Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
MATEMática financeira e
análise de investimentos
MATEMÁTICA FINANCEIRA E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
Alessandro Ferreira Alves
2020
CASA NOSSA SENHORA DA PAZ – AÇÃO SOCIAL FRANCISCANA, PROVÍNCIA
FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL –
ORDEM DOS FRADES MENORES
PRESIDENTE
Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM
DIRETOR GERAL
Jorge Apóstolos Siarcos
REITOR
Frei Gilberto Gonçalves Garcia, OFM
VICE-REITOR
Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM
PRÓ-REITOR DE ADMINISTRAÇÃO E PLANEJAMENTO
Adriel de Moura Cabral
PRÓ-REITOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO
Dilnei Giseli Lorenzi
COORDENADOR DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD
Renato Adriano Pezenti
REVISÃO ORTOGRÁFICA
Bárbara de Oliveira Araujo
DESIGNER INSTRUCIONAL
Tatiana Russo
Patricia Sponhardi
PROJETO GRÁFICO
Impulsa Comunicação
DIAGRAMADORES
João Garcia
Ariane Soares
Maria Carolina de Andrade Miranda
CAPA
Daniel Landucci
Para refletir
Espaço para questionamento sobre o assunto. Situação
hipotética para reflexão e compreensão sobre o tema estudado.
Exemplo
Momento para se apresentar uma situação real do assunto
trabalhado.
Pesquise
Apresentação de fontes para que o aluno explore mais
o conteúdo abordado. Serão apresentados: livros, sites,
reportagens, dissertações, vídeos, revistas, etc.
Glossário
Termos e siglas específicas sobre o tema tratado na unidade.
Leis
Lei ou artigo de extrema importância para o aprofundamento
do aluno.
Leitura fundamental
Livros e textos imprescindíveis para o desenvolvimento da
aprendizagem do aluno.
Sugestão de leitura
Apresentação de leituras interessantes para o aluno,
relacionadas ao tema.
Relembre
Pontos fundamentais que guiarão o aluno. São nortes que
o ajudarão a interpretar o texto.
Curiosidades
Fato, acontecimento histórico ou ponto curioso relacionado
ao tema abordado.
Saiba mais
Livros e textos imprescindíveis para o desenvolvimento
da aprendizagem do aluno.
Matemática Financeira: regimes de capitalização e taxas de juros
UNIDADE 1
1
Dessa forma, segundo Castelo Branco (2015, p. 5), em um primeiro instante, podemos
encarar a Matemática Financeira como sendo a parte da Matemática Aplicada, que
analisa as situações financeiras, ao longo da escala de tempo, ou seja, a Matemática
Financeira estuda a evolução do dinheiro, ao longo do tempo.
Fonte: 123rf
pendem diretamente das conceituações e
métodos da Matemática Financeira. Alguns
exemplos são: quando financiamos um au-
tomóvel ou uma casa própria e desejamos
saber quanto pagaríamos, mensalmente,
pelas prestações desses financiamentos;
quando necessitamos saber qual o melhor
tipo de investimento (caderneta de poupan-
ça ou outro); quando desejamos computar qual o custo efetivo do nosso cartão de
crédito; ou, ainda, quando necessitamos interpretar os indicadores com relação à
rentabilidade e ao risco de investimentos. Em todas essas situações, usamos dire-
tamente e indiretamente os princípios da Matemática Financeira. Essencialmente
falando, ela se encontra presente no nosso dia a dia.
Deve ficar evidente que, para o pleno conhecimento e entendimento das operações
financeiras, precisamos utilizar ferramentas simples e de procedimentos mais sofistica-
dos. A título de ilustração, para as operações financeiras, que são mensuradas ao longo
do tempo, é necessário conhecermos uma das ferramentas primordiais da Matemática
Financeira: o Diagrama de Fluxo de Caixa (DFC). O DFC é uma espécie de represen-
tação dinâmica e simples envolvendo as movimentações financeiras, no decorrer da
escala de tempo da operação.
8
Figura 01.
Segundo Feijó (2015, p. 7), a representação de uma situação-problema 1
relacionando o valor inicial, o período de tempo e a taxa de juros é rotineiramente
denominada de fluxo de caixa.
Figura 01.
Conforme Almeida (2016), a Matemática Financeira é um ramo da Matemática
Aplicada que fundamentalmente interpreta o valor do dinheiro no horizonte do tempo.
Ela apresenta como alicerce básico as interpretações e comparações dos vários
fluxos de entrada e saída de dinheiro evidenciados em vários tempos ou períodos.
Será que, tendo tal quantia em mãos, seria possível você comprar algo agora? Isso
continuaria tendo o mesmo valor monetário no início do próximo ano? Ou sofreria modi-
ficações relevantes?
De outro modo, devemos salientar que temos alguns fatores influenciam, de forma direta,
a preferência pelo dinheiro no momento atual (data de hoje). Dentre eles, listamos:
1
Risco:
É notório que sempre teremos a possibilidade de as coisas fugirem do nosso al-
cance, ou seja, de não ocorrerem conforme esperamos (contas anormais, por
exemplo, podem surgir).
Utilidade:
Quando investimos um determinado valor em dinheiro, isso pode ser interpretado
como se estivéssemos deixando de comprar (consumir) agora para comprarmos no
futuro, que manifestamente só será atraente se tivermos algum tipo de compensação.
Oportunidade:
Independentemente do contexto, é sabido que os recursos financeiros estão cada
vez mais escassos ou limitados e, logo, a posse atual deles, na data de hoje, faz
com que, de alguma forma, aproveitemos as várias oportunidades de mercado
que podem aparecer (promoções diversas, liquidações etc.).
Figura 01.
O tempo é uma variável importantíssima para a Matemática Financeira, já que,
como comentamos anteriormente, o dinheiro tem custo associado diretamente ao
horizonte do tempo.
Segundo Assaf Neto (2017, p. 9), o valor do dinheiro no tempo está intimamente ligado à inter-
pretação de que seu valor varia com o passar do tempo, quer evidenciado por investimentos,
empréstimos, financiamentos etc. Assim, surge a ideia básica do termo juros, que é a remu-
neração que pagamos pelo aluguel de determinada quantia de dinheiro em um dado período.
Segundo Ferreira (2014, p. 16), liquidez significa a capacidade que uma aplicação
financeira tem de se transformar em dinheiro. Dessa forma, quanto mais rápido o
resgate da aplicação ocorrer, maior será a liquidez.
Exemplo 2: você prefere receber R$ 1.000,00 hoje ou daqui a trinta dias? Se a sua
resposta foi hoje é porque, para o leitor, mil reais hoje tem um valor maior do que daqui
a trinta dias. Você já se perguntou o porquê disso?
10
Certamente, uma das razões é o que se convencionou chamar na Matemática Financeira 1
de preferência pela liquidez. E qual é a razão de darmos preferência pela liquidez? É
pela insegurança gerada, quando pensamos na possibilidade de, ao final dos trinta dias,
não contarmos mais com o dinheiro, ou ainda, de não contarmos com o mesmo poder
aquisitivo que o dinheiro pode nos proporcionar hoje.
Exemplo 3: Considere agora que um amigo está passando por um período financeiro
difícil e que você, em função de sua cautela, conseguiu juntar uma pequena reserva, ao
longo dos anos de trabalho. Você, portanto, tem condições de ajudar o seu amigo, em-
prestando-lhe uma parte de sua reserva financeira.
Suponha que retire parte dessa reserva, que deve estar aplicada em algumas das di-
versas alternativas de investimento, a quantia de R$ 5.000,00. Então, disponibiliza o
valor para o seu amigo enfrentar as dificuldades dele, que, como você espera, devem
ser momentâneas. Você disponibilizaria esse dinheiro para receber ao final de um ano
os mesmos R$ 5.000,00? Se a sua resposta foi sim, provavelmente, você preza muito
o valor da amizade. Entretanto, prudência é sempre necessária. Na primeira reflexão,
você considerou que preferiria receber mil reais hoje, ao invés de daqui a 30 dias, não
é isso? Então, deve empregar esse raciocínio quando o assunto for empréstimo, pois
você estará se privando do uso do capital que emprestará ao seu amigo. Imaginamos
que não queira explorar o seu amigo, mas também não deve descuidar do capital que
conseguiu obter com muito esforço.
Um cuidado que nos remete à definição apresentada inicialmente e que é uma das mais
importantes na Matemática Financeira: o conceito de juro. De acordo com Oliveira (2013,
p. 12), “[j]uro é a remuneração do capital empregado ou emprestado, podendo ser enten-
dido de uma forma simplificada, como o aluguel pago pela utilização do capital”.
No mercado financeiro, temos uma série de outros termos empregados, que estudaremos
ao longo de nossas unidades. Neste momento, chamamos a atenção para duas termino-
logias que comparecem muito em nosso cotidiano. São elas: inflação e deflação.
Figura 01.
Segundo Pompeo (2014, p. 34), inflação pode ser interpretada como a perda
do valor de compra de nossa moeda, ou seja, a perda do poder de compra
da nossa moeda.
Além disso, deflação denota a redução dos preços no contexto geral, ou seja,
representa nas entrelinhas o que acontece de forma contrária com a inflação.
Para exemplificar, imagine que você vá ao supermercado, este mês, com R$ 500,00 e
que compre X itens. Se retornar no mês seguinte com esses R$ 500,00 e só consegue
adquirir um número menor do que os X itens é porque tivemos a presença da inflação.
Contrariamente, teríamos a deflação.
Jamais podemos nos esquecer desses dois princípios básicos, caso contrário, comete-
remos erros primários de interpretação e averiguação de cálculos financeiros. Especi-
ficamente falando, se trabalharmos com dada operação financeira e o período estiver
denotado em meses, devemos utilizar para os outros parâmetros, como para a taxa, a
unidade de tempo mês (taxa mensal de juros) e assim por diante.
De outra forma, segundo Puccini (2017, p. 21), é interessante observarmos que, inde-
pendentemente de como os juros (valor pago pelo aluguel do dinheiro em dado período)
são computados ou mensurados, temos que tais procedimentos são descritos com base
em alguns elementos fundamentais, rotineiramente, conhecidos como células funda-
mentais da Matemática Financeira. São elas:
Taxa de Juros:
Termo de origem inglesa (oriundo de interest rate – taxa de juros). Geralmente,
está diretamente associado a sua maneira de existência, ou seja, pode ser men-
sal, semestral, anual, trimestral, bimestral, diário etc. Além disso, é interessante
afirmarmos que, se expressarmos a taxa como “2% ao mês”, por exemplo, ela
12
1
estará na forma percentual, enquanto a expressão na forma “0,02 ao mês” re-
presenta a taxa na sua forma unitária. Utilizaremos a representação i.
Figura 01.
Para a descrição das operações algébricas no âmbito da Matemática
Financeira, utilizaremos a taxa na sua forma unitária, enquanto a
implementação numérica em alguns mecanismos específicos pode demandá-
la na forma percentual.
Juros:
Caracteriza o valor do que arcamos pelo aluguel do dinheiro no horizonte de
tempo de dada operação financeira. Em outras palavras, pode ser evidenciado
como a compensação que pagamos a um indivíduo ou instituição financeira que
ceda, de forma temporária, uma quantia de dinheiro. Para os juros, utilizaremos
a notação J.
Exemplo 4: sua herdeira quer uma boneca que custa R$ 100,00 à vista, mas que tam-
bém pode ser adquirida em duas prestações mensais (entrada no ato) no valor de R$
60,00. Se deixar de comprar à vista, você pagaria um valor muito maior? Qual seria a
taxa de juros nessa situação?
Solução: inicialmente, notemos que se trata de uma operação, até certo ponto, simples
e bastante frequente no dia a dia de quem tem filhos. Assim, poderíamos pensar, de
modo irracional e impulsivo, que se pagou R$ 120,00 (duas parcelas de R$ 60,00) para
a boneca financiada no valor de R$ 100,00, com uma taxa de juros de 20%. Todavia,
1
apesar de aparentemente óbvio, o raciocínio não está coerente. Ao comprar e pagar a
boneca no valor de R$ 100,00 e considerando que já tenha realizado o pagamento de
R$ 60,00 (no ato), você financiou apenas a quantia de R$ 40,00, acordando com o pa-
gamento no valor de R$ 60,00 após 30 dias (ou após 1 mês). Portanto, a taxa de juros
incidente sobre a operação de compra da boneca será dada por:
R$ 100,00
R$ 40,00
0 1
0 1 Fluxo de caixa
líquido da operação
R$ 60,00
R$ 60,00 R$ 60,00
A escala horizontal nos mostra o tempo, que pode ser visualizado em meses,
anos, semestres, bimestres, dias etc.
14
Figura 03. Convenções básicas do DFC.
1
DFC
Entradas (setas
apontadas para cima)
Saídas de dinheiro =
pagamentos
Saídas (seta apontada
para baixo)
Para sermos um pouco mais precisos ao falar em linhas gráficas, vejamos os dois tra-
tamentos específicos que envolvem os diagramas de fluxo de caixa a seguir. Deve ficar
evidenciado que, na abordagem a seguir, temos o DFC para operações de empréstimo
e aplicação na visão da pessoa que toma determinada quantia emprestada e na visão
da pessoa que aplica dada quantia. Vejamos a Figura 04, a seguir.
FV = PV + J
(valor presente + juros)
PV (valor de empréstimo)
período de capitlização
0 n
período de capitlização
0 n
FV = PV + J
(valor presente + juros) PV (valor aplicado)
Figura 05. Diagrama de Fluxo do empréstimo no valor de R$ 500,00 realizado por Gustavo.
1
R$ 500,00 (PV)
n = 6 meses
0
- R$ 540,00 (PV)
Solução: nesse caso, primeiramente, vamos mostrar a descrição geométrica (DFC bru-
to) relacionada ao investimento estudado pela empresa AFA Consultoria, como segue.
Para tal, vejamos a Figura 06.
Figura 06. Diagrama de Fluxo de Caixa bruto do estudo da AFA Consultoria.
R$200.000,00
R$200.000,00
R$200.000,00
R$200.000,00
R$200.000,00
0 1 2 3 4 5 n
- R$80.000,00
- R$80.000,00
- R$80.000,00
- R$80.000,00
- R$80.000,00
- R$300.000,00
16
Com base na representação anterior (Fig. 07), nesse momento, podemos realizar o 1
contrabalanceamento das entradas e saídas de caixa, obtendo assim o diagrama de
fluxo de caixa líquido de tal operação, como pode se observar na Figura 07.
Figura 07. Diagrama de Fluxo de Caixa líquido do estudo da AFA Consultoria.
R$120.000,00
R$120.000,00
R$120.000,00
R$120.000,00
R$120.000,00
0 1 2 3 4 5 n
- R$300.000,00
Figura 01.
Denominamos de Regime de Capitalização o esquema pelo qual computamos
o juro associado a uma quantia quando aplicada ou tomada emprestada,
durante certo período de tempo.
De acordo com Assaf Neto (2017, p. 18), podemos evidenciar as características funda-
mentais dos dois regimes de capitalização das seguintes formas:
Conforme Assaf Neto (2007, p. 21), os juros simples apresentam aplicações bem restritas
(ou peculiares) e limitadas, visualizadas essencialmente nas operações financeiras do curto
prazo. Isso nos mostra que os juros simples são, frequentemente, empregados nas situa-
ções da gestão financeira que apresentam prazos reduzidos, sendo que não costumam
apurar o seu percentual de custo (ou rentabilidade) por esse regime, como acontece, por
exemplo, com o cheque especial, a caderneta de poupança e o cartão de crédito.
Figura 01.
Segundo Castelo Branco (2015, p. 23), nas taxas praticadas no mercado
financeiro, temos algumas taxas referenciadas no regime linear, como
o que acontece com a taxa proporcional, todavia a caracterização dos
montantes envolvendo custos efetivos e rentabilidades efetivas, levamos
em consideração o comportamento exponencial. Assim, quando falamos
especificamente que a caderneta de poupança recompensa anualmente a
uma taxa de juros de 6% ao ano para seus investidores, creditando todo mês
o rendimento proporcional de 0,5% (6% / 12 = 0,5% a.m.), usamos a ideia da
taxa proporcional ao período de capitalização (mês a mês), entretanto, para
o cômputo da rentabilidade efetiva, temos de utilizar o regime composto de
juros. Aqui temos que a taxa referenciada para essa operação é linear, mas
os rendimentos são caracterizados com base no regime exponencial de juros,
ocorrendo ao longo dos meses, juros sobre juros.
18
De outro modo, quando tratamos sobre a aplicabilidade dos juros compostos, temos 1
que ele é utilizado em larga escala no mercado financeiro, sendo que as operações se
baseiam efetivamente no regime composto de juros. Dentre elas, citamos: cartão de
crédito, financiamentos de carros, crédito imobiliário, cheque especial etc. Aqui, temos
os cálculos sendo caracterizados de forma exponencial.
Capitalização Contínua:
Para esse tipo de capitalização, o processamento se dá em intervalos de tempo
muito reduzidos, fundamentalmente, entendidos por intervalos infinitesimais, ou
seja, apresentam grande continuidade de capitalização.
Capitalização Descontínua:
Aqui temos a capitalização sendo alicerçada em períodos de tempo discretos,
isto é, para essa tipologia de capitalização os juros são formados apenas ao final
de cada período de tempo. Este é o tipo que visualizamos nas operações usuais
do mercado financeiro, tais como caderneta de poupança, cartão de crédito, che-
que especial etc.
1 Você conseguiria imaginar o gasto que um filho poderia trazer aos seus pais ao
final dos seus primeiros 24 anos de estudo? Em verdade, se tomarmos como
referência um gasto médio mensal no valor de R$ 2.000, temos que, com base
nas conceituações e métodos da Matemática Financeira, nos primeiros 24 anos
de vida um filho dá um gasto de aproximadamente R$ 1.200.128,00.
Fonte: www.hp.com
Segundo Hoji (2016, p. 23), a HP 12C é um dos principais instrumentos financeiros dis-
ponibilizados no mercado. Criada na década de 80, mais precisamente no ano de 1981,
é considerada uma das calculadoras mais antigas e está entre os elementos da família
HP originada naquela década.
Figura 09. A família HP12C criada nos anos 1980.
HP 12C
HP 11C
HP 15C
HP 16C
HP 10C
20
Além disso, é relevante salientarmos de início que suas características essenciais le- 1
vam em consideração o fato de ter mais de 120 funções específicas para a gestão de
negócios, que também nos permite trabalhar, simultaneamente, com 20 Diagramas de
Fluxo de Caixa. É interessante também comentarmos que, atualmente, temos simu-
ladores gratuitos da HP 12C para computadores, bem como diversos aplicativos para
smartphones e tablets.
Além disso, pontuamos que a HP 12C tem quatro memórias (X, Y, Z e T), chamadas de
memórias principais, que funcionam como uma espécie de tambor rotativo. Dessa manei-
ra, a memória X é aquela cujo conteúdo está aparecendo no visor. Todas as operações
aritméticas são efetuadas tendo como referência os conteúdos das memórias X e Y.
Memória X Memória Y
Memórias:
tambor rotativo
Memória T Memória Z
A tecla <ON> serve para ligarmos ou desligarmos a HP 12C, enquanto a função <CHS>
troca o sinal do número que aparece no visor (importante para a questão envolvendo
entrada e saída de caixa por meio do diagrama de fluxo de caixa identificado). Ilustran-
do, se tivermos o interesse de trocar o sinal do número 76, procedemos do seguinte
modo:
Tipos de Funções
22
De outro modo, a função <STO> serve para armazenarmos e operarmos com as 1
20 memórias fixas existentes na calculadora HP 12C, denominadas de memórias
secundárias. Tais memórias podem ser indexadas pelos dígitos de 0 a 9 ou fr .0
a .9. Além disso, a função <RCL> serve para chamarmos os valores das 20
memórias (0 a 9 ou .0 a .9) para o visor.
98 <STO> 5
459 <STO> .2
Com tal função Com ela limpamos Aqui temos a função Com essa função Limpamos os pro-
limpamos o visor o conteúdo inserido que limpa por podemos cancelar o gramas que foram
(memória X da nas memórias completo os conte- prefixo amarelo <f> criados e armazena-
HP 12C). Deve financeiras, isto é, údos da memória ou o prefixo dos na HP 12C.
ficar evidente que ela coloca zeros principal, secundária azul <g>.
essa função limpa para as teclas <n>, e financeira. Ou
somente o conteúdo <i>, <PV>, <PMT> seja, com tal função
do visor e e <FV>. Ressalta- limpamos todos os
nada mais. mos que tal função registros armazena-
limpa apenas a linha dos na HP 12C.
financeira da
HP 12C.
Não podemos nos esquecer de que, assim como acontece nas calculadoras científicas
tradicionais, as teclas <+>, <– >, <x> e <÷> servem para efetuarmos as operações arit-
méticas matemáticas.
a. 12 + 49 + 5,8.
b. 37 – 12
c. 5,7 x 2,5
d. 58,2 2,6
e. 10 + (6 x 4) – 13
f. (10 + 7) x (15 – 8)
24
1
Aparece no visor o resultado final igual a 21.
Figura 01.
Para trocarmos o ponto pela vírgula na HP 12C, seguimos os passos:
- Desligue a calculadora.
- Com a calculadora desligada, pressione ao mesmo tempo as teclas ON e “.”
- Solte a tecla ON e logo após a tecla “.”
O QUE APARECE
FUNÇÕES DESCRIÇÃO DA FUNÇÃO
NO VISOR?
Limpamos todos os registros
<f> <REG> 0,00
da calculadora
1 O QUE APARECE
FUNÇÕES DESCRIÇÃO DA FUNÇÃO
NO VISOR?
5 <ENTER> 4 <+> 3 - -
Exemplo 10: vamos computar os resultados, por intermédio da HP 12C, dos números:
1 1/2 -1 / 6 7
, (1,35) ; (1,22) e .
4 56
Solução: nesse caso, temos a seguinte disposição de passos na HP 12C.
Tabela 02. Exemplo 13.
O QUE APARECE
FUNÇÕES DESCRIÇÃO DA FUNÇÃO
NO VISOR?
<f> <REG> 0,00 Limpamos todos os registros da calculadora
1.35 <ENTER> 2
1,16 (1,35)1/2 em fração decimal
<1/x> <y >
1.22 <ENTER> - -
7 <ENTER> 56 <1/ 7
0,13 — em fração decimal
x> <x> 3 56
Fonte: elaborado pelo autor.
Exemplo 11: Alessandro é um típico brasileiro que sempre solicita algum tipo de des-
conto ou abatimento em algumas de suas compras. Assim, ao final do mês passado, ele
fez algumas pesquisas para a aquisição de um novo automóvel, sendo que, dentre as
várias ofertas que obteve, uma lhe atraiu mais atenção para com um abatimento. Espe-
cificamente, um automóvel que custaria R$47.590,00 a prazo estava com um desconto
26
de 18% se fosse pago à vista. Se Alessandro optou por tal oferta, quanto custou o carro 1
à vista para ele?
Exemplo 12: um eletrodoméstico adquirido pelo valor de R$ 980,00 foi vendido com
um lucro na ordem de 23% sobre o preço de compra. Qual o valor pelo qual o eletrodo-
méstico foi vendido?
Solução: nesse caso, temos a seguinte disposição de passos para a resolução do problema.
Tabela 04. Exemplo 15.
Solução: nesse caso, temos a seguinte disposição de passos para a resolução do problema.
Tabela 05. Exemplo 16.
Exemplo 14: Ricardo contraiu uma dívida que deve ser liquidada em quatro prestações
1
mensais. Dessa forma, considerando essa operação, caracterizaremos o valor da soma
das prestações R$ 1.550,00, R$ 3.450,00, R$ 4.720,00 e R$ 5.200,00 e a participação
percentual de cada uma delas no total das prestações. Cada um desses valores repre-
senta uma prestação de Ricardo na referida dívida contraída.
O QUE APARECE
FUNÇÕES DESCRIÇÃO DA FUNÇÃO
NO VISOR?
<f> <REG> 0,00 Limpamos todos os registros da calculadora
Observe que, com tal procedimento, podemos, nas entrelinhas de diversas operações
do mercado, computar quanto em linhas percentuais uma determinada quantia repre-
senta em um todo, assim sendo em algumas situações práticas, seja a nível pessoal ou
empresarial, nos deparamos com situações desse tipo.
28
Tabela 07. Exemplo 18.
1
FUNÇÕES O QUE APARECE NO VISOR? DESCRIÇÃO DA FUNÇÃO
Limpamos todos os registros
<f> <REG> 0,00
da calculadora
Aqui, podemos observar que esse procedimento nos dá uma maneira de computarmos
os aumentos de preços ou até mesmo a redução de preços para que possamos deter-
minar facilmente índices relacionados à inflação e à deflação.
CONCLUSÃO
Vimos que a Matemática Financeira é um ramo da Matemática Aplicada que se preo-
cupa com a evolução do dinheiro ao longo do tempo, surgindo, assim, como uma im-
portante ferramenta de gestão para a maximização de resultados, sejam eles em nível
pessoal ou empresarial, no âmbito financeiro. Logo, a partir do estudo realizado nesta
unidade, temos que:
REFERÊNCIAS
1. ALMEIDA, Jarbas Thaunahy Santos de. Matemática fi- 4. CAMARGOS, Marcos Antônio de. Matemática financei-
nanceira. Rio de Janeiro: LTC, 2016. ra: aplicada a produtos financeiros e à análise de investi-
2. ASSAF NETO, Alexandre. Matemática financeira: edição mentos. São Paulo: Saraiva, 2013. [Minha Biblioteca].
universitária. São Paulo: Atlas, 2017. 5. CASTELO BRANCO, Anísio Costa. Matemática financei-
3. HOJI, Masakazu. Matemática financeira: didática, objeti- ra aplicada: método algébrico, HP-12C, Microsoft Excel®. 4.
va e prática. São Paulo: Atlas, 2016. [Minha Biblioteca]. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2015.
6. FEIJÓ, Ricardo Luís Chaves. Matemática financeira com descomplicada: para os cursos de economia, administração
1 conceitos econômicos e cálculo diferencial: utilização da HP- e contabilidade. São Paulo: Atlas, 2013.
-12C e planilha Excel. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015. 9. POMPEO, José Nicolau; HAZZAN, Samuel. Matemática
7. FERREIRA, Roberto G. Matemática financeira aplicada: financeira. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
mercado de capitais, administração financeira, finanças pes- 10. PUCCINI, Abelardo de Lima. Matemática financeira: ob-
soais. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2014. jetiva e aplicada. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
8. OLIVEIRA, Gustavo Faria de. Matemática financeira
30
1
UNIDADE 2
2
VALOR PRESENTE E VALOR FUTURO
(OPERAÇÕES DE DESCONTO), JUROS
SIMPLES E JUROS COMPOSTOS
Deve ficar evidenciado que, se temos uma taxa fixa e o aluguel do dinheiro é computado
tendo como referência o valor inicial, estamos diante do regime linear de juros.
Vejamos na sequência a descrição de modo intuitivo das principais expressões que envol-
vem o regime de juros simples e que serão o alicerce para a resolução de problemas diver-
sos via metodologia algébrica. Para tal, vamos considerar um exemplo inicial, como segue.
Exemplo 1: suponhamos que Carlos Henrique, com problemas de caixa nesse mês,
procure um banco privado a fim de efetuar um empréstimo no valor de R$ 2.000,00, e
que serão pagos 5% ao mês de aluguel por essa quantia. Dessa maneira, como pode-
mos caracterizar os valores relacionados dessa operação?
Para computarmos os valores dos juros que deverão ser pagos por Carlos Henrique ao
final do primeiro mês (primeiro período), inicialmente interpretamos que a taxa de juros
é igual a 5% e o valor presente, igual a R$ 2.000,00. Logo, basta calcularmos 5% de R$
2.000,00, ou seja:
Juros pagos por Carlos Henrique ao final do primeiro mês: (5%) x (R$ 2.000,00) x
(1) = (0,05) x (R$ 2.000,00) x (1) = R$ 100,00.
32
Lembremos que a transformação de 5% em 0,05 leva em consideração que o
símbolo % representa a fração com denominador igual a 100. Assim, quando ti-
2
vermos a % após o número, ressaltamos que ele equivale à fração .
De outro modo, no final do segundo mês, Carlos Henrique terá de pagar os juros dados
por % de R$ 2.000,00 multiplicado agora por 2 (por conta do segundo período), ou seja:
Juros pagos por Carlos Henrique ao final do segundo mês: (5%) x (R$ 2.000,00) x
(2) = (0,05) x (R$ 2.000,00) x (2) = R$ 200,00.
Seguindo esse raciocínio para o final do terceiro período ou terceiro mês, teremos:
Juros pagos por Carlos Henrique ao final do terceiro mês: (5%) x (R$ 2.000,00) x
(3) = (0,05) x (R$ 2.000,00) x (3) = R$ 300,00.
Juros pagos por Carlos Henrique ao final do enésimo mês: (5%) x (R$ 2.000,00) x
(n) = (0,05) x (R$ 2.000,00) x (n).
Figura 01.
Não podemos nos esquecer de trabalhar com os parâmetros n e i descritos na
mesma unidade (mês, ano, trimestre, etc.).
J = PV x i x n
Onde:
n = prazo.
Vejamos mais alguns exemplos que ilustram a aplicação das expressões anteriores
vinculadas aos juros simples.
2
Exemplo 2: (adaptado de Assaf Neto [2017, p. 24]) – Alessandro realiza uma aplicação em
uma instituição financeira na ordem de R$ 30.000,00, durante o período de cinco meses a
uma taxa linear de juros de 3,5% ao mês. Quanto Alessandro obteve de rendimento?
J = PV x i x n
J = 30.000 x 0,035 x 5
J = 5.250,00
Ou seja, Alessandro terá uma remuneração ou juro igual a R$ 5.250,00 com base em
tal operação.
Solução: nesse caso, primeiramente, note que temos PV = 2.500 (valor presente), n =
1 ano = 12 meses (período), i = 2,0% ao mês = 0,02 a.m. (taxa de juros). É importante
reforçarmos que, como a taxa está dada em meses, temos de transformar o período em
meses. Daí, com base na expressão característica dos juros simples, vem que:
J = PV x i x n
J = 2.500 x 0,02 x 12
J = 600,00
Ou seja, o juro obtido por Cauã nessa operação de aplicação foi de R$ 600,00.
Exemplo 4: (adaptado de Camargos, [2013, p. 22]) – qual a taxa mensal de juros simples
que deve incidir em um capital para que ele duplique de valor no período de doze meses?
Solução: inicialmente, repare que, de acordo com o enunciado, o juro é igual ao próprio
capital inicial, ou seja, temos a equivalência J = PV. Logo, vem que:
34
J = PV x i x n
PV = PV x i x 12 2
PV
i=
PV x 12
1
i= = 0,83333...
12
Figura 01.
Segundo Castelo Branco (2015, p. 24), na prática da gestão financeira chamamos
de ano comercial aquele que considera o mês com 30 dias e o ano com 360 dias.
Assim, o cálculo do juro é dito juro comercial ou ordinário.
De outro modo, pelo tempo exato, usamos fundamentalmente o calendário do
ano civil (365 dias) e, desta forma, o juro caracterizado aqui é dito juro exato.
Exemplo 5: ilustrando de forma peculiar, com base nos critérios apresentados, a taxa
de juros de 12% ao ano nos leva ao:
12%
Juro exato: = 0,032877% ao dia
365 dias
12%
Juro comercial: = 0,033333% ao dia
360 dias
Figura 01.
Com base no exemplo anterior, em um primeiro momento podemos pensar que
a diferença obtida entre as taxas pode ser considerada muito pequena ou até
mesmo desprezível. No entanto, para os cálculos financeiros, dependendo dos
valores associados, essa diferença pode resultar em quantias razoáveis e que
não podem ser desprezados em linhas monetárias.
FV = PV x (1 + i x n) ou M = C x (1 + i x n)
Deve ficar claro que o valor do capital inicial (PV) nessa expressão característica pode
ser visualizado como PV = FV . Além disso, Assaf Neto (2017, p. 39) nos diz que
(1 + i x n)
FV = PV x (1 + i x n)
FV = 18.000 x (1 + 0,015 x 8)
FV = 18.000 x (1 + 0,12)
FV = 18.000 x 1,12
FV = 20.160,00
Exemplo 7: (adaptado de Feijó, [2015, p. 28]) Alessandro aplica certa quantia à taxa
linear de juros de 1,5% ao mês durante oito meses, resgatando ao final de tal período
R$ 20.160,00. Qual o valor aplicado por Alessandro?
FV = PV x (1 + i x n)
20.160 = PV x (1 + 0,015 x 8)
20.160 = PV x (1 + 0,12)
20.160 = 1,12 x PV
20.160
PV =
1,12
PV = 18.000
36
Figura 01.
Observe que, para os dois últimos exemplos, trabalhamos com a mesma expres-
são característica que relaciona PV, FV, i e n no regime linear de juros. Todavia, no 2
sexto exemplo computamos o valor de FV tendo o conhecimento de PV, enquanto
no sétimo exemplo calculamos PV conhecendo o valor de FV.
Vamos supor que Alessandro realize um empréstimo bancário sob a taxa de 24% ao
ano. Podemos notar que o prazo referente à taxa de juros é o ano. A seguir, identifica-
mos o período de ocorrência dos juros. Logo, ao referenciarmos que os encargos serão
computados sobre o valor presente apenas ao final de cada ano, os dois prazos consi-
derados apresentam as unidades idênticas.
Todavia, em diversas outras situações, esses prazos não estão associados à mesma uni-
dade de tempo. Ilustrando, é sabido que a operação da caderneta de poupança remunera
aos seus aplicadores a uma taxa de juros de 6% ao ano, que é utilizada ou capitalizada
ao capital inicial, mês a mês, por meio de um percentual proporcional de 0,5%. Note então
que aqui os dois prazos (o prazo da taxa e o prazo de capitalização) não são coinciden-
tes. Logo, descrevemos esses prazos diferentes na mesma unidade de tempo. Assim, ou
transformamos o prazo específico da taxa em prazo de capitalização ou, contrariamente,
o período de capitalização passa a ser descrito na unidade de tempo da taxa de juros.
Nesse sentido, devido ao seu próprio comportamento linear no âmbito dos juros sim-
ples, essa transformação é realizada por intermédio da taxa proporcional de juros.
Particularmente, para uma taxa de juros de 36% ao ano, se a capitalização for padroni-
zada mês a mês (ocorrerão 12 vezes juros no período de um ano), o percentual de juros
que indicará sobre o capital a cada mês será de:
Vejamos uma situação bem simples para fixarmos essa argumentação. Em verdade, com-
putemos os juros produzidos pelo capital de R$ 2.000,00, seguindo os dois casos a seguir:
2
{
PV = 2.000
n = 6 meses
Então,
{
PV = 2.000
n = 2 trimestres
Logo:
Como os juros produzidos são iguais, podemos dizer que 4% ao mês e 12% ao trimes-
tre são taxas equivalentes.
Capitais equivalentes
Falamos que dois ou mais capitais representativos de certa data são equivalentes
quando, a certa taxa de juros, produzem resultados iguais em uma data comum
(denominada data focal ou data comum de comparação).
38
Exemplo 8: verificaremos se R$ 438.080,00, identificado na data futura de 8 meses
(daqui a 8 meses), é equivalente ao recebimento de R$ 296.000,00 na data de hoje,
admitindo uma taxa de juros simples de 6% ao mês. 2
R$ 296.000,00 R$438.080,00
0 8
e
438.080 438.080 438.080
PV= = = = R$ 296.000,00
(1=0,48) (1,48) (1+0,6 8)
4.800,00 14.000,00
0 2 6 7
Logo:
Assim, concluímos que o valor único proposto por Alessandro, a fim de substituir
suas obrigações iniciais, é de R$ 27.587,60. Adicionalmente, notamos que tal va-
lor de R$ 27.587,60 é o que equivale às obrigações iniciais de Alessandro quando
comparado na data 7.
40
juros compostos são caracterizados sobre o valor futuro ou montante do período logo
anterior e, por conta disso, surge a antiga terminologia popular “juros sobre juros”.
2
Segundo Pompeo (2014, p. 32), no regime composto de juros, os juros são com-
putados a cada período e incorporados ao principal para a determinação dos juros
do período subsequente.
Ressaltamos que, na maioria das operações que envolvem a gestão financeira, temos a
aplicabilidade do regime exponencial de juros, já que, na prática do mercado financeiro,
trabalhamos com operações em longo prazo. Nesse contexto, as operações de emprés-
timos, financiamentos, cartões de crédito, cheque especial, entre outros, se alicerçam
essencialmente nos juros compostos para os seus cálculos relacionados.
Juros
Compostos
Juros
Simples
Final do 1º mês: o capital de R$ 1.000,00 investido por Cauã nos leva ao rendimento
de R$ 100,00 (10% x R$ 1.000,00) e um valor futuro de R$ 1.100,00 (R$ 1.000,00 +
R$ 100,00). Dessa forma, podemos escrever a expressão: FV = 1.000,00 x (1 + 0,10)
= R$ 1.100,00.
Final do 2º mês: o valor futuro do mês anterior (R$ 1.100,00) é o capital para o 2º
período (mês), servindo de base para a descrição dos juros desse período a ser
recebido por Cauã. Logo, temos que FV = 1.000,00 x (1 + 0,10) x (1 + 0,10), ou
seja, FV = 1.000,00 x (1 + 0,10)2 = R$ 1.210,00. Notemos que o valor futuro obtido
por Cauã no 2º mês pode ser estratificado como:
Final do 3º mês: seguindo o raciocínio anterior, mostrado nos dois primeiros pe-
ríodos, sem grandes dificuldades notamos que, para esse período, temos: FV =
1.000,00 x (1 + 0,10) x (1 + 0,10) x (1 + 0,10), ou seja, FV = 1.000,00 x (1 + 0,10)
= R$1.331,00.
42
Portanto, temos que a expressão matemática característica dos juros compostos, asso-
ciando-se aos parâmetros n, i, PV e FV, pode ser vista sob a forma:
2
FV = PV x (1 + i) n
FV = PV x FCC ( i , n )
PV FV
n (escala de tempo)
PV FV
PV = FV x FAC ( i , n )
Se for de nosso interesse a descrição de uma expressão para o cálculo direto dos
juros no regime composto, basta partirmos de J = FV – PV que encontraremos a
expressão J = PV x [(1 + i) – 1].
Exemplo 11: qual o valor de resgate de uma aplicação realizada por Alessandro, em
um banco privado, no valor de R$ 12.000,00 em um título pelo período de 8 meses com
base no regime exponencial a 3,5% a.m.?
Solução: conforme fizemos no caso dos juros simples, aqui também, inicialmente,
identificamos os parâmetros conhecidos e, e em seguida, averiguamos qual expressão
utilizar para a descrição do parâmetro desconhecido. A partir do exemplo, percebemos
que PV = 12.000,00, i = 3,5% ao mês = 0,035 a.m. e n = 8 meses. Logo, escrevemos:
FV = PV x (1 + i)n
FV = 12.000,00 x (1 + 0,035)8
FV = 15.801,71
2 Vejamos agora como proceder com os cálculos, na HP 12C. Para tanto, temos a seguin-
te disposição de passos, na HP 12C.
Tabela 01. Exemplo 11.
Deve ficar evidente que, para os cálculos na HP 12C, de acordo com a descrição
do DFC inserida na primeira unidade, devemos sempre trocar o sinal ou de PV ou
de FV, já que, se um é interpretado como uma entrada de caixa, o outro é enca-
rado como uma saída de caixa.
Exemplo 12: vamos descrever a taxa mensal composta de juros de uma aplicação de
R$ 40.000,00 realizada por Carla, ao final do ano passado, que gerou um valor acumu-
lado de R$ 43.894,63, ao final de um quadrimestre.
FV = PV x (1 + i)n
3.894,63 = 40.000,00 x (1 + i)4
43.894,63
= (1 + i)4
40.000,00
1,097366 = (1 + i)4
4
√ 1,097366 = √ (1 + i)4
4
1,0235 = 1 + i
i = 0,0235 ou 2,35% ao mês
44
Ou seja, a taxa de juros mensal composta na operação financeira feita por Carla foi
igual a i = 2,35% ao mês.
2
Vejamos agora como proceder em relação aos cálculos, na HP 12C. Para isso, temos a
seguinte disposição de passos, na HP 12C:
Tabela 02. Exemplo 12.
O QUE APARECE DESCRIÇÃO
FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO
Limpa todos os registros da calcu-
<f> <REG> 0,00
ladora
Exemplo 13: uma aplicação de R$ 22.000,00, realizada em certa data, produz o valor
futuro de R$ 26.596,40 a juros compostos de 2,4% ao mês. Qual o prazo relacionado a
essa operação financeira?
FV = PV x (1 + i)n
26.596,40 = 22.000,00 x (1 + 0,024)n
26.596,40
= (1,024)n
22.000,00
1,208927 = (1,024)n
0,082400 = n x log(1,024)
0,082400
n=
log (1,024)
n = 8 meses
Vejamos agora como proceder com os cálculos, na HP 12C. Para isso, temos a seguin-
te disposição de passos, na HP 12C:
Exemplo 14: vamos computar o juro pago por João Lucas envolvendo uma operação
de financiamento no valor de R$ 88.000,00 pelo período de cinco meses e a juros com-
postos de 4,5% ao mês.
J = PV x [ (1 + i)n – 1]
J = 88.000,00 x [ (1 + 0,045)5 – 1]
J = 21.664,02
Ou seja, o juro pago por João Lucas para esse financiamento foi igual a R$ 21.664,02.
46
O fato se justifica essencialmente por conta de os juros compostos apresentarem uma
capitalização geométrica ou exponencial, então a taxa equivalente, no regime compos-
to, será mensurada pela média geométrica da taxa de juros inserida em todo o período. 2
Em linhas matemáticas, segundo Assaf Neto (2017, p. 44), a expressão específica para
a descrição da taxa equivalente composta é:
q
iq = √1+i-1
Em que temos:
Exemplo 15: qual a taxa semestral equivalente para juros compostos a 10% ao ano?
Vamos encontrá-la?
Logo, devemos encontra a taxa iq = i2 (taxa referente ao menor período). Logo, na ex-
pressão para taxas equivalentes, temos que:
q
√1+i -1 √1+i -1
2
iq = ou i2 =
i2 =√ 1 + 0,1 - 1
2
ou
i2 2
=√ 1,01 - 1
~
i2 = 1,04880 - 1 ou i2 = 0,04880 ou seja, i2 = 4,88% a.s. (ao semestre)
Então, concluímos que a taxa semestral equivalente para juros compostos a 10% ao
ano é dada, aproximadamente, por 4,88%.
Solução: nesse caso, devemos encontrar o valor de i, pois o maior período em questão
é ano. Observemos também que, para o nosso exemplo, q = 6 (1 ano = 6 bimestres)
bem como iq = i6 = 7% a.b. = 0,07 a.b. Logo, utilizando-se da fórmula característica para
taxas equivalentes mostrada anteriormente, escrevemos:
√1 + i
6
√1 + i
q
iq = -1 ou i6 = -1
2
√1 + i
6
√1 + i
6
ou 1,07 =
√1 + i
6
0,07 = -1 ou 1 + 0,07 =
√
6 6 6
(1,07) = ( 1 + i ) ou 1 + i = (1,07)6 ou i = (1,07)6 -1
i = 0,500730351 ou seja i ~
= 50,07% a.a. (ao ano)
Figura 01.
Deve ficar claro que, no regime composto, não podemos mais dividir ou multiplicar
a taxa como fazíamos no regime linear de juros para obtermos taxas equivalentes.
Figura 01.
Taxa nominal de juros: falamos que uma taxa de juros é nominal quando a unida-
de do prazo de capitalização dos juros é distinto da unidade da taxa (adaptado de
Puccini, 2017, p. 54).
Taxa efetiva de juros: denominamos a taxa efetiva de juros como sendo a taxa
mensurada durante todo o período n, sendo caracterizada de modo exponencial
com base nos períodos de capitalização (adaptado de Puccini, 2017, p. 54).
Segundo Assaf Neto (2017, p. 46), a expressão específica para descrevermos a taxa
efetiva de juros pode ser vista como:
48
Em que temos:
Exemplo 17: (Um Caso Real – Caderneta de Poupança) – se comentarmos que a ca-
derneta de poupança, com aniversário na data de hoje, rende 6% ao ano (unidade da
taxa – anual), mas a sua capitalização é feita mês a mês, a juros compostos (unidade
da formação dos juros), a taxa de 6% ao ano é uma taxa nominal de juros, não evi-
dencia, dessa maneira, a sua rentabilidade real. Para a descrição da real rentabilidade
da caderneta de poupança em questão, torna-se necessário gerarmos a taxa efetiva,
da seguinte forma.
i
iƒ = (1 + q )q -1 ou iƒ = (1 + 0,06
12 ) -1
12
ou i ƒ = (1 + 0,05)12 -1
Exemplo 18: um banco estatal emprestou a quantia de R$ 8.000,00 a João para a aber-
tura de sua pequena empresa, durante o período de um ano, a uma taxa anual de 18%
ao ano, com capitalização bimestral. Qual a taxa efetiva anual e o valor futuro que será
devolvido por João, ao final do período?
Assim, a taxa efetiva será de, aproximadamente, 19,4% ao ano. Na descrição do valor
futuro a ser devolvido por João, utilizamos a expressão característica dos juros compos-
tos, levando em consideração a taxa proporcional bimestral de 3% a.b., ou seja, temos
n = 1 ano = 6 bimestres, PV = 8.000 e i = 3% ao bimestre. Dessa forma, temos que:
FV = PV x (1 + i)n
2 FV = 8.000 x (1 + 0,03)6
FV = 9.552,42
Portanto, o valor futuro a ser devolvido por João será de, aproximadamente, R$ 9.552,00
e a taxa efetiva será de, aproximadamente, 19,4% ao ano.
Em verdade, Almeida (2016, p. 57) nos esclarece que desconto nada mais é do que
uma espécie usual de abatimento direcionado ao valor a ser pago por um título de cré-
dito com vencimento em data futura, por uma pessoa ou empresa a um banco ou outro
tipo de credor. A utilização direta desse abatimento pode ser feita com base no regime
linear de juros, surgindo os descontos simples, frequentemente, empregados nas si-
tuações do âmbito do curto prazo. Também pode ser alicerçada no regime composto de
juros, originando o que chamamos de descontos compostos.
Especificamente, no regime linear de juros, podem ser identificados dois tipos de des-
contos, que são:
50
10. TIPOLOGIA DE TÍTULOS E CONCEITOS FUNDAMENTAIS
É relevante reconhecermos que, quando um indivíduo ou empresa adquire uma deter- 2
minada dívida que deverá ser paga em data futura, é rotineiro que o devedor ofereça ao
credor uma espécie de documento, comumente conhecido como título, que constitui a
comprovação direta da dívida em questão.
Dessa forma, segundo Assaf Neto (2017, p. 68), são exemplos específicos de títulos em
operações de crédito:
Letra de câmbio:
Um tipo de título ao portador, lançado por um banco em operações de crédito dadas a
pessoas físicas ou jurídicas. Aqui, podemos ter o valor do resgate, por exemplo.
Figura 07. Modelo de letra de câmbio.
Fonte: acervo do autor.
De acordo com Assaf Neto (2017, p. 71), a teoria sobre descontos equivale a uma apli-
cação direta dos regimes de capitalização (juros). Logo, para a discussão da teoria se
faz relevante o conhecimento dos elementos básicos, que são: valor nominal, descon-
to e valor líquido. Vejamos a descrição de cada um deles a seguir.
Valor nominal:
Valor definido para o título de crédito em sua data de vencimento, isto é, o valor
futuro da operação.
Desconto:
Diferença entre o valor nominal do título e o seu valor líquido, descrito nos períodos
que antecedem o seu vencimento.
52
Em linhas algébricas, as expressões envolvendo o cálculo do desconto bancário são muito
similares às que apresentamos no regime linear de juros. Dessa forma, se denotarmos os
elementos como segue, D = desconto, N = valor nominal, L = valor líquido recebido após o 2
desconto, i = taxa e n = período de tempo, pela natureza do desconto bancário, escrevemos:
D=Nxixn
L=N–Nxixn
Portanto:
L = N x (1 – i x n)
Exemplo 19: caracterizaremos o desconto bancário que deverá incidir sobre um título
no valor de R$ 1.050,00, representando a obrigação de pagamento contraído por Ales-
sandro na aquisição de um eletrodoméstico, quitado noventa dias antes do vencimento,
a uma taxa de 2,5% a.m.
Dessa maneira, de acordo com a descrição teórica e dizeres do problema, notamos que
N = 1.050, n = 90 dias e i = 2,5% a.m. = 0,025 a.m. Logo, pela expressão característica
envolvendo o desconto bancário mostrada anteriormente, temos que:
D=Nxixn
D = 1.050 x 0,025 x 90
30
D = 78,75
Portanto, o desconto obtido por Alessandro nessa operação foi de R$ 78,75, ou seja, Ales-
sandro pagará pelo eletrodoméstico a quantia de R$ 1.050,00 – R$ 78,75 = R$ 971,25.
Exemplo 20: uma nota promissória no valor de R$ 4.500,00, quitada seis meses antes
do seu vencimento, ficou simplificada à quantia de R$ 1.900,00. Qual foi a taxa mensal
utilizada nessa operação financeira?
Figura 01.
Segundo Feijó (2015, p. 68), a antecipação de pagamentos pode ser diretamente
utilizada para a obtenção de descontos atrativos e referenciada em momentos
em que a pessoa ou empresa esteja com a saúde financeira estruturada (valores
monetários disponíveis).
2 Vamos solucionar o presente exemplo de duas formas diferentes, sendo que, em uma
delas, determinaremos a taxa por intermédio do cálculo do desconto e, na outra, utiliza-
remos diretamente a expressão do valor líquido.
Então:
D=Nxixn
2.600 = 4.500 x 6 x i
Ou seja:
L = N x (1 – i x n)
1.900 = 4.500 x (1 – i x 6)
1.900
=1–6xi
4.500
i = 0,09629 a.m. ou 9,629% a.m.
0,42222 = 1 – 6 x i
0,42222 – 1 = 6 x i
0,57778 = 6 x i
0,57778 = i
6
Logo, a taxa mensal utilizada nessa operação financeira foi de 9,629% a.m.
Nessa direção, chamando por (Dr) o desconto por dentro ou desconto racional, a sua
expressão matemática característica é dada por:
Dr = L x i x n
54
De outra forma, como é sabido que:
2
L+ Dr = N
N
L=
1+i x n
Vejamos dois exemplos ilustrativos na sequência para nos familiarizarmos com as
expressões características do desconto racional.
Exemplo 21: vamos encontrar o desconto por dentro de uma nota promissória no
valor de R$ 6.864,00, a uma taxa de 12% ao mês. O devedor é o senhor Alessandro,
que efetuou o pagamento 36 dias antes do vencimento.
L = 6.000
Portanto, podemos escrever para o cálculo do desconto que:
Exemplo 22: caracterizemos a taxa a ser aplicada em um desconto por dentro, por
intermédio de uma duplicata no valor de R$ 1.200,00, de tal modo que ela se reduza a
R$ 1.000,00, no período de 45 dias antes do vencimento.
1.200
1.000.(1 + 2,5 x i) =
1.000
2
0,2
1 + 2,5 x i = 1,2 ou 2,5 x i = 0,2 ou i= ou i = 8% a.m.
2,5
Portanto, a taxa deve ser igual a 8% ao mês.
VF = N (1 - i)n
Onde:
n: período.
i: taxa de juros.
Além disso, chamando DF como o valor do desconto por fora, vem que:
DF = N - VF
Ou seja,
56
DF = [1 - (1F - i)n]
2
Vamos praticar em exemplos esse tipo de desconto composto?
Exemplo 23: a ARGEPAL Ltda, uma empresa do ramo automotivo, tem o valor devido
de R$ 80.000,00 a uma instituição financeira estatal, referente a um empréstimo cujo
vencimento é para daqui a dez meses. Entretanto, com quatro meses de antecedência,
a empresa em questão decide quitar integralmente a sua dívida e solicita à instituição
financeira um abatimento. O gerente financeiro responsável pelas atividades da ARGE-
PAL Ltda na referida instituição financeira informa que trabalha de acordo com o concei-
to de desconto composto por fora, sendo sua taxa de desconto fixada previamente em
3,5% ao mês, para esse tipo específico de operação financeira. Assim, qual valor líquido
a ARGEPAL Ltda deverá pagar à instituição financeira quando da quitação antecipada
de seu empréstimo devido?
VF = 80.000 (1 - 0,035)4
VF = 69.374,40
Portanto, o valor líquido que a ARGEPAL Ltda deve pagar de modo antecipado ao ven-
cimento de seu empréstimo no banco privado é de R$ 69.374,40.
Exemplo 24: Carlos desconta uma nota promissória a uma taxa de 3% ao mês em um
banco privado, cinco meses antes de seu vencimento. É sabido que a operação finan-
ceira em questão determinou um desconto na ordem de R$ 39.000,00 e que foi utilizado
o conceito de desconto composto por fora. Nesse contexto, qual o valor nominal da nota
promissória em que Carlos é o devedor?
Vr = N
(1 + i)n
Resumidamente, é determinado também por intermédio das relações dos juros com-
postos ou regime exponencial de juros. Logo, o valor descontado racional ( ) equivale ao
valor presente dos regime exponencial, conforme visto anteriormente. Especificamente
falando, segundo Assaf Neto (2017, p. 87), no âmbito algébrico, escrevemos:
(
Dr = N 1 - 1
(1 + i)n (
De outro modo, foi visto que o desconto é caracterizado pela diferença entre o valor no-
minal (valor de resgate) e o valor descontado (valor presente). Logicamente, a fórmula
para o cálculo do desconto composto racional ( ) pode ser visualizada como:
( (1 1+ i) (
Dr = N 1 - n
= 15.000 ( 1 -
(1 + 0,024) (
Dr 1
5
Dr = 1.677,00
Exemplo 25: qual é o valor do desconto racional de uma duplicata de valor nominal igual a R$
15.000,00, descontada cinco meses antes de seu vencimento, a uma taxa de 2,4% ao mês,
realizada pela empresa Virtual Ltda em um banco estatal?
Solução: aqui podemos observar, com base no enunciado, que N = 15.000, n = 5 meses e i
= 2,4% ao mês = 0,024 a.m. Além disso, é de nosso interesse computar o valor de Dr . Logo,
podemos escrever:
Portanto, o valor de desconto racional da duplicata da AFA Ltda, segundo as condições esta-
belecidas no exemplo, é igual a R$ 1.677,00.
Solução: notemos que, de acordo com o enunciado do exemplo, temos que = 6.800, N =
9.000 e i = 4% ao mês = 0,004 a.m. Além disso, é de nosso ensejo computar o valor de n, que
denota o prazo de antecipação em que foi descontada a nota promissória da Anelina Ltda.
Dessa maneira, podemos escrever:
58
N
Vr =
(1 + i)n
2
9.000
6.800 =
(1 + 0,04)n
(1,04)n = 9.000
6.800
(1,04)n = 1,323529
Nesse instante, aplicando o logaritmo na base 10 para isolarmos o parâmetro n, confor-
me apresentado na terceira unidade do nosso material (cálculo algébrico do valor de n
no regime composto), como segue:
CONCLUSÃO
Nesta unidade foi possível observar algumas das principais aplicações da matemática
financeira, dentre elas algumas que certamente fazem parte do seu dia a dia. Entender
o comportamento e as práticas de juros utilizadas pelas instituições financeiras e orga-
nizações nos ajudará na interpretação correta e precisa das informações financeiras
que cercam o processo de tomada de decisão.
REFERÊNCIAS
1. ALMEIDA, Jarbas Thaunahy Santos de. Matemá- 6. FERREIRA, Roberto G. Matemática financei-
tica financeira. Rio de Janeiro: LTC, 2016. ra aplicada: mercado de capitais, administração
2. ASSAF NETO, Alexandre. Matemática financeira: financeira, finanças pessoais. 8. ed. São Paulo:
edição universitária. São Paulo: Atlas, 2017. Atlas, 2014.
3. CAMARGOS, Marcos Antônio de. Matemática 7. HOJI, Masakazu. Matemática financeira: didáti-
financeira: aplicada a produtos financeiros e à aná- ca, objetiva e prática. São Paulo: Atlas, 2016. [Mi-
lise de investimentos. São Paulo: Saraiva, 2013. nha Biblioteca].
[Minha Biblioteca]. 8. OLIVEIRA, Gustavo Faria de. Matemática fi-
4. CASTELO BRANCO, Anísio Costa. Matemática fi- nanceira descomplicada: para os cursos de eco-
nanceira aplicada: método algébrico, HP-12C, Microsoft nomia, administração e contabilidade. São Paulo:
Excel®. 4. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2015. Atlas, 2013.
5. FEIJÓ, Ricardo Luís Chaves. Matemática finan- 9. POMPEO, José Nicolau; HAZZAN, Samuel. Ma-
ceira com conceitos econômicos e cálculo diferen- temática financeira. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
cial: utilização da HP-12C e planilha Excel. 2. ed. 10. PUCCINI, Abelardo de Lima. Matemática finan-
São Paulo: Atlas, 2015. ceira: objetiva e aplicada. 10. ed. São Paulo: Sarai-
va, 2017.
UNIDADE 3
3
SÉRIES DE PAGAMENTOS E
SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO
No Brasil, de acordo com Almeida (2016, p. 104), a compra financiada é uma situação
relacionada a nossa cultura e muito usada. Desde a abertura econômica, nos anos
1990, o brasileiro tem tido acesso a uma grande variedade de produtos, essencial-
mente, importados e, por conseguinte, seja qual for o produto ou serviço, as pessoas
devem pesquisar, antes de fazer uma compra, por conta de promoções e oportunidades
de mercado. Em um contexto no qual a taxa básica de juros é, razoavelmente, alta, a
compra financiada, em geral, tem juros inseridos e pode sair mais cara do que deveria
para a pessoa compradora.
Figura 01.
No mercado brasileiro, a taxa básica de juros é a taxa SELIC, divulgada em termos
periódicos pelo Banco Central do Brasil, que é o alicerce para o cômputo dos índices
de preços e da inflação.
60
As operações com cartão de cré- Figura 01. Fatores que influenciam constantemente o au-
dito estão se tornando cada vez mento da inadimplência.
mais contínuas e populares. Por
Fonte: 123rf
conta disso, é bom que alguns 3
requisitos básicos de uso sejam
seguidos e que diversos cálculos
sejam mensurados em caso de
inadimplência. Dessa forma, tor-
na-se essencial para os indivíduos
físicos ou jurídicos o conhecimen-
to dos tipos de séries de anuida-
des, bem como de suas principais
propriedades e aplicabilidades.
Série finita: aquela série que tem o último pagamento ou a última prestação
(apresenta um número finito de termos).
Série infinita (ou perpétua): aquela série que não tem o último pagamento
ou a última prestação (apresenta infinitos termos).
Série uniforme: quando os termos são todos iguais (ou seja, uniformes).
Série não uniforme (ou variável): quando os termos que a compõem são
distintos (não uniformes).
62
3º critério (quanto ao intervalo de termos da série):
Aqui, temos as séries periódicas e as séries não periódicas. Portanto, classifica- 3
mos em:
Série não periódica: quando o intervalo de tempo entre dois termos suces-
sivos se altera, ou seja, não é constante.
AMORTIZAÇÃO
Usando a simbologia descrita anteriormente, para essa situação no contexto das séries
de pagamentos postecipadas de termos iguais, temos o seguinte diagrama de fluxo de
caixa (DFC) relacionado (Figura 02).
Figura 02. Interpretação geométrica da amortização no contexto
das séries de pagamentos iguais postecipadas.
PV
0 1 2 3 4 n–1 n
O termo amortização pode ser interpretado como o ato de saldarmos uma determi-
nada dívida, por meio de parcelas periódicas (pagamentos, recebimentos ou anui-
dades), constantes ou não.
Assim, Almeida (2016, p. 79) nos apresenta que, no contexto da amortização, o valor
presente (PV) de uma série de pagamentos iguais e termos vencidos pode ser compu-
tado pela expressão matemática:
(1 + i)n - 1
PV = PMT x ,
(1 + i)n x 1
64
(1 + i)n - 1
Onde é conhecido como o fator de valor atual, para uma série de
(1 + i)n x 1
pagamentos iguais e termos vencidos. Reforçamos que:
Além disso, notemos, sem grandes dificuldades, que o valor dos pagamentos iguais
(PMT) na amortização é caracterizado com base na expressão derivativa:
(1 + i)n x 1
Onde é denominado de fator de recuperação de capital, para uma série
(1 + i)n - 1
de pagamentos iguais. Para fins didáticos, vejamos o exemplo a seguir.
Portanto, o valor R$ 350,01 denota o valor à vista do produto ou, ainda, descreve o valor
presente da série de pagamentos relacionada em questão.
Figura 01.
Aqui não precisamos nos preocupar com a ordem de entrada dos parâmetros co-
nhecidos, ou seja, podemos seguir qualquer ordem de entrada dos parâmetros co-
nhecidos e, ao final, pedimos o parâmetro desconhecido.
(1+i)n - 1
A expressão matemática (1+i)n x i é também conhecida por fator de correção da
3
amortização e é descrita internacionalmente por , onde se lê: “a n-cantoneira i”.
CAPITALIZAÇÃO
Dando continuidade, também com base na nomenclatura comentada anteriormente,
para a capitalização no contexto das séries de pagamentos de termos iguais e venci-
dos, temos o seguinte Diagrama de Fluxo de Caixa (DFC) associado:
FV
0 1 2 3 4 n–1
Assim, Puccini (2017, p. 198) esclarece que, no âmbito da capitalização, o Valor Fu-
turo (FV) de uma série de pagamentos iguais e termos vencidos pode ser mensurado
pela descrição matemática:
(1 + i)n - 1
FV = PMT x ,
i
i
de pagamentos iguais. De outro modo, observamos que o valor dos pagamentos iguais
(PMT) na capitalização é caracterizado com base na fórmula derivativa:
i
PMT = FV x ,
(1 + i)n - 1
66
taremos sua praticidade e dinamismo na resolução de problemas práticos envolvendo
as séries de pagamentos iguais e de termos vencidos. Vejamos dois exemplos para
fixação dos conceitos discutidos até aqui.
3
Exemplo 2: uma instituição financeira privada, que trabalha com uma taxa de juros de
8% ao mês, concede um empréstimo de R$ 3.000,00 para o aposentado Alberto, a ser
amortizado em 6 prestações mensais iguais, a primeira vencendo em 30 dias. Determi-
ne o valor da prestação de Alberto, mês a mês.
Portanto, com base no empréstimo solicitado por Alberto, ele deverá pagar, sob o ponto
de vista da série de pagamentos iguais e de termos vencidos, o valor R$ 648,05 em
cada prestação.
Dessa maneira, segundo Puccini (2017, p. 118), cada termo da série de pagamentos ou
recebimentos iguais pode ser denotado por PMT (veja a tecla na HP 12C) e as demais
variáveis serão caracterizadas pela simbologia já conhecida (PV, i, n e FV). Ou seja,
3 temos que:
Geometricamente, mais uma vez, temos duas situações a serem interpretadas: amor-
tização e capitalização. Vamos entender, nas entrelinhas cada uma delas, como segue
no contexto das séries antecipadas.
AMORTIZAÇÃO
Usando a simbologia descrita anteriormente, para essa operação no âmbito das séries
de pagamentos antecipadas de termos iguais, temos o seguinte Diagrama de Fluxo de
Caixa (DFC) relacionado.
Figura 04. Interpretação geométrica da amortização no con-
texto das séries de pagamentos iguais e antecipados.
PV
0 1 2 3 4 n–1 n
Sobre o tema, Puccini (2017, p. 120) afirma que, no contexto da amortização, o Valor
Presente (PV) de uma série de pagamentos iguais e antecipados pode ser calculado
pela expressão matemática dada por:
(1 + i)n - 1
PV = PMT x (1 + i) x .
(1 + i)n x i
68
Além disso, observamos que o valor dos pagamentos iguais (PMT) na amortização é
caracterizado com base na expressão derivativa:
PV 3
PMT = x .
(1 + i)n - 1
(1 + i) x
(1 + i)n x i
CAPITALIZAÇÃO
Para a capitalização no contexto das séries de pagamentos de termos iguais e anteci-
pados, também com base na nomenclatura inserida anteriormente, temos o seguinte
Diagrama de Fluxo de Caixa (DFC) associado a ela.
Figura 05. Interpretação geométrica da capitalização no con-
texto das séries de pagamentos iguais e antecipados.
PV
0 1 2 3 4 n–1 n
(1 + i)n - 1
FV = PMT x (1 + i) x .
i
Vejamos alguns exemplos práticos que envolvem a aplicabilidade das séries de paga-
mentos iguais e antecipadas, que podem aparecer no nosso cotidiano e no mercado
financeiro como um todo. Todavia, em um primeiro instante, para implementarmos nu-
mericamente na HP 12C problemas envolvendo as séries antecipadas, devemos clicar
nas funções <g> <BEG>, aparecendo no visor a palavra BEGIN, que significa “início”,
ou seja, pagamentos ou recebimentos feitos no início de cada período. Para retirarmos
dessa situação, basta pressionarmos as funções <g> <END>.
Portanto, o valor R$ 94,08 descreve o valor à vista do componente elétrico ou, ainda, re-
presenta o valor presente para essa série de pagamentos iguais e de termos antecipados.
Dessa forma, com base nessa série de pagamentos iguais e de termos antecipados, R$
264,70 descreve o valor de cada prestação para a aquisição do aparelho de televisão.
70
4. INTERPRETANDO AS SÉRIES DE PAGAMENTOS VARIÁVEIS
Chegamos ao momento de trabalharmos com as séries não uniformes, ou seja, aquelas
em que os pagamentos são diferentes. Em um primeiro momento, poderíamos indagar: 3
como vamos fazer sem o PMT? De modo geral, apesar de não termos mais a opção da
função PMT que descreve nas entrelinhas, os valores dos pagamentos iguais em séries
postecipadas (ou de termos vencidos) e em séries antecipadas, aqui podemos ter tam-
bém algumas funções auxiliares que de alguma forma facilitarão o nosso entendimento
e, por conseguinte, as nossas resoluções envolvendo a tipologia de série de anuidade.
No contexto que envolve as séries de pagamentos não uniformes (ou variáveis), temos
que o valor presente é calculado pelo somatório dos valores atualizados de cada um
de seus pagamentos referenciados a uma mesma taxa i, enquanto o valor futuro pode
ser caracterizado pelo somatório dos valores capitalizados de cada pagamento ou, ain-
da, capitalizando-se o valor presente para a data futura desejada.
O Valor Presente é calculado pela soma dos valores atualizados de cada um de seus ter-
mos a uma mesma taxa i.
O Valor Futuro pode ser determinado pelo somatório dos montantes de cada termo ou,
capitalizando o valor presente para a data futura desejada.
PV
1 2 3 n–1 n
PMT1 PMTn-1
PMT3
PMTn
PMT2
Fonte: elaborada pelo autor.
Puccini (2017, p. 134) expõe que, no âmbito da amortização, o Valor Presente (PV)
de uma série de pagamentos variáveis pode ser computado pela expressão matemá-
tica dada por:
3
PMT1 PMT2 PMT3 PMTn
PV= + + + ... .
1+i (1+i) 2
(1+i) 3 (1+i)n
De outra forma, Puccini (2017, p. 134) também explica que o Valor Futuro (FV) pode
ser obtido por intermédio da expressão matemática dada por:
Ou, ainda, podemos caracterizar o Valor Futuro (FV) por meio da fórmula FV = PV x (1
+ i) , onde PV denota o valor presente da série em questão.
Observemos a Figura a seguir, que nos mostra a interpretação geométrica para a capi-
talização no contexto das séries não uniformes.
FV
0 1 2 3 n–1 n
PMT1 PMTn–1
PMT3
PMTn
PMT2
Exemplo 5: vamos computar o valor presente de uma série de cinco pagamentos men-
sais consecutivos, nos valores de R$ 1.700,00, R$ 3.000,00, R$ 1.250,00, R$ 2.300,00
e R$ 3.550,00, respectivamente, a uma taxa de 1,32% ao mês, realizado por Alberto em
um banco estatal no fim do ano passado.
72
O QUE APARECE DESCRIÇÃO
FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO
<f> <REG> 0,00 Limpa os registradores 3
Insere a taxa mensal da operação
1.32 <i> 1,32
em questão
Valor do primeiro pagamento feito
1700 <CHS> <FV> -1.700,00
por Alberto
Prazo do primeiro pagamento fei-
1 <n> 1,00
to por Alberto
Valor atualizado do primeiro paga-
<PV> 1.677,85
mento feito por Alberto
Valor do segundo pagamento feito
3000 <CHS> <FV> -3.000,00
por Alberto
Prazo do segundo pagamento fei-
2 <n> 2,00
to por Alberto
Valor atualizado do segundo pa-
<PV> 2.922,34
gamento feito por Alberto
Valor presente dos dois primeiros
<+> 4.600,19
pagamentos feitos por Alberto
Valor do terceiro pagamento feito
1250 <CHS> <FV> -1.250,00
por Alberto
Prazo do terceiro pagamento feito
3 <n> 3,00
por Alberto
Valor atualizado do terceiro paga-
<PV> 1.201,78
mento feito por Alberto
Logo, R$ 11.309,14 representa o valor presente desse fluxo de cinco pagamentos variáveis,
feitos por Alberto, quando analisados na data de hoje (data zero), ou seja, o valor seria o
equivalente do fluxo desses cinco pagamentos variáveis, quando colocados na data de hoje.
3
O QUE APARECE DESCRIÇÃO
FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO
Valor presente dos cinco paga-
11309.14 <CHS> <PV> -11.309,14
mentos feitos por Alberto
De outra forma, comentamos que, para computarmos o valor futuro, ao final do quinto
mês, pela HP 12C, podemos proceder da seguinte maneira:
Para simplificação de tal abordagem, podemos usar cinco funções específicas da HP 2C,
na implementação do cálculo, envolvendo o valor presente de uma série não uniforme.
Essencialmente, as funções são CF0, CFj, Nj, NPV e IRR, em que a função <CF0> denota
o fluxo de caixa na data zero (fluxo de caixa inicial), a função <Nj> representa o número
de vezes que o valor do fluxo de caixa de ordem j (CFj) se repete em sequência, a função
<NPV> descreve o valor presente líquido e a função <IRR> caracteriza a taxa interna de
retorno. Ressaltamos que, como ponderação relevante, que toda vez que a série não uni-
forme em questão não apresenta fluxo de caixa no momento zero, isto é, se tivermos CF0 =
0, então o valor presente da série é equivalente ao valor presente líquido.
Figura 09. Interpretando o valor presente de uma série não uniforme quando CF0 = 0.
Essa informação
Valor presente da
facilita muito a re-
Série não uniforme CF0=0 série = valor pre-
solução de proble-
sente líquido
mas específicos
74
Falando em termos formais com relação à função <NPV>, a HP 12C mensura dire-
tamente o valor presente de até 20 (vinte) grupos de fluxo de caixa (excluindo o fluxo
inicial), cada grupo contendo um máximo de 99 fluxos iguais.
3
3 1 a 12 12 8.000,00
13 a 20 08 9.000,00
21 a 24 04 10.000,00
25 a 35 11 15.000,00
36 01 20.000,00
8000 <g> <CFj > 8.000,00 Valor dos fluxos do primeiro grupo
9000 <g> <CFj > 9.000,00 Valor dos fluxos do segundo grupo
10000 <g> <CFj > 10.000,00 Valor dos fluxos do terceiro grupo
15000 <g> <CFj > 15.000,00 Valor dos fluxos do quarto grupo
Portanto, concluímos que, na data atual, o valor do investimento realizado por Marcelo
seria de R$ 219.699,76.
76
6. INTRODUZINDO OS SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO
Em um primeiro instante, denominamos de amortização o ato de quitação de uma
determinada dívida. Sabemos que a disponibilidade de recursos é, sem dúvida, fator 3
preponderante na decisão da implantação de um investimento, como a construção da
casa própria, a aquisição de um equipamento industrial, a compra de um veículo, a
aquisição de uma moto etc. A prazo ou à vista, sempre é necessário que tenhamos
disponibilidade de recursos. Na ausência deles, ou se forem insuficientes, devemos
procurar os conhecidos financiamentos ou empréstimos, principalmente em instituições
financeiras privadas ou estatais.
Fonte: 123rf.
existirem diversas modalidades de
devolução do principal (ou do capital
emprestado) e dos encargos finan-
ceiros peculiares, têm uma tratativa
particular. Essas operações de cré-
dito têm suas condições previamen-
te fixadas por contratos bilaterais
entre a organização e/ou pessoa e a
instituição financeira financiadora.
Salientamos que o valor desses empréstimos (o principal ou capital inicial) deverá ser
devolvido à instituição financeira, juntamente com os juros cobrados na operação. As
maneiras pelas quais o principal pode ser devolvido conjuntamente com os juros são
conhecidas rotineiramente como sistemas de amortização.
Nesse momento, vamos nos familiarizar com os principais tipos de sistemas de amorti-
zação praticados no mercado financeiro brasileiro?
A partir do instante que introduzimos algumas ponderações gerais bem como apre-
sentamos os principais elementos que formam a teoria da amortização, é de nosso
interesse, agora, discutirmos nas entrelinhas os principais sistemas de amortiza-
ção inseridos no âmbito do mercado financeiro, que são: Sistema de Amortiza-
ção Constante (SAC), Sistema Francês de Amortização (Price) e o Sistema de
Amortização Misto (SAM).
Assim, o valor da amortização é definido pela divisão do capital emprestado pelo nú-
mero de prestações de amortizações. De outra forma, os juros são computados, a
cada período, multiplicando-se o valor da taxa de juros acordada pelo saldo devedor
78
existente sobre o período imediatamente anterior, tendo valores decrescentes nos pe-
ríodos (os juros diminuem período a período). O valor de cada prestação, a cada pe-
ríodo, é equivalente à adição da amortização e dos encargos financeiros (juros, comis-
sões etc.), sendo periódica, sucessiva e decrescente em progressão aritmética (PA), 3
de razão dada pelo produto da taxa de juros pela parcela de amortização. De forma
sumarizada, temos as seguintes propriedades para o Sistema Hamburguês ou Sistema
de Amortização Constante (SAC):
a. Construção da planilha
1º passo:
O cálculo da parcela da amortização mensal será feito pela fórmula:
2º passo:
O saldo devedor, após o pagamento de cada prestação mensal, é dado pela
fórmula (II), descrita anteriormente. Assim, escrevemos:
3º passo:
O cálculo dos juros de cada mês é feito pela fórmula (III), apresentada anterior-
mente. Logo, escrevemos:
Juros do primeiro mês: J1 = 0,06 x 100.000 = 6.000.
Juros do segundo mês: J2 = 0,06 x 80.000 = 4.800.
Juros do terceiro mês: J3 = 0,06 x 60.000 = 3.600.
Juros do quarto mês: J4 = 0,06 x 40.000 = 2.400.
80
4º passo:
O valor da prestação mensal do SAC é dado pela expressão (IV), descrita ante-
3
riormente. Então, escrevemos:
Prestação ao final do primeiro mês: PMT1 = 20.000 + 6.000 = 26.0000.
Prestação ao final do segundo mês: PMT2 = 20.000 + 4.800 = 24.800.
Prestação ao final do terceiro mês: PMT3 = 20.000 + 3.600 = 23.600.
Prestação ao final do quarto mês: PMT4 = 20.000 + 2.400 = 22.400.
MÊS Pi A Ji PMTi
0 100.000 - - -
Uma vez montada a planilha da operação de crédito feita pela AFA, compu-
tamos o seu custo efetivo mensal. A representação gráfica do diagrama de
fluxo de caixa (DFC) na visão da instituição é mostrada na Figura a seguir.
Observe claramente que DFC é montado com base nos valores identifica-
dos para os pagamentos da Tabela.
26.000
3
24.80
23.600
22.400
21.200
1 2 3 4 5 (meses)
100.000
O QUE APARECE
FUNÇÕES DESCRIÇÃO DA FUNÇÃO
NO VISOR?
82
Portanto, conclui-se que o custo efetivo será de 6% ao mês (equivalente à taxa interna
de retorno em questão), pois a empresa não paga qualquer outro encargo financeiro ao
banco, apenas a taxa de juros de 6% ao mês. Deve ficar evidente que a taxa de 5% ao
mês representa, essencialmente, o custo da operação de empréstimo com base no SAC. 3
Exemplo 9: para esse exemplo, trabalharemos com os mesmos dados do exemplo an-
terior, considerando, entretanto, que a instituição financeira concedeu quatro meses de
carência à AFA Consultoria e os juros serão pagos mês a mês. De outra forma, deverão
ser pagos, no ato, a taxa de abertura de crédito de 0,5% sobre o valor financiado bem
como o IOF de 3,5% sobre o valor do financiamento. Logo, pede-se:
Utilizando-se dos cálculos do exemplo anterior, temos a planilha descrita na Tabela 03:
0 1 2 3 4 5 6 7 8 (meses)
100.000
84
O QUE APARECE DESCRIÇÃO DA
FUNÇÕES
NO VISOR? FUNÇÃO
<f> <IRR> 6,84 Custo efetivo mensal (em %) 3
100 < ÷ > 1 <+> 1,07 1 + a taxa mensal (forma unitária)
12 <yx > 1 <–> 100 <x> 121,28 Custo efetivo anual (em %)
Quando a taxa de juros for anual, com pagamento mensal, semestral ou trimes-
tral, usa-se a taxa proporcional ao período de pagamento;
Exemplo 10: um empréstimo de R$ 70.000,00, feito pelo AFA Consultoria, deve ser liqui-
dado em 5 prestações mensais, pelo Sistema Price, sendo que a primeira vence um mês
após a data do contrato. A taxa de juros cobrada é de 36% ao ano. Calcule o valor das
prestações, os valores das parcelas de amortização, as parcelas de juros de cada presta-
ção e o saldo devedor após cada pagamento. Por fim, construa a planilha do empréstimo.
Solução: nesse caso, usaremos na calculadora HP 12C, a função amarela AMORT, que
permite o desdobramento das prestações iguais (PMT) em amortizações e juros. Com
essa função, também poderemos calcular o total de juros e amortizações entre duas
prestações, conforme mostrado a seguir:
O QUE APARECE
FUNÇÕES DESCRIÇÃO DA FUNÇÃO
NO VISOR?
<f> <REG> 0,00 Limpa os registradores
3
70000 <CHS> <PV> 70.000,00 Valor emprestado
5 <n> 5,00 Número de prestações mensais
MÊS PT A JT PMTT
0 70.000 - - -
86
MÊS PT A JT PMTT
15.284,82
0 1 2 3 4 5 (meses)
70.000
Exemplo 11: um empréstimo de R$ 90.000,00, feito pela AFA Consultoria, deve ser
liquidado em quatro prestações trimestrais, pelo Sistema Price, a uma taxa de juros de
3,5% ao mês. Elabore a planilha do empréstimo.
O QUE APARECE
FUNÇÕES DESCRIÇÃO DA FUNÇÃO
NO VISOR?
88
Tabela 05. Planilha do exemplo.
TRIMESTRE PT A JT PMTT
0 90.000 3
28.928,82
0 1 2 3 4 (trimestres)
90.000
Fonte: elaborada pelo autor.
iniciais são, ligeiramente, mais altas do que as do Price. Contudo, após a metade do
período, o mutuário sentirá uma queda substancial no comprometimento de sua renda
com o pagamento das prestações.
3
Vejamos, na Figura a seguir, uma comparação geométrica entre os valores dos três
sistemas de amortização discutidos anteriormente.
Figura 15. Gráfico comparativo entre os três sistemas de amortização.
Prestações
Sistema Francês
SAM
SAC
Figura 01.
Para maiores informações acerca da aplicabilidade dos sistemas de amortização
nas diversas operações de empréstimos e financiamentos, você pode pesquisar em
Hoji (2016, p. 112-117).
Além disso, no ponto de vista de custo, podemos mencionar que os dois sistemas são
equivalentes. Deve-se notar que, no SAC, você amortiza o saldo devedor mais rápido
do que no Price. Como os juros são pagos sobre o saldo devedor, no SAC paga-se
menos juros. No entanto, seguindo o SAC, você só pagará mais do que deve ao banco
em um período de tempo menor.
Por outro lado, podemos levar em consideração que o SAC é ideal para pessoas ou
empresas que querem reduzir o peso das parcelas, no decorrer do financiamento, pa-
gando menos por mês ao final do prazo. Já o Sistema Price é indicado para as pessoas
ou empresas que esperam aumentar a sua renda e, consequentemente, uma redução
relativa do custo da parcela em seu orçamento.
REFERÊNCIAS
1. ALMEIDA, Jarbas Thaunahy Santos de. Matemática fi- aplicada a produtos financeiros e à análise de investimentos.
nanceira. Rio de Janeiro: LTC, 2016. São Paulo: Saraiva, 2013. [Minha Biblioteca].
2. ASSAF NETO, Alexandre. Matemática financeira: edição 4. CASTELO BRANCO, Anísio Costa. Matemática financei-
universitária. São Paulo: Atlas, 2017. ra aplicada: método algébrico, HP-12C, Microsoft Excel®. 4.
3. CAMARGOS, Marcos Antônio de. Matemática financeira: ed. São Paulo: Cengage Learning, 2015.
90
5. FEIJÓ, Ricardo Luís Chaves. Matemática financeira com 8. OLIVEIRA, Gustavo Faria de. Matemática financeira
conceitos econômicos e cálculo diferencial: utilização da HP- descomplicada: para os cursos de economia, administração
-12C e planilha Excel. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015. e contabilidade. São Paulo: Atlas, 2013.
6. FERREIRA, Roberto G. Matemática financeira aplicada: 9. POMPEO, José Nicolau; HAZZAN, Samuel. Matemática
mercado de capitais, administração financeira, finanças pes- financeira. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. 3
soais. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2014. 10. PUCCINI, Abelardo de Lima. Matemática financeira: ob-
7. HOJI, Masakazu. Matemática financeira: didática, objeti- jetiva e aplicada. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
va e prática. São Paulo: Atlas, 2016. [Minha Biblioteca].
UNIDADE 4
ANÁLISE DE INVESTIMENTOS:
4 VALOR PRESENTE E PRESENTE
LÍQUIDO, TIR E PAYBACK
Para isso, temos alguns indicadores financeiros que podem mensurar e auxiliar, dentre
os quais, citamos: o valor presente líquido (VPL ou NPV), a taxa interna de retorno (IRR
ou TIR), o payback, dentre outros. Salientamos que as conceituações envolvendo o
VPL e a TIR foram apresentadas na terceira unidade.
Em outras palavras, isso nos prescreve que, compreender e se familiarizar com alguns indi-
cadores relacionados às situações de investimentos, se torna um diferencial para o mercado.
Para iniciarmos esse aparato, Almeida (2016) nos informa que a orçamentação de
capital é a nomenclatura dada ao procedimento de tomada de decisões para buscar e
adquirir ativos no âmbito do longo prazo. Com esse objetivo, existem diversas técnicas
ou métodos, convenções e critérios que são, frequentemente, utilizados na identificação
desse processo de decisão. Assim, denominaremos esses procedimentos de indicado-
res financeiros para mensuração da viabilidade econômica de projetos diversos.
92
Figura 01. Classificação dos indicadores financeiros.
INDICADORES ASSOCIADOS À
INDICADORES ASSOCIADOS
RENTABILIDADE DO PROJETO
AO RISCO DO PROJETO
(GANHO OU CRIAÇÃO DE RIQUEZA)
4
De acordo com Feijó (2015, p. 142), o valor presente líquido (VPL ou NPV), a taxa in-
terna de retorno (TIR ou IRR) e o payback são métodos, rotineiramente, usados para
mensurar a rentabilidade e analisar a viabilidade econômica das alternativas de investi-
mento em um primeiro momento.
Em termos matemáticos, podemos escrever que o NPV ou VPL de uma série de paga-
mentos é descrito pela fórmula característica a seguir:
Figura 01.
Para implementar na HP 12C os indicadores financeiros, você pode buscar as
seguintes referências de emuladores para computador, tablets e smartphones,
descritos a seguir:
Para computadores:
WEB 12C emulator. Disponível em: https://epxx.co/ctb/hp12c.html. Acesso em:
10 fev. 2020.
EMULADOR da Calculadora Financeira HP 12c. Superdownloads, [s.l.], 17
out. 2008. Disponível em: http://www.superdownloads.com.br/download/51/
emulador-da-calculadora-financeira-hp-12c/. Acesso em: 10 fev. 2020.
HP 12C Gold on-line - emulador da famosa calculadora financeira. Fazer Fácil,
[s.l., s.d.]. Disponível em: http://www.fazerfacil.com.br/calculadoras/hp12c.
html. Acesso em: 10 fev. 2020.
94
Para tablets e smartphones: você pode pesquisar por simulador da HP 12C
na sua loja de referência, de acordo com a marca de seu aparelho (Play Store
para Android ou Apple Store para IOS).
4
Vejamos alguns exemplos de aplicabilidade do cálculo do valor presente líquido bem
como de sua interpretação para o foco da caracterização da rentabilidade de projetos
diversos empresariais.
Assim, o valor NPV = R$ 3.293,17 descreve a diferença entre a soma dos valores
atualizados dos fluxos de pagamentos menos o valor do empréstimo em questão,
de R$ 10.000,00.
Solução: nesse caso, temos a seguinte disposição de passos, na HP 12C, para cada
um dos casos referenciados para a taxa de juros.
Dessa forma, como NPV = R$ 63.149,66, que é maior do que R$ 60.000,00 (pre-
ço à vista), a melhor opção seria a compra à vista. Se você também tivesse a
alternativa de aplicar seus recursos financeiros em um título de renda fixa em um
banco privado a uma rentabilidade de 3% ao mês seria mais interessante do que
a compra à vista.
96
O QUE APARECE DESCRIÇÃO
FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO
<f> <REG> 0,00 Limpa os registradores
Assim, para a taxa de juros igual a 3,5% ao mês, percebemos que NPV = R$ 59.966,38,
que é um valor muito próximo de R$ 60.000,00 (preço à vista), portanto, poderíamos
declarar que, nesse caso, seria indiferente comprar à vista ou a prazo com a taxa de
3,5% ao mês. Em outras palavras, temos aqui a presença da descapitalização do valor
que poderia ser investido de R$ 60.000,00.
Então, como NPV = R$ 57.139,16, que é menor do que R$ 60.000,00 (preço à vista), a
melhor opção seria pela compra a prazo. Ou, ainda, temos aqui a presença da descapi-
talização do valor que poderia ser investido de R$ 60.000,00.
Exemplo 3: a Bela Face Ltda é uma pequena empresa, situada no interior paulista,
que trabalha com produtos na área de cosméticos. Neste ano, ela iniciou, de forma
bem simples e estruturada, o seu processo de expansão para cidades próximas a sua
matriz. A partir desse contexto, vamos averiguar se o projeto da empresa Bela Face
Ltda, mostrado a seguir, pode ser aceito, considerando uma taxa de juros exponencial
na ordem de 8% ao mês.
Figura 04. Representação geométrica (diagrama de fluxo de caixa) do projeto da Bela Face Ltda.
2900=900+2.000
900
1 9 10 (meses)
8.000
98
Portanto, para averiguarmos se esse projeto é ou não atrativo, em termos de rentabili-
dade, devemos caracterizar o valor presente líquido (VPL ou NPV) e usar o critério de
tomada de decisão dele.
Para tal, solucionando no foco da HP 12C (cálculo do valor presente líquido), temos a
sequência de passos, conforme demonstrado a seguir: 4
Dessa forma, como podemos observar que o NPV = – 1.034,54 < 0, concluímos que o
projeto não deve ser aceito pela Bela Face Ltda, ou seja, ele não é, financeiramente
atrativo, para a empresa. Em termos práticos, a implementação do projeto não traria
nenhuma vantagem para a Bela Face Ltda, já que ele resultaria em prejuízo.
Exemplo 4: suponhamos que a empresa em que você trabalha como gestor financeiro
deseje realizar um determinado investimento na área de marketing e estratégia. Antes
de fazê-lo, você verifica se o investimento é ou não atrativo, financeiramente, conside-
rando uma taxa de juros composta no valor de 18% ao ano.
70000
10 (anos)
1
20000
200.000
100
Portanto, como o valor presente líquido é igual a NPV = 24.704,31 > 0, concluímos que
o projeto é atrativo, ou seja, ele é financeiramente, rentável para a sua empresa, logo,
deve ser implementado.
n
CFj
CF0 = Σ (1+i)
j=1 j
Figura 01.
É relevante comentarmos que, em linhas práticas do mercado financeiro e de análise
de investimentos, a taxa interna de retorno (IRR) iguala, no momento zero, o valor
presente das entradas (recebimentos) com o das saídas (pagamentos) previstas no
fluxo de caixa em questão. Em verdade, a taxa interna de retorno, nas operações
de empréstimos ou financiamentos ou de aplicações de recursos financeiros, nada
mais é do que a taxa de juros da operação em questão.
5.500
5.000
4.500
3.500
15.000
Castelo Branco (2015) indica que a HP 12C computa esse cálculo usando a função
<IRR> (que significa Internal Rate Return), que comparece nas teclas da memória
financeira dela. Nesse sentido, a sequência de passos para a caracterização da IRR é
apresentada na sequência.
102
Observemos que a taxa encontrada, IRR = 8,81% ao mês, seria a taxa necessária para
deixarmos equivalente o fluxo inicial (R$ 15.000,00) com a soma dos valores atualiza-
dos na data zero dos fluxos de pagamentos.
4500 <g> <CFj > 4.500,00 Valor dos fluxos do primeiro grupo
6500 <g> <CFj > 6.500,00 Valor dos fluxos do terceiro grupo
Deve ficar claro que a taxa IRR = 2,16% ao mês representa o custo efetivo da operação,
ou seja, a verdadeira taxa inserida na operação desse financiamento.
Figura 01.
A função <g> <CF0> da HP 12C guarda o valor do investimento inicial (valor
emprestado ou valor financiado) no registrador zero da calculadora (R0), enquanto
a função <g> <CFj> guarda os fluxos de caixa nos registradores R1, R2, R3, etc.
340
4 9 (meses)
0 86,92
104
Assim, a taxa de juros, IRR = 6,91% ao mês, descreve o efetivo custo da operação em
questão levando em consideração o prazo de diferimento. Em outras palavras, observe
que o prazo de carência (períodos em que não ocorrem pagamentos) faz com que o
custo efetivo fique maior.
Exemplo 9: uma pequena empresa da área de logística deseja ampliar a sua área de
atuação. Para isso, estuda a implementação de um novo projeto estratégico de migra-
ção para outros estados. Assim, temos as seguintes informações:
Figura 01.
Segundo Castelo Branco (2015, p. 128), temos que o valor residual descreve uma
entrada de caixa diferente das padronizadas no último momento da operação
financeira em questão.
4 Qual a taxa interna de retorno (IRR) anual desse investimento realizado pela empresa
da área logística?
106
Exemplo 10: um apartamento, em um bairro popular da cidade de Bragança Paulista
(SP), está sendo negociado por uma construtora por R$ 50.000,00 à vista ou liquidan-
do-se 30% desse valor no ato da assinatura do contrato e o restante em cinco paga-
mentos mensais, iguais e sucessivos, equivalentes a R$ 3.000,00, seguidos de mais
sete pagamentos mensais, iguais e sucessivos, de R$ 4.000,00. Qual o valor da taxa
4
de juros implícita inserida nessa operação de compra do apartamento em Bragança
Paulista (SP)?
Solução: o que deve ser evidenciado, em um primeiro momento é que a taxa implícita
de juros corresponde à taxa interna de retorno. Nesse caso, temos a seguinte disposi-
ção de passos, na HP 12C:
(-) Custo de Merc. vendidas 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
108
DRE ANO 0 ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5
(=) Fluxo de Caixa Líquido 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
A fim de facilitar o entendimento, temos que o lucro bruto se refere à receita total re-
tirada dos valores dos impostos, e o lucro operacional é o lucro bruto menos as várias
despesas que sem a depreciação chega-se ao lucro antes do imposto de renda, cha-
mado de lucro tributável. Quando retiramos do lucro líquido a amortização (pagamento
da dívida) e acrescentamos a depreciação, chegamos ao fluxo de caixa líquido, base de
toda a análise financeira. É importante salientarmos que esse não é um modelo único,
mas apenas uma referência que apresentamos para nossos estudos.
Para que um investidor tenha condições de aceitar (considerar viável) ou rejeitar (con-
siderar inviável) determinado projeto de investimento, é indispensável que ele tenha,
à sua disposição, um elemento de comparação. Esse elemento de comparação, de-
nominado Taxa Mínima de Atratividade (TMA), representa o custo de oportunidade
do capital investido, que pode corresponder à taxa de aplicação básica no mercado
(caderneta de poupança, títulos do tesouro etc.), no caso de pessoas físicas, e ao custo
médio ponderado do capital, no caso de empresas.
Figura 01.
A taxa de mínima atratividade (TMA) seria a melhor taxa para uma organização,
com baixo grau de risco associado, disponível para aplicação do capital em estudo
(adaptado de Assaf Neto, 2017).
Portanto, a tomada de decisão, com relação ao ato de investir, sempre terá pelo menos
duas alternativas a serem interpretadas pela empresa ou organização: investir no ca-
pital ou investir na taxa de mínima atratividade. Segundo Hoji (2016), é preciso ficar
claro que a definição de riqueza gerada deve levar em conta somente o que excedeu
sobre aquilo que a empresa já tem, isto é, o que será obtido além da aplicação do ca-
pital na taxa de mínima atratividade (TMA). Vale ressaltar que, cada indivíduo e cada
empresa, têm uma taxa mínima de atratividade diferente. No caso de empresas, essa
taxa varia de acordo com o seu ramo de negócio e com a sua estrutura de capital.
Figura 08. O critério da viabilidade de um projeto tendo como referência a taxa interna de retorno.
Selic;
Figura 01.
Em verdade, quando se comenta sobre investimento em nível empresarial
isso significa, em linhas contábeis, um desembolso feito com o intuito de gerar
um fluxo de benefícios futuros, frequentemente superior a doze meses. Além
disso, a grande área de aplicação dos métodos de investimentos empresariais
está associada ao mecanismo de obtermos indicadores usados na seleção
de alternativas de investimentos e, mais atualmente, na compreensão e
caracterização do impacto desses investimentos no EVA (Economic Value
Added) de departamentos de negócios.
Exemplo 11: uma empresa da área computacional cuja taxa de mínima atratividade,
após o imposto de renda, é de 12% ao ano, está averiguando a viabilidade financeira
de um novo investimento. O fluxo de caixa anual do projeto de investimentos em análise
está representado no DFC mostrado na Figura 09, a seguir:
110
Figura 09. Representação geométrica do diagrama de fluxo de caixa do exemplo.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
380
Por fim, podemos concluir que, tanto pelo valor presente líquido NPV (já que NPV = 80,14 > 0)
quanto pela taxa interna de retorno IRR (IRR = 16,19% a.a. > 12% a.a.), podemos comprovar
que o projeto em questão é atrativo para a organização, ou seja, ele deve ser implementado.
De outro modo, concluímos que o projeto em questão é rentável e apresenta um baixo risco.
O cálculo do payback simples é feito por meio de subtrações sucessivas entre o investimen-
to inicial e os respectivos retornos, até o momento em que os retornos superem o investi-
mento (inversão do sinal na operação). Se o resultado não for exatamente “zero”, estrutu-
ramos uma regra de três, simples, para calcularmos o tempo exato da inversão de sinal.
112
j FCj SALDO OU BALANÇO (Sj)
0 - R$ 150.000 - R$ 150.000
1 + R$ 60.000 - R$ 90.000
4
2 + R$ 60.000 - R$ 30.000
3 + R$ 60.000 + R$ 30.000
4 + R$ 60.000 + R$ 90.000
5 + R$ 60.000 + R$ 150.000
Solução: observe que, entre o segundo e o terceiro ano da vigência do projeto, a coluna
do saldo (balanço) mostra que o somatório dos fluxos de caixa se iguala ao investi-
mento inicial (o saldo passa de negativo para positivo). Para finalizar o cálculo do PBS,
elaboramos uma regra de três:
x ------ 30.000 (o prazo para o valor ser “zero” é x e o valor para se chegar ao zero é 30.000).
R$ 30.000 0,5 ano, que corresponde a 180 dias, portanto, o tempo de retorno
= do capital investido pelo PBS é de 2,5 anos.
R$ 60.000
6.2. PAYBACK DESCONTADO
O payback descontado (PBD) é similar ao payback simples. A diferença está no fato
de que antes de efetuarmos as subtrações sucessivas, de forma a encontrarmos o pra-
zo em que há inversão dos sinais do fluxo de caixa, é necessário calcularmos os valores
descontados a uma determinada taxa de mínima atratividade (TMA).
N
Va =
(1 + i)n
FC j R$ 60.000,00
Va 4 = = = R$ 38.131
(1 + TMA) (1 + 0,12) 4
SALDO OU
J FCj PVj DO FCj
BALANÇO (Sj)
0 - R$ 150.000 - R$ 150.000 - R$ 150.000
Observe que, entre o terceiro e o quarto ano da vigência do projeto, a coluna do saldo
(balanço) mostra que o valor presente dos fluxos de caixa se iguala ao investimento
inicial (o saldo passa de negativo para positivo). Para finalizar o cálculo do PBD, estru-
turamos uma regra de três conforme foi feito na PBS:
(somamos os valores,
38.131 (5.890 + 32.241) ------ 1 ano
pois é a diferença deles)
5.890 ------ x
x = 5.890/38.131
x = 0,15
114
Logo:
PBD = 3+0,15 = 3,15 anos, ou seja, 3 anos, 1 mês e 24 dias (tomado como base o
ano com 360 dias). Para chegarmos a 1 mês e 24 dias, são montadas regras de três
simples novamente.
4
7. ÍNDICE BENEFÍCIO-CUSTO (IB/C)
O índice benefício-custo é o indicador que permite encontrar a relação existente entre
o valor presente dos fluxos de caixa esperados (benefícios) e o investimento inicial
(custos). Entretanto, é um indicador que não deve ser utilizado isoladamente nem para
comparar projetos, pois pode nos induzir a uma seleção não adequada. O índice bene-
fício-custo, para projetos convencionais, é dado por:
[ FCj
[
n
Σ (1 + TMA)j
j=1
IB/C =
FC0
Observe que o IB/C nada mais é do que a soma dos retornos na data zero, divididos
pelo investimento inicial sem considerarmos o seu sinal. A fórmula apresentada facilita
o cálculo, que também pode ser feito isoladamente. Nesse caso, o cálculo poderia tam-
bém ser feito por série de pagamentos, pois os retornos são todos iguais e estão distri-
buídos de forma uniforme no tempo. Infelizmente, na prática, não é isso o que ocorre.
ELEMENTOS NOTAÇÃO
Índice benefício-custo IB/C
Períodos de avaliação n
[ [
n FCj
Σ
j=1 (1 + TMA)J
60.000
+
60.000
+
60.000
+
60.000
+
60.000
Podemos interpretar o índice 1,44 da seguinte forma: para cada unidade monetária (R$
1,00) investida no projeto, retornam à unidade monetária mais 0,44 centavos (R$ 0,44).
Figura 01.
Perceba que o cálculo também poderia ser realizado da forma como foi feito para o
cálculo do payback descontado, pois a lógica é a mesma.
÷ 150.000 Investimento
1,4419
116
O QUE APARECE DESCRIÇÃO
FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO
<PV> 216.286,5721 Somatória Série de Pagamentos
÷ 150.000 Investimento
4
1,4419
Em outras palavras, isso nos sugere que, para os projetos poderem ser direcionados
a uma comparação, é necessário que sejam comparáveis. Todavia, sendo o VPL uma
ferramenta útil para avaliar alternativas de investimento com base na rentabilidade, ele
não responde a todas as indagações sobre a vantagem econômica de uma alternativa
em relação à outra, que tenha duração prevista distinta.
Percebemos, no quadro, que a escolha pela taxa interna de retorno e pelo valor presen-
te líquido é discordante. Pela TIR, a alternativa A deveria ser escolhida, enquanto pelo
VPL, deveria ser a alternativa B.
Figura 01.
O procedimento citado no texto é denominado frequentemente no mercado financeiro
regra da cadeia. Os horizontes econômicos das duas alternativas são igualados em
alguma data futura que seja equivalente ao mínimo múltiplo comum (m.m.c.) dos
prazos de ambas (adaptado de Assaf Neto, 2017).
4
Na presente ilustração, os horizontes se equivalem no terceiro ano, após duas substi-
tuições do equipamento A.
Figura 10. Horizonte das alternativas A e B.
$13
0
1 Quais as consequências aqui? 3 Alternativa A
$10
$5
0
1 2 3 Alternativa B
$10
Horizonte econômico
Fonte: elaborada pelo autor.
1a substituição
- – R$10,00 R$13,00 -
de A
2a substituição
- - – R$10,00 R$13,00 -
de A
Fluxo de caixa
– R$10,00 R$3,00 R$3,00 R$13,00 R$4,97
líquido
Notemos que, sendo equivalentes os horizontes econômicos das duas alternativas, por
intermédio da repetição sucessiva da alternativa de menor duração, a alternativa A pas-
sa a ser mais aconselhável, dado que o VPL de A, com suas duas substituições, agora
é maior em relação ao VPL de B (R$4,97 > R$2,43).
118
econômicos das alternativas, pode resultar em decisões incoerentes com a maximiza-
ção do valor da organização.
Segundo Assaf Neto (2017), a anuidade equivalente (AE) pode ser calculada por meio
da seguinte expressão matemática:
AE = VPL
a n |K%
Onde:
n = prazo de alternativas;
VPL = R$1,82
AEA = a = R$ 2,00 / ano
1|10%
[ (1,10)1 - 1
(1,10)1 x 0,10 [
VPLB R$2,43
AEB = = = R$ 0,98 / ano
a3|10%
[ (1,10)3 - 1
(1,10)3 x 0,10 [
Como AEA é maior do que AEB , temos que a alternativa A é mais favorável. AE denota como
o VPL, criação de valor. Selecionamos a alternativa que gera mais valor por unidade de
tempo. A metodologia de AE não coloca, de forma explícita, a repetição das alternativas,
como o faz o processo de substituições sucessivas, mas sim de modo implícito.
4 De outro modo, a metodologia supõe, implicitamente, que as alternativas serão substi-
tuídas por outras equivalentes ao término de seu prazo. Essa hipótese poderá ser lógica
e terá alguma consistência, se a dinâmica das modificações tecnológicas do equipa-
mento for muito lenta e todas as outras condições permanecerem inalteradas.
Figura 01.
ROIA: é conhecido como retorno operacional sobre o investimento, sendo
encarado como o ganho extra obtido mediante determinado investimento (adaptado
de Ferreira, 2014, p. 98).
Índice IBC: é conhecido como sendo as expectativas de ganho por unidade de
capital investida no âmbito de tempo de todo o horizonte da operação (adaptado de
Oliveira, 2013, p. 104).
Ponto de Fischer: na ótica da análise de investimentos, o ponto de Fischer pode ser
encarado como a localidade em que é indiferente a escolha dos projetos (adaptado
de Pompeo, 2014, p. 110).
Para maiores detalhes e mais exemplos sobre tais indicadores, você pode pesquisar
em Puccini (2017, p. 118-143).
CONCLUSÃO
Vimos que os indicadores de mensuração da viabilidade de projetos empresariais po-
dem ser classificados segundo dois tipos, sendo que uma parte deles mensura a ren-
tabilidade do projeto em si (em que citamos o valor presente líquido), enquanto outros
descreve o risco associado ao projeto propriamente dito (em que citamos a taxa interna
de retorno). É importante ficar claro que, para tal abordagem, independentemente do
grupo em questão, se torna necessário o conhecimento pleno dos regimes de capitali-
zação, séries de anuidades e sistemas de amortização.
REFERÊNCIAS
1. ALMEIDA, Jarbas Thaunahy Santos de. Matemática fi- conceitos econômicos e cálculo diferencial: utilização da HP-
nanceira. Rio de Janeiro: LTC, 2016. -12C e planilha Excel. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
2. ASSAF NETO, Alexandre. Matemática financeira: edição 7. FERREIRA, Roberto G. Matemática financeira aplicada:
universitária. São Paulo: Atlas, 2017. mercado de capitais, administração financeira, finanças pes-
3. CAMARGOS, Marcos Antônio de. Matemática financeira: soais. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
Aplicada a produtos financeiros e à análise de investimen- 8. OLIVEIRA, Gustavo Faria de. Matemática financeira
tos. São Paulo: Saraiva, 2013. [Minha Biblioteca]. descomplicada: para os cursos de economia, administração
4. CASTELO BRANCO, Anísio Costa. Matemática financei- e contabilidade. São Paulo: Atlas, 2013.
ra aplicada: método algébrico, HP-12C, Microsoft Excel®. 4. 9. POMPEO, José Nicolau; HAZZAN, Samuel. Matemática
ed. São Paulo: Cengage Learning, 2015. financeira. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
5. HOJI, Masakazu. Matemática financeira: didática, objeti- 10. PUCCINI, Abelardo de Lima. Matemática financeira: ob-
va e prática. São Paulo: Atlas, 2016. [Minha Biblioteca]. jetiva e aplicada. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
6. FEIJÓ, Ricardo Luís Chaves. Matemática financeira com
120
4