas de um mesmo cliente, todas com o mes-
mo valor, $1.420, sendo que a primeira delas vence daqui a três meses e as restantes
duplicatas nos meses seguintes. Já que tem disponibilidade de caixa, o cliente gos-
taria de pagar essa dívida em três parcelas iguais mensais e seguidas sendo que a pri-
meira seria paga na data de hoje. Calcule o valor das parcelas considerando a taxa de
juro de 4,2% ao mês.
R: A = $2.364,50

PROBLEMA 6.46
Continuando com o Problema 6.45, considere que o cliente quisesse pagar essa dí-
vida em duas parcelas iguais trimestrais, sendo que a primeira seria paga daqui a três
meses. Calcule o valor das duas parcelas trimestrais considerando a taxa de juro de
4,2% ao mês.
R: A = $4.090,60

PROBLEMA 6.47
Sabendo que não poderia honrar o compromisso de pagar $8.500 daqui a três me-
ses, o tomador do empréstimo quer renegociar essa dívida pagando seis prestações
mensais iguais e seguidas, vencendo a primeira daqui a um mês. Calcule o valor das
prestações sabendo que a taxa de juro é 2,45% ao mês.
R: A = $1.432,69

CAPITALIZAÇÃO – CAPITAIS POSTECIPADOS


O desenvolvimento da equivalência de uma série uniforme foi realizado em
função de seu objetivo, amortização e capitalização, como apresentado na Fi-
gura 6.1. Agora é a vez de desenvolver a capitalização, a equivalência entre os
capitais da série e seu futuro F na data terminal. Por exemplo, quando se aplica
periodicamente uma mesma quantia com a intenção de formar um fundo num
futuro definido se está realizando uma capitalização com série uniforme, poste-
cipada ou antecipada.

EXEMPLO 6.29. Daqui a três meses você necessita ter acumulado $3.000 para realizar
uma viagem. Calcule quanto deveria aplicar mensalmente a partir do fim deste mês
considerando que as três aplicações serão iguais e remuneradas com a taxa de juro
de 1% ao mês.
238 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

SOLUÇÃO. A operação está representada no fluxo de capitais a seguir.


F = $3.000

i = 1% ao mês
0 1 2 3 meses

A A A
A equação de valor equivalente no final do terceiro mês é:
F = A + A × (1 + i)1 + A × (1 + i)2
F = A × (1 + (1 + i)1 + (1 + i)2)
Substituindo os dados, obtém-se:
$3.000 = A × (1 + (1 + 0,01)1 + (1 + 0,01)2)
$3.000 = A × 3,03010
Você deverá realizar três aplicações mensais no final de cada mês iguais a $990,07.
$3.000
A=
3,0301

A = $990,0663

O diagrama de fluxo de capitais da Figura 6.4 representa uma série uniforme


com n capitais postecipados Após e o futuro F na data n, considerando a taxa de
juro i com período igual à periodicidade dos capitais, do tipo do Exemplo 6.29.
Uma característica importante da capitalização com capitais postecipados é que
F ocorre na mesma data n do último capital da série.

i
0 1 2 3 n–1 n

Apos Apos Apos Apos Apos

FIGURA 6.4 Capitalização, série uniforme com capitais postecipados.


Capítulo 6
SÉRIE UNIFORME 239

A equação de valor equivalente do futuro F e os n capitais postecipados Apos


na data n e no regime de juros compostos é:

F = Apos + Apos × (1 + i)1 + Apos × (1 + i)2 +  + Apos × (1 + i)(n – 1)

Como os capitais são iguais, a expressão anterior pode ser escrita como se-
gue, representando com S a soma das n parcelas Apos dentro do parêntese:

F = Apos × (1 + (1 + i)1 + (1 + i)2 +  + (1 + i)(n – 1))


F = Apos × S

As parcelas da soma S formam uma progressão geométrica de n termos com


razão (1 + i), e o resultado dessa soma S é obtido com:
a1 − an × q
S=
1− q
Nessa soma S, a1 = 1 é o primeiro termo da PG, an = (1 + i)(n – 1) é o último
termo e (1 + i) é a razão da PG. Substituindo os termos e a razão da PG na soma
S, obtém-se:11
(1 + i )n − 1
S=
i
A equivalência de F e A da operação capitalização da série uniforme com
capitais postecipados é:
(1 + i )n − 1
F = Apos ×
i
Nessa equivalência, o período da taxa de juro i é igual à periodicidade dos
capitais, por exemplo, se a periodicidade dos capitais for mensal, então o perío-
do da taxa de juro deverá ser mensal. A equivalência da capitalização com série
uniforme postecipada no regime de juros compostos tem quatro variáveis, F, A,
i e n que, conforme o tipo de problema, podem ser dados ou incógnitas. Da
(1 + i) n − 1
equivalência F = Apos × são deduzidas as fórmulas registradas na seção
i
“Resumo de fórmulas”, no final do capítulo, e utilizadas para resolver os exem-
plos e problemas seguintes.

11
O Apêndice 6.2 apresenta uma revisão da PG e as deduções deste capítulo.
240 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROCEDIMENTOS DE CÁLCULO
Na resolução de problemas de capitalização com séries uniformes postecipadas
no regime de juros compostos pode-se utilizar a expressão adequada deduzida
da equivalência ou uma calculadora com funções exponenciais, como a
HP-12C; porém, há outros procedimentos de cálculo. Por exemplo, o primei-
F (1 + i) n − 1
ro membro de = é o resultado da relação F/A dos capitais da série
A i
(1 + i) n − 1
uniforme postecipada, e o segundo membro é denominado fator de
i
valor futuro e representado por s n_|i , cujo resultado é o futuro de uma série uni-
forme postecipada com n capitais unitários $1 calculado com a taxa de juro i
com período igual à periodicidade dos capitais. O futuro s n_|i se situa no fim do
período n da série postecipada e também se verifica a relação s n_|i = a n_|i × (1 + i) n .
A tábua financeira é uma forma prática de resolver problemas de capitalização
de séries uniformes postecipadas no regime de juros compostos e tendo em
consideração as vantagens e desvantagens anteriormente mencionadas. Há di-
versas formas de apresentar essa tábua, porém todas elas registram o resultado do
(1 + i) n − 1
fator de valor futuro que retorna o futuro de uma série uniforme
i
postecipada com n capitais unitários $1 considerando a taxa de juro i com perío-
do igual à periodicidade dos capitais. Sendo o fator de valor futuro igual à rela-
ção F/A, com esse resultado e os dados da tábua pode-se calcular qualquer uma
das quatro variáveis quando são conhecidas as outras três. Embora no livro não
seja utilizada a tábua financeira, o capítulo Tábuas do livro apresenta a tábua fi-
(1 + i) n − 1
nanceira do fator de valor presente ou F/A. A forma de utilizar a tá-
i
bua financeira da série uniforme postecipada é semelhante à da tábua financeira
dos juros compostos do Apêndice 3.3, do Capítulo 3.
A calculadora financeira HP-12C dispõe também de teclas financeiras [n] [i]
[PMT] [FV] para calcular qualquer uma das quatro variáveis n, i, F e A da ope-
ração de capitalização da série uniforme no regime de juros compostos. Os
Apêndices deste capítulo “Cálculos com a HP-12C – Capítulo 6” e “Cálculos
com Excel – Capítulo 6”, que se encontram na página do livro na Internet, mos-
tram como utilizar essas ferramentas para realizar os cálculos deste capítulo.12
12
Lapponi J.C. Modelagem Financeira com Excel. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2004, incluin-
do a construção de funções no Excel.
Capítulo 6
SÉRIE UNIFORME 241

EXEMPLO 6.30. Refaça o Exemplo 6.29.


SOLUÇÃO. O valor das três aplicações é A = $990,07, resultado obtido com:
i
A= F×
(1 + i ) n − 1

0,01
A = $3.000 × = $990,0663
(1 + 0,01) 3 − 1

COMENTÁRIO
Da mesma forma como problemas de matemática financeira podem ser resolvi-
dos utilizando procedimentos de cálculo diferentes, também os desenvolvi-
mentos da equivalência entre capitais podem ser feitos de mais de uma maneira.
1 − (1 + i) − n
Partindo da equivalência da operação de amortização P = A pos × e
i
considerando que P e F são valores equivalentes da mesma série uniforme à
mesma taxa de juro i, esses capitais estão relacionados com F = P × (1 + i)n.
Substituindo aquela equivalência nessa última, obtém-se:
1 − (1 + i )− n
F = A pos × × (1 + i)n
i
Simplificando, temos a equivalência da capitalização já desenvolvida:
(1 + i )n − 1
F = A pos ×
i
Novamente, a data em que for situado o início da série uniforme é apenas
convencional, pois qualquer série uniforme pode ser considerada como antecipa-
da ou postecipada. O importante é compreender a relação e a posição dos capitais
equivalentes P e F em relação à posição da série uniforme no diagrama de capitais.

CAPITALIZAÇÃO – CAPITAIS ANTECIPADOS


A série antecipada pode ser obtida da série postecipada deslocando todos os ca-
pitais um período na direção da data zero, sendo que o valor do capital desloca-
do para a data anterior será igual ao valor original dividido pelo fator (1 + i).
Essas conclusões mostram que é possível obter resultados equivalentes das séries
antecipadas a partir dos resultados das séries postecipadas, e vice-versa.
242 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 6.31. Calcule quanto deveria aplicar mensalmente a partir de hoje consi-
derando que as três aplicações serão iguais e remuneradas com a taxa de juro de 1%
ao mês.
SOLUÇÃO. A operação está representada no fluxo de capitais a seguir.
F = $3.000
i = 1% ao mês
0 1 2 3 meses

A A A

A equação de valor equivalente no final do terceiro mês é:


F = A × (1 + i)1 + A × (1 + i)2 + A × (1 + i)3
F = A × ((1 + i)1 + (1 + i)2 + A × (1 + i)3)

Substituindo os dados, temos:


$3.000 = A × ((1 + 0,01)1 + (1 + 0,01)2 + A × (1 + 0,01)3)
$3.000 = A × 3,060401

Você deverá realizar três aplicações mensais de $980,26 no início de cada mês.

$3.000
A=
3,060401
A = $980,2637

Para obter o mesmo futuro no final do terceiro mês, o valor das três aplica-
ções, $980,2637, da série antecipada do Exemplo 6.31 pode ser obtido deslo-
cando as três aplicações $990,07 da série postecipada do Exemplo 6.29 um pe-
ríodo na direção da data zero, como se mostra:
A pos
Aant =
1+ i

$990,0663
Aant = = $980,2637
1 + 0,01
Capítulo 6
SÉRIE UNIFORME 243

A Figura 6.5 mostra o diagrama de fluxo de capitais da capitalização da série


uniforme com capitais antecipados. Uma característica importante da série uni-
forme postecipada é que o futuro F ocorre um período depois da data do último
capital da série antecipada.

i
0 1 2 3 n–1 n

Aant Aant Aant Aant Aant

FIGURA 6.5 Capitalização – série uniforme com capitais antecipados.

Também nesse caso o objetivo é obter a equivalência entre o futuro F e os n


capitais antecipados Aant com a taxa de juro i com período igual à periodicidade
dos capitais. Em vez de repetir o procedimento utilizado no desenvolvimento
da equivalência da operação de capitalização, será utilizada a propriedade co-
nhecida Apos = Aant × (1 + i). Substituindo essa expressão na equivalência da ope-
(1 + i) n − 1
ração de capitalização postecipada F = A pos × , obtém-se:
i
(1 + i )n − 1
F = Aant × (1 + i ) ×
i

PROCEDIMENTOS DE CÁLCULO
Na resolução de problemas de capitalização com série uniforme antecipada
no regime de juros compostos devem ser utilizadas as recomendações de
cálculo apresentadas para a série uniforme postecipada, considerando os
seguintes comentários adicionais. O primeiro membro da equivalência
F (1 + i) n − 1
= (1 + i) × é o resultado da relação de capitais F/A da série unifor-
A i
(1 + i) n − 1
me antecipada, e o segundo membro (1 + i) × é o fator de valor futuro
i
e representado por s n_|i cujo resultado é o futuro de uma série uniforme anteci-
244 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

pada com n capitais unitários $1 considerando a taxa de juro i com período igual
à periodicidade dos capitais. O resultado s n_|i se situa na data n, e também se veri-
fica a relação s n_|i = 
a n_|i × (1 +i)n.
A tábua financeira disponível se refere à série uniforme postecipada no regi-
me de juros compostos. Seria possível tentar trabalhar com ela considerando a
relação anterior ou construir uma tábua para a série uniforme antecipada no re-
gime de juros compostos. A utilização da calculadora financeira HP-12C é igual
à apresentada para a série postecipada, mas lembre-se de informar que se trata de
uma série uniforme antecipada com a instrução [g] [BEG]. No Apêndice
“Equivalência Única”, que se encontra na página do livro na Internet, são agru-
padas as duas séries em uma única equivalência. Os Apêndices deste capítulo
“Cálculos com a HP-12C – Capítulo 6” e “Cálculos com Excel – Capítulo 6”,
que também se encontram na página do livro na Internet, mostram como utili-
zar essas ferramentas para realizar os cálculos deste capítulo.

EXEMPLO 6.32. Refaça o Exemplo 6.31.


SOLUÇÃO. O valor das três aplicações é $980,26, resultado obtido com:

1 1
Aant = F × ×
(1 + i ) (1 + i ) n − 1

1 0,01
Aant = $3.000 × × = $980,2637
(1 + 0,01) (1 + 0,01) 3 − 1

EXEMPLO 6.33. No início de cada mês foram depositados $1.000. Calcule o resgate
no final de 12 meses considerando a taxa de juro de 1,35% ao mês.
SOLUÇÃO. O resgate no final de 12 meses é $13.106,93, resultado obtido com:

(1 + i ) n − 1
F = Aant × (1 + i) ×
i

(1 + 0,0135) 12 − 1
F = $1.000 × (1 + 0,0135) × = $13.106,9262
0,0135
Capítulo 6
SÉRIE UNIFORME 245

Esse resultado também pode ser obtido com a calculadora financeira HP-12C.
[f] [FIN]
[g] [BEG] se for necessário
1000 [PMT] 12 [n]
1.35 [i] [FV] → –13.106,9262

EXEMPLO 6.34. Refaça o Exemplo 6.33 considerando que os depósitos foram reali-
zados no final do mês.
SOLUÇÃO. O resgate no final de 12 meses é $12.932,34, resultado obtido com:
(1 + i ) n − 1
F = Apos ×
i

(1 + 0,0135) 12 − 1
F = $1.000 × = $12.932,3396
0,0135
Esse resultado também pode ser obtido com a calculadora financeira HP-12C.
[f] [FIN]
[g] [END] se for necessário
1000 [PMT] 12 [n]
1.35 [i] [FV] → –12.932,34

Observe que para as mesmas 12 aplicações mensais de $1.000 realizadas no


início e no final de cada mês, o futuro da série antecipada $13.106,9262 é igual
ao futuro da série postecipada $12.932,34 multiplicado pelo fator (1+0,0135), e
vice-versa, pois o período da taxa de juro 1,35% ao mês é o mesmo que o perío-
do deslocado.

EXEMPLO 6.35. No final de 12 meses é necessário formar um fundo de $5.000. Cal-


cule quanto deverá ser depositado no início de cada mês considerando a taxa de
juro de 1,40% ao mês.
SOLUÇÃO. Os 12 depósitos mensais antecipados são iguais a $380,23, resultado ob-
tido com:
1 F×i
A ant = ×
1 + i (1 + i ) n − 1

1 $5000
. × 0,014
A ant = × = $380,2262
1 + 0,014 (1 + 0,014) 12 − 1
246 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Esse resultado também pode ser obtido com a calculadora financeira HP-12C.
[f] [FIN]
[g] [BEG] se for necessário
5000 [FV] 12 [n]
1.4 [i] [PMT] → – 380,2262

EXEMPLO 6.36. Refaça o Exemplo 6.35 considerando que os depósitos serão reali-
zados no final do mês.
SOLUÇÃO. Os 12 depósitos mensais antecipados são iguais a $385,55, resultado ob-
tido com:
F×i
A pos =
(1 + i ) n − 1

$5000
. × 0,014
A pos = = $385,5493
(1 + 0,014) 12 − 1

Esse resultado também pode ser determinado com a calculadora financeira


HP-12C.
[f] [FIN]
[g] [END] se for necessário
5000 [FV] 12 [n]
1.4 [i] [PMT] → –385,5493

EXEMPLO 6.37. Para formar o fundo de $7.272,91, foram realizados 24 depósitos


mensais e iguais a $250 no início de cada mês. Calcule a taxa de juro.
SOLUÇÃO. Como numa série uniforme nem sempre é possível calcular a taxa de
juro i com uma fórmula, é necessário utilizar um procedimento de tentativa e erro.
Para isso, começamos por substituir os dados disponíveis na fórmula de F, onde i* é
a taxa de juro desconhecida:
(1 + i ) n − 1
F = Aant × (1 + i) ×
i

(1 + i *)24 − 1
$7.272,91 = $250 × (1 + i *) ×
i*
O objetivo é encontrar a taxa i* tal que o resultado do segundo membro seja igual
ao do primeiro $7.272,91. Iniciamos o teste com a taxa i* = 1%, obtendo F =
$6.810,7999:
Capítulo 6
SÉRIE UNIFORME 247

(1 + 0,01)24 − 1
$250 × (1 + 0,01) × = $6.810,7999
0,01

Como o resultado é menor do que $7.272,91, será necessário testar uma taxa de
juro maior a 1% para aumentar o futuro, por exemplo, i* = 2%, obtendo F =
$7.757,5749:

(1 + 0,02)24 − 1
$250 × (1 + 0,02) × = $7.757,5749
0,02
Das duas tentativas se deduz que a taxa de juro está entre 1% e 2%. Realizando uma
interpolação linear entre as taxas 1% e 2%, temos a taxa de juro i = 1,5119%, resul-
tado obtido com:

7.757,5749 − 7.272,91
1% + × 1% = 1,5119%
7.757,5749 − 6.810,7999

A taxa de juro 1,5119% é um valor aproximado, pois diminuindo o intervalo entre


os valores de i* utilizados nos aproximaremos do valor exato i = 1,5076% ao mês,
obtido com as teclas financeiras da calculadora financeira HP-12C.
[f] [FIN]
[g] [BEG] se for necessário
250 [CHS] [PMT] 7272.91 [FV]
24 [n] [i] → 1,5076

EXEMPLO 6.38. Calcule o número de depósitos mensais e seguidos no valor de $500


realizados no início de cada mês que conseguirão formar o futuro de $12.500, con-
siderando a taxa de juro de 1,5% ao mês.
(1 + i ) n − 1
SOLUÇÃO. Da equivalência F = Aant × (1 + i) × se deduz o número de ca-
i
pitais desse fundo:

F×i F×i
= (1 + i ) n − 1 ⇔ (1 + i ) n = 1 +
A ant × (1 + i ) A ant × (1 + i )
248 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Aplicando logaritmos nos dois membros, temos:


⎛ F×i ⎞ ⎛ F×i ⎞
lg((1 + i ) n ) = lg ⎜ 1 + ⎟ ⇔ n × lg(1 + i ) = lg ⎜ 1 + ⎟
⎝ A ant × (1 + i )⎠ ⎝ A ant × (1 + i )⎠

⎛ F×i ⎞
lg ⎜ 1 + ⎟
⎝ A ant × (1 + i )⎠
n=
lg (1 + i )
O número de depósitos mensais e seguidos é 21,12, resultado obtido com:

⎛ $12.500 × 0,015 ⎞
lg ⎜ 1 + ⎟
⎝ $500 × (1 + 0,015)⎠
n=
lg(1 + 0,015)

n = 21,1178
Esse resultado também pode ser obtido com a calculadora financeira HP-12C.
[f] [FIN]
[g] [BEG]
500 [CHS] [PMT] 1.5 [i]
12500 [FV] [n] → 22
O resultado exato deste exemplo é menor do que 22 depósitos mensais. Ajustando
o plano, para formar $12.500 serão necessários 22 depósitos de $483,79. Conti-
nuando a digitação na calculadora em sequência à última linha anterior:
22 [n] [PMT] → 483,7914
Também poderia ser ajustado o plano realizando 22 depósitos de $500, o que re-
sultaria no futuro $13.112,5718, como mostra a digitação na calculadora em se-
quência à última linha antes do cálculo anterior:
22 [n] [FV] → 13.112,5718

EXEMPLO 6.39. Uma pessoa de 30 anos gostaria de se aposentar possuindo uma pou-
pança de $1.000.000. Calcule quantos depósitos mensais de $300 deverá realizar
para conseguir essa poupança, considerando a taxa de juro de 0,5% ao mês.
SOLUÇÃO. O número de depósitos mensais, seguidos e antecipados, é 574,83, re-
sultado obtido com:
⎛ F×i ⎞
lg ⎜ 1 + ⎟
⎝ A ant × (1 + i )⎠
n=
lg (1 + i )
Capítulo 6
SÉRIE UNIFORME 249

⎛ $1000 . .000 × 0,005⎞


lg ⎜ 1 + ⎟
⎝ $300 × (1 + 0,005) ⎠
n= = 574,8273
lg (1 + 0,005)

Essa pessoa realizará depósitos antecipados de $300 durante 48 anos para conseguir
formar o fundo de $1.000.000 quando tiver a idade de 78 anos. Esse resultado tam-
bém pode ser obtido com a calculadora financeira HP-12C.
[f] [FIN]
[g] [BEG]
300 [CHS] [PMT] 0.5 [i]
1000000 [FV] [n] → 575 meses

PROBLEMAS
PROBLEMA 6.48
Calcule o futuro de 12 aplicações mensais seguidas de $1.000 realizadas no início
de cada mês, considerando a taxa de juro de 1,2% ao mês.
R: F = $12.978,45

PROBLEMA 6.49
Refaça o Problema 6.48 considerando que as 12 aplicações são realizadas no final
do mês.
R: F = $12.824,55

PROBLEMA 6.50
Calcule o valor dos 24 depósitos iguais, mensais e seguidos em caderneta de
poupança que formarão o futuro $24.500, considerando a taxa de juro de
1,23% ao mês.
R: A = $873,04

PROBLEMA 6.51
Com o investimento de cinco parcelas mensais seguidas e iguais a $3.000, foi for-
mado o fundo de $16.800 no final do quinto mês. Calcule a taxa de juro mensal sa-
bendo que os investimentos foram realizados no início de cada mês.
R: i = 3,80% ao mês

PROBLEMA 6.52
Refaça o Problema 6.51 considerando que as cinco parcelas mensais são realizadas
no final do mês.
R: i = 5,67% ao mês
250 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMA 6.53
Você quer acumular $45.000 numa data futura dispondo de $300 por mês. Calcule
o número de depósitos mensais e seguidos no início de cada mês que serão necessá-
rios para conseguir esse valor futuro, considerando a taxa de juro de 1% ao mês.
R: O resultado exato é n = 91,49 depósitos. Para n = 92, o resgate nessa data será F
= $45.384,86

PROBLEMA 6.54
Refaça o Problema 6.53 considerando que os depósitos mensais são realizados no
final do mês.
R: O resultado exato é n = 92,09 depósitos. Para n = 92, o resgate será F =
$44.935,51

PROBLEMA 6.55
Foram realizados 12 depósitos mensais seguidos e iguais a $1.000. Calcule o futuro
F considerando que a série de depósitos é do tipo postecipada e a taxa de juro é
2,15% ao mês.
R: F = $13.525,79

PROBLEMA 6.56
Refaça o Problema 6.55 considerando que a série de depósitos é do tipo antecipada.
R: F = $13.816,59

PROBLEMA 6.57
A série de oito depósitos mensais postecipados e iguais a $500 formou o futuro
$4.837,98. Calcule a taxa de juro.
R: i = 5,37% ao mês

PROBLEMA 6.58
Refaça o Problema 6.57 considerando que a série é do tipo antecipada.
R: i = 4,21% ao mês

PROBLEMA 6.59
A intenção é formar um fundo de $100.000 realizando depósitos mensais iguais e
seguidos de $2.500. Considerando a taxa de juro de 1,68% ao mês, calcule quantos
depósitos postecipados deverão ser realizados.
R: npos= 30,85 depósitos mensais. Para npos= 31 depósitos, F = $100.611,12

PROBLEMA 6.60
Refaça o Problema 6.59 considerando que a série é do tipo antecipada.
R: nant= 30,45 depósitos mensais. Para nant= 31 depósitos, F = $102.301,38
Capítulo 6
SÉRIE UNIFORME 251

PROBLEMA 6.61
A aplicação mensal de $100 em caderneta de poupança durante 15 meses segui-
dos permitiu realizar o resgate de $1.761,64. Calcule a taxa de juro dessa aplica-
ção.
R: i = 1,98% ao mês

PROBLEMA 6.62
Foram realizados oito depósitos mensais de $10.000, formando uma série do tipo
antecipada. No final do oitavo mês foi resgatado $100.000. Calcule a taxa de juro
anual dessa operação.
R: i = 78,39% ao ano

PROBLEMA 6.63
Refaça o Problema 6.62 considerando que a série é do tipo postecipada.
R: i = 107,86% ao ano

PROBLEMA 6.64
Considerando a taxa de juro de 100% ao ano, calcule quanto você deverá depositar
no final de cada mês e durante dois anos para formar o futuro $11.500.
R: Apos= $227,94

PROBLEMA 6.65
Refaça o Problema 6.64 considerando que o depósito é realizado no início de cada
mês.
R: Aant= $215,15

Os problemas seguintes se referem a operações de amortização.


PROBLEMA 6.66
O banco financia $1.000 em 12 prestações postecipadas de $105,86. Sabendo que,
no ato de receber o dinheiro, o devedor deve pagar IOF no valor de $8,80, calcule
a taxa de financiamento.
R: i = 4,04% ao mês

PROBLEMA 6.67
Continuando com o Problema 6.66. Para tornar mais atrativo o financiamento, o
banco estabeleceu a seguinte vantagem: pagando as 11 primeiras prestações sem atrasos,
o devedor não necessita pagar a décima segunda prestação. Sabendo que, no ato de rece-
ber o dinheiro, o devedor deve pagar IOF no valor de $8,80, calcule a taxa de fi-
nanciamento do devedor se pagar as 11 primeiras prestações sem atrasos.
R: i = 2,786% ao mês
252 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMA 6.68
Suponha que você é o responsável pela elaboração de planos de financiamento e,
inspirado na vantagem do Problema 6.67, decide apresentar um plano de financia-
mento equivalente, ou seja, pagando as 11 primeiras prestações sem atrasos, o devedor
não necessita pagar a décima segunda prestação. Considerando que o capital financiado
deve ser remunerado com a taxa de juro de 3,3% ao mês, calcule o valor das presta-
ções postecipadas supondo que todos os financiados pagarão sem atraso o financia-
mento de $1.
R: A = $0,10988103

PROBLEMA 6.69
Continuando com o Problema 6.68. Suponha que todos os financiados pagaram
com atraso e, portanto, pagaram 12 prestações de $0,10988103 por $1 financiado.
Calcule a taxa de financiamento dos planos de financiamento.
R: i = 4,5342% ao mês

PROBLEMA 6.70
Atraído pela propaganda da concessionária de veículos: compre seu carro novo sem ju-
ros, você visitou a loja, pois está interessado em comprar um carro novo de valor
$16.000. O vendedor apresentou o seguinte plano: entrada de 35% mais 12 presta-
ções iguais de $866,67, vencendo a primeira depois de um mês da compra. Calcule
a taxa de financiamento.
R: i = 0%

PROBLEMA 6.71
Continuando com o Problema 6.70, suponha que você tenha dinheiro para pagar
o carro à vista e esse dinheiro está aplicado a 1,1% ao mês. Calcule o valor máximo
que você pagaria à vista para comprar esse carro.
R: P = $15.293,09

PROBLEMA 6.72
Continuando com o Problema 6.71. Suponha que o vendedor não aceite a proposta
de pagamento à vista, alegando que o preço do carro é $16.000 tanto para pagamen-
to à vista como financiado. Analise e comente essa posição da concessionária.

PROBLEMA 6.73
Continuando com o Problema 6.72. Nesse mesmo tempo, o jornal informava aos
seus leitores que algumas concessionárias cobram valores diferentes para vendas à
vista e a prazo. A pesquisa do jornal também informa que, em média, a taxa de fi-
nanciamento é 1,5% ao mês. Calcule o valor máximo que você pagaria à vista con-
siderando essa taxa de financiamento.
R: P = $15.053,21
Capítulo 6
SÉRIE UNIFORME 253

EXEMPLOS
Os exemplos e problemas anteriores apresentaram situações de amortização e
de capitalização de forma independente e, em geral, com a prévia identifica-
ção do tipo de série, antecipada ou postecipada. Há situações em que numa
operação financeira são utilizados conceitos de amortização e de capitalização
sem identificar o tipo de série, decisão exclusiva do analista que prepara ou a-
valia o resultado da operação. Nos exemplos seguintes, é apresentada a descri-
ção da solução, são mostrados os resultados intermediários e o resultado final,
porém sem registrar os procedimentos de cálculo que o leitor deverá realizar
utilizando o conhecimento adquirido até este momento. Como foi mostrado,
você deve lembrar que a data em que for situado o início da série uniforme é
convencional, pois qualquer série uniforme pode ser considerada como ante-
cipada ou postecipada. O importante é compreender a relação e a posição dos
capitais equivalentes P e F em relação à posição da série uniforme no diagrama
de capitais.

EXEMPLO 6.40. A compra de um conjunto de móveis no valor de $8.520 foi fi-


nanciada em oito prestações de $1.334,26, vencendo a primeira um mês depois da
compra. Ao pagar a terceira prestação, o devedor decidiu liquidar o financiamen-
to. Calcule quanto se deve pagar para liquidar a dívida utilizando a mesma taxa de
financiamento.
SOLUÇÃO. Do valor financiado $8.520 e do valor das oito prestações de $1.334,26,
vencendo a primeira um mês depois da compra, se obtém a taxa de juro 5,30% ao
mês desse financiamento. Na data de vencimento e de pagamento da terceira par-
cela do financiamento ainda resta pagar cinco prestações mensais iguais e seguidas
de $1.334,26. O presente dessas cinco prestações, no final do terceiro mês do fi-
nanciamento, é igual a $5.729,05, resultado obtido com a taxa de juro 5,30% ao
mês. Esse valor é o que o devedor deve pagar no final do terceiro mês para liquidar
a dívida.13

13
Na data de pagamento da terceira prestação o saldo devedor se refere somente às cinco presta-
ções restantes, tema do Capítulo 10.
254 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 6.41. Pelo prazo de 24 meses, na data de hoje, foram aplicados $50.000
num fundo de investimento com taxa de juro de 18% ao ano. Ao mesmo tempo,
serão realizadas aplicações mensais de $1.000 durante o mesmo prazo e à mesma
taxa de juro, realizando a primeira aplicação mensal um mês depois da aplicação
maior. Calcule o valor resgatado no final do segundo ano.
SOLUÇÃO. No final de 24 meses, ou dois anos inteiros, o futuro dos $50.000 aplica-
dos na data de hoje com taxa de juro de 18% ao ano é $69.620. Ao mesmo tempo,
o futuro de 24 aplicações mensais de $1.000 com a taxa de juro de 1,3889% ao mês,
taxa equivalente da taxa de juro de 18% ao ano, é $28.253,93, futuro de uma série
postecipada. Resumindo, o resgate no final do segundo ano será $97.873,93, re-
sultado da soma dos dois futuros.

EXEMPLO 6.42. Uma prática contábil nas empresas é estabelecer um fundo de amor-
tização para a reposição de um equipamento ou sistema no final de sua vida útil.
Por exemplo, daqui a cinco anos será necessário repor um equipamento que nessa
data custará $350.000. Calcule as aplicações trimestrais necessárias durante cinco
anos para substituir o equipamento existente considerando a taxa de juro de 12%
ao ano.
SOLUÇÃO. Durante cinco anos ocorrerão 20 trimestres. A taxa de juro 2,8737% ao
trimestre é equivalente à taxa de juro 12% ao ano. Considerando que as aplicações
trimestrais formam uma série uniforme postecipada, as 20 aplicações trimestrais são
iguais a $13.193,70. Se as aplicações trimestrais formarem uma série uniforme an-
tecipada, então são iguais a $12.825,14.

EXEMPLO 6.43. Em geral, ao completar sua vida útil, o equipamento substituído


poderá ser vendido pelo valor de mercado, incluindo o caso de ser vendido
como sucata. Continuando com o Exemplo 6.41, calcule os novos valores das
aplicações trimestrais considerando que o equipamento a ser substituído será
vendido por 10% do valor do novo equipamento, mantendo inalterados os res-
tantes dados.
SOLUÇÃO. Agora o valor do fundo de amortização será $315.000, resultado de
subtrair 10% do valor do novo equipamento a ser comprado daqui a cinco anos.
Considerando que as aplicações trimestrais formam uma série uniforme poste-
cipada, as 20 aplicações trimestrais são iguais a A = $11.874,33. Se as aplica-
ções trimestrais formam uma série uniforme antecipada, então são iguais a
$11.542,63.
Capítulo 6
SÉRIE UNIFORME 255

EXEMPLO 6.44. A empresa necessita hoje de $500.000 e dispõe de $115.000 por mês
durante os quatro meses seguintes ao recebimento do financiamento. Se o banco
financia essa quantia com taxa de 2,5% ao mês, calcule o número de prestações,
considerando que a primeira prestação vencerá um mês depois da data de recebi-
mento do financiamento.
SOLUÇÃO. O número de pagamentos postecipados iguais a $115.000 necessários para
amortizar $500.000 é 4,66 parcelas. Esse resultado exato do problema mostra que as
quatro parcelas estabelecidas não são suficientes para amortizar o empréstimo de
$115.000. Como o presente das quatro parcelas de $115.000 na taxa de juro de 2,5%
ao mês é igual a $432.627,03, as alternativas que a empresa tem são duas: tomar um
empréstimo menor e igual a $432.627,03 e amortizá-lo em 4 parcelas de $115.000, ou
tomar o empréstimo de $500.000 e amortizá-lo em 4 parcelas de $115.000 mais uma
quinta parcela, por exemplo, de $76.226,33 no final do quinto mês, valor equivalente
a $67.372,97, resultado da diferença entre $500.000 e $432.627,03. Entretanto, o pa-
gamento da quinta parcela poderia ser feito em qualquer data que as partes aceitarem,
porém sempre será um valor equivalente da diferença $67.372,97 na data zero.

EXEMPLO 6.45. Em vez de comprar o carro zero quilômetro a prazo, você decidiu
ficar mais dois anos com o carro atual e juntar o dinheiro necessário para comprar
esse carro à vista daqui a dois anos. Calcule quanto deverá aplicar mensalmente,
começando hoje, num fundo com taxa estimada de juro de 1,15% ao mês de modo
a resgatar o valor necessário para comprar o carro zero quilômetro, estimado em
$28.000 daqui a dois anos.
SOLUÇÃO. Para formar o valor futuro $28.000 daqui a dois anos, será necessário
realizar 24 aplicações mensais e antecipadas de $1.008,12 com taxa estimada de
juro de 1,15% ao mês.

EXEMPLO 6.46. Continuando com o Exemplo 6.45. No final do primeiro ano, o


fundo estimou que a taxa de juro para os próximos 12 meses seria de 1% ao mês, em
vez de 1,15% ao mês. Calcule o novo valor das 12 últimas aplicações considerando
a nova taxa de juro.
SOLUÇÃO. No final dos primeiros 12 meses foi conseguido acumular $13.041,02
com taxa estimada de juro de 1,15% ao mês. Considerando a taxa de juro de 1% ao
mês, o valor equivalente de $13.041,02 no final do segundo ano será $14.694,95.
Portanto, no final do segundo ano faltam $13.305,05 para completar os $28.000
necessários para comprar o carro zero quilômetro à vista. Dessa maneira, durante
os últimos 12 meses será necessário realizar aplicações mensais no início de cada
mês no valor de $1.038,70 com taxa de juro de 1% ao mês.
256 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 6.47. Suponha que você ganhou $750.000 na loteria. Segundo suas esti-
mativas, com $8.000 por mês você teria uma qualidade de vida melhor da que tem
atualmente. Supondo que o prêmio possa ser investido com taxa de juro de 1% ao
mês, calcule quantas retiradas de $8.000 conseguiria realizar.
SOLUÇÃO. Hoje você investe os $750.000 e no final do mês começa a retirar os
$8.000 por mês. Como se trata de uma amortização com capitais postecipados,
você conseguirá realizar 278,64 retiradas mensais de $8.000 cada uma, uma renda
de mais de 23 anos, quando o prêmio seria totalmente consumido.

EXEMPLO 6.48. Continuando com o Exemplo 6.47. As 278,64 retiradas prometem


o recebimento de $8.000 por mais de 23 anos. Entretanto, você gostaria de conhe-
cer quantas retiradas seriam conseguidas se, em vez de retirar $8.000, fossem retira-
dos $7.000 por mês.
SOLUÇÃO. Hoje você investe os $750.000 e no final do mês começa a retirar os
$7.000 por mês. Como você pode verificar, esse problema não tem solução. Por
quê? Primeiro, o resultado mostra que você conseguirá retirar $7.000 de forma
perpétua, o capital aplicado inicialmente aumentará com o tempo e, portanto, o
fundo formado não se esgotará, pois o juro recebido no final do primeiro mês é
$7.500 e você retirará nessa data $7.000. A diferença será acrescida ao capital ini-
cial, que, no final do primeiro mês, será igual a $750.500. Deixamos por sua conta
analisar os meses seguintes e confirmar que você conseguirá retirar $7.000 perpe-
tuamente e, ainda assim, o capital inicial aumentará.

EXEMPLO 6.49. Continuando com o Exemplo 6.48, analise o que ocorreria se reti-
rasse $7.500 por mês, mantendo inalterados os dados restantes.
SOLUÇÃO. Esse problema também não tem solução, porém é um pouco diferente
do anterior. Esse resultado mostra que você conseguirá retirar $7.500 de forma
perpétua, o capital inicial permanecerá com o mesmo valor, $750.000 e, portanto,
o fundo formado não se esgotará. Por quê? Perceba que o juro recebido no final do
primeiro mês, $7.500, é o mesmo valor que você retirará, sem nada adicionar nem
retirar ao capital inicial. Deixamos por sua conta analisar os meses seguintes e con-
firmar que você conseguirá retirar $7.500 perpetuamente sem alterar o capital ini-
cial. Esse tipo de série uniforme é conhecido como série perpétua, tema apresenta-
do no Capítulo 7.
Capítulo 6
SÉRIE UNIFORME 257

EXEMPLO 6.50. Seu tio João está para se aposentar no final do próximo mês e pediu
sua ajuda para escolher a melhor alternativa de duas mutuamente excludentes que a
empresa oferece como prêmio de aposentadoria. A primeira é receber $20.000 por
mês durante 12 meses, começando um mês depois de aposentar-se; a segunda é re-
ceber $200.000 no ato da aposentadoria. O que você recomendaria a seu tio João
sabendo que a taxa de juro que conseguiria numa aplicação durante o próximo ano
é de 1% ao mês?
SOLUÇÃO. A taxa de juro estabelecida pelas opções de receber $200.000 no ato da
aposentadoria ou de receber $20.000 por mês durante 12 meses é 2,92% ao mês.
Como a taxa de juro que seu tio João conseguirá numa aplicação durante o próximo
ano é de 1% ao mês, a melhor opção é aceitar receber $20.000 por mês durante 12
meses. Por quê? Supondo que, nas duas opções, o dinheiro fosse mantido aplicado
durante 12 meses à taxa de juro de 1% ao ano, o valor futuro de $200.000 seria
$225.365, e o valor futuro de 12 prestações de $20.000 seria $253.650. Não necessi-
tando do dinheiro, é melhor receber 12 prestações de $20.000.
Essa análise também pode ser realizada comparando os valores na data zero. Su-
pondo que, nas duas opções, o dinheiro fosse mantido aplicado durante 12 meses à
taxa de juro de 1% ao ano, o presente, na data da aposentadoria, de 12 prestações de
$20.000 seria $225.101,15. Como esse presente é maior do que o da segunda op-
ção, receber $200.000 no ato da aposentadoria, e não necessitando do dinheiro, é
melhor receber 12 prestações de $20.000.

EXEMPLO 6.51. Você está interessado em comprar o novo modelo de camcorder que
está sendo vendida por duas grandes redes de varejo. A rede Azul oferece a compra
da camcorder com uma entrada de $600 mais 12 prestações de $235, e a rede Branca
oferece a compra com uma entrada de $1.000 mais 12 prestações de $185. Se você
tem dinheiro para comprar à vista esse equipamento e esse dinheiro está aplicado à
taxa de juro de 1% ao mês, escolha a melhor proposta de pagamento.
SOLUÇÃO. À taxa de juro de 1% ao mês, o presente da proposta da rede Azul é
$3.244,94, e o presente da proposta da rede Branca é $3.082,19. Você deve escolher
a proposta da rede Branca, pois tem menor presente ou, de outra maneira, a proposta
da rede Branca tem um desembolso menor do que a proposta da rede Azul.

EXEMPLO 6.52. No momento de pagar uma parcela do financiamento que vem sen-
do honrado conforme o estabelecido, resta pagar oito parcelas trimestrais de
$125.000. Nessa data, as partes concordaram em alongar o prazo da dívida de
oito meses para três anos com pagamentos mensais iguais e seguidos, sendo que a
258 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

primeira parcela será paga um mês depois do acerto do novo plano de financia-
mento. Calcule o valor dessas prestações considerando a taxa de juro de 2,15%
ao mês.
SOLUÇÃO. O presente das oito parcelas trimestrais de $125.000 com taxa de juro de
6,59% ao trimestre, taxa equivalente da taxa 2,15% ao mês, é $758.418,56. Esse é o
valor da dívida que será financiada em 36 meses com pagamentos mensais, segui-
dos e iguais a $30.476,41 à taxa de juro de 2,15% ao mês.

EXEMPLO 6.53. A compra do terreno pode ser financiada em 24 parcelas mensais e


seguidas com o seguinte plano: 12 parcelas de $1.000, mais 12 parcelas de $1.450.
A primeira parcela é paga no ato de assinar o contrato de compra do terreno, e as
restantes parcelas, nos meses seguintes. Calcule o valor à vista desse terreno saben-
do que o financiamento foi realizado com taxa de juro de 1,56% ao mês.
SOLUÇÃO. À taxa de juro de 1,56% ao mês, o presente na data zero das 12 parcelas
de $1.000 que formam uma série antecipada é $11.036,37. Da mesma maneira, o
presente na data 12 das 12 parcelas de $1.450 que também formam uma série ante-
cipada é $16.002,74. O presente dessa quantia na data zero é $13.289,91. Portanto,
o valor à vista do terreno é a soma dos dois presentes, $24.326,28.

EXEMPLO 6.54. Continuando com o Exemplo 6.53. Como o comprador não gos-
tou da proposta com parcelas crescentes, ele apresentou uma contraproposta ga-
rantindo que resultava no mesmo presente da primeira proposta e utilizando a
mesma taxa de juro de 1,56% ao mês. A proposta é a seguinte: 24 parcelas mensais
de $825 mais 4 parcelas semestrais, vencendo a primeira no final do sexto mês de-
pois da assinatura do contrato. Calcule o valor das 4 parcelas semestrais.
SOLUÇÃO. À taxa de juro de 1,56% ao mês, o presente na data zero das 24 parcelas
de $825 que formam uma série antecipada é $16.666,51. Portanto, as 24 parcelas
mensais financiam uma parte do valor à vista do terreno, $24.326,28. Os restantes
$7.659,77 serão financiados com 4 parcelas semestrais iguais a $2.189,31, vencen-
do a primeira no final do sexto mês depois da assinatura do contrato e à taxa de juro
de 9,73% ao semestre, taxa equivalente a 1,56% ao mês.

EXEMPLO 6.55. Você concordou em ajudar seu cunhado com $10.000 para com-
prar um novo carro, pois o atual ficou pequeno com a chegada do terceiro filho.
Ele pagará quatro parcelas mensais, seguidas e iguais a $1.500, sendo o pagamen-
to da primeira parcela daqui a um mês. O restante será pago daqui a oito meses
Capítulo 6
SÉRIE UNIFORME 259

quando seu cunhado receber o décimo terceiro salário. Calcule o valor a receber
no final do oitavo mês considerando a taxa de juro de 1,13% ao mês, pois seu di-
nheiro está aplicado e remunerado com essa taxa de juro.
SOLUÇÃO. Considerando a taxa de juro de 1,13% ao mês, o presente na data zero
das 4 parcelas de $1.500 que formam uma série postecipada é $5.834,26. Portanto,
as quatro parcelas não conseguem financiar o valor $4.165,74. No final do oitavo
mês, você deverá receber $4.557,56.

EXEMPLO 6.56. Daqui a 24 meses você deverá dispor de um capital que lhe permita
retirar $650 por mês durante 12 meses para pagar um curso de especialização.
Calcule o valor das 24 aplicações mensais realizadas no início de cada mês, consi-
derando a taxa de juro de 1% ao mês. A primeira retirada será realizada no final do
mês 25.
SOLUÇÃO. O fluxo de capitais seguinte mostra os dados e resultados do exemplo.
Começamos por calcular o presente na data 24 das 12 retiradas de $650, igual a
$7.315,80. Esse presente é também o futuro da série antecipada de 24 depósitos
iguais a $268,54. Portanto, para conseguir realizar o curso de especialização daqui a
24 meses, será necessário realizar 24 aplicações de $268,54 no início de cada mês, à
taxa de juro de 1% ao mês.
P = $7.315,80
12 ´ $650
i = 3% ao mês
0 1 ... 23 24 25 26 ... 36

24 ´ $268,54

EXEMPLO 6.57. Daqui a 10 anos, ou 120 meses, sua filha iniciará a universidade.
Durante os cinco anos de duração do curso será necessário desembolsar $1.500
por mês para pagar a escola, os livros e demais despesas desse tipo de atividade, es-
timativas realizadas em moeda constante e remuneradas com a taxa real, como foi
mostrado no Capítulo 4. Você entende que deve preparar um fundo para garan-
tir que sua filha consiga realizar o curso universitário completo. Considerando
que as aplicações que serão realizadas durante os dez anos de acumulação de capi-
tal, bem como durante os cinco anos de retirada, poderão ser remuneradas com a
taxa real de 0,5% ao mês, calcule o valor dos depósitos mensais durante os dez
anos considerando que a primeira retirada mensal será realizada um mês depois
da última aplicação.
260 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

SOLUÇÃO. O fluxo de capitais seguinte mostra as 120 aplicações que serão realiza-
das, e cujo valor deve ser determinado, e as 60 retiradas de $1.500 que serão reali-
zadas a partir um mês depois da última aplicação, da data 121. A partir dos dados
conhecidos, na data 120 é calculado o presente $77.588,3411 das 60 retiradas de
$1.500, à taxa real de 0,5% ao mês.
O presente $77.588,3411 é também o futuro da série postecipada de 120 capi-
tais com valor ainda desconhecido A. Por que essa série de capitais é formada com
capitais postecipados? Porque a última aplicação ocorre na mesma data do valor fu-
turo da série. Considerando a taxa real de 0,5% ao mês, o valor das 120 aplicações
postecipadas é $473,45.
P = $77.588,3411
60 retiradas de $1.500

i = 0,5% ao mês
1 1 ... 120 121 122 ...... 180

120 aplicações de $473,45

A escolha do tipo de série uniforme, postecipada ou antecipada, não deve


alterar o resultado procurado, como mostra o Exemplo 6.58. A escolha do tipo
de série uniforme deve ser feita procurando facilitar os cálculos e utilizando as
propriedades das séries uniformes.

EXEMPLO 6.58. Refaça o Exemplo 6.57 considerando as incógnitas registradas no


fluxo de capitais a seguir.
P=?
60 retiradas de $1.500

i = 0,5% ao mês
1 1 ... 120 121 122 ...... 180

120 aplicações de 473,45

SOLUÇÃO. O presente na data 121 das 60 retiradas de $1.500 é igual a $77.976,2828.


O presente é também o futuro de uma série antecipada de 120 capitais com valor
ainda desconhecido A, pois a última aplicação ocorre um período antes da data do
valor futuro dessa série. Considerando a taxa real de 0,5% ao mês, o valor das 120
aplicações é igual $473,45.
Capítulo 6
SÉRIE UNIFORME 261

RESUMO DE FÓRMULAS
SÉRIE UNIFORME
AMORTIZAÇÃO – CAPITAIS POSTECIPADOS
1 − (1 + i) − n
A partir da equivalência P = Apos × da amortização da série uniforme
i
com capitais postecipados e taxa de juro i com período igual à periodicidade dos
capitais, deduz-se que:
1 − (1 + i) − n
— Para calcular o presente, aplica-se P = Apos × .
i
i
— Para calcular os capitais, aplica-se Apos = P × .
1 − (1 + i) − n
— O cálculo da taxa de juro i de uma série uniforme com n capitais postecipa-
dos é o cálculo das raízes de um polinômio de grau n. O Apêndice 6.3 mos-
tra o cálculo da taxa de juro de uma série uniforme com dois capitais, para
n = 2, procedimento bastante trabalhoso, porque se obtêm duas soluções
das quais apenas uma solução interessa. Uma série uniforme com mais de
três capitais é mais trabalhosa, considerando que para uma série com n > 4
capitais foi demonstrado que é absolutamente impossível expressar por
meio de uma fórmula as raízes de uma equação de grau superior ao quarto,
quando os coeficientes do polinômio são arbitrários. Dessa maneira, o cál-
culo de i é realizado com um procedimento de tentativa e erro.
⎛ A pos ⎞
lg ⎜ ⎟
⎝ A pos − P × i ⎠
— Para calcular o número de capitais, se aplica n = , válida
lg (1 + i)
para Apos > P × i, pois, caso contrário, não há solução, devido ao logarit-
mo do numerador ser menor ou igual a zero. No Apêndice 3.3, no Capí-
tulo 3, é apresentada a revisão de logaritmo, e o Capítulo 7 mostra o sig-
nificado dessa limitação.

AMORTIZAÇÃO – CAPITAIS ANTECIPADOS


1 − (1 + i) − n
A partir da equivalência P = Aant × (1 + i) × da capitalização da série
i
uniforme com capitais antecipados e taxa de juro i com período igual à periodi-
cidade dos capitais, deduz-se que:
262 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

1 − (1 + i )− n
— Para calcular o presente, aplica-se P = Aant × (1 + i) × .
i
i
— Para calcular os capitais, aplica-se Aant = P × .
(1 + i ) × (1 − (1 + i )− n )
— Equivale ao cálculo da taxa de juro da série uniforme postecipada.
⎛ ⎞
⎜ Aant ⎟
lg ⎜ ⎟
⎜⎜ A − i × P ⎟⎟
⎝ ant 1 + i ⎠
— Para calcular o número de capitais, aplica-se n = , válida
lg(1 + i )
i×P
para Aant > .
1+ i

SÉRIE UNIFORME
CAPITALIZAÇÃO – CAPITAIS POSTECIPADOS
(1 + i )n − 1
A partir da equivalência F = Apos × da capitalização da série uniforme
i
com capitais postecipados e taxa de juro i com período igual à periodicidade dos
capitais, deduz-se que:
(1 + i )n − 1
— Para calcular o futuro, aplica-se F = Apos × .
i
i
— Para calcular os capitais, aplica-se Apos = F × .
(1 + i )n − 1
— Equivale ao cálculo da taxa de juro da série uniforme postecipada.
⎛ F × i⎞
lg ⎜⎜1 + ⎟⎟
⎝ A pos ⎠
— Para calcular o número de capitais, aplica-se n = .
lg (1 + i )

CAPITALIZAÇÃO – CAPITAIS ANTECIPADOS


(1 + i )n − 1
A partir da equivalência F = Aant × (1 + i) × da capitalização da série
i
uniforme com capitais antecipados e taxa de juro i com período igual à periodi-
cidade dos capitais, deduz-se que:
Capítulo 6
SÉRIE UNIFORME 263

(1 + i )n − 1
— Para calcular o futuro, aplica-se F = Aant × (1 + i) × .
i
1 F ×i
— Para calcular os capitais, aplica-se Aant = × .
1 + i (1 + i )n − 1
— Equivale ao cálculo da taxa de juro da série uniforme postecipada.
⎛ F ×i ⎞
lg ⎜1 + ⎟
⎝ Aant × (1 + i )⎠
— Para calcular o número de capitais, aplica-se n = .
lg (1 + i )
264 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Apêndice 6.1

Classificação das
Séries de Capitais
Os primeiros exemplos do Capítulo 6 mostram diferentes tipos de séries de ca-
pitais e, consequentemente, diversos tipos de problemas para resolver. Por
exemplo, os capitais do Exemplo 6.1 são variáveis e ocorrem em datas sem pe-
riodicidade definida. No Exemplo 6.2, nem todos os capitais têm valor diferen-
te, porém ocorrem com periodicidade mensal, definida. Por último, no Exem-
plo 6.3, todos os capitais têm o mesmo valor e ocorrem com periodicidade
mensal. Nas séries de capitais, se destacam duas características: o valor dos capi-
tais e sua periodicidade de ocorrência.

— Valor dos Capitais. Todos os capitais da série podem ser iguais, a denomi-
nada série uniforme, ou pelo menos o valor de um dos capitais é diferente
dos outros, a série variável.
— Periodicidade dos Capitais. A periodicidade dos capitais da série é cons-
tante, denominada periodicidade uniforme, ou pelo menos a periodicidade
de um dos capitais é diferente, periodicidade variável.

Com essas duas características foi construída a tabela seguinte, que registra
quatro resultados possíveis da combinação dessas duas características.

Valor dos capitais


Periodicidade
dos Capitais Variável Uniforme
Variável Grupo I Grupo IV
Uniforme Grupo II Grupo III

Analisemos os quatro grupos de séries de capitais:

— Grupo I. O valor e a periodicidade dos capitais da série são variáveis,


como a série de capitais do Exemplo 6.1. Esse grupo é o caso mais geral
das séries de capitais, pois as séries dos três grupos restantes estão incluídas
no Grupo I, tema tratado no Capítulo 8.
Apêndice 6.1
CLASSIFICAÇÃO DAS SÉRIES DE CAPITAIS 265

— Grupo II. O valor dos capitais é variável, porém ocorre com a mesma
periodicidade uniforme, como a série do Exemplo 6.2.
— Grupo III. Tanto o valor quanto a periodicidade de ocorrência dos ca-
pitais é uniforme, como a série denominada uniforme, ou anuidade.
— Grupo IV. O valor dos capitais é uniforme, porém com periodicidade
variável. As séries de capitais do Grupo IV parecem estranhas; entretanto,
na prática, os tradicionais planos de crediários com prestações mensais
deveriam ser classificados nessa categoria, passando a receber um trata-
mento exato e, consequentemente, diferente do regularmente realizado.
Por exemplo, no financiamento com prestações mensais definidas no dia
10 de cada mês, o número de dias entre meses não é uniforme. Da mesma
maneira, quando a data de pagamento é um dia de feriado, o pagamento é
realizado até o primeiro dia útil seguinte.

Antes de iniciar um cálculo com séries de capitais, recomendamos que seja


identificado o tipo de série de capitais, pois essa atitude permitirá aplicar pro-
priedades que facilitam o procedimento de cálculo.
266 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Apêndice 6.2

Progressão Geométrica

Seja a sucessão de cinco termos 1, 4, 16, 64, 256. A partir do segundo termo
dessa sucessão, cada um dos termos é obtido como resultado da multiplicação
do termo anterior pela constante 4, formando uma progressão geométrica ou
PG com razão 4. De forma geral, a sucessão de n termos a1, a2, a3,..., an, onde os
termos sucessivos aj e aj+1 têm razão q, é denominada PG. Dessa maneira, os ter-
mos da primeira PG podem ser calculados assim:

a1 = a1
a2 = a1 × q
a3 = a2 × q = (a1 × q) × q = a1 × q2
a4 = a3 × q = a1 × q3
a5 = a4 × q = a1 × q4

Observando a formação dos termos da PG, se deduz que em cada termo, a


partir do segundo, o expoente de q é o índice do termo a menos um. Dessa ma-
neira, o termo an de uma PG é:
an = a1 × qn – 1

SOMA DOS TERMOS DA PG


A soma dos termos de uma progressão geométrica é denominada série geométrica.
Novamente, seja a sucessão geométrica a1, a2, a3, ..., an com razão q cuja soma Sn
é definida como:
Sn = a1 + a2 + a3 +  + an

Substituindo cada termo pelo seu valor equivalente com a razão q:

Sn = a1 + a1 × q + a1 × q2 +  + a1 × qn – 1 (1)

Multiplicando ambos os membros pela razão q, obtém-se:

q × Sn = q × (a1 + a1 × q + a1 × q2 +  + a1 × qn – 1)
Apêndice 6.2
PROGRESSÃO GEOMÉTRICA 267

Realizando o produto do segundo membro:

q × Sn = a1 × q + a1 × q2 + a1 × q3 +  + a1 × qn (2)

Subtraindo (1) de (2) temos q × Sn – Sn = a1 × qn – a1. Realizando simplifica-


ções e pondo em evidencia Sn:

a 1 × (q n − 1)
Sn =
q −1

Nessa soma, q ≠ 1. Se q >1, temos uma PG crescente, e se q <1, uma PG de-


crescente.

EXEMPLO 6.59. Calcule a soma dos 12 primeiros termos da progressão geométrica 5,


10, 20,...
SOLUÇÃO. Dos termos da PG se obtém a1= 5, q = 2 e a12 = 5 × 212-1. A soma dos 12
primeiros termos da PG é 20.475, resultado obtido com:

a 1 × (q n − 1)
Sn =
q −1

5 × ( 2 12 − 1)
S 12 = = 20.475
2−1

O Exemplo 6.60 mostra a dedução da equivalência do presente P e os n ca-


pitais postecipados A da série uniforme considerando a taxa de juro i com perío-
do igual à periodicidade dos capitais.

–1
EXEMPLO 6.60. Calcule a soma dos n termos da progressão geométrica (1 + i) ,
(1 + i) ,
–2, –n
(1 + i) . A soma dessa PG é o presente dos n capitais postecipados A
da série uniforme considerando a taxa de juro i com período igual à periodicidade
dos capitais, cuja relação a seguir é repetida.

P = A × (1 + i)–1 + A × (1 + i)–2 +  + A × (1 + i)–n

SOLUÇÃO. Essa soma é uma PG de n termos com razão (1 + i)–1, cujo termo inicial é
–1 –n
(1 + i) e o termo final (1 + i) . Substituindo os termos e a razão da PG na soma S:
268 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

a 1 × (1 − q n )
S =
1− q

(1 + i ) −1 − (1 + i ) − n × (1 + i ) −1
S =
1 − (1 + i ) −1

Reagrupando e retirando os expoentes negativos:

1 1

(1 + i ) (1 + i ) × (1 + i )
n
S =
1
1−
1+ i
Realizando as operações indicadas:

(1 + i ) n − 1
(1 + i ) n × (1 + i )
S =
1+ i − 1
1+ i

Simplificando a expressão da soma S anterior, se obtém:


(1 + i ) n − 1
S =
i × (1 + i ) n

Dividindo o numerador por (1 + i)n para diminuir a quantidade de termos temos:

1 − (1 + i ) − n
S =
i
Agora, o Exemplo 6.61 mostra a dedução da equivalência do presente F e os
n capitais postecipados A da série uniforme considerando a taxa de juro i com
período igual à periodicidade dos capitais.

1
EXEMPLO 6.61. Calcule a soma dos n termos da progressão geométrica 1, (1 + i) , (1
+ i) , , (1 + i) . A soma dessa PG é o futuro dos n capitais postecipados A da sé-
2 n–1

rie uniforme considerando a taxa de juro i com período igual à periodicidade dos
capitais, cuja relação a seguir é repetida.

F = 1 + (1 + i)1 + (1 + i)2 +  + (1 + i)n–1


Apêndice 6.2
PROGRESSÃO GEOMÉTRICA 269

SOLUÇÃO. Essa soma é uma PG de n termos com razão (1 + i), cujo termo inicial é 1
n–1
e o termo final (1 + i) . Substituindo os termos e a razão da PG na soma S:

a 1 × (1 − q n )
S =
1− q

1 × (1 − (1 + i ) n )
S =
1 − (1 + i )

Realizando as operações indicadas:

1 − (1 + i ) n
S =
−i

Multiplicando o numerador e o denominador do segundo membro por (-1)


temos:
(1 + i ) n − 1
S =
i
270 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Apêndice 6.3

Cálculo da Taxa Efetiva

Na seção “Resumo de Fórmulas”, anteriormente neste capítulo, foi registrado


que é possível realizar o cálculo da taxa de juro de uma série uniforme com capi-
tais postecipados em apenas alguns casos, pois o cálculo de i é o das raízes de um
polinômio de grau n. A dificuldade na resolução de equações aumenta com o
grau do polinômio, pois um polinômio de grau n não pode ter mais de n raízes.
A equivalência entre o presente e a série de dois capitais não oferece muita difi-
culdade para pôr em evidência a taxa de juro i em uma fórmula, como foi
apresentado nas operações financeiras com apenas dois capitais dos primeiros
cinco capítulos. A seguir, é mostrado o cálculo da taxa de juro de um investi-
mento realizado na data zero e seu retorno formado pela série uniforme com
dois capitais semestrais postecipados.14

EXEMPLO 6.62. Foram investidos $1.000 durante dois semestres. Sabendo que no fi-
nal do primeiro e do segundo semestre foram recebidos $545, calcule a taxa de juro
desse investimento.
SOLUÇÃO. O diagrama de capitais a seguir registra o investimento.
$545 $545

i
0 1 2 semestres

P = $1.000

A taxa de juro é i = 5,943% ao semestre, resultado obtido com a calculadora finan-


ceira HP-12C.
[f] [FIN]
545 [PMT] 1000 [CHS] [PV]
2 [n] [i] → 5,942836%

14
O procedimento apresentado se aplica a qualquer tipo de série, uniforme ou variável, de in-
vestimento ou de financiamento.
Apêndice 6.3
CÁLCULO DA TAXA EFETIVA 271

Esse resultado também pode ser obtido de forma algébrica, como se mostra a se-
guir. A equivalência desse investimento é:

$545 $545
$1000
. = +
1 + i (1 + i )2

Passando o segundo membro para o primeiro temos:

$545 $545
$1000
. − − =0
1 + i (1 + i )2

A seguir, multiplicando os dois membros por (1 + i)2:

1.000 × (1 + i)2 – 545 × (1 + i) – 545 = 0

Essa equação é de segundo grau com a variável (1 + i). Para facilitar a resolução
dessa equação, convém fazer a substituição de variável x = 1 + i, resultando o poli-
nômio de segundo grau:

1.000 × x2 – 545 × x – 545 = 0

Essa equação de segundo grau é do tipo ax2 + bx + c = 0 e tem duas raízes obtidas
com:

− b ± b 2 − 4ac
x=
2a

Substituindo os dados do investimento nessa fórmula temos:

545 ± 5452 + 4 × 1000


. × 545
x=
2 × 1000
.

545 ± 1573
. ,86
x=
2000
.

Finalmente, as duas raízes da equação de segundo grau são:

545 + 1573
. ,86
x1 = = 105943
,
2000
.
272 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

545 − 1573
. ,86
x2 = = − 0,51443
2000
.

Considerando a substituição de variável x = 1 + i a seguir, obtém-se i = x – 1:

i1 = 1,05943 – 1 = 0,05943
i2 = – 0,51443 – 1 = – 1,51443

A primeira taxa de juro i1= 0,05943, ou 5,943%, coincide com o resultado obtido
com a calculadora financeira no início deste exemplo. Porém, qual é o significado
da segunda taxa de juro i2 = – 1,5143? Primeiro é importante considerar que as
duas taxas de juro são apenas soluções matemáticas do polinômio formado com os
dados da operação financeira. Depois, do ponto de vista financeiro, a solução i2 =
– 1,5143 ou – 151,43% não deve ser aceita, pois é uma taxa de juro menor do que
–1, ou –100%, como foi mostrado no Capítulo 1, e como seleciona a solução a cal-
culadora financeira HP-12C. Assim, somente interessam as raízes positivas x 0
do polinômio P(x) = ax2 + bx + c = 0 porque uma raiz negativa x < 0 corresponde
a uma taxa de juro menor do que –1, ou menor do que –100%.

O leitor pode verificar que o cálculo da taxa de juro de uma série uniforme
com três ou quatro capitais postecipados resultará na resolução de equações de
terceiro e quarto grau, sendo que, nesses casos, é possível obter, respectivamen-
te, as três e quatros raízes dessas equações utilizando procedimentos bem mais
extensos do que o apresentado para a equação de segundo grau, no Exemplo
6.1. Para uma série com n > 4 capitais, que corresponde a um polinômio com
grau maior do que quatro, foi demonstrado que é absolutamente impossível ex-
pressar por meio de uma fórmula as raízes de uma equação de grau superior ao
quatro quando os coeficientes do polinômio são arbitrários.
Capítulo 7

Temas com Séries


de Capitais

As operações de amortização e capitalização com série uniforme iniciaram a


apresentação das séries com capitais definidos por uma regra, por exemplo, os
capitais que formam a série uniforme são todos iguais e ocorrem com a mesma
periodicidade, denominados capitais uniformes.1 Nesse desenvolvimento tam-
bém foram incluídas extensões como, por exemplo, o plano de financiamento
com entrada e o plano com adiamento do primeiro capital da série, tendo esses
temas recebido tratamento prático. O tema inicial deste capítulo continua com
a série uniforme, porém incluindo simultaneamente capitais únicos tanto na
data inicial como na data final da série uniforme, situação que representa as ope-
rações de leasing e bonds. O tema seguinte trata da equivalência de séries forma-
das com capitais variáveis com uma determinada regra, ou lei matemática, po-
rém com periodicidade de ocorrência uniforme dos capitais, por exemplo, a sé-
rie gradiente com crescimento linear e a série gradiente com crescimento expo-
nencial. Com esse tema termina a apresentação das séries com um número fini-
to de capitais – séries temporárias – e inicia o desenvolvimento das séries perpé-
tuas com um número muito grande – tendendo a infinito – de capitais uni-
formes e de capitais com crescimento exponencial, porém com capitais com
periodicidade de ocorrência uniforme. O capítulo termina mostrando a utiliza-
ção dessas equivalências na construção de um fundo para atender a necessidades
futuras, como é o caso do plano de aposentadoria complementar.
1
No Capítulo 8 é apresentada a série de capital variável, tanto nos valores como na periodicida-
de dos capitais.
274 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 7.1. O financiamento pelo prazo de 12 meses foi fechado com taxa de
juro de 2,5% ao mês. O devedor pagará 12 prestações mensais de $1.250, ven-
cendo a primeira prestação um mês depois da data do contrato, mais um paga-
mento único de $2.928,89 junto com a última prestação. Calcule o valor do fi-
nanciamento.
SOLUÇÃO. O diagrama do fluxo de capitais desse financiamento está apresentado a
seguir.
P
i = 2,50% ao mês
0 1 2 3 11 12

12 ´ $1.250
$2.928,89

O presente na data zero é resultado da soma do presente dos 12 capitais postecipa-


dos $1.250 e do presente de $2.928,89 na data 12, ambos calculados com a taxa de
juro de 2,5% ao mês. A equação de valor equivalente na data zero é:

1 – (1 + i ) – n
P = A pos × + F × (1 + i ) – n
i

O valor do financiamento é $15.000 resultado obtido com:

1 – (1 + 0,025) –12
P = $1250
. × + $2928
. ,89 × (1 + 0,025) –12
0,025

P = $12.822,206 + $2.177,793 = $14.999,999

Do ponto de vista do tomador do financiamento, tanto os capitais da série unifor-


me como o pagamento único no final são desembolsos, saídas de dinheiro, e o fi-
nanciamento recebido é uma entrada de dinheiro. Esse resultado obtém-se tam-
bém com as teclas financeiras da calculadora financeira HP-12C.
[f] [FIN]
[g] [END] se for necessário
1250 [CHS] [PMT] 12 [n]
2928.89 [CHS] [FV] 2.5 [i] [PV] → 14.999,99915
Capítulo 7
TEMAS COM SÉRIES DE CAPITAIS
275

EXEMPLO 7.2. Suponha que o tomador do financiamento do Exemplo 7.1 conside-


rou que o pagamento final deveria ser menor. O financiador ofereceu a alternativa
de pagar as mesmas prestações, porém antecipadas. Calcule o pagamento único ao
completar os 12 meses mantendo inalterados os dados restantes.
SOLUÇÃO. Da equação de valor equivalente na data zero
1 – (1 + i ) – n
P = A ant × (1 + i ) × + F × (1 + i ) – n
i
deduzimos o capital único na data n:

⎛ 1 – (1 + i) – n ⎞
F = (1 + i) n × ⎜ P – A × (1 + i) × ⎟
⎝ i ⎠

O pagamento único ao completar os 12 meses é de $2.497,78 resultado obtido com:

⎛ 1 – (1 + 0,025) –12 ⎞
F = (1 + 0,025)12 × ⎜ $15000
. – $1250
. × (1 + 0,025) × ⎟
F = $2.497,7801 ⎝ 0,025 ⎠

Nesse exemplo, os capitais da série uniforme são desembolsos, valor negativo pela
convenção do fluxo de caixa, e o financiamento recebido é uma entrada de dinhei-
ro, valor positivo. Esse resultado é obtido também com as teclas financeiras da cal-
culadora financeira HP-12C informando os capitais com seus verdadeiros sinais e
recebendo o resultado, também, com seu verdadeiro sinal diferente do sinal do re-
sultado da expressão utilizada para calcular F.
[f] [FIN]
[g] [BEG] se for necessário
1250 [CHS] [PMT] 12 [n]
15000 [PV] 2.5 [i] [FV] → –2.497,7801

No Exemplo 7.1 todos os dados são desembolsos e o resultado é uma entra-


da, entretanto, no Exemplo 7.2 o financiamento recebido é uma entrada, os 12
pagamentos mensais e iguais são desembolsos e o pagamento único no final
também é um desembolso. Para identificar os sinais dos capitais da operação é
conveniente estabelecer a equivalência que facilite essa identificação.
276 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EQUAÇÃO DE VALOR EQUIVALENTE


No desenvolvimento da equivalência de dois capitais no Capítulo 3 foi mostra-
do que dois capitais são iguais se eles tiverem o mesmo valor absoluto e ocorre-
rem na mesma data, pois esses dois capitais podem ser somados algebricamente
nessa data, a soma dos capitais com seus verdadeiros sinais, entrada com sinal po-
sitivo e saída com sinal negativo. Na equivalência apresentada acima
1 – (1 + i) – n 1 – (1 + i) – n
P = A× + F × (1 + i) – n , o coeficiente converte os capi-
i i
tais A da série uniforme postecipada no seu presente equivalente na data 0, que é
uma parte do presente P, e o coeficiente (1 + i)–n converte o capital único F no
seu presente na data 0, a parte que falta para completar P, considerando a taxa de
juro i com período igual à periodicidade dos capitais. Portanto, para a série uni-
forme com capitais postecipados, a equação de valor equivalente na data zero é
igual a zero:
1 – (1 + i )– n
P + A× + F × (1 + i )– n = 0
i
Daí se deduz que se esses capitais são equivalentes na taxa de juro i, então a
soma algébrica dos capitais em qualquer data é sempre igual a zero.2 A única
condição dessa equivalência é que os capitais sejam informados com seus verda-
deiros sinais, entrada de dinheiro com sinal positivo e saída com sinal negativo,
tendo presente que o resultado do cálculo de um valor monetário será obtido
com seu verdadeiro sinal. Da mesma maneira, para a série uniforme com capi-
tais antecipados a equação de valor equivalente na data zero é igual a zero:
1 – (1 + i )– n
P + Aant × (1 + i ) × + F × (1 + i )– n = 0
i

EXEMPLO 7.3. No primeiro dia do mês foi aberta uma caderneta de poupança depo-
sitando $850. Ao completar 12 meses a partir desse dia, o titular da caderneta de
poupança gostaria de resgatar $6.000. Calcule quanto deverá depositar no final de
cada mês para poder resgatar $6.000 com o último depósito considerando a taxa de
juro de 1,15% ao mês.

2
No Capítulo 8 é retomado este tema de forma geral.
Capítulo 7
TEMAS COM SÉRIES DE CAPITAIS
277

SOLUÇÃO. Nesse problema são conhecidos o desembolso inicial de $850 e o resgate


final de $6.000, sendo necessário determinar o valor dos 12 depósitos mensais pos-
tecipados. Da equação de valor equivalente:

1 – (1 + i ) – n
P + A× + F × (1 + i ) – n = 0
i

Deduz-se o valor dos capitais da série uniforme postecipada:


i
A=– × (P + F × (1 + i)–n)
1 – (1 + i ) – n

Os depósitos são iguais a $392,92 resultado obtido com:

0,0115
A=– × ($850 + (–$6.000 ) × (1 + 0,0115) –12 )
1 – (1 + 0,0115) –12

A = – $392,9192

Esse resultado é obtido também com as teclas financeiras da calculadora financeira


HP-12C, informando os capitais com seus verdadeiros sinais e recebendo o resul-
tado, também, com seu verdadeiro sinal que coincide com o do resultado da ex-
pressão deduzida da equivalência.
[f] [FIN]
[g] [END] se for necessário
850 [CHS] [PV] 12 [n]
6000 [FV] 1.15 [i] [PMT] → –392,9192

EXEMPLO 7.4. Continuando com o Exemplo 7.3. Como os depósitos mensais exce-
dem suas possibilidades, o titular da caderneta gostaria de saber quantos depósitos
de $220 serão necessários para formar o fundo de $6.000 mantendo inalterados os
restantes dados do exemplo.
SOLUÇÃO. Nesse problema são conhecidos o desembolso inicial $850, o resgate final de
$6.000 e os depósitos mensais de $220, sendo necessário determinar o número de depó-
1 – (1 + i ) – n
sitos mensais postecipados. Da equivalência P + A × + F × (1 + i ) – n = 0
i
deduz-se o número de capitais da série uniforme.
278 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

1 – (1 + i ) – n A A × (1 + i ) – n
P + A× + F × (1 + i ) – n = 0 ⇔ – + F × (1 + i ) – n = –P
i i i

A
–P −
⎛ A⎞ A i
(1 + i ) – n × ⎜ F – ⎟ = – P – ⇔ (1 + i ) – n =
⎝ i⎠ i A
F–
i

Realizando as operações indicadas e aplicando logaritmo nos dois membros,


tem-se:
A– F ×i ⎛ A – F × i⎞
(1 + i )n = ⇔ lg ((1 + i )n ) = lg ⎜ ⎟
A+P ×i ⎝ A+P ×i⎠

⎛ A – F × i⎞
lg ⎜ ⎟
⎝ A+P ×i⎠
n=
lg(1 + i )

Será necessário realizar 20,06 depósitos, resultado obtido com:

⎛ –$220 – $6.000 × 0,0115 ⎞ ⎛ –289 ⎞


lg ⎜ ⎟ lg ⎜ ⎟
⎝ –$220 + (–$850 ) × 0,0115⎠ ⎝ –229,775⎠
n= =
lg (1 + 0,0115) lg 10115
,

n = 20,0558

Esse resultado se é obtido também com as teclas financeiras da calculadora finan-


ceira HP-12C informando os capitais com seus verdadeiros sinais.
[f] [FIN]
[g] [END] se for necessário
850 [CHS] [PV] 220 [CHS] [PMT]
6000 [FV] 1.15 [i] [n] → 21
Esse resultado não é exato, entretanto nesse exemplo se pode arredondar esse re-
sultado para n=20 com erro aceitável.
Capítulo 7
TEMAS COM SÉRIES DE CAPITAIS
279

EXEMPLO 7.5. Foram investidos $100.000 pelo prazo de cinco anos. Esse investi-
mento foi recuperado em cinco recebimentos anuais iguais e seguido de $30.000,
sendo o primeiro realizado um ano depois do investimento, mais um pagamento
único de $25.584 junto com o quinto e último recebimento anual. Calcule a taxa
de juro desse investimento.
SOLUÇÃO. Nesse problema é conhecido o investimento inicial de $100.000, os
cinco recebimentos anuais e postecipados de $30.000 e o recebimento único de
$25.584 junto com o quinto e último recebimento. Da equivalência
1 – (1 + i ) – n
P + A× + F × (1 + i ) – n = 0 não se pode deduzir a taxa de juro cujo
i
resultado exato é 20% ao ano obtido com a calculadora financeira HP-12C infor-
mando os capitais com seus verdadeiros sinais.
[f] [FIN]
[g] [END] se for necessário
100000 [CHS] [PV] 5 [n]
25584 [FV] 30000 [PMT] [i] → 20,00%

OPERAÇÃO DE LEASING
Leasing ou arrendamento mercantil é uma operação realizada entre três partes,
por exemplo, um fabricante de equipamentos ou de bens em geral, um usuá-
rio do equipamento e uma instituição financeira que comprará do fabricante
ou vendedor o equipamento que alugará ao usuário. Em geral, fazem parte da
operação de leasing o valor do bem P, o valor residual F, que em geral é uma
porcentagem do valor do bem a ser pago pelo usuário no final do plano, o nú-
mero n de prestações ou contraprestações periódicas A, e a taxa efetiva de juro
i da operação.

EXEMPLO 7.6. Para comprar um equipamento no valor de $100.000 a empresa está


realizando uma operação de leasing com valor residual igual a $1.000, ou 1% do va-
lor do bem. Considerando a taxa de juro de 2,5% ao mês, calcule o valor das 10
contraprestações mensais, iguais, seguidas e postecipadas.
SOLUÇÃO. A operação de leasing está representada no fluxo de capitais seguinte.
280 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

P = $100.000
i = 2,5% ao mês
0 1 2 3 9 10 meses

A A A A A

F = $1.000

1 – (1 + i ) – n
Da equivalência P + A × + F × (1 + i ) – n = 0 se deduz o valor das dez
i
contraprestações mensais e postecipadas iguais a $11.336,62, resultado obtido com
seu verdadeiro sinal:
i
A = – (P + F × (1 + i)–n) ×
1 – (1 + i ) − n
0,025
A = – ($100.000 + (–$1.000) × (1 + 0,025)–10) ×
1 – (1 + 0,025) –10
A = – $11.336,6176

Esse resultado se é obtido também com as teclas financeiras da calculadora financeira


HP-12C.
[f] [FIN]
[g] [END] se for necessário
100000 [PV] 1000 [CHS] [FV] 10 [n]
2.5 [i] [PMT] → –11.336,62

EXEMPLO 7.7. Repita o Exemplo 7.6 considerando as contraprestações antecipadas.

P = $100.000

i = 2,5% ao mês
0 1 2 3 9 10 meses

A A A A A
F = $1.000

SOLUÇÃO. A operação de leasing está representada no fluxo de capitais seguinte.


As dez contraprestações mensais antecipadas são iguais a $11.060,11, resultado ob-
tido com:
i
A = – (P + F × (1 + i)–n) × (1 + i)–1 ×
1 – (1 + i ) – n
Capítulo 7
TEMAS COM SÉRIES DE CAPITAIS
281

A = – ($100.000 + (–$1.000) × (1 + 0,025)–10) × (1 + 0,025)–1 ×


0,025
×
1 – (1 + 0,025) –10
A = – $11.060,1147

Esse resultado é obtido também com as teclas financeiras da calculadora finan-


ceira HP-12C.
[f] [FIN]
[g] [BEG] se for necessário
100000 [PV] 1000 [CHS] [FV] 10 [n]
2.5 [i] [PMT] → –11.060,1147

PROBLEMAS
PROBLEMA 7.1
Uma pessoa quer financiar $10.000 para pagar em 12 prestações mensais iguais e
seguidas sendo o pagamento da primeira prestação realizada um mês depois de ter
recebido o empréstimo. Calcule o valor das prestações considerando a taxa de juro
de 3% ao mês.
R: A = $1.004,62
PROBLEMA 7.2
Continuando com o Problema 7.1. Como a prestação mensal está acima de suas
possibilidades, ela gostaria de saber quanto deveria pagar por mês se, junto com a
última prestação, realizasse um único pagamento de $2.800. Calcule o novo valor
das prestações mantendo inalterados os dados restantes da operação.
R: A = $793,23
PROBLEMA 7.3
No primeiro dia do ano são financiados $25.000 pelo prazo de 18 meses. A devo-
lução será relizada em 18 prestações mensais iguais e seguidas, sendo o primeiro pa-
gamento realizado um mês depois de ser recebido o empréstimo. Calcule o valor
das prestações considerando a taxa de juro de 2,8% ao mês.
R: A = $1.444,56
PROBLEMA 7.4
Continuando com o Problema 7.3. Ao receber o décimo terceiro no final do ano o
tomador do empréstimo poderá realizar um pagamento adicional de $4.600. Calcule
o novo valor das prestações mantendo inalterados os restantes dados da operação.
R: A = $1.282,88
282 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMA 7.5
Do investimento realizado pelo prazo de seis meses o investidor receberá seis paga-
mentos mensais de $19.771,01, sendo o primeiro pagamento feito um mês depois
de ter realizado o investimento, ademais no final do sexto mês receberá um paga-
mento único de $30.000. Calcule o valor do investimento considerando a taxa de
juro de 3,45% ao mês.
R: A = $130.000
PROBLEMA 7.6
Continuando com o Problema 7.5, calcule a taxa de juro desse investimento su-
pondo que tivesse investido a) $124.000 e b) $136.000 mantendo inalterados os
dados restantes da operação.
R: a) i = 4,72% ao mês; b) i = 2,26% ao mês
PROBLEMA 7.7
Foi apresentada uma proposta de investimento de $250.000 pelo prazo de quatro
anos. Esse investimento será devolvido em quatro parcelas anuais iguais e seguido
de $80.000, vencendo a primeira depois de um ano de realizado o investimento,
mais uma parcela no final do quarto ano que dependerá do resultado final do inves-
timento. Calcule o valor mínimo dessa parcela final que conseguiria remunerar o
investimento com a taxa de juro de 16,50% ao ano.
R: F = $52.243,56
PROBLEMA 7.8
A compra de um equipamento será realizada com uma operação de leasing. O valor
do equipamento é $10.000 e seu valor residual $1.000. O prazo da operação é de
24 meses e a taxa de financiamento é de1,2% ao mês. Calcule o valor da contra-
prestação postecipada.
R: A = $445,82
PROBLEMA 7.9
Repetir o Problema 7.8 considerando as contraprestações antecipadas.
R: A = $440,53
PROBLEMA 7.10
Suponha que a periodicidade dos capitais das contraprestações do Problema 7.8
seja de 27 dias. Calcule o novo valor das prestações considerando que o período da
taxa de juro é de 30 dias.
R: A = $438,47
PROBLEMA 7.11
Repita o Problema 7.10 considerando que a periodicidade dos capitais das contra-
prestações seja de 35 dias.
R: A = $458,20
Capítulo 7
TEMAS COM SÉRIES DE CAPITAIS
283

PROBLEMA 7.12
O novo sistema de edição e impressão a cores será comprado por meio de um con-
trato de leasing no valor de $30.000. O contrato estabelece o pagamento de 36 con-
traprestações iguais e seguidas de $1.000, sendo que a primeira será paga 30 dias de-
pois da data da assinatura do contrato e as restantes a cada 30 dias seguintes. Calcule o
valor residual no final da operação considerando a taxa de juro de 2% aos 30 dias.
R: F = $9.202,25
PROBLEMA 7.13
O contrato de leasing no valor de $50.000 será devolvido em 24 prestações anteci-
padas de $2.390,18. Calcule a taxa de juro considerando que o valor residual é 10%
do valor do contrato.
R: i = 1,86% ao mês
PROBLEMA 7.14
Repita o Problema 7.13 considerando 24 prestações postecipadas.
R: i = 1,72% ao mês

OPERAÇÃO COM BOND


Um bond é uma obrigação de longo prazo originada pelo empréstimo de dinheiro
a uma empresa privada, bem como ao governo federal, estadual etc., denomi-
nado emissor do bond, que pode ser representado pelo fluxo de capitais da Figura
7.1, do ponto de vista do comprador.

C C C C C

i
0 1 2 3 n–1 n

FIGURA 7.1 Diagrama de fluxo de caixa de um bond.

O valor de face ou par representado com M é o valor que será pago pelo
emissor na data de resgate do bond que tem uma duração definida. Durante o
prazo do bond, o comprador receberá juros periódicos C calculados com a taxa
nominal de juro, que pode ser anual ou semestral. No caso de pagamento se-
mestral de juro, a taxa nominal com período anual é aplicada semestralmente
284 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

utilizando a taxa proporcional, por exemplo, o valor do cupom C será o resulta-


do de multiplicar a taxa nominal dividida por dois pelo valor do principal M, e a
quantidade de cupons será o dobro do prazo em anos. O emissor pode realizar o
resgate antecipado do bond antes da data de resgate, pagando um determinado
preço. Do ponto de vista do comprador do bond, a construção do diagrama de
capitais do bond da Figura 7.1 foi realizada com as seguintes premissas: o paga-
mento dos juros ou cupons é realizado semestralmente, a partir da data 0, o pa-
gamento do primeiro cupom é realizado exatamente depois de um semestre e a
taxa efetiva de juro pode ser determinada e se mantém constante durante o pra-
zo do bond. O preço do bond é o resultado da soma de duas parcelas, a primeira
referente ao presente da série uniforme dos cupons C, e a segunda referente ao
presente de M considerando a taxa efetiva de juro i com o período adequado,
anual ou semestral.
(1 + i )n – 1
P =C × + M × (1 + i )– n
i × (1 + i )n

EXEMPLO 7.8. O bond foi emitido com valor de face de $1.000, prazo de 20 anos,
taxa nominal de juro de 10% ao ano e pagamento semestral de juro. Calcule o pre-
ço do bond considerando a taxa efetiva de juro de 11% ao ano.
SOLUÇÃO. Os dados do exemplo mostram que o principal do bond é $1.000, o valor
do cupom semestral é $50 = $1.000 × 0,10/2, o prazo do bond é de 20 anos ou
n = 20 × 2 = 40 semestres e a taxa efetiva semestral é 5,50% = 11%/2. Portanto, o
preço do bond é $919,77 resultado obtido com:

(1 + i ) n – 1
P =C × + M × (1 + i ) – n
i × (1 + i ) n

(1 + 0,055) 40 – 1
P = $50 × + $1000
. × (1 + 0,055) –40 = $919,77
0,055 × (1 + 0,055) 40

Esse resultado também pode ser obtido com a calculadora financeira HP-12C.
[f] [FIN]
[g] [END] se for necessário
1000 [FV] 50 [PMT] 40 [n]
5.5 [i] [PV] → 919,77
Capítulo 7
TEMAS COM SÉRIES DE CAPITAIS
285

EXEMPLO 7.9. Suponha que o bond do Exemplo 7.8 tenha sido comprado no dia
29/12/2005 com data de resgate em 29/12/2025. Calcule o preço do bond consi-
derando a taxa efetiva de juro de 11% ao ano realizando a contagem dos dias do ano
como 30/360.
SOLUÇÃO. A calculadora financeira HP-12C tem uma rotina para cálculo do preço
e da taxa interna de retorno ou taxa efetiva de juro (YTM-Yield to Maturity) de um
bond. Para esses cálculos é necessário informar a data de compra e a data de resgate
do bond tendo presente que se da data da compra até o vencimento do primeiro
cupom decorrer menos de um semestre será necessário compensar o vendedor do
bond com parte do juro a receber, ajuste denominado interest accrued. Também, a
contagem dos dias do ano poderá ser realizada como 30/360, considerando 30 dias
por mês durante os 12 meses do ano totalizando 360 dias por ano, ou com o calen-
dário real considerado o número real de dias de cada mês e, da mesma maneira, os
anos.3
[f] [REG]
11 [i] 10 [PMT]
[g] [D.MY] se for necessário
29.122005 [E] 29.122025
[f] [PRICE] → 91,977 Esse resultado sempre se refere a um bond com valor
de face de $100. Para obter o preço do bond com principal $1.000.
10 [×] → 919,77

O retorno pode ser medido com uma taxa de juro ou com valores monetá-
rios. Do diagrama de capitais do bond obtém-se a taxa efetiva de juro, também
conhecida como taxa interna de retorno ou YTM-Yield to Maturity. A YTM é a
taxa efetiva de juro y que iguala o preço P do bond com o presente dos retornos
do bond como mostra a equivalência:

(1 + y )n – 1
P =C × + M × (1 + y )– n
i × (1 + y )n

3
Esse e outros procedimentos de contagem do número de dias corridos entre duas datas são
apresentados no apêndice Regras de Contagem de Dias Corridos do Capítulo 2 na página do livro
na Internet.
286 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 7.10. Calcule o YTM do bond do Exemplo 7.8.


SOLUÇÃO. Substituindo os dados na equivalência do bond, tem-se:
(1 + y )n – 1
P =C × + M × (1 + y )– n
i × (1 + y ) n

(1 + y ) 40 – 1
$919,77 = $50 × + $1000
. × (1 + y ) –40
y × (1 + y ) 40

Como não é possível pôr em evidência a taxa de juro y, é necessário utilizar um


procedimento de tentativa e erro, trabalho facilitado pela calculadora financeira
HP-12C.
[f] [FIN]
[g] [END] se for necessário
919.77 [CHS] [PV] 1000 [FV]
50 [PMT] 40 [n]
[i] → 5,50%
2 [×] → 11% A taxa de juro é de 5,50% ao semestre e a YTM do bond é de
11% ao ano.

Tradicionalmente, a taxa YTM é fornecida com período anual. Quando o


período dos cupons é semestral, a prática do mercado é simplesmente multipli-
car por dois a taxa semestral obtida. No Exemplo 7.10, a taxa YTM é igual a
11% ao ano. Do ponto de vista técnico, duplicar o valor obtido resulta numa
taxa de juro inferior à taxa de juro obtida capitalizando y durante dois semestres
cujo resultado é de 11,30% ao ano.

EXEMPLO 7.11. Suponha que o bond do Exemplo 7.8 tenha sido comprado no dia
29/12/2005 com data de resgate em 29/12/2025. Calcule o YTM considerando a
contagem dos dias do ano como 30/360.
SOLUÇÃO. O YTM é de 11% ao ano, resultado obtido com:
[f] [REG]
91.977 [PV] O valor de compra do bond é informado como porcentagem do
valor de face.
10 [PMT]
29.122005 [E] 29.122025
[f] [YTM] → 11%
Capítulo 7
TEMAS COM SÉRIES DE CAPITAIS
287

PROBLEMAS
PROBLEMA 7.15
O valor de face do bond é de $1.000, o prazo de seis anos e a taxa nominal de juro 5%
ao ano, aplicada semestralmente de forma proporcional. Calcule o preço do bond
considerando a taxa efetiva de juro de 6% ao ano.
R: P = $950,23
PROBLEMA 7.16
Calcule a YTM do bond do Problema 7.15 sabendo que a cotação do bond é de $955,10.
R: YTM = 2,9497% ao semestre ou 5,8994% ao ano
PROBLEMA 7.17
Continuando com o Problema 7.15. Verifique que, se a taxa efetiva de juro for
igual à taxa nominal de 5% ao ano, aplicada semestralmente de forma proporcio-
nal, o valor do bond será igual ao seu valor de face.
PROBLEMA 7.18
Continuando com o Problema 7.15. Verifique que, se a taxa efetiva for menor que
a taxa nominal de 5% ao ano, aplicada semestralmente de forma proporcional, o
valor do bond será maior que seu valor de face.
PROBLEMA 7.19
A empresa lançou um bond com cupom de 7,5%, pagamento anual dos juros, valor
de face de $1.000 e um prazo total de 20 anos. Calcule o valor máximo que você pa-
garia por esse bond se a taxa efetiva de juro for de 7% ao ano.
R: P máximo = $1.052,97
PROBLEMA 7.20
Continuando com o Problema 7.19. Calcule o valor máximo que você pagaria por
esse bond se o pagamento dos juros fosse semestral.
R: P máximo = $1.053,39
PROBLEMA 7.21
O bond de $1.000, cupom de 7%, pagamento anual de juros, prazo total de 15 anos
está cotado em $1.045. Calcule a taxa efetiva de juro.
R: i = 6,5208% ao ano
PROBLEMA 7.22
Continuando com o Problema 7.21. Calcule a taxa de juro se o pagamento dos ju-
ros fosse semestral.
R: i = 3,2626% ao semestre ou 6,5251% ao ano
288 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

COMENTÁRIO
No Capítulo 6 foi desenvolvida a equivalência da série uniforme em função de
seu objetivo, amortização que trata da equivalência entre os capitais da série e
seu presente P na data zero, e a capitalização que trata da equivalência entre os
capitais da série e seu futuro F na data n. Também, nos dois tipos de operações a
data do primeiro capital estabelece dois tipos de série uniforme, a série posteci-
pada e a série antecipada desenvolvendo as seguintes equivalências:

1 – (1 + i )– n (1 + i )n – 1
P = A pos × F = A pos ×
i i
1 – (1 + i )– n (1 + i )n – 1
P = Aant × (1 + i ) × F = Aant × (1 + i ) ×
i i

Neste capítulo foi desenvolvida a equivalência da série uniforme incluindo


simultaneamente capitais únicos tanto na data inicial como na data final da série
uniforme que se repetem a seguir:

1 – (1 + i )– n
P = A pos × + F × (1 + i )– n
i
1 – (1 + i )– n
P = Aant × (1 + i ) × + F × (1 + i )– n
i

Da análise do fluxo de capitais dos Exemplos 7.1 e 7.2 deste capítulo foi de-
duzido que, na operação com série uniforme e os capitais únicos P e F, é neces-
sário identificar os sinais dos capitais da operação estabelecendo a equação de
valor equivalente igual a zero na data zero da operação:

1 – (1 + i )– n
P + A pos × + F × (1 + i )– n = 0
i
1 – (1 + i )– n
P + Aant × (1 + i ) × + F × (1 + i )– n = 0
i

Informando sempre os capitais conhecidos com seu verdadeiro sinal e re-


tornando o resultado do capital incógnita, também com seu verdadeiro sinal,
dessas duas equações de equivalência deduz-se que, se F = 0, as duas últimas
equivalências se transformam nas equivalências da amortização da série unifor-
me. Da mesma maneira, se P = 0, e depois de realizar algumas manipulações al-
gébricas, as duas últimas equivalências se transformam nas equivalências da ca-
Capítulo 7
TEMAS COM SÉRIES DE CAPITAIS
289

pitalização da série uniforme. Em termos práticos, o leitor que chegou nesta


parte e sente confiança em aplicar essas propriedades poderá utilizá-las para re-
solver a maioria dos problemas com série uniforme utilizando uma equação de
valor equivalente, para cada tipo de série. Estendendo um pouco mais essa equi-
valência, o apêndice “Série Uniforme – Equivalência Única” deste capítulo na
página do livro na Internet desenvolve a equivalência única com os dois tipos de
séries uniformes, capitais postecipados e antecipados, e a inclusão simultânea de
capitais únicos na data inicial e na data final da série. Para terminar este comentá-
rio, no Capítulo 8, será retomada esta análise para a série de capital variável que,
tendo presente a classificação de séries do Apêndice 1 do Capítulo 6, incluirá a
análise interior. Verifique o leitor que se Apos = 0 ou Aant = 0, então se tem a
equivalência P + F × (1 + i)–n = 0 desenvolvida no Capítulo 3.

SÉRIE GRADIENTE LINEAR


Nesta parte começa o desenvolvimento da equivalência de séries com capitais
variáveis com uma determinada regra, ou lei matemática, porém com periodi-
cidade de ocorrência uniforme dos capitais, como são a série gradiente com
crescimento linear e a série gradiente com crescimento exponencial.4 A série
gradiente linear registrada na quarta coluna da tabela da Figura 7.2 é o resultado
da soma da série uniforme com capitais postecipados A registrada na segunda
coluna da tabela mais a série com crescimento G da terceira coluna da tabela que
começa no final do segundo período.

Série

Data t Uniforme Adicional Gradiente linear


0 0 0 0
1 A 0 A
2 A G A+G
3 A 2G A+2G
4 A 3G A+3G
... ... ... ...
n A (n-1)G A+(n-1)G

FIGURA 7.2 Formação da série gradiente linear.

4
Também conhecidas como, respectivamente, série em progressão aritmética e série em pro-
gressão geométrica.
290 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

A partir da primeira coluna da tabela da Figura 7.2 que registra as datas do


fluxo de capitais:

— A série uniforme de n capitais postecipados iguais A está registrada na se-


gunda coluna.
— O primeiro capital G da série gradiente ocorre na data 2, o segundo capi-
tal 2G ocorre na data 3 e assim sucessivamente até o capital (n-1)G que
ocorre na data n do fluxo de capitais. Perceba-se que a partir da data 2 é
adicionado o valor G ao capital da data anterior.
— A última coluna da tabela registra a série final formada pela soma da série
uniforme de n capitais postecipados iguais A mais a série gradiente com
crescimento linear G por período.

Da tabela da Figura 7.2 se deduz a equivalência entre o presente P na data


zero e a série gradiente linear. Essa equivalência está formada por duas parcelas:
o presente da série uniforme com capitais postecipados A mais a soma dos
presentes de (n-1) séries uniformes de capitais postecipados G começando na
data 1, como se mostra a seguir:

— O presente da série uniforme de capitais postecipados G da data 1 até n


com (n – 1) capitais.
— O presente da série uniforme de capitais postecipados G da data 2 até n
com (n – 2) capitais.
— O presente da série uniforme de capitais postecipados G da data 3 até n
com (n – 3) capitais.
— E assim até o presente da última série uniforme de capitais postecipados
da data (n – 1) até n com um único capital G em n.

Considerando a taxa de juro i com período igual à periodicidade dos capi-


tais, a equação de valor equivalente do presente P e a série com gradiente linear
na data zero e no regime de juros compostos é:

1 – (1 + i )– n 1 – (1 + i )–( n – 1) 1 – (1 + i )–( n – 2 )
P = A× +G × × (1 + i )–1 + G × × (1 + i )–2 +
i i i

1 – (1 + i )–( n – 3 ) 1 – (1 + i )–1
+G × × (1 + i )–3 +  + G × × (1 + i )– n
i i
Capítulo 7
TEMAS COM SÉRIES DE CAPITAIS
291

Depois de realizar simplificações e manipulações algébricas adequadas, ob-


tém-se a equivalência entre o presente P e a série finita de capitais postecipados
com crescimento linear definido por G considerando a taxa de juro i com pe-
ríodo igual à periodicidade dos capitais:5

1 – (1 + i )– n (1 + i )n – n × i – 1
P = A× +G ×
i i 2 × (1 + i )n

Da mesma maneira, o futuro F na data n é obtido de:

(1 + i )n – 1 G ⎛ (1 + i )n – 1 ⎞
F = A× + ×⎜ – n⎟
i i ⎝ i ⎠

EXEMPLO 7.12. Durante 10 meses foram realizados os depósitos registrados no dia-


grama de fluxo de capitais. Calcule o resgate no final do décimo mês considerando
a taxa de juro de 1,4% ao mês.
SOLUÇÃO. No final do primeiro mês foram depositados $1.000, no final do segun-
do mês $1.500 e assim sucessivamente até o depósito de $5.500 no final do décimo
mês. Nesses dados reconhecemos uma série uniforme de 10 capitais postecipados
iguais a $1.000 e o crescimento com gradiente linear G = $500 a partir do final do
segundo mês como mostra o diagrama de capitais seguinte.
F

i = 1,4% ao mês
0 1 2 3 9 10 meses

$1.000 $1.500 $2.000 $5.000 $5.500

No final do décimo mês serão resgatados $34.015,03, resultado obtido com:

(1 + i ) n – 1 G ⎛ (1 + i ) n – 1 ⎞
F = A× + ×⎜ – n⎟
i i ⎝ i ⎠

5
No Apêndice 1 deste capítulo se deduz essa equivalência.
292 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

(1 + 0,014) 10 – 1 $500 ⎛ (1 + 0,014) 10 – 1 ⎞


F = $1000
. × + ×⎜ – 10⎟
0,014 0,014 ⎝ 0,014 ⎠

F = $10.654,106 + $23.360,9286 = $34.015,0346

EXEMPLO 7.13. O investimento realizado na data de hoje será devolvido em cinco


pagamentos anuais, no final do primeiro ano $10.000, no final do segundo ano
$13.500, no final do terceiro ano $17.000, no final do quarto ano $20.500 e no fi-
nal do quinto ano $24.000. Calcule o investimento máximo que consegue ser re-
munerado com a taxa de juro de 16,50% ao ano.
SOLUÇÃO. Nos dados do exemplo reconhecemos a série uniforme de 5 capitais
postecipados iguais a $10.000 e o crescimento com gradiente linear G = $3.500 a
partir do final do segundo ano. O investimento igual a $51.594,46 será remunera-
do com a taxa de juro de 16,50% ao ano.

1 – (1 + i )– n (1 + i )n – n × i – 1
P = A× +G ×
i i 2 × (1 + i )n

1 – (1 + 0,165)–5 (1 + 0,165)5 – 5 × 0,165 – 1


P = $10.000 × + $3.500 ×
0,165 0,1652 × (1 + 0,165)5
P = $32.364,6472 + $19.229,8082 = $51.594,4554

Nos exemplos anteriores o gradiente G é um número positivo, entretanto


ele poderá ser negativo. A equivalência é a mesma com o cuidado de informar o
valor de G com seu verdadeiro sinal.

EXEMPLO 7.14. Continuando com o Exemplo 7.13, suponha a seguinte alternativa.


O investimento realizado na data de hoje será devolvido em cinco pagamentos
anuais, no final do primeiro ano $24.000, no final do segundo ano $20.500, no fi-
nal do terceiro ano $17.000, no final do quarto ano $13.500 e no final do quinto
ano $10.000. Calcule o investimento máximo que consegue ser remunerado com
a taxa de juro de 16,50% ao ano.
Capítulo 7
TEMAS COM SÉRIES DE CAPITAIS
293

SOLUÇÃO. Nos dados do exemplo também reconhecemos a série uniforme de 5 ca-


pitais postecipados iguais a $10.000 decrescendo com gradiente linear negativo
G=$3.500 a partir do final do segundo ano. O investimento igual a $58.445,34
será remunerado com a taxa de juro de 16,50% ao ano.

1 – (1 + i ) – n (1 + i ) n – n × i – 1
P = A× +G ×
i i 2 × (1 + i ) n

1 – (1 + 0,165) –5 (1 + 0,165)5 – 5 × 0,165 – 1


P = $24000
. × – $3.500 ×
0,0165 0,1652 × (1 + 0,165)5

P = $77.675,1532 – $19.229,8083 = $58.445,3449

Se os capitais da série uniforme forem antecipados, as equivalências anterio-


res passam a ser:
⎛ 1 – (1 + i )– n (1 + i )n – n × i – 1⎞
P = ⎜A × +G × ⎟ × (1 + i )
⎝ i i 2 × (1 + i )n ⎠

⎛ (1 + i )n – 1 G ⎛ (1 + i )n – 1⎞ ⎞
F = ⎜A × + ×⎜ ⎟ ⎟ × (1 + i )
⎝ i i ⎝ i ⎠⎠

SÉRIE GRADIENTE EXPONENCIAL


Como foi desenvolvida no Exemplo 6.1 do Capítulo 6, a equivalência entre
presente P e os n capitais diferentes At de uma série uniforme postecipada consi-
derando a taxa de juro i com período igual à periodicidade dos capitais é:

P = A1 × (1 + i)–1 + A2 × (1 + i)–2 +  + An × (1 + i)–n

Se os capitais da série A2, A3, ..., An crescerem com taxa de crescimento g


sobre o capital anterior, tem-se uma série gradiente exponencial ou gradiente
geométrico com as seguintes características:
294 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

— O segundo capital da série é A2 = A1 × (1 + g)


— O terceiro capital da série é A3 = A2 × (1 + g) = A1 × (1 + g)2
— O último capital da série é An = An–1 × (1 + g)n–2 = A1 × (1 + g)n–1

Substituindo esses capitais na equivalência de P, tem-se:

P = A1 × (1 + i)–1 + A1 × (1 + g) × (1 + i)–2 +  + A1 × (1 + g)n–1 × (1 + i)–n


P = A1 × ((1 + i)–1 + (1 + g) × (1 + i)–2 +  + (1 + g)n–1 × (1 + i)–n)

Depois de realizar simplificações e manipulações algébricas adequadas, ob-


tém-se a equivalência entre o presente P e a série finita de capitais postecipados
com taxa de crescimento g considerando a taxa de juro i com período igual à pe-
riodicidade dos capitais:6

1 – (1 + g ) n (1 + i) – n
— Para i ≠ g, P = A1 ×
i–g
— Para i = g, P = A1 × n × (1 + i)–1

Da mesma maneira, o futuro F na data n é obtido de:


(1 + i) n – (1 + g ) n
— Para i ≠ g, então F = A1 ×
i–g
— Para i = g, então F = A1 × n × (1 + i)n–1

EXEMPLO 7.15. Durante 12 meses serão realizados depósitos mensais crescentes. No


final do primeiro mês será depositado $2.000 e no final do segundo mês $2.200 re-
sultado de acrescer 10% ao primeiro depósito. No final do terceiro mês será depo-
sitado $2.420 resultado de acrescer 10% ao segundo depósito e assim sucessiva-
mente até completar o último depósito. Calcule quanto será resgatado no final do
décimo mês, considerando a taxa de juro de 1,3% ao mês.
SOLUÇÃO. Nos dados do exemplo reconhecemos a série gradiente exponencial
com capitais postecipados e taxa de crescimento g=10% a partir do final do segun-
do mês. No final do mês 12 serão resgatados $45.305,21 resultado obtido com:

6
No Apêndice 2 deste capítulo se deduz essa equivalência.
Capítulo 7
TEMAS COM SÉRIES DE CAPITAIS
295

(1 + i ) n – (1 + g ) n
F = A1 ×
i–g

(1 + 0,013 ) 12 – (1 + 0,10 ) 12
F = $2000
. × = $45305
. ,2092
0,013 – 0,10

EXEMPLO 7.16. O investimento realizado na data de hoje será devolvido em seis re-
cebimentos anuais sendo o primeiro de $10.000 recebido no final do primeiro ano
depois da data do investimento, e os restantes com taxa de crescimento de 30% so-
bre o recebimento anterior até completar o último. Calcule o investimento máxi-
mo que consegue ser remunerado com a taxa de juro de 16,50% ao ano.
SOLUÇÃO. Nos dados do exemplo reconhecemos a série gradiente exponencial
com capitais postecipados e taxa de crescimento g=30% a partir do final do segun-
do mês. O investimento igual a $68.937,37 será remunerado com a taxa de juro de
16,50% ao ano.

1 – (1 + g ) n (1 + i ) – n
P = A1 ×
i–g

1 – (1 + 0,30 ) 6 (1 + 0,165) –6
P = $10.000 × = $68.937,3704
0,165 – 0,30

Nos exemplos anteriores a taxa de crescimento g foi positiva, entretanto ela


poderá ser negativa. As equivalências são as mesmas com o cuidado de informar
o valor de g com seu verdadeiro sinal. Se os capitais da série uniforme forem an-
tecipados, as equivalências anteriores são obtidas com:

1 – (1 + g ) n (1 + i) – n
— Para i ≠ g, P = A1 × (1 + i) × .
i–g
— Para i = g, P = A1 × n.
296 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMAS
PROBLEMA 7.23
Seja o fluxo formado pelos seguintes cinco capitais postecipados mensais, $2.000,
$3.000, $4.000, $5.000 e $6.000. Calcule o presente dessa série de capitais consi-
derando a taxa de juro de 3% ao mês.
R: G = $1.000 e P = $18.048,19
PROBLEMA 7.24
Continuando com o Problema 7.23. Calcule o valor dos capitais B mensais de uma
série uniforme postecipada e equivalente à série gradiente considerando a taxa de
juro de 3% ao mês.
R: G = $1.000 e B = $3.940,90
PROBLEMA 7.25
Seja o fluxo formado pelos seguintes cinco capitais postecipados negativos e men-
sais, – $2.000, – $3.000, – $4.000, – $5.000 e – $6.000. Calcule o presente dessa sé-
rie de capitais considerando a taxa de juro de 3% ao mês.
R: G = – $1.000 e P = $18.048,19
PROBLEMA 7.26
Seja o fluxo formado pelos seguintes quatro capitais postecipados semestrais
$8.500, $7.000, $5.500 e $4.000. Calcule o presente dessa série de capitais consi-
derando a taxa de juro de 2,8% ao mês.
R: G = – $1.500 e P = $23.536,75
PROBLEMA 7.27
Continuando com o Problema 7.26. Calcule o futuro no final do quinto mês.
R: F = $26.285,66
PROBLEMA 7.28
Uma certa quantia em dinheiro foi financiada pelo prazo de 12 meses com a condi-
ção do devedor pagar $1.000 todos os meses começando no final do primeiro mês
depois da data do empréstimo, aumentando $100 por mês a partir do segundo pa-
gamento até completar os 12 meses. Calcule o valor do financiamento consideran-
do a taxa de juro de 2,5% ao mês.
R: G = $100 e P = $15.598,14
PROBLEMA 7.29
Suponha que uma pessoa deseja criar o hábito de economizar e estabelece que nos
próximos dois anos depositará num fundo $200 no final de cada mês, aumentando
esses depósitos sucessivos em $50 cada mês. Calcule o valor do resgate ao comple-
tar os dois anos considerando a taxa de juro de 1,25% ao mês.
R: G = $50 e F = $15.370,87
Capítulo 7
TEMAS COM SÉRIES DE CAPITAIS
297

PROBLEMA 7.30
Um investimento será devolvido em 12 pagamentos mensais da seguinte forma, no
final do primeiro mês $2.000, no final do segundo mês $3.000, no final do terceiro
mês $4.000, e assim sucessivamente com o mesmo crescimento mensal até com-
pletar o último pagamento. Calcule o valor do investimento considerando a taxa
de juro de 1,5% ao mês.
R: G = $1.000 e P = $79.872,09
PROBLEMA 7.31
Seja o fluxo com os seguintes seis capitais postecipados mensais, $1.000 no final do
primeiro mês, $1.400 no final do segundo mês, $1.800 no final do terceiro e assim
sucessivamente com o mesmo crescimento até completar os seis capitais. Calcule o
presente dessa série de capitais considerando a taxa de juro de 2,5% ao mês.
R: G = $400 e P = $10.857,63
PROBLEMA 7.32
Continuando com o Problema 7.31. Calcule o valor dos capitais B de uma série
uniforme postecipada e equivalente à série gradiente, considerando a taxa de juro
de 2,5% ao mês.
R: B = $1.971,20
PROBLEMA 7.33
Durante 12 meses foram realizados depósitos crescentes. No final do primeiro mês
foi depositado $1.000, no final do segundo mês foi depositado o valor do primeiro
mês acrescido de 8%. Os depósitos dos meses seguintes foram iguais ao do mês an-
terior acrescidos também de 8%. Calcule o valor presente dessa série de 12 depósi-
tos considerando a taxa de juro de 1,4% ao mês.
R: P = $17.139,80
PROBLEMA 7.34
Continuando com o Problema 7.33. Calcule o valor dos capitais mensais B de uma
série uniforme postecipada e equivalente a essa série geométrica considerando a
taxa de juro de 1,4% ao mês.
R: B = $1.561,60
PROBLEMA 7.35
Depois de 12 depósitos trimestrais postecipados na taxa de juro de 3% ao trimestre
foi formado o fundo de $58.404,94, valor acumulado na data do último depósito.
Sabendo que o valor dos depósitos do segundo até o último trimestre são iguais ao
valor do trimestre anterior mais 5%, calcule o valor do depósito inicial.
R: A1 = $4.500
298 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMA 7.36
Continuando com o Problema 7.35. Calcule o valor dos capitais mensais B de uma
série uniforme postecipada e equivalente a essa série geométrica considerando a
taxa de juro de 3% ao trimestre.
R: A = $5.867,48
PROBLEMA 7.37
Seja a série geométrica formada pelos capitais postecipados mensais seguidos
$1.000, $1.100, $1.210 até completar 24. Calcule, primeiro, o presente dessa série
de capitais com a taxa de juro de 1,15% ao mês e, depois, calcule o valor dos capitais
mensais B de uma série uniforme postecipada e equivalente.
R: P = $73.286,84 e A = $3.511,79
PROBLEMA 7.38
O investimento realizado será devolvido em 8 parcelas anuais sendo a primeira de
$7.500 realizada no final do primeiro ano depois da data do investimento, e os res-
tantes com taxa de crescimento de 20% sobre parcela anterior até completar a sexta
parcela. Calcule o investimento realizado com a taxa de juro de 15% ao ano.
R: P = $60.842,67
PROBLEMA 7.39
O empréstimo de $100.000 será devolvido em 18 prestações mensais com a se-
guinte regra. A primeira prestação vence um mês depois de assinado o contrato e o
valor das restantes prestações aumentarão na razão geométrica de 3% ao mês. Con-
siderando a taxa de juro de 3,75% ao mês, calcule o valor da primeira e da última
prestação.
R: A1 = $6.126,19 A18 = $10.125,66
PROBLEMA 7.40
No final do primeiro mês será depositado $1.000 e os restantes com taxa de cresci-
mento de 15% sobre o depósito anterior até completar 12 depósitos. Calcule quan-
to será resgatado no final do ano considerando a taxa de juro de 1,2% ao mês.
R: F = $30.408,37

ANÁLISE DO NÚMERO DE CAPITAIS DA SÉRIE UNIFORME


Como preparação ao tema das séries perpétuas, primeiro é analisada a formação
das prestações de um financiamento realizado com uma série uniforme posteci-
pada. Depois, para o mesmo valor de financiamento se mostra a consequência
do aumento do número de prestações no valor das prestações.
Capítulo 7
TEMAS COM SÉRIES DE CAPITAIS
299

EXEMPLO 7.17. Foram financiados $1.000 com a taxa de juro de 6% ao mês. Esse fi-
nanciamento será devolvido em três prestações mensais postecipadas seguidas e
iguais. Calcule o juro, a amortização e o saldo devedor de cada prestação.
SOLUÇÃO. As três prestações postecipadas são iguais a $374,11, resultado obtido
como apresentado no Capítulo 6, e os restantes resultados estão registrados na ta-
bela seguinte. Para construir essa tabela se teve em consideração que cada prestação
é formada pela soma do juro e da amortização no mesmo período, sendo que o juro
é calculado sobre o saldo devedor do início do período de geração do juro.7

Prestação

Primeira Segunda Terceira

Prestação $374,11 $374,11 $374,11


Juro $60,00 $41,15 $21,18
Amortização $314,11 $332,96 $352,93
Saldo devedor $685,89 $352,93 $0,00

Analisando os resultados mensais da tabela do Exemplo 7.17, obtém-se


conclusões importantes. Por exemplo, na primeira prestação, $374,11, está
incluído o pagamento do juro de $60 sobre o financiamento $1.000, conside-
rando a taxa de juro de 6% ao mês, sendo que a outra parte da prestação,
$314,11, amortiza o financiamento resultando no saldo devedor de $685,89.
No pagamento da segunda prestação, $374,11, está incluído o pagamento do
juro de $41,15 sobre o saldo devedor de $685,89, sendo que a outra parte,
$332,96, amortiza o valor financiado resultando no saldo devedor de $352,93.
Por último, na terceira prestação de $374,11, está incluído o pagamento do
juro, $21,18, sobre o saldo devedor de $332,96 e é completada a devolução do
financiamento amortizando os $352,93 que restavam. Resumindo, depois do
pagamento de uma prestação honrada no seu valor, na data e no mesmo dia, o
juro do período é zerado e o saldo devedor é igual à parte do financiamento
que ainda não foi amortizada. Ao mesmo tempo, o valor de cada prestação
deve ser igual ou maior do que o juro devido nessa data, pois nenhuma presta-
ção do plano de financiamento pode ser menor do que o juro calculado sobre
o saldo devedor no início do período a que se refere a prestação.

7
Este tema é desenvolvido com mais detalhe no Capítulo 10 do livro.
300 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 7.18. Para comprar um sistema de som no valor de $600, o comprador


dispõe de $30 por mês. Sabendo que a loja financia a seus clientes utilizando a taxa
de juro de 5,5% ao mês, calcule o número de prestações desse financiamento con-
siderando que a primeira prestação será paga um mês depois da data da compra.
SOLUÇÃO. Seguindo o procedimento do Exemplo 6.9 do Capítulo 6, o número de
prestações desse financiamento é obtido com:

⎛ A pos ⎞
lg ⎜ ⎟
⎝ A pos – i × P ⎠
n=
lg (1 + i )

Com os dados do exemplo, analisemos o resultado do denominador do logaritmo


do numerador:

Apos – i × P = $30 – 0,055 × $600 = – $3

Como a definição de logaritmo estabelece que o número deve ser maior do que
zero,8 esse problema não tem solução matemática.

Analisemos a interpretação financeira do resultado do Exemplo 7.18. O re-


sultado –$3 é obtido da diferença entre o valor da prestação $30 e o valor do
juro $33 = 0,055 × $600 devido no pagamento da primeira prestação. Como o
valor da prestação é menor do que o valor do juro devido no mesmo período,
então a regra de construção do plano de financiamento não foi atendida. Ainda,
verifique o leitor que, se a taxa de juro do financiamento fosse 5% também, o
problema não teria solução, gerando a série perpétua, tema apresentado a seguir
neste capítulo. Finalmente, para qualquer taxa de juro menor do que 5% ao mês
o problema tem solução. Por outro lado, se, em vez de mudar a taxa de juro,
fosse mudado o valor da prestação, então para qualquer valor de prestação maior
do que $33 o problema teria solução. Com o desenvolvimento dos exemplos e
a resolução dos problemas seguintes, o leitor terá compreendido a relação do
juro e o valor da prestação num financiamento. A seguir é analisado o compor-
tamento do valor da prestação quando aumenta o número de prestações, per-
manecendo a taxa de juro e o valor financiado inalterados.

8
No Apêndice 3.2 do Capítulo 3 é apresentada uma revisão de logaritmo.
Capítulo 7
TEMAS COM SÉRIES DE CAPITAIS
301

EXEMPLO 7.19. Calcule o valor das prestações do Exemplo 7.17 considerando o nú-
mero de prestações n=3, 10, 20, 40, 60, 100, 200 e 500 e mantendo inalterados a
taxa de juro e o valor financiado.
SOLUÇÃO. Os resultados estão registrados na tabela seguinte.

n Prestação n Prestação
3 $374,11 60 $61,88
10 $135,87 100 $60,18
20 $87,18 200 $60,00
40 $66,46 500 $60,00

Na medida em que o número de prestações aumenta, a prestação tende a ser igual


ao juro devido na primeira prestação.

Portanto, mantendo os outros dados inalterados, na medida em que o nú-


mero de prestações aumenta o valor da prestação A de um plano de empréstimo
com capitais postecipados tende ao valor do juro da primeira prestação. Por
exemplo, no caso do Exemplo 7.19, quando n=200 o valor da prestação é
$60,00, resultado que se repete para n=500. Na realidade, esses valores são dife-
rentes se fossem comparados com todas as casas decimais possíveis.

PROBLEMAS
PROBLEMA 7.41
A compra no valor de $7.500 será financiada em seis prestações mensais iguais e se-
guidas, vencendo a primeira um mês depois da compra. Calcule o valor das presta-
ções considerando a taxa de juro de 3,6% ao mês.
R: A = $1.412,14
PROBLEMA 7.42
Repita o Problema 7.41considerando que a primeira prestação será paga no ato da
compra, mantendo inalterados os dados restantes do problema.
R: A = $1.363,07
PROBLEMA 7.43
O preço do eletrodoméstico é $700 e Miguel dispõe de $40 por mês. Calcule o número
de prestações mensais iguais e postecipadas com a taxa de financiamento é de 45% ao mês.
R: npos = 42,62 prestações
302 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMA 7.44
Repita o Problema 7.43 considerando prestações mensais iguais e antecipadas.
R: nant = 36,72 prestações
PROBLEMA 7.45
Repita o Problema 7.43 considerando a taxa de financiamento de 6% ao mês.
R: npos = Não tem solução. Por quê?
PROBLEMA 7.46
Repita o Problema 7.44 considerando a taxa de financiamento de 6% ao mês.
R: nant = 80,03 prestações
PROBLEMA 7.47
O financiamento de $100.000 será devolvido com prestações mensais seguidas e
iguais de $2.100, vencendo a primeira um mês depois da data do recebimento do
financiamento. Calcule o número de prestações necessárias para saldar a dívida
considerando a taxa de financiamento de 2,20% ao mês.
R: npos = Não tem solução. Por quê?
PROBLEMA 7.48
Calcule o valor mínimo das prestações mensais do financiamento do Problema
7.47 para torná-lo viável.
R: P = $2.200
PROBLEMA 7.49
Em vez de aumentar a prestação do Problema 7.48, calcule a taxa de financiamento
máxima que tornaria o financiamento viável.
R: i = 2,10% ao mês

SÉRIE PERPÉTUA
Para a taxa de juro i com período igual à periodicidade dos capitais, a equivalên-
cia entre o presente P e a série uniforme de n capitais postecipados é:
1 – (1 + i )– n
P = Apos ×
i
A equivalência entre P e a série uniforme postecipada com um número
muito grande de capitais é obtido como o limite do presente da série uniforme
quando n → ∞:
1 – (1 + i )– n
P = Apos × lim
n→ ∞ i
Capítulo 7
TEMAS COM SÉRIES DE CAPITAIS
303

Resolvendo esse limite, tem-se:9


A pos
P=
i

EXEMPLO 7.20. O dividendo anual da ação ordinária da empresa negociada na bolsa


de valores é de $4,50. Considerando que o primeiro dividendo será pago daqui a um
ano e os dividendos seguintes iguais ao primeiro em todos os anos seguintes, calcu-
le o valor dessa ação com a taxa de juro é de 12,5% ao ano.
SOLUÇÃO. Os dividendos constantes formam uma série perpétua postecipada. O
valor da ação ordinária é de $36, resultado obtido com:

A pos
P=
i

$4,50
P= = $36
0,125

A equivalência entre o presente P e a série perpétua formada com capitais


antecipados Aant, considerando a taxa de juro i com período igual à periodicida-
de é:
A × (1 + i )
P = ant
i
Verifique você que, novamente, para um mesmo valor de P e taxa de juro i,
os capitais postecipados Apos podem ser obtidos a partir dos capitais antecipados
Aant deslocando estes um período na direção crescente do tempo, deslocamento
estabelecido pela fórmula Apos = Aant × (1 + i).10

9
No Apêndice 7.3 deste capítulo são deduzidas essa e outras equivalências com a série perpétua.
10
O apêndice “Série Perpétua – Equivalência Única” deste capítulo na página do livro na Inter-
net desenvolve a equivalência que agrupa os dois tipos de séries perpétuas, com capitais posteci-
pados e antecipados.
304 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 7.21. Repita o Exemplo 7.20 considerando que o primeiro dividendo


será pago no momento da avaliação do preço da ação sendo que os dividendos se-
guintes iguais ao primeiro serão pagos todos os anos seguintes.
SOLUÇÃO. Os dividendos constantes formam uma série perpétua antecipada. O va-
lor da ação ordinária é de $40,50 resultado obtido com:
A ant × (1 + i )
P=
i
$4,50 × (1 + 0,125)
P= = $40,50
0,125

EXEMPLO 7.22. A ação ordinária da empresa é cotada a $34,80. Os dividendos anuais


são iguais a $3,50, sendo que o primeiro dividendo será pago daqui a um ano e os
dividendos seguintes iguais ao primeiro serão pagos todos os anos seguintes. Cal-
cule a taxa de juro estabelecida pelo mercado.
SOLUÇÃO. A taxa de juro utilizada pelo mercado é de 10,06% ao ano, resultado
obtido com:
A pos
i=
P
$3,50
i= = 0,1006
$34,80

EXEMPLO 7.23. O fluxo de caixa perpétuo da empresa11 é de $1.200.000 por ano.


Considerando a taxa de juro de 16,3% ao ano, calcule o valor da empresa se o pri-
meiro fluxo de caixa será recebido daqui a um ano e os restantes todos os anos se-
guintes.
SOLUÇÃO. O valor da empresa é de $7.361.963,19, resultado obtido com:

A pos
P=
i
$1200
. .000
P= = $7.361963
. ,19
0,163

11
O fluxo de caixa da empresa utilizado na avaliação do valor da empresa é denominado fluxo
de caixa livre, resultado da soma do fluxo de caixa operacional depois dos impostos mais as va-
riações do investimento e do capital de giro.
Capítulo 7
TEMAS COM SÉRIES DE CAPITAIS
305

EXEMPLO 7.24. Você deseja alugar uma casa de sua propriedade avaliada em
$100.000 de forma que os impostos e serviços de manutenção serão por conta do
inquilino. O primeiro aluguel será recebido depois de um mês de assinado o con-
trato, e o prazo do contrato será perpétuo. Calcule o valor do aluguel mensal consi-
derando a taxa de juro de 0,85% ao mês.
SOLUÇÃO. O valor do aluguel é de $850 por mês, resultado obtido com:
Apos = P × i
Apos = $100.000 × 0,0085 = $850

EXEMPLO 7.25. Repita o Exemplo 7.24 considerando que o primeiro aluguel será rece-
bido na data que for assinado o contrato, mantendo inalteradas as restantes condições.
SOLUÇÃO. O valor do aluguel é de $842,84 por mês, resultado obtido com:
P×i
A ant =
1+ i

$100.000 × 0,0085
A ant = = $842,8359
1 + 0,0085

EXEMPLO 7.26. Suponha que uma instituição de beneficência recebe anualmente


$500.000 de uma fundação. Calcule o presente dessa doação considerando que es-
teja investido na taxa de juro de 12% ao ano e que a próxima doação ocorrerá daqui
a um ano.
SOLUÇÃO. O presente dessa doação é de $4.166.666,67, resultado obtido com:
A
P=
i

$500.000
P= = $4166
. .666,67
0,12

EXEMPLO 7.27. A instituição de caridade recebeu uma doação de $75.000 com a


obrigação de manter e utilizar somente $1.000 por mês para os gastos definidos no
contrato de doação. Calcule a taxa de juro que se deverá obter para conseguir aten-
der essa condição supondo que a primeira retirada ocorrerá um mês depois de re-
cebida a doação.
306 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

SOLUÇÃO. Essa doação deverá ser investida na taxa de juro de 1,33% ao mês, resul-
tado obtido com:
A
i=
P
$1000
.
i= = 0,0133333
$75000
.

PROBLEMAS
PROBLEMA 7.50
Considerando a taxa de juro de 1,5% ao mês, calcule o valor dos capitais de uma sé-
rie uniforme postecipada mensal e perpétua cujo presente é $10.000.
R: A = $150,00
PROBLEMA 7.51
Repita o Problema 7.50 considerando a série perpétua do tipo antecipada.
R: A = $147,78
PROBLEMA 7.52
Considerando a taxa de juro de 2% ao mês, calcule o presente de uma série unifor-
me mensal postecipada e perpétua com capitais iguais a $230.
R: P = $11.500,00
PROBLEMA 7.53
Repita o Problema 7.52 considerando a série do tipo antecipada.
R: P = $11.730,00
PROBLEMA 7.54
O valor dos capitais de uma série uniforme mensal postecipada e perpétua é de
$1.050. Calcule a taxa de juro mensal sabendo que o valor presente é igual a
$56.756,76.
R: i = 1,85% ao mês
PROBLEMA 7.55
Repita o Problema 7.54 considerando a série do tipo antecipada.
R: i = 1,88% ao mês
PROBLEMA 7.56
O financiamento de $1.000.000 será devolvido com um plano mensal de presta-
ções perpétuas. Calcule o valor das prestações mensais postecipadas considerando a
taxa de juro de 1,65% ao mês.
R: A = $16.500,00
Capítulo 7
TEMAS COM SÉRIES DE CAPITAIS
307

PROBLEMA 7.57
Repita o Problema 7.56 considerando prestações antecipadas.
R: A = $16.232,17
PROBLEMA 7.58
Os dividendos anuais das ações preferenciais da empresa são iguais a $3,64. Consi-
derando o recebimento perpétuo dos dividendos anuais e a taxa de juro de 7,2% ao
ano, calcule o presente dos dividendos.
R: P = $50,56
PROBLEMA 7.59
O fluxo de caixa perpétuo da empresa é de $785.000 por ano. Considerando a taxa
de juro de 15,6% ao ano, avalie o valor da empresa se o primeiro fluxo de caixa será
recebido daqui a um ano e restantes todos os anos seguintes.
R: P = $5.032.051,28
PROBLEMA 7.60
Repita o Problema 7.59 considerando que o primeiro fluxo de caixa da empresa
será recebido no dia da avaliação.
R: P = $5.817.051,28
PROBLEMA 7.61
Você quer alugar uma casa de sua propriedade avaliada nesta data em $65.000, de
forma que os impostos e serviços de manutenção fiquem por conta do inquilino e
o prazo do contrato seja perpétuo. Considerando que o pagamento do primeiro
aluguel será realizado um mês depois de assinar o contrato de aluguel, calcule o va-
lor do aluguel mensal considerando a taxa de juro de 0,90% ao mês.
R: A = $585
PROBLEMA 7.62
Repita o Problema 7.61 considerando que o primeiro aluguel será recebido no dia
da assinatura do contrato.
R: A = $579,78
PROBLEMA 7.63
Uma fundação ajuda uma instituição de caridade doando anualmente $350.000.
Considerando que a fundação esteja investido esse dinheiro na taxa de juro de 12%
ao ano, calcule o presente dessa doação sabendo que a próxima doação ocorrerá
daqui a um ano.
R: P = $2.916.666,67
PROBLEMA 7.64
Repita o Problema 7.63 considerando que a próxima doação ocorrerá neste mo-
mento.
R: P = $3.266.666,67
308 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMA 7.65
A instituição de caridade recebeu uma doação de $100.000 com a obrigação de
manter e utilizar somente $2.000 por mês para os gastos definidos no contrato de
doação. Calcule a taxa de juro que se deverá obter para conseguir atender essa condi-
ção supondo que a primeira retirada ocorrerá um mês depois de recebida a doação.
R: i = 2% ao mês

SÉRIE PERPÉTUA COM GRADIENTE EXPONENCIAL


Por diversas razões é interessante dispor de uma série perpétua com crescimento
dos capitais, por exemplo, para adequar a disponibilidade crescente de um de-
vedor, para incluir a perda de poder aquisitivo de uma renda etc. Partindo da
equivalência entre presente P e a série finita de capitais At postecipados com
crescimento exponencial definido pela taxa de crescimento g considerando a
taxa de juro i com período igual à periodicidade dos capitais desenvolvida neste
capítulo e que repetimos:
1 – (1 + g ) n (1 + i) – n
— Para i ≠ g, P = A1 ×
i–g
— Para i = g, P = A1 × n × (1 + i)–1

Na série perpétua, a equivalência entre o presente P e a série de capitais com


taxa de crescimento g se obtém a partir da equivalência anterior calculando o li-
mite do presente quando n → ∞. Nesse caso as expressões anteriores passam a
ser as seguintes:12

A1
— Para i > g, P =
i–g
— Para i ≤ g, P → + ∞

Nessa equivalência13 o capital A1 ocorre no final do primeiro período da sé-


rie perpétua, os capitais da série têm periodicidade uniforme e crescem com a
taxa de crescimento g sobre o capital anterior, exceto o primeiro capital da série.
O período da taxa de juro é o mesmo que o da periodicidade dos capitais, sendo

12
No Apêndice 7.3 deste capítulo é deduzida essa equivalência.
13
Em finanças, este modelo é conhecido como modelo de Gordon para avaliação de ações ordinárias.
Capítulo 7
TEMAS COM SÉRIES DE CAPITAIS
309

que a taxa de juro i deve ser maior que a taxa de crescimento g. No caso da série
perpétua com capitais antecipados, tendo presente Apos = Aant × (1 + i) para a
mesma taxa de juro i, a equivalência de P é:
1+ i
Para i > g, P = A1 × , e se i ≤ g P → + ∞
i–g

EXEMPLO 7.28. Suponha que o dividendo do primeiro ano da ação ordinária da em-
presa seja $4,50. Considerando a taxa de juro de 12,5% ao ano, calcule o valor dessa
ação ordinária sabendo que os dividendos da empresa deverão crescer 2% ao ano a
partir do segundo ano.
SOLUÇÃO. O valor da ação ordinária é de $42,86, resultado obtido com:
A1
P=
i–g

$4,50
P= = $4286
.
0,125 – 0,02

EXEMPLO 7.29. Hoje, a ação ordinária da empresa pagou dividendo de $5,50 por
ação e se espera que do próximo ano em diante os dividendos cresçam 5% por ano
de forma perpétua. Calcule a taxa de juro requerida pelos acionistas, sabendo que
essa ação está sendo negociada a $62.
SOLUÇÃO. O dividendo do próximo ano é de $5,77, resultado obtido com:

A1 = $5,50 × (1 + 0,05) = $5,77

A taxa de juro requerida pelos acionistas é de 14,31% ao ano, resultado obtido


com:
A1
i= +g
P

$5,77
i= + 0,05 = 0,1431
$62
310 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 7.30. O fluxo de caixa estimado da empresa no primeiro dia deste ano é
$1.200.000, e se estima que do próximo ano em diante o fluxo de caixa crescerá
5% por ano de forma perpétua. Calcule o valor da empresa considerando a taxa de
juro de 16,3% ao ano.
SOLUÇÃO. O valor da empresa é de $10.619.469,03, resultado obtido com:

A1
P=
i–g

$1200
. .000
P= = $10.619.469,03
0,163 – 0,05

EXEMPLO 7.31. Suponha que uma instituição de beneficência recebe anualmente


$250.000 com crescimento anual de 5%. Calcule o presente dessa doação conside-
rando que esteja investido na taxa de juro de 12% ao ano e que a próxima doação
ocorrerá daqui a um ano.
SOLUÇÃO. O presente dessa doação é de $3.571.428,57, resultado obtido com:
A1
P=
i–g

$250.000
P= = $3.571428
. ,57
0,12 – 0,05

PROBLEMAS
PROBLEMA 7.66
O dividendo do primeiro ano da ação ordinária é de $2,80. O mercado estima que
os futuros dividendos anuais crescerão 1,80% ao ano a partir do primeiro ano. Cal-
cule o valor dessa ação ordinária considerando a taxa de juro de 14% ao ano.
R: P = $22,95
PROBLEMA 7.67
O dividendo do próximo ano da ação ordinária é de $1,65 por ação. Os analistas
estimam que os dividendos dos anos seguintes crescerão 2,3% por ano. Conside-
rando que essa ação está sendo negociada a $12,75, calcule a taxa de juro estimada
pelos analistas.
R: i = 15,24% ao ano
Capítulo 7
TEMAS COM SÉRIES DE CAPITAIS
311

PROBLEMA 7.68
O fluxo de caixa da empresa no próximo ano foi estimado em $785.000. Conside-
rando a taxa de juro de 15,6% ao ano, calcule o valor da empresa considerando que
os fluxos de caixa depois do primeiro ano crescerão com taxa de 4,5% ao ano de
forma perpétua.
R: P = $7.072.072,07
PROBLEMA 7.69
Uma fundação ajuda uma instituição de caridade doando anualmente $120.000
com crescimento anual de 4%. Considerando que a fundação esteja investido esse
dinheiro na taxa de juro de 12% ao ano, calcule o presente dessa doação sabendo
que a próxima doação ocorrerá daqui a um ano.
R: P = $1.500.000

FORMAÇÃO DE UM FUNDO PARA ATENDER


NECESSIDADE FUTURA
Os desenvolvimentos realizados com a série uniforme, a série com crescimento
gradiente e a série perpétua ajudam a formar um fundo para atender a uma ne-
cessidade futura, por exemplo, uma grande viagem, o curso universitário de um
filho, um pós-grado, um plano complementar de aposentadoria etc.

EXEMPLO 7.32. Daqui a dez anos seu filho maior iniciará a universidade. A duração
do curso universitário é de quatro anos e a estimativa das despesas mensais durante
os quatro anos é de $1.800 por mês, incluindo as mensalidades da escola, as despe-
sas de moradia, alimentação, outras despesas durante os 12 meses de cada ano e uma
viagem de férias por ano para visitar a família, estimativas realizadas em moeda
constante e remuneradas com a taxa real de juro como foi mostrado no Capítulo 4
e aplicado no Exemplo 7.56 do Capítulo 6. Para enfrentar esse evento futuro você
se propõe realizar aplicações mensais iguais e seguidas em algum tipo de produto
financeiro, caderneta de poupança, fundo de renda fixa etc. Seu filho começará a
retirar os $1.800 mensais um mês depois de ter completado os dez anos de aplica-
ções, esgotando o fundo no final do quarto ano de retiradas mensais. Calcule o va-
lor dessas aplicações com a taxa real de juro de 0,5% ao mês.
SOLUÇÃO. O fundo será formado realizando 120 aplicações iguais e seguidos cujo
valor será determinado. A primeira retirada de $1.800 será realizada na data 121, e a
última retirada de $1.800 ocorrerá na data 188 como mostra o fluxo de capitais se-
guinte.
312 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

$76.644,5720
$1.800 $1.800 $1.800

i = 0,5% ao mês

1 2 120 121 122 168 meses

A A A = $467,69

Os resultados registrados no fluxo de capitais foram obtidos como segue:

— Primeiro se deve calcular o presente das 48 retiradas iguais de $1.800 com a taxa
de juro de 0,5% ao mês. Admitindo que as 48 retiradas de $1.800 formem uma
série uniforme postecipada, seu presente $76.644,5720 está localizado na data
120 desse fluxo de capitais.
— O presente $76.644,5720 é o valor do fundo que deverá estar formado na data
120 do fluxo de capitais. Ao mesmo tempo, o presente P é o futuro da série uni-
forme formada por 120 aplicações mensais A. Da forma como foi construído o
fluxo de capitais, a série das aplicações é uma série postecipada, pois o último ca-
pital da série ocorre na mesma data do futuro da operação de capitalização.

Você deverá realizar 120 aplicações de $467,69, resultado obtido com a calculado-
ra financeira HP-12C.
[f] [FIN]
[g] [END] se for necessário
1800 [PMT] 48 [n]
1 [i] [PV] → –76.644,5720
[E] [FV]
0 [PV] 120 [n] [PMT] → 467,6890

Outra forma de resolver esse problema é estabelecendo a equação de valor equiva-


lente na data 120:
(1 + 0,005)120 – 1 1 – (1 + 0,005)–48
A× = $1800
. ×
0,005 0,005
1 – (1 + 0,005)–48
A = $1800
. ×
(1 + 0,005)120 – 1

A = $467,6890
Capítulo 7
TEMAS COM SÉRIES DE CAPITAIS
313

Na resolução do Exemplo 7.32 foi assumido que as 48 retiradas de $1.800


formam uma série uniforme com capitais postecipados. E se tivéssemos admiti-
do que esses capitais fossem antecipados, o resultado do problema seria diferen-
te? A resposta é NÃO! O resultado do problema é único, pois a escolha do tipo
de série inicial não deve mudar o resultado final como se mostra no Exemplo
7.33. No Capítulo 6 registramos que a data em que for situado o início da série
uniforme é convencional, pois qualquer série uniforme pode ser considerada
como antecipada ou postecipada. O importante é compreender a relação e a
posição dos capitais equivalentes P e F em relação à posição da série uniforme
no diagrama de capitais.

EXEMPLO 7.33. Repita oExemplo 7.32 considerando que as retiradas formam uma
série uniforme com capitais antecipados, mantendo inalterados os dados restantes
do exemplo.
$77.027,7949

1.800 1.800 1.800

i = 0,5% ao mês
1 2 120 121 122 168 meses

A A A = $467,69

SOLUÇÃO. O presente das 48 retiradas de $1.800 considerando a taxa de juro de 1%


ao mês é $77.027,7949 e está localizado na data 121 formando uma série antecipa-
da, pois o primeiro capital da série ocorre junto com a primeira retirada. O presen-
te anterior é o futuro, também, de uma série antecipada formada pelas 120 aplica-
ções mensais A, pois o último capital da série ocorre um período depois do último
depósito, data 121. Concluindo, você deverá realizar 120 aplicações iguais a
$467,69, resultado obtido utilizando a calculadora financeira HP-12C.
[f] [FIN]
[g] [BEG] se for necessário
1800 [PMT] 48 [n]
1 [i] [PV] → –77.027,7949
[E] [FV] 0 [PV] 120 [n]
[PMT] → 467,6890
314 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Outra forma de resolver esse problema é estabelecendo a equação de valor equiva-


lente na data 121:
(1 + 0,005)120 – 1 1 – (1 + 0,005)–48
A × (1 + 0,005) × = $1800
. × (1 + 0,005) ×
0,005 0,005
1 – (1 + 0,005)–48
A = $1800
. ×
(1 + 0,005)120 – 1

A = $467,6890

Sugerimos que o leitor compare essa expressão com a do Exemplo 7.32 e verifique
que depois da simplificação são iguais.

Analisando os resultados e os procedimentos de cálculo dos Exemplos 7.32


e 7.33 se conclui:

— A construção do diagrama de capitais facilita a compreensão e análise dos


dados e a obtenção dos resultados.
— O resultado do problema é único, qualquer que seja a escolha do tipo de
série inicial, pois, novamente, a data em que for situado o início da série
uniforme é convencional, qualquer série uniforme pode ser considerada
como antecipada ou postecipada. O importante é compreender a relação
e a posição dos capitais equivalentes P e F em relação à posição da série
uniforme no diagrama de capitais.
— Há mais de uma forma de resolver o mesmo problema. Por exemplo, o
presente das 48 retiradas do Exemplo 7.32 poderia ser deslocado para a
data um do fluxo de capitais, para depois calcular o valor das 120 aplica-
ções. Esse resultado, mais uma vez, coincidirá com os dos procedimentos
anteriores, pois o resultado do problema é único. Portanto, a escolha do
procedimento de cálculo não muda o resultado final. Entretanto, há uma
combinação de escolha de séries uniformes que consome menos tempo
de cálculo.
Capítulo 7
TEMAS COM SÉRIES DE CAPITAIS
315

PLANO DE APOSENTADORIA COMPLEMENTAR


Orientações para o planejamento financeiro frequentemente informam que a
renda necessária no início da aposentadoria é ao redor de 70% da renda às véspe-
ras da aposentadoria. Entretanto, sabe-se que, em boa parte dos casos, o aposen-
tado ou aposentada dificilmente conseguirá essa renda do sistema previdenciá-
rio oficial. Essa futura perda de padrão de vida se pode evitar planejando anteci-
padamente, bem antes da data da aposentadoria, a formação de um fundo de re-
serva que possa gerar uma renda complementar durante a aposentadoria. O ge-
renciamento desse fundo complementar pode ser feito pelo próprio indivíduo
interessado, que se encarregará de poupar, avaliar os tipos de investimentos dis-
poníveis no mercado e projetar sua renda futura. Ou pode ser utilizado o geren-
ciamento de terceiros, instituições especializadas, que se encarregarão de inves-
tir e complementar sua aposentadoria, ficando o interessado apenas encarrega-
do de poupar.14 Em todos os exemplos problemas propostos a seguir apresenta-
dos, as estimativas monetárias são em moeda constante e remuneradas com a
taxa real de juro como foi mostrado no Capítulo 4.

RENDA TEMPORÁRIA CONSTANTE


Os planos de renda complementar podem ser por tempo determinado ou perpé-
tuo e, ainda, cada um desses planos pode ser de renda constante ou de renda variá-
vel seguindo uma lei determinada. Embora não seja desenvolvido, o período de
formação do fundo necessário para gerar a renda futura pode ser formado com
depósitos variáveis utilizando os procedimentos de cálculo das rendas variáveis.

EXEMPLO 7.34. O benefício mensal que receberá da aposentadoria oficial será me-
nor que o necessário durante os primeiros dez anos de aposentado. Dessa maneira,
você decidiu complementar sua aposentadoria oficial formando seu próprio fun-
do. As estimativas e premissas para construir o plano complementar de aposenta-
doria são as seguintes:
— Durante os próximos 15 anos realizará aplicações mensais iguais e seguidas para for-
mar o fundo necessário que permita retirar $600 desse fundo durante dez anos.

14
Adaptado de Lapponi J.C. Modelagem Financeira com Excel. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier,
2004.
316 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

— A primeira retirada começará dois meses depois do último depósito e com a últi-
ma retirada será esgotado o fundo.
Calcule o valor das aplicações mensais considerando a taxa real de 0,5% ao mês du-
rante o prazo do plano, 180 aplicações mais 120 retiradas.
SOLUÇÃO. Para formar o fundo serão realizadas aplicações iguais e seguidos durante
180 meses, ou 15 anos, cujo valor deverá ser determinado. Serão realizadas 120 re-
tiradas iguais e seguidas de $600, sendo a primeira retirada na data 181, e a última
retirada na data 301, quando o fundo será esgotado como mostra o fluxo de capitais
a seguir.
$54.044,072

$600 $600 $600

i = 0,5% ao mês

1 2 180 181 182 183 301 meses

180 aplicações iguais A = $184,91

Os resultados indicados no fluxo de capitais foram obtidos como segue:


— Considerando a taxa de juro de 0,5% ao mês e aceitando que as 120 reti-
radas de $600 formam uma série uniforme postecipada, o presente
$54.044,072 está localizado na data 181 do fluxo de capitais.
— Ao mesmo tempo, o presente $54.044,072 é o futuro da série uniforme
formada por 180 aplicações mensais A de valor ainda não conhecido, po-
rém que formam uma série antecipada, pois o último depósito ocorre um
período antes do capital F da operação de capitalização.
— Para formar o fundo que permitirá realizar 120 retiradas iguais e seguidas
de $600 deverão ser realizadas 180 aplicações mensais iguais e seguidos de
$184,91, resultado obtido com a calculadora financeira HP-12C.
[f] [FIN]
[g] [END] se for necessário
600 [PMT] 120 [n]
1 [i] [PV] → –54.044,072
[E] [FV] 0 [PV] 180 [n]
[g] [BEG]
[PMT] → 184,9097
Capítulo 7
TEMAS COM SÉRIES DE CAPITAIS
317

PROBLEMAS
PROBLEMA 7.70
Depois de cinco anos seguidos de aplicações mensais, será formado um fundo que
permita retirar $500 por mês durante dois anos seguidos até esgotar o fundo. Calcule
o valor das aplicações mensais considerando que a primeira retirada ocorrerá um mês
depois do último depósito e a taxa de juro para todo o plano é de 0,5% ao mês.
R: A = $161,69
PROBLEMA 7.71
Em vez de participar de um fundo de pensão você decidiu formar seu próprio pla-
no de aposentadoria. Depois de 15 anos seguidos de aplicações mensais deverá es-
tar formado um fundo para retirar $1.300 por mês durante cinco anos seguidos até
esgotar o fundo. Calcule o valor das aplicações mensais se a primeira retirada ocor-
rerá dois meses depois do último depósito e a taxa de juro para todo o plano é de
0,5% ao mês.
R: A = $230,07
PROBLEMA 7.72
Você espera que depois de 20 anos seguidos de aplicações mensais tenha formado
um fundo que lhe permita retirar $1.200 por mês durante dez anos seguidos até es-
gotar o fundo. Considerando que a primeira retirada ocorrerá um mês depois do
último depósito e a taxa de juro para todo o plano é de 0,5% ao mês, calcule o valor
das aplicações mensais.
R: A = $233,94
PROBLEMA 7.73
Depois de 25 anos seguidos de aplicações mensais, deverá ser formado um fundo que
permita retirar $2.000 por mês durante oito anos, seguidos até esgotar o fundo. A
primeira retirada ocorrerá dois meses depois da última aplicação e a taxa de juro para
todo o plano é 0,50% ao mês. Calcule o valor das aplicações mensais.
R: A = $218,52
PROBLEMA 7.74
Repita o Problema 7.73 considerando que a taxa de juro para todo o plano é de
0,75% ao mês.
R: A = $120,86
PROBLEMA 7.75
Depois de 20 anos seguidos de aplicações mensais, será formado um fundo suficiente
para realizar durante cinco anos seguidos as seguintes retiradas mensais até esgotar o
fundo:
318 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

— Vinte e quatro retiradas mensais de $1.500, sendo que a primeira retirada ocor-
rerá um mês depois do último depósito.
— Em sequência, realizar 36 retiradas mensais iguais de $2.000.

Calcule o valor dos depósitos mensais considerando a taxa de juro para todo o pla-
no de 1% ao mês.
R: A = $199,48

RENDA TEMPORÁRIA VARIÁVEL


Para incluir o aumento da renda periódica que atenda ao aumento de despesas
provenientes da idade, por exemplo, a renda da aposentadoria complementar
pode ser variável com uma determinada lei, por exemplo, gradiente linear ou
exponencial.

EXEMPLO 7.35. Continuando com o Exemplo 7.34. No primeiro mês retirará $600
do fundo constituído, e do segundo mês em diante espera retirar $600 mais 1% por
mês sobre o valor inicial de $600. Calcule o novo valor das aplicações mensais
mantendo inalteradas os restantes dados e premissas.
SOLUÇÃO. Para formar o fundo serão realizadas aplicações iguais e seguidas durante
180 meses, cujo valor deverá ser determinado. A primeira das 120 retiradas na data
182 será de $600, a segunda retirada na data 183 será de $606, a retirada na data 184
será de $612 e assim sucessivamente até a última retirada de $1.314 na data 301.
Essa sequência de valores mostra uma série gradiente linear com G=$6.
$82.985,10

$600 $600+$6 $600+$12 $600+$714

i = 0,5% ao mês

1 2 180 181 182 183 184 301 meses

A A A = $283,93

O presente $82.985,10 na data 181 com a taxa de juro de 0,5% ao mês foi obtido
com:

⎛ 1 – (1 + i ) – n ⎞ ⎛ (1 + i ) n – n × i – 1⎞
P = A× ⎜ ⎟ +G × ⎜ ⎟
⎝ i ⎠ ⎝ i 2 × (1 + i ) n ⎠
Capítulo 7
TEMAS COM SÉRIES DE CAPITAIS
319

⎛ 1 – (1 + 0,005) –120 ⎞ ⎛ (1 + 0,005) 120 – 120 × 0,005 – 1⎞


P = $600 × ⎜ ⎟ + $6 × ⎜ ⎟
⎝ 0,005 ⎠ ⎝ 0,0052 × (1 + 0,005) 120 ⎠

P = $54.044,0720 + $28.941,0304 = $82.985,1024

Para formar o fundo $82.985,10 na data 181 será necessário realizar 180 depósitos
mensais iguais e seguidos de $283,93, resultado obtido com a calculadora financeira.

EXEMPLO 7.36. Continuando com o Exemplo 7.34. No primeiro mês retirará $600
do fundo constituído, e no segundo mês retirará $600 mais 0,3% totalizando
$601,80. No terceiro mês $601,80 mais 0,3% totalizando $603,6054 e do terceiro
mês em diante retirará o valor do mês anterior mais 0,3% até completar os dez anos
de retiradas, formando a série exponencial $600, $601,80, $603,6054,...,
$856,9634. Calcule o novo valor das aplicações mensais mantendo inalterados os
dados restantes e premissas.
SOLUÇÃO. Para formar o fundo serão realizadas aplicações iguais e seguidas durante
180 meses, cujo valor deverá ser determinado. No fluxo de capitais seguinte foram
registrados todos os dados e resultados. Essa sequência de valores mostra uma série
gradiente exponencial com taxa de crescimento g=0,3%.

$63.785,9062

$600 $601,80 $603,60 $856,96

i = 0,5% ao mês
1 2 180 181 182 183 184 301 meses
A A A = $218,24

O presente $63.505,9309 com a taxa de juro de 0,5% ao mês das 120 retiradas va-
riáveis sendo a primeira de $600 e as seguintes com taxa de crescimento de 0,8% foi
obtido com:
⎛ 1 – (1 + g ) n (1 + i ) – n ⎞
P = A1 × ⎜ ⎟
⎝ i–g ⎠

⎛ 1 – (1 + 0,003) 120 (1 + 0,005) –120 ⎞


P = $600 × ⎜ ⎟ = $63.785,9062
⎝ 0,005 – 0,003 ⎠
320 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Finalmente, para formar o fundo necessário deverão ser realizados 180 depósitos
mensais iguais e seguidos de $218,24, resultado obtido com a calculadora financeira.

Também os depósitos para formar o fundo poderiam ser tratados como sé-
ries variáveis, alternativa que deixamos por conta do leitor explorar tendo pre-
sente que o procedimento de cálculo é similar ao apresentado.

PROBLEMAS
PROBLEMA 7.76
Depois de cinco anos seguidos de aplicações mensais será formado um fundo que
permita retirar $800 no primeiro mês, $805 no segundo mês, $810 no terceiro e as-
sim por diante até completar 24 retiradas e esgotar o fundo. Calcule o valor das
aplicações mensais considerando que a primeira retirada ocorrerá um mês depois
do último depósito e a taxa de juro para todo o plano é de 0,5% ao mês.
R: Fundo = $19.320,70 e A = $276,92
PROBLEMA 7.77
Repita o Problema 7.76 considerando que a retirada no primeiro mês será de
$800, e da segunda retirada em diante será igual à retirada anterior mais 0,4%.
R: Fundo = $18.887,46 e A = $270,71
PROBLEMA 7.78
Depois de aposentado, espera-se ter formado um fundo para retirar $1.300 no pri-
meiro mês, e do segundo mês em diante retirar o valor da retirada anterior mais 1%
durante 10 anos e esgotar o fundo. Calcule o valor das aplicações mensais durante
15 anos, sendo que a primeira retirada ocorrerá um mês depois do último depósito
e a taxa de juro de 0,5% para todo o plano.
R: Fundo = $211.640,17 e A = $727,74
PROBLEMA 7.79
Repita o Problema 7.78 considerando que a retirada no primeiro mês será de
$1.300, e da segunda retirada em diante será igual à retirada anterior mais $15.
R: Fundo = $189.448,07 e A = $651,43
PROBLEMA 7.80
Você espera que depois de 20 anos seguidos de aplicações mensais tenha formado
um fundo que lhe permita retirar $1.200 no primeiro mês, no segundo mês $1.200
mais 1% totalizando $1.212 e do terceiro mês em diante retirará o valor do mês ante-
Capítulo 7
TEMAS COM SÉRIES DE CAPITAIS
321

rior mais 1% até completar dez anos de retiradas e esgotar o fundo. Considerando
que a primeira retirada ocorrerá um mês depois do último depósito e a taxa de juro
para todo o plano é 1,10% ao mês, calcule o valor das aplicações mensais.
R: A = $115,36
PROBLEMA 7.81
Repita o Problema 7.80 considerando que a retirada no primeiro mês será de
$1.200, e da segunda retirada em diante será igual à retirada anterior mais $20.
R: A = $121,78

Antes de continuar, uma pausa para destacar que o plano de aposentadoria


complementar é de longo prazo. Apesar de realizar cálculos exatos, tanto os da-
dos como os resultados são estimativos numa determinada data. Não se deve es-
perar que o plano inicialmente preparado se mantenha intacto durante esse lon-
go prazo. Verificações dos resultados deverão ser realizadas periodicamente,
uma vez por trimestre, ou semestre ou no máximo uma vez por ano. A compa-
ração entre os valores previstos e os realizados ajudará o titular a tomar a decisão
de ajustar ou continuar com o mesmo plano. No caso de ajuste do plano, se
utilizará o mesmo procedimento de previsão, partindo de uma poupança ini-
cial. O gerenciamento do próprio plano exige do titular uma forte disciplina
para poupar e investir. Como alternativa, depois de ter completado a fase de
acumulação, o tempo das aplicações para formar o fundo, o titular desse capital
poderia comprar uma renda temporária ou vitalícia de uma instituição previ-
denciária como se mostra no Capítulo 11 deste livro. Agora continuamos com a
construção do plano complementar com renda perpétua.

RENDA PERPÉTUA
Os planos de aposentadoria construídos até este momento consideram retiradas
durante um tempo limitado conhecidos como rendas temporárias. Agora serão
construídos planos com renda perpétua constante e renda crescente com uma
definida taxa de crescimento.

EXEMPLO 7.37. Continuando com o Exemplo 7.34. Tanto no primeiro mês como
em todos os meses seguintes de forma perpétua retirará $600 do fundo constituído.
Calcule o novo valor das aplicações mensais mantendo inalterados os restantes da-
dos e premissas.
322 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

SOLUÇÃO. O presente na data 181 das futuras retiradas de forma perpétua é


$120.000, resultado fácil de obter devido aos dados do exemplo.

P = $120.000
$600 $600 $600

i = 0,5% ao mês
1 2 180 181 182 183 184 n ® ¥ meses

A A A = $410,5753

Para formar esse fundo deverão ser realizadas 180 aplicações mensais seguidos e
iguais A=$410,58, resultado obtido com a calculadora financeira HP-12C.
[CLX] 600 [E] 0.005 [÷] → 120.000 Este é o presente das retiradas perpé-
tuas na data 181.
[f] [FIN]
[g] [BEG] se for necessário
120000 [FV] 180 [n]
1 [i] [PMT] → –410,5753

EXEMPLO 7.38. Continuando com o Exemplo 7.37. Considerando que a primeira


retirada é de $600 e a partir da segunda o valor das retiradas aumenta com a taxa de
crescimento de 0,3% com relação à retirada anterior, calcule o valor dos depósitos
mensais considerando a taxa de juro de 0,5% ao mês.
SOLUÇÃO. O presente na data 181 das futuras retiradas variáveis com taxa de cresci-
mento de 0,3% de forma perpétua é $300.000. Deverão ser realizadas 180 aplica-
ções mensais seguidos e iguais A=$1.026,44, resultado obtido com a calculadora
financeira.
P = $300.000
$600 $601,80 $603,60

i = 0,5% ao mês
1 2 180 181 182 183 184 n ® ¥ meses

A A A = $1.026,4382
Capítulo 7
TEMAS COM SÉRIES DE CAPITAIS
323

PROBLEMAS
PROBLEMA 7.82
Depois de 20 anos seguidos de aplicações mensais, deverá ser formado um fundo
que permita retirar $1.200 de forma perpétua. Considerando que a primeira retira-
da ocorre um mês depois da última aplicação, calcule o valor das aplicações mensais
com a taxa de juro de 0,5% ao mês para todo o plano.
R: A = $519,43
PROBLEMA 7.83
Continuando com o Problema 7.82. Calcule o valor das aplicações mensais consi-
derando que, a partir da segunda retirada, as retiradas aumentam 0,3% com relação
à retirada anterior de forma perpétua.
R: A = $1.298,59
PROBLEMA 7.84
Serão realizadas aplicações mensais durante 15 anos seguidos para formar um fundo
que permita retirar $1.500 de forma perpétua, sendo que a primeira retirada ocor-
rerá dois meses depois do último depósito. Calcule o valor das aplicações mensais
com a taxa de juro de 0,5% ao mês para todo o plano.
R: A = $1.026,44
PROBLEMA 7.85
Repita o Problema 7.84 com a taxa de juro 1% ao mês para todo o plano.
R: A = $297,28
PROBLEMA 7.86
Continuando com o Problema 7.84. Calcule o valor das aplicações mensais consi-
derando que a primeira retirada é de $900 em vez de $1.500 e as retiradas seguintes
aumentam 0,2% com relação à retirada anterior de forma perpétua.
R: A = $1.026,44
PROBLEMA 7.87
Repita o Problema 7.86 com a taxa de juro 1% ao mês para todo o plano.
R: A = $222,96

COMENTÁRIO
No apêndice “Planos de Previdência” deste capítulo na Internet é apresen-
tado o Incentivo Fiscal dos Planos de Previdência e outros temas correlatos
incluindo exemplos práticos considerando a legislação vigente. Antecipan-
do esse conteúdo, quanto à Dedução Fiscal, a acumulação financeira por
324 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

meio do veículo plano de previdência confere ao indivíduo poupador van-


tagens fiscais. O incentivo fiscal mais relevante é aquele que possibilita à pes-
soa deduzir de sua base de tributação todos os investimentos realizados em
planos de previdência privados, desde que esse montante não ultrapasse o li-
mite de 12% de sua renda tributável. Vale lembrar, que essa possibilidade só
se aplica às pessoas que façam sua declaração no formulário completo de
IRPF. Não se pode esquecer, porém, que este benefício é, na verdade, uma
postergação do imposto de renda, pois no resgate ou recebimento da renda o
indivíduo deverá pagar o IR, seja pela tabela progressiva da época ou pela a
alíquota decrescente, conforme sua opção inicial. Para se ter uma melhor
noção do efeito da dedução fiscal, nesse apêndice na Internet é mostrado o
procedimento de comparação entre o investimento mensal numa opção em
previdência (PGBL) e outro tipo de investimento para que, no final das con-
tas, a renda mensal líquida fosse equiparada.
A vantagem da Postergação da Tributação, ou do IR, confere tanto aos pla-
nos de previdência (FGB, PGBL, PRGP, PAGP etc.) como aos seguros de vida
com cobertura por sobrevivência (VGBL, VAGP, VRGP etc.), um aumento
patrimonial em relação às outras modalidades de investimentos, conforme o
tempo de investimento. A comparação mais evidente fica por conta do fundo
de investimento, que recolhe IR semestralmente, podendo ter alíquota de 20%
se for de curto prazo ou de 15% caso seja de longo prazo. Para se ter uma melhor
noção do efeito da postergação de IR, nesse apêndice na Internet é calculado o
efeito do recolhimento semestral realizado em diversas modalidades de investi-
mentos, por exemplo, carteira de investimentos com rendimento de 12% ao
ano, durante 30 anos, ou aplicação única de $10.000 e fundo de investimento
de curto e de longo prazo.

RESUMO DE FÓRMULAS
CAPITAIS POSTECIPADOS
1 – (1 + i) – n
Da equivalência P + A × + F × (1 + i)–n = 0 da operação financeira
i
com uma série uniforme com capitais postecipados e capitais únicos tanto na
data inicial como na data final do fluxo de capitais se deduzem:
Capítulo 7
TEMAS COM SÉRIES DE CAPITAIS
325

⎛ 1 – (1 + i )– n ⎞
— Para calcular o presente P = – ⎜ A × + F × (1 + i )– n ⎟ . Tanto
⎝ i ⎠
nesta como nas restantes expressões os capitais devem ser informados
com seus verdadeiros sinais: positivo as entradas e negativo as saídas de di-
nheiro. O resultado do cálculo de um valor monetário será obtido com
seu verdadeiro sinal.
i
— Para calcular os capitais da série A = – (P + F × (1 + i)–n) × .
1 – (1 + i )– n
⎛ 1 – (1 + i )– n ⎞
— Para calcular o futuro F = – ⎜P + A × ⎟ × (1 + i )n .
⎝ i ⎠
⎛ A – F × i⎞
lg ⎜ ⎟
⎝ A+P ×i⎠
— Para calcular o número de capitais n = . Como os capitais
lg(1 + i )
são informados com seus verdadeiros sinais, deve-se estar atento aos limi-
tes de validade da fórmula.
— O cálculo da taxa de juro i com fórmula nem sempre é possível de ser rea-
lizado, pois o cálculo de i é o das raízes de um polinômio de grau n. O cál-
culo de i, em geral, é realizado por um procedimento de tentativa e erro.

CAPITAIS ANTECIPADOS
1 – (1 + i )– n
Da equivalência P + A × (1 + i) × + F × (1 + i )– n = 0 da operação fi-
i
nanceira com uma série uniforme com capitais antecipados e capitais únicos
tanto na data inicial como na data final do fluxo de capitais se deduzem:

⎛ 1 – (1 + i )– n ⎞
— Para calcular o presente P = – ⎜ A × (1 + i ) × + F × (1 + i )– n ⎟ .
⎝ i ⎠
— Para calcular os capitais da série A = – (P + F × (1 + i)–n) × (1 + i)–1 ×
i .
1 – (1 + i )– n
⎛ 1 – (1 + i )– n ⎞
— Para calcular o futuro F = – ⎜P + A × (1 + i ) × ⎟ × (1 + i )n .
⎝ i ⎠
326 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

⎛ A × (1 + i ) – F × i ⎞
lg ⎜ ⎟
⎝ A × (1 + i ) + P × i ⎠
— Para calcular o número de capitais n = . Como os
log(1 + i )
capitais são informados com seus verdadeiros sinais, deve-se estar atento
aos limites de validade da fórmula.
— O cálculo da taxa de juro i com fórmula nem sempre é possível ser reali-
zado, pois o cálculo de i é o das raízes de um polinômio de grau n. O cál-
culo de i, em geral, é realizado por um procedimento de tentativa e erro.

SÉRIE PERPÉTUA – UNIFORME CAPITAIS POSTECIPADOS


A pos
Da equivalência P = da série perpétua com capitais postecipados se deduz:
i
A pos
— Para calcular o presente se aplica P = .
i
— Para calcular os capitais da série se aplica Apos = P × i.
A pos
— Para calcular a taxa de juro se aplica i = .
P

CAPITAIS ANTECIPADOS
A × (1 + i)
Da equivalência P = ant da série perpétua com capitais antecipados se
deduz: i

Aant × (1 + i)
— Para calcular o presente se aplica P = .
i
P ×i
— Para calcular os capitais da série se aplica Aant = .
1+ i
A
— Para calcular a taxa de juro se aplica i = ant para P > A.
P–A

SÉRIE PERPÉTUA – CRESCENTE CAPITAIS POSTECIPADOS


A1
Da equivalência P = da série perpétua com capitais postecipados com
i–g
crescimento gradiente se deduz, para i > g:
Capítulo 7
TEMAS COM SÉRIES DE CAPITAIS
327

A1
— Para calcular o presente se aplica P = .
i–g
— Para calcular o primeiro capital A1 da série se aplica A1 = P × (i – g).
A1
— Para calcular a taxa de juro se aplica i = + g.
P

CAPITAIS ANTECIPADOS
1+ i
Da equivalência P = A1 × da série perpétua com capitais antecipados com
i–g
crescimento gradiente se deduz, para i > g:
1+ i
— Para calcular o presente se aplica P = A1 × .
i–g
i–g
— Para calcular o primeiro capital A1 da série se aplica A1 = P × .
1+ i
A1 × (1 + i)
— Para calcular a taxa de juro se aplica i = + g.
P
328 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Apêndice 7.1

Série Gradiente Linear


A série gradiente linear registrada na quarta coluna da tabela seguinte é o resul-
tado da soma da série uniforme com capitais postecipados A registrada na se-
gunda coluna da tabela mais a série com crescimento G da terceira coluna da ta-
bela que começa no final do segundo período.

Série

Data t Uniforme Gradiente Completa

0 0 0 0
1 A 0 A
2 A G A+G
3 A 2G A+2G
4 A 3G A+3G

n A (n – 1)G A+(n – 1)G

A partir da primeira coluna da tabela acima que registra as datas do fluxo de


capitais:
— A série uniforme de n capitais postecipados iguais A está registrada na se-
gunda coluna.
— O primeiro capital G da série gradiente ocorre na data 2, o segundo capi-
tal 2G ocorre na data 3 e assim sucessivamente até o capital (n – 1)G que
ocorre na data n do fluxo de capitais. Perceba-se que a partir da data 2 é
adicionado o valor G ao capital da data anterior.
— A última coluna da tabela registra a série final formada pela soma da série
uniforme de n capitais postecipados iguais A mais a série gradiente com
crescimento linear G por período.

Da tabela da Figura 7.1 se deduz a equivalência entre o presente P na data


zero e a série gradiente linear. Essa equivalência está formada por duas parcelas,
Apêndice 7.1
SÉRIE GRADIENTE LINEAR
329

o presente da série uniforme com capitais postecipados A mais a soma dos pre-
sentes de (n – 1) séries uniformes de capitais postecipados G começando na data
1 como se mostra a seguir:

— O presente da série uniforme de capitais postecipados G da data 1 até n


com (n – 1) capitais.
— O presente da série uniforme de capitais postecipados G da data 2 até n
com (n – 2) capitais.
— O presente da série uniforme de capitais postecipados G da data 3 até n
com (n – 3) capitais.
— E assim até o presente da última série uniforme de capitais postecipados
da data (n – 1) até n com um único capital G em n.

Tendo presente a equivalência da série uniforme com capitais postecipados


desenvolvida no Capítulo 6 considerando a taxa de juro com período igual à
periodicidade dos capitais:
1 – (1 + i )– n
P = A pos ×
i
A equação de valor equivalente do presente P e a série com gradiente linear
na data zero e no regime de juros compostos é:

1 – (1 + i )– n 1 – (1 + i )–( n – 1) 1 – (1 + i )–( n – 2 )
P = A× +G × × (1 + i )–1 + G × × (1 + i )–2 +
i i i

1 – (1 + i )–( n – 3 ) 1 – (1 + i )–1
+G× × (1 + i )–3 +  + G × × (1 + i )– n
i i

Simplificando e pondo em evidência G e i:

1 – (1 + i ) – n G ⎛ (1 – (1 + i ) –( n – 1) ) × (1 + i ) –1 + ⎞
P = A× + ×⎜ ⎟
i i ⎝ +(1 – (1 + i ) –( n – 2 ) ) × (1 + i ) –2 +  + (1 – (1 + i ) – n × (1 + i ) –( n – 1) ⎠
330 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Realizando a operação indicada:

1 – (1 + i )– n G ⎛(1 + i )–1 + (1 + i )–2 +  + (1 + i )–( n – 1) +⎞


P = A× + ×⎜ ⎟
i i ⎝ – (1 + i )– n – (1 + i )– n –  – (1 + i )– n ⎠

Somando e subtraindo a parcela (1 + i)–n dentro dos parênteses se tem:

1 – (1 + i) – n G ⎛ (1 + i) –1 + (1 + i) –2 +  + (1 + i) –( n – 1) + (1 + i) – n – ⎞
P = A× + ×⎜ ⎟
i i ⎝ (1 + i) – n − (1 + i) – n –  – (1 + i) – n – (1 + i) – n ⎠

Por último, reconhecendo que a soma das n parcelas positivas dentro dos
parênteses é o presente de uma série uniforme com capitais postecipados unitá-
rios $1, tem-se:15

1 – (1 + i )– n G ⎛ 1 – (1 + i )n ⎞
P = A× + ×⎜ – n × (1 + i )– n ⎟
i i ⎝ i ⎠

Depois de realizar as operações indicadas na segunda parcela e reorganizar as


variáveis, obtém-se uma forma compacta de apresentar essa equivalência:

1 – (1 + i )– n (1 + i )– n – n × i – 1
P = A× +G ×
i i 2 × (1 + i )n

Os resultados das duas parcelas das fórmulas acima são presentes que ocor-
rem na data zero do fluxo de capitais na taxa de juro i com período igual à perio-
dicidade dos capitais. A primeira parcela é o presente da série uniforme posteci-
pada com n capitais iguais A. A segunda parcela é o presente de (n – 1) séries uni-
formes com capitais postecipados G, porém tendo cada série uniforme uma
quantidade de capitais decrescente de (n – 1) até um capital. Nos desenvolvi-
mentos o gradiente G é um número positivo, entretanto ele poderá ser negati-
vo, pois a equivalência é a mesma com o cuidado de informar G com seu verda-
deiro sinal.
A equivalência do futuro F na data n é obtida da equivalência anterior, ten-
do presente que P = F × (1 + i)–n:

15
Verifique que, se G = 0, essa equivalência se transforma na da série uniforme com capitais
postecipados.
Apêndice 7.1
SÉRIE GRADIENTE LINEAR
331

⎛ 1 – (1 + i )– n G ⎛ 1 – (1 + i )– n ⎞⎞
F = ⎜A × + ×⎜ – n × (1 + i )– n ⎟ ⎟ × (1 + i )n
⎝ i i ⎝ i ⎠⎠

(1 + i )n – 1 G ⎛ (1 + i )n – 1 ⎞
F = A× + ×⎜ – n⎟
i i ⎝ i ⎠

CAPITAIS ANTECIPADOS
Tendo presente a propriedade Apos = Aant × (1 + i), para a mesma taxa de juro i,
as equivalências de P e F podem ser obtidas como segue:

⎛ 1 – (1 + i )– n G ⎛ 1 – (1 + i )– n ⎞⎞
P = ⎜A × + ×⎜ – n × (1 + i )– n ⎟ ⎟ × (1 + i )
⎝ i i ⎝ i ⎠⎠
⎛ (1 + i )n – 1 G ⎛ (1 + i )n – 1 ⎞ ⎞
F = ⎜A × + ×⎜ – n⎟ ⎟ × (1 + i )
⎝ i i ⎝ i ⎠⎠
332 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Apêndice 7.2

Série Gradiente Exponencial


Como foi desenvolvida no Exemplo 6.1 do Capítulo 6, a equivalência entre
presente P e os n capitais diferentes At de uma série uniforme postecipada consi-
derando a taxa de juro i com período igual à periodicidade dos capitais é:

P = A1 × (1 + i)–1 + A2 × (1 + i)–2 +  + An × (1 + i)–n

Se os capitais da série A2, A3, ..., An crescerem com taxa de crescimento g so-
bre o capital anterior, tem-se uma série gradiente exponencial ou gradiente
geométrico com as seguintes características:
— O segundo capital da série A2 = A1 × (1 + g)
— O terceiro capital da série A3 = A2 × (1 + g) = A1 × (1 + g)2
— De forma geral, exceto o capital A1, qualquer capital da série At = A1 ×
(1 + g)t–1
— O último capital da série An = An–1 × (1 + g)n–2 = A1 × (1 + g)n–1

Substituindo esses capitais na equivalência de P, tem-se:

P = A1 × (1 + i)–1 + A1 × (1 + g) × (1 + i)–2 +  + A1 × (1 + g)n–1 × (1 + i)–n

Pondo em evidencia A1, tem-se:

P = A1 × ((1 + i)–1 + (1 + g) × (1 + i)–2 +  + (1 + g)n–1 × (1 + i)–n)

As parcelas dentro dos parênteses formam uma progressão geométrica de n


termos com razão (1 + g) × (1 + i)–1 cuja soma é S e P = A1 × S. A soma S dessa
a –a ×q
PG16 é S = 1 n sendo o primeiro termo da série a1 = (1 + i)–1, o último
1– q
termo é an = (1 + g)n–1 × (1 + i)–n e a razão da PG (1 + g) × (1 + i)–1. Substituindo
na soma S, tem-se:

16
Veja Apêndice 6.2 do Capítulo 6.
Apêndice 7.2
SÉRIE GRADIENTE EXPONENCIAL
333

(1 + i )–1 – (1 + g )n – 1 × (1 + i )– n × (1 + g) × (1 + i )–1
S=
1 – (1 + g) × (1 + i)–1

Realizando manipulações algébricas, tem-se:

(1 + i )–1 × (1 – (1 + g)n × (1 + i )– n )
S=
(1 + i )–1 × (1 + i – 1 – g)

1 – (1 + g)n × (1 + i )– n
S=
i–g

A equivalência de P da série gradiente exponencial é:

1 – (1 + g)n × (1 + i )− n
P = A1 ×
i–g

Esse resultado tem dois valores conforme a relação entre i e g:


1 – (1 + g)n (1 + i )– n
— Se i ≠ g, então P = A1 × .
i–g
— Se i = g, então P = A1 × n × (1 + i)–1, pois se for substituído i = g na equiva-
lência, tem-se:

P = A1 × ((1 + i)–1 + (1 + g) × (1 + i)–2 +  + (1 + g)n–1 × (1 + i)–n)


⎛ ⎞
P = A1 × (1 + i ) + (1 + i ) +  + (1 + i ) ⎟
⎜ – 1 – 1 – 1
⎜ ⎟
⎝ n vezes ⎠
P = A1 × n × (1 + i) –1

O futuro F na data n é obtido da equivalência de P, tendo presente que


P = F × (1 + i)–n:
⎛ 1 – (1 + g)n (1 + i )– n ⎞
— Se i ≠ g, então F = A1 × ⎜ ⎟ × (1 + i )n
⎝ i – g ⎠

(1 + i )n – (1 + g )n
F = A1 ×
i–g
334 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Se i = g, então F = A1 × n × (1 + i)–1 × (1 + i)n


F = A1 × n × (1 + i)n–1

CAPITAIS ANTECIPADOS
Tendo presente a propriedade Apos = Aant × (1 + i), para a mesma taxa de juro i,
as equivalências de P e F são:

1 – (1 + g ) n (1 + i) – n
— Se i ≠ g, então P = A1 × (1 + i) ×
i–g
— Se i = g, então P = A1 × n × (1 + i)–1 × (1 + i)
P = A1 × n
Apêndice 7.3
SÉRIE PERPÉTUA
335

Apêndice 7.3

Série Perpétua
O Exemplo 7.19 deste capítulo mostra que, para um mesmo presente e uma
mesma taxa de juro, ao aumentar a quantidade de capitais da série o valor dos
capitais A da série diminui tendendo ao valor do juro sobre o valor de P. Quan-
do o número de capitais é muito grande, tem-se a série perpétua com número
infinito de capitais, pois se conhecem as datas de ocorrência de todos os capitais,
exceto o último capital. Considerando a taxa de juro i com período igual à perio-
dicidade dos capitais, a equivalência entre o presente P e a série uniforme com n
capitais postecipados é:
1 – (1 + i )– n
P = A pos ×
i
A equivalência entre P e a série uniforme postecipada com um número
muito grande de capitais é obtido como o limite do presente da série uniforme
quando n → ∞:
1 – (1 + i )– n
P = A pos × lim
n→ ∞ i
Finalmente, a equivalência do presente P da série perpétua com capitais
postecipados:17
A pos
P=
i
No caso da série perpétua com capitais antecipados, tendo presente Apos =
Aant × (1 + i), para a mesma taxa de juro i, a equivalência de P é obtida com:
Aant × (1 + i )
P=
i

17
Estas séries são aplicadas na análise de investimentos, na determinação do preço das ações pre-
ferenciais e ordinárias, na avaliação de empresas etc.
336 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

SÉRIE PERPÉTUA COM GRADIENTE LINEAR


No Apêndice 7.1 deste capítulo foi desenvolvida a equivalência entre o presen-
te P e a série com capitais postecipados com gradiente linear considerando a taxa
de juro com período igual à periodicidade dos capitais e cuja equivalência é re-
petida.
1 – (1 + i )– n G ⎛ 1 – (1 + i )– n ⎞
P = A× + ×⎜ – n × (1 + i )– n ⎟
i i ⎝ i ⎠

A equivalência entre P e a série uniforme postecipada com gradiente linear


e um número muito grande de capitais é obtida como o limite do presente
quando n → ∞:
⎛ 1 – (1 + i )– n G ⎛ 1 – (1 + i )– n ⎞⎞
P = lim ⎜ A × + ×⎜ – n × (1 + i )– n ⎟ ⎟
n→ ∞ ⎝ i i ⎝ i ⎠⎠

1 – (1 + i )– n G ⎛ 1 – (1 + i )– n ⎞
P = A × lim + × lim ⎜ – n × (1+ i )– n ⎟
n→ ∞ i i n→ ∞ ⎝ i ⎠

Calculando esses limites, tem-se:


A G 1
P= + ×
i i i
A G
P= +
i i2
No caso da série perpétua com capitais antecipados, tendo presente Apos =
Aant × (1 + i), para a mesma taxa de juro i, o valor de P pode ser obtido com:

⎛A G⎞
P = ⎜ + 2 ⎟ × (1 + i )
⎝i i ⎠

SÉRIE PERPÉTUA COM GRADIENTE EXPONENCIAL


No Apêndice 7.2 deste capítulo foi desenvolvida a equivalência entre o presen-
te P e a série com capitais postecipados com gradiente exponencial consideran-
do a taxa de juro com período igual à periodicidade dos capitais e cuja equiva-
lência é repetida.
Apêndice 7.3
SÉRIE PERPÉTUA
337

1 – (1 + g)n (1 + i )– n
P = A1 × , para i ≠ g
i–g
P =A1 × n × (1 + i)–1, para i = g

A equivalência entre P e a série uniforme postecipada com gradiente expo-


nencial e um número muito grande de capitais é obtida como o limite do pre-
sente quando n → ∞:

⎛ 1 – (1 + g )n (1 + i )– n ⎞
P = lim ⎜ A1 × ⎟
n→ ∞ ⎝ i–g ⎠

1 – (1 + g)n (1 + i )– n para i ≠ g
P = A1 × lim
n→ ∞ i–g

P = A1 × lim ( n × (1 + i )–1 ) para i = g


n→ ∞

Calculando esses limites, tem-se:


A1
— Para i > g, P =
i–g
— Para i ≤ g, P → + ∞

No caso da série perpétua com capitais antecipados, tendo presente Apos =


Aant × (1 + i) para a mesma taxa de juro i, a equivalência de P pode ser obtida
com:
1+ i
— Para i > g, P = A1 × , e se i ≤ g, P → + ∞
i–g
Capítulo 8

Série de Capital
Variável

Como mostrado no Apêndice 6.1, os cinco exemplos iniciais desse capítulo


ajudaram a classificar as séries de capitais em quatro grupos, sendo o primeiro
desses exemplos uma série com capital variável, tema deste capítulo. Aqui são
desenvolvidas as equivalências do presente de uma série de capital variável, na
data zero ou também em qualquer data, dentro ou fora do prazo da série de ca-
pitais, e do valor presente líquido utilizado na medição de valor criado por uma
decisão de investimento, decisão de compra etc. Dessa, essa última equivalência
é definida a taxa interna de retorno da série de capital variável e é mostrado que
a soma de todos os capitais do fluxo de capitais na data zero é sempre igual a
zero, importante propriedade antecipada e utilizada nos Capítulos 3 e 7. Será
mostrado que os procedimentos utilizados e as conclusões obtidas da série de
capital variável se aplicam a qualquer série de capitais, pois todas as séries apre-
sentadas até este momento estão incluídas nessa série. Complementando a clas-
sificação das séries de capitais, o Apêndice “Série Contínua” deste capítulo, que
se encontra na página do livro na Internet, desenvolve o capital contínuo defi-
nido por uma função matemática dependente do tempo.

EXEMPLO 8.1. O gerente financeiro está negociando com o banco o desconto de


três duplicatas cujos valores e datas de vencimento em dias corridos estão registra-
dos no fluxo de capitais seguinte. Calcule o presente na data zero considerando a
taxa de juro de 6% aos 30 dias.
340 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

i = 6% aos 30 dias
0 28 63 91 dias

$100 $200 $400

SOLUÇÃO. Esse fluxo de capitais é uma série de capital variável tanto quanto aos
seus valores como à periodicidade de ocorrência dos capitais.1 Estabelecendo a
equação de valor equivalente na data zero, temos:
t t t
− m1 − m2 − m3
P = A 1 × (1 + i ) + A2 × (1 + i ) + A 3 × (1 + i )

Substituindo os dados do exemplo, obtém-se o presente $606,8679 das três du-


plicatas:2
− 28 − 63 − 91
P = $100 × (1 + 0,06 ) 30 + $200 × (1 + 0,06 ) 30 + $400 × (1 + 0,06 ) 30

P = $94,7068 + $176,9651 + $335,1960 = $606,8679

Como conclusão importante, na taxa de juro 6% aos 30 dias, o presente


$606,87 na data zero é equivalente à série de três capitais distribuídos no tempo
do fluxo de capitais do Exemplo 8.1 e vice-versa, os três capitais da série são
equivalentes a um único capital, $606,87, na data zero.

EXEMPLO 8.2. Durante o prazo de um ano, cada início de trimestre você aplicará
num fundo as quantias registradas no fluxo de capitais seguinte. Calcule quanto
resgatará no final do ano com a taxa de juro de 5,20% ao trimestre.
F
i = 5,20% ao trimestre
0 1 2 3 4

$2.000 $2.500 $2.800 $3.000

1
As datas de ocorrência dos capitais são datas calendário que, para facilitar a análise, foram trans-
formadas numa sequência de dias corridos, definindo a data inicial como zero.
2
O procedimento utilizado para calcular o presente de qualquer série de capitais, em muitos ca-
sos, é mais prático do que o uso da rotina de cash-flow da calculadora financeira.
Capítulo 8
SÉRIE DE CAPITAL VARIÁVEL
341

SOLUÇÃO. Da equação de valor equivalente no final do quarto mês temos:

F = A1 × (1 + i)4 + A2 × (1 + i)3 + A3 × (1 + i)2 + A4 × (1+i)1


Substituindo os dados do exemplo, obtém-se o resgate $11.614,99 no final do ano:
F = $2.000 × (1 + 0,052)4 + $2.500 × (1 + 0,052)3 + $2.800 × (1 + 0,052)2 +
+ $3.000 × (1 + 0,052)1
F = $2.449,5875 + $2.910,6315 + $3.098,7712 + $3.156,00
F = $11.614,9902
Esse futuro também pode ser obtido calculando primeiro o presente $9.483,22 na
data zero das quatro aplicações trimestrais com a taxa de juro de 5,2% ao trimestre.
Depois, o futuro desse presente no final do quarto trimestre é $11.614,99.

Com a taxa de juro de 5,2% ao trimestre, os capitais da série do Exemplo 8.2


são equivalentes ao futuro $11.614,99 no final do quarto trimestre, e vice-versa,
o futuro $11.614,99 no final do quarto trimestre é equivalente à série de quatro
capitais do fluxo de capitais do Exemplo 8.2. Além disso, o capital $9.483,22 na
data zero é equivalente ao capital $11.614,99 no final do quarto trimestre.

PROBLEMAS
PROBLEMA 8.1
Você se comprometeu a pagar um empréstimo em seis parcelas mensais e seguidas.
Na data de hoje ainda faltam pagar três parcelas, tendo sido as três restantes já pagas
nas datas acertadas. Sabendo que a próxima parcela de $1.140 vence daqui a um
mês, a segunda parcela de $1.520 vence daqui a dois meses e a última parcela de
$2.070 vence daqui a três meses, calcule o presente dessas três parcelas com a taxa
de juro de 2,95% ao mês.
R: P = $4.438,58
PROBLEMA 8.2
Calcule o presente dos três capitais registrados na tabela a seguir à taxa de juro de
5,25% aos 30 dias.
DC Capitais

22 $1.000

65 $1.500
83 $2.300

R: P = $4.302,16
342 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMA 8.3
Um empréstimo será devolvido em quatro parcelas mensais e seguidas, vencendo a
primeira um mês depois da data de recebimento do empréstimo. O valor da pri-
meira parcela é $200, da segunda $400, da terceira $800 e da última $1.000. Calcu-
le o valor do empréstimo na data zero considerando a taxa de juro de 3,2% ao mês.
R: P = $2.178,86
PROBLEMA 8.4
Durante seis meses seguidos, você aplicará $1.000 no início de cada mês. Conside-
rando que os seis depósitos são remunerados com a taxa de juro de 1,23% ao mês,
calcule o resgate no final do sexto mês.
R: F = $6.263,66
PROBLEMA 8.5
O gerente financeiro necessita de $200.000 na data de hoje para equilibrar o caixa
da empresa. Está pensando em vender para o banco cinco duplicatas cujos valores e
datas de vencimento contados a partir de hoje estão registrados na tabela a seguir.
Verifique se a venda das duplicatas permitirá reunir o valor necessário consideran-
do a taxa de juro de 5,6% aos 30 dias.

DC Capitais

35 $10.000
56 $38.000
88 $68.000
118 $77.000
142 $83.000

R: P = $227.941,68
PROBLEMA 8.6
Você ganhou um prêmio de $50.000 em dinheiro que será recebido em três parce-
las mensais com os valores $10.000, $17.500 e $22.500, sendo a primeira parcela
paga depois de um mês após receber o prêmio. Calcule quanto você resgataria da-
qui a 12 meses se aplicasse essas parcelas com taxa de juro de 1,40% ao mês.
R: F = $57.261,77
PROBLEMA 8.7
Continuando com o Problema 8.6. Suponha que no momento de receber o prê-
mio o patrocinador do sorteio oferece $47.000 em vez das três parcelas. Primeiro
calcule quanto você deveria receber considerando a taxa de juro de 1,40%. De-
pois, decida que alternativa escolher, receber os $47.000 agora ou as três parcelas
Capítulo 8
SÉRIE DE CAPITAL VARIÁVEL
343

acertadas, considerando que você não necessita desse dinheiro e, portanto, pode
ser aplicado.
R: P = $48.462,89 A melhor opção é receber as três parcelas. Por quê?
PROBLEMA 8.8
A empresa necessita descontar as seis duplicatas registradas na tabela a seguir. Cal-
cule o valor que a empresa receberá na data zero, considerando a taxa de juro de
4,5% aos 30 dias.

DC Capitais DC Capitais

20 $1.000 46 $1.150
31 $250 52 $1.200
36 $300 61 $970

R: P = $4.568,28

Dos fluxos de capitais dos exemplos e problemas anteriores se deduz o dia-


grama da série com n capitais variáveis, como está representado na Figura 8.1.

i com período m
0 t1 t2 t3 tn–1 tn

A1 A2 A3 An–1 An

FIGURA 8.1 Equivalência entre P e a série de capital variável.

A equação de equivalência na data zero considerando a taxa de juro i com


período m e no regime de juros compostos é:3

P = A1 × (1 + i )−t 1 m
+ A2 × (1 + i )−t 2 m
+  + An × (1 + i )−t n m

Na taxa de juro i com período m, o presente P na data zero é um capital úni-


co e equivalente aos capitais da série. Dessa maneira, o capital P substitui todos
os capitais da série e pode ser deslocado para qualquer outra data, obedecendo às
3
Damos preferência a essa representação, pois o sinal negativo identifica o cálculo do presente e
o sinal positivo, o cálculo do futuro.
344 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

regras dos juros compostos. Outra forma de apresentar a equivalência do pre-


sente P é com o símbolo somatório: 4
n
P= ∑ A j × (1+ i )−t j m

j=1

O presente de uma série de capital variável pode ser calculado com ajuda das
teclas de exponenciais da calculadora científica ou financeira, procedimento su-
ficiente para esses cálculos. Também é possível utilizar a rotina cash-flow da cal-
culadora financeira HP-12C. Os Apêndices deste capítulo “Cálculos com a
HP-12C – Capítulo 8” e “Cálculos com Excel – Capítulo 8”, que se encontram
na página do livro na Internet, mostram como utilizar essas ferramentas para
realizar os cálculos deste capítulo.

EXEMPLO 8.3. O financiamento será devolvido em cinco parcelas mensais como


mostra a tabela a seguir. Calcule o presente dessa série de capitais, considerando
que o pagamento da primeira parcela será realizado um mês depois de receber o fi-
nanciamento e a taxa de juro é de 5% ao mês.

Meses Capitais

1 $300
2 $400
3 $400
4 $300
5 $350

O presente é $1.515,11, resultado obtido com:


P = A1 × (1 + i)–1 + A2 × (1 + i)–2 +  + A5 × (1 + i)–5
P = $300 × 1,05–1 + $400 × 1,05–2 + $400 × 1,05–3 + $300 × 1,05–4 +
+ $350 × 1,05–5
P = $1.515,11

4
No Apêndice 2.3, do Capítulo 2, é apresentada a revisão do símbolo Somatório.
Capítulo 8
SÉRIE DE CAPITAL VARIÁVEL
345

Esse resultado também pode ser determinado com o procedimento cash-flow da


calculadora financeira HP-12C.
[f][REG]
0 [g] [CFo]
300 [g] [CFj]
400 [g] [CFj] 400 [g] [CFj]
300 [g] [CFj] 350 [g] [CFj]
5 [i] [f] [NPV] → 1.515,11

Havendo na série capitais repetidos e seguidos, é possível reduzir a digitação com a


tecla [Nj], desta forma:
[f] [REG]
0 [g] [CFo]
300 [g] [CFj]
400 [g] [CFj] 2 [g] [Nj]
300 [g] [CFj] 350 [g] [CFj]
5 [i] [f] [NPV] → 1.515,11

EXEMPLO 8.4. O cliente quer antecipar o pagamento de duas duplicatas com valores
de $1.245 e $1.560 e que vencem, respectivamente, daqui a 28 e 60 dias. Calcule
quanto o cliente deverá pagar considerando a taxa de juro de 3,2% aos 30 dias.
SOLUÇÃO. O cliente deverá pagar $2.673,69, resultado obtido com:
P = A 1 × (1 + i ) −t 1 m + A2 × (1 + i ) −t 2 m
P = $1.245 × (1 + 0,032)–28/30 + $1.560 × (1 + 0,032)–60/30
P = $2.673,69

Esse resultado também pode ser obtido com o procedimento cash-flow da calcula-
dora financeira HP-12C, considerando o fluxo de caixa diário da operação.
[f] [REG]
0 [g] [CFj] 27 [g] [Nj] 1245 [g] [CFj]
0 [g] [CFj] 31 [g] [Nj] 1645 [g] [CFj]
1.032 [E] 30 [1/x] [yx] 1 [–] 100 [×] [i]
[f][NPV] → 2.673,69
346 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMAS
PROBLEMA 8.9
Calcule o presente da série de capitais registrada na tabela a seguir com a taxa de
juro de 4,3% ao mês.

Meses Capitais Meses Capitais

0 ? 3 $300
1 $500 4 $300
2 $500 5 $400

R: P = $1.780,99

PROBLEMA 8.10
Considerando a taxa de juro de 3,8% ao mês, calcule o presente do fluxo de capitais
registrado na tabela a seguir.

Meses Capitais Meses Capitais

0 ? 3 $1.260
1 $1.000 4 $1.485
2 $950 5 $1.723

R: P = $5.680,80

PROBLEMA 8.11
Calcule o presente da série de capitais registrada na tabela a seguir com a taxa de
juro de 46% aos 365 dias.

DC Capitais

0 ?

30 $200

60 $100
90 $400

120 $350

R: P = $961,26
Capítulo 8
SÉRIE DE CAPITAL VARIÁVEL
347

PROBLEMA 8.12
Recalcule o presente da série do Problema 8.11 considerando a periodicidade dos
capitais de 45 dias.
R: P = $920,14
PROBLEMA 8.13
Calcule o presente na data zero da série de capitais registrada na tabela a seguir com
a taxa de juro de 3,25% ao mês.

Meses Capitais
5 $300
6 $200
7 $280
8 $320

R: P = $892,34
PROBLEMA 8.14
O empréstimo será devolvido em quatro parcelas mensais registradas na tabela a
seguir. Calcule o valor do financiamento na data zero com a taxa de financiamento
de 6,3% ao mês.

Meses Capitais
1 $500
2 $600
3 $700

4 $800

R: P = $2.210,68
PROBLEMA 8.15
Você negociou a compra de uma mesa de jantar com seis cadeiras em cinco parce-
las mensais e seguidas, vencendo a primeira um mês depois da data da compra. Os
valores das parcelas mensais são, em ordem crescente de tempo: $750, $850,
$1.000, $1.100 e $1.500. Calcule o valor do financiamento com a taxa de juro de
2,95% ao mês.
R: P = $4.723,26
348 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMA 8.16
As aplicações realizadas num fundo cada fim de bimestre estão registradas na tabela
a seguir. Calcule o resgate no final do sexto bimestre considerando que as aplica-
ções são remuneradas com 1,25% ao mês.

Bimestre Capitais Bimestre Capitais

1 $350 4 $480
2 $400 5 $520
3 $300 6 $450

R: F = $2.648,84
PROBLEMA 8.17
O presente do fluxo mensal de capitais da tabela a seguir é $6.727,84, resultado ob-
tido com a taxa de juro de 2% ao mês. Calcule o valor do capital do quinto mês.

Mês Capitais Mês Capitais

1 $1.000 5 ?
2 $500 6 $990
3 $850 7 $1.120
4 $920 8 $950

R: A5 = $1.050,00
PROBLEMA 8.18
Nessa empresa, quando um funcionário se aposenta recebe uma gratificação calcu-
lada de acordo com uma regra estabelecida e conhecida por todos. Suponha que o
funcionário tem de decidir entre receber $100.000 na data da aposentadoria ou re-
ceber seis parcelas mensais com os valores registrados na tabela a seguir. Determine
a opção mais atraente para o funcionário considerando que ele conseguiria aplicar
seu dinheiro com a taxa de juro de 1,15% ao mês.

Mês Capitais Mês Capitais

0 $15.000 3 $24.000

1 $18.000 4 $18.000

2 $21.000 5 $15.000

R: Receber em parcelas
Capítulo 8
SÉRIE DE CAPITAL VARIÁVEL
349

PROBLEMA 8.19
Calcule o presente do fluxo de capitais registrado na tabela a seguir com a taxa de
juro de 2,75% aos 30 dias.

Datas Capitais Datas Capitais

0 ? 96 $900
35 $1.000 124 $1.450
62 $1.200 185 $1.890

R: P = $5.823,62
PROBLEMA 8.20
A empresa mantém sua própria carteira de duplicatas a receber das vendas realiza-
das. Como a empresa necessita de dinheiro, foram vendidas na data zero sete dupli-
catas cujos valores e datas de vencimento estão registrados na tabela a seguir, em
dias corridos a partir da data zero. Calcule o valor recebido pela empresa na data
zero considerando a taxa de juro de 55% aos 365 dias.
Datas Capitais Datas Capitais

92 $1.200 215 $1.850


125 $1.500 245 $2.120
158 $2.500 270 $1.790
182 $750

R: P = $9.339,40
PROBLEMA 8.21
Continuando com o Problema 8.20, suponha que a operação fosse fechada 14 dias
depois da data zero. Calcule quanto o banco pagaria na data 14 mantendo a mesma
taxa de juro.
R: P(t = 14) = $9.497,72
PROBLEMA 8.22
Continuando com o Problema 8.20, suponha que a empresa está negociando as
duplicatas com o banco porque necessita de $10.000 na data zero. Como na sua
carteira tem mais duplicatas vencendo na data 270, calcule o valor total das dupli-
catas da data 270 que permitirão receber $10.000 na data zero, mantendo a mesma
taxa de juro de 55% aos 365 dias.
R: $2.473,03
350 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

VALOR EQUIVALENTE DA SÉRIE DE CAPITAIS


No desenvolvimento dos exemplos deste capítulo foram destacadas proprie-
dades importantes. Por exemplo, o presente P de uma série de capitais é um
capital único na data zero cujo valor é equivalente a todos os capitais da série
de capital variável, calculado com a taxa de juro i com período m. Ao mesmo
tempo, um capital pode ser deslocado para qualquer data do fluxo de capitais uti-
lizando uma taxa de juro i com período m, respeitando a lei dos juros compostos.

EXEMPLO 8.5. A empresa realiza a cobrança das duplicatas de seus clientes. Suponha
que hoje, na data zero, um cliente queira antecipar o pagamento de três duplicatas
cujos valores e datas em dias corridos, medidos a partir da data zero, estão registra-
dos na tabela a seguir. Calcule quanto esse cliente deverá pagar hoje, considerando
a taxa de juro de 4,75% aos 30 dias.

DC Duplicatas

40 $1.020,00
83 $1.650,00
131 $1.885,00

SOLUÇÃO. O cliente deverá pagar $3.949,23, resultado obtido com:


P = A 1 × (1 + i ) −t 1 m
+ A2 × (1 + i ) −t 2 m
+ A 3 × (1 + i ) −t 3 m

− 40 − 83 − 131
P = $1020
. × (1 + 0,0475) 30 + $1650
. × (1 + 0,0475) 30 + $1.885 × (1 + 0,0475) 30

P = $3.949,23

Embora se tenha definido o cálculo do presente P na data zero de uma série,


essa data zero é apenas uma referência, como se pode deduzir da mesma operação
se forem utilizadas datas do calendário. O presente P do Exemplo 8.5 está locali-
zado numa data anterior à data do primeiro capital da série. Assim, a data zero de
certa maneira facilita os cálculos quando são utilizados dias corridos. É por isso
que, em geral, o presente P de uma série de capitais, calculado com uma certa taxa
de juro i com período m, é um valor equivalente dos capitais da série na data zero.
Entretanto, há casos em que é necessário conhecer o valor equivalente da série
numa data diferente da data zero, como mostra o Exemplo 8.6.
Capítulo 8
SÉRIE DE CAPITAL VARIÁVEL
351

EXEMPLO 8.6. Suponha que as duas primeiras duplicatas do Exemplo 8.5 venceram e
não foram pagas. Depois de algumas reuniões, o cliente prometeu pagar as três dupli-
catas 28 dias antes do vencimento da terceira duplicata. Calcule quanto o cliente de-
verá pagar na data estabelecida, mantendo a taxa de juro de 4,75% aos 30 dias.
SOLUÇÃO. Este problema pode ser resolvido por dois procedimentos. O primeiro
procedimento utiliza o presente das três duplicatas igual a $3.949,23 na data zero,
resultado obtido no Exemplo 8.5. O valor equivalente das três duplicatas 28 dias
antes do vencimento da terceira duplicata é uma operação de dois capitais no regi-
me de juros compostos. O número de dias entre a data zero e a data 28 dias antes do
vencimento da terceira duplicata é 103, resultado de subtrair 28 de 131. Dessa ma-
neira, o valor equivalente V (t = 103) é igual a $4.631,35, resultado obtido com:
103
V (t = 103 ) = $3.949,23 × 10475
, 30

V (t = 103 ) = $463135
. ,

Esse procedimento de cálculo é realizado em dois passos, primeiro é calculado o


presente das três duplicatas na data zero e depois é calculado o seu valor equivalente
na data 103.

O segundo procedimento utiliza a equação de valor equivalente na data 103 consi-


derando a taxa de juro igual a 4,75% aos 30 dias. A soma dos valores equivalentes V
(t = 103) das três duplicatas é $4.631,35, resultado obtido com:
103 − 40 103 − 83
V (t = 103 ) = $1020
. × (1 + 0,0475) 30 + $1650
. × (1 + 0,0475) 30 +
103 − 131
+ $1885
. × (1 + 0,0475) 30

63 20
V (t = 103 ) = $1020
. × (1 + 0,0475) 30 + $1650
. × (1 + 0,0475) 30 +
− 28
+ $1885
. × (1 + 0,0475) 30

V (t = 103 ) = $463135
. ,

O Exemplo 8.6 ajuda a realizar a seguinte dedução. O valor equivalente


V(t) na data t da série de capital variável da Figura 8.2, considerando a taxa de
juro i com período m, é obtido com:
V (t ) = A1 × (1 + i )( t −t 1 ) m + A2 × (1 + i )( t −t 2 ) m +  + A j × (1 + i )( t −t j ) m
+
+  + An × (1 + i )( t −t n ) m
352 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

V(t)

i com período m
0 t1 t2 t t3 tn–1 tn

A1 A2 A3 An–1 An

FIGURA 8.2 Valor equivalente V(t) da série de capital variável.

Analisando o sinal do numerador do expoente (t – tj) do capital da série Aj,


se t < tj, o expoente (t – tj) < 0 e o capital Aj será descapitalizado; se t > tj, o ex-
poente é (t – tj) > 0 e o capital Aj será capitalizado. Essas duas situações podem
ser verificadas no segundo procedimento de cálculo do Exemplo 8.6. O valor
equivalente V(t) pode ser reescrito assim:

V (t ) = (1 + i )t m × ( A1 × (1 + i )−t 1 m
+ A2 × (1 + i )−t 2 ) m +  + An × (1 + i )−t n m
)

O resultado dentro do parêntese maior é o presente da série de capitais na data


zero, calculado com a taxa de juro i com período m, ou o valor equivalente da sé-
rie de capitais na data t = 0 representado com V(t = 0). Dessa maneira temos:

V(t) = (1 + i)t/m × V (t = 0)

Uma conclusão importante, conhecido o presente de uma série de capital va-


riável calculado com a taxa de juro i, o valor equivalente na data t dessa série pode
ser obtido como resultado do deslocamento do presente na data zero até a data t
considerando a mesma taxa de juro e obedecendo às regras dos juros compostos,
que correspondem ao primeiro procedimento de cálculo do Exemplo 8.6.

EXEMPLO 8.7. O financiamento será devolvido com as cinco parcelas mensais regis-
tradas no fluxo de capitais da tabela a seguir, valores e datas em meses contados a
partir do recebimento do financiamento na data zero. Antes de vencer a primeira
parcela, o devedor acertou com o financiador a devolução do valor financiado
num único pagamento no dia 15 do quarto mês depois de ter recebido o financia-
mento. Calcule o valor desse único pagamento com a taxa de juro de 4% ao mês.
Capítulo 8
SÉRIE DE CAPITAL VARIÁVEL
353

Meses Capitais

1 $300
2 $400

3 $400
4 $300

5 $350

SOLUÇÃO. Na data t = 3,5 meses o devedor deverá pagar $1.787,24, resultado obti-
do com:
V(t = 3,5) = $300 × (1 + 0,04)(3,5 – 1) + $400 × (1 + 0,04)(3,5 – 2) +
+ $400 × (1 + 0,04)(3,5 – 3) + $300 × (1 + 0,04)(3,5 – 4) +
+ $859 × (1 + 0,04)(3,5 – 5)
V(t = 3,5) = $1.787,2433

Esse resultado também pode ser obtido com a calculadora financeira HP-12C.
[f] [REG]
0 [g] [CFo] 300 [g] [CFj]
400 [g] [CFj] 2 [g] [Nj]
300 [g] [CFj] 350 [g] [CFj]
4 [i] [f] [NPV] → 1.557,9983 presente do fluxo de capitais
Para calcular o valor equivalente em t = 3,5 meses continuamos digitando:
1.04 [E] 3,5 [yx] [×] → 1.787,2433
Outra forma de obter esse resultado. A partir do resultado do presente conti-
nuamos digitando:
2 [n] [FV] → –1.787,2433 O sinal negativo deve ser desconsiderado.

EXEMPLO 8.8. O fluxo de capitais registrado na tabela a seguir se refere às parcelas de


devolução de um financiamento, valores e datas em dias contados a partir do rece-
bimento do financiamento. Depois de uma semana, o devedor acertou com o fi-
nanciador a devolução do valor recebido num único pagamento no dia 98 depois
de ter recebido o financiamento. Calcule o valor desse único pagamento com a
taxa de juro de 3,5% aos 30 dias.
354 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Dias Capitais

30 $500
61 $600

93 $700
122 $800

154 $859

SOLUÇÃO. Na data t = 98 dias o devedor deverá pagar $3.454,43, resultado obtido


com:
V(t = 98) = $500 × (1 + 0,035)(98 – 30)/30 + $600 × (1 + 0,035)(98 – 61)/30 +
+ $700 × (1 + 0,035)(98 – 93)/30 + $800 × (1 + 0,035)(98 – 122)/30 +
+ $859 × (1 + 0,035)(98 – 154)/30
V(t = 98) = $3.454,4341

PROBLEMAS
PROBLEMA 8.23
O financiamento será devolvido em quatro parcelas mensais, como está registrado
no fluxo de capitais da tabela a seguir, valores e datas em meses contados a partir do
recebimento do financiamento. Antes de vencer a primeira parcela, o devedor
acertou com o financiador a devolução do valor recebido num único pagamento
no final do primeiro mês depois de ter recebido o financiamento. Calcule o valor
desse único pagamento com a taxa de juro de 3,4% ao mês.

Meses Capitais

1 $1.300

2 $1.200
3 $1.500

4 $1.400

R: V(t = 1) = $5.129,90
PROBLEMA 8.24
Continuando com o Problema 8.23, calcule o valor desse único pagamento no fi-
nal do quarto mês, mantendo inalterados os dados restantes da operação.
R: V(t = 4) = $5.671,15
Capítulo 8
SÉRIE DE CAPITAL VARIÁVEL
355

PROBLEMA 8.25
A empresa deverá pagar as duplicatas cujos valores e datas de pagamento contados a
partir da data zero estão registrados na tabela a seguir. O gerente financeiro da em-
presa acredita que é melhor antecipar o pagamento do que manter o dinheiro em
aplicações correntes. Considerando a taxa de juro de 2,56% aos 30 dias, calcule
quanto a empresa deverá pagar na data zero.

DC Capitais

28 $10.420
60 $12.350
95 $13.620

R: V(t = 0) = $34.490,96
PROBLEMA 8.26
Continuando com o Problema 8.25, calcule o valor desse único pagamento no dia
60, mantendo inalterados os restantes dados da operação.
R: V(t = 60) = $36.278,98
PROBLEMA 8.27
A tabela a seguir contém os valores e as datas de pagamento contados a partir de
hoje, data zero, de cinco duplicatas. Considerando a taxa de juro de 3% aos 30 dias,
calcule quanto o devedor deverá pagar na data 92.

DC Capitais

35 $10.000

56 $38.000
88 $68.000
118 $77.000
142 $83.000

R: V(t = 92) = $272.280,90


PROBLEMA 8.28
Continuando com o Problema 8.27, calcule o valor desse único pagamento no dia
142, mantendo inalterados os dados restantes da operação.
R: V(t = 142) = $286.030,64
356 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMA 8.29
Na tabela a seguir deveriam estar registrados o valor financiado $20.000 e os valo-
res e as datas de pagamento de cinco duplicatas. Entretanto, por descuido, está fal-
tando o valor da última duplicata. Calcule o valor dessa duplicata com a taxa de
juro de 3% aos 30 dias.

DC Capitais DC Capitais

0 – $20.000 78 $5.400
42 $2.500 125 $6.660
65 $3.600 250 $X

R: X = $4.267,65
PROBLEMA 8.30
Continuando com o Problema 8.29. O devedor honrou as quatro primeiras dupli-
catas, porém, não pagou a quinta na data estabelecida. Sabendo que o devedor pa-
gou $4.395,68, calcule a data do quinto pagamento, mantendo inalterados os da-
dos restantes.
R: t = 280 dias
PROBLEMA 8.31
O fluxo de caixa anual do projeto de investimento está registrado na tabela a seguir.
Calcule o valor presente líquido –VPL na data zero considerando a taxa requerida de
juro de 12% ao ano.

Anos Capitais Anos Capitais

0 – $10.000 3 $3.300

1 $2.500 4 $4.200
2 $3.200 5 $6.000

R: V(t = 0) = $3.205,78
PROBLEMA 8.32
Continuando com o Problema 8.31. Outra forma de avaliação equivalente é o va-
lor futuro líquido – VFL no final do prazo do projeto, no final do quinto ano. Calcule
o VFL desse projeto de investimento, mantendo inalterados os dados restantes da
operação.
R: V(t = 5) = $5.649,67
Capítulo 8
SÉRIE DE CAPITAL VARIÁVEL
357

COMENTÁRIO
A conclusão importante até este momento é que, se for conhecido o valor equi-
valente V(t1) na data t1 de uma série de capital variável calculado com a taxa de
juro i, o valor equivalente V(tj) em qualquer outra data tj dentro ou fora do pra-
zo da série de capital variável pode ser obtido como resultado do deslocamento
de V(t1) da data t1 até a data tj considerando a mesma taxa de juro e obedecendo
às regras dos juros compostos. Se t1 for a data zero, o procedimento de cálculo é
mais fácil, pois pode-se utilizar a rotina de cash-flow da calculadora financeira
HP-12C. Como na série de capital variável estão incluídos os outros três tipos
de séries de capitais registrados na classificação das séries de capitais do Apêndice
6.1, deduzimos que a propriedade anterior também se verifica em qualquer tipo
de série de capitais.

VALOR PRESENTE LÍQUIDO


O fluxo de capitais de um projeto de investimento é geralmente formado por
um desembolso na data zero denominado capital investido e uma série de n re-
cebimentos ou retornos gerados por esse desembolso a partir da data um. O in-
vestimento pode ser avaliado comparando o capital investido com o presente da
série de retornos gerados por esse investimento utilizando uma certa taxa de
juro, denominada taxa requerida de juro.

EXEMPLO 8.9. A empresa desembolsará $1.000 para substituir o compressor de refri-


geração por um modelo mais moderno que gerará economias, pois serão evitadas
paradas frequentes de produção, e diminuirão o consumo de energia e o custo de
manutenção. O fluxo de capitais do investimento incluindo o desembolso para
compra e instalação do compressor na data zero e as economias anuais geradas du-
rante cinco anos estão registrados na tabela a seguir. Calcule o valor presente líqui-
do do investimento com a taxa requerida de juro de 12% ao ano.

Anos Capitais Anos Capitais

0 – $1.000 3 $350

1 $400 4 $300

2 $350 5 $250
358 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

SOLUÇÃO. A soma dos presentes dos cinco retornos é $1.217,80, resultado obtido
com:
P = A1 × (1 + i)–1 + A2 × (1 + i)–2 +  + A5 × (1 +i)–5
, −1 + $350 × 112
P = $400 × 112 , −2 + $350 × 112
, −3 + $300 × 112
, −4 + $250 × 112
, −5

P = $1.217,80
Como o presente dos cinco retornos anuais $1.217,80 na taxa requerida de juro de
12% ao ano é maior que o desembolso do investimento, $1.000, a substituição do
compressor deve ser realizada, pois o capital investido será recuperado e remunera-
do com a taxa requerida de 12% ao ano, e esse investimento gerará o lucro extra de
$217,80, medido na data zero do fluxo do investimento.

Se numa determinada taxa requerida de juro o presente da série de retornos


for maior que o capital investido, então o projeto deverá ser executado, caso con-
trário, não se deve recomendar esse investimento. 5 Para facilitar a decisão, a com-
paração entre o capital investido e o presente dos retornos é realizada com o valor
presente líquido ou VPL6, como mostra o diagrama de capitais da Figura 8.3.

VPL A1 A2 A3 An–1 An

i, período m
0 t1 t2 t3 tn–1 tn

A0

FIGURA 8.3 VPL do fluxo de capitais de um investimento.

Considerando a taxa requerida de juro i com período m e os capitais da série


informados com seus respectivos sinais, o cálculo do VPL do fluxo de capitais da
Figura 8.3 é realizado com:

5
O conceito de criação de valor foi antecipado no Capítulo 1 e será retomado no Capítulo 9.
6
Em inglês, Valor Presente Líquido - VPL é Net Present Value – NPV, código utilizado nas cal-
culadoras financeiras para identificar a rotina de cálculo do valor presente das séries de capitais.
Capítulo 8
SÉRIE DE CAPITAL VARIÁVEL
359

VPL = A0 + A1 × (1 + i )−t 1 m
+ A2 × (1 + i )−t 2 m
+  + An × (1+ i )−t n m

Nesse caso, em geral, a periodicidade dos capitais é uniforme e o período da


taxa de juro é igual à periodicidade dos capitais da série, sendo o VPL do inves-
timento calculado com:

VPL = A0 + A1 × (1 + i)–1 + A2 × (1 + i)–2 +  + An × (1 + i)–n

Uma característica importante do cálculo do VPL do fluxo de capitais do


investimento é que o investimento na data zero tem sinal negativo e os restantes
capitais do fluxo têm sinal positivo, pois são os retornos ou benefícios do inves-
timento.

EXEMPLO 8.10. Resolva o Exemplo 8.9 utilizando o VPL.


SOLUÇÃO. O VPL do investimento é $217,80, resultado obtido com:
VPL = A0 + A1 × (1 + i)–1 + A2 × (1 + i)–2 +  + A5 × (1 + i)–5
VPL = – $1.000 + $400 × 1,12–1 + $350 × 1,12–2 + $350 × 1,12–3 +
+ $300 × 1,12–4 + $250 × 1,12–5
VPL = $217,80
Como o VPL $1.217,80 na taxa requerida de juro de 12% ao ano é positivo, o ca-
pital investido será recuperado e remunerado com a taxa requerida de 12% ao ano,
e ainda esse investimento gerará o lucro extra de $217,80 medido na data de reali-
zação do investimento. Esse resultado também pode ser obtido com a calculadora
financeira HP-12C.
[f] [REG]
1000 [CHS] [g] [CFo]
400 [g] [CFj] 350 [g] [CFj]
350 [g] [CFj] 300 [g] [CFj] 250 [g] [CFj]
12 [i] [f] [NPV] → 217,80
360 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMAS
PROBLEMA 8.33
A tabela a seguir registra o fluxo de caixa anual do projeto de investimento. Cal-
cule o valor presente líquido desse projeto com a taxa requerida de juro de 14%
ao ano.

Anos Capitais Anos Capitais


0 – $10.000 3 $3.300
1 $2.500 4 $4.200
2 $3.200 5 $6.000

R: VPL = $2.485,63
PROBLEMA 8.34
Com a taxa requerida de juro de 16% ao ano, calcule o valor presente líquido do
projeto de investimento cujo fluxo de caixa está registrado na tabela a seguir. De-
pois, responda se esse investimento deveria ser executado.

Anos Capitais Anos Capitais


0 –$30.000 3 $8.200
1 $7.000 4 $9.000
2 $7.500 5 $12.000

R: Não, pois VPL = – $2.454,43


PROBLEMA 8.35
Repita o Problema 8.34 considerando a taxa requerida de juro de 10% ao ano.
R: Sim, pois VPL = $2.320,94
PROBLEMA 8.36
Repita o Problema 8.34 considerando a taxa requerida de juro de 12,73% ao ano.
R: VPL ≅ $0
PROBLEMA 8.37
Para manter-se no mercado, a empresa deverá rejuvenescer seus produtos líderes.
O gerente de novos investimentos realizou o estudo completo e concluiu que será
necessário investir $90.000 para gerar os retornos registrados no fluxo de caixa se-
mestral a seguir. Calcule o valor presente líquido do investimento com a taxa re-
querida de juro de 14% ao ano.
Capítulo 8
SÉRIE DE CAPITAL VARIÁVEL
361

Semestres Capitais Semestres Capitais

0 – $90.000 6 $18.000
1 $10.000 7 $18.000

2 $12.000 8 $20.000
3 $12.000 9 $20.000

4 $15.000 10 $22.000
5 $15.000

R: VPL = $19.989,99
PROBLEMA 8.38
O fluxo de caixa anual do projeto de investimento para o lançamento do novo
produto está registrado na tabela a seguir. O desembolso na data zero será utilizado
para construir um edifício, comprar e instalar equipamentos novos e treinar o pes-
soal. Calcule o VPL desse projeto com a taxa requerida de 10% ao ano.

Anos Capitais Anos Capitais

0 – $2.500.000 4 $750.000
1 $350.000 5 $750.000
2 $450.000 6 $800.000
3 $500.000 7 $1.000.000

R: VPL = $508.428,39
PROBLEMA 8.39
Continuando com o projeto do Problema 8.38. Depois de o projeto ser aprovado
para execução, suponha que, no momento de contratar a construção do prédio e
negociar a compra dos equipamentos, os preços são maiores que os estimados, o
que gera um aumento do valor do investimento, passando para $3.150.000. Man-
tendo inalterados os outros dados do projeto, calcule o novo VPL do projeto.
R: VPL = –$141.571,61
PROBLEMA 8.40
As reiteradas falhas do sistema de controle de peso das caixas com produto acabado
estão prejudicando as vendas da empresa. Para substituir o sistema de controle de
peso, será necessário comprar um novo sistema cujo custo total é de $120.000.
Com esse novo sistema será possível aumentar as vendas no valor de $60.000 por
ano. Calcule o valor presente líquido do investimento com a taxa requerida de juro
362 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

de 10% ao ano e considerando que a vida útil do sistema de controle de peso é de


cinco anos.
R: VPL = $107.447,21
PROBLEMA 8.41
Continuando com o Problema 8.40, calcule o valor das vendas anuais que provoca-
ria um valor presente líquido igual a zero, mantendo inalterados os dados restantes.
R: R = $31.655,70

TAXA INTERNA DE RETORNO


O procedimento de cálculo do valor presente líquido, VPL, de uma série de ca-
pitais é o mesmo que o do presente de uma série, apenas que o VPL identifica
que a série de capitais tem um capital na data zero. Uma característica importan-
te do resultado do VPL é que a taxa requerida de juro afeta o VPL, pois se a taxa
requerida diminui, o VPL aumenta, e vice-versa, se a taxa requerida aumenta, o
VPL diminui.

EXEMPLO 8.11. O fluxo de caixa do projeto de investimento está registrado na tabela


a seguir. Construa a tabela do VPL em função da taxa requerida de juro de 0% a
40% ao ano, com intervalo de 5%.

Anos Capitais Anos Capitais

0 ($10.000) 4 $3.500
1 $1.500 5 $4.500
2 $2.000 6 $5.000

3 $3.000 7 $6.000

SOLUÇÃO. A tabela do VPL em função da taxa de juro i é construída com:


VPL = – $10.000 + $1.500 × (1 + i)–1 + $2.000 × (1 + i)–2 +
+ $3.000 × (1 + i)–3 + $3.500 × (1 + i)–4 + $4.500 × (1 + i)– 5 +
+ $5.000 × (1 + i)–6 + $6.000 × (1 + i)–7
Capítulo 8
SÉRIE DE CAPITAL VARIÁVEL
363

o que inclui os dados do projeto de investimento e a taxa de juro i como variável


independente. Substituindo a taxa requerida i de 0% até 40% com intervalo de 5%
nessa expressão, obtêm-se os resultados registrados na tabela a seguir.

i VPL i VPL

0% $15.500 25% – $507


5% $10.235 30% – $1.868
10% $6.356 35% – $2.955
15% $3.445 40% – $3.834
20% $1.220

Os resultados da tabela do Exemplo 8.11 mostram que7 a taxa de juro tem


forte influência no VPL do investimento, pois se a taxa de juro diminui, o VPL
aumenta, e se a taxa de juro aumenta, o VPL diminui. Ao mesmo tempo, no in-
tervalo 20% e 25% da taxa de juro o VPL apresenta uma mudança de sinal, de
positivo para negativo, e nesse intervalo há uma taxa de juro que anula o VPL.
Essa taxa efetiva de juro é denominada taxa interna de retorno ou TIR. Dessa
maneira, a TIR do Exemplo 8.11 é um valor do intervalo entre 20% e 25%, mais
próxima de 25% que de 20%.
Uma conclusão importante: o VPL de uma série de capitais calculado com a
TIR é sempre igual a zero. Da mesma maneira, o futuro F na data do último re-
torno da mesma série de capitais é sempre nulo, quando calculado com a TIR.
De forma geral, como foi visto neste capítulo, o valor equivalente V(t) em qual-
quer data t de uma série de capitais é sempre nulo, quando calculado com a TIR.
O cálculo da taxa de juro i que anula o VPL não pode ser realizado com uma
fórmula, esse resultado deve ser obtido utilizando um procedimento de tentati-
va e erro, como foi mostrado no Capítulo 6 com a série uniforme e outras situa-
ções similares.

7
Essa análise é conhecida como análise de sensibilidade. Essa conclusão é válida somente para
séries de capitais com um investimento inicial com sinal negativo, e todos os restantes capitais
com sinal positivo, ou vice-versa.
364 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 8.12. Calcule a TIR do Exemplo 8.11.


SOLUÇÃO. A TIR do fluxo de capitais do Exemplo 8.11 é um valor entre 20% e
25% ao ano, sendo mais próxima de 25% do que 20% ao ano. A tabela a seguir re-
gistra os valores de VPL no intervalo de 22% a 25% da taxa de juro, com intervalo
de 1%.

i% VPL

22 $478,17
23 $133,77
24 ($194,24)
25 ($506,83)

Agora, a TIR se encontra entre 23% e 24%, mais próxima de 23 do que 24%. Um
resultado aproximado da TIR pode ser obtido por um dos dois procedimentos se-
guintes:
INTERPOLAÇÃO LINEAR. A interpolação linear é realizada no intervalo de valores da
taxa i que provocam a mudança no sinal do VPL. Dos resultados da tabela ob-
tém-se TIR = 23,41% com:
133,77
TIR = 23% + × 1%
133,77 + 194,24

TIR = 23,4078%

POR TENTATIVA E ERRO. Como a TIR se encontra entre 23% e 24% ao ano, mais
próxima de 23% do que 24%, realizando novas tentativas entre 23% e 24% com in-
tervalo de 0,1% se encontrará a mudança de sinal do VPL entre 23,4% e 23,5%. Em
continuação, realizando uma tentativa entre 23,4% e 23,5% com intervalo de
0,01% se encontrará a mudança de sinal do VPL entre 23,40% e 23,41%, a TIR
aproximada está mais próxima de 23,40% do que 23,41%. Esse procedimento
pode ser repetido realizando novas tentativas entre 23,40% e 23,41% com interva-
lo de 0,001%. Entretanto, neste momento preferimos adotar o resultado TIR =
23,40% ao ano.
Com a calculadora financeira HP-12C obtém-se o resultado exato da TIR igual
a 23,40%. O procedimento de cálculo da TIR com a HP-12C é o mesmo que o do
cálculo do VPL, exceto a última instrução.
Capítulo 8
SÉRIE DE CAPITAL VARIÁVEL
365

[f] [REG]
10000 [CHS] [g] [CFo]
1500 [g] [CFj] 2000 [g] [CFj]
3000 [g] [CFj] 3500 [g] [CFj]
4500 [g] [CFj] 5000 [g] [CFj]
6000 [g] [CFj]
[f] [IRR] → 23,40%

EXEMPLO 8.13. Calcule a TIR do investimento registrado na tabela a seguir com a


calculadora financeira HP-12C.

Dias Capitais Dias Capitais

0 ($1.700) 119 $380


28 $250 145 $550
62 $300 183 $420
100 $400

SOLUÇÃO. Com a calculadora financeira HP-12C obtém-se a TIR igual a 8,34%


aos 30 dias, desta forma:
[f] [REG]
1700 [CHS] [g] [CFo]
0 [g] [CFj ] 27 [g] [Nj] 250 [g] [CFj ]
0 [g] [CFj ] 33 [g] [Nj] 300 [g] [CFj ]
0 [g] [CFj ] 37 [g] [Nj] 400 [g] [CFj ]
0 [g] [CFj ] 18 [g] [Nj] 380 [g] [CFj ]
0 [g] [CFj ] 25 [g] [Nj] 550 [g] [CFj ]
0 [g] [CFj ] 37 [g] [Nj] 420 [g] [CFj ]
[f] [IRR] → 0,2674% O período desta TIR é diário. Continuando:
100 [÷] 1 [+] 30 [yx] 1 [–] 100 [×] → 8,3423% TIR aos 30 dias

COMENTÁRIO
O procedimento de cálculo utilizado no Exemplo 8.12 se fundamenta na defi-
nição da TIR, a taxa de juro que anula o VPL da série de capitais. Portanto, par-
tindo do VPL:

VPL = A0 + A1 × (1 + i)–1 + A2 × (1 + i)–2 +  + An × (1 + i)–n


366 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Como a TIR é a taxa de juro que anula o VPL da série de capitais, verifi-
ca-se:

A0 + A1 × (1 + TIR)–1 + A2 × (1 + TIR)–2 +  + An × (1 + TIR)–n = 0

A TIR é a taxa efetiva de juro do fluxo de capitais e daí surge que a soma de
todos os capitais do fluxo de capitais na data zero é sempre igual a zero. Essa
propriedade pode ser estendida para qualquer data t considerando que V (t) =
(1 + i)t × V (t = 0). Uma característica importante é que no cálculo da TIR há
pelo menos um capital com sinal diferente dos restantes capitais do fluxo, sendo
sinal positivo para as receitas e sinal negativo para os desembolsos. Contudo, an-
tes de realizar o cálculo da TIR, o leitor deverá ter o cuidado de verificar se os
capitais da série apresentam uma única mudança de sinal, por exemplo, fluxo de
capitais do tipo (–, +, +, ..., +) com um único desembolso de investimento na
data zero; ou (–, –, +, +, ..., +), (–,..., –, +, ..., +) com mais de um desembolso
de investimento, sempre a partir da data zero.8 O cálculo da TIR é bastante de-
morado quando realizado de forma manual, aplicando diretamente a fórmula
do VPL. Entretanto, com as calculadoras financeiras e o aplicativo Excel na maio-
ria dos casos será possível realizar essas aproximações de forma automática. Os
Apêndices deste capítulo “Cálculos com a HP-12C – Capítulo 8” e “Cálculos
com Excel – Capítulo 8”, que se encontram na página do livro na Internet,
mostram como utilizar essas ferramentas para realizar os cálculos deste capítulo.

PROBLEMAS
PROBLEMA 8.42
Calcule a TIR do fluxo de capitais registrado na tabela a seguir.

Anos Capitais Anos Capitais

0 ($5.000) 3 $1.500
1 $1.000 4 $2.000

2 $1.200 5 $2.200

R: TIR = 15% ao ano

8
Mais de uma mudança de sinal dos capitais pode gerar mais de uma TIR.
Capítulo 8
SÉRIE DE CAPITAL VARIÁVEL
367

PROBLEMA 8.43
Um eletrodoméstico no valor de $1.000 foi financiado em quatro prestações dife-
rentes com periodicidade de 30 dias, cujos valores e datas de ocorrência em dias
corridos estão registrados na tabela a seguir. Calcule a taxa efetiva de juro desse fi-
nanciamento.

DC Capitais DC Capitais

0 $1.000 90 ($300)
30 ($100) 120 ($500)
60 ($200)

R: TIR = 3,15% aos 30 dias


PROBLEMA 8.44
O investimento de $1.000 será recuperado com os retornos mensais e seguidos re-
gistrados na tabela a seguir. Calcule a TIR desse investimento.

Meses Capitais Meses Capitais

0 ($1.000) 3 $500
1 $100 4 $300
2 $200 5 $100

R: TIR = 6,16% ao mês


PROBLEMA 8.45
A tabela a seguir registra o fluxo de caixa do projeto de investimento para instala-
ção de um controlador automático de temperatura em substituição a um procedi-
mento de controle manual. Calcule a TIR desse projeto de investimento.

Semestres Capitais Semestres Capitais

0 ($4.500) 3 $1.500

1 $1.000 4 $2.000
2 $1.200 5 $2.200

R: TIR = 18,98% ao semestre


368 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMA 8.46
O empréstimo de $1.000 será devolvido em quatro prestações trimestrais e dife-
rentes registradas na tabela a seguir. Calcule a taxa de juro desse empréstimo

Anos Capitais Anos Capitais

0 $1.000 3 ($300)
1 ($100) 4 ($800)
2 ($200)

R: 10,96% ao trimestre
PROBLEMA 8.47
O investimento de $10.000 em propaganda gerará durante cinco meses o aumento
de lucro registrado na tabela seguinte. Primeiro calcule a taxa interna de retorno
desse investimento e, depois, calcule o valor presente líquido com a taxa requerida
de 5,6% ao mês.

Meses Capitais Meses Capitais

0 ($10.000) 3 $5.000
1 $1.000 4 $8.000
2 $2.000 5 $1.000

R: TIR = 17,59% ao mês e VPL = $4.181,28


PROBLEMA 8.48
A tabela seguinte registra o fluxo anual de capitais de um projeto de investimento.
Calcule a TIR e o VPL com a taxa requerida de 10,07% ao ano.

Anos Capitais Anos Capitais

0 ($15.000) 3 $3.500

1 $7.500 4 $1.500
2 $5.500

R: TIR = 10,07% ao ano. VPL = $0,00


Capítulo 8
SÉRIE DE CAPITAL VARIÁVEL
369

PROBLEMA 8.49
O investimento de $10.000 será recuperado com cinco retornos trimestrais segui-
dos e iguais a $2.500, sendo que o primeiro retorno será recebido no final do pri-
meiro trimestre depois do investimento. Calcule o valor da TIR.
R: TIR = 7,93% ao trimestre
PROBLEMA 8.50
Calcule a TIR da série de capitais registrada na tabela a seguir.

Dias Capitais Dias Capitais

0 ($2.500) 59 $1.400
30 $1.000 101 $1.200

R: TIR = 19,07% aos 30 dias


PROBLEMA 8.51
Calcule a TIR do fluxo de capitais da tabela a seguir.

DC Capitais DC Capitais

0 $100 31 ($60)
23 ($50) 85 ($70)

R: TIR = 48,09% aos 30 dias


PROBLEMA 8.52
O gerente financeiro recebeu do banco $48.800 pelo desconto das quatro duplica-
tas cujos valores e datas em dias corridos, contados a partir do recebimento do di-
nheiro, estão registrados na tabela a seguir. Calcule a taxa efetiva de juro dessa ope-
ração.

DC Capitais DC Capitais

32 $10.000 52 $13.500

46 $12.000 53 $18.000

R: TIR = 6,02% aos 30 dias


PROBLEMA 8.53
Calcule a taxa efetiva de juro com período de 30 dias da série de capitais da tabela a
seguir.
370 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

DC Capitais DC Capitais

0 $12.000 92 ($3.000)
30 ($1.000) 120 ($4.000)

60 ($2.000) 155 ($5.000)

R: TIR = 6,24% aos 30 dias


PROBLEMA 8.54
Calcule a TIR com período de 30 dias da série de capitais registrada na tabela a se-
guir.

DC Capitais DC Capitais

0 $10.000 101 ($2.800)


35 ($1.000) 120 ($4.000)
70 ($1.500) 172 ($6.000)

R: TIR = 10,90% aos 30 dias


PROBLEMA 8.55
No início do ano passado você investiu $100.000 em ações. Acompanhando o
mercado, conforme a tabela seguinte, foram realizadas duas subscrições e, no final
de 422 dias, contados a partir da data da compra das ações, as ações foram vendidas.
Calcule a TIR desse investimento.

Dias Valores Descrição

0 ($100.000) Compra de Ações


126 ($1.000) Subscrição de Ações

316 ($1.800) Subscrição de Ações


422 $166.500 Venda das Ações

R: TIR = 52,64% aos 365 dias

Observação: A calculadora HP-12C aceita até 99 capitais repetidos. Quando for neces-
sário informar mais de 99 capitais repetidos será necessário considerar tantos grupos de 99
capitais quantos sejam necessários, por exemplo, no caso de 125 capitais repetidos será ne-
cessário formar dois grupos tais como 99+26, ou 90+35, ou 65+60 etc., tomando o cui-
dado de não esgotar as vinte memórias disponíveis nessa calculadora.
Capítulo 8
SÉRIE DE CAPITAL VARIÁVEL
371

SALDO DEVEDOR
Quando calculado com a taxa efetiva igual à TIR, o valor equivalente V(t) em
qualquer data t de um fluxo de capitais é sempre nulo. A determinação do saldo
devedor numa data qualquer da série de capitais é facilitada com essa propriedade.

EXEMPLO 8.14. A compra no valor de $1.170,54 será paga em três parcelas mensais
seguidas, cujos valores estão registrados na tabela a seguir. Suponha que antes de
realizar o pagamento da primeira parcela, e no mesmo dia, o devedor mostre inte-
resse em liquidar a dívida. Calcule o saldo devedor nessa data considerando a taxa
efetiva de juro de 10% ao mês que foi utilizada no cálculo das parcelas.

Meses Capitais

0 $1.170,55
1 ($300)
2 ($450)
3 ($700)

SOLUÇÃO. O fluxo de capitais desse financiamento é completo, pois contém o va-


lor financiado e os pagamentos futuros com seus verdadeiros sinais. Como no cál-
culo das prestações foi utilizada a taxa efetiva, ou TIR, o valor equivalente V(t) des-
se fluxo de capitais na data t é nulo, qualquer que seja a data t. O cálculo do saldo
devedor antes do pagamento da primeira prestação e no mesmo dia pode ser feito
por diversos procedimentos, entretanto, utilizando a propriedade do valor equiva-
lente igual a zero, têm-se vantagens. Portanto:
— O valor equivalente da série de capitais na data de pagamento da primeira presta-
ção t = 1, considerando a taxa efetiva de 10% ao mês, é igual a zero, V (t=1) = 0.
— Em t = 1, o fluxo de capitais é dividido em duas partes, a primeira contendo to-
dos os capitais à esquerda de t = 1, e a segunda parte com todos os capitais à direi-
ta de t = 1. Nessa divisão, a primeira prestação pode ser incluída em qualquer
uma das duas partes anteriores. Nesse caso, decidimos incluir a primeira presta-
ção na segunda parte, junto com os capitais posteriores à data t = 1.

Considerando todos os capitais da série com seus verdadeiros sinais e do ponto de


vista do devedor, lembrando de considerar o verdadeiro sinal dos capitais, em t = 1
temos:
372 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

V (t=1) = 0 = futuro dos capitais anteriores a t = 1 mais


presente dos capitais posteriores a t = 1, incluindo o capital em t = 1

Os resultados dessas duas parcelas são:

— O futuro dos capitais anteriores a t = 1 é $1.287,60, obtido com:

$1.170,55 × (1 + 0,10) = $1.287,60

— O presente dos capitais posteriores a t = 1, incluindo a primeira prestação, é


– $1.287,60, obtido com:

–$300 – $450 × (1 + 0,10) –1 – $700 × (1 + 0,10) –2 = – $1.287,60

Portanto, o resultado da soma das duas parcelas é zero, ou o valor equivalente do


fluxo de capitais em t=1 é zero, como mostra:

V(t = 1) = $1.287,60 – $1.287,60 = $0

Finalmente, em t=1, antes do pagamento da primeira prestação e no mesmo dia, o


saldo devedor do financiamento é $1.287,60.

No Exemplo 8.14 se verifica que o valor equivalente V(t) em qualquer data


t de um fluxo de capitais é sempre nulo, quando calculado com a taxa efetiva de
juro ou TIR. Além disso, o saldo devedor em qualquer data t de uma série de ca-
pitais é igual ao presente nessa data t de todos os capitais que ocorrerão em datas
posteriores a t, que também é igual ao futuro nessa data t de todos os capitais que
ocorreram em datas anteriores a t, resultados iguais em valor absoluto, sem con-
siderar o verdadeiro sinal de cada resultado.

EXEMPLO 8.15. O financiamento de $5.000 foi realizado com taxa efetiva de juro de
15% e será devolvido em cinco parcelas anuais e seguidas registradas na tabela a se-
guir. Calcule o saldo devedor no final do terceiro ano e no mesmo dia depois de
pagar a terceira parcela com a taxa efetiva de 15% ao ano.
Capítulo 8
SÉRIE DE CAPITAL VARIÁVEL
373

Anos Capitais

0 ($5.000)
1 $1.000

2 $1.200
3 $1.500

4 $2.000
5 $2.198,98

SOLUÇÃO. No mesmo dia e depois de pagar a terceira parcela anual de $1.500 e do


ponto de vista do credor, o saldo devedor é de $3.401,88, resultado obtido com o
presente das últimas duas parcelas:

$2.000 × (1 + 0,15)–1 + $2.198,98 × (1 + 0,15)–2 = $3.401,88


O saldo devedor também é igual ao futuro de todos os capitais anteriores à
data t = 3 do fluxo de capitais do financiamento, cujo resultado é $3.401,88
com sinal negativo:

– $5.000 × (1 + 0,15)3 + $1.000 × (1 + 0,15)2 + $1.200 × (1 + 0,15)1 +


+ $1.500 = – $3.401,88

PROBLEMAS
PROBLEMA 8.56
Continuando com o Exemplo 8.14, calcule o saldo devedor depois do pagamen-
to da segunda prestação e no mesmo dia, aplicando a mesma taxa de juro de 10%
ao mês.
R: Saldo devedor = $636,36
PROBLEMA 8.57
Continuando com o Exemplo 8.14, suponha que o devedor recebeu um dinheiro
que não esperava e decidiu liquidar a dívida na data t = 2,5 meses. Sabendo que o
devedor tinha honrado as duas primeiras prestações, calcule o saldo devedor na
data t = 2,5 considerando a mesma taxa de juro de 10% ao mês.
R: Saldo devedor = $667,42
374 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMA 8.58
Continuando com o Exemplo 8.14. Calcule o saldo devedor em t = 4, fora do pra-
zo do financiamento, aplicando a mesma taxa de juro de 10% ao mês.
R: Saldo devedor = $0,00
PROBLEMA 8.59
A tabela a seguir registra a série de capitais anuais de um financiamento realizado
com taxa de juro de 7,066% ao ano. Calcule o saldo devedor no final do terceiro
ano e depois de pagar a terceira parcela, considerando a mesma taxa de juro.

Anos Capitais

0 ($12.000)
1 $2.000
2 $2.500
3 $3.000
4 $3.500
5 $4.000

R: Saldo devedor = $6.758,46

EQUAÇÃO DE VALOR EQUIVALENTE


Considerando a TIR da série de capital variável, o valor equivalente V(t) em
qualquer data t da mesma série de capitais é sempre nulo. O Exemplo 8.14 mos-
trou que descontar com a TIR na data t todos os capitais da série que ocorrerão
em datas posteriores a t é igual, em valor absoluto, a capitalizar com a TIR na
data t todos os capitais da série que já ocorreram em datas anteriores a t. A partir
do valor equivalente V(t) na data t da série de capital variável, obtém-se a TIR
estabelecendo a condição V(t)= 0, sendo que os capitais devem ser informados
com seus verdadeiros sinais.
V (t ) = 0

A0 × (1 + i )( t −t 0 ) m + A1 × (1 + i )( t −t 1 ) m +  + An × (1 + i )( t −t n ) m = 0

Portanto, atendendo a certas regras da equivalência seguinte, pode-se obter


qualquer variável do fluxo de capitais:
Capítulo 8
SÉRIE DE CAPITAL VARIÁVEL
375

0 = A0 × (1 + i )( t −t 0 ) m + A1 × (1 + i )( t −t 1 ) m +  + An × (1 + i )( t −t n ) m

Dessa maneira, essa equivalência é útil para estabelecer a equação de valor.

EXEMPLO 8.16. O cliente está propondo pagar o empréstimo de $1.000 em parcelas


mensais e de acordo com suas possibilidades definidas na tabela a seguir. Calcule a
prestação Y considerando a taxa de juro de 5% ao mês.

Meses Capitais

0 $1.000
1 ($200)
2 ($400)
3 Y
4 ($100)

SOLUÇÃO. Pode-se escolher qualquer data para aplicar a propriedade V(t) = 0, en-
tretanto a data t = 0 é prática. A equação de valor na data t = 0 é:

0 = $1.000 – $200 × (1 + 0,05)–1 – $400 × (1 + 0,05)–2 + Y × (1 + 0,05)–3 +


– $100 × (1 + 0,05)–4

Resolvendo essa equação, obtém-se o resultado de Y igual a – $421,89, desta forma:


Y × (1 + 0,05)–3 = – $1.000 + $200 × (1 + 0,05) + $400 × (1 + 0,05)–2
+ $100 × (1 + 0,05)–4
Y = – $364,4418 × (1 + 0,05)3 = – $421,887

PROBLEMAS
PROBLEMA 8.60
Verificando os procedimentos de aprovação de investimentos da empresa, o audi-
tor encontrou o fluxo de caixa incompleto registrado na tabela a seguir. Conside-
rando a taxa de juro de 5% aos 30 dias, calcule os valores dos dois capitais desco-
nhecidos (?), sabendo que o valor do capital da data 100 é o dobro do valor do capi-
tal da data 55.
376 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

DC Capitais DC Capitais

9 ($1.000) 75 $300
55 ? 90 $320

70 $250 100 ?

R: A55= $84,30 e A100= $168,61


PROBLEMA 8.61
Calcule os valores dos capitais desconhecidos (?) registrados na tabela a seguir.
Esses capitais são todos iguais e devolverão o financiamento de $10.000 recebido
na data zero considerando a taxa de juro de 10% aos 30 dias.

DC Capitais DC Capitais

0 ($10.000) 88 ?
30 ? 121 ?
62 ? 150 ?

R: A = $2.639,79
PROBLEMA 8.62
Continuando com o Problema 8.61. Como o tomador do empréstimo considerou
que o valor das prestações era alto, foi proposta a inclusão de um pagamento extra
de $3.000 na data 67, mantendo as cinco prestações iguais. Calcule o valor das no-
vas cinco prestações considerando o pagamento extra e a mesma taxa de juro de
10% aos 30 dias.
R: A67 = $1.999,69
PROBLEMA 8.63
Continuando com o Problema 8.61. Ainda não satisfeito com o novo plano de fi-
nanciamento, o tomador do empréstimo propõe pagar nas datas estabelecidas cin-
co prestações de $1.500 e o restante na data 180. Mantendo a taxa de juro de 10%
aos 30 dias, calcule o valor desse pagamento extra.
R: A180 = $7.649,14

COMENTÁRIO
No Capítulo 3, utilizamos a equação de valor equivalente sem preocupação dos si-
nais dos capitais, pois para a troca de grupo de obrigações não foi importante. Da
Capítulo 8
SÉRIE DE CAPITAL VARIÁVEL
377

mesma maneira, no Capítulo 6, apesar de ser uma série uniforme com dois capitais,
nessa operação há somente dois capitais e a determinação de um dos dois capitais
pode prescindir da utilização dos sinais dos capitais. Entretanto, no Capítulo 7 foi
mostrado que na operação com uma série uniforme simultaneamente com capitais
únicos tanto na data inicial como na data final da série uniforme se faz necessário
identificar os sinais dos capitais da operação. Nesse caso foi mostrado que a equação
de valor equivalente é o procedimento recomendado, pois os capitais da operação
participam com seus verdadeiros sinais. O mesmo ocorreu com a série com capitais
com valor e periodicidade de ocorrência variável apresentada neste capítulo. Na se-
quência dos temas do livro a equação de valor equivalente foi apresentada acompa-
nhando os conhecimentos e as necessidades de cada assunto desenvolvido. Mas,
para a maioria dos procedimentos de cálculo, recomendamos que o leitor lem-
bre-se e aplique a propriedade: a soma dos capitais em qualquer data t de um fluxo
de capitais é nula quando calculada com a taxa efetiva da operação.

VALOR EQUIVALENTE REVISADO


Esta revisão do valor equivalente mostrará a estreita relação desse conceito com
o valor presente líquido, a taxa interna de retorno, a construção da equação de
valor equivalente e a dedução das soluções possíveis dessa equação. Seja a série
de capital variável registrada na Figura 8.4.

V(t)
A2 An–1

i com período m
t0 t1 t2 t t3 tn–1 tn

A0 A1 A3 An

FIGURA 8.4 Valor equivalente na data t da série de capital variável.

O valor equivalente V(t) em qualquer data t dessa série de capital variável


considerando a taxa de juro i com periodicidade m e informando os capitais com
seu verdadeiro sinal é:
378 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

t − t0 t − t1 t − t2 t − tn
V (t ) = A0 × (1 + i ) m + A1 × (1 + i ) m + A2 × (1 + i ) m  + An × (1 + i ) m

Se t0= 0, o valor equivalente V (t) em t também se pode reescrever como:

V (t ) = (1 + i )t m
× ( A0 + A1 × (1 + i )−t 1 m
+ A2 × (1 + i )−t 2 m
+  + An × (1 + i )−t n m
)

O resultado dentro dos parênteses maior dessa expressão é o valor equiva-


lente V(t=0) na data zero da série de capitais, calculado com a taxa de juro i
com período m.
− t2 m − tn m
V (t = 0 ) = A0 + A1 × (1 + i )−t 1 m
+ A2 × (1 + i ) +  + An × (1 + i )

Dessa maneira, a expressãoV (t) em t passa a ser:

V(t) = (1 + i)t/m × V (t = 0)

Portanto, conhecido o valor equivalente V(t = 0) na data t = 0 de uma série


de capital variável calculado com a taxa efetiva de juro i com período m, o valor
equivalente dessa série V(t) em qualquer data t é obtido como resultado do des-
locamento do valor equivalente V(t = 0) da data zero até a data t considerando a
mesma taxa de juro e obedecendo às regras dos juros compostos.

VALOR PRESENTE LÍQUIDO


O valor equivalente V(t = 0) na data t = 0, série de capital variável registrada na
Figura 8.4, é:

V (t = 0 ) = A0 + A1 × (1 + i )−t 1 m
+ A2 × (1 + i )−t 2 m
+  + An × (1 + i )−t n m

Observe que se A0 for um desembolso, por exemplo, um investimento, e os


capitais restantes da série forem retornos provocados por esse investimento, en-
tão o valor equivalente V(t = 0) na data t = 0 dessa série de capitais calculado
com a taxa de juro i com período m é o valor presente líquido VPL dessa série de
capitais calculado com a mesma taxa de juro i informando os capitais com seu
verdadeiro sinal.
Capítulo 8
SÉRIE DE CAPITAL VARIÁVEL
379

TAXA INTERNA DE RETORNO


A taxa efetiva de juro que anula o VPL da série de capitais é denominada taxa
interna de retorno, ou TIR. Para calcular a TIR, é estabelecida essa condição no
valor equivalente V(t = 0), informando os capitais com seu verdadeiro sinal.

V (t = 0 ) = 0
−t 1 m −t 2 m
A0 + A1 × (1 + i ) + A2 × (1 + i ) +  + An × (1 + i )−t n m = 0

O objetivo é encontrar a taxa efetiva i com período m que anule o resultado


do primeiro membro dessa expressão, taxa efetiva denominada TIR. Ao mesmo
tempo, considerando a propriedade V(t) = (1 + i) t/m × V (t = 0), pode-se afirmar
que o valor equivalente V(t) em qualquer data t de um fluxo de capitais é sempre
nulo quando calculado com a taxa efetiva ou TIR dessa série de capitais. Ou, de
outra maneira, a soma dos capitais em qualquer data t de um fluxo de capitais é
nula quando calculada com a TIR, que é a taxa efetiva da operação. Para o cál-
culo da TIR, os capitais da série devem apresentar uma única mudança de sinal,
por exemplo, do tipo (–, +, +, ..., +) com um único desembolso de investimen-
to na data zero; ou (–, –, +, +, ..., +), (–, ..., –, +, ..., +) com mais de um desem-
bolso de investimento, sempre a partir da data zero. Também podem ser do tipo
(+, –, –, ..., –) ou (+, +, –, –, ..., –), (+, ..., +, –, ..., –).

EQUAÇÃO DE VALOR EQUIVALENTE


Para construir a equação de valor equivalente de qualquer série de capitais de-
ve-se lembrar de que a soma dos capitais em qualquer data t de um fluxo de ca-
pitais é nula quando calculada com a taxa efetiva da operação, que é a TIR. Essa
propriedade inclui duas premissas: os capitais são informados com seu verdadei-
ro sinal, o que resulta numa soma algébrica, e se atende às regras dos juros com-
postos. De forma geral, para construir a equação de valor equivalente na data t,
deve-se estabelecer a condição baseada na Figura 8.4:

t − t0 t − t1 t − t2 t − tn
V (t ) = A0 × (1 + i ) m + A1 × (1 + i ) m + A2 × (1 + i ) m +  + An × (1 + i ) m

Se essa condição for estabelecida em t = t0 = 0 temos:

A0 + A1 × (1 + i )−t 1 m
+ A2 × (1 + i )−t 2 m
+  + An × (1 + i )−t n m
=0
380 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Da equação de valor equivalente, pode-se calcular qualquer variável da sé-


rie de capitais atendendo a certas regras, como:

— Cálculo da taxa efetiva de juro i com período m, ou TIR. Siga um dos


procedimentos do Exemplo 8.12 com prévia verificação de que os capi-
tais apresentam uma única mudança de sinal.
— Cálculo de um capital qualquer da série de capitais. Entretanto, para de-
terminar mais de um capital da série, será necessário resolver um sistema
com tantas equações quantos capitais incógnitos. Uma das equações é a
própria equação da equivalência, e as restantes equações serão obtidas es-
tabelecendo uma relação entre os capitais da série, como se mostra na se-
ção “Cálculo dos Capitais da Série de Capital Variável”, a seguir.
— Cálculo da data de ocorrência de um capital qualquer da série de capitais.
Entretanto, para determinar mais de uma data de ocorrência dos capitais
da série, será necessário resolver um sistema com tantas equações quantas
datas incógnitas. Uma das equações é a própria equação da equivalência,
e as equações restantes serão obtidas estabelecendo uma relação entre as
datas de ocorrência dos capitais da série, tema não desenvolvido no livro.

COMENTÁRIO
No Comentário do Capítulo 7 foi mostrado que na operação com série unifor-
me e capitais únicos P e F, é necessário identificar os sinais de todos os capitais
da operação, estabelecendo a equação de valor equivalente igual a zero na data
zero da operação. Considerando a série uniforme com capitais antecipados Apos
e capitais postecipados Aant, temos:

1 − (1 + i )− n
P + A pos × + F (1 + i )− n = 0
i

1 − (1 + i )− n
P + Aant × (1 + i ) × + F × (1 + i )− n = 0
i

Devido à data de ocorrência do primeiro capital da série uniforme, é neces-


sário estabelecer duas equações de valor equivalente, uma para cada tipo de sé-
rie, considerando que uma série uniforme pode ser obtida da outra, proprieda-
de mostrada no Capítulo 6. Nesse comentário foi mostrado que, se F = 0, as
Capítulo 8
SÉRIE DE CAPITAL VARIÁVEL
381

duas últimas equivalências se transformam nas equivalências da amortização da


série uniforme. E se P = 0, e depois de realizar algumas manipulações algébricas,
as duas últimas equivalências se transformam nas equivalências da capitalização
da série uniforme. Em termos práticos, foi recomendado que essas equivalên-
cias sejam utilizadas para resolver a maioria dos problemas com série uniforme
utilizando uma única equação de valor equivalente para cada tipo de série
uniforme. Ainda foi mostrado que se Apos= 0 ou Aant= 0, temos a equivalên-
cia P + F × (1 + i)–n = 0, desenvolvida no Capítulo 3.
Na seção anterior deste capítulo foi deduzida a equação de valor equivalen-
te na data t = 0 da série de capital variável. Se os capitais da série de capital variá-
vel ocorrerem com a mesma periodicidade, e igual ao período da taxa de juro,
essa equivalência passa a ser:

A0 + A1 × (1 + i)–1 + A2 × (1 +i)–2 +  + An × (1 + i)–n = 0

Como a série de capital variável representa todas as séries de capitais, unifor-


mes ou não, em vez de utilizar as duas equações com a série uniforme, pode-se
utilizar a última equação de valor equivalente para resolver a maioria dos pro-
blemas de Matemática Financeira no regime de juros compostos com série uni-
forme, sem necessidade de identificar o tipo de série uniforme, e incluindo os
capitais únicos P e F. Também é possível utilizar a equação com periodicidade
não-uniforme que a seguir se repete:

A0 + A1 × (1 + i )−t 1 m
+ A2 × (1 + i )−t 2 m
+  + An × (1 + i )−t n m
=0

Agora, com essa equação de valor equivalente, pode-se resolver a maioria


dos problemas de Matemática Financeira no regime de juros compostos sem
necessidade de identificar o tipo de série uniforme e incluindo a operação com
dois capitais do Capítulo 3. Podemos dizer que toda a matemática financeira no
regime de juros compostos e taxa efetiva de juro está representada pela última
equação de valor equivalente.

CÁLCULO DOS CAPITAIS DA SÉRIE DE CAPITAL VARIÁVEL


Até este momento, os temas com a série de capital variável trataram da determi-
nação do presente da série, do valor equivalente em qualquer data t e da taxa in-
terna de retorno. Agora é o momento de tratar da determinação dos capitais
382 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

dessa série quando os restantes dados são conhecidos. Repetindo a equação de


valor equivalente na data zero:

A0 + A1 × (1 + i )−t 1 m
+ A2 × (1 + i )−t 2 m
+  + An × (1 + i )−t n m
=0

Denominamos P o capital inicial A0 que neste tipo de cálculo é conhecido e


ocorre na data zero:

P + A1 × (1 + i )−t 1 m
+ A2 × (1 + i )−t 2 m
+  + An × (1 + i )−t n m
=0

Começamos com o Exemplo 8.17, que trata de uma série com capitais uni-
formes, porém com periodicidade variável.

EXEMPLO 8.17. Foram financiados $3.000 que serão devolvidos em quatro presta-
ções iguais com vencimento em 32, 65, 95 e 120 dias da data de assinatura do con-
trato. Calcule o valor das prestações considerando a taxa de financiamento de 2,5%
aos 30 dias.
SOLUÇÃO. Na equivalência do presente de uma série de capital variável que é repe-
tida:
P + A 1 × (1 + i ) −t 1 m
+ A2 × (1 + i ) −t 2 m
+  + A n × (1 + i ) −t n m
=0

Substituindo os dados considerando que os capitais da série são iguais:

$3.000 + A × (1025
, − 32 30 + 1025
, − 65 30 + 1025
, − 95 30 + 1025
, − 120 30 ) =0
$3.000 + A × 3,752647 = 0

As quatro prestações são iguais a $799,44, resultado obtido com:

− $3.000
A=
3,752647

A = − $799,4358
Capítulo 8
SÉRIE DE CAPITAL VARIÁVEL
383

Verifique que os capitais da série do Exemplo 8.17 ocorrem sem nenhuma


periodicidade e que o resultado 3,752647 é o presente de uma série de quatro
capitais seguidos e iguais a $1, considerando as datas de ocorrência dos capitais
32, 65, 95 e 120 dias da data zero e a taxa de juro 2,5% aos 30 dias. Ainda, o re-
sultado foi obtido com sinal negativo porque se trata de desembolsos futuros
para devolver o financiamento de $3.000, com sinal positivo na equação.
O procedimento de cálculo no Exemplo 8.17 foi facilitado, pois os quatro
capitais da série são iguais. A seguir é desenvolvido um procedimento geral que
começa por repetir a equação de valor equivalente na data zero.

P + A1 × (1 + i )−t 1 m
+ A2 × (1 + i )−t 2 m
+  + An × (1 + i )−t n m
=0

Considerando como incógnitas os n capitais A1, A2, , An da série, será ne-


cessário resolver um sistema com n equações, pois há n incógnitas. Entretan-
to, até este momento somente dispomos da equação da equivalência. As ou-
tras (n – 1) equações serão obtidas estabelecendo uma relação de proporcionali-
dade entre os capitais da série de capital variável. Uma forma de relacionar pro-
porcionalmente os capitais entre si é escolher um deles como referência. Por
exemplo, escolhendo o primeiro capital da série A1 como referência e definin-
do os coeficientes c2, c3, ..., cn que podem assumir qualquer valor dentro do cam-
po dos números reais, temos:

⎧ A2 = c 2 × A1
⎪A = c × A
⎪ 3 3 1

⎪
⎪⎩ An = c n × A1

Incluindo a equação de valor equivalente formamos o sistema de n equações


com n incógnitas:

⎧P + A1 × (1 + i )−t 1 m
+ A2 × (1 + i )−t 2 m
+  + An × (1 + i )−t n m
=0

⎪⎪ A2 = c 2 × A1
⎨ A3 = c 3 × A1
⎪

⎩⎪ An = c n × A1
384 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Substituindo as (n – 1) relações dos capitais na equação de valor equivalente:

P + A1 × (1 + i )−t 1 m
+ c 2 × A1 × (1 + i )−t 2 m
+  + c n × A1 × (1 + i )−t n m
=0

Pondo em evidência a incógnita A1:

P + A1 × [(1 + i )−t 1 m
+ c 2 × (1 + i )−t 2 m
+  + c n × (1 + i )−t n m
]=0

Como o resultado da soma das parcelas entre os colchetes é um coeficiente


definido pelos dados do problema, o primeiro capital A1 da série de capital va-
riável é:
−P
A1 = −t 1 m −t 2 m
(1 + i ) + c 2 × (1 + i ) +  + c n × (1 + i )−t n m

Os restantes capitais da série são calculados de A1 e das relações de propor-


cionalidade estabelecidas, que a seguir são repetidas:

⎧ A2 = c 2 × A1
⎪A = c × A
⎪ 3 3 1

⎪
⎪⎩ An = c n × A1

EXEMPLO 8.18. O financiamento de $3.500 será devolvido em quatro parcelas com


vencimentos a 32, 60, 93 e 125 dias da data do recebimento do financiamento,
sendo que as parcelas crescerão 10% por parcela em relação à primeira. Calcule as
parcelas considerando a taxa de juro de 6% aos 30 dias.
SOLUÇÃO. Começamos por registrar a equação de equivalência:

, −32
$3.500 + A 1 × [ 106 30 + 110 , − 60
, × 106 30 , − 93
+ 1,20 × 106 30 +
− 125 30
+ 130
, × 106
, ]=0
O resultado da soma das parcelas dentro dos colchetes é o presente da série de qua-
tro parcelas seguidas, sendo a primeira A1=$1 e as restantes com crescimento linear
de 10% por parcela com relação à primeira parcela A1. Considerando a taxa de juro
6% aos 30 dias, o resultado dessa soma é 3,9401 e o valor da primeira parcela é A1=
– $888,3023, resultado obtido com:
Capítulo 8
SÉRIE DE CAPITAL VARIÁVEL
385

$3.500 + A1 × 3,9401 = 0
−$3.500
A1 = = −$888,3023
3,9401

Finalmente, as quatro parcelas desse financiamento são:

⎧ A1 = −$888,3023
⎪A = 11
, × ( −$888,3023 ) = −$977,3026
⎪ 2

⎪ A3 = 1,2 × ( −$888,3023 ) = −$1065
. ,9628
⎪⎩ A4 = 13
, × ( −$888,3023 ) = −$11. 54,7930

A série de capitais do Exemplo 8.18 forma uma série de capital variável em


progressão aritmética com taxa de crescimento de 10% por parcela em relação à
primeira, porém com periodicidade variável.

EXEMPLO 8.19. Uma loja de departamentos lançará um plano de financiamento


com quatro prestações crescentes. Considerando a taxa de financiamento de 4,80%
ao mês, calcule os valores das prestações sabendo que elas crescerão 7% por presta-
ção com relação à prestação anterior.
SOLUÇÃO. Começamos por registrar a equação de equivalência considerando que
será financiada uma unidade de capital $1:
−3
−1 −2
$1 + A 1 × [ 1048
, + 107
, × 1048
, + 107
, 2 × 1048
, , 3 × 1,048 −4 ] = 0
+ 107
O resultado da soma das parcelas dentro dos colchetes é o presente da série de qua-
tro parcelas seguidas, sendo a primeira A1 = $1 e as restantes com crescimento geo-
métrico de 7% por parcela com relação à parcela anterior. Considerando a taxa de
juro de 4,80% ao mês, o resultado dessa soma é 3,93867 e o valor da primeira par-
cela é A1= – $0,25389281, resultado obtido com:
$1 + A1 × 3,93867 = 0
$1
A1 = − = $0,25389281
3,93867
E os valores das restantes prestações são:

⎧A1 = −$0,25389281
⎪⎪ A = −$0,27166531
2

⎪ 3A = −$0,29068188
⎪⎩ A 4 = −$0,31102961
386 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMAS
PROBLEMA 8.64
O financiamento de $10.000 será devolvido em quatro prestações mensais, ven-
cendo a primeira um mês depois da data da assinatura do contrato e as prestações
restantes nos meses seguintes até completar a última. Calcule as parcelas, que cres-
cem 10% por parcela com relação à primeira e considerando a taxa de financia-
mento de 4% ao mês.
R: A1 = – $2.405,8703
PROBLEMA 8.65
O empréstimo de $12.000 será devolvido em cinco parcelas iguais e mensais, ven-
cendo a primeira um mês depois do recebimento do empréstimo. Calcule as par-
celas considerando a taxa de financiamento de 5,3% ao mês.
R: A1 = – $2.794,7273
PROBLEMA 8.66
Repita o Problema 8.65 considerando que as parcelas crescem 10% por parcela
com relação à primeira parcela, mantendo inalterados os restantes dados do
problema.
R: A1 = – $2.349,1641; A5 = – $3.288,8297
PROBLEMA 8.67
Repita o Problema 8.65 considerando que as parcelas crescem 10% por parcela so-
bre o valor da parcela anterior (crescimento exponencial), mantendo inalterados os
restantes dados.
R: A1 = – $2.311,4431; A5 = – $3.384,1839
PROBLEMA 8.68
Repita o Problema 8.65 considerando que as parcelas crescem 10% por parcela
com relação ao valor da primeira parcela, porém o pagamento das parcelas tem ca-
rência de três meses, a primeira parcela será paga no final do quarto mês depois do
recebimento do empréstimo.
R: A1 = – $2.742,7945; A5 = – $3.839,9122
PROBLEMA 8.69
Uma aplicação de $10.000 será resgatada em seis parcelas mensais e seguidas. Con-
siderando a taxa de juro de 2,8% ao mês, calcule as parcelas sabendo que as parcelas
crescerão 20% sobre o valor da parcela anterior.
R: A1= $1.124,1513; A6= $2.797,2481
Capítulo 8
SÉRIE DE CAPITAL VARIÁVEL
387

PROBLEMA 8.70
Continuando com o Problema 8.69, calcule as parcelas sabendo que esses valores
crescerão 20% por parcela com relação ao valor da primeira parcela.
R: A1 = $1.476,5378; A6 = $2.214,8067
PROBLEMA 8.71
Continuando com o Problema 8.69, calcule o valor dos capitais de uma série uni-
forme equivalente com o mesmo número de capitais e taxa de juro.
R: A1= $1.833,7857
PROBLEMA 8.72
Uma loja de departamentos lançará um plano de financiamento com cinco presta-
ções decrescentes. Considerando a taxa de financiamento de 4,80% ao mês, calcule
as prestações sabendo que decrescerão 10% por prestação com relação à primeira.
R: A1 = $0,283808713; A5 = $0,170285228 por $1,00 financiado
PROBLEMA 8.73
Uma empresa concordou em devolver o empréstimo de $100.000 em cinco pres-
tações iguais com vencimento em 32, 65, 93, 123 e 150 dias da data do recebimen-
to do dinheiro. Considerando a taxa de juro de 5,75% aos 30 dias, calcule o valor
das prestações.
R: A1 = – $23.696,12095
PROBLEMA 8.74
Repita o Problema 8.73 considerando que as prestações têm crescimento expo-
nencial de 10% por prestação, mantendo inalterados os dados restantes.
R: A1 = – $19.610,53478; A5 = – $28.711,78397
Capítulo 9

Avaliação de Projetos
de Investimento

Os administradores da empresa aplicam suas habilidades técnicas e pessoais para


transformar ideias e capital em produtos e serviços com o objetivo de criar valor
para a empresa, ou, de outra maneira, gerar suficiente lucro para remunerar o
capital e continuar crescendo. Para conseguir crescer, é necessário realizar in-
vestimentos estratégicos de longo prazo, como o investimento em expansão lo-
cal e geográfica, modernização tecnológica, lançamento de novos produtos, di-
versificação, substituição de equipamentos e sistemas, desenvolvimento de pes-
soal etc. Antes de o investimento ser executado, todas as pesquisas, análises qua-
litativas e quantitativas, avaliação financeira, resultados e justificativas fazem
parte de um projeto de investimento utilizado para suportar a decisão de investir.
Este capítulo desenvolve as técnicas mais importantes de avaliação de projetos e
os critérios de decisão dos investimentos numa empresa, procedimentos que
também podem ser aplicados em decisões pessoais.
Para fornecer produtos e serviços, a empresa necessita de instalações ade-
quadas e, antes disso, necessita de capital fornecido por acionistas e/ou financia-
dores que trocam seu capital por ações, debêntures etc. Esse capital é utilizado
para construir as instalações necessárias que fornecerão os produtos ou serviços
de acordo com seu ramo de negócio e com padrões especificados pela empresa
ou exigidos pelo mercado. Nessa sequência, a geração de produtos ou serviços
provoca custos, saídas de dinheiro e a necessidade de dinheiro para pagar a ma-
téria-prima, a mão de obra, as utilidades consumidas como água, energia elétri-
ca etc., o pagamento de impostos e outras despesas típicas da atividade. Ao mes-
390 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

mo tempo, a venda dos produtos ou serviços gera entradas de dinheiro prove-


nientes dos recebimentos das vendas. A defasagem entre as datas de entradas e
saídas de dinheiro, a necessidade de manter estoque de matérias-primas e pro-
dutos acabados, o financiamento das vendas e outras necessidades de capital for-
mam o capital de giro da empresa. É importante notar que o resultado dessas de-
cisões afetará o desempenho da empresa por um longo tempo. Nessa breve des-
crição do funcionamento da empresa podem ser detectados diversos riscos pro-
venientes, por exemplo, da escolha do produto ou serviço a fornecer ao merca-
do, do investimento necessário para gerar esse produto ou serviço, da tecnolo-
gia escolhida para produzir etc. Se as decisões foram acertadas, então o resultado
da empresa será o esperado durante a fase de projeto; caso contrário, os adminis-
tradores deverão tomar novas decisões, considerando que o capital da empresa
foi comprometido em longo prazo.

TIPOS DE PROJETOS DE INVESTIMENTO


A decisão de investimento é uma das mais importantes da empresa, pois com-
promete seu capital durante um longo prazo e afeta seus resultados futuros,
como de seus acionistas, sendo em geral uma decisão difícil de reverter. Os tipos
de projetos que uma empresa em operação geralmente enfrenta podem ser
agrupados como segue.1

PROJETO DE SUBSTITUIÇÃO
Periodicamente, é necessário realizar substituições de equipamento ou sistema
por outro equivalente, devido ao aumento de manutenção, fim da vida útil etc.
É uma decisão rotineira de manutenção para garantir que a empresa continue
operando, e não exige maiores detalhes das estimativas do projeto, pois o risco
desse investimento é baixo. Há também a substituição de equipamento ou de
sistema ou de processo obsoleto com o objetivo de reduzir custos operacionais.
Nesse caso, o projeto exige estimativas mais detalhadas em relação ao projeto de
substituição anterior. O risco desse investimento poderá ser maior do que o an-
terior, pois poderá mudar a tecnologia, os custos, a qualidade dos produtos, o
volume de produção e, possivelmente, as receitas.

1
A maioria dos temas deste capítulo é de J. C. Lapponi. Projetos de Investimento – Construção
e Avaliação do Fluxo de Caixa, 2000.
Capítulo 9
AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTO
391

PROJETO DE EXPANSÃO
A expansão pode ser necessária para atender o crescimento natural de vendas, sendo
o risco desse projeto maior que o de substituição. Também a expansão pode ser
provocada pela demanda esperada pelo aumento de novos pontos de venda, novos
distribuidores etc. Essa necessidade de expansão pode ter sido detectada numa pes-
quisa de mercado orientada para estimular o aumento de vendas. O risco dessa ex-
pansão é maior que o de atender o aumento natural de vendas.

PROJETO DE LANÇAMENTO DE PRODUTOS


O sucesso dos produtos vendidos numa determinada região pode induzir a lan-
çar esses produtos em outras regiões ainda não atendidas, nacional e internacio-
nalmente. As estimativas desse tipo de projeto são mais difíceis que as dos inves-
timentos anteriores. Também há o lançamento de novos produtos na própria
região. As estimativas desse tipo de projeto são mais difíceis e o risco é maior
que o dos projetos anteriores, pois a decisão será suportada com estimativas de
pesquisas de mercado.

PROJETO PARA SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE


São investimentos denominados obrigatórios, que exigem desembolsos para
atender exigências legais governamentais, de meio ambiente, acordos traba-
lhistas ou cláusulas de seguros e, em geral, não provocam novas receitas.
Entretanto, embora sejam investimentos obrigatórios, esses projetos devem
ser avaliados.

PROJETO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO


Em algumas empresas, este tipo de projeto é o maior e mais importante desem-
bolso que poderá mudar o futuro da empresa. Como o fluxo de caixa que gerará
é bastante incerto, a avaliação dos resultados é mais difícil. Uma forma é alocar
uma quantidade de dinheiro para um ou mais projetos de desenvolvimento, rea-
lizando avaliações com técnicas de Árvores de Decisão e Opções Reais, temas
não tratados neste livro.
392 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

FLUXO DE CAIXA DO PROJETO PARA A EMPRESA


Investir é realizar um desembolso de dinheiro esperando receber benefícios fu-
turos. Entretanto, como geralmente esse dinheiro está investido gerando tam-
bém benefícios, o benefício futuro do novo investimento deverá ser melhor
que o do anterior. Em vez de procurar o melhor investimento, é estabelecido o
objetivo de modo que o investimento crie valor para a empresa. Dessa maneira,
para manter a empresa operando de forma saudável e crescendo, seus adminis-
tradores devem investir em projetos que criem valor, como é mostrado no
Apêndice “Criação de Valor” do Capítulo 1, que se encontra na página do livro
na Internet. Por isso, o objetivo dos administradores da empresa é maximizar
seu valor dentro de restrições técnicas, éticas e legais. Definido o projeto, a fase
mais importante é a determinação das estimativas relevantes do investimento,
das receitas e dos custos que definirão o fluxo de caixa do projeto. As estimativas
relevantes são determinadas detectando e medindo as mudanças monetárias que
o novo investimento provocará nos resultados da empresa. As estimativas mo-
netárias, as melhores possíveis de acordo com o tempo disponível, o empenho
dedicado e o dispêndio de dinheiro realizado para isso formam o fluxo de caixa
do projeto para a empresa.2
De forma geral, as estimativas relevantes do fluxo de caixa do projeto de in-
vestimento podem ser realizadas de duas formas diferentes. Se o fluxo de caixa
for definido em moeda corrente, as estimativas relevantes das receitas e dos cus-
tos deverão incluir os efeitos da indexação futura, aplicando os índices de preços
adequados. De outra maneira, as estimativas de cada ano dependem do tempo,
pois deverão ser realizadas com os valores correntes dos anos futuros. Entretan-
to, se o fluxo de caixa for definido em moeda constante, as estimativas relevan-
tes das receitas e dos custos etc. não incluirão os efeitos da indexação futura. As
estimativas de cada ano não dependem do tempo, é como se todas fossem reali-
zadas no ano zero. O Exemplo 9.1 mostra a construção do fluxo de caixa de um
projeto de investimento considerando que as estimativas relevantes são conhe-
cidas e foram estimadas em moeda constante e serão remuneradas com a taxa
real de juro, como foi mostrado no Capítulo 4 e em exemplos dos Capítulos 6 e
7. O fluxo de caixa desse exemplo é posteriormente utilizado na apresentação
dos métodos de avaliação de projetos.

2
Há outros tipos de fluxo de caixa, por exemplo, o fluxo de caixa para o acionista. Nesse caso, a
taxa requerida também é diferente.
Capítulo 9
AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTO
393

EXEMPLO 9.1. A empresa é uma tradicional produtora e vendedora de arroz nacio-


nal e sempre acompanhou a evolução de seu produto quanto aos tipos de apresen-
tação seguindo tendências mundiais, porém mantendo sempre o arroz puro sem
adição de complementos como, por exemplo, legumes, condimentos etc. Paula, a
diretora da empresa que responde pela área de comercialização, incluindo marke-
ting e vendas, tem mostrado ao presidente e dono da empresa uma nova área de
oportunidade com maior valor agregado para o produto arroz, uma nova linha for-
mada de dois produtos de arroz: preparação instantânea e risotos. Essa recomenda-
ção está suportada pelos resultados de venda desses dois tipos de produtos importa-
dos pela empresa que estão conquistando a preferência dos consumidores e au-
mentando seu consumo de forma consistente.
O analista de novos projetos foi encarregado de coordenar a elaboração do projeto
de lançamento das duas novas linhas de produtos. Ele preparou as estimativas rele-
vantes do novo projeto de investimento:
— As vendas líquidas e os custos totais, operacionais e administrativos, gerados pelo
projeto de lançamento dos dois tipos de produtos durante os cinco anos de prazo
de análise do projeto estão registrados a seguir. Esses valores são em moeda cons-
tante, não incluem correções anuais dos preços, porém incluem os aumentos de
volume de venda e correspondentes custos.

Anos 1 2 3 4 5

(+) Vendas $14.000.000 $15.000.000 $16.000.000 $17.000.000 $18.000.000

(-) Custos $9.000.000 $9.500.000 $10.000.000 $10.350.000 $10.500.000

— A nova planta de processamento de arroz será construída dentro de um prédio


existente que atualmente não está sendo utilizado. O total do investimento na
data zero do fluxo de caixa do projeto é $12.000.000. A depreciação dos ativos
será realizada de forma linear e total durante os cinco anos de prazo de análise do
projeto. No final do quinto ano, o valor de mercado dos ativos será nulo, ado-
tando una postura conservadora e considerando que antes de completar o quinto
ano haverá mudanças tecnológicas significativas.
Construa o fluxo de caixa do projeto de investimento considerando a alíquota total
de impostos sobre a renda de 35%.
SOLUÇÃO. O objetivo do exemplo é mostrar como se constrói o fluxo de caixa que
depois será utilizado na apresentação dos métodos de avaliação do investimento.
Com os dados disponíveis, o analista de novos projetos preparou o seguinte fluxo
de caixa do projeto.
394 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

0 1 2 3 4 5

(-) Investimento $12.000.000

(+) Vendas $14.000.000 $15.000.000 $16.000.000 $17.000.000 $18.000.000

(-) Custos $9.000.000 $9.500.000 $10.000.000 $10.350.000 $10.500.000

Lucro bruto $5.000.000 $5.500.000 $6.000.000 $6.650.000 $7.500.000

Depreciação $2.400.000 $2.400.000 $2.400.000 $2.400.000 $2.400.000

IR –35% $910.000 $1.085.000 $1.260.000 $1.487.500 $1.785.000

Lucro após IR $1.690.000 $2.015.000 $2.340.000 $2.762.500 $3.315.000

Fluxo de caixa operacional $4.090.000 $4.415.000 $4.740.000 $5.162.500 $5.715.000

Fluxo de caixa do projeto ($12.000.000) $4.090.000 $4.415.000 $4.740.000 $5.162.500 $5.715.000

O prazo de análise do projeto é de cinco anos começando na data zero, data do in-
vestimento de $12.000.000. A seguir são analisados os resultados no final do pri-
meiro ano.

— Das vendas e dos custos é obtido o lucro bruto, igual a $5.000.000.


— Como a depreciação dos ativos do projeto que somam $12.000.000 será realiza-
da de forma linear e total durante os cinco anos de prazo de análise do projeto,
em cada um dos cinco anos será depreciado $2.400.000.
— O imposto de renda devido no primeiro ano é $910.000. Esse IR foi calculado
com a alíquota de 35% aplicada sobre o resultado de subtrair a depreciação do
lucro bruto (resultado também denominado lucro tributável). Realizando os
cálculos previstos, obtém-se o imposto de renda $910.000=($5.000.000 –
$2.400.000) × 0,35.
— O lucro após o IR é o resultado de subtrair o IR do lucro bruto, resultando em
$1.690.000.
— O fluxo de caixa operacional, $4.090.000, no final do primeiro ano é o resultado
da soma do lucro após o imposto de renda mais a depreciação. Para os quatros
anos restantes se aplica o mesmo procedimento descrito antes.

A última linha da planilha registra o fluxo de caixa do projeto repetido a seguir.

Anos 0 1 2 3 4 5

FC ($12.000.000) $4.090.000 $4.415.000 $4.740.000 $5.162.500 $5.715.000


Capítulo 9
AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTO
395

PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO DO PROJETO


DE INVESTIMENTO
Depois de construir o fluxo de caixa do investimento, é necessário decidir se o pro-
jeto deve ser aceito. Para isso é necessário dispor de referências para comparar com
os resultados de medidas do fluxo de caixa do projeto. Neste capítulo serão apre-
sentados quatro métodos de avaliação: o método do valor presente líquido, o mé-
todo da taxa interna de retorno, o método do payback3 descontado e o método do
payback simples. Como característica comum, esses quatro métodos de avaliação re-
tornam um resultado que deve ser comparado com um valor de referência para reco-
mendar o investimento. O primeiro método utiliza a equivalência de capitais con-
siderando a taxa efetiva de juro, denominada taxa requerida, e dá a mesma reco-
mendação de investimento do segundo método, considerando suas premissas.
De acordo com o tipo de moeda usado na construção do fluxo de caixa do
projeto, deverá ser utilizada a taxa requerida adequada. Lembremos a taxa real
apresentada no Capítulo 4 do livro com a relação 1 + i = (1 + j) × (1 + π), que
mostra que a taxa total i está formada pela composição da taxa de indexação j e
da taxa real de juro, tendo as três taxas o mesmo período. Como regra geral, é
preciso lembrar que, se as estimativas do fluxo de caixa do projeto de investi-
mento foram estabelecidas em termos nominais, em moeda corrente de cada
ano, a taxa mínima requerida k deverá ser uma taxa nominal obtida da composi-
ção da taxa de indexação e da taxa real. Entretanto, se as estimativas do fluxo de
caixa do projeto de investimento forem estabelecidas em termos reais, em moe-
da constante, a taxa mínima requerida k deverá ser uma taxa real. Como o fluxo
de caixa do projeto do Exemplo 9.1 foi construído em moeda constante, a taxa
requerida utilizada na avaliação deve ser uma taxa real.

MÉTODO DO VALOR PRESENTE LÍQUIDO


O Método do VPL é mais do que um simples cálculo do valor presente líquido do
fluxo de caixa do projeto. Esse método de avaliação mede a criação de valor do
projeto e consequentemente sua contribuição no aumento do valor da empresa.4

3
Embora se utilize tempo de recuperação como equivalente de payback em inglês, preferimos essa
última opção.
4
Se a empresa for de capital aberto com ações ordinárias negociadas na bolsa de valores, o méto-
do do VPL mostra a contribuição do projeto de investimento na maximização do retorno dos
acionistas.
396 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 9.2. Calcule o VPL do projeto de investimento do Exemplo 9.1 conside-


rando a taxa requerida de 10% ao ano.
SOLUÇÃO. Para facilitar o cálculo do VPL, o fluxo FC de caixa do projeto calculado
no Exemplo 9.1 é repetido a seguir.

Anos 0 1 2 3 4 5

FC ($12.000.000) $4.090.000 $4.415.000 $4.740.000 $5.162.500 $5.715.000

Considerando a taxa requerida k, o VPL é obtido com:5

FC 1 FC 2 FC t FC n
VPL = − I + + ++ ++
1 + k (1 + k )2
(1 + k )t
(1 + k ) n

O VPL é igual a $6.002.796,63, resultado obtido com:

$4090
. .000 $4.415000 .
VPL = − $12000
. .000 + + +
1 + 0,10 (1 + 0,10 )2

$4.740.000 $5162
. .500 . 0
$5.71500
+ + +
(1 + 0,10 ) 3 (1 + 0,10 ) 4 (1 + 0,10 )5

VPL = $6.002.796,6296

O projeto deve ser aceito, pois o VPL é positivo, VPL > 0.

COMO DECIDIR COM O VPL


Para compreender o significado do resultado para utilizar no processo de deci-
são, a expressão do VPL é reescrita como:
FC 1 FC 2 FC t FC n
VPL = − I + + ++ ++
1 + k (1 + k )2
(1 + k )t
(1 + k )n
n
FC t
VPL = − I + ∑
t = 1 (1 + k )
t

5
No Capítulo 8 foi apresentado o cálculo do VPL.
Capítulo 9
AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTO
397

O VPL de um projeto de investimento simples6 é o resultado da soma algé-


brica do investimento e da soma dos presentes dos retornos PRetornos calculados
com a taxa requerida k:

VPL = – I + PRetornos

Se, na data zero, a soma dos presentes dos retornos do projeto for maior que
o investimento I, então o VPL do projeto será positivo. Como o PRetornos foi
obtido com a taxa requerida k, esse presente inclui a remuneração do capital in-
vestido com a taxa k. Dessa maneira, para decidir se o investimento deve ser
aceito, o VPL do fluxo de caixa do projeto de investimento é comparado com o
valor de referência zero de forma que:

— Se VPL > 0, o capital investido será recuperado e remunerado com a taxa


requerida k e o projeto criará valor para a empresa igual ao VPL, valor
medido na data zero. Portanto, sempre que o VPL for maior que zero o
projeto deverá ser aceito.7
— Se VPL 0, o capital investido não será totalmente recuperado nem re-
munerado com a taxa requerida k. O projeto destruirá valor da empresa
igual ao VPL, valor medido na data zero.

Depois de realizado o investimento, para garantir o VPL > 0 com a taxa re-
querida k e que será criado esse valor, durante o prazo de análise do projeto será
necessário reinvestir todos os retornos gerados pelo projeto em outros projetos
com a mesma taxa requerida k, como é mostrado no Apêndice deste capítulo
“Reinvestimento dos Retornos com k”, que se encontra na página do livro na
Internet.
Entre os pontos fortes do método do VPL, mencionam-se a inclusão de to-
dos os capitais do fluxo de caixa e a taxa requerida no procedimento de cálculo,
além do fato de poder ser aplicado em projetos de investimento com qualquer
tipo de fluxo de caixa. O resultado do VPL informa se o investimento criará ou
destruirá valor da empresa. Dos pontos fracos do método do VPL, menciona-se

6
Nesse fluxo de caixa há um único desembolso na data zero, e os capitais do fluxo apresentam
uma única mudança de sinal.
7
O resultado VPL = 0 não foi incluído na condição de aceitação do projeto, pois esse resultado
indica que o investimento deverá ser recuperado e remunerado na taxa requerida k, porém não
criará nem destruirá valor.
398 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

a necessidade de conhecer a taxa requerida e de retornar como resultado da ava-


liação do investimento um valor monetário em vez de uma taxa de juro, de ou-
tra maneira, uma medida absoluta em vez de uma medida relativa.

TAXA REQUERIDA
Para definir a taxa8 requerida k utilizada na avaliação do fluxo de caixa de um
projeto de investimento, deve-se levar em consideração que:

— A taxa requerida da empresa corresponde ao nível de risco do seu negó-


cio. A taxa requerida obtida dos custos dos fundos da empresa na data da
avaliação do projeto de investimento reflete o risco médio de todos os
ativos da empresa. Dessa maneira, um novo investimento com risco igual
ao da empresa será avaliado com a taxa requerida da empresa. Entretanto,
o risco de um novo projeto da empresa poderá ser diferente do risco mé-
dio dos ativos da empresa.
— A taxa requerida é função do risco do projeto de investimento. Isso signi-
fica que a taxa requerida depende do destino que será dado ao capital da
empresa e não das fontes do capital.

A partir dessas considerações, podemos concluir que, se o nível de risco de


um novo projeto de investimento for equivalente ao nível de risco da empre-
sa, a taxa requerida utilizada na avaliação do novo projeto será a mesma que a
empresa opera. Caso contrário, a taxa requerida utilizada no novo projeto será
diferente da taxa requerida que a empresa opera. Portanto, é preciso estar pre-
parado para definir o nível de risco de cada projeto de investimento e sua cor-
respondente taxa requerida. Ademais, como foi mostrado antes, se as estimati-
vas do fluxo de caixa do projeto de investimento foram estabelecidas em ter-
mos nominais, a taxa mínima requerida k deverá ser uma taxa nominal obtida
da composição da taxa real e da taxa de indexação. Entretanto, se as estimati-
vas do fluxo de caixa do projeto forem estabelecidas em termos reais, em moe-
da constante, a taxa mínima requerida k deverá ser uma taxa real.

8
Também denominada taxa mínima requerida e custo de capital.
Capítulo 9
AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTO
399

PROBLEMAS
PROBLEMA 9.1
O fluxo de caixa anual do projeto de investimento para ampliação da linha de pro-
dução da empresa está registrado na tabela a seguir. Considerando a taxa requerida
de 15% ao ano, primeiro calcule o VPL desse projeto e depois decida se esse proje-
to deve ser recomendado para execução, justificando sua decisão.

Anos Capitais
0 ($1.000)
1 $250
2 $300
3 $350

4 $400
5 $550

R: Como VPL = $176,51, a ampliação da linha de produção deve ser realizada,


pois agregará valor à empresa.
PROBLEMA 9.2
O gerente de produção está pensando em substituir um equipamento obsoleto. A
gerência de projetos preparou o fluxo de caixa anual desse projeto de investimento
registrado na tabela a seguir. Considerando a taxa requerida de 16% ao ano, pri-
meiro calcule o VPL desse projeto e depois decida se esse projeto deve ser reco-
mendado para execução, justificando sua decisão.

Anos Capitais Anos Capitais


0 – $30.000 3 $8.200

1 $7.000 4 $9.000
2 $7.500 5 $12.000

R: O VPL negativo é igual a – $2.454,43. Apesar de obsoleto, a substituição desse


equipamento não deve ser realizada, pois destruirá o valor da empresa.
PROBLEMA 9.3
A empresa está analisando o lançamento de um novo produto. A tabela a seguir re-
gistra o fluxo de caixa anual desse projeto de investimento. Considerando a taxa
requerida de 14% ao ano, primeiro calcule o VPL do projeto e depois decida se este
deve ser recomendado para execução, justificando sua decisão.
400 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Semestres Capitais Semestres Capitais

0 – $55.000 6 $20.000
1 $5.000 7 $23.000
2 $8.000 8 $24.000
3 $9.000 9 $25.000
4 $12.000 10 $25.000
5 $15.000

R: Como o VPL é $17.660,04, o novo produto deve ser lançado, pois agregará va-
lor à empresa.

MÉTODO DA TAXA INTERNA DE RETORNO


Uma característica importante do VPL é que a taxa requerida k afeta seu valor.
Por exemplo, se a taxa requerida diminuir, o VPL aumentará, e vice-versa, se a
taxa requerida aumentar, o VPL diminuirá. Para compreender melhor essa ca-
racterística do VPL, será analisado o VPL do fluxo de caixa do projeto de inves-
timento do Exemplo 9.1, considerando outros valores de taxa requerida, como
mostra a seguir a tabela e o gráfico da Figura 9.1.9

k VPL k VPL

0% $12.122.500 20% $2.003.723


5% $8.719.417 25% $511.731
10% $6.002.797 30% ($737.182)
15% $3.804.564 35% ($1.792.551)

$14.000.000
$12.000.000
$10.000.000
$8.000.000
$6.000.000
$4.000.000
$2.000.000
$0
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%
($2.000.000)
($4.000.000)

FIGURA 9.1 Perfil do VPL do investimento do Exemplo 9.1.

9
Essa também é uma análise de risco do projeto de investimento.
Capítulo 9
AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTO
401

Observe que, se a taxa requerida for k = 0%, o VPL é o resultado da simples


soma algébrica dos capitais do fluxo de caixa do projeto. Ao mesmo tempo, se a
taxa requerida for 15% ao ano, em vez de 10%, o VPL será igual a $3.804.564,
menor do que o VPL obtido com a taxa de juro de 10%. Nesse caso, a criação de
valor gerada pelo projeto será menor, pois a taxa de remuneração do capital investi-
mento aumentou. Da mesma maneira, se a taxa requerida for 30% ao ano, o VPL
do projeto será negativo ($737.182), indicando que a aceitação desse projeto
destruirá o valor da empresa medido pelo VPL na data zero do fluxo do projeto.
Continuando com a análise anterior, observe que há uma taxa requerida
que anula o VPL, denominada Taxa Interna de Retorno, ou TIR. Portanto, a TIR
do projeto de investimento do Exemplo 9.1 está situada entre 25% e 30%, sen-
do 26,95% ao ano o resultado exato da TIR, obtido com o procedimento de
cálculo da TIR apresentado no Capítulo 8. Neste momento, há duas conclusões
a destacar. A primeira é que a TIR do fluxo de caixa de um projeto de investi-
mento zera o VPL desse investimento. A segunda é que a TIR = 26,95% ao ano
é um ponto de reversão da decisão de investir, pois se a taxa requerida k = 10%
do Exemplo 9.1 aumentar até 26,95%, o projeto ainda poderá ser aceito, entre-
tanto, se for maior que a TIR o projeto não deverá ser aceito.
Essa análise é válida se os capitais do fluxo de caixa do investimento apresen-
tarem uma única mudança de sinal. Por exemplo, o fluxo de caixa do tipo (–, +,
+, ..., +), com um único desembolso de investimento na data zero, ou do tipo
(–, –, +, +, ..., +), (–, ..., –, +, ..., +) com mais de um desembolso de investi-
mento, sempre a partir da data zero. Se os capitais do fluxo de caixa do inves-
timento apresentarem mais de uma mudança de sinal, por exemplo, como
(–, +, –, +, ..., +) o fluxo de caixa poderá ter mais de uma TIR.

EXEMPLO 9.3. Calcule a TIR do projeto de investimento do Exemplo 9.1. Depois,


decida se esse projeto deve ser recomendado para execução considerando a taxa
requerida de 10% ao ano.
SOLUÇÃO. Para facilitar o cálculo da TIR é repetido o fluxo de caixa do projeto.

Anos 0 1 2 3 4 5

FC ($12.000.000) $4.090.000 $4.415.000 $4.740.000 $5.162.500 $5.715.000

A TIR do fluxo de caixa do projeto zera o VPL do mesmo projeto:


402 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

FC 1 FC 2 FC t FC n
0 = −I + + ++ ++
1 + TIR (1 + TIR )2
(1 + TIR )t
(1 + TIR ) n

Substituindo os dados do exemplo:

$4090
. .000 $4.415000.
0 = −$12000
. .000 + + +
1 + TIR (1 + TIR ) n

$4.740.000 $5162
. .500 $5.715000
.
+ + +
(1 + TIR )3 (1 + TIR )4 (1 + TIR)5

Como foi visto no Capítulo 8, não é possível pôr em evidência a TIR em função
das restantes variáveis. Deve-se utilizar um procedimento de tentativa e erro,
como se mostra no Exemplo 8.12, do Capítulo 8, procedimento bastante demora-
do quando realizado de forma manual. Entretanto, com a calculadora financeira
HP-12C é mais rápido e obtém-se o resultado exato.
[f] [REG]
12000000 [CHS] [g] [CFo]
4090000 [g] [CFj]
4415000 [g] [CFj]
4740000 [g] [CFj]
5162500 [g] [CFj]
5715000 [g] [CFj]
[f] [IRR] → 26,9452%

COMO DECIDIR COM A TIR


O procedimento de decisão com a TIR se aplica somente num fluxo de caixa
cujos capitais apresentam uma única mudança de sinal. Considerando que a
TIR do fluxo de caixa de um investimento zera o VPL do mesmo fluxo de cai-
xa, da comparação dos resultados da TIR com os do método do VPL se deduz
que, se a taxa requerida k for menor que a TIR do fluxo de caixa, então o VPL
do investimento será maior que zero, e se a taxa requerida k for maior que a TIR
do fluxo de caixa, então o VPL do investimento será menor que zero. Dessa
maneira, para decidir se o investimento deve ser aceito, a TIR do fluxo de caixa
do projeto de investimento é comparada com a taxa requerida, o valor de refe-
rência, de forma que:
Capítulo 9
AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTO
403

— Se TIR > k, o capital investido será recuperado e remunerado com a taxa


requerida k e o projeto criará valor não conhecido com a TIR. Portanto,
sempre que a TIR for maior que k, o projeto deverá ser aceito.10
— Se TIR k, o capital investido não será totalmente recuperado nem re-
munerado com a taxa requerida k. O projeto destruirá valor da empresa,
valor também desconhecido.

Concluindo, a recomendação de aceitação ou rejeição de um projeto de in-


vestimento aplicando o método do VPL e o método da TIR deve ser a mesma, se
os capitais do fluxo de caixa do projeto apresentam uma única mudança de sinal.
Depois de realizado o investimento, para afirmar que a taxa de rentabilidade pe-
riódica do investimento seja a própria TIR, durante o prazo de análise do projeto
será necessário reinvestir todos os retornos gerados pelo projeto em outros proje-
tos com a mesma TIR, como é mostrado no Apêndice “Reinvestimento dos Re-
tornos com TIR” deste capítulo, que se encontra na página do livro na Internet.
O ponto forte do método da TIR é retornar uma medida relativa, uma taxa
efetiva de juro, o que faz com que a TIR seja fácil de ser comunicada e, aparen-
temente, bem compreendida por muitos. Entretanto, ao aceitar o resultado da
TIR, se subentende a aceitação de um grupo de premissas que diminuem as
vantagens desse método. Maiores cuidados devem ser tomados se os capitais do
fluxo de caixa apresentarem mais de uma mudança de sinal, pois poderá haver
mais de uma TIR. Uma forte desvantagem é a utilização da TIR para selecionar
o melhor projeto de um grupo de projetos mutuamente excludentes, conforme
se mostra neste capítulo.

PROBLEMAS
PROBLEMA 9.4
Repita os Problemas 9.1, 9.2 e 9.3 deste capítulo aplicando o método da TIR.
PROBLEMA 9.5
A tabela a seguir registra o fluxo de caixa anual de um projeto de investimento.
Considerando a taxa requerida de 12% ao ano, primeiro calcule a TIR do projeto e
depois decida se esse projeto deve ser recomendado para execução, justificando
sua decisão.

10
O resultado TIR = k não foi incluído na condição de aceitação do projeto, pois indica que o
investimento deverá ser recuperado e remunerado à taxa requerida k, porém não criará valor.
404 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Anos Capitais Anos Capitais

0 ($85.000) 3 $25.000
1 $12.500 4 $25.000

2 $22.300 5 $30.000

R: Como TIR = 9,70% ao ano é menor do que a taxa requerida k = 12%, o projeto
não deve ser aceito, pois destruirá valor da empresa.
PROBLEMA 9.6
Continuando com o Problema 9.5, determine o valor da taxa requerida que viabi-
lizaria esse projeto de investimento.
R: Qualquer taxa requerida menor do que 9,70% ao ano.
PROBLEMA 9.7
O fluxo de caixa do projeto de investimento para substituição de um sistema de se-
cagem por outro mais moderno está registrado na tabela a seguir. As receitas duran-
te os sete anos são provenientes da redução de custos que será conseguida com o
novo sistema. Considerando a taxa requerida de 8% ao ano, primeiro calcule a TIR
do projeto e depois decida se ele deve ser recomendado para execução, justifican-
do sua decisão.

Anos Capitais Anos Capitais

0 ($125.000) 4 $30.000
1 $30.000 5 $28.000
2 $35.000 6 $26.000
3 $35.000 7 $25.000

R: Como TIR = 15,63% é maior que a taxa requerida k = 8% ao ano, o projeto


deve ser aceito, pois criará valor para a empresa.
PROBLEMA 9.8
Continuando com o Problema 9.7, determine o valor da taxa requerida que não
viabilizaria esse projeto de investimento.
R: Qualquer taxa requerida maior do que 15,63% ao ano.
PROBLEMA 9.9
Repita os Problemas 9.5 e 9.7 aplicando o método do VPL e compare as decisões.
Capítulo 9
AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTO
405

MÉTODO DE PAYBACK
Depois de construir o fluxo de caixa do projeto da empresa, o primeiro mé-
todo de avaliação apresentado e utilizado foi o método do VPL consideran-
do a taxa requerida k. Depois, da análise do perfil do VPL surgiu a definição
da taxa interna de retorno TIR e o método da TIR, comparando a TIR com
a taxa requerida k. Enquanto no método do VPL não há nenhuma restrição
quanto às características dos capitais do fluxo de caixa do projeto, no método
da TIR deve-se tomar o cuidado de verificar se os capitais do fluxo de caixa
apresentam somente uma única mudança de sinal. Nessas condições, da for-
mulação dos dois métodos e dos resultados de decisão do exemplo e dos pro-
blemas propostos foi mostrado que a recomendação de aceitação ou rejei-
ção de um projeto de investimento aplicando o método do VPL e o método
da TIR deve ser a mesma.
Analisando o fluxo de caixa do projeto de investimento, é possível obter
outras conclusões importantes. Considerando que n seja o prazo de análise de
um projeto.

— Se o VPL for calculado com a TIR do mesmo fluxo de caixa, então o


VPL é igual a zero. De outra maneira, será necessário completar exata-
mente o prazo de análise n do projeto para recuperar o capital investido
remunerado à taxa requerida k = TIR, não sendo criado valor.
— Se o VPL for calculado com uma taxa requerida k menor que a TIR do
mesmo fluxo de caixa, então o VPL será positivo, maior do que zero.
Dessa maneira, não será necessário completar exatamente o prazo de aná-
lise n do projeto para recuperar o capital investido e remunerado à taxa
requerida k menor do que a TIR. Haverá uma data menor do que n para a
qual o capital será recuperado e remunerado com k. No restante do prazo
de análise, dessa data denominada payback descontado ou PBD até a data fi-
nal n, o projeto acumulará o valor criado.

No método do VPL são comparados capitais, o investimento com o valor


presente dos retornos futuros; no método da TIR são comparadas taxas, a TIR e
a taxa requerida. Como o PBD mede o tempo necessário para recuperar o in-
vestimento remunerado, no método do PBD serão comparados tempos, o tem-
po necessário para recuperar o capital investido e remunerado com a taxa re-
querida k e o tempo máximo tolerado TMT definido por quem decide.
406 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 9.4. Calcule o PBD do projeto de investimento do Exemplo 9.1 conside-


rando a taxa requerida de 10% ao ano.
SOLUÇÃO. Para facilitar o cálculo do PBD é repetido o fluxo de caixa do projeto.

Anos 0 1 2 3 4 5

FC ($12.000.000) $4.090.000 $4.415.000 $4.740.000 $5.162.500 $5.715.000

O presente P do investimento inicial na data zero é o valor do investimento


$12.000.000 e, da mesma forma, o PAcumulado na última coluna da mesma linha da
tabela a seguir. O presente do retorno no final do primeiro ano é P = $4.090.00 ×
1,10–1 = $3.718.182, considerando a taxa requerida 10% ao ano. O PAcumulado no
primeiro ano é ($8.281.818) = ($12.000.000) + $3.718.182. Procedendo da mesma
forma até o quinto ano, obtêm-se os resultados registrados na tabela a seguir.

Anos Capitais P PAcumulado


0 ($12.000.000) ($12.000.000) ($12.000.000)
1 $4.090.000 $3.718.182 ($8.281.818)
2 $4.415.000 $3.648.760 ($4.633.058)
3 $4.740.000 $3.561.232 ($1.071.826)
4 $5.162.500 $3.526.057 $2.454.231
5 $5.715.000 $3.548.565 $6.002.797

O tempo de recuperação do capital investido se encontra entre o terceiro e o quar-


to ano, período quando o PAcumulado passa de negativo para positivo. O PBD =
3,30 anos é obtido com a seguinte interpolação linear:
1071826
. .
PBD = 3 +
1071826
. . + 2.454.231
PBD = 3,30
O projeto será aceito se o tempo máximo tolerado TMT for maior do que 3,30
anos; caso contrário, se TMT < 3,30 anos, então o projeto não deverá ser aceito.

O resultado PBD = 3,30 anos do Exemplo 9.4 informa que o investimento


será recuperado e remunerado com a taxa requerida 10% em 3,30 anos. Obser-
ve que o PAcumulado até a data do PBD é sempre negativo. Entretanto, se o
PAcumulado for sempre negativo até completar a duração do projeto, então o
projeto não terá PBD.
Capítulo 9
AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTO
407

COMO DECIDIR COM O PBD


Para aplicar o método do PBD, é necessário definir o tempo máximo tolerado
TMT para recuperar o capital investido e remunerado. Além disso, para utilizar o
PBD do fluxo de caixa de um projeto, deve-se verificar que o primeiro capital do
fluxo de caixa seja um investimento, um desembolso. Ademais, os capitais do flu-
xo de caixa do investimento devem apresentar uma única mudança de sinal.
Para decidir se o investimento deve ser aceito, o PBD calculado com a taxa
requerida k deve ser comparado com o TMT, valor de referência, de forma que:

— Se PBD < TMT, o projeto deve ser aceito. O PBD menor do que prazo
de análise n do projeto mostra que o VPL desse projeto é positivo e, con-
sequentemente, criará valor.11
— Se PBD > TMT, o projeto não deve ser aceito.

Analisando o resultado do PBD = 3,30 anos do Exemplo 9.4, podemos de-


duzir que para aceitar esse projeto de investimento o tempo máximo tolerado
TMT deverá ser maior do que 3,30 anos. O valor de referência TMT é um valor
arbitrário, pois em geral surge de considerações práticas, e é sempre menor do
que o prazo de análise n do projeto sob avaliação. Se no caso do Exemplo 9.4 for
estabelecido o tempo máximo tolerado de 3 anos, então esse projeto deveria ser
rejeitado. Entretanto, pelo VPL calculado no Exemplo 9.2 esse projeto deveria
ser aceito. Novamente, como o valor de referência TMT é um valor arbitrário,
não se pode esperar a mesma decisão que os métodos de VPL e da TIR. Porém,
o PBD = 3,30 anos do Exemplo 9.4 é a data na qual o capital investido será re-
cuperado e remunerado com k = 10% ao ano, e no restante do prazo de 1,7 ano
o projeto acumulará o valor criado, resultados interessantes para combinar com
os resultados do VPL e da TIR.

PAYBACK SIMPLES
Se aplicarmos o procedimento de cálculo do PBD com taxa requerida igual a
zero teremos o tempo necessário para recuperar apenas o capital investido, re-

11
O resultado PBD = TMT não foi incluído na condição de aceitação do projeto, pois esse re-
sultado indica que o investimento deverá ser recuperado e remunerado à taxa requerida k, po-
rém não criará nem destruirá valor.
408 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

sultado denominado payback simples ou PBS. Enquanto no procedimento de


cálculo do PBD é considerada a remuneração do capital investido, no procedi-
mento do PBS apenas se mede o tempo de recuperação do investimento.

EXEMPLO 9.5. Calcule o PBS do projeto de investimento do Exemplo 9.1.


SOLUÇÃO. Para facilitar o cálculo do PBS é repetido o fluxo de caixa do projeto.

Anos 0 1 2 3 4 5

FC ($12.000.000) $4.090.000 $4.415.000 $4.740.000 $5.162.500 $5.715.000

Na tabela a seguir, o Saldo do Projeto do investimento inicial na data zero é o pró-


prio valor do investimento $12.000.000 na mesma linha da tabela. No final do pri-
meiro ano, o saldo do projeto é ($7.910.000) = ($12.000.000) + $4.090.000. Pro-
cedendo da mesma forma até o quinto ano, obtêm-se os resultados registrados na
tabela a seguir.

Anos Capitais Saldo do Projeto


0 ($12.000.000) ($12.000.000)
1 $4.090.000 ($7.910.000)
2 $4.415.000 ($3.495.000)

3 $4.740.000 $1.245.000
4 $5.162.500 $6.407.500

5 $5.715.000 $12.122.500

O tempo de recuperação do capital investido se encontra entre o segundo e o ter-


ceiro ano, quando o Saldo do Projeto passa de negativo para positivo. O PBS = 2,74
anos é obtido com a seguinte interpolação linear:

3.495000
.
PBS = 2 +
3.495000
. + 1245000
. .
PBS = 2,74

O projeto será aceito se o tempo máximo tolerado TMT for maior do que 2,74
anos; caso contrário, se TMT < 2,74 anos, o projeto não deverá ser aceito.
Capítulo 9
AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTO
409

No Exemplo 9.5, o PBS = 2,74 anos informa que o investimento será recu-
perado em 2,74 anos. Observe que o Saldo do Projeto até a data do PBS é sempre
negativo. Ademais, se o Saldo do Projeto for sempre negativo até completar o
prazo de análise do projeto, então o projeto não terá PBS.

COMO DECIDIR COM O PBS


Para aplicar o método do PBS, é necessário definir o tempo máximo tolerado
TMT para recuperar o capital investido. Comparando os dois métodos de pay-
back, para o mesmo fluxo de caixa e uma dada taxa requerida k > 0, o PBD sem-
pre será maior do que o PBS devido à remuneração do capital. Ainda, em geral
e para o mesmo fluxo de caixa, o TMT utilizado no método do PBD deve ser
maior que o TMT utilizado no método do PBS.
Além disso, para utilizar o PBS do fluxo de caixa de um projeto é importan-
te que o primeiro capital do fluxo de caixa seja um investimento, um desembol-
so e que os capitais do fluxo de caixa do investimento apresentem uma única
mudança de sinal. Para decidir se o investimento deve ser aceito, o PBS calcula-
do deve ser comparado com o TMT, valor de referência, de forma que:
— Se PBS < TMT, o projeto deve ser aceito.12
— Se PBS ≥ TMT, o projeto não deve ser aceito.

Com o PBS = 2,74 anos do Exemplo 9.5, podemos deduzir que, para acei-
tar o projeto de investimento, o tempo máximo tolerado TMT deverá ser maior
do que 2,74 anos. Como o método do PBS não considera a taxa requerida, o
procedimento de cálculo é mais fácil. Entretanto, embora seja um método fácil
de ser aplicado, o método do PBS deve ser utilizado como método inicial de
análise ou como método complementar do método do VPL e do método da
TIR, por exemplo, o PBS = 2,74 anos do Exemplo 9.5 é a data na qual o capital
investido será somente recuperado. Nesse caso, também, a recomendação de
aceitação ou rejeição de um projeto de investimento aplicando o método do
PBS pode diferir do método do PBD, do método do VPL e, consequentemen-
te, do método da TIR, pois o TMT é um valor arbitrário.

12
O resultado PBS = TMT não foi incluído na condição de aceitação do projeto, pois esse re-
sultado indica que o investimento deverá ser recuperado e remunerado à taxa requerida k, po-
rém não criará valor.
410 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMAS
PROBLEMA 9.10
O fluxo de caixa anual do projeto de investimento está registrado na tabela a
seguir. Verifique se o projeto deverá ser aceito aplicando o método do PBD com a
taxa requerida de 8% ao ano e sabendo que o tempo máximo tolerado é de quatro
anos.
Anos Capitais Anos Capitais

0 ($15.000) 3 $4.250
1 $2.500 4 $5.000
2 $3.500 5 $5.800

R: Como PBD = 4,67 anos, o projeto não deverá ser aceito.


PROBLEMA 9.11
Calcule o PBS do fluxo de caixa do Problema 9.10 mantendo o mesmo TMT.
R: Como PBS = 3,95 anos, o projeto deverá ser aceito.
PROBLEMA 9.12
A empresa está interessada em investir $470.000 num projeto cujo fluxo de caixa
está registrado na tabela a seguir. Considerando que o critério da empresa seja acei-
tar projetos de investimento que tenham um PBD menor que cinco anos, verifi-
que se esse projeto deve ser aceito considerando a taxa requerida de 12% ao ano.

Anos Capitais Anos Capitais

0 ($470.000) 4 $160.000

1 $120.000 5 $180.000
2 $130.000 6 $180.000
3 $140.000 7 $150.000

R: O projeto deve ser aceito, pois o PBD = 4,57 anos é menor do que o TMT = 5
anos.
PROBLEMA 9.13
Calcule o PBS do fluxo de caixa do Problema 9.12 mantendo o mesmo TMT = 4
anos.
R: Como PBS = 3,5 anos, o projeto deverá ser aceito.
Capítulo 9
AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTO
411

PROBLEMA 9.14
A tabela seguinte registra o fluxo de caixa de um projeto de investimento. Consi-
derando que a taxa requerida da empresa é 15% ao ano e o tempo máximo tolerado
é de 3 anos, primeiro calcule o VPL, a TIR, o PBS e o PBD. Depois, analise a acei-
tação do projeto de acordo com os resultados obtidos.

Anos Capitais Anos Capitais

0 ($220.000) 4 $115.000
1 $80.000 5 $125.000
2 $90.000 6 $140.000
3 $100.000

R: VPL = $171.194 é positivo e o projeto deve ser aceito. TIR = 38,05% é maior
que a taxa requerida k = 15% e o projeto deve ser aceito. PBD = 3,25 anos e o pro-
jeto não deve ser aceito. PBS = 2,50 anos e o projeto deve ser aceito.

SELEÇÃO DE PROJETOS
Geralmente, para concretizar um mesmo objetivo são desenvolvidas alternativas,
por exemplo, o processo de manufatura de um novo produto pode ser realizado
com diversos graus de automação, desde um processo manual até um processo to-
talmente automático. Nesse exemplo, o investimento de capital para concretizar
cada uma dessas alternativas será diferente, crescendo à medida que aumentar o
nível de automação. Cada nível de automação é uma alternativa de produzir o
mesmo produto, um projeto de investimento13 que tem seu próprio fluxo de cai-
xa. Pode-se intuir que cada grau de automação será viável à medida que o proces-
so conseguir aumentar os retornos do fluxo de caixa via a redução de custos. Esses
projetos de investimento são denominados projetos mutuamente excludentes, pois
será escolhido apenas um dos projetos rejeitando os outros. Ou, de outra maneira,
a aprovação ou rejeição de um projeto dependerá da rejeição ou aceitação dos
outros projetos de investimento. Quando a aceitação de um projeto não depende
da aceitação ou rejeição de outros projetos de investimento, ele é denominado
projeto de investimento independente. Qualquer que seja o caso, é preciso escolher
projetos de investimento que aumentem o valor da empresa.

13
Na nossa apresentação usaremos como sinônimos os termos alternativa de investimento e projeto
de investimento.
412 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 9.6. O projeto A e o projeto B são projetos independentes e seus fluxos de


caixa de um ano estão registrados na tabela a seguir. Verifique se os dois projetos
devem ser aceitos aplicando os métodos do VPL e da TIR considerando a taxa re-
querida de 6% ao ano.

Anos A B

0 ($8.000) ($10.000)
1 $9.350 $11.500

SOLUÇÃO. Como foi mencionado, A e B são projetos independentes e a aceitação


de um deles não dependerá da aceitação do outro. Além disso, não há restrição de
capital, a empresa dispõe de capital suficiente para investir nos dois projetos. Na ta-
bela a seguir estão registrados o VPL e a TIR dos dois projetos.

A B

VPL $821 $849


TIR 16,9% 15,0%

Como o VPL dos dois projetos independentes é positivo, pode-se aceitar os dois
projetos. Da mesma maneira, como a TIR dos dois projetos é maior que 6%, tam-
bém deve-se aceitar os dois projetos.

Ao avaliar projetos de investimento independentes com o método do VPL


e o método da TIR, os dois métodos darão a mesma recomendação, não exigin-
do maiores cuidados do analista que o atendimento das premissas de cada méto-
do. Entretanto, a avaliação de projetos mutuamente excludentes necessita de
atenção especial. Por exemplo, se os projetos do Exemplo 9.6 forem mutua-
mente excludentes, comparando o VPL e a TIR sem maiores preocupações de
acertar, parece que aplicando o método do VPL se deveria escolher o projeto B,
e aplicando o método da TIR seríamos tentados a escolher o projeto A. Entre-
tanto, pelo que foi apresentado, os resultados dos VPLs e das TIRs dos projetos
do Exemplo 9.6 deveriam dar a mesma recomendação. Considerando que o
método do VPL não tem nenhuma restrição quanto à sua aplicação, dá para
desconfiar que a forma de aplicação do método da TIR nessa comparação não
deve ser correta.
Capítulo 9
AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTO
413

EXEMPLO 9.7. Os fluxos de caixa dos projetos de investimento C e D registrados na


tabela a seguir são projetos mutuamente excludentes. Considerando a taxa requerida
de 15% ao ano, escolha o melhor projeto dos dois aplicando o método do VPL.

Anos C D

0 ($210.000) ($260.000)
1 $65.000 $70.000
2 $70.000 $85.000
3 $75.000 $90.000
4 $90.000 $100.000
5 $100.000 $130.000
VPL $49.941 $46.127
TIR 23,89% 21,56%

SOLUÇÃO. Analisando os resultados do VPL e da TIR dos dois projetos mutua-


mente excludentes registrados na tabela anterior, sem maiores preocupações de
acertar, pelo método do VPL deve-se escolher o projeto C. Entretanto, pelo mé-
todo da TIR seríamos tentados a escolher o projeto C. Nesse caso, parece que os
dois métodos recomendam o mesmo projeto.
Na segunda coluna da tabela a seguir foi construída a tabela do perfil do VPL do
projeto C, e na terceira coluna, a do perfil do projeto D, ambos para a taxa requerida
registrada na primeira coluna variando entre 0% e 30% ao ano. Na última coluna da ta-
bela, foi registrada a escolha do projeto com maior VPL para cada taxa requerida. Des-
sa tabela se deduz que para k entre 0% e 10%, o VPL do projeto D é maior que o VPL
do projeto C, e para k entre 15% e 20%, o VPL do projeto C é maior que o VPL do
projeto D. Finalmente, o VPL dos dois projetos é negativo para k maior que 25%.

k VPL – Projeto C VPL – Projeto D Maior VPL

0% $190.000 $215.000 Projeto D


5% $132.580 $145.638 Projeto D
10% $86.854 $90.524 Projeto D
15% $49.941 $46.127 Projeto C
20% $19.771 $9.914 Projeto C
25% ($5.168) ($19.962) VPL < 0
30% ($25.998) ($44.867) VPL < 0
414 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Com os resultados dessa tabela chegamos a uma conclusão importante, entre 10% e
15% há uma taxa de juro para a qual a escolha do melhor projeto muda, sendo o va-
lor exato dessa taxa 12,31% ao ano. Se a taxa requerida for menor que essa taxa de
juro, o VPL do projeto D é maior que o do projeto C; caso contrário, o VPL do
projeto C será maior que o do projeto D. Para o mesmo valor de taxa de juro,
12,31%, o VPL dos dois projetos são iguais.

Os resultados do Exemplo 9.7 mostram que o ordenamento dos projetos


pelo maior valor de VPL pode mudar com a taxa requerida, pois o VPL é sensí-
vel à taxa de juro, e a decisão dependerá da taxa requerida. Entretanto, a TIR é
um valor único que depende somente da forma do fluxo de caixa, não depende
da taxa requerida. Os critérios de escolha do melhor projeto de um grupo de
projetos de investimento são diferentes, conforme o grau de dependência entre
eles, como se mostra a seguir.

PROJETOS INDEPENDENTES
Não havendo restrição orçamentária, como a aceitação de um projeto não de-
pende da aceitação ou rejeição de outros projetos de investimento, a aplicação
direta dos critérios do método do VPL e do método da TIR dará a mesma reco-
mendação.

PROJETOS MUTUAMENTE EXCLUDENTES


A premissa comum para os dois métodos de avaliação é que todos os projetos
que participam da seleção tenham o mesmo prazo de análise.

— Método do VPL. O melhor projeto de investimento é o projeto com


maior VPL.
— Método da TIR. O melhor projeto de investimento pode não ser o proje-
to com maior TIR. A TIR pode ser utilizada para escolher o melhor pro-
jeto se for utilizado o procedimento de Análise Incremental.

O Apêndice “Ajuste Prazo de Análise” deste capítulo, que se encontra na


página do livro na Internet, mostra como proceder quando os prazos de análise
dos projetos são diferentes. O Exemplo 9.8 responde às perguntas: por que o
Capítulo 9
AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTO
415

método do VPL permite escolher o melhor projeto de investimento compa-


rando somente os VPLs dos projetos? Por que o método da TIR não permite es-
colher o melhor projeto de investimento comparando somente as TIRs dos
projetos?

EXEMPLO 9.8. O projeto A e o projeto B do Exemplo 9.6 são mutuamente exclu-


dentes. Escolha o melhor projeto considerando a taxa requerida de 6% ao ano e
aplicando os métodos do VPL e da TIR.
SOLUÇÃO. As duas primeiras colunas da tabela a seguir registram os dados e os VPLs
e as TIRs dos dois projetos, ordenados de forma crescente pelo seu valor de inves-
timento. Qual seria a razão de investir $10.000 no projeto B em vez de simples-
mente aceitar investir $8.000 no projeto A? Investiremos no projeto B se ele criar
mais valor para a empresa do que o projeto A. Na última coluna da tabela foi
construído o fluxo de caixa incremental B – A e registrados o VPL e a TIR desse
fluxo de caixa.

Anos A B B–A

0 ($8.000) ($10.000) ($2.000)


1 $9.350 $11.500 $2.150
VPL $821 $849 $28
TIR 16,9% 15,0% 7,5%

Como o VPL do projeto A é positivo, então começamos por aceitar o projeto A,


pois tem investimento menor. Depois fazemos a seguinte pergunta: qual a vanta-
gem de investir mais $2.000 para completar o investimento do projeto B? Como o
investimento de $2.000 gerará o retorno de $2.150 e um VPL de $28, então o in-
vestimento incremental de $2.000 será recuperado e remunerado com a taxa re-
querida de 6% ano e ainda serão criados $28 para a empresa. Portanto, o fluxo de
caixa incremental deve ser aceito, pois seu VPL é maior do que zero e, consequen-
temente, o projeto B é melhor do que o projeto A e deve ser escolhido.
Analisemos com a TIR. Como a TIR do fluxo de caixa incremental B – A é
7,5% e maior que a taxa requerida de 6%, o fluxo de caixa incremental deve ser
aceito e, consequentemente, o projeto B deve ser escolhido, pois é melhor do que
o projeto A. Essa dedução confirma que o melhor projeto de investimento pode
não ser o projeto com maior TIR.
416 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Apesar de o projeto A ter VPL positivo e investimento menor, no Exem-


plo 9.8 foi escolhido o projeto B com maior investimento. Dentro do proce-
dimento de seleção de projetos mutuamente excludentes com o mesmo prazo
de análise foi confirmado que escolher o projeto com menor investimento
não assegura que se escolha o projeto que adicionará mais valor à empresa.
Não se está defendendo que quanto mais caro melhor, apenas que, se o objeti-
vo fosse apenas aceitar os projetos com menor investimento, deixaríamos de
aproveitar projetos com maior criação de valor.14 É a diferença entre os proje-
tos que origina a oportunidade de escolher o projeto de investimento que adi-
cione mais valor à empresa. Tendo como objetivo a maximização do retorno
do capital investido, a Análise Incremental permite escolher o melhor projeto, o
projeto que demandar o maior desembolso tendo financeiramente justificado
cada incremento de capital.

EXEMPLO 9.9. Continuandocom o Exemplo 9.7, selecione o melhor projeto utili-


zando o método da TIR e considerando a taxa requerida de 15% ao ano.
SOLUÇÃO. As três primeiras colunas da tabela registram os dados e as TIRs dos pro-
jetos C e D ordenados de forma crescente pelo seu valor de investimento. Qual é a
razão de investir no projeto D em vez de investir no projeto C?

Anos C D D–C

0 ($210.000) ($260.000) ($50.000)

1 $65.000 $70.000 $5.000

2 $70.000 $85.000 $15.000

3 $75.000 $90.000 $15.000

4 $90.000 $100.000 $10.000

5 $100.000 $130.000 $30.000

TIR 23,89% 21,56% 12,31%

Será escolhido o projeto D se o acréscimo de investimento $50.000 for recuperado


e remunerado com a taxa requerida de 15% ao ano. Caso contrário, o projeto C

14
Nessa análise a empresa tem capital suficiente para investir em qualquer um dos projetos mu-
tuamente excludentes.
Capítulo 9
AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTO
417

será melhor que o projeto D. De outra maneira, a análise incremental é bom senso!
Na última coluna da tabela foi construído o fluxo de caixa D – C calculando em
cada ano a diferença dos dois fluxos. A TIR do fluxo de caixa D – C é igual a
12,31% ao ano, resultado obtido com a calculadora financeira. Como a TIR é me-
nor que a taxa requerida, 15%, o fluxo de caixa D – C não deve ser aceito, e, por-
tanto, o projeto C é melhor que o projeto D.

PROBLEMAS
PROBLEMA 9.15
Com o objetivo de reduzir custos, foram preparados dois projetos mutuamente
excludentes, cujos fluxos de caixa estão registrados na tabela a seguir. Escolha o
melhor projeto aplicando o método do VPL considerando a taxa requerida de
7% ao ano.

Anos Projeto 1 Projeto 2

0 ($7.500) ($16.500)
1 até 5 $2.500 $4.800

R: Projeto 2
PROBLEMA 9.16
Repita o Problema 9.15 aplicando o método da TIR.
R: Aplicando análise incremental, deve-se escolher o Projeto 2
PROBLEMA 9.17
Continuando com o Problema 9.15, escolha o melhor projeto considerando a taxa
requerida de 10% ao ano aplicando os métodos do VPL e da TIR.
R: Projeto 1
PROBLEMA 9.18
Com o lançamento do novo produto, a empresa espera aumentar sua participação
no mercado. Foram analisados e preparados três projetos cujos fluxos de caixa
anuais estão registrados na tabela a seguir. Selecione o melhor projeto com o méto-
do do VPL considerando a taxa requerida de 12% ao ano.
418 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Anos Projeto 1 Projeto 2 Projeto 3

0 ($6.000) ($30.000) ($70.000)


1 $5.000 $9.000 $13.000

2 $6.000 $10.500 $16.000


3 $7.500 $12.500 $19.000

4 $8.500 $14.000 $22.000


5 $9.500 $16.000 $25.000
6 $10.000 $17.500 $27.000

7 $11.000 $18.500 $30.000


8 $11.500 $19.500 $32.000

R: Projeto 2
PROBLEMA 9.19
Repita o Problema 9.18 aplicando o método da TIR.
R: Aplicando análise incremental, deve-se escolher o Projeto 2
PROBLEMA 9.20
Repita o Problema 9.18 considerando a taxa requerida de 20% ao ano. A escolha
do método de avaliação fica por conta do leitor
R: Deve-se escolher o Projeto 1

SELEÇÃO DE PROJETOS COM RESTRIÇÃO DE CAPITAL


Numa empresa organizada, suas divisões ou unidades de negócio anualmente
apresentam seus projetos de investimento para o próximo exercício, defen-
dendo as vantagens de alocar parte dos recursos da empresa em suas respectivas
áreas.15 Analisando a decisão de investimento sob a premissa de mercado perfei-
to, os gestores da empresa não deverão ter nenhuma restrição para obter o capi-
tal necessário com a mesma taxa de juro, para aumentar a criação de valor da
empresa, atendendo à demanda de capital e implementando todos os novos in-
vestimentos propostos. Portanto, não havendo restrição de capital, todos os
projetos apresentados pelas divisões ou unidades de negócio da empresa serão

15
Entende-se que cada projeto proposto e defendido em cada divisão ou unidade de negócio da
empresa é o projeto com maior VPL, selecionado dentre um grupo de projetos mutuamente
excludentes.
Capítulo 9
AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTO
419

projetos independentes, pois qualquer um poderá ser escolhido independente-


mente dos outros. Entretanto, num mercado imperfeito em que a empresa opera
é um pouco diferente, pois ela não disporá de capital suficiente para atender a to-
dos os novos investimentos. As causas dessa restrição de capital podem ser duas:

— Restrição de capital externo. Os acionistas e financiadores não aceitam


aumentar sua participação na empresa, ou não aceitam fornecer mais ca-
pital com a mesma taxa de juro.
— Restrição interna de capital. Os dirigentes da empresa limitam os recur-
sos disponíveis para novos investimentos por diversos motivos, respei-
tando a estratégia de crescimento estável estabelecida. Nesse caso, os flu-
xos de caixa gerados pelos projetos de investimento que ainda estão den-
tro do prazo de análise estão sendo reinvestidos em novos projetos.

Resumindo, se o total dos recursos solicitados exceder o capital disponí-


vel para investimento, será necessário realizar uma seleção de projetos sob
restrição de capital, pois nem todos os investimentos poderão ser aceitos.16
O caso mais simples do racionamento de capital é o estabelecido para um
único período, por exemplo, para o próximo ano, não se estendendo para os
próximos exercícios.

EXEMPLO 9.10. Para o orçamento de capital do próximo ano foram apresentados três
projetos com investimento total de $2.500 e VPL total de $670, como registrado na
tabela a seguir. Considerando que o valor disponível para investimento seja $1.500,
determine os projetos que deverão ser aceitos utilizando o método do VPL.

Projeto 1 2 3

Investimento $500 $800 $1.200

VPL $110 $200 $360

SOLUÇÃO. É preciso realizar todas as combinações possíveis dos três projetos (toma-
dos um a um, dois a dois e os três simultaneamente) e registrar somente as combina-

16
Os projetos não-aceitos no orçamento de capital de um ano poderão ser adiados para o orça-
mento do próximo ou definitivamente abandonados.
420 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

ções cuja soma dos investimentos não supere o limite de investimento máximo de
$1.500, como mostra a tabela a seguir, ou tenham contribuição pequena quando
comparado com as outras combinações, como são os Projetos 1 e 2 isoladamente.

Projetos Investimento VPL

3 $1.200 $360 Maior VPL


1e2 $1.300 $330
1e3 $1.700 $470 Excede capital
2e3 $2.000 $560 Excede capital
1e2e3 $2.500 $690 Excede capital

Procurando maximizar a criação de valor para a empresa, deve-se selecionar a


combinação de projetos com maior VPL, nesse caso o projeto 3.

Os dados do Exemplo 9.10 mostram que o capital disponível para inves-


timento no próximo ano é de $1.500 e a soma dos investimentos propostos
$2.500. Analisando as combinações dos três projetos propostos, apenas o in-
vestimento total de duas combinações de projetos não excede $1.500. Com
o objetivo de maximizar o valor da empresa, deve-se escolher a combinação
de projetos com maior VPL, nesse caso o Projeto 3 com VPL = $360. O Pro-
blema 9.10 mostra que a maximização da riqueza da empresa num determina-
do período depende da capacidade de investimento da empresa nesse período,
por exemplo, dispondo de mais $200 para investir seria possível aumentar a
criação de valor em $110.

EXEMPLO 9.11. Os quatro projetos independentes registrados na tabela a seguir têm


investimento total de $7.100 e VPL total de $3.000. Considerando que o valor dis-
ponível para investimento seja $5.000, determine o melhor grupo de projetos uti-
lizando o método do VPL.

Projeto 1 2 3 4

Investimento $1.000 $3.000 $1.200 $1.900

VPL $500 $700 $800 $1.000


Capítulo 9
AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTO
421

SOLUÇÃO. A tabela a seguir registra somente as combinações de projetos cuja


soma de investimentos não supera o limite de investimento máximo de
$5.000.

Projetos Investimento VPL

1e2 $4.000 $1.200


1e3e4 $4.100 $2.300 Maior VPL
2e3 $4.200 $1.500
2e4 $4.900 $1.700
3e4 $3.100 $1.800

Procurando maximizar a criação de valor para a empresa, deve-se selecionar a


combinação de projetos com maior VPL, nesse caso os projetos 1, 3 e 4.17

PROBLEMAS
PROBLEMA 9.21
Repita o Exemplo 9.10 considerando os dois casos:
a) Valor disponível para investimento: $1.800.
b) Valor disponível para investimento: $2.000.
R: O melhor grupo de projetos é a) Projetos 1 e 3; b) Projetos 2 e 3.
PROBLEMA 9.22
A soma do investimento dos quatro projetos independentes registrados na tabela a
seguir é de $450.000 e a soma do VPL é $130.000. Considerando que o valor dis-
ponível para investimento seja $300.000, determine o melhor grupo de projetos
utilizando o método do VPL.

Projeto 1 2 3 4

Investimento $100.000 $125.000 $150.000 $75.000


VPL $25.000 $30.000 $35.000 $40.000

R: O melhor grupo é formado pelos projetos 1, 2 e 4, cuja soma de investimentos é


igual a $300.000 e a soma do VPL dos projetos $95.000.

17
A deteminação do melhor grupo pode ser realizada com programação linear com inteiros,
PLI. Uma forma prática de aplicar a PLI é utilizando o comando Solver do Excel.
Capítulo 10

Planos de
Financiamento

Financiamentos são utilizados, por exemplo, na compra de uma casa, de um


carro, de eletrodomésticos, de roupas etc., como também para realizar uma via-
gem, fazer um curso, assegurar um carro etc. Antes de assinar o contrato, o to-
mador do financiamento conhece a quantidade e o valor das prestações, porém
nem sempre toma conhecimento da taxa de juro e do tipo de financiamento.
Em geral, o devedor tem consciência de que no pagamento de uma prestação na
data estabelecida ele está pagando juro e devolvendo uma parte do valor finan-
ciado, entretanto, em geral, não consegue quantificar que parte da prestação
corresponde ao juro e que parte ao capital devolvido ou amortizado. Muitos
dos temas apresentados até este momento mostraram exemplos de planos de fi-
nanciamento com um único pagamento, com pagamentos uniformes ou variá-
veis etc. No desenvolvimento da série uniforme, o Exemplo 6.7, mostrou o
cálculo do valor das prestações de um financiamento. Depois, ao analisar o nú-
mero de capitais de uma série uniforme, o Exemplo 7.17, do Capítulo 7, mos-
trou como se calcula o juro e a amortização de cada uma das três prestações de
um financiamento, apresentando esses resultados numa tabela, ou planilha. Os
financiamentos são definidos numa planilha com a periodicidade dos pagamen-
tos, registrando o juro, a amortização, que é a devolução parcial do valor finan-
ciado, e o saldo devedor na data de pagamento de cada parcela, ou prestação, re-
cebendo o nome de Plano de Financiamento. O leitor reconhecerá que as parcelas
ou prestações dos diversos tipos de financiamentos que serão apresentados for-
mam uma série de capital uniforme ou de capital variável.
424 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Na preparação de um plano de financiamento é preciso atender a duas re-


gras que orientam e facilitam a construção da planilha do plano:

Primeira Regra. Cada prestação do plano se refere a um determinado período


de tempo, por exemplo, um mês, um trimestre, um ano etc.1 O valor de cada
prestação PR do plano é o resultado da soma da amortização AM mais o juro J
do período a que se refere a prestação: PR = AM + J.

Segunda Regra. Numa determinada taxa de juro, o juro de cada prestação é


sempre calculado sobre o saldo devedor do financiamento no início do período a
que se refere a prestação, por exemplo, o juro da primeira prestação é calculado
sobre o valor financiado na data zero do plano. O juro da segunda prestação é cal-
culado sobre o saldo devedor no início do segundo período, cujo valor é o resul-
tado da diferença do valor financiado menos o valor amortizado na primeira pres-
tação. E assim sucessivamente até a última prestação, sempre considerando que o
pagamento de cada prestação está sendo feito no valor e na data acordada.
A partir dessas duas regras chegamos a algumas conclusões. A primeira é que
no pagamento de uma prestação está sendo realizado o pagamento do juro sobre
o saldo devedor do início do período dessa prestação. Portanto, num plano de
financiamento construído seguindo as duas regras, na data de pagamento de
uma prestação o juro é zerado e o saldo devedor é igual à parte do financiamen-
to que ainda não foi amortizado. Ao mesmo tempo, e, do ponto de vista finan-
ceiro, querendo liquidar o financiamento, o devedor pagará somente o saldo
devedor nessa data, pois o juro foi zerado com o pagamento da prestação, consi-
derando que a prestação foi honrada no seu valor e na data.
A segunda conclusão é que cada prestação do plano de financiamento deve-
rá ser maior do que o juro devido nesse período. Por exemplo, no plano de fi-
nanciamento com prestação constante, se as prestações fossem iguais ao juro de-
vido em cada período então a série uniforme se converteria numa série perpé-
tua, tema tratado no Capítulo 7. Da mesma maneira, se as prestações fossem
menores do que o juro devido em cada período, então essa série uniforme não
atenderia às duas regras, pois a prestação não seria suficiente para pagar o juro de
cada período. Essa situação geraria o aumento do saldo devedor, pois o juro não
honrado seria incorporado ao saldo devedor.

1
A periodicidade das prestações do plano pode ser uniforme ou variável.
Capítulo 10
PLANOS DE FINANCIAMENTO
425

As duas regras são utilizadas para construir planos de financiamento de di-


versos tipos. Em geral, um plano de financiamento é concretizado numa plani-
lha com cinco colunas: as duas primeiras correspondem ao número da prestação
e seu valor, as duas colunas seguintes correspondem ao juro e a amortização in-
cluída na prestação e a última coluna ao saldo devedor depois de pagar a presta-
ção. Para construir o plano, deve-se adicionar alguma condição que estruture o
plano de financiamento, como as dos seguintes planos tradicionais:

— Prestação constante. Esse plano de financiamento é denominado sis-


tema de prestação constante ou SPC, conhecido também como Sistema
Francês ou Tabela Price.
— Amortização constante. Esse plano de financiamento é denominado
sistema de amortização constante ou SAC.
— Juro constante. Nesse plano de financiamento, denominado Sistema
Americano, exceto a última, as prestações estão formadas somente pelo
juro do período, sendo o valor financiado devolvido no final, junto com
o último pagamento de juro.

Com as duas regras que orientam a construção de um plano de financia-


mento, o credor e o devedor também podem negociar outras formas de amorti-
zar o principal durante o prazo do plano de financiamento, por exemplo, incluin-
do amortização variável, ou incluindo a repactuação da taxa de juro durante o
prazo de financiamento com taxa de juro variável, incluindo carência para reali-
zar o primeiro pagamento etc. Finalmente, com ajuda das duas regras, o leitor
sempre terá a liberdade de construir um plano diferenciado adicionando alguma
condição que estruture o plano, e a verificação no final de que o valor financia-
do foi totalmente recuperado com as amortizações realizadas durante o prazo
do plano de financiamento.

SISTEMA DE PRESTAÇÃO CONSTANTE – SPC


O sistema de prestação constante – SPC é uma aplicação da série uniforme com
capitais postecipados.2 Esse plano de financiamento também é conhecido como
Sistema Francês de Amortização, ou Tabela Price.

2
A série uniforme antecipada pode ser convertida em série uniforme postecipada, como mostra
o Exemplo 6.22.
426 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 10.1. O financiamento de $1.000 será devolvido em três prestações men-


sais postecipadas seguidas e iguais a $374,11. Construa a planilha do plano desse fi-
nanciamento destacando o juro, a amortização e o saldo devedor considerando a
taxa de juro de 6% ao mês.3
SOLUÇÃO. O juro da primeira prestação é de $60,00, resultado obtido com J =
$1.000 × 0,06. Da primeira prestação de $374,11 obtém-se a amortização $314,11 =
$374,11 – $60 incluída no pagamento da primeira prestação, resultado de aplicar a
primeira regra. Finalmente, obtém-se o saldo devedor de $685,89 = $1.000 –
$314,11. Continuando com esse procedimento de cálculo, completamos a seguin-
te planilha do plano de financiamento.

Mês Saldo devedor Juro Amortização Prestação

0 $1.000,00
1 $685,98 $60,00 $314,11 $374,11
2 $352,93 $41,15 $332,96 $374,11
3 $0,00 $21,18 $352,93 $374,11

Total das amortizações $1.000,00

O saldo devedor da última prestação deverá ser igual a zero, entretanto, pequenas
diferenças são aceitáveis desde que sejam provenientes de arredondamentos reali-
zados durante os cálculos. Foi adicionada uma linha final na planilha que registra a
soma das amortizações, cujo resultado deve ser igual ao financiamento, no exem-
plo $1.000.

Analisemos os resultados da planilha do plano de financiamento do Exem-


plo 10.1:

— No ato de pagar a primeira prestação, $374,11, o devedor salda integral-


mente o juro do período, $60,00, e amortiza $314,11. Nesse momento,
o saldo devedor passa a ser $685,89. Da mesma forma, essa análise se re-
pete com as outras duas prestações.

3
Outras características desse exemplo foram apresentadas no Exemplo 7.17.
Capítulo 10
PLANOS DE FINANCIAMENTO
427

— Embora tenha sido assinado um único contrato de financiamento no


valor de $1.000, para fins didáticos, podemos aceitar que o plano de fi-
nanciamento do Exemplo 10.1 é formado por três planos de financia-
mento independentes com valores de financiamento diferentes e com
a mesma taxa de juro de 6% ao mês. O valor financiado no primeiro
plano é $1.000, no segundo plano é $685,89 e no terceiro plano é
$352,93. Podemos ver que a taxa de juro paga pelo devedor é 6% ao
mês e não há juro acumulado, ou juros sobre juros. O mesmo se deduz
se periodicamente e de forma contratual o valor da taxa de juro sofrer
mudança, repactuação, pois as novas prestações serão sempre calcula-
das a partir do saldo devedor definido na última prestação honrada
quando o juro nessa data foi zerado.
— Essa operação pode ser vista como a soma de três operações financeiras
com dois capitais. No pagamento de cada prestação, o financiador recebe
a devolução de parte do capital financiado mais o juro sobre o saldo deve-
dor a que se refere a prestação honrada. Assim sendo, no sistema de finan-
ciamento com prestação constante, nenhum juro, parcial ou total, é
acrescido ao saldo devedor por não ter sido honrado durante o prazo de
financiamento.

O procedimento de construção da planilha de financiamento do Exemplo


10.1 pode ser estendido para qualquer número de prestações, sempre obede-
cendo a duas regras e a condição de prestação constante que estrutura o plano.
Além disso, na planilha foi adicionada uma linha final que registra a soma das
amortizações, cujo resultado tem de ser igual ao financiamento, nesse exemplo
$1.000.

EXEMPLO 10.2. O financiamento de $140.000 será devolvido em sete prestações


mensais iguais vencendo a primeira prestação depois de um mês da data de recebi-
mento do financiamento. Construa a planilha do plano de financiamento pelo
SPC com a taxa de financiamento de 5% ao mês.
SOLUÇÃO. O valor da prestação postecipada de uma série uniforme é $24.194,77,
resultado obtido com a calculadora financeira HP-12C, como apresentado no Ca-
pítulo 6. A planilha do plano de financiamento foi construída com as duas regras e a
condição de prestação constante.
428 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Mês Saldo devedor Juro Amortização Prestação

0 $140.000,00
1 $122.805,23 $7.000,00 $17.194,77 $24.194,77

2 $104.750,71 $6.140,26 $18.054,51 $24.194,77


3 $85.793,47 $5.237,54 $18.957,24 $24.194,77

4 $65.888,37 $4.289,67 $19.905,10 $24.194,77


5 $44.988,02 $3.294,42 $20.900,36 $24.194,77
6 $23.042,64 $2.249,40 $21.945,37 $24.194,77

7 $0,00 $1.152,13 $23.042,64 $24.194,77

Total das amortizações $140.000,00

É possível obter o resultado de qualquer célula da planilha do plano de fi-


nanciamento SPC utilizando fórmulas, como mostra o Exemplo 10.3.4

EXEMPLO 10.3. Continuando com o Exemplo 10.2, calcule a amortização, o saldo


devedor, o juro e a prestação do terceiro mês.
SOLUÇÃO. No terceiro mês j = 3 temos:
— O valor da prestação para qualquer j é $24.194,77, resultado obtido com:

P×i
PR =
1 − (1 + i ) − n

$140.000 × 0,05
PR = = $24194
. ,7746
, −7
1 − 105

— O saldo devedor em j = 3 é $85.793,47, resultado obtido com:

1 − (1 + i ) −( n − j )
SD( j ) = PR ×
i
1 − 105 , −( 7 − 3 )
SD( j = 3 ) = $24194
. ,7746 × = $85.793,4732
0,05

4
As fórmulas utilizadas estão deduzidas no Apêndice 10.1.
Capítulo 10
PLANOS DE FINANCIAMENTO
429

— O juro em j = 3 é $5.237,53, resultado obtido com:

J (j) = PR × (1 –(1 + i)–(n –(j – 1)))


J (j = 3) = $24.194,7746 × (1 – 1,05–(7 – 2)) = $5.237,5346

— A amortização em j = 3 é $18.957,24, resultado obtido com:

AM (j = 3) = PR – J (j = 3)
AM (j = 3) = $24.194,7746 – $5,237,5346 = $18.957,24

A maioria dos resultados da planilha do plano de financiamento SPC tam-


bém pode ser obtida com a calculadora financeira HP-12C, como mostra o
Apêndice deste capítulo “Cálculos com a HP-12C – Capítulo 10”, que se en-
contra na página do livro na Internet.

SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE – SAC


No sistema de amortização constante – SAC, todas as amortizações são iguais
durante a duração do plano. A atratividade do plano SAC reside na característi-
ca de decréscimo do valor da prestação durante o prazo do financiamento, re-
sultando também em um financiamento com um total de juros menor. Essa
vantagem é facilmente percebida com planos sem correção posterior das presta-
ções, entretanto, incluindo a prática de correção das prestações com índices de-
finidos5 poderá não ser percebido o decréscimo das prestações.

EXEMPLO 10.4. O financiamento de $1.200 será devolvido em três prestações men-


sais postecipadas. Construa o plano de financiamento pelo SAC com a taxa de juro
de 6% ao mês.
SOLUÇÃO. As três amortizações mensais são iguais a $400, resultado obtido com
AM = $1.200/3. O juro da primeira prestação $72 é obtido com J = $1.200 ×
0,06. Pela primeira regra, a primeira prestação é $472 = $400 + $72. Finalmente, o
saldo devedor passa a ser $800 = $1.200 – $400. Continuando com esse procedi-
mento de cálculo, completamos a planilha de financiamento a seguir.

5
Índices como os apresentados no Capítulo 4.
430 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Mês Saldo devedor Juro Amortização Prestação

0 $1.200,00
1 $800,00 $72,00 $400,00 $472,00

2 $400,00 $48,00 $400,00 $448,00


3 $0,00 $24,00 $400,00 $424,00

Total das amortizações $1.200,00

O saldo devedor da última prestação deve ser igual a zero, entretanto, pequenas
diferenças são aceitáveis desde que sejam provenientes de arredondamentos reali-
zados durante os cálculos. A linha final adicionada à planilha registra a soma das
amortizações, cujo resultado deve ser igual ao financiamento, no exemplo $1.200.

Analisemos os resultados da planilha do plano de financiamento do Exem-


plo 10.4:
— No ato de pagar a primeira prestação, $472, o devedor salda integralmen-
te o juro do período, $72,00, e amortiza $400. Nesse momento, o saldo
devedor passa a ser $800. Da mesma forma, essa análise se repete com as
duas prestações seguintes.
— Embora tenha sido assinado um único contrato de financiamento no va-
lor de $1.200, podemos entender que o plano de financiamento do
Exemplo 10.4 é formado por três planos de financiamento independen-
tes com valores de financiamento diferentes e com a mesma taxa de juro
de 6% ao mês. O valor financiado no primeiro plano é $1.200, no segun-
do plano é $800 e no terceiro plano $400. Da mesma forma como no
SPC, a taxa de juro paga pelo devedor é de 6% ao mês e não há juro acu-
mulado, ou juros sobre juros. O mesmo se deduz se periodicamente e de
forma contratual o valor da taxa de juro sofrer mudança, repactuação,
pois as novas prestações serão sempre calculadas a partir do saldo devedor
definido na última prestação honrada quando o juro nessa data foi zerado.
— Essa operação pode ser vista como a soma de três operações financeiras com
dois capitais. No pagamento de cada prestação o financiador recebe a devo-
lução de parte do capital financiado mais o juro sobre o saldo devedor a que
se refere a prestação honrada. Assim sendo, no sistema de financiamento
com amortização constante, nenhum juro, parcial ou total, é acrescido ao
saldo devedor por não ter sido honrado durante o prazo de financiamento.
Capítulo 10
PLANOS DE FINANCIAMENTO
431

O procedimento de construção da planilha de financiamento do Exemplo


10.4 pode ser estendido para qualquer número de prestações, sempre obede-
cendo às duas regras e à condição de amortização constante durante todo o pla-
no. Além disso, na planilha foi adicionada uma linha final que registra a soma das
amortizações, cujo resultado tem de ser igual ao financiamento, neste exemplo,
$1.200.

EXEMPLO 10.5. Serão financiados $140.000 em sete prestações mensais iguais ven-
cendo a primeira prestação depois de um mês da data de recebimento do financia-
mento. Construa a planilha do financiamento pelo sistema de amortização cons-
tante com a taxa de financiamento de 5% ao mês.
SOLUÇÃO. A planilha seguinte foi construída utilizando as duas regras e a premissa
de amortização constante. Depois da última linha da planilha, foi registrada a soma
das amortizações realizadas durante a duração do plano, que tem de ser igual ao va-
lor do financiamento.

Mês Saldo devedor Juro Amortização Prestação

0 $140.000,00
1 $120.000,00 $7.000,00 $20.000,00 $27.000,00
2 $100.000,00 $6.000,00 $20.000,00 $26.000,00
3 $80.000,00 $5.000,00 $20.000,00 $25.000,00
4 $60.000,00 $4.000,00 $20.000,00 $24.000,00
5 $40.000,00 $3.000,00 $20.000,00 $23.000,00
6 $20.000,00 $2.000,00 $20.000,00 $22.000,00

7 $0,00 $1.000,00 $20.000,00 $21.000,00

Total das amortizações $140.000,00

É possível obter o resultado de qualquer célula da planilha do plano de fi-


nanciamento SAC utilizando fórmulas como mostra a seguir o Exemplo 10.6.6

6
As fórmulas utilizadas estão deduzidas no Apêndice 10.1.
432 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 10.6. Continuando com o Exemplo 10.5, calcule a amortização, o saldo


devedor, o juro e a prestação do terceiro mês.
SOLUÇÃO. No terceiro mês, j = 3, temos:

— A amortização para qualquer J é $20.000, resultado obtido com:

P
AM =
n

$140.000
AM = = $20.000
7

— O saldo devedor em j = 3 é $80.000, resultado obtido com:

⎛ j⎞
SD(j = 3) = P × ⎜ 1 − ⎟
⎝ n⎠

⎛ 3⎞
SD(j = 3) = $140.000 × ⎜ 1 − ⎟ = $80.000
⎝ 7⎠

— O juro em j = 3 é $5.000, resultado obtido com:

⎛ j − 1⎞
J(j = 3) = P × i × ⎜ 1 − ⎟
⎝ n ⎠
⎛ 3 − 1⎞
J(j = 3) = $140.000 × 0,05 × ⎜ 1 − ⎟ = $5.000
⎝ 7 ⎠

— A prestação em j = 3 é $25.000, resultado obtido com:

PR(j = 3) = AM + J(j = 3)
PR(j = 3) = $20.000 + $5.000 = $25.000

SISTEMA AMERICANO
No Sistema Americano, todas as prestações exceto a última estão formadas ape-
nas pelo juro do período, sendo o valor financiado devolvido no final, junto
com o último pagamento de juro.
Capítulo 10
PLANOS DE FINANCIAMENTO
433

EXEMPLO 10.7. O financiamento de $1.500 será devolvido em três prestações men-


sais postecipadas. Construa o plano de financiamento pelo Sistema Americano
com a taxa de juro de 6% ao mês.
SOLUÇÃO. O juro da primeira prestação é $90, resultado obtido com J = $1.500 ×
0,06. Como não há amortização, a primeira prestação é igual ao juro, $90. Conse-
quentemente, o saldo devedor continua sendo o valor financiado, $1.500. Os mes-
mos resultados se repetem na segunda prestação. Continuando com esse procedi-
mento de cálculo, completamos a planilha de financiamento registrada a seguir.
Novamente, o saldo devedor da última prestação deve ser igual a zero, entretanto,
pequenas diferenças são aceitáveis desde que sejam provenientes de arredonda-
mentos realizados durante os cálculos.

Mês Saldo devedor Juro Amortização Prestação

0 $1.500,00
1 $1.500,00 $90,00 $0,00 $90,00
2 $1.500,00 $90,00 $0,00 $90,00
3 $0,00 $90,00 $1.500,00 $1.590,00

Total das amortizações $1.500,00

Na planilha foi adicionada uma linha final que registra a soma das amortizações
cujo resultado tem de ser igual ao financiamento, nesse exemplo $1.500.

O procedimento de construção da planilha de financiamento do Exemplo


10.7 pode ser estendido para qualquer número de prestações, sempre obede-
cendo às duas regras e às condição de amortização constante durante todo o pla-
no. Além disso, na planilha foi adicionada uma linha final que registra a soma das
amortizações, cujo resultado tem de ser igual ao financiamento, neste exemplo,
$1.500.

PROBLEMAS
PROBLEMA 10.1
O financiamento de $250.000 será devolvido em dez prestações mensais iguais,
vencendo a primeira um mês depois da data do financiamento. Construa a planilha
do financiamento para o sistema de prestação constante, considerando a taxa de
juro de 7% ao mês.
434 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMA 10.2
Repita o Problema 10.1 considerando que o financiamento será realizado pelo
SAC.
PROBLEMA 10.3
Repita o Problema 10.1 considerando que o financiamento será realizado pelo Sis-
tema Americano.
PROBLEMA 10.4
O financiamento de $45.000 será devolvido em cinco prestações antecipadas
iguais, mensais e seguidas. Construa a planilha do plano de financiamento conside-
rando a taxa de financiamento de 8% ao mês.
PROBLEMA 10.5
O financiamento de $100.000 será devolvido em 20 prestações iguais postecipa-
das, mensais e seguidas. Considerando a taxa de juro de 3,50% ao mês, calcule a
amortização da nona prestação.
R: AM = $4.656,38
PROBLEMA 10.6
Continuando com o Problema 10.5, calcule o saldo devedor depois de pagar a sex-
ta prestação.
R: SD = $76.837,96
PROBLEMA 10.7
Repita o Problema 10.5 considerando que o financiamento será realizado com o
sistema de amortização constante.
R: AM = $5.000,00
PROBLEMA 10.8
Continuando com o Problema 10.7, calcule o saldo devedor depois de pagar a sex-
ta prestação.
R: SD = $70.000,00
PROBLEMA 10.9
A empresa recebeu $150.000 para devolver em oito prestações trimestrais.
Construa a planilha de financiamento pelo SAC com a taxa de juro de 8,4% ao
trimestre.
PROBLEMA 10.10
Repita o Problema 10.8 pelo SPC.
Capítulo 10
PLANOS DE FINANCIAMENTO
435

PLANO DE FINANCIAMENTO COM TAXA


VARIÁVEL DE JURO
Nos planos de financiamento anteriores, a taxa de juro permanece constante
durante todo o plano de financiamento. Entretanto, há planos que estabelecem
possibilidades de repactuação da taxa de juro em determinadas datas e de acordo
com a taxa de juro de financiamento praticada no mercado nessa data, podendo
aumentar ou diminuir. Nesse caso, estamos diante de um plano de financia-
mento com taxa de juro variável na duração do plano. Para construir um plano
com taxa variável de juro, é preciso considerar as conclusões da segunda regra,
que repetimos:
— Em cada prestação é pago o juro sobre o saldo devedor do início do pe-
ríodo.
— No ato de pagamento de uma prestação, o devedor somente ficará de-
vendo o capital que ainda não foi amortizado, nada devendo de juro.
Portanto, podemos supor que no pagamento de uma prestação, o devedor
está liquidando o financiamento anterior e começando um novo financiamento
de valor igual ao saldo devedor do anterior. Nessa data é possível mudar a taxa
de juro e repactuar a dívida.

EXEMPLO 10.8. O financiamento de $1.200 será devolvido em três prestações men-


sais seguidas com taxa de juro variável de 2%, 2,2% e 1,7% ao mês, respectivamen-
te. Construa a planilha do financiamento utilizando o SAC.
SOLUÇÃO. O procedimento de cálculo da primeira prestação é o mesmo apresenta-
do anteriormente, o juro é $24, a amortização é $400 e a primeira prestação é $424.
O saldo devedor depois do pagamento da primeira prestação é $800, como se mos-
tra na planilha do plano de financiamento.

Mês Saldo devedor Taxa de juro Juro Amortização Prestação

0 $1.200,00 2,00%

1 $800,00 2,20% $24,00 $400,00 $424,00


2 $400,00 1,70% $17,60 $400,00 $417,60

3 $0,00 $6,80 $400,00 $406,80

Total das amortizações $1.200,00


436 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Os resultados da segunda prestação são obtidos a partir do saldo devedor de $800 e


taxa de juro de 2,2% ao mês, que geram o juro $17,60. Como o valor da amortiza-
ção é constante e igual a $400, a prestação será, necessariamente, igual a $417,60 e,
nesse caso, o saldo devedor depois do pagamento da segunda prestação é $400.
Procedendo de forma semelhante para a terceira prestação, o saldo devedor de
$400 e a taxa de juro de 1,7% ao mês geram o juro de $6,80. Como a amortização
é $400 e a prestação $406,80, o saldo devedor depois do pagamento da terceira
prestação é $0. A última linha da planilha registra a soma das amortizações igual
ao financiamento, $1.200.

EXEMPLO 10.9. Repita o financiamento do Exemplo 10.8 com o SPC.


SOLUÇÃO. Inicialmente, as três prestações são iguais a $416,11, resultado obtido
com a calculadora financeira HP-12C arredondado com duas casas decimais e ob-
tido com a taxa de juro de 2%. O juro da primeira prestação é $24, a amortização é
$392,11, e o saldo devedor depois do pagamento da primeira prestação é $807,89,
como se mostra na planilha do plano de financiamento.

Mês Saldo devedor Taxa de juro Juro Amortização Prestação

0 $1.200,00 2,00%
1 $807,89 2,20% $24,00 $392,11 $416,11
2 $408,34 1,70% $17,77 $399,55 $417,33
3 $0,00 $6,94 $408,34 $415,28

Total das amortizações $1.200,00

Os resultados da segunda prestação são obtidos a partir do saldo devedor de


$807,89. As duas restantes prestações iguais, com a taxa de juro 2,2% ao mês, são
$417,33, resultado também obtido com a calculadora financeira HP-12C. Como
o juro é $17,77, a amortização é $399,55, o saldo devedor depois do pagamento da
segunda prestação é $408,34. Procedendo de forma parecida para a terceira presta-
ção, partindo do saldo devedor $408,34, a última prestação com a taxa de juro
1,7% ao mês será $415,28. Como o juro é $6,94 e a amortização é $408,34, o saldo
devedor depois do pagamento da terceira prestação será $0. Neste caso também,
foi adicionada uma linha final à planilha que registra a soma das amortizações, cujo
resultado é igual ao financiamento, $1.200.
Capítulo 10
PLANOS DE FINANCIAMENTO
437

EXEMPLO 10.10. O financiamento de $90.000 será devolvido em seis prestações


mensais, iguais e seguidas. O financiamento foi realizado com taxa variável de
juro aplicada da seguinte maneira: o plano de financiamento se inicia com taxa
de juro de 3% ao mês, depois do pagamento da segunda prestação, a taxa de juro
passa para 2,7% ao mês, e, depois do pagamento da quarta prestação, a taxa de
juro passa para 2,5% ao mês. Construa a planilha do plano de financiamento
pelo SPC.
SOLUÇÃO. O plano de financiamento está registrado na seguinte planilha, deixan-
do por conta do leitor a verificação dos resultados.

Mês Saldo devedor Taxa de juro Juro Amortização Prestação

0 $90.000,00 3,00%
1 $76.086,22 3,00% $2.700,00 $13.913,78 $16.613,78
2 $61.755,04 2,70% $2.282,59 $14.331,19 $16.613,78
3 $46.927,67 2,70% $1.667,39 $14.827,37 $16.494,75
4 $31.699,96 2,50% $1.267,05 $15.227,71 $16.494,75
5 $16.045,66 2,50% $792,50 $15.654,30 $16.446,80
6 $0,00 $401,14 $16.045,66 $16.446,80

Total das amortizações $90.000,01

Foi adicionada uma linha final à planilha que registra a soma das amortizações, cujo
resultado deve ser igual ao financiamento, no exemplo $90.000; entretanto, pe-
quenas diferenças são aceitáveis desde que sejam provenientes de arredondamen-
tos realizados durante os cálculos, como é o caso deste exemplo.

PLANO DE FINANCIAMENTO COM AMORTIZAÇÃO


VARIÁVEL
No Sistema de Amortização Variável denominado SAV, as partes estabele-
cem as datas e os valores das amortizações de forma que até o final do plano o
valor financiado seja devolvido integralmente. O procedimento de prepara-
ção da planilha do plano é parecido com o procedimento da planilha do pla-
no SAC.
438 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 10.11. O financiamento de $2.000 será devolvido em três prestações men-


sais seguidas com estas amortizações: $700 no final do primeiro mês e, respectiva-
mente, $500 e $800 nos dois meses seguintes, totalizando o valor financiado. Cons-
trua a planilha do plano de financiamento pelo SAV com taxa de juro de 4% ao mês.
SOLUÇÃO. O procedimento de cálculo da primeira prestação é o mesmo do apre-
sentado anteriormente, o juro é $80, a amortização é $700, a primeira prestação é
$780 e o saldo devedor depois do pagamento da primeira prestação é $1.300, como
se mostra na planilha do plano de financiamento.
Mês Saldo devedor Juro Amortização Prestação
0 $2.000,00
1 $1.300,00 $80,00 $700,00 $780,00
2 $800,00 $52,00 $500,00 $552,00
3 $0,00 $32,00 $800,00 $832,00
Total das amortizações $2.000,00

Embora o Exemplo 10.11 apresente a construção da planilha de um plano


de financiamento com amortização variável e taxa de juro constante, o plano de
financiamento SAV também pode ser aplicado com taxa de juro variável.

EXEMPLO 10.12. O financiamento de $100.000 será devolvido em oito prestações


trimestrais e seguidas, vencendo a primeira prestação um trimestre depois da data
da assinatura do contrato e as restantes nos trimestres seguintes. Construa a planilha
do plano de financiamento, considerando as amortizações e as taxas de juro trimes-
trais registradas na planilha a seguir.

Trimestre Amortização Taxa de juro


0 $0 4%
1 $10.000 4%
2 $0 3%
3 $20.000 3%
4 $25.000 6%
5 $0 6%
6 $20.000 8%
7 $10.000 8%
8 $15.000
Capítulo 10
PLANOS DE FINANCIAMENTO
439

SOLUÇÃO. Nos dois primeiros trimestres do plano, a taxa de juro é 4% ao trimes-


tre. A primeira prestação, $14.000, é o resultado da soma do juro $4.000 mais a
amortização de $10.000. A segunda prestação é igual ao juro $3.600 calculado
sobre o saldo devedor do início do segundo trimestre $90.000. Nos dois trimes-
tres seguintes a taxa de juro é de 3% e a terceira prestação de $22.700 é o resultado
da soma do juro $2.700 mais a amortização de $20.000. Esse procedimento de
cálculo continua até o final do plano, mudando os valores das taxas de juro con-
forme a planilha a seguir.

Saldo Taxa
Trimestre devedor de juro Juro Amortização Prestação

0 $100.000 4%
1 $90.000 4% $4.000 $10.000 $14.000
2 $90.000 3% $3.600 $0 $3.600
3 $70.000 3% $2.700 $20.000 $22.700
4 $45.000 6% $2.100 $25.000 $27.100
5 $45.000 6% $2.700 $0 $2.700
6 $25.000 8% $2.700 $20.000 $22.700

7 $15.000 8% $2.000 $10.000 $12.000


8 $0 $1.200 $15.000 $16.200

Total das amortizações $100.000,00

A pasta Excel “Capítulo 10” na página do livro na Internet contém parte


dos exemplos e problemas resolvidos neste capítulo. Ademais, com a planilha
“Plano Financiamento” incluída na pasta Excel “Modelo Financeiro Capítulo
10” é possível construir qualquer plano de financiamento dos que foram apre-
sentados até aqui neste capítulo.

PROBLEMAS
PROBLEMA 10.11
A devolução do financiamento de $100.000 será realizada em oito prestações tri-
mestrais e seguidas. Construa a planilha de financiamento considerando as taxas de
juro com período trimestral e amortizações variáveis registradas na planilha do pla-
no de financiamento. Com a intenção de ajudar na resolução do problema, na pla-
nilha foram registrados alguns resultados.
440 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Saldo Taxa
Trimestre devedor de juro Juro Amortização Prestação

0 $100.000 6%
1 6% $6.000

2 $100.000 6% $6.000
3 7% $25.000
4 7% $15.000
5 $60.000 8% $4.200
6 8% $25.000

7 7,50% $2.800 $15.000


8 $0 $20.000

Total das amortizações $100.000,00

PROBLEMA 10.12
O financiamento de $250.000 será devolvido em dez prestações mensais, vencendo
a primeira um mês depois da data do financiamento. Construa a planilha do financia-
mento para o sistema de prestação constante, considerando a taxa de juro de 5% ao
mês para as primeiras cinco prestações e 5,8% para as restantes cinco prestações.
PROBLEMA 10.13
Continuando com o Problema 10.12, construa a planilha do financiamento para o
sistema de amortizações mensais constantes, mantendo os dados restantes do pro-
blema inalterados.
PROBLEMA 10.14
O financiamento de $300.000 será devolvido em cinco prestações anuais, vencen-
do a primeira um ano depois da data do financiamento. Construa a planilha do fi-
nanciamento pelo SAC considerando que a taxa de juro variável é de 15% no pri-
meiro ano, 17% no segundo ano e, respectivamente, 16%, 16% e 17% nos três últi-
mos anos.
PROBLEMA 10.15
Continuando com o Problema 10.14, construa a planilha do financiamento consi-
derando que o financiamento será amortizado como segue: $50.000 no primeiro
ano, $0 no segundo ano e, respectivamente, $70.000, $80.000 e $100.000 nos três
últimos anos, mantendo inalterados os restantes dados do problema.
Capítulo 10
PLANOS DE FINANCIAMENTO
441

PLANO DE FINANCIAMENTO COM CARÊNCIA


No início do capítulo, registramos que, com as duas regras e alguma condição
que estruture o plano de financiamento, o credor e o devedor podem nego-
ciar outras formas de amortizar o principal durante o prazo do plano de fi-
nanciamento, como os planos de financiamento com amortização variável e
com taxa de juro variável. De outra maneira, com essa orientação o leitor
sempre terá a liberdade de construir um plano diferenciado, como é o caso de
inclusão de carência para realizar o primeiro pagamento, e estabelecendo ou-
tras premissas, como é o caso de prestações variáveis com gradiente linear e
gradiente exponencial.

EXEMPLO 10.13. Serão financiados $140.000 em cinco prestações mensais vencendo


a primeira prestação depois de três meses da data de recebimento do financiamen-
to. Construa a planilha do financiamento pelo SAC com a taxa de financiamento de
5% ao mês considerando que nos dois primeiros meses o devedor pagará os juros.
SOLUÇÃO. No final dos dois primeiros meses, o devedor pagará somente o juro,
$7.000. Do terceiro até o sétimo mês será realizada a amortização constante de
$28.000 do financiamento. O restante da planilha é completada da mesma forma
como a apresentada no Exemplo 10.5 utilizando as duas regras.

Mês Saldo devedor Juro Amortização Prestação

0 $140.000,00

1 $140.000,00 $7.000,00 $7.000,00


2 $140.000,00 $7.000,00 $7.000,00
3 $112.000,00 $7.000,00 $28.000,00 $35.000,00
4 $84.000,00 $5.600,00 $28.000,00 $33.600,00
5 $56.000,00 $4.200,00 $28.000,00 $32.200,00

6 $28.000,00 $2.800,00 $28.000,00 $30.800,00


7 $0,00 $1.400,00 $28.000,00 $29.400,00

Total das amortizações $140.000,00


442 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 10.14. Repita o Exemplo 10.13 pelo SPC mantendo inalterados os res-
tantes dados.
SOLUÇÃO. No final dos dois primeiros meses, o devedor pagará somente o juro de
$7.000. Do terceiro até o sétimo mês, serão realizados cinco pagamentos iguais e
seguidos de $32.336,47. O restante da planilha é completado da mesma forma
como a apresentada no Exemplo 10.2, utilizando as duas regras.

Mês Saldo devedor Juro Amortização Prestação

0 $140.000,00
1 $140.000,00 $7.000,00 $7.000,00
2 $140.000,00 $7.000,00 $7.000,00
3 $114.663,53 $7.000,00 $25.336,47 $32.336,47
4 $88.060,23 $5.733,18 $26.603,30 $32.336,47
5 $60.126,77 $4.403,01 $27.933,46 $32.336,47
6 $30.796,64 $3.006,34 $29.330,13 $32.336,47

7 $0,00 $1.539,83 $30.796,64 $32.336,47

Total das amortizações $140.000,00

Nos planos de financiamento dos Exemplos 10.13 e 10.14 foi incluído um


período de carência de dois meses durante os quais o devedor pagará somente
juros. O Exemplo 10.15 repete o Exemplo 10.13, porém incorporando os juros
no saldo devedor do financiamento em vez de pagá-los.

EXEMPLO 10.15. Repita o Exemplo 10.13 incorporando os juros dos dois primei-
ros meses no saldo devedor do financiamento e mantendo inalterados os dados
restantes.
SOLUÇÃO. No final do primeiro mês, o juro de $7.000 é adicionado ao saldo deve-
dor totalizando $147.000. No final do segundo mês, o juro de $7.350 é também
adicionado ao saldo devedor totalizando $154.350. Do terceiro ao sétimo mês será
realizada a amortização constante de $30.870, referente ao financiamento de
$154.300, resultado do valor inicial de $140.000 mais os juros acumulados durante
os dois primeiros meses, $14.350. O restante da planilha é completado da mesma
forma como a apresentada no Exemplo 10.13.
Capítulo 10
PLANOS DE FINANCIAMENTO
443

Mês Saldo devedor Juro Amortização Prestação

0 $140.000,00
1 $147.000,00 $7.000,00

2 $154.350,00 $7.350,00
3 $123.480,00 $7.717,50 $30.870,00 $38.587,50

4 $92.610,00 $6.174,00 $30.870,00 $37.044,00


5 $61.740,00 $4.630,50 $30.870,00 $35.500,50
6 $30.870,00 $3.087,00 $30.870,00 $33.957,00

7 $0,00 $1.543,50 $30.870,00 $32.413,50

Total das amortizações $154.350,00

No plano de financiamento do Exemplo 10.15 foi incluído um período de


carência de dois meses durante os quais o devedor não pagará os juros, pois eles
serão incorporados ao saldo devedor do final do mesmo período. Observe que
no final do segundo mês, à parte $350 do juro incorporado, $7.350 se referem
ao juro sobre o juro do primeiro mês, $7.000, que não foi pago ao financiador.
Da mesma maneira, no final do terceiro mês, à parte $717,50 do juro incorpora-
do, $7.717,50 se referem aos juros sobre os juros do primeiro e do segundo mês
que não foram pagos ao financiador. Esses juros sobre juros se propagam até o
final do sétimo mês, como se pode deduzir da comparação das planilhas de
financiamento dos Exemplos 10.13 e 10.15.7 Em vez de amortizar o financia-
mento de $154.350 acumulado no final do segundo mês do plano de finan-
ciamento do Exemplo 10.15, o devedor poderia pagar o total dos juros acu-
mulados, $14.350, no final do terceiro mês do plano e continuar com o valor
inicial do financiamento, $140.000.

EXEMPLO 10.16. Repita o Exemplo 10.14 incorporando os juros dos dois primeiros
meses no saldo devedor do financiamento e mantendo inalterados os dados restantes.
SOLUÇÃO. No final do primeiro mês, o juro de $7.000 é adicionado ao saldo deve-
dor, totalizando $147.000. No final do segundo mês, o juro de $7.350 é também

7
Em algumas modalidades de financiamento não é aceito o pagamento de juros sobre juros.
444 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

adicionado ao saldo devedor, totalizando $154.350. Do terceiro ao sétimo mês, se-


rão realizados pagamentos iguais de $35.650,96. O restante da planilha é comple-
tado da mesma forma como a apresentada no Exemplo 10.13.

Mês Saldo devedor Juro Amortização Prestação

0 $140.000,00
1 $147.000,00 $7.000,00
2 $154.350,00 $7.350,00
3 $126.416,54 $7.717,50 $27.933,46 $35.650,96
4 $97.086,41 $6.320,83 $29.330,13 $35.650,96
5 $66.289,77 $4.854,32 $30.796,64 $35.650,96
6 $33.953,30 $3.314,49 $32.336,47 $35.650,96

7 $0,00 $1.697,66 $33.953,30 $35.650,96

Total das amortizações $154.350,00

A análise do Exemplo 10.15 se aplica também ao Exemplo 10.16. A reten-


ção dos juros durante o período de carência encarece o financiamento, pois não
foram pagos na data de geração do juro, no final do primeiro e do segundo mês.
Uma alternativa é pagar o total dos juros acumulados, $14.350, no final do se-
gundo mês do plano e continuar com o valor inicial do financiamento, $140.000,
em vez de amortizar o financiamento de $154.350 acumulado no final do se-
gundo mês. Nesse caso, estaria se pagando $350 de juro sobre o juro de $7.000
do primeiro mês.

PROBLEMAS
PROBLEMA 10.16
A empresa recebeu um financiamento de $180.000 para devolver em 6 prestações
mensais vencendo a primeira prestação depois de 4 meses da data de recebimento
do financiamento. Construa a planilha do financiamento pelo SAC com a taxa de
financiamento de 4% ao mês considerando que nos três primeiros meses o devedor
pagará os juros.
Capítulo 10
PLANOS DE FINANCIAMENTO
445

PROBLEMA 10.17
Repita o financiamento do Problema 10.17 pelo SPC mantendo inalterados os da-
dos restantes.
PROBLEMA 10.18
O financiamento de $120.000 será devolvido em 6 prestações mensais iguais ven-
cendo a primeira prestação depois de 6 meses da data de recebimento do financia-
mento. Construa a planilha do financiamento pelo SPC com a taxa de financia-
mento de 5% ao mês considerando que nos 6 primeiros meses o devedor pagará os
juros.
PROBLEMA 10.19
Repita o financiamento do Problema 10.18 incorporando os juros dos 6 primeiros
meses no saldo devedor do financiamento e mantendo inalterados os dados restan-
tes.
PROBLEMA 10.20
Repita o financiamento do Problema 10.18 pelo SAC mantendo inalterados os
restantes dados.
PROBLEMA 10.21
Repita o financiamento do Problema 10.20 incorporando os juros dos 6 primeiros
meses no saldo devedor do financiamento e mantendo inalterados os dados restantes.

PLANO DE FINANCIAMENTO
PRESTAÇÃO COM GRADIENTE LINEAR
Foi destacado que, com ajuda das duas regras para construção de um plano de fi-
nanciamento e uma condição para estruturar o plano, sempre se terá a liberdade
de construir um plano diferenciado, como o apresentado na seção anterior, ou
estabelecendo outras premissas, como o plano de financiamento com prestação
variável em gradiente linear.

EXEMPLO 10.17. A empresa recebeu a seguinte proposta de financiamento:


$250.000. O valor financiado será devolvido em seis parcelas trimestrais com gra-
diente linear. A primeira parcela de $30.000 vence um trimestre depois de receber
o financiamento e as restantes cinco parcelas trimestrais no final dos trimestres se-
guintes. Construa a planilha do plano de financiamento considerando a taxa de
juro de 10 % ao trimestre.
446 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

SOLUÇÃO. A equivalência entre o valor financiado e as seis parcelas com gradiente


linear desenvolvida no Capítulo 7 é repetida a seguir:

1 − (1 + i ) − n (1 + i ) n − n × i − 1
P = A× +G ×
i i 2 × (1 + i ) n

No exemplo, P é o valor financiado, $250.000, e A é o valor da primeira parcela,


$30.000, da série gradiente e, ao mesmo tempo, A é o valor dos capitais da série uni-
forme representada na primeira parcela da fórmula. Pela segunda regra, a primeira
parcela do plano deverá ser maior do que o juro do primeiro período do plano. Nes-
te caso a parcela $30.000 é maior do que o juro $25.000 do primeiro período.
Agora é necessário determinar o gradiente linear G que será utilizado para cons-
truir o plano de financiamento. Da equivalência anterior se deduz G.

⎛ 1 − (1 + i ) − n ⎞ i 2 × (1 + i ) n
G = ⎜P − A × ⎟×
⎝ i ⎠ (1 + i ) n − n × i − 1

Substituindo os dados, temos o gradiente linear $12.323,4273, resultado obtido


com:
⎛ 1 − (1 + 0,10 ) −6 ⎞ 0,10 2 × (1 + 0,10 ) 6
G = ⎜ $250.000 − $30.000 × ⎟×
⎝ 0,10 ⎠ (1 + 0,10 ) 6 − 6 × 0,10 − 1

G = ($250.000 – $130.657,8210) × 0,10326129


G = $12.323,4273

Com o gradiente linear G = $12.323,4273 é construída a planilha do plano de fi-


nanciamento.

Trimestre Gradiente linear Saldo devedor Juro Amortização

0 ($250.000,00) $250.000,00
1 $30.000,00 $245.000,00 $25.000,00 $5.000,00

2 $42.323,43 $227.176,57 $24.500,00 $17.823,43

3 $54.646,85 $195.247,38 $22.717,66 $31.929,20


4 $66.970,28 $147.801,83 $19.524,74 $47.445,54

5 $79.293,71 $83.288,31 $14.780,18 $64.513,53


6 $91.617,14 $0,00 $8.328,83 $83.288,31
Capítulo 10
PLANOS DE FINANCIAMENTO
447

Na segunda coluna do plano de financiamento do Exemplo 10.17 está


registrado o fluxo de caixa do financiamento cujas parcelas crescem com o gra-
diente G = $12.323,43. Nas últimas três colunas estão registrados os outros re-
sultados que fazem parte da planilha de um plano de financiamento, o saldo de-
vedor, o juro e a amortização, resultados que mostram que, com o pagamento
da sexta parcela trimestral, o saldo devedor é zerado. No plano de financiamen-
to com prestação em gradiente linear, o valor da primeira parcela é a condição
que estrutura o plano. Portanto, tome o cuidado de verificar se essa primeira
parcela atende à segunda regra, como foi feito na resolução do Exemplo 10.17,
confirmando que a primeira parcela do plano, $30.000, é maior do que o juro,
$25.000, do primeiro período do plano.

EXEMPLO 10.18. Continuando com o Exemplo 10.17. A empresa considerou o


crescimento das parcelas um pouco alto e pediu para apresentar um novo plano
com parcela inicial de $65.000. Construa o novo plano mantendo inalterados os
dados restantes.
SOLUÇÃO. Refazendo os cálculos, obtêm-se os dados para construir a planilha do novo
plano de financiamento, começando pelo gradiente negativo G = – $3.417,1169.

⎛ 1 − (1 + 0,10 ) −6 ⎞ 0,10 2 × (1 + 0,10 ) 6


G = ⎜ $250.000 − $65000
. × ⎟×
⎝ 0,10 ⎠ (1 + 0.10 ) 6 − 6 × 0,10 − 1

G = ($250.000 – $283.091,9455) × 0,10326129


G = – $3,417,1169
Com o gradiente linear G = – $3.417,1169, é construída a planilha do plano de fi-
nanciamento.

Trimestre Gradiente linear Saldo devedor Juro Amortização

0 ($250.000,00) $250.000,00
1 $65.000,00 $210.000,00 $25.000,00 $40.000,00
2 $61.582,88 $169.417,12 $21.000,00 $40.582,88
3 $58.165,77 $128.193,06 $16.941,71 $41.224,05
4 $54.748,65 $86.263,72 $12.819,31 $41.929,34
5 $51.331,53 $43.558,56 $8.626,37 $42.705,16
6 $47.914,42 $0,00 $4.355,86 $43.558,56
448 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Na segunda coluna do plano de financiamento do Exemplo 10.18 está


registrado o fluxo de caixa do financiamento cujas parcelas decrescem com o
gradiente G = – $3.417,12. Nas últimas três colunas estão registrados os ou-
tros resultados que fazem parte da planilha de um plano de financiamento,
mostrando que, com o pagamento da sexta parcela trimestral, o saldo deve-
dor é zerado. Esse plano de financiamento atende à segunda regra, pois a pri-
meira parcela do plano, $65.000, é maior do que o juro do primeiro período
do plano, $25.000.

EXEMPLO 10.19. O financiamento de $80.000 será devolvido em cinco prestações


mensais com gradiente linear. A primeira prestação de $800 vence um mês depois
de receber o financiamento, e as restantes quatro prestações mensais no final dos
meses seguintes. Construa a planilha do plano de financiamento considerando a
taxa de juro de 2,50 % ao mês.
SOLUÇÃO. Refazendo os cálculos, obtêm-se os dados para construir a planilha do novo
plano de financiamento, começando pelo gradiente negativo G = $8.417,6739.

⎛ 1 − (1 + 0,025) −5 ⎞ 0,0252 × (1 + 0,025)5


G = ⎜ $80.000 − $800 × ⎟×
⎝ 0,025 ⎠ (1 + 0,025)5 − 4 × 0,025 − 1

G = $76.283,3372 × 0,11034748

G = $8.417,6739

Com o gradiente linear G = $8.417,6739, é construída a planilha do plano de fi-


nanciamento.

Mês Gradiente linear Saldo devedor Juro Amortização

0 ($80.000,00) $80.000,00

1 $800,00 $81.200,00 $2.000,00 ($1.200,00)


2 $9.217,67 $74.012,33 $2.030,00 $7.187,67

3 $17.635,35 $58.227,29 $1.850,31 $15.785,04


4 $26.053,02 $33.629,95 $1.455,68 $24.597,34

5 $34.470,70 ($0,00) $840,75 $33.629,95


Capítulo 10
PLANOS DE FINANCIAMENTO
449

Pela segunda regra, a primeira parcela do plano deve ser maior do que o juro
do primeiro período do plano, porém no Exemplo 10.19 a parcela $800 é me-
nor do que o juro $2.000 do primeiro período. Dessa maneira, a parte do juro,
$1.200, que não será paga é automaticamente incorporada ao saldo devedor no
final do primeiro período, provocando uma amortização negativa. A partir do
segundo período, as prestações são suficientes para pagar os juros correspon-
dentes e amortizar parte do valor financiado até que no pagamento da última
prestação o saldo devedor é zerado. Às vezes, a geração de amortização negativa
poderá ser estendida para mais do primeiro período fazendo com que o gradi-
ente G tenha de aumentar para conseguir zerar o saldo devedor no final do pla-
no de financiamento. Uma característica importante é que sempre será possível
amortizar o valor financiado. Outra característica importante é que se a primei-
ra prestação for igual ao juro do primeiro período, o plano consegue ser finito e
zerar o saldo devedor no final do último período do plano, como mostra o
Exemplo 10.20. Com a planilha “Plano Gradiente” incluída na pasta Excel
“Modelo Financeiro – Capítulo 10”, que se encontra na página do livro na
Internet, é possível construir um plano de financiamento com prestação variá-
vel em gradiente linear e verificar essas características.

EXEMPLO 10.20. Continuando com o Exemplo 10.19, refaça o plano conside-


rando a primeira prestação igual a $2.000 mantendo inalterados os restantes
dados.
SOLUÇÃO. Refazendo os cálculos, obtemos os dados para construir a planilha do
novo plano de financiamento, começando pelo gradiente negativo G =
$7.802,4873.

⎛ 1 − (1 + 0,025) −5 ⎞ 0,0252 × (1 + 0,025)5


G = ⎜ $80.000 − $2000
. × ⎟×
⎝ 0,025 ⎠ (1 + 0,025)5 − 4 × 0,025 − 1

G = $9.291,6570 × 0,11034748

G = $7.802,4873

Com o gradiente linear G = $7.802,4873, é construída a planilha do plano de fi-


nanciamento.
450 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Mês Gradiente linear Saldo devedor Juro Amortização

0 ($80.000,00) $80.000,00
1 $2.000,00 $80.000,00 $2.000,00 $0,00

2 $9.802,49 $72.197,51 $2.000,00 $7.802,49

3 $17.604,97 $56.397,48 $1.804,94 $15.800,04


4 $25.407,46 $32.399,95 $1.409,94 $23.997,53
5 $33.209,95 ($0,00) $810,00 $32.399,95

PLANO DE FINANCIAMENTO PRESTAÇÃO


COM GRADIENTE EXPONENCIAL
Os exemplos anteriores mostram como construir um plano de financiamento
com parcelas variáveis com gradiente linear. Novamente, esses exemplos tam-
bém confirmam que, com ajuda das duas regras e a escolha adequada do primei-
ro capital da série gradiente, o leitor sempre terá a liberdade de construir um
plano de financiamento diferenciado, como o plano com prestação variável
com gradiente exponencial apresentado a seguir.

EXEMPLO 10.21. Suponha que você deva financiar $120.000 em oito prestações
mensais com gradiente exponencial. A primeira parcela de $12.000 vence um mês
depois de receber o financiamento, e as restantes sete parcelas mensais no final dos
meses seguintes. Construa a planilha do financiamento considerando a taxa de juro
de 1,5 % ao mês.
SOLUÇÃO. A equivalência entre o valor financiado e as oito parcelas com gradiente
exponencial desenvolvida no Capítulo 7 do livro é repetida a seguir:

1 − (1 + g ) n (1 + i ) − n
P = A1 ×
i−g

No exemplo, P é o valor financiado, $120.000, A1 é a primeira prestação, $12.000,


o número de prestações é oito e a taxa de juro 1,5% ao mês. A incógnita é o gradien-
te exponencial g, que deve ser determinado para formar a série de oito parcelas
mensais crescentes com gradiente exponencial. Como dessa fórmula não se pode
pôr em evidência a incógnita g, deve ser utilizado um procedimento de tentativa e
Capítulo 10
PLANOS DE FINANCIAMENTO
451

erro semelhante ao da taxa de juro das anuidades mostrado no Exemplo 6.10, do


Capítulo 6. Um procedimento mais rápido é utilizar a planilha “Plano Gradiente”
incluída na pasta Excel “Modelo Financeiro – Capítulo 10”, que se encontra na
página do livro na Internet, em que também é possível construir um plano de fi-
nanciamento com prestação variável em gradiente exponencial. Substituindo os
dados, tem-se:

1 − (1 + g ) 8 (1 + 0,015) −8
$120.000 = $12000
. ×
0,015 − g

1 − (1 + g ) 8 (1 + 0,015) −8
10 =
0,015 − g

Por tentativa e erro foi obtido o gradiente exponencial g igual a 0,083016. Com
esse resultado é construído o plano de financiamento de $120.000 com oito presta-
ções mensais com gradiente exponencial.

Mês Gradiente linear Saldo devedor Juro Amortização

0 ($120.000,00) $120.000,00
1 $12.000,00 $109.800,00 $1.800,00 $10.200,00
2 $12.996,19 $98.450,81 $1.647,00 $11.349,19
3 $14.075,08 $85.852,49 $1.476,76 $12.598,32
4 $15.243,54 $71.896,73 $1.287,79 $13.955,75
5 $16.509,00 $56.466,19 $1.078,45 $15.430,55
6 $17.879,51 $39.433,67 $846,99 $17.032,52

7 $19.363,79 $20.661,38 $591,51 $18.772,29


8 $20.971,30 ($0,00) $309,92 $20.661,38

Na segunda coluna do plano de financiamento do Exemplo 10.21 está re-


gistrado o fluxo de caixa do financiamento com parcelas crescentes com gradien-
te exponencial g = 0,083016. Nas últimas três colunas estão registrados os
outros resultados que fazem parte da planilha de um plano de financiamento,
mostrando que, com o pagamento da oitava prestação mensal, o saldo devedor é
zerado. Pela segunda regra, a primeira parcela do plano, $12.000, é maior que o
juro, $1.800, do primeiro período do plano. Da mesma forma que o plano de fi-
nanciamento com gradiente linear, pela segunda regra, se a primeira parcela do
452 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

plano for menor que o juro do primeiro período do plano, a parte do juro que
não será paga será incorporada ao saldo devedor no final do primeiro período. A
partir do segundo período, as prestações são suficientes para pagar os juros cor-
respondentes e amortizar parte do valor financiado até que no pagamento da úl-
tima prestação o saldo devedor é zerado. Às vezes, a geração de amortização ne-
gativa poderá ser estendida para mais do primeiro período fazendo com que o
gradiente g tenha de aumentar para conseguir zerar o saldo devedor no final do
último período. Outra característica importante é que, se a primeira prestação
for igual ao juro do primeiro período, o plano consegue ser finito e zerar o saldo
devedor no final do último período do plano.

PROBLEMAS
PROBLEMA 10.22
A proposta de financiamento de $200.000 estabelece que ele será devolvido em 12
parcelas mensais com gradiente linear. A primeira parcela de $6.000 vence um mês
depois de receber o financiamento e as restantes 11 parcelas mensais no final dos
meses seguintes. Construa a planilha do plano de financiamento considerando a
taxa de juro de 2% ao mês.
R: G = $2.452,76
PROBLEMA 10.23
Continuando com o Problema 10.22. Como o crescimento das parcelas é um pou-
co alto, construa uma nova planilha do plano de financiamento com parcela inicial
de $12.000, mantendo inalterados os dados restantes.
R: G = $1.312,99
PROBLEMA 10.24
O financiamento de $75.000 será devolvido em seis prestações mensais com gra-
diente linear. A primeira prestação de $600 vence um mês depois de receber o fi-
nanciamento e as restantes cinco prestações mensais no final dos meses seguintes.
Construa a planilha do plano de financiamento considerando a taxa de juro de
2,20% ao mês.
R: G = $5.286,15
PROBLEMA 10.25
Construa a planilha do plano de financiamento do Problema 10.24 considerando a
primeira prestação igual a $1.650 e mantendo inalterados os dados restantes.
R: G = $4.885,21
Capítulo 10
PLANOS DE FINANCIAMENTO
453

PROBLEMA 10.26
A empresa financiará $300.000 em 12 parcelas mensais com gradiente exponen-
cial. A primeira parcela, de $15.000, vence um mês depois de receber o financia-
mento, e as restantes 11 parcelas mensais, no final dos meses seguintes. Construa a
planilha do plano de financiamento considerando a taxa de juro de 3% ao mês.
R: g = 0,126584
PROBLEMA 10.27
O financiamento de $75.000 será devolvido em seis prestações mensais com gra-
diente exponencial. A primeira prestação de $6.000 vence um mês depois de rece-
ber o financiamento, e as restantes cinco prestações mensais no final dos meses se-
guintes. Construa a planilha do plano de financiamento considerando a taxa de
juro de 2,20 % ao mês.
R: g = 0,32921
454 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Apêndice 10.1

Resumo de Fórmulas
No desenvolvimento das fórmulas dos planos de financiamento SPC e SAC são
utilizadas as seguintes definições:8
— n é o número de prestações.
— j é o número da prestação do plano de financiamento, uma linha da plani-
lha. A variável j varia entre zero e n: 0, 1, 2, 3, ..., n.
— P é o valor do financiamento na data zero.
— i é a taxa efetiva de juro do plano de financiamento com período igual à
periodicidade das prestações.
— J(j) é o juro da prestação j calculado sobre o saldo devedor SD do início
do período SD(j – 1).
— SD(j) é o saldo devedor depois do pagamento da prestação j.
— PR(j) é o valor da prestação j.
— AM(j) é a amortização incluída na prestação j.

SISTEMA DE PRESTAÇÃO CONSTANTE


O pagamento da primeira prestação pode ocorrer na data zero junto com o re-
cebimento do financiamento, com prestação antecipada, ou um período depois
dessa data, com prestação postecipada. A seguir são apresentadas as fórmulas do
sistema de prestação constante SPC, considerando os dois tipos de pagamento
das prestações.9
— Cálculo da prestação:
P ×i
Postecipada, para j = 1, 2, ..., n: PR =
1 − (1 + i) − n
P ×i
Antecipada, para j = 0, 1, 2, ..., (n-1): PR =
(1 + i) × (1 − (1 + i) − n )

8
Adaptado de Lapponi J.C. Modelagem Financeira com Excel. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier,
2004.
9
As fórmulas utilizadas foram desenvolvidas no Capítulo 6 deste livro.
Apêndice 10.1
RESUMO DE FÓRMULAS
455

— Cálculo do saldo devedor: Depois do pagamento da prestação j, o sal-


do devedor SD(j) é igual ao presente das (n – j) prestações restantes:
1 − (1 + i) −( n − j )
Postecipada, para j = 1, 2, ..., n: SD(j) = PR ×
i
Antecipada, para j = 0, 1, 2, ..., (n – 1):
(1 + i) × (1 − (1 + i) −( n − j ) )
SD(j) = PR ×
i
— Cálculo do juro: O juro J é obtido do saldo devedor do período (j-1).

Postecipada, para j = 1, 2, ..., n: J(j) = PR × (1 – (1 + i)–(n–(j – 1)))


Antecipada, para j = 1, 2, ..., (n – 1): J(j) = PR × ((1 + i) × 1 – (1 + i)–(n–(j – 1))))

— Cálculo da amortização: A amortização da prestação j é AM(j) =


PR(j) – J(j).
Postecipada, para j = 1, 2, ..., n: AM(j) = PR(j) – J(j).
Antecipada, para j = 0: AM(j = 0) = PR e para j = 1, 2, ..., (n – 1): AM(j)
= PR(j) – J(j).

SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE


O pagamento da primeira prestação pode ocorrer na data zero junto com o re-
cebimento do financiamento, com prestação antecipada, ou um período depois
dessa data, com prestação postecipada. A seguir são apresentadas as fórmulas do
sistema de amortização constante, considerando os dois tipos de ocorrência de
pagamento das prestações.

— Cálculo da amortização:
P
Postecipada, para j = 1, 2, ..., n: AM =
n

P
Antecipada, para j = 0, 1, 2, ..., (n – 1): AM =
n
456 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

— Cálculo da prestação:
Postecipada, para j = 1, 2, ..., n: PR(j) = AM + J (j)
Antecipada, para j = 0: PR(j = 0) = AM e para j=1, 2, ..., (n – 1): PR(j) =
AM + J (j)

— Cálculo do saldo devedor: O saldo devedor depois do pagamento da


prestação j é:
P ⎛ j⎞
Postecipada, para j = 1, 2, ..., n: SD( j) = P − j × = P × ⎜1 − ⎟
n ⎝ n⎠
P ⎛ 1⎞
Antecipada, para j = SD ( J = 0): P − = P × ⎜ 1 − ⎟ e
n ⎝ n⎠
P ⎛ j + 1⎞
para j = 1, 2, ..., (n – 1): SD(j) = P – (j + 1) × = P × ⎜ 1 − ⎟
n ⎝ n ⎠

— Cálculo do juro: O valor do juro incluído na prestação j é:

Postecipada, para j = 1, 2, ..., n: J(j) = i × SD(j – 1)


Antecipada. Para j = 1, 2, ..., (n – 1): J(j) = i × SD(j – 1)
Capítulo 11

Operação
Contingente

Nos temas apresentados até o capítulo anterior, os participantes das operações


conhecem com certeza o que acontecerá no futuro ou, de outra maneira, as
transações se desenvolvem num ambiente de certeza. Entretanto, essa certeza
não está presente na totalidade das operações, pois há a possibilidade de algu-
mas operações não terminarem como estava previsto, devido, por exemplo,
ao risco de inadimplência, como foi antecipado no Capítulo 1. O objetivo
deste capítulo é desenvolver a operação contingente,1 denominada assim por-
que, apesar de conhecer todos os resultados possíveis dessa operação, não é
possível antecipar seu próximo resultado. O tema inicial deste capítulo mostra
como tratar de forma preventiva o risco de crédito, ou risco de inadimplência,
incluindo os prejuízos esperados no próprio financiamento, considerando
que, embora não seja possível estimar com certeza quantos do grupo de finan-
ciados não devolverão o financiamento, é possível obter uma estimativa a par-
tir de dados estatísticos baseados no histórico de financiamentos anteriores.
Depois, continuamos com o desenvolvimento de cálculos atuariais, como
também foi antecipado no Capítulo 1, mostrando que, para determinar quan-
to cada pessoa de um grupo de pessoas de 35 anos deverá depositar num fundo
para receber uma certa quantia se estiver viva com a idade de 65 anos, é neces-
sário estimar quantos membros do grupo inicial sobrevirão à idade de 65 anos.

1
Do dicionário Houaiss. Contingente 1 que pode ocorrer ou não ocorrer; incerto. 2 que ocorre
por acaso ou por acidente; acidental; casual; fortuito; aleatório.
458 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Embora não seja possível estimar com certeza quem desse grupo conseguirá
sobreviver mais 30 anos, é possível obter uma estimativa a partir de dados esta-
tísticos baseados no histórico de registros.

PAGAMENTO CONTINGENTE
Suponha que um determinado banco seja uma instituição que anualmente
realiza um número muito grande de financiamentos de $12.000 pelo prazo de
um ano. Da análise dos registros históricos dos contratos de financiamentos já
concluídos, sabe-se que em média 4% desses financiamentos não são devolvi-
dos, sendo classificados como irrecuperáveis. De outra maneira, em vez de re-
ceber $12.000, o banco recebeu $11.520, resultado obtido com $12.000 × (1
– 0,04). Esse resultado pode ser expresso de forma geral como o valor espera-
do E[V] da variável aleatória, valor do financiamento V com dois eventos mu-
tuamente excludentes, receber V com probabilidade (1 – p) e não receber V
com probabilidade p:2

E[V] = (1 – p) × V + p × $0
E[V] = (1 – p) × V

O valor esperado do financiamento de $12.000 com probabilidade de 4%


de não ser recebido pelo banco é de $11.520, resultado obtido com:

E[V] = (1 – 0,04) × $12.000


E[V] = $11.520

O que se poderia fazer para evitar essa perda de capital devido ao risco de
inadimplência? Sobre o passado nada pode ser feito. Entretanto, sobre o futuro,
aceitando que a taxa de inadimplência histórica se repetirá, é possível contratar
um seguro para garantir o recebimento do financiamento, transferindo seu cus-
to para o tomador do financiamento, procedimento não tratado neste livro.
Uma alternativa é incluir os prejuízos esperados no próprio financiamento,
transferindo esse custo para o financiado, por exemplo, aumentando a taxa efe-
tiva do financiamento.3

2
Lapponi J.C. Estatística Usando Excel. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 4a ed. 2005, p. 196.
3
Veja “Atitude Frente ao Risco”, Apêndice do Capítulo 1, que se encontra na página do livro
na Internet.
Capítulo 11
OPERAÇÃO CONTINGENTE
459

EXEMPLO 11.1. Você necessita de $20.000 para montar seu escritório de consulto-
ria. No momento, dispõe de $8.000 e necessita financiar pelo prazo de um ano os
restantes $12.000 que espera obtê-los como financiamento pessoal. O banco com
o qual você regularmente opera costuma emprestar essa quantidade de dinheiro
por um ano aplicando a taxa efetiva de 10% ao ano. Calcule o valor recebido.
SOLUÇÃO. Você devolverá $12.000 depois de um ano. Considerando a taxa efetiva
de juro de 10%, denominada taxa livre de risco, o banco emprestará $10.909,09, re-
$12000
.
sultado obtido com P = .
1 + 0,10

EXEMPLO 11.2. Continuando com o Exemplo 11.1, calcule a taxa de financiamento


considerando a taxa livre de risco de 10% ao ano e a taxa de inadimplência de 4%.
SOLUÇÃO. Como 4% dos financiamentos não são devolvidos, depois de um ano o
banco receberá 96% do valor, $12.000, ou $11.520, resultado já obtido. Conside-
rando a taxa livre de risco de 10%, o presente de $11.520 é $10.472,7273, quantia
que você receberá na data de hoje e que daqui a um ano devolverá $12.000. Por-
tanto, a taxa de financiamento é de 14,58% ao ano, resultado obtido com:

$12000
.
i= − 1 = 0,145833
$10.472,7273

Seja F a quantia a ser recebida numa data futura, if a taxa de juro livre de risco
e p a probabilidade dessa quantia não ser recebida. O presente P é obtido com:
(1 − p ) × F
P=
1+ i f
F
Essa expressão pode ser reescrita como P = , sendo i a taxa de financia-
mento: 1 + i
F
P=
1+ i f
(1 − p )
Dessa maneira, a equivalência entre a taxa livre de risco if e a taxa de fi-
nanciamento i é:
1+ i f
1+ i =
1− p
460 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Pondo em evidência a taxa de financiamento i, temos:


1+ i f if + p
i= − 1⇔ i =
1− p 1− p

Da taxa livre de risco if é obtida a taxa efetiva de financiamento i que incor-


pora o risco de inadimplência, sendo i > if. Nessa equivalência as duas taxas de
juro têm o mesmo período, que é igual ao prazo da operação. Para uma deter-
minada taxa livre de risco, a taxa de financiamento aumentará com o aumento
da probabilidade p de inadimplência. No caso de não haver inadimplência, p =
0, a taxa de financiamento é igual à taxa livre de risco.

EXEMPLO 11.3. Continuando com o Exemplo 11.2, calcule a taxa de financiamento


considerando a taxa livre de risco de 10% ao ano e a taxa de inadimplência de 4%.
SOLUÇÃO. A taxa de financiamento é de 14,58% ao ano, resultado obtido com:

0,10 + 0,04
i= = 0,145833
1 − 0,04

EXEMPLO 11.4. O banco opera com a taxa de financiamento de 5,8% ao mês. Su-
pondo que a taxa livre de risco seja 1,6% ao mês, calcule a probabilidade de ina-
dimplência incluída.
1+ i f
SOLUÇÃO. Da equivalência entre as taxas de financiamento 1 + i = deduz-se
1− p
a probabilidade p:
1+ i f 1+ i f
1− p = ⇔ p = 1−
1+ i 1+ i
i −if
p=
1+ i

A probabilidade de inadimplência é 3,97%, resultado obtido com:

0,058 − 0,016
p= = 0,0396975
1 + 0,058
Capítulo 11
OPERAÇÃO CONTINGENTE
461

ANUIDADE CONTINGENTE
A financiadora que mantém uma carteira de financiamentos enfrenta o risco de
não receber o financiamento e os encargos. Para outorgar um financiamento, a
empresa utiliza um procedimento de análise de crédito, tentando diminuir e li-
mitar a inadimplência num nível aceitável. O procedimento de inclusão do ris-
co de inadimplência na taxa de juro do financiamento devolvido em parcelas
periódicas é inicialmente mostrado no Exemplo 11.5.

EXEMPLO 11.5. O procedimento de análise de crédito utilizado pela financiadora


tem conseguido reduzir o número de devedores problemáticos. Os planos de fi-
nanciamento de varejo oferecidos são padrões para os produtos com preços seme-
lhantes; por exemplo, os produtos com preço à vista ao redor de $250 são financia-
dos em seis prestações iguais e seguidas, vencendo a primeira delas um mês depois
da aprovação do crédito e da venda. Considerando o risco de inadimplência de 2%
e a taxa de juro livre de risco de 1,8% ao mês, calcule o valor das prestações incluin-
do o risco de inadimplência na taxa de juro.
SOLUÇÃO. O financiamento de $250 será realizado em seis prestações mensais A
iguais, seguidas e postecipadas. Considerando a taxa de juro livre de risco de 1,8%
ao mês, o valor das prestações é de $44,23, resultado obtido com a expressão dedu-
zida e utilizada no Exemplo 6.7:

if
A=P×
1 − (1 + i f ) − n

0,018
A = $250 × = $44,33
1 − (1 + 0,018 ) −6

A probabilidade de inadimplência de 2% e a taxa livre de risco de 1,8% ao mês ge-


ram a taxa de financiamento i = 3,88%, resultado obtido com:

if + p
i=
1− p

0,018 + 0,02
i= = 0,0387755
1 − 0,02
462 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Com a taxa de financiamento de 3,88% ao mês, as prestações são de $47,50, resul-


tado obtido com:

0,03878
A = $250 × = $47,50
1 − (1 + 0,03878 ) −6

Sem incluir o risco de inadimplência, o valor das seis prestações é de $44,33


e, da mesma maneira, o valor das seis prestações incluindo o risco de crédito é de
$47,50, maior do que a anterior. Portanto, para um mesmo valor de financia-
mento, incluindo o risco de crédito na própria operação, a taxa de financiamen-
to será maior e, consequentemente, o valor das prestações também será maior.
De outra maneira, para um mesmo valor de prestação, o valor do financiamento
incluindo o risco deverá ser menor que o valor do financiamento sem risco. Se
1 − (1 + i) − n
na equivalência da amortização postecipada P = A × for incluída a
i
if + p
taxa de financiamento i = , temos:
1− p
−n
⎛ i f + p⎞
1− ⎜ ⎟
⎝ 1− p ⎠
P = A×
1+ i f
−1
1− p
Realizando as operações indicadas, simplificando e agrupando temos a
equivalência:

1− p ⎡ ⎛ 1− p ⎞ ⎤
n

P = A× × ⎢1 − ⎜ ⎟ ⎥
i f + p ⎢ ⎝ 1+ i f ⎠ ⎥
⎣ ⎦

Por que (1 – p) também é elevado à potência n? Observe que p é a probabili-


dade de não receber uma prestação da série de um determinado período. Desse
modo, a probabilidade de não receber a primeira prestação e também não rece-
ber a segunda prestação é o resultado do produto das duas probabilidades p2. Da
mesma maneira, a probabilidade de receber uma das n prestações é (1 – p).
Então, a probabilidade de receber a primeira prestação e também receber a se-
gunda é o resultado do produto das duas probabilidades (1– p)2. Estendendo
Capítulo 11
OPERAÇÃO CONTINGENTE
463

esse raciocínio para as restantes prestações do plano de financiamento, podemos


dizer que, num plano de n prestações, a probabilidade de não receber nenhuma
das n prestações é pn, e a probabilidade de receber as n prestações é (1 – p)n. Por-
tanto, ao utilizar a taxa de financiamento, é incluída a participação da probabili-
dade em cada prestação. Finalmente, se p = 0, a equivalência passa a ser a da
amortização de uma série uniforme com capitais postecipados.

EXEMPLO 11.6. Calcule o valor das seis prestações postecipadas de um financiamen-


to de $250 considerando a taxa livre de risco de 1,80% ao mês e a probabilidade de
inadimplência p de 2% ao mês.
SOLUÇÃO. O valor das seis prestações é A = $94,9724, resultado obtido com:

1 − 0,02 ⎡ ⎛ 1 − 0,02 ⎞ 6 ⎤
$250 = A × × ⎢1 − ⎜ ⎟ ⎥
0,018 + 0,02 ⎢ ⎝ 1 + 0,018 ⎠ ⎥
⎣ ⎦
$250 = A × 5,2630
A = $47,50

COMENTÁRIO
Na tentativa de eliminar o risco de inadimplência, incluindo os prejuízos espera-
dos na própria operação e aumentando a taxa de financiamento, o financiador
transfere o custo desse risco para os tomadores de financiamento. A premissa desse
procedimento é que o futuro repetirá o passado, ou que a probabilidade de ina-
dimplência passada se repetirá no futuro. Também, nesse custo adicional podem
estar sendo transferidas as ineficiências do financiador, por exemplo, a precarieda-
de do sistema de análise de crédito, o alto custo de captação de dinheiro etc.
Embora a vantagem desse procedimento de transferência de risco seja a inclusão
do risco numa taxa de juro, essa simples transferência pode gerar taxas de financia-
mento que inviabilizem operações e aumentem a inadimplência, pois a prática de
elevar a taxa de juro tende a aumentar o risco de inadimplência.

PROBLEMAS
PROBLEMA 11.1
O banco oferece uma linha especial de financiamento de $5.000 para pessoas físicas
com taxa de financiamento de 4,75% ao mês. Sabendo que esse dinheiro é captado
464 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

a 2,6% ao mês, calcule a probabilidade histórica do banco de não receber a devolu-


ção do financiamento.
R: p = 2,05%
PROBLEMA 11.2
Os registros históricos mostram que 3% dos financiamentos até $2.000 com prazo
de um mês não são devolvidos. Calcule a taxa de financiamento que deverá ser uti-
lizada no financiamento para evitar esse risco, sabendo que a taxa de juro livre de
risco é de 2,6% ao mês.
R: i = 5,77% ao mês
PROBLEMA 11.3
Você sabe que os financiamentos até $4.000 e com prazo de um mês são realizados
com taxa de financiamento de 6% ao mês. Considerando que as instituições afir-
mem que a inadimplência mensal desses financiamentos é 4,5%, calcule o custo da
captação desse dinheiro.
R: if = 1,23% ao mês
PROBLEMA 11.4
Calcule o valor das seis prestações postecipadas de um financiamento de $400 com
taxa livre de risco de 2,00% ao mês e probabilidade de inadimplência de 2,50% ao
mês.
R: A = $74,4062
PROBLEMA 11.5
Refaça o Problema 11.4 considerando nulo o risco de inadimplência.
R: A = $70,01
PROBLEMA 11.6
Complete os resultados das prestações da tabela a seguir, referentes ao financia-
mento de $1 em oito prestações postecipadas, considerando a taxa livre de risco
com período mensal e a probabilidade de inadimplência mensal.

if =1,0% 2,0% 3,0% 4,0%

p=0% 0,1307 0,1485

1,0% 0,1426

2,0% 0,1554

3,0% 0,1493 0,1622 0,1689

4,0%
Capítulo 11
OPERAÇÃO CONTINGENTE
465

CÁLCULOS ATUARIAIS
Antecipando este tema, no Capítulo 1 foram mostradas duas alternativas que
uma pessoa de 35 anos tem para formar um fundo de $100.000 quando comple-
tar 65 anos, investir por sua conta ou comprar um seguro de sobrevivência. Esse
problema também pode ser apresentado supondo que um grupo de pessoas com
idade de 35 anos se associa para formar um fundo de forma tal que os que sobre-
vivam à idade de 65 anos recebam $100.000. Para determinar quanto cada pes-
soa de 35 anos deverá depositar nesse fundo, será necessário estimar quantos
membros do grupo inicial sobrevirão à idade de 65 anos. Embora não seja possí-
vel estimar com certeza quem desse grupo conseguirá sobreviver mais 30 anos,
é possível obter uma estimativa a partir de dados estatísticos baseados no históri-
co das pessoas que conseguiram sobreviver essa idade. Esse tipo de estimativa é
realizado utilizando os dados de uma tábua de sobrevivência (tábua de mortali-
dade) ou tábua biométrica, como é denominada e utilizada pelas companhias de
seguro no Brasil e que será empregada nos cálculos deste capítulo. Novamente,
o tema deste capítulo é diferente dos capítulos anteriores em que os participan-
tes das operações conhecem com certeza o que acontecerá no futuro.

TÁBUA BIOMÉTRICA
A probabilidade de uma pessoa morrer numa determinada idade de sua vida de-
pende de vários fatores: a própria idade, o sexo, fatores genéticos, fatores am-
bientais da região onde mora etc. Por exemplo, a taxa de mortalidade durante o
primeiro ano de vida, em geral, é maior da que a dos seguintes anos da infância;
a sobrevivência feminina, em igualdade de condições, é maior que a masculina
etc. As estatísticas e censos da população de um país, em geral, não costumam
registrar o estado de saúde dos entrevistados nem a possível exposição a fatores
de risco genéticos e ambientais. Portanto, considerando populações grandes, o
principal fator determinante da sobrevivência acaba sendo a idade dos indiví-
duos. Dessa maneira, a população na qual a idade é o principal fator determi-
nante da sobrevivência dos indivíduos é denominada população homogênea que
pode ser formada por indivíduos dos dois sexos, ou de cada sexo.
A tábua biométrica, também conhecida como tábua de sobrevivência ou tábua
de mortalidade,4 contém os dados básicos para calcular as probabilidades de morte e

4
Neste desenvolvimento utilizaremos essas três denominações como sinônimos.
466 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

de sobrevivência de uma população homogênea a partir das quais se desenvolvem


os cálculos atuariais. Na prática, a tábua biométrica é construída estimando a proba-
bilidade de que uma pessoa com idade x morra no prazo de um ano ou antes de
completar a idade x+1. Como referência, utilizaremos a tábua biométrica AT-2000M
(Básica, Masculina), parcialmente reproduzida na Figura 11.1, e a AT-2000F (Bási-
ca, Feminina), ambas contidas no capítulo “Tábuas” do livro.5

Idade x qx dx lx

0 0,002311 23.110 10.000.000


1 0,000906 9.039 9.976.890
2 0,000504 5.024 9.967.851

35 0,000792 7.753 9.788.905


36 0,000794 7.766 9.781.152
37 0,000823 8.043 9.773.386
38 0,000872 8.515 9.765.342
39 0,000945 9.220 9.756.827

114 0,904945 17 19
115 1 0 0

FIGURA 11.1 Tábua biométrica AT-2000M, parcial.

— A primeira coluna da tábua AT-2000M da Figura 11.1 registra a idade x


dos indivíduos, x = 0, 1, 2,..., 115 anos. A idade terminal x = 115 anos é
representada pelo símbolo ω = 115 anos
— A segunda coluna registra a probabilidade qx de que os indivíduos com
idade x = 0, 1, 2,..., 115 anos morram no prazo de um ano, ou antes de
completar mais um ano x+1.
Nessa tábua, são adicionadas outras colunas de resultados obtidas das ante-
riores colunas com as regras apresentadas a seguir e a partir de um grupo de re-
cém-nascidos l0 = 10.000.000 registrado na quarta coluna para a idade x = 0.

5
As tábuas biométricas foram obtidas na Susep – Superintendência de Seguros Privados no en-
dereço na Internet: http://www.susep.gov.br/menumercado/tabua.asp. Veja o apêndice
“Brasil em Síntese” no arquivo “Apêndices – Capítulo 11” na página do livro na Internet.
Capítulo 11
OPERAÇÃO CONTINGENTE
467

— Para cada idade x, a terceira coluna d x registra o número de pessoas


que morrerão entre as idades x e x+1. Portanto, d x é o número de
pessoas que completaram a idade x e morrerão antes de completarem
a idade x+1.
— A probabilidade de que um recém-nascido (idade x = 0) morra antes de
completar um ano é q0 = 0,002311. O número de pessoas que morrerão
antes de completar um ano d0 é igual a 23.110, resultado obtido de d0 = q0
× l0 = 0,002311 × 10.000.000.
— A quarta coluna lx registra o número de recém-nascidos em x = 0 e que
sobrevirão às diferentes idades x = 1, 2,..., 115 anos.
— O número de pessoas vivas l1 ao completarem a idade x = 1 é igual a
9.976.890, resultado obtido com l1 = l0 – d0 = 10.000.000 – 23.110.

Continuando com esse procedimento são completados os resultados dessas


colunas para as idades seguintes até o limite superior de 115 anos.

— O número dx de pessoas com idade x que morrerão antes de completar


mais um ano, ou x+1 anos, é obtido com dx = lx – lx+1, sendo lx o número
de pessoas vivas com idade x.
— O número de pessoas vivas com idade x+1 pode ser calculado com lx+1 =
lx – dx, obtida da anterior.
— Como a coluna qx registra a probabilidade de uma pessoa com idade x
morrer antes de completar x+1 anos, com dx = qx × lx obtém-se o número
de pessoas com idade x que morrerão antes de completar a idade x+1.
d lx − lx + 1
— Da última expressão também temos a relação q x = x = . Por
lx lx
conveniência, se definiu q115 = 1, pois o número de indivíduos que con-
seguirão viver mais de 115 anos é tão reduzido que não afetará os cálcu-
los, não é significativo.

CÁLCULO DE PROBABILIDADES
Para uma pessoa de idade x, os eventos “sobreviver à idade x+1” e “morrer antes de
completar a idade x+1” são mutuamente excludentes que definem uma variável
aleatória. A determinação das probabilidades desses e outros eventos relaciona-
dos com a duração da vida das pessoas é o ponto de partida do desenvolvimento
dos cálculos atuariais. Em geral, a tábua biométrica é construída estimando a
468 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

probabilidade de morte qx para cada idade de uma população de recém-nascidos


l0, medidas como frequências relativas de sobrevivência das pessoas para cada
idade x obtida de censos e de estatísticas de falecimentos do Registro Civil que,
em geral, devem ser ajustados, ou suavizados, para eliminar desvios. Dessa ma-
neira, os resultados lx e dx são probabilidades e médias estatísticas de distribui-
ções de frequências.
Considerando qx como a proporção de pessoas que, havendo alcançado a
idade x, morrerá antes de completar mais um ano, lx como o número de pessoas
da população l0 de recém-nascidos que alcançará com vida a idade x+1, e dx
como o número de pessoas que morrerão entre as idades x e x+1, estamos acei-
tando valores exatos na interpretação utilizada neste desenvolvimento. Essa
abordagem facilita os cálculos, pois podem ser utilizados os resultados do núme-
ro de eventos adequados e do número de eventos possíveis. Embora a tábua seja
construída a partir das proporções qx de pessoas que, havendo alcançado a idade
x, morrerão antes de completar mais um ano, nos cálculos serão utilizadas as
proporções do número de pessoas lx da população l0 de recém-nascidos que al-
cançarão com vida a idade x+1, dando a falsa impressão de que essas proporções
sejam os valores básicos da tábua biométrica. Embora as tábuas biométricas
AT-2000M e AT-2000F permitam realizar cálculos somente com valores in-
teiros de idade x, é possível construir uma tábua com valores fracionários da
idade x, por exemplo, dividindo o ano em 3 meses, ou em dois semestres etc.
Um dos procedimentos para completar a tábua de sobrevivência com idades
fracionárias é utilizar a interpolação para calcular as probabilidades qx entre duas
idades inteiras. Da tábua biométrica são obtidas probabilidades como resultado
da divisão do número de eventos adequados ao objetivo do cálculo6 pelo nú-
mero de eventos possíveis.

— A probabilidade px de que uma pessoa de idade x consiga viver pelo me-


lx + 1
nos mais um ano x+1 é obtida com p x = , que é o resultado de divi-
lx
dir o número de pessoas vivas lx+1 na idade x+1 (número de eventos ade-
quados) pelo número de pessoas vivas lx na idade x (número de eventos
possíveis).

6
Utilizamos a expressão eventos adequados em vez de eventos de sucesso, ou eventos favoráveis.
Capítulo 11
OPERAÇÃO CONTINGENTE
469

— A probabilidade p x de que uma pessoa de idade x consiga viver pelo


n
l
menos n anos mais é obtida com n p x = x + n . No Apêndice 11.1 é apre-
lx
sentada a determinação da Expectativa de Vida de uma pessoa de x anos
de idade.
— A probabilidade qx de que uma pessoa com x anos morra antes de com-
pletar x+1 anos é a probabilidade complementar de que uma pessoa de
idade x consiga viver mais um ano, obtida com qx = 1 – px. Substituindo a
l l −l
expressão de px na anterior, temos q x = 1 − x + 1 = x x + 1 .
lx lx
— A probabilidade n q x de que uma pessoa com x anos morra antes de com-
pletar x+n anos é obtida como a probabilidade complementar de n px
com n q x = 1 – n p x . Substituindo a expressão de n p x na anterior, temos
lx + n lx − lx + n
n qx = 1− = .
lx lx
— A probabilidade n/kqx de que uma pessoa com x anos morra entre as idades
l −l
x+n e x+n+k anos é obtida com n k q x = x + n x + n + k . Observe que
lx
n/k q x é o resultado de dividir o número de pessoas que morrerão entre as
idades x+n e x+n+k (número de eventos adequados) pelo o número de
pessoas vivas na idade x (número de eventos possíveis).

Salvo outra indicação, na resolução dos exemplos é utilizada a tábua biomé-


trica AT-2000M.

EXEMPLO 11.7. Calcule a probabilidade de que uma pessoa de 35 anos consiga viver
mais um ano.
SOLUÇÃO. A probabilidade de que uma pessoa de 35 anos consiga viver até os 36
anos é de 99,92%, resultado obtido da tábua biométrica AT-2000M, registro par-
cial na Figura 11.1, com:
l 36
p 35 =
l 35
9.781152
.
p 35 = = 0,999208
9.788.905
470 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 11.8. Calcule a probabilidade de que uma pessoa de 35 anos consiga viver
mais 30 anos.
SOLUÇÃO. A probabilidade de que uma pessoa de 35 anos consiga sobreviver 30
anos é de 89,11%, resultado obtido no capítulo Tábuas com:

l 35 + 30
30 p 35 =
l 35

8.722623
.
30 p 35 = = 0,891072
9.788.905

EXEMPLO 11.9. Calcule a probabilidade de que uma pessoa de 35 anos morra antes
de completar 65 anos.
SOLUÇÃO. A probabilidade de que uma pessoa de 35 anos morra antes de completar
65 anos é de 10,8928%, resultado obtido com:

l 35 – l 36
q 35 =
l 35

9.788.905 – 9.781152
.
q 35 = = 0,000792
9.788.905

Esse resultado é o da probabilidade complementar do Exemplo 11.7, pois q35 =


1 – p35.

EXEMPLO 11.10. Calcule a probabilidade de que uma pessoa de 35 anos morra entre
os 50 e 60 anos.
SOLUÇÃO. A probabilidade de que uma pessoa de 35 anos morra entre os 50 e 60
anos é de 4,72%, resultado obtido com:

l 35 + 15 – l 35 + 15 + 10
50 60 q 35 =
l 35

9.562.712 – 9.101101
.
50 60 q 35 = = 0,047157
9.788.905
Capítulo 11
OPERAÇÃO CONTINGENTE
471

EXEMPLO 11.11. Suponha um grupo de 100 recém-formados da universidade com


idade homogênea de 24 anos. Determine quantos conseguirão alcançar as idades
de 34, 45, 60 e 75 anos.
SOLUÇÃO. A probabilidade de que uma pessoa de 24 anos alcance a idade de 45
anos é 0,992546, resultado obtido com:

l 24 + 10
10 p24 =
l 24

9.796.654
30 p 35 = = 0,992546
9.870.226

Portanto, do grupo de 100 recém-formados, na idade de 34 anos, deverão con-


tinuar vivos 993 pessoas. Procedendo de forma equivalente, a probabilidade de
que uma pessoa de 24 anos alcance a idade de 45, 60 e 75 anos é, respectivamen-
te, 0,980926, 0,922076 e 0,731839. Do grupo de 100 recém-formados, na ida-
de de 45, 60 e 75 anos deverão continuar vivos, respectivamente, 981, 922 e
732 pessoas.

EXEMPLO 11.12.Repita o Exemplo 11.11 considerando um grupo de 100 re-


cém-formadas da universidade com idade homogênea de 24 anos utilizando a tá-
bua AT-2000F.
SOLUÇÃO. A probabilidade de que uma recém-formada de 24 anos alcance a idade
de 45 anos é 0,995773, resultado obtido com:
l 24 + 10
10 p24 =
l 24
9.884.716
30 p 35 = = 0,995773
9.926.675

Do grupo de 100 recém-formadas, na idade de 34 anos, deverão continuar 996


mulheres vivas. Procedendo de forma equivalente, a probabilidade de que uma
recém-formada de 24 anos alcance a idade de 45, 60 e 75 anos é, respectiva-
mente, 0,988478, 0,955977 e 0,831380. Do grupo de 100 recém-formadas, na
idade de 45, 60 e 75 anos deverão continuar vivos, respectivamente, 988, 956 e
831 pessoas.
472 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMAS
Salvo outra indicação, na resolução dos problemas é utilizada a tábua biomé-
trica AT-2000M. Os exemplos apresentados e os problemas propostos também
podem ser resolvidos com a planilha “Probabilidade”, incluída na pasta Excel
“Capítulo 11”, disponível na página do livro na Internet.

PROBLEMA 11.7
Calcule a probabilidade de que uma pessoa de 25 anos consiga viver mais um ano.
R: 99,93%
PROBLEMA 11.8
Calcule a probabilidade de que uma pessoa de 65 anos sobreviva mais um ano.
R: 98,90%
PROBLEMA 11.9
Calcule a probabilidade de que uma pessoa de 80 anos sobreviva mais um ano.
R: 94,89%
PROBLEMA 11.10
Calcule a probabilidade de que uma pessoa de 25 anos sobreviva mais: a) 35 anos;
b) 35 anos.
R: a) 92,27%; b) 61,28%
PROBLEMA 11.11
Calcule a probabilidade de que uma pessoa de 25 anos morra:
a) antes de completar 60 anos.
b) entre os 60 e 70 anos.
R: a) 7,73%; b) 9,76%
PROBLEMA 11.12
Calcule a probabilidade de que uma pessoa de 55 anos morra:
a) antes de completar 60 anos.
b) entre os 60 e 70 anos.
R: a) 2,90%; b) 10,27%
PROBLEMA 11.13
Calcule a probabilidade de que uma mulher de 25 anos morra:
a) antes de completar 60 anos.
b) entre os 60 e 70 anos.
R: a) 4,37%; b) 6,39% com a AT-2000F
Capítulo 11
OPERAÇÃO CONTINGENTE
473

PROBLEMA 11.14
Calcule a probabilidade de que uma mulher de 55 anos morra:
a) antes de completar 60 anos.
b) entre os 60 e 70 anos.
R: a) 1,64%; b) 6,58% com a AT-2000F
PROBLEMA 11.15
Suponha um grupo de amigos do clube com idade homogênea de 33 anos. Deter-
mine quantos conseguirão alcançar as idades de 45, 60, 75 e 90 anos.
R: 988, 928, 737 e 263 pessoas, respectivamente
PROBLEMA 11.16
Repita o Problema 11.15 considerando somente um grupo de amigas com idade
homogênea de 33 anos.
R: 992, 960, 834 e 380 pessoas, respectivamente

AVALIAÇÃO ATUARIAL
Para uma pessoa de idade x, os eventos “sobreviver à idade x+n” e “morrer antes de
completar a idade x+n” são mutuamente excludentes que definem a variável alea-
tória Z. O objetivo é calcular o valor presente de capitais futuros cujas quantias e
suas datas de ocorrência dependem da ocorrência de um evento aleatório da va-
riável Z. Iniciamos definindo o procedimento de cálculo financeiro e a probabili-
dade dos eventos:
— Os cálculos financeiros são realizados no regime de juros compostos com
taxa de juro definida para o prazo da operação.
— As probabilidades de ocorrência dos eventos são obtidas das tábuas biomé-
tricas AT-2000M e AT-2000F, registradas no capítulo Tábuas do livro.

SEGURO DE SOBREVIVÊNCIA
Suponha que uma determinada quantia somente será paga a uma pessoa de ida-
de x se ela sobreviver ao final do contrato de n anos, caso contrário, se essa pes-
soa morrer antes de x+n anos, não será realizado nenhum pagamento. O objeti-
vo é calcular o presente do contrato de seguro de sobrevivência de uma pessoa
de idade x que consegue sobreviver até x+n anos. Esse tipo de seguro é denomi-
nado seguro de sobrevivência ou dotal puro.7
7
Do dicionário Houaiss: Dotal - relativo ou pertencente ao dote.
474 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 11.13. Uma pessoa de 35 anos comprou um seguro de sobrevivência que


pagará $100.000 quando completar 65 anos. Calcule o presente desse contrato
considerando que a empresa seguradora investe o dinheiro recebido hoje com taxa
real de juro de 3% ao ano durante os 30 anos do contrato.8
SOLUÇÃO. Para desenvolver o procedimento de cálculo, suponha que cada pessoa
de 35 anos tenha decidido comprar esse seguro que pagará a quantia de $1 às pes-
soas que alcançarem a idade de 65 anos. De acordo com a tábua de sobrevivência,
hoje, na idade de 35 anos, há l35 = 9.788.905 pessoas vivas que, ao cumprirem 65
anos, se reduziram para l65 = 8.722.623. Dessa maneira, quando esse grupo de pes-
soas atingir 65 anos, a seguradora deverá pagar $1 a cada uma das 8.722.623 pessoas
vivas com 65 anos, totalizando a quantia de $8.722.623. Considerando a taxa de
juro constante de 3% ao ano, para formar o montante de $8.722.623, a seguradora
deverá ter aplicado hoje $3.593.605,18, resultado obtido com:

P = (1 + i)–n × F
P = (1 + 0,03)–30 × $8.722.623 = $3.593.605,18

Portanto, para cada assegurado receber $1 se estiver vivo daqui a 30 anos, cada um
dos 9.788.905 segurados deverá desembolsar na data de hoje $0,36711003, resul-
tado obtido com:
$3.593.60518
.
= $0,36711003
9.788.905

Desse modo, cada um dos 9.788.905 assegurados deverá desembolsar $36.711 na


data de hoje para receber $100.000 quem estiver vivo daqui a 30 anos, resultado
obtido com:

P = 0,36711003 × $100.000 = $36.711,00

Comparando o resultado do Exemplo 11.13 com uma aplicação pelo mes-


mo prazo e resgate de $100.000, o investimento inicial é maior, pois é como se
ninguém morresse. Investindo $41.198,67 durante 30 anos com taxa de juro de
3% ao ano, será possível resgatar $100.000. Observe que a relação entre as pes-
soas vivas com 35 e 65 anos:

8
Exemplo descrito no Capítulo 1.
Capítulo 11
OPERAÇÃO CONTINGENTE
475

l 35 9.788.905
= = 112224328
,
l 35 + 30 8.722623
.

multiplicada pelo valor de compra do seguro $36.711 é igual a $41.198,67.

Seguindo o procedimento do Exemplo 11.13, pode-se obter uma expres-


são geral e prática de ser utilizada para calcular quanto uma pessoa de idade x pa-
gará por um seguro de sobrevivência de valor $1 se conseguir viver até a idade
x+n. O objetivo é determinar a quantia C que deverá pagar cada uma das lx pes-
soas vivas com idade x para que cada uma das que sobrevivam n anos possa rece-
ber $1. Esse enunciado estabelece a seguinte equivalência financeira na idade x:

$1 × l x + n
C × lx =
(1 + i )n

Analisando os dois membros dessa expressão, para uma determinada taxa de


juro i e um prazo de descapitalização n, o resultado do segundo membro é o
presente de lx+n pagamentos de $1 que serão realizados na data x+n. Esse resulta-
do é igual ao do primeiro membro que é obtido como o resultado da soma de lx
pagamentos de valor C realizados na data x. Portanto, o valor C desse seguro de
sobrevivência é obtido de:
lx+ n
C = (1 + i )– n ×
lx
lx + n
Fazendo a substituição v = (1 + i) –1, se temC = v n × , sendo v o fator de
lx
valor presente de $1 para o prazo de um ano considerando a taxa de juro i com
período anual.9 Dessa maneira, v n é o fator de valor presente de $1 para o prazo
de n anos considerando a taxa de juro i com período anual. Ainda nos cálculos
atuariais se acostuma definir nEx como o fator de valor presente atuarial na data x de
uma unidade monetária $1 disponível daqui a n anos considerando a taxa de
juro i com período anual.
lx+ n
n E x = (1 + i )– n ×
lx

9
Presente da operação no regime de juros compostos apresentado no Capítulo 3.
476 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Portanto, nEx é o presente na idade x referente ao pagamento de $1 a uma


pessoa se estiver viva na idade de x+n. Substituindo os dados do Exemplo
11.13, temos o resultado conhecido:
8.722623
.
n E x = (1 + 0,03 )–30 ×
9.788.905
n E x = 0,36711003

Dessa maneira, a quantia P(x) que um comprador de x anos de idade deverá


pagar por um seguro de sobrevivência de valor R pagável quando completar a
idade x+n ano é obtida com:

P(x) = R × nEx

Substituindo os dados do Exemplo 11.13, temos $36.711, resultado obti-


do com:

P(35) = 0,36711003 × $100.000 = $36.711,00

Esses cálculos também podem ser realizados com a função de comutação


Dx. Com a taxa de juro i com período anual igual à periodicidade anual de lx,
define-se a função de comutação Dx como:

Dx = (l + i) –x × lx
Dx = vx × lx

Se em nEx for multiplicado numerador e denominador por (1 + i)–x, ob-


tém-se:
(1+ i )– x l
n Ex = × (1+ i )– n × x + n
(1+ i ) – x lx

Realizando as operações indicadas:


(1 + i )– ( x + n ) × l x + n
n Ex =
(1 + i )– x × l x
Dx + n
n Ex =
Dx
Capítulo 11
OPERAÇÃO CONTINGENTE
477

Dessa maneira, esses cálculos podem ser realizados com a função de comu-
tação Dx registrada na quinta coluna da tábua de sobrevivência AT-2000M para
uma determinada taxa de juro com período anual.10

EXEMPLO 11.14. Determine quanto uma pessoa de 25 anos de idade deverá pagar
por um seguro de sobrevivência de $100.000 ao completar 60 anos considerando a
taxa de juro de 3% ao ano.
SOLUÇÃO. Para calcular o preço do seguro:

P(x) = R×n Ex
l 25 + 35
P ( 25) = R × (1 + i ) −35 ×
l 25

Essa pessoa de 25 anos deverá pagar pelo seguro de sobrevivência $32.790,60, re-
sultado obtido com:
9.101101
.
P( 25) = $100.000 × (1 + 0,03 ) –35 ×
9.863.741
P(25) = $32.790,60

Utilizando o fator de comutação Dx, podemos obter um resultado um pouco dife-


rente pelo arredondamento dos resultados da tabela utilizados no cálculo.
D 60
P ( 25) = R ×
D25
. .758
1544
P( 25) = $100.000 × = $100.000 × 0,3279060
4.710.978
P( 25) = $32.790,60

EXEMPLO 11.15. Uma pessoa de 40 anos de idade dispõe hoje de $30.000 e deseja
comprar um seguro de sobrevivência para quando completar 65 anos. Calcule
quanto receberá considerando a taxa de 3% ao ano durante o prazo do contrato.
SOLUÇÃO. Partindo da equivalência:

10
A utilização das funções de comutação tende a diminuir devido ao aumento de utilização dos
microcomputadores que facilitam esses cálculos e evitam a necessidade de utilizar outras colunas
da tábua de sobrevivência.
478 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

l 40 + 25
P ( 40 ) = R × (1 + i ) – n ×
l 40

8.722623
.
$30.000 = R × (1 + 0,03 ) –25 ×
9.747.607

Se essa pessoa estiver viva com a idade de 65 anos receberá $70.194,45, resultado
obtido com:
9.747.607
R = $30.000 × (1 + 0,03 )25 ×
8.722623
.

R = $70.194,45

EXEMPLO 11.16. Uma pessoa de 25 anos de idade dispõe de $20.000 e deseja


comprar um seguro de sobrevivência de $100.000. Calcule a idade mínima que
essa pessoa deverá ter para receber esse seguro considerando a taxa de juro de
3% ao ano.
SOLUÇÃO. Para determinar a idade mínima, deve-se utilizar a tabela AT-2000M pro-
curando o fator de comutação Dy da idade procurada. Partindo da equivalência:
Dy
P(x ) = R ×
Dx
P ( 25)
D y = D25 ×
R

Substituindo os dados, temos Dy=942.196, resultado obtido com:

$20.000
D y = 4,710.978 × = 942195
. ,60
$100.000

Na tabela AT-2000M e à taxa de juro de 3% ao ano, o valor Dy=942.196 se encon-


tra entre as idades de 71 e 72 anos. Para receber o seguro de sobrevivência, essa pes-
soa deve estar viva com 72 anos de idade.

COMENTÁRIOS
Para reforçar o desenvolvimento realizado, a seguir são apresentadas extensões
dos conceitos. Continuando com o seguro de sobrevivência, agora o objetivo é
Capítulo 11
OPERAÇÃO CONTINGENTE
479

calcular a quantia de dinheiro F que deverá receber cada uma das lx+n pessoas vi-
vas com idade x + n anos que na idade x pagaram $1 para comprar esse seguro.
Esse enunciado estabelece a seguinte equivalência na idade x+n:

F × l x+n = $1,00 × (1 + i)n × lx

Com a taxa de juro i e um prazo de capitalização n, o segundo membro é o


futuro de lx pagamentos iguais a $1 realizados na data x. E o primeiro membro é
o resultado de lx+n pagamentos iguais a F realizados na data x + n. O valor de F é
obtido de:
1 1
F= =
lx+ n n Ex
(1 + i ) × l x
n

Também verificamos que F × nEx = 1.


Mudando um pouco de assunto, para uma pessoa de idade x, os eventos “so-
breviver à idade x+n” e “morrer antes de completar a idade x+n” são mutuamente ex-
cludentes, que formam a variável aleatória Z. No seguro de sobrevivência, se o
assegurado estiver vivo na idade x + n, então receberá a quantia $1 com proba-
bilidade de ocorrência n p x, entretanto, se tiver morrido antes da idade x+n,
receberá a quantia $0 com probabilidade de ocorrência n q x = 1– n p x. Assim, o
valor esperado E[Z] da variável aleatória Z é o próprio fator de valor presente
atuarial, como se demonstra aqui:

E[Z] = $0 × nqx + $1 × (1 + i) –n × n px
lx+ n
E[ Z ] = (1 + i )− n × n p x = (1 + i )− n ×
lx
E[Z] = nEx

PROBLEMAS
Salvo outra indicação, na resolução dos problemas é utilizada a tábua biométrica
AT-2000M. Os exemplos apresentados e os problemas propostos também po-
dem ser resolvidos com a planilha “Seguro de sobrevivência” incluída na pasta
Excel “Capítulo 11”, disponível na página do livro na Internet.
480 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMA 11.17
Uma pessoa de 40 anos comprou um seguro de sobrevivência que pagará $90.000
quando completar 65 anos. Calcule o custo desse contrato considerando que a em-
presa seguradora aplicará o dinheiro recebido hoje com taxa de 3% ao ano durante
o prazo do contrato.
R: P(40) = $38.464,58
PROBLEMA 11.18
Repita o Problema 11.17 considerando que essa pessoa é mulher.
R: P(40) = $40.329,19
PROBLEMA 11.19
Uma pessoa de 38 anos dispõe hoje de $15.000 e deseja comprar um seguro de so-
brevivência para quando completar 65 anos. Calcule quanto receberá se estiver
vivo com a idade de 65 anos considerando a taxa de 3% ao ano durante o prazo do
contrato.
R: $37.302,39
PROBLEMA 11.20
Repita o Problema 11.19 considerando que essa pessoa é mulher.
R: $35.556,48
PROBLEMA 11.21
Uma pessoa de 30 anos de idade dispõe de $10.000 e deseja comprar um seguro de
sobrevivência de $35.000. Calcule a idade mínima que essa pessoa deverá ter para
receber esse seguro.
R: 75 anos de idade

RENDA CONTINGENTE
Em vez de receber um único pagamento, essa quantia pode ser recebida em pa-
gamentos periódicos como uma série uniforme. No Capítulo 6 foi desenvolvi-
da a renda uniforme formada por um conjunto de capitais iguais com datas de
ocorrência com a mesma periodicidade, denominada também como renda cer-
ta, pois tanto a data de ocorrência do primeiro capital como a data de ocorrência
do último podem ser previamente determinadas. Se a data de ocorrência dos ca-
pitais depender de algum evento aleatório, temos a renda contingente. Na ren-
da contingente se sabe que o evento ocorrerá, porém não se sabe quando ocor-
rerá, por exemplo, a renda vitalícia depois da morte do cônjuge, ou o pagamen-
to de uma pensão a um empregado que se aposenta até a data de sua morte etc. e
Capítulo 11
OPERAÇÃO CONTINGENTE
481

cujo desenvolvimento completo corresponde à disciplina de cálculos atuariais.


Nesta parte são apresentados alguns tipos de anuidades utilizando os conceitos
desenvolvidos neste e em capítulos anteriores. Embora seja possível realizar cál-
culos com rendas com periodicidade menor do que um ano, por exemplo, ren-
das mensais, trimestrais etc., nesta apresentação serão utilizadas rendas anuais,
utilizando a tábua de biométrica com periodicidade anual.
No Capítulo 7 foi mostrado como formar um fundo para atender uma ne-
cessidade futura, por exemplo, para receber mensalmente uma aposentadoria
complementar. Foram mostradas várias formas de considerar esses recebimen-
tos em moeda constante, considerando uma taxa real de juro, em parcelas iguais
durante um certo tempo e de forma perpétua ou em parcelas com crescimento
durante um certo tempo e de forma perpétua. Partindo do conhecimento pe-
riódico das necessidades futuras, foi determinado o valor do fundo necessário
para atender a essas necessidades. Todo esse procedimento ficou por conta do
dono do capital, que procurará as melhores alternativas para investir seu capital.
Nesta parte são mostrados procedimentos de cálculo atuarial utilizados pelas
empresas de previdência privada que agrupam muitos beneficiários dentro do
processo atuarial. Em nossa apresentação consideraremos que o beneficiário
compra uma renda temporária ou vitalícia considerando que esse fundo está
disponível. Algumas empresas de previdência privada também oferecem planos
para essa fase de acumulação ou de formação do fundo.
Uma pessoa recebe uma renda vitalícia a partir de uma certa data e durante o
tempo que a pessoa viver, modalidade também conhecida como anuidade vita-
lícia. Ao mesmo tempo, uma pessoa recebe uma renda temporária a partir de
uma certa data e por um tempo determinado, cessando com a morte dessa pes-
soa ou com o prazo determinado, o evento que primeiro ocorrer.

RENDA VITALÍCIA
Uma pessoa recebe uma renda vitalícia a partir de uma certa data x e sem limi-
te temporário para terminar enquanto essa pessoa estiver viva. Por exemplo,
pelo depósito de uma certa quantia numa determinada data uma pessoa rece-
beria uma certa quantia anual enquanto estiver viva. Se o primeiro capital des-
sa renda ocorrer na mesma data x, ter-se-á uma renda vitalícia antecipada; se o
primeiro capital ocorrer um período depois de x, ter-se-á uma renda vitalícia
postecipada, e se o primeiro capital ocorrer n períodos depois de x, ter-se-á
uma renda vitalícia diferida.
482 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

RENDA VITALÍCIA POSTECIPADA


Na renda vitalícia postecipada, o primeiro capital ocorre em x+1 anos, e os res-
tantes com a mesma periodicidade e de forma vitalícia se o beneficiário estiver
vivo a partir da idade x+1. O desenvolvimento da equivalência começa por
considerar que cada pessoa lx com idade de x anos depositará o valor ax na data x
estabelecendo um fundo de valor lx × ax que, investido com a taxa de juro i, per-
mitirá pagar as rendas vitalícias futuras. Depois de um ano da formação do fun-
do, haverá lx+1 pessoas vivas com a idade de x+1 anos, depois de dois anos da
formação do fundo haverá lx+2 pessoas vivas com a idade de x+2 anos e assim su-
cessivamente até a idade de 115 anos. A equivalência entre o presente do fundo
formado lx × ax e o pagamento das rendas vitalícias postecipadas $1 para cada
participante vivo em cada idade considerando a taxa de juro i com periodicida-
de anual é:

lx × ax = (1 + i)–1 × lx+1 + (1 + i)–2 × lx+2 +  + (1 + i)–(115 – x) × l115

Pondo em evidência ax, que é o presente individual dessa renda temos:11

1
ax = × ((1 + i)–1 × lx+1 + (1 + i)–2 × lx+2 +  + (1 + i)–(115 – x) × l115)
lx

Multiplicando numerador e denominador por (1 + i) –x e depois reagrupando:


(1 + i )− x
ax = × ((1 + i) –1 × lx+1 + (1 + i)–2 × lx+2 +  +
(1 + i )− x × l x

+ (1 + i)–(115 – x) × l115)

1
ax = −x
× ((1 + i )−( x + 1) × l x + 1 + (1 + i )−( x + 2 ) × l x + 2 +  +
(1 + i ) × lx

+ (1 + i )−115 × l 115 )

11
Observe que a expressão seguinte pode ser reescrita assim: ax = 1Ex + 2Ex +  + 115 –xEx.
Capítulo 11
OPERAÇÃO CONTINGENTE
483

Reescrevendo essa expressão com o símbolo somatório:12

115
1
ax =
(1 + i )− x × l x
× ∑ ( 1 + i )− j × l j
j=x + 1

Com a função de comutação Dx = (1 + i)–x × lx, temos:

1
ax = × ( Dx + 1 + Dx + 2 + Dx + 3 +  + D115 )
Dx

O resultado da soma das parcelas dentro do parêntese é igual à função de co-


mutação Nx definida como:

Nx = Dx + Dx+1 + Dx+2 +  + D115


115
Nx = ∑Dj
j=x

Portanto, Nx é o resultado da soma das funções de comutação Dx da idade x


até a idade 115, idade limite da tábua biométrica. Dessa maneira:

1
ax = × (Dx+1 + Dx+2 +  + D115)
Dx

Nx+1
ax =
Dx

A última expressão está preparada para utilizar os resultados das colunas quinta
e sexta da tábua de sobrevivência, como mostra o Exemplo 11.17. Sendo R o va-
lor da anuidade vitalícia postecipada, então seu presente P(x) na data x será:

P(x) = R × ax

12
No Apêndice 2.2 do Capítulo 2, é apresentada a revisão do símbolo somatório.
484 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

EXEMPLO 11.17. Calcule o presente da renda vitalícia postecipada de $15.000 por


ano de uma pessoa com 35 anos de idade considerando a taxa de juro de 3% ao ano.
SOLUÇÃO. Para uma pessoa com idade de 35 anos, o presente a35 da renda vitalícia
anual postecipada de $1 é $24,05834690, resultado obtido com:

N 35 + 1
a 35 =
D 35

83.694.514
a 35 = = 24,05834690
3.478.814

O presente P(35) da renda vitalícia postecipada anual de $15.000 é $360.875,20,


resultado obtido com:

P(35) = $15.000 × 24,0583469 = $360.875,20

Cada pessoa na idade de x = 35 anos deverá contribuir com $360.875,20 para par-
ticipar desse fundo.

EXEMPLO 11.18. Uma pessoa poderá receber de imediato $150.000 ou uma renda
vitalícia. Calcule a renda vitalícia postecipada dessa pessoa de 45 anos de idade con-
siderando a taxa de juro de 3% ao ano, sabendo que o primeiro pagamento será rea-
lizado um ano depois de comprar essa renda.
SOLUÇÃO. A renda vitalícia R é obtida com:
N x+1
P(x ) = a x × R = ×R
Dx

Dx
R = P (x ) ×
N x+1

Substituindo os dados, a renda vitalícia anual postecipada é $7.090,18, resultado


obtido com:
D 45
R = P ( 45) ×
N 45 + 1

2.560.283
R = $150.000 × = $7.090,175
. .440
54165
Capítulo 11
OPERAÇÃO CONTINGENTE
485

RENDA VITALÍCIA ANTECIPADA


Na renda vitalícia antecipada, o primeiro capital ocorrerá na idade de x anos e os
restantes com a mesma periodicidade e de forma vitalícia, se o beneficiário esti-
ver vivo a partir da idade x. O desenvolvimento da equivalência começa por
considerar que cada pessoa lx com idade de x anos depositará o valor lx × äx na
data x estabelecendo um fundo de valor lx × äx que devidamente investido com
a taxa de juro i permitirá pagar as rendas vitalícias futuras. Nesse caso, na forma-
ção do fundo na data x haverá lx pessoas que receberão a renda de $1, depois,
com a idade de x+1 anos, haverá lx+1 pessoas vivas, e assim sucessivamente até a
idade de 115 anos. A equivalência entre o presente do fundo formado lx × äx e o
pagamento das rendas vitalícias $1 e antecipadas para cada participante vivo em
cada idade considerando a taxa de juro i com periodicidade anual é:

lx × äx = lx + (1 + i)–1 × lx+1 + (l + i)–2 × lx+2 +  + (1 + i)–(115 – x) × l115

Pondo em evidência äx, que é o presente individual dessa renda vitalícia an-
tecipada:13

1
ax = × (lx + (1 + i)–1 × lx+1 + (l + i)–2 × lx+2 +  + (1 + i)–(115 – x) × l115)
lx

Multiplicando numerador e denominador por (1 + i) –x e depois reagrupando:

(1 + i )− x
ax = × (lx + (1 + i)–1 × lx+1 +  + (1 + i)–(115 – x) × l115)
(1 + i )− x × l x

1
ax = −x
× ((1 + i )− x × l x + (1 + i )−( x + 1) × l x + 1 +  + (1 + i )−115 × l 115 )
(1 + i ) × lx

A última expressão pode ser reescrita com o símbolo somatório:

115
1
ax =
(1 + i )− x × l x
× ∑ (1+ i )− j × l j
j=x

13
Comparando com a renda vitalícia postecipada, temos äx = 1 + ax como se pode verificar nos
Exemplos 11.17 e 11.19.
486 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Considerando as funções de comutação Dx e Nx, temos:


1
ax = × (Dx + Dx+1 + Dx+2 +  + D115)
Dx

Nx
ax =
Dx
Novamente, a última expressão está preparada para utilizar os resultados das
colunas quinta e sexta da tábua de sobrevivência, como mostra o Exemplo
11.19. Sendo R o valor dos capitais, então seu presente P(x) na data x será:

P(x) = R × äx

EXEMPLO 11.19. Repita o Exemplo 11.17 com renda vitalícia antecipada e manten-
do inalterados os restantes dados do exemplo.
SOLUÇÃO. Para uma pessoa com 35 anos de idade, o presente da renda vitalícia anu-
al antecipada de $1 é $25,05834690, resultado obtido com:
N 35
a35 =
D 35
87.173.328
a35 = = 25,05834690
3.478.814
O presente da renda vitalícia anual antecipada de $15.000 é $375.875,20, resultado
obtido com:
P(35) = $15.000 × 25,05834690 = $375.875,20

PROBLEMAS
Salvo outra indicação, na resolução dos problemas é utilizada a tábua biométrica
AT-2000M.
PROBLEMA 11.22
Calcule o presente da renda vitalícia postecipada de $10.000 por ano de uma pes-
soa com 50 anos de idade considerando a taxa de juro de 3% ao ano.
R: $194.922,04
Capítulo 11
OPERAÇÃO CONTINGENTE
487

PROBLEMA 11.23
Uma pessoa de 60 anos de idade se aposentará. O encarregado do plano de apo-
sentadoria da empresa informou que receberá $24.000 por ano enquanto ele for
vivo, sendo o primeiro pagamento realizado um ano depois da data da aposenta-
doria. Calcule o valor equivalente que deveria receber se a aposentadoria vitalí-
cia fosse paga de uma vez na data da aposentadoria, considerando a taxa de juro de
3% ao ano.
R: $378.006,36
PROBLEMA 11.24
Uma pessoa de 60 anos de idade dispõe de $250.000. Calcule os recebimentos
anuais vitalícios dessa pessoa se o primeiro pagamento for feito um ano depois de
realizado o contrato, considerando a taxa de juro de 3% ao ano.
R: $15.872,75
PROBLEMA 11.25
Suponha que uma pessoa com 25 anos deseja comprar uma renda vitalícia de
$2.500 por ano. Calcule quanto deve dispor para comprar essa renda vitalícia con-
siderando que o primeiro pagamento ocorrerá um ano depois da data de compra da
renda com a taxa de juro de 3% ao ano.
R: $65.656,98
PROBLEMA 11.26
Repita o Problema 11.25 considerando que o primeiro pagamento ocorrerá no
momento da compra da renda vitalícia.
R: $68.156,98
PROBLEMA 11.27
Repita o Problema 11.25 considerando uma pessoa com 60 anos de idade.
R: $39.375,66
PROBLEMA 11.28
Repita o Problema 11.27 considerando que o primeiro pagamento ocorre no mo-
mento da compra da renda.
R: $41.875,66
PROBLEMA 11.29
Calcule o presente da renda vitalícia postecipada de $10.000 por ano de uma mu-
lher com 50 anos de idade considerando a taxa de juro de 3% ao ano.
R: $209.026,28
488 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMA 11.30
Uma mulher de 60 anos de idade dispõe de $250.000. Calcule os recebimentos
anuais vitalícios que essa pessoa receberia se o primeiro pagamento fosse realizado
um ano depois de realizado o contrato, considerando a taxa de juro de 3% ao ano.
R: $14.513,65
PROBLEMA 11.31
No dia de seu aniversário, uma pessoa de 35 anos começou a investir $5.000 por
ano num fundo com taxa de juro de 3% ao ano e continuará esse depósito anual até
completar 60 anos. O resgate que realizará quando completar 60 anos será utilizado
para comprar uma renda vitalícia postecipada. Calcule o valor dessa renda vitalícia
considerando a mesma taxa de juro de 3% ao ano.
R: Fundo acumulado ao cumprir 60 anos de $187.765,21, e renda vitalícia de
$11.209,69 por ano
PROBLEMA 11.32
Ao completar a idade de 60 anos, uma pessoa gostaria de começar a receber uma
renda vitalícia de $30.000 por ano. Sabendo que essa pessoa tem 30 anos, calcule
quanto deverá investir anualmente até completar 60 anos e conseguir aquela renda
vitalícia considerando a taxa de juro de 3% ao ano.
R: Presente da renda vitalícia ao cumprir 60 anos de $502.507,95 e investimento
de $10.254,70 por ano.

RENDA VITALÍCIA DIFERIDA


Na renda vitalícia com capitais diferidos k anos, o primeiro capital anual ocorrerá
na idade x+k anos, o segundo na idade x+1+k anos e assim sucessivamente até o
último capital com idade de 115 anos, o limite da tábua biométrica. O desenvol-
vimento da equivalência começa por considerar que cada pessoa lx com idade de
x anos depositará o valor lx × k|a x na data x estabelecendo um fundo de valor lx ×
k|a x que devidamente investido com a taxa de juro i permitirá pagar as rendas vi-
talícias futuras de $1. Depois de k anos da formação do fundo, haverá lx+k vivas
com a idade de x+k anos, depois de k+1 anos da formação do fundo haverá lx+k+1
pessoas vivas com a idade de x+k+1 anos e assim sucessivamente até a idade de
115 anos. A equivalência entre o presente do fundo formado lx × k|a x e o paga-
mento das rendas vitalícias $1 com diferimento de k anos para cada participante
vivo em cada idade considerando a taxa de juro i com periodicidade anual é:

lx × k|a x = (1 + i)–k × lx+k + (1 + i)– (k+1) × lx+k+1 +  + (1 + i)–(115 – x) × l115


Capítulo 11
OPERAÇÃO CONTINGENTE
489

Pondo em evidência k|ax, que é o presente individual dessa renda, temos:

1
k |a x = × ((1 + i)–k × lx+k + (1 + i)– (k+1) × lx+k+1 +  + (1 + i)–(115 – x) × l115)
lx

Multiplicando numerador e denominador por (1 + i)–x e depois reagrupando:

(1 + i )− x
k |a x = −x
×((1 + i)–k × lx+k + (1 + i)– (k+1) × lx+k+1 +  +
(1 + i ) × l x

+ (1 + i)–(115 – x) × l115)

1
k |a x = −x
× ((1 + i )−( x + k ) × l x + k + (1 + i )−( x + 1+ k ) × l x + k + 1 +  +
(1 + i ) × lx

+ (1 + i )−( 115 − x + k ) × l 115 )

A última expressão pode ser reescrita com o símbolo somatório:

115
1
k|a x =
(1+ i )− x × l x
× ∑ (1+ i )− j × l j
j=x + k

Com as funções de comutação Dx e Nx, temos:

1
k |a x = × ( Dx + k + Dx + 1+ k + Dx + 2 + k +  + D115 )
Dx

Nx+k
k|a x =
Dx

Sendo R o valor da anuidade vitalícia diferida k anos, então seu presente


P(x) na data x será:

P(x) = R × k|ax
490 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Os resultados das rendas vitalícias postecipadas e antecipadas são casos parti-


culares da renda vitalícia diferida, pois, se k = 0, o presente k|ax passa a ser o da
renda vitalícia antecipada äx, e, se k = 1, o presente k|ax passa a ser o da renda vi-
talícia postecipada, ax.14 Novamente, a última expressão da equivalência está
preparada para utilizar os resultados das colunas quinta e sexta da tábua de sobre-
vivência como mostra o Exemplo 11.20.

EXEMPLO 11.20. Calcule o presente de uma renda vitalícia de $15.000 por ano de
uma pessoa com 35 anos de idade considerando que o primeiro pagamento será
realizado cinco anos da data do contrato com a taxa de juro de 3% ao ano.
SOLUÇÃO. Para uma pessoa com 35 anos de idade, o presente da renda vitalícia
anual de $1 diferida de k = 5 anos é $20,348626, resultado obtido com:

N 35 + 5
5|a 35 =
D 35

70.789.085
5|a 35 = = 20,348626
3.478.814

O presente da renda vitalícia anual de $15.000 diferida de k = 5 anos é


$305.229,39, resultado obtido com:

P(35) = $15.000 × 20,348626 = $305.229,39

PROBLEMAS
Salvo outra indicação, na resolução dos exemplos e problemas é utilizada a tá-
bua biométrica AT-2000M. Os exemplos apresentados e os problemas propos-
tos de renda vitalícia também podem ser resolvidos com a planilha “Renda vita-
lícia” incluída na pasta Excel “Capítulo 11”, disponível na página do livro na
Internet.

14
Geralmente, a renda vitalícia diferida é tratada separando-a em renda postecipada e renda an-
tecipada. Nesta apresentação o autor entende que ao tratar as duas rendas diferidas apenas como
um tipo se consegue uma maior compreensão do tema e a relação com as outras rendas vitalícias
apresentadas inicialmente.
Capítulo 11
OPERAÇÃO CONTINGENTE
491

PROBLEMA 11.33
Uma mulher de 50 anos deseja comprar uma renda vitalícia de $3.000 por ano.
Considerando a taxa de juro de 3% ao ano, calcule quanto deve dispor para com-
prar essa renda vitalícia se o primeiro pagamento será recebido com a idade de 51
anos, ou um ano depois da data de compra da renda.
R: $62.707,89
PROBLEMA 11.34
Continuando com o Problema 11.33, calcule quanto ela disporá para comprar as
duas seguintes rendas vitalícias, sendo o primeiro pagamento na idade de a) 50 anos
e b) 55 anos.
R: a) $65.707,89; b) $51.608,45
PROBLEMA 11.35
Suponha que seu parente de 58 anos de idade deseja receber uma renda vitalícia de
$14.000 por ano. Calcule quanto deve investir considerando que a primeira renda
será recebida 4 anos da data de compra da renda vitalícia e utilizando a taxa de juro
de 3% ao ano.
R: $192.605,29
PROBLEMA 11.36
Repita o Problema 11.35 considerando que seu parente seja mulher.
R: $212.949,03
PROBLEMA 11.37
Suponha que o testamento de uma pessoa estabelece que o seguro de vida de
$400.000 será dividido em 75% para a esposa de 59 anos e 25% para seu filho de 31
anos. Calcule a renda vitalícia antecipada da mulher e a renda vitalícia do filho dife-
rida de 9 anos utilizando a taxa de juro de 3% ao ano.
R: Mulher: $16.107,21 e Filho: $5.548,64

RENDA TEMPORÁRIA
Uma pessoa recebe uma renda temporária a partir de certa data e por um
tempo determinado, cessando com a morte dessa pessoa ou com o prazo de-
terminado, o evento que primeiro ocorrer. Se o primeiro capital dessa renda
ocorrer na mesma data de início do plano, ter-se-á uma renda temporária
antecipada; se o primeiro capital ocorrer um período depois da data de início
do plano, ter-se-á uma renda temporária postecipada; e se o primeiro capital
ocorrer n períodos depois da data de início do plano, ter-se-á uma renda
temporária diferida.
492 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

RENDA TEMPORÁRIA POSTECIPADA


Uma pessoa de idade x recebe uma renda temporária postecipada a partir do
primeiro período depois da data x e por um tempo determinado n, cessando
com a morte dessa pessoa ou com o prazo determinado, o evento que primeiro
ocorrer. O desenvolvimento da equivalência começa por considerar que cada
pessoa lx com idade de x anos depositará o valor a x :n_| na data x estabelecendo um
fundo de valor l x × a x :n_| que, devidamente investido com a taxa de juro i, per-
mitirá pagar as rendas vitalícias futuras. Depois de um ano da formação do fun-
do, haverá lx+1 pessoas vivas com a idade de x+1 anos, depois de dois anos da
formação do fundo haverá lx+2 pessoas vivas com a idade de x+2 anos e assim su-
cessivamente até completar n períodos. A equivalência entre o presente do fun-
do formado l x × a x :n_| e o pagamento das n rendas temporais $1 e postecipadas
para cada participante vivo em cada idade considerando a taxa de juro i com pe-
riodicidade anual é:

l x × a x :n_| = (1 + i)–1 × lx+1 + (1 + i)–2 × lx+2 +  + (1 + i)– (x+n) × lx+n

Pondo em evidência a x :n_| , que é o presente individual dessa renda:

1
a x :n_| = × ((1 + i )−1 × l x + 1 + (1 + i )−2 × l x + 2 +  + (1 + i )−( x + n ) × l x + n )
lx

Multiplicando numerador e denominador por (1 + i)–x e depois reagrupando:

(1 + i )− x
a x :n_| = −
× ((1 + i )−1 × l x + 1 + (1 + i )−2 × l x + 2 +  + (1 + i )− n × l x + n )
(1 + i ) × l x
x

1
a x :n_| = −x
× ((1 + i )−( x + 1) × l x + 1 + (1 + i )−( x + 2 ) × l x + 2 +  +
(1 + i ) × lx

+ (1 + i )−( x + n ) × l x + n )
Capítulo 11
OPERAÇÃO CONTINGENTE
493

Essa expressão pode ser reescrita com o símbolo somatório:


x+n
1
a x :n_| =
(1 + i )− x × l x
× ∑ (1+ i )− j × l j
j=x + 1

Considerando a função de comutação Dx:


1
a x :n_| = × ( Dx + 1 + Dx + 2 + Dx + 3 +  + Dx + n )
Dx

Para utilizar a função Nx da tábua biométrica, o resultado da soma Dx+1 +


Dx+2 + Dx+3 +  + Dx+n foi obtido da diferença entre duas séries até o final da
tábua de sobrevivência, 115 anos.

1
a x :n_| = × ( Dx + 1 +  + Dx + n + Dx + 1+ n +  + D115 )
Dx
− ( Dx + 1+ n + Dx + 1+ n +  + D115 ))

Dessa maneira:
N x + 1 − N x + 1+ n
a x :n_| =
Dx

Essa expressão está preparada para utilizar os resultados das colunas quinta e
sexta da tábua de sobrevivência, como mostra o Exemplo 11.21. Sendo R o va-
lor da anuidade temporária, então seu presente P(x) na data x será:

P(x) = R × a x :n_|

EXEMPLO 11.21. Calcule o presente da renda temporária de $15.000 durante 15 anos


de uma pessoa com 35 anos de idade considerando que o primeiro pagamento será
realizado um ano depois da assinatura do contrato e à taxa de juro de 3% ao ano.
SOLUÇÃO. Para uma pessoa com idade de 35 anos, o presente da renda temporária
anual postecipada de $1 é $11,83614329, resultado obtido com:

N 35 + 1 − N 35 + 1+ 15
a 35:5_| =
D 35
494 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

83.694.514 − 42.518.773
a 35:5_| = = 1183614329
,
3.478.814

O presente da renda temporária postecipada de $15.000 é $177.542,15, resultado


obtido com:
P(35) = $15.000 × 11,83614329 = $177.542,15

RENDA TEMPORÁRIA ANTECIPADA


Uma pessoa de idade x recebe uma renda temporária antecipada a partir da data
x e por um tempo determinado n, cessando com a morte dessa pessoa ou com o
prazo determinado, o evento que primeiro ocorrer. O desenvolvimento da
equivalência começa por considerar que cada pessoa lx com idade de x anos de-
positará o valor 
a x : n_| na data x estabelecendo um fundo de valor l x × 
a x : n_| que
devidamente investido com a taxa de juro i permitirá pagar n rendas de $1 às
pessoas vivas. Na data de formação do fundo haverá lx pessoas vivas com a idade
de x anos, depois de um ano da formação do fundo haverá lx+1 pessoas vivas com
a idade de x+1 anos e assim sucessivamente até completar n anos. A equivalên-
cia entre o presente do fundo formado l x × 
a x : _n| e o pagamento das n rendas
temporais $1 e antecipadas para cada participante vivo em cada idade conside-
rando a taxa de juro i com periodicidade anual é:

l x × ax : n_| = lx + (l + i)–1 × lx+1 + (1 + i)–2 × lx+2 +  + (l + i)–(x+n–1) × lx+n–1

Pondo em evidência 
a x : n_| , que é o custo individual dessa renda:

1
ax : n_| = (l x + (1 + i )−1 × l x + 1 + (1 + i )−2 × l x + 2 +  + (1 + i )−( x + n − 1) × l x + n − 1 )
lx

Depois de multiplicar o numerador e o denominador por (1 + i)–x:

1
ax : n_| = −x
((1 + i )− x × l x + (1 + i )−( x + 1) × l x + 1 +
(1 + i ) × lx

+  + (1 + i )−( x + n − 1) × l x + n − 1 )
Capítulo 11
OPERAÇÃO CONTINGENTE
495

Essa expressão pode ser reescrita com o símbolo somatório:

x + n−1
1
ax : n_| =
(1 + i )− x × l x
× ∑ (1+ i )− j × l j
j=x

Com as funções de comutação Dx e Nx, temos:

1
ax : n_| = × ( Dx + Dx + 1 + Dx + 2 +  + Dx + n − 1 )
Dx

Nx − Nx+n
ax : n_| =
Dx

Essa expressão está preparada para utilizar os resultados das colunas quinta e
sexta da tábua de sobrevivência, como mostra o Exemplo 11.22. Finalmente,
sendo R o valor dos capitais, então seu presente P(x) na data x será:

P ( x ) = R × ax : n_|

EXEMPLO 11.22. Repita o Exemplo 11.21 considerando que o primeiro pagamento


é realizado no ato da assinatura do contrato e mantendo inalterados os dados res-
tantes do exemplo.
SOLUÇÃO. Para uma pessoa com idade de 35 anos, o presente da renda temporária
anual antecipada de $1 durante 15 anos é $12,2091126, resultado obtido com:

N 35 − N 35 + 15
a35:5_| =
D 35

87.173.328 − 44.700.096
a35:5_| = = 12,2091126
3.478.814

O presente da renda temporária antecipada de $15.000 é $183.136,69, resultado


obtido com:

P(35) = $15.000 × 12,2091126 = $183.136,69


496 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

RENDA TEMPORÁRIA DIFERIDA


Sendo uma renda temporária com capitais diferidos k anos, o primeiro capital
anual ocorrerá na idade x+k anos, o segundo na idade x+1+k anos e assim su-
cessivamente até completar n capitais. Portanto, a equivalência entre o presente
do fundo formado k|a x : n_| e o pagamento das n rendas temporais $1 diferidos de
k anos para cada participante vivo em cada idade considerando a taxa de juro i
com periodicidade anual é:

l x × k|a x : n_| = (l + i)–k × lx+k + (1 + i)–(k+1) × lx+k+1 +  + (l + i)–(k+n –1) × lx+k+n– 1

Depois de multiplicar o numerador e o denominador por (l + i) –x, temos:

1
_
k|a x : n| = −x
× ((1 + i )−( x + k ) × l x + k + (1 + i )−( x + 1+ k ) × l x + 1+ k +
(1 + i ) × lx

+  + (1 + i )−( x + k + n − 1) × l x + k + n − 1 )

Essa expressão pode ser reescrita com o símbolo somatório:


x + k+ n−1
1
k |a x : n| =
_
(1 + i ) −x
× lx
× ∑ (1 + i )− j × l j
j=x + k

Com as funções de comutação Dx e Nx, temos:

1
_
k |a x : n| = × ( Dx + k + Dx + k + 1 + Dx + k + 2 +  + Dx + k + n − 1 )
Dx

N x + k − N x + k+ n
_
k |a x : n| =
Dx

Se k = 0, a expressão do presente k|a x : n_| passa a ser a expressão da renda tem-


porária antecipada 
a x : n_| , e se k = 1, a expressão será a da renda temporária poste-
cipada a x : n_| . Dessa maneira, podemos compreender que o presente da renda
temporária diferida inclui os resultados das rendas temporais postecipadas e an-
Capítulo 11
OPERAÇÃO CONTINGENTE
497

tecipadas.15 Novamente, a última expressão está preparada para utilizar os resul-


tados das colunas quinta e sexta da tábua de sobrevivência, como mostra o
Exemplo 11.23. Finalmente, sendo R o valor dos capitais, então seu presente
P(x) na data x será:

P ( x ) = R × k|a x :n_|

EXEMPLO 11.23. Repita o Exemplo 11.21 considerando que o primeiro pagamento


é realizado no final do quinto ano depois da assinatura do contrato e mantendo
inalterados os restantes dados.
SOLUÇÃO. O presente uma renda vitalícia temporária de $1 durante 15 e diferida de
k = 5 anos de uma pessoa com 35 anos de idade é $10,4362794, resultado obtido
com:
N 35 + 5 − N 35 + 5 + 15
5|a 35: 15 =
D 35

70.789.085 − 34.483.210
5|a 35: 15 = = 10,4362794
3.478.814

O presente da renda temporária antecipada de $15.000 é $156.544,19, resultado


obtido com:

P (x) = $15.000 ×10,4362794 = $156.544,19

PROBLEMAS
Salvo outra indicação, na resolução dos exemplos e problemas é utilizada a tá-
bua biométrica AT-2000M. Os exemplos apresentados e os problemas propos-
tos de renda temporária também podem ser resolvidos com a planilha Excel
“Renda temporária” incluída na pasta “Capítulo 11”, disponível na página do
livro na Internet.

15
Geralmente o tema da renda temporária diferida é tratado separando-a em renda postecipada
e renda antecipada. Nesta apresentação o autor entende que, ao tratar as duas rendas diferidas
apenas como um tipo, se consegue uma maior compreensão do tema e a relação com as outras
rendas temporais apresentadas inicialmente.
498 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMA 11.38
Uma pessoa com 50 anos de idade deseja receber uma renda temporária de
$10.000 por ano durante 20 anos. Calcule o presente dessa renda temporária poste-
cipada com a taxa de juro de 3% ao ano.
R: $140.887,83
PROBLEMA 11.39
Refaça o Problema 11.38 considerando que essa pessoa seja mulher.
R: $144.187,59
PROBLEMA 11.40
Uma pessoa de 60 anos de idade se aposentará. O encarregado do plano de aposen-
tadoria da empresa informou que receberá $24.000 por ano enquanto ele for vivo
nos próximos 20 anos, sendo o primeiro pagamento realizado dois anos depois da
data da aposentadoria. Calcule o valor equivalente que deveria receber se a aposen-
tadoria temporária fosse paga de uma vez na data da aposentadoria, considerando a
taxa de juro de 3% ao ano.
R: $298.645,47
PROBLEMA 11.41
Uma pessoa de 35 anos de idade recebeu uma certa quantia de uma indenização.
Calcule quanto deverá pagar por uma renda temporária de $12.000 por ano duran-
te 30 anos considerando que o primeiro recebimento ocorrerá um ano depois da
data de compra dessa renda com a taxa de juro de 3% ao ano.
R: $228.610,75
PROBLEMA 11.42
Repita o Problema 11.41 considerando que o primeiro pagamento ocorrerá cinco
anos depois da compra da renda temporária.
R: $199.980,74
PROBLEMA 11.43
Uma pessoa de 60 anos de idade dispõe de $200.000. Calcule a renda temporária
durante 20 anos se o primeiro recebimento for realizado um ano depois de realiza-
do o contrato considerando a taxa de juro de 3% ao ano.
R: $15.296,39
PROBLEMA 11.44
Refaça o Problema 11.43 supondo uma renda vitalícia antecipada.
R: $14.583,58
PROBLEMA 11.45
Refaça o Problema 11.43 considerando que essa pessoa é mulher.
R: $14.575,49
Capítulo 11
OPERAÇÃO CONTINGENTE
499

PROBLEMA 11.46
Refaça o Problema 11.45 supondo uma renda vitalícia antecipada.
R: $13.988,01
PROBLEMA 11.47
Uma mulher de 50 anos deseja comprar uma renda temporária de $18.000 por ano
durante 25 anos. Considerando a taxa de juro de 3% ao ano, calcule quanto deve
dispor para comprar essa renda temporária se o primeiro recebimento ocorrerá
com a idade de 51 anos, ou um ano depois da data de compra da renda.
R: $299.444,77
PROBLEMA 11.48
Suponha que sua mulher de 58 anos de idade deseja receber uma renda temporária
de $15.000 por ano durante 23 anos. Calcule quanto você deve investir conside-
rando que a primeira renda será recebida 4 anos depois da data de compra da renda
e utilizando a taxa de juro de 3% ao ano.
R: $198.995,79
PROBLEMA 11.49
Para realizar uma especialização durante quatro anos, uma pessoa de 25 anos de
idade necessitará dispor de $48.000 por ano durante quatro anos. Calcule quanto
deve investir hoje considerando que a primeira renda será recebida daqui a três
anos e utilizando a taxa de juro de 3% ao ano.
R: $162.861,69
PROBLEMA 11.50
O pai está preocupado com a formação de seu filho de 3 anos. Quando o filho
completar 20 anos, seu pai deverá disponibilizar para os estudos $36.000 por ano,
durante cinco anos. Calcule quanto esse pai de 38 anos de idade deve investir hoje
considerando que a primeira renda será recebida daqui a oito anos e utilizando a
taxa de juro de 3% ao ano.
R: $132.017,40
PROBLEMA 11.51
Durante 10 anos e enquanto estiver viva, uma pessoa de 47 anos receberá de uma
empresa $50.000 por ano a título de indenização. Em vez de realizar esses paga-
mentos anuais, a empresa decidiu comprar uma renda temporária nesse valor a pra-
zo e no nome do beneficiário. Calcule quanto se deverá pagar por essa renda consi-
derando que o primeiro recebimento ocorrerá na data de compra dessa renda e uti-
lizando a taxa de juro de 3% ao ano.
R: $433.300,95
500 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

PROBLEMA 11.52
No dia de seu aniversário, uma pessoa de 35 anos começou a investir $5.000
por ano num fundo com taxa de juro de 3% ao ano e continuará esse depósito
anual até completar 60 anos. O resgate que realizará quando completar 60 anos
será utilizado para comprar uma renda temporária postecipada pelo prazo de 15
anos. Calcule o valor dessa renda temporária considerando a mesma taxa de
juro de 3% ao ano.
R: O fundo acumulado aos 60 anos é de $187.765,21 e a renda temporária é de
$16.373,57 por ano, durante 15 anos.
PROBLEMA 11.53
No dia de completar a idade de 60 anos uma pessoa gostaria de começar a rece-
ber uma renda temporária de $30.000 por ano, durante 15 anos. Sabendo que
essa pessoa tem 30 anos, calcule quanto deverá investir anualmente até comple-
tar 60 anos e conseguir aquela renda vitalícia considerando a taxa de juro de 3%
ao ano.
R: O presente da renda ao cumprir 60 anos é de $344.027,34 e o investimento é de
$7.020,58 por ano.

RESUMO DE FÓRMULAS
(1 − p) × F
A partir da equivalência P = do pagamento contingente com taxa de
1+ i f
juro livre de risco if e a probabilidade de inadimplência p se deduz a taxa de fi-
if + p
nanciamento i = .
1− p

PROBABILIDADES
Da tábua biométrica temos as probabilidades:
lx + 1
— A probabilidade p x = da pessoa de idade x conseguir viver mais um
lx
ano, x+1.
lx + 1
— A probabilidade n px = da pessoa de idade x conseguir viver n anos
lx
mais, x+n.
Capítulo 11
OPERAÇÃO CONTINGENTE
501

lx − lx + 1
— A probabilidade q x = da pessoa com x anos morrer antes de
lx
completar x+1 anos.
lx − lx + n
— A probabilidade n q x = da pessoa com x anos morrer antes de
lx
completar x+n anos.
lx + n − lx + n+ k
— A probabilidade n k qx = da pessoa com x anos morrer en-
lx
tre as idades x+n e x+n+k.

SEGURO DE SOBREVIVÊNCIA
O valor C do seguro de sobrevivência da pessoa de x anos de idade que conse-
l
gue viver até a idade x+n para receber $1 é obtido com C = (1 + i)–n × x + n ,
lx
com a taxa de juro i com período anual.
lx + n
— Com o fator de valor presente atuarial temos n E x = (1 + i) − n × .
lx
Dx + n
— Com o fator de comutação Dx temos n Ex = .
Dx

RENDA VITALÍCIA
O presente da renda vitalícia anual de $1 da pessoa de x anos de idade é obtida
com:
— Renda vitalícia postecipada:
1
ax = −x
× ((1 + i )−( x + 1) × l x + 1 + (1 + i )−( x + 2 ) × l x + 2 +  +
(1 + i ) × lx

Nx+1
+ (1 + i )−115 × l 115 ) ou a x =
Dx
— Renda vitalícia antecipada:
502 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

1
ax = −x
× ((1 + i )− x × l x + (1 + i )−( x + 1) × l x + 1 +  +
(1 + i ) × lx

Nx
+ (1 + i )−115 × l 115 ) ou ax =
Dx

— Renda vitalícia diferida k anos:

1
k |a x = −x
× ((1 + i )−( x + k ) × l x + k + (1 + i )−( x + 1+ k ) × l x + k + 1 +  +
(1 + i ) × lx

Nx+k
+ (1 + i )−( 115 − x + k ) × l 115 ) ou k|a x =
Dx

RENDA TEMPORÁRIA
O presente de n rendas temporárias anuais de $1 da pessoa de x anos de idade é
obtida com:

— Renda temporária postecipada:

1
a x : n_| = −x
× ((1 + i )−( x + 1) × l x + 1 + (1 + i )−( x + 2 ) × l x + 2 +  +
(1 + i ) × lx

N x + 1 − N x + 1+ n
+ (1 + i )−( x + n ) × l x + n ) ou a x : n_| =
Dx

— Renda temporária antecipada:

1
ax : n_| = −x
× ((1 + i )− x × l x + (1 + i )−( x + 1) × l x + 1 +  +
(1 + i ) × lx

Nx − Nx+n
+ (1 + i )−( x + n − 1) × l x + n − 1 ) ou ax : n_| =
Dx
Capítulo 11
OPERAÇÃO CONTINGENTE
503

— Renda temporária diferida k anos:

1
_
k|a x : n| = −x
× ((1 + i )−( x + k ) × l x + k + (1 + i )−( x + 1+ k ) × l x + + k 1 +  +
(1 + i ) × lx

N x + k − N x + k+ n
+ (1 + i )−( x + k + n − 1) × l x + k + n − 1 ) ou _
k|a x : n| =
Dx
504 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Apêndice 11.1

Expectativa de Vida
Regularmente é informada a expectativa de vida de uma menina ou um menino
recém-nascido, estimativas baseadas na tábua biométrica. Cada um de nós tem
uma expectativa de vida de acordo com a sua idade. Como é formada a expectati-
va de vida de uma pessoa com x anos de idade? O procedimento, de certa manei-
ra, é parecido com o das rendas contingentes desenvolvidas. Partindo de uma
pessoa com x anos de idade, o objetivo é determinar o número médio de anos vi-
vidos pelas lx pessoas com a idade x até a extinção do grupo, que coincide com li-
mite da tábua biométrica de 115 anos. Partindo de uma pessoa com idade x, co-
meçamos por registrar o número de pessoas que viverão mais um ano, ou lx+1; de-
pois é somado o número de pessoas que viverão mais dois anos, ou lx+2; a seguir é
somado o número de pessoas que viverão mais três anos, ou lx+3; e assim sucessi-
vamente até a idade limite da tábua biométrica de 115 anos. O resultado de divi-
dir essa soma pelo número de pessoas vivas lx na idade x retorna o número médio
de anos que a pessoa de x anos deverá viver. Esse cálculo é realizado com:

0,50 × l x + (l x + 1 + l x + 2 + l x + 3 +  + l 115 )
e x0 =
lx
115
1
e x0 = 0,50 + × ∑ l j
lx j=x + 1

O cálculo manual da expectativa de vida para uma pessoa com x anos de


idade é bastante trabalhoso. Com a planilha em Excel “Expectativa de vida” in-
cluída na pasta “Capítulo 11”, disponível na página do livro na Internet, pode-
mos obter de forma automática a expectativa de vida para uma pessoa com x
anos de idade, considerando uma das quatro tábuas biométricas disponíveis nes-
sa pasta. A planilha seguinte mostra que a expectativa de vida de uma pessoa re-
cém-nascida é de 80,07 anos, considerando a tábua biométrica AT-2000M.
Apêndice 11.1
EXPECTATIVA DE VIDA
505

Se for utilizada a tábua biométrica AT-2000F, a expectativa de vida de uma


mulher recém-nascida é de 84,34 anos.
Tábuas

Neste capítulo estão reproduzidas as cinco tábuas seguintes.

TÁBUAS FINANCEIRAS
— (1 + i)n O futuro de um capital unitário $1 com n capitalizações consi-
derando a taxa de juro i com período igual à periodicidade das capitali-
zações.
1 − (1 + i) − n
— a n_|i = O presente da série uniforme com n capitais postecipa-
i
dos unitários $1 considerando a taxa de juro i com período igual à perio-
dicidade dos capitais.
(1 + i) − n − 1
— s n_|i = O futuro da série uniforme com n capitais postecipa-
i
dos unitários $1 considerando a taxa de juro i com período igual à perio-
dicidade dos capitais.

As tábuas financeiras foram geradas com a planilha em Excel “Tábuas Fi-


nanceiras” disponível na página do livro na Internet. Com essa planilha, podem
ser geradas outras tábuas para qualquer intervalo de valores de n e de i.
508 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

TÁBUAS BIOMÉTRICAS
— AT-2000M (Básica, Masculina) com fatores de comutação calculados
com taxa de juro de 3% ao ano.
— AT-2000F (Básica, Feminina) com fatores de comutação calculados com
taxa de juro de 3% ao ano.

As tábuas biométricas foram geradas com a planilha em Excel “Tábuas Bio-


métricas” disponível na página do livro na Internet. Com essa planilha, também
podem ser geradas as tábuas AT-2000F (Suavizada 10%, Feminina) e AT-2000M
(Suavizada 10%, Masculina) com fatores de comutação.1 Todas essas tábuas po-
dem ser geradas com fatores de comutação para qualquer valor de taxa de juro
com período anual.

1
As tábuas biométricas foram obtidas na Susep – Superintendência de Seguros Privados no en-
dereço na Internet: http://www.susep.gov.br/menumercado/tabua.asp.
Tábuas 509

TÁBUA FINANCEIRA
(1 + i)n
n/i 1,0% 2,0% 3,0% 4,0% 5,0% 6,0% 7,0% 8,0% 9,0% 10,0%
1 1,010000 1,020000 1,030000 1,040000 1,050000 1,060000 1,070000 1,080000 1,090000 1,100000
2 1,020100 1,040400 1,060900 1,081600 1,102500 1,123600 1,144900 1,166400 1,188100 1,210000
3 1,030301 1,061208 1,092727 1,124864 1,157625 1,191016 1,225043 1,259712 1,295029 1,331000
4 1,040604 1,082432 1,125509 1,169859 1,215506 1,262477 1,310796 1,360489 1,411582 1,464100
5 1,051010 1,104081 1,159274 1,216653 1,276282 1,338226 1,402552 1,469328 1,538624 1,610510
6 1,061520 1,126162 1,194052 1,265319 1,340096 1,418519 1,500730 1,586874 1,677100 1,771561
7 1,072135 1,148686 1,229874 1,315932 1,407100 1,503630 1,605781 1,713824 1,828039 1,948717
8 1,082857 1,171659 1,266770 1,368569 1,477455 1,593848 1,718186 1,850930 1,992563 2,143589
9 1,093685 1,195093 1,304773 1,423312 1,551328 1,689479 1,838459 1,999005 2,171893 2,357948
10 1,104622 1,218994 1,343916 1,480244 1,628895 1,790848 1,967151 2,158925 2,367364 2,593742
11 1,115668 1,243374 1,384234 1,539454 1,710339 1,898299 2,104852 2,331639 2,580426 2,853117
12 1,126825 1,268242 1,425761 1,601032 1,795856 2,012196 2,252192 2,518170 2,812665 3,138428
13 1,138093 1,293607 1,468534 1,665074 1,885649 2,132928 2,409845 2,719624 3,065805 3,452271
14 1,149474 1,319479 1,512590 1,731676 1,979932 2,260904 2,578534 2,937194 3,341727 3,797498
15 1,160969 1,345868 1,557967 1,800944 2,078928 2,396558 2,759032 3,172169 3,642482 4,177248
16 1,172579 1,372786 1,604706 1,872981 2,182875 2,540352 2,952164 3,425943 3,970306 4,594973
17 1,184304 1,400241 1,652848 1,947900 2,292018 2,692773 3,158815 3,700018 4,327633 5,054470
18 1,196147 1,428246 1,702433 2,025817 2,406619 2,854339 3,379932 3,996019 4,717120 5,559917
19 1,208109 1,456811 1,753506 2,106849 2,526950 3,025600 3,616528 4,315701 5,141661 6,115909
20 1,220190 1,485947 1,806111 2,191123 2,653298 3,207135 3,869684 4,660957 5,604411 6,727500
21 1,232392 1,515666 1,860295 2,278768 2,785963 3,399564 4,140562 5,033834 6,108808 7,400250
22 1,244716 1,545980 1,916103 2,369919 2,925261 3,603537 4,430402 5,436540 6,658600 8,140275
23 1,257163 1,576899 1,973587 2,464716 3,071524 3,819750 4,740530 5,871464 7,257874 8,954302
24 1,269735 1,608437 2,032794 2,563304 3,225100 4,048935 5,072367 6,341181 7,911083 9,849733
25 1,282432 1,640606 2,093778 2,665836 3,386355 4,291871 5,427433 6,848475 8,623081 10,834706
26 1,295256 1,673418 2,156591 2,772470 3,555673 4,549383 5,807353 7,396353 9,399158 11,918177
27 1,308209 1,706886 2,221289 2,883369 3,733456 4,822346 6,213868 7,988061 10,245082 13,109994
28 1,321291 1,741024 2,287928 2,998703 3,920129 5,111687 6,648838 8,627106 11,167140 14,420994
29 1,334504 1,775845 2,356566 3,118651 4,116136 5,418388 7,114257 9,317275 12,172182 15,863093
30 1,347849 1,811362 2,427262 3,243398 4,321942 5,743491 7,612255 10,062657 13,267678 17,449402
31 1,361327 1,847589 2,500080 3,373133 4,538039 6,088101 8,145113 10,867669 14,461770 19,194342
32 1,374941 1,884541 2,575083 3,508059 4,764941 6,453387 8,715271 11,737083 15,763329 21,113777
33 1,388690 1,922231 2,652335 3,648381 5,003189 6,840590 9,325340 12,676050 17,182028 23,225154
34 1,402577 1,960676 2,731905 3,794316 5,253348 7,251025 9,978114 13,690134 18,728411 25,547670
35 1,416603 1,999890 2,813862 3,946089 5,516015 7,686087 10,676581 14,785344 20,413968 28,102437
36 1,430769 2,039887 2,898278 4,103933 5,791816 8,147252 11,423942 15,968172 22,251225 30,912681
37 1,445076 2,080685 2,985227 4,268090 6,081407 8,636087 12,223618 17,245626 24,253835 34,003949
38 1,459527 2,122299 3,074783 4,438813 6,385477 9,154252 13,079271 18,625276 26,436680 37,404343
39 1,474123 2,164745 3,167027 4,616366 6,704751 9,703507 13,994820 20,115298 28,815982 41,144778
40 1,488864 2,208040 3,262038 4,801021 7,039989 10,285718 14,974458 21,724521 31,409420 45,259256
510 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

TÁBUA FINANCEIRA
1 − (1 + i ) − n
a n_|i =
i
n/i 1,0% 2,0% 3,0% 4,0% 5,0% 6,0% 7,0% 8,0% 9,0% 10,0%
1 0,990099 0,980392 0,970874 0,961538 0,952381 0,943396 0,934579 0,925926 0,917431 0,909091
2 1,970395 1,941561 1,913470 1,886095 1,859410 1,833393 1,808018 1,783265 1,759111 1,735537
3 2,940985 2,883883 2,828611 2,775091 2,723248 2,673012 2,624316 2,577097 2,531295 2,486852
4 3,901966 3,807729 3,717098 3,629895 3,545951 3,465106 3,387211 3,312127 3,239720 3,169865
5 4,853431 4,713460 4,579707 4,451822 4,329477 4,212364 4,100197 3,992710 3,889651 3,790787
6 5,795476 5,601431 5,417191 5,242137 5,075692 4,917324 4,766540 4,622880 4,485919 4,355261
7 6,728195 6,471991 6,230283 6,002055 5,786373 5,582381 5,389289 5,206370 5,032953 4,868419
8 7,651678 7,325481 7,019692 6,732745 6,463213 6,209794 5,971299 5,746639 5,534819 5,334926
9 8,566018 8,162237 7,786109 7,435332 7,107822 6,801692 6,515232 6,246888 5,995247 5,759024
10 9,471305 8,982585 8,530203 8,110896 7,721735 7,360087 7,023582 6,710081 6,417658 6,144567
11 10,367628 9,786848 9,252624 8,760477 8,306414 7,886875 7,498674 7,138964 6,805191 6,495061
12 11,255077 10,575341 9,954004 9,385074 8,863252 8,383844 7,942686 7,536078 7,160725 6,813692
13 12,133740 11,348374 10,634955 9,985648 9,393573 8,852683 8,357651 7,903776 7,486904 7,103356
14 13,003703 12,106249 11,296073 10,563123 9,898641 9,294984 8,745468 8,244237 7,786150 7,366687
15 13,865053 12,849264 11,937935 11,118387 10,379658 9,712249 9,107914 8,559479 8,060688 7,606080
16 14,717874 13,577709 12,561102 11,652296 10,837770 10,105895 9,446649 8,851369 8,312558 7,823709
17 15,562251 14,291872 13,166118 12,165669 11,274066 10,477260 9,763223 9,121638 8,543631 8,021553
18 16,398269 14,992031 13,753513 12,659297 11,689587 10,827603 10,059087 9,371887 8,755625 8,201412
19 17,226008 15,678462 14,323799 13,133939 12,085321 11,158116 10,335595 9,603599 8,950115 8,364920
20 18,045553 16,351433 14,877475 13,590326 12,462210 11,469921 10,594014 9,818147 9,128546 8,513564
21 18,856983 17,011209 15,415024 14,029160 12,821153 11,764077 10,835527 10,016803 9,292244 8,648694
22 19,660379 17,658048 15,936917 14,451115 13,163003 12,041582 11,061240 10,200744 9,442425 8,771540
23 20,455821 18,292204 16,443608 14,856842 13,488574 12,303379 11,272187 10,371059 9,580207 8,883218
24 21,243387 18,913926 16,935542 15,246963 13,798642 12,550358 11,469334 10,528758 9,706612 8,984744
25 22,023156 19,523456 17,413148 15,622080 14,093945 12,783356 11,653583 10,674776 9,822580 9,077040
26 22,795204 20,121036 17,876842 15,982769 14,375185 13,003166 11,825779 10,809978 9,928972 9,160945
27 23,559608 20,706898 18,327031 16,329586 14,643034 13,210534 11,986709 10,935165 10,026580 9,237223
28 24,316443 21,281272 18,764108 16,663063 14,898127 13,406164 12,137111 11,051078 10,116128 9,306567
29 25,065785 21,844385 19,188455 16,983715 15,141074 13,590721 12,277674 11,158406 10,198283 9,369606
30 25,807708 22,396456 19,600441 17,292033 15,372451 13,764831 12,409041 11,257783 10,273654 9,426914
31 26,542285 22,937702 20,000428 17,588494 15,592811 13,929086 12,531814 11,349799 10,342802 9,479013
32 27,269589 23,468335 20,388766 17,873551 15,802677 14,084043 12,646555 11,434999 10,406240 9,526376
33 27,989693 23,988564 20,765792 18,147646 16,002549 14,230230 12,753790 11,513888 10,464441 9,569432
34 28,702666 24,498592 21,131837 18,411198 16,192904 14,368141 12,854009 11,586934 10,517835 9,608575
35 29,408580 24,998619 21,487220 18,664613 16,374194 14,498246 12,947672 11,654568 10,566821 9,644159
36 30,107505 25,488842 21,832252 18,908282 16,546852 14,620987 13,035208 11,717193 10,611763 9,676508
37 30,799510 25,969453 22,167235 19,142579 16,711287 14,736780 13,117017 11,775179 10,652993 9,705917
38 31,484663 26,440641 22,492462 19,367864 16,867893 14,846019 13,193473 11,828869 10,690820 9,732651
39 32,163033 26,902589 22,808215 19,584485 17,017041 14,949075 13,264928 11,878582 10,725523 9,756956
40 32,834686 27,355479 23,114772 19,792774 17,159086 15,046297 13,331709 11,924613 10,757360 9,779051
Tábuas 511

TÁBUA FINANCEIRA
(1 + i ) − n − 1
s n_|i =
i
n/i 1,0% 2,0% 3,0% 4,0% 5,0% 6,0% 7,0% 8,0% 9,0% 10,0%
1 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000
2 2,010000 2,020000 2,030000 2,040000 2,050000 2,060000 2,070000 2,080000 2,090000 2,100000
3 3,030100 3,060400 3,090900 3,121600 3,152500 3,183600 3,214900 3,246400 3,278100 3,310000
4 4,060401 4,121608 4,183627 4,246464 4,310125 4,374616 4,439943 4,506112 4,573129 4,641000
5 5,101005 5,204040 5,309136 5,416323 5,525631 5,637093 5,750739 5,866601 5,984711 6,105100
6 6,152015 6,308121 6,468410 6,632975 6,801913 6,975319 7,153291 7,335929 7,523335 7,715610
7 7,213535 7,434283 7,662462 7,898294 8,142008 8,393838 8,654021 8,922803 9,200435 9,487171
8 8,285671 8,582969 8,892336 9,214226 9,549109 9,897468 10,259803 10,636628 11,028474 11,435888
9 9,368527 9,754628 10,159106 10,582795 11,026564 11,491316 11,977989 12,487558 13,021036 13,579477
10 10,462213 10,949721 11,463879 12,006107 12,577893 13,180795 13,816448 14,486562 15,192930 15,937425
11 11,566835 12,168715 12,807796 13,486351 14,206787 14,971643 15,783599 16,645487 17,560293 18,531167
12 12,682503 13,412090 14,192030 15,025805 15,917127 16,869941 17,888451 18,977126 20,140720 21,384284
13 13,809328 14,680332 15,617790 16,626838 17,712983 18,882138 20,140643 21,495297 22,953385 24,522712
14 14,947421 15,973938 17,086324 18,291911 19,598632 21,015066 22,550488 24,214920 26,019189 27,974983
15 16,096896 17,293417 18,598914 20,023588 21,578564 23,275970 25,129022 27,152114 29,360916 31,772482
16 17,257864 18,639285 20,156881 21,824531 23,657492 25,672528 27,888054 30,324283 33,003399 35,949730
17 18,430443 20,012071 21,761588 23,697512 25,840366 28,212880 30,840217 33,750226 36,973705 40,544703
18 19,614748 21,412312 23,414435 25,645413 28,132385 30,905653 33,999033 37,450244 41,301338 45,599173
19 20,810895 22,840559 25,116868 27,671229 30,539004 33,759992 37,378965 41,446263 46,018458 51,159090
20 22,019004 24,297370 26,870374 29,778079 33,065954 36,785591 40,995492 45,761964 51,160120 57,274999
21 23,239194 25,783317 28,676486 31,969202 35,719252 39,992727 44,865177 50,422921 56,764530 64,002499
22 24,471586 27,298984 30,536780 34,247970 38,505214 43,392290 49,005739 55,456755 62,873338 71,402749
23 25,716302 28,844963 32,452884 36,617889 41,430475 46,995828 53,436141 60,893296 69,531939 79,543024
24 26,973465 30,421862 34,426470 39,082604 44,501999 50,815577 58,176671 66,764759 76,789813 88,497327
25 28,243200 32,030300 36,459264 41,645908 47,727099 54,864512 63,249038 73,105940 84,700896 98,347059
26 29,525631 33,670906 38,553042 44,311745 51,113454 59,156383 68,676470 79,954415 93,323977 109,181765
27 30,820888 35,344324 40,709634 47,084214 54,669126 63,705766 74,483823 87,350768 102,723135 121,099942
28 32,129097 37,051210 42,930923 49,967583 58,402583 68,528112 80,697691 95,338830 112,968217 134,209936
29 33,450388 38,792235 45,218850 52,966286 62,322712 73,639798 87,346529 103,965936 124,135356 148,630930
30 34,784892 40,568079 47,575416 56,084938 66,438848 79,058186 94,460786 113,283211 136,307539 164,494023
31 36,132740 42,379441 50,002678 59,328335 70,760790 84,801677 102,073041 123,345868 149,575217 181,943425
32 37,494068 44,227030 52,502759 62,701469 75,298829 90,889778 110,218154 134,213537 164,036987 201,137767
33 38,869009 46,111570 55,077841 66,209527 80,063771 97,343165 118,933425 145,950620 179,800315 222,251544
34 40,257699 48,033802 57,730177 69,857909 85,066959 104,183755 128,258765 158,626670 196,982344 245,476699
35 41,660276 49,994478 60,462082 73,652225 90,320307 111,434780 138,236878 172,316804 215,710755 271,024368
36 43,076878 51,994367 63,275944 77,598314 95,836323 119,120867 148,913460 187,102148 236,124723 299,126805
37 44,507647 54,034255 66,174223 81,702246 101,628139 127,268119 160,337402 203,070320 258,375948 330,039486
38 45,952724 56,114940 69,159449 85,970336 107,709546 135,904206 172,561020 220,315945 282,629783 364,043434
39 47,412251 58,237238 72,234233 90,409150 114,095023 145,058458 185,640292 238,941221 309,066463 401,447778
40 48,886373 60,401983 75,401260 95,025516 120,799774 154,761966 199,635112 259,056519 337,882445 442,592556
512 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

TÁBUA BIOMÉTRICA AT-2000M (Básica, Masculina)


adotada na Susep
Boletim IBA ATUAR JAN/1998 – Atualizado em 2/7/2001
Incluindo as funções de Comutação Dx e Nx para a taxa de juro de 3% ao ano

Idade x qx dx lx Dx Nx
0 0,002311 23.110 10.000.000 10.000.000 306.635.618
1 0,000906 9.039 9.976.890 9.686.301 296.635.618
2 0,000504 5.024 9.967.851 9.395.656 286.949.317
3 0,000408 4.065 9.962.827 9.117.398 277.553.661
4 0,000357 3.555 9.958.762 8.848.231 268.436.263
5 0,000324 3.225 9.955.207 8.587.449 259.588.032
6 0,000301 2.996 9.951.982 8.334.628 251.000.583
7 0,000286 2.845 9.948.986 8.089.436 242.665.955
8 0,000328 3.262 9.946.141 7.851.575 234.576.519
9 0,000362 3.599 9.942.878 7.620.388 226.724.944
10 0,00039 3.876 9.939.279 7.395.757 219.104.555
11 0,000413 4.103 9.935.403 7.177.546 211.708.798
12 0,000431 4.280 9.931.299 6.965.614 204.531.252
13 0,000446 4.427 9.927.019 6.759.817 197.565.639
14 0,000458 4.545 9.922.591 6.560.002 190.805.822
15 0,00047 4.661 9.918.047 6.366.017 184.245.820
16 0,000481 4.768 9.913.385 6.177.694 177.879.803
17 0,000495 4.905 9.908.617 5.994.876 171.702.109
18 0,00051 5.051 9.903.712 5.817.387 165.707.233
19 0,000528 5.226 9.898.661 5.645.068 159.889.846
20 0,000549 5.431 9.893.435 5.477.755 154.244.777
21 0,000573 5.666 9.888.003 5.315.289 148.767.022
22 0,000599 5.920 9.882.338 5.157.518 143.451.733
23 0,000627 6.193 9.876.418 5.004.300 138.294.215
24 0,000657 6.485 9.870.226 4.855.497 133.289.916
25 0,000686 6.767 9.863.741 4.710.978 128.434.419
26 0,000714 7.038 9.856.974 4.570.627 123.723.441
27 0,000738 7.269 9.849.936 4.434.334 119.152.814
28 0,000758 7.461 9.842.667 4.302.001 114.718.481
29 0,000774 7.612 9.835.206 4.173.534 110.416.480
30 0,000784 7.705 9.827.594 4.048.839 106.242.945
31 0,000789 7.748 9.819.889 3.927.829 102.194.107
32 0,000789 7.742 9.812.141 3.810.418 98.266.277
33 0,00079 7.745 9.804.399 3.696.516 94.455.860
34 0,000791 7.749 9.796.654 3.586.015 90.759.344
35 0,000792 7.753 9.788.905 3.478.814 87.173.328
Tábuas 513

Idade x qx dx lx Dx Nx
36 0,000794 7.766 9.781.152 3.374.815 83.694.514
37 0,000823 8.043 9.773.386 3.273.917 80.319.700
38 0,000872 8.515 9.765.342 3.175.945 77.045.782
39 0,000945 9.220 9.756.827 3.080.753 73.869.837
40 0,001043 10.167 9.747.607 2.988.196 70.789.085
41 0,001168 11.373 9.737.440 2.898.135 67.800.889
42 0,001322 12.858 9.726.067 2.810.437 64.902.754
43 0,001505 14.618 9.713.209 2.724.972 62.092.318
44 0,001715 16.633 9.698.590 2.641.622 59.367.346
45 0,001948 18.860 9.681.957 2.560.283 56.725.723
46 0,002198 21.239 9.663.097 2.480.870 54.165.440
47 0,002463 23.748 9.641.857 2.403.317 51.684.570
48 0,00274 26.354 9.618.109 2.327.571 49.281.252
49 0,003028 29.044 9.591.756 2.253.586 46.953.681
50 0,00333 31.844 9.562.712 2.181.322 44.700.096
51 0,003647 34.759 9.530.868 2.110.736 42.518.773
52 0,00398 37.795 9.496.109 2.041.785 40.408.037
53 0,004331 40.964 9.458.315 1.974.426 38.366.252
54 0,004698 44.243 9.417.351 1.908.616 36.391.826
55 0,005077 47.587 9.373.108 1.844.320 34.483.210
56 0,005465 50.964 9.325.521 1.781.511 32.638.890
57 0,005861 54.358 9.274.557 1.720.170 30.857.379
58 0,006265 57.765 9.220.199 1.660.280 29.137.209
59 0,006694 61.333 9.162.434 1.601.823 27.476.929
60 0,00717 65.255 9.101.101 1.544.758 25.875.106
61 0,007714 69.703 9.035.846 1.489.012 24.330.348
62 0,008348 74.849 8.966.143 1.434.491 22.841.336
63 0,009093 80.849 8.891.294 1.381.083 21.406.846
64 0,009968 87.823 8.810.445 1.328.665 20.025.763
65 0,010993 95.888 8.722.623 1.277.108 18.697.098
66 0,012188 105.143 8.626.735 1.226.280 17.419.990
67 0,013572 115.655 8.521.592 1.176.052 16.193.710
68 0,01516 127.434 8.405.937 1.126.302 15.017.658
69 0,016946 140.288 8.278.503 1.076.920 13.891.356
70 0,01892 153.975 8.138.216 1.027.835 12.814.436
71 0,021071 168.236 7.984.241 979.018 11.786.601
72 0,023388 182.801 7.816.005 930.475 10.807.583
73 0,025871 197.479 7.633.204 882.246 9.877.108
74 0,028552 212.305 7.435.725 834.389 8.994.862
75 0,031477 227.372 7.223.421 786.957 8.160.473
76 0,034686 242.665 6.996.049 739.986 7.373.516
77 0,038225 258.148 6.753.384 693.514 6.633.529
78 0,042132 273.657 6.495.236 647.577 5.940.016
79 0,046427 288.849 6.221.579 602.226 5.292.439
514 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Idade x qx dx lx Dx Nx
80 0,051128 303.329 5.932.729 557.541 4.690.212
81 0,05625 316.654 5.629.401 513.626 4.132.671
82 0,061809 328.376 5.312.747 470.616 3.619.045
83 0,067826 338.070 4.984.371 428.668 3.148.429
84 0,074322 345.322 4.646.301 387.954 2.719.762
85 0,081326 349.781 4.300.979 348.661 2.331.807
86 0,088863 351.115 3.951.198 310.976 1.983.147
87 0,096958 349.057 3.600.082 275.089 1.672.170
88 0,105631 343.409 3.251.026 241.182 1.397.081
89 0,114858 333.963 2.907.617 209.423 1.155.899
90 0,124612 320.708 2.573.653 179.970 946.476
91 0,134861 303.834 2.252.945 152.955 766.506
92 0,145575 283.742 1.949.111 128.473 613.551
93 0,156727 261.008 1.665.369 106.573 485.078
94 0,16829 236.340 1.404.361 87.253 378.505
95 0,180245 210.530 1.168.021 70.455 291.252
96 0,192565 184.379 957.491 56.074 220.797
97 0,205229 158.665 773.112 43.957 164.723
98 0,218683 134.369 614.447 33.918 120.765
99 0,233371 112.036 480.078 25.729 86.847
100 0,249741 91.915 368.042 19.150 61.118
101 0,268237 74.067 276.126 13.949 41.968
102 0,289305 58.457 202.059 9.910 28.018
103 0,313391 45.004 143.602 6.838 18.108
104 0,34094 33.616 98.599 4.558 11.270
105 0,372398 24.199 64.982 2.917 6.712
106 0,40821 16.648 40.783 1.777 3.795
107 0,448823 10.832 24.135 1.021 2.018
108 0,494681 6.581 13.303 546 997
109 0,546231 3.672 6.722 268 451
110 0,603917 1.842 3.050 118 182
111 0,668186 807 1.208 45 64
112 0,739483 296 401 15 19
113 0,818254 85 104 4 4
114 0,904945 17 19 1 1
115 1 0 0 0 0
Tábuas 515

TÁBUA BIOMÉTRICA AT-2000F (Básica, Feminina)


adotada na Susep
Boletim IBA ATUAR JAN/1998 – Atualizado em 2/7/2001
Incluindo as funções de Comutação Dx e Nx para a taxa de juro de 3% ao ano

Idade x qx dx lx Dx Nx
0 0,001794 17.940 10.000.000 10.000.000 311.870.982
1 0,000755 7.536 9.982.060 9.691.320 301.870.982
2 0,000392 3.910 9.974.524 9.401.945 292.179.661
3 0,00029 2.891 9.970.614 9.124.524 282.777.716
4 0,000232 2.313 9.967.722 8.856.192 273.653.192
5 0,000189 1.883 9.965.410 8.596.250 264.797.000
6 0,000156 1.554 9.963.526 8.344.296 256.200.751
7 0,000131 1.305 9.961.972 8.099.995 247.856.454
8 0,000131 1.305 9.960.667 7.863.042 239.756.460
9 0,000134 1.335 9.959.362 7.633.022 231.893.417
10 0,00014 1.394 9.958.027 7.409.708 224.260.396
11 0,000148 1.474 9.956.633 7.192.884 216.850.688
12 0,000158 1.573 9.955.160 6.982.349 209.657.805
13 0,00017 1.692 9.953.587 6.777.908 202.675.456
14 0,000183 1.821 9.951.895 6.579.375 195.897.548
15 0,000197 1.960 9.950.073 6.386.574 189.318.173
16 0,000212 2.109 9.948.113 6.199.335 182.931.599
17 0,000228 2.268 9.946.004 6.017.496 176.732.264
18 0,000244 2.426 9.943.737 5.840.897 170.714.768
19 0,00026 2.585 9.941.310 5.669.390 164.873.871
20 0,000277 2.753 9.938.726 5.502.831 159.204.480
21 0,000294 2.921 9.935.973 5.341.075 153.701.649
22 0,000312 3.099 9.933.051 5.183.985 148.360.574
23 0,00033 3.277 9.929.952 5.031.425 143.176.589
24 0,000349 3.464 9.926.675 4.883.266 138.145.164
25 0,000367 3.642 9.923.211 4.739.381 133.261.898
26 0,000385 3.819 9.919.569 4.599.652 128.522.517
27 0,000403 3.996 9.915.750 4.463.962 123.922.865
28 0,000419 4.153 9.911.754 4.332.197 119.458.903
29 0,000435 4.310 9.907.601 4.204.254 115.126.706
30 0,00045 4.456 9.903.291 4.080.025 110.922.451
31 0,000463 4.583 9.898.835 3.959.407 106.842.426
32 0,000476 4.710 9.894.252 3.842.304 102.883.020
33 0,000488 4.826 9.889.542 3.728.617 99.040.715
34 0,0005 4.942 9.884.716 3.618.250 95.312.099
35 0,000515 5.088 9.879.773 3.511.107 91.693.849
516 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Idade x qx dx lx Dx Nx
36 0,000534 5.273 9.874.685 3.407.087 88.182.741
37 0,000558 5.507 9.869.412 3.306.085 84.775.655
38 0,00059 5.820 9.863.905 3.208.000 81.469.570
39 0,00063 6.211 9.858.085 3.112.725 78.261.570
40 0,000677 6.670 9.851.875 3.020.160 75.148.845
41 0,000732 7.207 9.845.205 2.930.209 72.128.685
42 0,000796 7.831 9.837.998 2.842.780 69.198.476
43 0,000868 8.533 9.830.167 2.757.784 66.355.696
44 0,00095 9.331 9.821.635 2.675.136 63.597.912
45 0,001043 10.234 9.812.304 2.594.752 60.922.776
46 0,001148 11.253 9.802.070 2.516.549 58.328.023
47 0,001267 12.405 9.790.817 2.440.447 55.811.474
48 0,0014 13.690 9.778.412 2.366.364 53.371.027
49 0,001548 15.116 9.764.723 2.294.224 51.004.663
50 0,00171 16.672 9.749.607 2.223.954 48.710.438
51 0,001888 18.376 9.732.935 2.155.487 46.486.484
52 0,002079 20.197 9.714.559 2.088.755 44.330.997
53 0,002286 22.161 9.694.363 2.023.701 42.242.243
54 0,002507 24.248 9.672.201 1.960.267 40.218.542
55 0,002746 26.493 9.647.953 1.898.400 38.258.275
56 0,003003 28.893 9.621.460 1.838.046 36.359.875
57 0,00328 31.464 9.592.567 1.779.152 34.521.829
58 0,003578 34.210 9.561.103 1.721.666 32.742.677
59 0,003907 37.222 9.526.893 1.665.540 31.021.010
60 0,004277 40.587 9.489.672 1.610.711 29.355.471
61 0,004699 44.401 9.449.084 1.557.109 27.744.759
62 0,005181 48.726 9.404.683 1.504.653 26.187.650
63 0,005732 53.628 9.355.957 1.453.259 24.682.998
64 0,006347 59.042 9.302.329 1.402.844 23.229.738
65 0,007017 64.860 9.243.287 1.353.340 21.826.895
66 0,007734 70.986 9.178.427 1.304.702 20.473.555
67 0,008491 77.331 9.107.441 1.256.905 19.168.853
68 0,009288 83.872 9.030.110 1.209.934 17.911.948
69 0,010163 90.921 8.946.238 1.163.783 16.702.014
70 0,011165 98.870 8.855.318 1.118.403 15.538.231
71 0,012339 108.046 8.756.448 1.073.705 14.419.828
72 0,013734 118.777 8.648.402 1.029.570 13.346.123
73 0,015391 131.279 8.529.625 985.854 12.316.553
74 0,017326 145.510 8.398.346 942.408 11.330.699
75 0,019551 161.351 8.252.836 899.107 10.388.291
76 0,022075 178.620 8.091.485 855.853 9.489.184
77 0,02491 197.109 7.912.865 812.582 8.633.331
78 0,028074 216.612 7.715.756 769.263 7.820.749
79 0,031612 237.063 7.499.143 725.890 7.051.485
Tábuas 517

Idade x qx dx lx Dx Nx
80 0,03558 258.385 7.262.081 682.469 6.325.595
81 0,04003 280.358 7.003.696 639.016 5.643.126
82 0,045017 302.664 6.723.338 595.570 5.004.110
83 0,0506 324.886 6.420.673 552.193 4.408.540
84 0,056865 346.637 6.095.787 508.983 3.856.347
85 0,063907 367.411 5.749.150 466.058 3.347.364
86 0,071815 386.490 5.381.739 423.566 2.881.307
87 0,080682 403.027 4.995.250 381.697 2.457.741
88 0,090557 415.858 4.592.223 340.680 2.076.044
89 0,101307 423.095 4.176.365 300.805 1.735.363
90 0,112759 423.215 3.753.270 262.458 1.434.558
91 0,124733 415.368 3.330.055 226.081 1.172.100
92 0,137054 399.470 2.914.687 192.118 946.019
93 0,149552 376.156 2.515.218 160.958 753.901
94 0,162079 346.697 2.139.062 132.900 592.943
95 0,174492 312.753 1.792.365 108.116 460.043
96 0,186647 276.165 1.479.612 86.651 351.927
97 0,198403 238.767 1.203.446 68.425 265.276
98 0,210337 202.908 964.679 53.252 196.851
99 0,223027 169.896 761.771 40.826 143.599
100 0,237051 140.305 591.876 30.797 102.773
101 0,252985 114.241 451.571 22.812 71.976
102 0,271406 91.553 337.330 16.545 49.164
103 0,292893 71.986 245.777 11.703 32.619
104 0,318023 55.269 173.791 8.034 20.916
105 0,347373 41.171 118.521 5.320 12.881
106 0,38152 29.511 77.350 3.371 7.562
107 0,421042 20.142 47.839 2.024 4.191
108 0,466516 12.921 27.697 1.138 2.167
109 0,51852 7.662 14.776 589 1.029
110 0,577631 4.109 7.114 275 440
111 0,644427 1.936 3.005 113 165
112 0,719484 769 1.068 39 52
113 0,80338 241 300 11 13
114 0,896693 53 59 2 2
115 1 0 0 0 0
Bibliografia

Bodie Z. et al. Finanças. Bookman, 2002.


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Vilanova W. Matemática Atuarial. Pioneira Editora, 1969.
Índice

A-B Taxa requerida, 398


Tipos de projetos, 390
Amortização, veja série uniforme
Avaliação do ganho real, 144
Ano, como definir a duração, 40
Bond, 283
Anuidade contingente, 461
Preço do, 284
Aposentadoria, veja Plano de aposentadoria
Retorno do, 285
Arrendamento mercantil, veja Operação
Utilizando a HP-12C, 285, 286
leasing
YTM, 285
Avaliação atuarial, 473
Avaliação de projetos de investimento, 389
Fluxo de caixa do projeto, 392
Método da taxa interna de retorno, 400 C
Como decidir com a, 402 Cálculos atuariais, 465
Método de payback, 405 Avaliação atuarial, 473
Payback descontado, 406 Cálculo de probabilidades, 467
Como decidir com o, 407 Dotal puro, 473
Payback simples, 407 Expectativa de vida, 504
Como decidir com o, 409 Fator de comutação, 476, 483
Método do valor presente líquido, 395 Renda contingente, 480
Como decidir com o, 396 Renda temporária, 491
Procedimentos de avaliação, 395 Antecipada, 494
Seleção de projetos, restrição de capital, Diferida, 496
408 Postecipada, 492
Seleção de projetos, 411, 414 Renda vitalícia, 481
Independentes, 411, 414 Antecipada, 485
Mutuamente excludentes, 411 Diferida, 488
Restrição de capital, 418
522 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Postecipada, 482 DFC, veja Diagrama de fluxo de capitais


Seguro de sobrevivência, 473 Diagrama de fluxo de capitais, 12, 33
Tábua Biométrica AT-2000F, 515 Capital financeiro, 12, 33
Tábua Biométrica AT-2000M, 512 Dias corridos, 40
Cálculos dos capitais da série, 381 Dias úteis, 128
Cálculos comerciais com margem bruta, 159 Dotal puro, 473
Capitais antecipados, veja série uniforme DU, veja dias úteis
Capitais diferidos, veja série uniforme
Capitais postecipados, veja série uniforme
Capital financeiro, 12 E
Capitalização, 3
Série uniforme, 201 Empréstimo, 13
Capitalização contínua, 174 Ajuste do valor do, 18
Função exponencial, 106 Antecipação do juro, 16
CDB, veja Certificado de Depósito Reciprocidade, 15
Bancário Equação de valor equivalente, 93, 233,
Certificado de Depósito Bancário, 276, 312, 314, 379
Prefixado, 20 Equivalência de dois capitais, 91
Classificação das séries de capitais, 264 Equivalência na série uniforme,
Compra à vista ou com cheque pré-datado, Amortização postecipada, 206
24 Amortização antecipada, 224
Contagem de dias corridos, 40 Capitalização postecipada, 237
Contagem de dias úteis, 128 Capitalização antecipada, 241
Taxa over, 129 Equivalência de taxas efetivas, 78
Taxa Selic, 128 Equivalência taxa diária e taxa efetiva,
Contingente, operação, 457 134
CPMF, veja Contribuição Provisória sobre Equivalência taxa efetiva e taxa de desconto
Movimentações Financeiras 121
Contribuição Provisória sobre Equivalência taxa instantânea e taxa efetiva,
Movimentações 182
Financeiras, 22 Equivalência taxa nominal e taxa efetiva,
Criação de valor, 25 169
Custo de capital, 398 Expectativa de vida, 504
Custo de oportunidade, 2

F-G
D Fator de comutação, 476, 483
DC, veja dias corridos Fluxo de caixa do projeto de investimento,
Debêntures, 283 392
Desindexação de valores monetários, 143 Formação de um fundo, 311
Desconto, 117 Função exponencial, 196
Equivalência com taxa efetiva, 121 Futuro, 4
Taxa de, 118 Ganho da aplicação, 20
Índice 523

Ganho real, 144 Método de payback, 405


taxa real de juro, 144 Payback descontado, 406
Gradiente geométrico, veja série Como decidir com o, 407
exponencial Payback simples, 407
Gradiente linear, veja série gradiente Como decidir com o, 409
Método do valor presente líquido, 395
Como decidir com o, 396
I
Inadimplência, veja Risco de crédito
Indexação, 140, 143
O
Avaliação do ganho real, 144 Operação com séries uniformes, 201
Taxa real de juro, 144 Operação com taxa nominal de juro, 163
de valores monetários, 143 Taxa proporcional de juro, 164
Índices, 141 Operação contingente, 457
Taxa de, 143 Anuidade contingente, 461
Índices de preços, 141 Cálculos atuariais, 465
Cálculo mensal de um índice, 142 Pagamento contingente, 458
Investimento, Tábua biométrica, 466, 507
e Seguro de sobrevivência, 28 Taxa de financiamento, 459
Taxa de retorno, 23 Taxa livre de risco, 459
Operação com capitalização contínua, 174
Equivalência taxa instantânea e efetiva,
J-L 182
Taxa equivalente na, 180
Juro, 3, 4 Taxa instantânea, 174
taxa de, 3, 5 Taxa instantânea variável, 190
Juros compostos, 65 Operação com juros compostos, 65
Prazo fracionário, 84 Equação de valor equivalente, 93
Taxa equivalente, 78 Equivalência de capitais, 78
Taxa variável, 100 Juros simples e juros compostos, 44
Juros simples, 35 Prazo fracionário, 84
taxa de juro proporcional, 36 Procedimentos de cálculo, 72
taxa de juro variável, 55 Tábua financeira, 72
Leasing, veja Operação de leasing Como utilizar,113
Logaritmo, revisão de, 109 Taxa de juro constante, 68, 84
Taxa de juro variável, 100
Taxa equivalente de juro, 78
M Operação com juros simples, 46
Juros simples e juros compostos, 44
Margem bruta sobre o custo, 159 Resolução de problemas, 50
Margem bruta sobre o preço, 159 Taxa constante de juro, 46
Maximização da riqueza, 1, 25 Taxa variável de juro, 55
Método da taxa interna de retorno, 400 Taxa proporcional de juro, 36
Como decidir com o, 402
524 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

Operação financeira com taxa diária, 127 Probabilidades, cálculo atuarial, 467
Equivalência taxa diária e efetiva, 134 Procedimentos de avaliação de projetos,
Operação de leasing, 279 395
Operação com bond, 283 Produtório, veja símbolo produtório
Preço do, 284 Projetos de investimento, 389
Retorno do, 285 Avaliação de, 395
Utilizando a HP-12C, 285, 286 Mutuamente excludentes, 411
YTM, 285 Independentes, 411

P R
Pagamento contingente, 458 Regimes, 44
Payback, métodos de 405 Capitalização contínua, 174
Perfil do VPL, 362, 400 Juros compostos, 65
Perpétua, veja série perpétua Juros simples, 46
Plano de aposentadoria complementar, 315 Regras dos planos de financiamento, 424
Construção de um, 316 Renda contingente temporária, 491
Renda perpétua constante, 321 Antecipada, 494
Com gradiente exponencial, 322 Diferida, 496
Renda temporária constante, 315 Postecipada, 492
Renda temporária variável, Renda contingente vitalícia, 481
Com gradiente exponencial, 319 Antecipada, 486
Com gradiente linear, 318 Diferida, 488
Plano de financiamento, amortização Postecipada, 482
variável, 437 Resolução de problemas, 50
Plano de financiamento, capital variável, Resumo de fórmulas,
Gradiente exponencial, 450 Capítulo 1, 32
Gradiente linear, 445 Capítulo 2, 53
Plano de financiamento com carência, 441 Capítulo 3, 99
Plano de financiamento, taxa constante, 423 Capítulo 4, 156
Regras, 424 Capítulo 5, 187
Sistema Americano, 432 Capítulo 6, 261
Sistema de amortização constante, 429 Capítulo 7, 324
Fórmulas do, 455 Capítulo 10, 454
Sistema de prestação constante, 425 Capítulo 11, 500
Fórmulas do, 454 Risco,
Sistema de prestação variável, Taxa de financiamento, 27,
Gradiente exponencial, 450 Taxa livre de risco, 27,
Gradiente linear, 445 Risco de crédito, 26, 457
Plano de financiamento, taxa variável, 435 Inadimplência histórica, 458
Prazo fracionário, juros compostos, 84 Incluindo o risco na taxa efetiva, 459
Presente, 3 Taxa de financiamento, 459
Principal, 3 Taxa livre de risco, 459
Índice 525

S veja Renda contingente temporária


Série uniforme, 201
SAC, 429 Amortização capitais postecipados, 206
Saldo devedor de uma série de capitais, 371 Adiando o início, carência, 221
Seguro de sobrevivência, 28, 473 Ajuste das disponibilidades, 214
Série de capital variável, 340 Financiamento com entrada, 218
Cálculos dos capitais da, 381 Procedimentos de cálculo, 228
Equação de valor equivalente, 374 Amortização com capitais antecipados,
Equivalência da, 343 224
Saldo devedor, 371 Procedimentos de cálculo, 227
Taxa interna de retorno, 362 Análise do número de capitais, 298
Valor equivalente da, 350 Capitalização com capitais
Revisão do, 377 postecipados, 237
Valor presente líquido, 357 Procedimentos de cálculo, 240
Série de capitais, Outra forma de obter a equivalência,
Classificação das séries, 264 241
Equação de valor equivalente, 374 Capitalização com capitais
Série de capital variável, 340 antecipados, 241
Série gradiente exponencial, 293 Procedimentos de cálculo, 243
Série gradiente linear, 289 Classificação das séries, 205, 264
Série perpétua, 302 Com capitais diferidos, 221
Série uniforme, 201 Equação de valor equivalente, 233
Incluindo capitais únicos, 274 Exemplos, 253
Taxa interna de retorno, 362 Formação de um fundo, 311
Temas com, 273 Incluindo capitais únicos, 273
Valor equivalente numa data qualquer, Plano de aposentadoria, 315
350 Tipos de, 205
Valor presente líquido, 357 Série uniforme incluindo capitais
Série gradiente exponencial, 293, 332, 450 únicos, 273
Equivalência da, 294 Equação de valor equivalente, 276
Plano de aposentadoria complementar, Operação com bond, 283
319 Operação de leasing, 279
Série gradiente linear, 289, 328, 445 Série vitalícia,
Equivalência da, 291 veja Renda contingente vitalícia
Plano de aposentadoria complementar, Símbolo produtório, 115
318 Símbolo somatório, 63
Série perpétua, 302 Sistema Americano, plano de
Com gradiente exponencial, 308 financiamento, 432
Equivalência da, 335 Sistema amortização constante,
uniforme, 302 plano de financiamento, 429
com capitais antecipados, 303 Sistema prestação constante,
com capitais postecipados, 303 plano de financiamento, 425
Equivalência da, 335 Somatório, veja Símbolo somatório
Série temporária, SPC, 425
526 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Juan Carlos Lapponi

T Taxa nominal e taxa efetiva de juro, 12


Taxa over, 129
Tabela Price, 425 Taxa proporcional de juro, 36
Tábua biométrica Operação com, 163
AT-2000F, 515 Taxa real de juro, 144
AT-2000M, 512 Índices e indexação, 141
Tábua financeira, 113 Equivalência da, 145
F/P, 509 Taxa acumulada, 153
P/A, 510 Taxa de indexação, 144
F/A, 511 Taxas com períodos diferentes, 150
Taxa bruta de juro, 19 Taxa requerida, 398
Taxa de desconto, 118 Taxa Selic, 128
Equivalência com a taxa efetiva, 121 Taxa total de juro,
Fator de desconto, 123 Juros compostos, 103
Taxa de financiamento, 459 Juros simples, 59
Taxa de juro, 3, 5 Taxa variável de juro,
percentual, 5 Capitalização contínua, 190
relação com os valores monetários, 7 Modelo geral, 193
unitária, 3 Taxa total, 191
Taxa de indexação, 143 Juros simples, 55
Taxa de retorno de um investimento, 23 Ligando conceitos, 61
Taxa diária de juro, 127 Modelo geral, 60
Capitalizada em dias úteis, 128 Taxa total, 59
Taxa over, 129 Juros compostos, 100
Taxa efetiva de juro, 12 Ligando conceitos, 107
Equivalência de, 78 Modelo geral, 106
Taxa equivalente de juro, 78 Taxa total, 103
Expressão geral da, 80 Tov, veja taxa over
Taxa instantânea de juro, 174 TIR, veja taxa interna de retorno
Taxa instantânea equivalente, 180
Taxa interna de retorno, 362, 401
Cálculo da taxa efetiva, 270
Método da taxa interna de retorno, 400
V
Como decidir com o, 402 Valor do dinheiro no tempo, 11
Procedimento de cálculo, 364 Valor equivalente, equação de, 93
Taxa líquida de juro, 19 Valor presente líquido, 357, 395
Taxa livre de risco, 27, 459 Método do valor presente líquido, 395
Taxa nominal de juro, 12, 163 Perfil do VPL, 396
Operação com, 165 VPL, veja Valor presente líquido

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