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ALESSANDRO FERREIRA ALVES

MATEMática financeira e
análise de investimentos
MATEMÁTICA FINANCEIRA E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
Alessandro Ferreira Alves

2020
CASA NOSSA SENHORA DA PAZ – AÇÃO SOCIAL FRANCISCANA, PROVÍNCIA
FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL –
ORDEM DOS FRADES MENORES

PRESIDENTE
Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM
DIRETOR GERAL
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REITOR
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Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM
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PRÓ-REITOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO
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DESIGNER INSTRUCIONAL
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PROJETO GRÁFICO
Impulsa Comunicação

DIAGRAMADORES
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Ariane Soares
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CAPA
Daniel Landucci

© 2020 Universidade São Francisco


Avenida São Francisco de Assis, 218
CEP 12916-900 – Bragança Paulista/SP
O AUTOR
ALESSANDRO FERREIRA ALVES
Doutor em Matemática Aplicada pela Faculdade de Engenharia Elétrica e Computa-
ção (FEEC) da UNICAMP-SP no departamento de Telemática. Mestre em Matemática
Pura pelo Instituto de Matemática, Estatística e Computação (IMECC) da UNICAMP-
-SP. Licenciado em Matemática pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU-MG).
É coordenador do Curso de Licenciatura em Matemática e Licenciatura em Física do
Centro Universitário do Sul de Minas Gerais (UNIS-MG) desde o segundo semestre
de 2007. Atua como docente nas áreas de Matemática, Física, Estatística, Gestão
e Computação em diversos cursos de graduação e pós-graduação na modalidade
presencial e a distância. É membro do CONSELHO UNIVERSITÁRIO – CONSUN do
Grupo UNIS-MG desde o ano de 2009. Além disso, é professor autor no desenvol-
vimento de materiais para a modalidade a distância, tanto de cursos de graduação
como de pós-graduação. Tem experiência na modalidade de Educação a Distância
(EAD) desde o ano de 2005. De outra forma, atua em projetos de consultoria na área
de Finanças, Estatística Aplicada ao Mercado e ao Controle Estatístico de Processos
(CEP), e como revisor da revista SODEBRAS desde o ano de 2017. Salienta-se ainda
que tem experiência em programas de stricto sensu como professor de disciplinas e
orientador de dissertações de mestrado. Atualmente é avaliador do INEP/MEC para
cursos de graduação e pós-graduação nas áreas de Matemática e Física bem como é
membro titular do stricto sensu do Grupo UNIS-MG.X
SUMÁRIO
Caixas de destaques ......................................................................................................7
Unidade 01: Matemática Financeira: regimes de capitalização e taxas de juros............8
1. Interpretando os elementos básicos da Matemática Financeira..............................9
2. A importância da liquidez no âmbito da Matemática Financeira............................10
3. Princípios básicos e células fundamentais da Matemática Financeira..................12
4. Conhecendo o DiAgrama de Fluxo de Caixa (DFC)..............................................13
5. Descrevendo os Regimes de Capitalização...........................................................17
6. Aplicações dos Regimes de Capitalização na Gestão Financeira.........................18
7. Descrição das capitalizações usadas na Matemática Financeira..........................19
8. A Matemática Financeira no foco da HP 12C.........................................................20
9. Descrição formal das primeiras funções da HP 12C..............................................21
10. Implementando Algumas Funções Matemáticas Básicas na HP 12C.................25
Unidade 02: Valor presente e valor futuro (operações de desconto), juros simples e
juros compostos............................................................................................................32
1. Descrição formal do regime linear de juros (ou juros simples)..............................32
2. O valor futuro ou montante no regime linear de juros............................................35
3. Taxa proporcional e taxa equivalente no regime simples.......................................37
4. Formalizando a equivalência financeira nos juros simples....................................38
5. Regime de capitalização composto (ou juros compostos).....................................40
6. Descrição algébrica do regime exponencial de juros.............................................42
7. Interpretando taxas equivalentes no regime exponencial......................................46
8. Taxa nominal e taxa efetiva: o que são?................................................................48
9. Introdução aos descontos......................................................................................50
10. Tipologia de títulos e conceitos fundamentais......................................................51
11. Desconto simples.................................................................................................52
12. Descontos compostos e aplicações.....................................................................56
Unidade 03: Séries de pagamentos e sistemas de amortização..................................60
1. Aspectos introdutórios das séries de anuidades....................................................60
2. Conceitos básicos das séries de anuidades, pagamentos ou recebimentos.........61
3. Interpretando as séries de pagamentos iguais e antecipadas...............................67
4. Interpretando as séries de pagamentos variáveis..................................................71
5. As teclas de atalho CF0, CFj, Nj, NPV e IRR para análise de problemas envolven-
do as séries de pagamentos variáveis.......................................................................74
6. Introduzindo os sistemas de amortização..............................................................77
7. Conceitos preliminares envolvendo os sistemas de amortização..........................78
8. Sistema de Amortização Constante (SAC)............................................................78
9. Construindo a planilha do Sistema de Amortização Constante.............................79
10. Sistema Francês de Amortização (ou Tabela Price) ...........................................85
11. Sistema de Amortização Misto (SAM)..................................................................89
Unidade 04: Análise de investimentos: valor presente e presente líquido,
TIR e payback...............................................................................................................92
1. Aspectos introdutórios dos indicadores financeiros para a caracterização da viabi-
lidade de projetos organizacionais.............................................................................92
2. Valor presente líquido (VPL ou NPV) como indicador da rentabilidade
do projeto...................................................................................................................93
3. Conceituação formal da taxa interna de retorno (TIR ou IRR).............................101
4. A taxa interna de retorno como indicador associado ao risco de um
projeto empresarial...................................................................................................107
5. Fluxo de caixa e taxa de mínima atratividade......................................................108
6. Payback simples e payback descontado.............................................................112
7. Índice benefício-custo (IB/C)................................................................................115
8. O método da anuidade uniforme equivalente......................................................117
significado das
CAIXAS DE DESTAQUE
Importante entender!
É um espaço dedicado a entender os conceitos centrais do
conteúdo.

Para refletir
Espaço para questionamento sobre o assunto. Situação
hipotética para reflexão e compreensão sobre o tema estudado.

Exemplo
Momento para se apresentar uma situação real do assunto
trabalhado.

Pesquise
Apresentação de fontes para que o aluno explore mais
o conteúdo abordado. Serão apresentados: livros, sites,
reportagens, dissertações, vídeos, revistas, etc.

Glossário
Termos e siglas específicas sobre o tema tratado na unidade.

Leis
Lei ou artigo de extrema importância para o aprofundamento
do aluno.

Leitura fundamental
Livros e textos imprescindíveis para o desenvolvimento da
aprendizagem do aluno.

Sugestão de leitura
Apresentação de leituras interessantes para o aluno,
relacionadas ao tema.

Relembre
Pontos fundamentais que guiarão o aluno. São nortes que
o ajudarão a interpretar o texto.

Curiosidades
Fato, acontecimento histórico ou ponto curioso relacionado
ao tema abordado.

Saiba mais
Livros e textos imprescindíveis para o desenvolvimento
da aprendizagem do aluno.
Matemática Financeira: regimes de capitalização e taxas de juros

UNIDADE 1
1

MATEMÁTICA FINANCEIRA: REGIMES DE


CAPITALIZAÇÃO E TAXAS DE JUROS

Não é novidade para ninguém que vivemos em um mundo globalizado e extremamente


concorrido, onde percebe-se que a parte mais sensível, seja no aspecto pessoal ou
organizacional, é, sem dúvida nenhuma, o “bolso”. Em outras palavras, quando comen-
tamos situações que envolvem “dinheiro”, temos uma reação impulsiva e inquieta, já
que a saúde financeira é tudo.

Dessa forma, segundo Castelo Branco (2015, p. 5), em um primeiro instante, podemos
encarar a Matemática Financeira como sendo a parte da Matemática Aplicada, que
analisa as situações financeiras, ao longo da escala de tempo, ou seja, a Matemática
Financeira estuda a evolução do dinheiro, ao longo do tempo.

É importante salientarmos que, frequente- Figura 01. Aplicações cotidianas da mate-


mente, encontramos problemas em nosso mática financeira.
dia a dia pessoal ou profissional, que de-

Fonte: 123rf
pendem diretamente das conceituações e
métodos da Matemática Financeira. Alguns
exemplos são: quando financiamos um au-
tomóvel ou uma casa própria e desejamos
saber quanto pagaríamos, mensalmente,
pelas prestações desses financiamentos;
quando necessitamos saber qual o melhor
tipo de investimento (caderneta de poupan-
ça ou outro); quando desejamos computar qual o custo efetivo do nosso cartão de
crédito; ou, ainda, quando necessitamos interpretar os indicadores com relação à
rentabilidade e ao risco de investimentos. Em todas essas situações, usamos dire-
tamente e indiretamente os princípios da Matemática Financeira. Essencialmente
falando, ela se encontra presente no nosso dia a dia.

Deve ficar evidente que, para o pleno conhecimento e entendimento das operações
financeiras, precisamos utilizar ferramentas simples e de procedimentos mais sofistica-
dos. A título de ilustração, para as operações financeiras, que são mensuradas ao longo
do tempo, é necessário conhecermos uma das ferramentas primordiais da Matemática
Financeira: o Diagrama de Fluxo de Caixa (DFC). O DFC é uma espécie de represen-
tação dinâmica e simples envolvendo as movimentações financeiras, no decorrer da
escala de tempo da operação.

8
Figura 01.
Segundo Feijó (2015, p. 7), a representação de uma situação-problema 1
relacionando o valor inicial, o período de tempo e a taxa de juros é rotineiramente
denominada de fluxo de caixa.

Os temas abordados até aqui são de fundamental importância para compreendermos a


aplicabilidade da Matemática Financeira em nosso contexto atual.

Figura 01.
Conforme Almeida (2016), a Matemática Financeira é um ramo da Matemática
Aplicada que fundamentalmente interpreta o valor do dinheiro no horizonte do tempo.
Ela apresenta como alicerce básico as interpretações e comparações dos vários
fluxos de entrada e saída de dinheiro evidenciados em vários tempos ou períodos.

1. INTERPRETANDO OS ELEMENTOS BÁSICOS DA


MATEMÁTICA FINANCEIRA
A fim de inserirmos os primeiros elementos fundamentais para a construção de todo o
aparato envolvendo a Matemática Financeira e a Análise de Investimentos, tomaremos
como referência o seguinte exemplo introdutório:

Exemplo 1: se o seu cunhado, João Lucas, pedisse a você o valor de R$ 3.000,00


emprestado, para ser pago no início do próximo ano, você acharia a proposta atraente?
Independentemente do indivíduo e por melhor que sejam as intenções dele, é plausível
que tal operação financeira em um primeiro instante não lhe agrade.

Note que algumas inquietações poderiam surgir naturalmente, tais como:

 João Lucas realmente liquidará o empréstimo na data acordada?

 Será que, tendo tal quantia em mãos, seria possível você comprar algo agora? Isso
continuaria tendo o mesmo valor monetário no início do próximo ano? Ou sofreria modi-
ficações relevantes?

 Todavia, se continuasse com os R$ 3.000,00 em mãos, você poderia também resolver


algumas de suas necessidades básicas ou secundárias, ou até mesmo poderia aplicá-los
em algum fundo de investimento (renda fixa, caderneta de poupança, aquisição, fundo de
ações, tesouro nacional, etc.) gerando assim bonificações ou receitas.

Baseando-nos nas ponderações apresentadas, podemos observar que o ponto-chave da


Matemática Financeira se concentra na afirmação de que o dinheiro tem custo asso-
ciado ao tempo ou, ainda, que o dinheiro se modifica com o passar do tempo, gerando
remuneração, rendimento, ganhos, perdas etc.

De outro modo, devemos salientar que temos alguns fatores influenciam, de forma direta,
a preferência pelo dinheiro no momento atual (data de hoje). Dentre eles, listamos:

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 9


Matemática Financeira: regimes de capitalização e taxas de juros

1
Risco:
É notório que sempre teremos a possibilidade de as coisas fugirem do nosso al-
cance, ou seja, de não ocorrerem conforme esperamos (contas anormais, por
exemplo, podem surgir).

Utilidade:
Quando investimos um determinado valor em dinheiro, isso pode ser interpretado
como se estivéssemos deixando de comprar (consumir) agora para comprarmos no
futuro, que manifestamente só será atraente se tivermos algum tipo de compensação.

Oportunidade:
Independentemente do contexto, é sabido que os recursos financeiros estão cada
vez mais escassos ou limitados e, logo, a posse atual deles, na data de hoje, faz
com que, de alguma forma, aproveitemos as várias oportunidades de mercado
que podem aparecer (promoções diversas, liquidações etc.).

Figura 01.
O tempo é uma variável importantíssima para a Matemática Financeira, já que,
como comentamos anteriormente, o dinheiro tem custo associado diretamente ao
horizonte do tempo.

Segundo Assaf Neto (2017, p. 9), o valor do dinheiro no tempo está intimamente ligado à inter-
pretação de que seu valor varia com o passar do tempo, quer evidenciado por investimentos,
empréstimos, financiamentos etc. Assim, surge a ideia básica do termo juros, que é a remu-
neração que pagamos pelo aluguel de determinada quantia de dinheiro em um dado período.

2. A IMPORTÂNCIA DA LIQUIDEZ NO ÂMBITO DA


MATEMÁTICA FINANCEIRA
Já foi comentado que a Matemática Financeira tem como objetivo principal estudar o
valor do dinheiro no tempo. Como comparar tais valores na escala de tempo? Inicial-
mente, é interessante averiguarmos a conceituação de liquidez.

Segundo Ferreira (2014, p. 16), liquidez significa a capacidade que uma aplicação
financeira tem de se transformar em dinheiro. Dessa forma, quanto mais rápido o
resgate da aplicação ocorrer, maior será a liquidez.

Para melhor entendimento do conceito, vejamos mais uma questão ilustrativa.

Exemplo 2: você prefere receber R$ 1.000,00 hoje ou daqui a trinta dias? Se a sua
resposta foi hoje é porque, para o leitor, mil reais hoje tem um valor maior do que daqui
a trinta dias. Você já se perguntou o porquê disso?

10
Certamente, uma das razões é o que se convencionou chamar na Matemática Financeira 1
de preferência pela liquidez. E qual é a razão de darmos preferência pela liquidez? É
pela insegurança gerada, quando pensamos na possibilidade de, ao final dos trinta dias,
não contarmos mais com o dinheiro, ou ainda, de não contarmos com o mesmo poder
aquisitivo que o dinheiro pode nos proporcionar hoje.

Exemplo 3: Considere agora que um amigo está passando por um período financeiro
difícil e que você, em função de sua cautela, conseguiu juntar uma pequena reserva, ao
longo dos anos de trabalho. Você, portanto, tem condições de ajudar o seu amigo, em-
prestando-lhe uma parte de sua reserva financeira.

Suponha que retire parte dessa reserva, que deve estar aplicada em algumas das di-
versas alternativas de investimento, a quantia de R$ 5.000,00. Então, disponibiliza o
valor para o seu amigo enfrentar as dificuldades dele, que, como você espera, devem
ser momentâneas. Você disponibilizaria esse dinheiro para receber ao final de um ano
os mesmos R$ 5.000,00? Se a sua resposta foi sim, provavelmente, você preza muito
o valor da amizade. Entretanto, prudência é sempre necessária. Na primeira reflexão,
você considerou que preferiria receber mil reais hoje, ao invés de daqui a 30 dias, não
é isso? Então, deve empregar esse raciocínio quando o assunto for empréstimo, pois
você estará se privando do uso do capital que emprestará ao seu amigo. Imaginamos
que não queira explorar o seu amigo, mas também não deve descuidar do capital que
conseguiu obter com muito esforço.

Um cuidado que nos remete à definição apresentada inicialmente e que é uma das mais
importantes na Matemática Financeira: o conceito de juro. De acordo com Oliveira (2013,
p. 12), “[j]uro é a remuneração do capital empregado ou emprestado, podendo ser enten-
dido de uma forma simplificada, como o aluguel pago pela utilização do capital”.

No mercado financeiro, temos uma série de outros termos empregados, que estudaremos
ao longo de nossas unidades. Neste momento, chamamos a atenção para duas termino-
logias que comparecem muito em nosso cotidiano. São elas: inflação e deflação.

Figura 01.
Segundo Pompeo (2014, p. 34), inflação pode ser interpretada como a perda
do valor de compra de nossa moeda, ou seja, a perda do poder de compra
da nossa moeda.
Além disso, deflação denota a redução dos preços no contexto geral, ou seja,
representa nas entrelinhas o que acontece de forma contrária com a inflação.

Para exemplificar, imagine que você vá ao supermercado, este mês, com R$ 500,00 e
que compre X itens. Se retornar no mês seguinte com esses R$ 500,00 e só consegue
adquirir um número menor do que os X itens é porque tivemos a presença da inflação.
Contrariamente, teríamos a deflação.

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 11


Matemática Financeira: regimes de capitalização e taxas de juros

1 3. PRINCÍPIOS BÁSICOS E CÉLULAS FUNDAMENTAIS DA


MATEMÁTICA FINANCEIRA
Com base nas considerações anteriores, para trabalharmos com as diversas situações-
-problema, no contexto financeiro e da análise de investimentos, devemos alicerçar
as nossas interpretações em dois princípios, denominados de princípios básicos da
Matemática Financeira.

Princípio Básico 1 Princípio Básico 2:

Só podemos operacionalizar as ex-


Só podemos realizar a comparação
pressões algébricas da Matemática
de valores monetários (R$), se eles
Financeira, se os parâmetros en-
estiverem referenciados na mesma
volvidos estiverem referenciados na
data. Essa data é chamada comu-
mesma unidade de tempo (que pode
mente de data focal ou data de com-
ser mês, ano, dia, semestre, trimes-
paração ou data comum.
tre, quadrimestre etc.).

Jamais podemos nos esquecer desses dois princípios básicos, caso contrário, comete-
remos erros primários de interpretação e averiguação de cálculos financeiros. Especi-
ficamente falando, se trabalharmos com dada operação financeira e o período estiver
denotado em meses, devemos utilizar para os outros parâmetros, como para a taxa, a
unidade de tempo mês (taxa mensal de juros) e assim por diante.

De outra forma, segundo Puccini (2017, p. 21), é interessante observarmos que, inde-
pendentemente de como os juros (valor pago pelo aluguel do dinheiro em dado período)
são computados ou mensurados, temos que tais procedimentos são descritos com base
em alguns elementos fundamentais, rotineiramente, conhecidos como células funda-
mentais da Matemática Financeira. São elas:

Capital Inicial, Valor Presente, Principal ou Valor Atual:


Termo proveniente do inglês (Present Value – valor presente), que caracteriza
a quantidade de dinheiro que um indivíduo tem na data atual e que concorda
em investir ou emprestar para alguém ou para alguma instituição financeira,
durante certo tempo, com remuneração previamente acordada. Na literatura,
são utilizadas as seguintes notações: PV, P ou C. Adotaremos a notação PV.

Taxa de Juros:
Termo de origem inglesa (oriundo de interest rate – taxa de juros). Geralmente,
está diretamente associado a sua maneira de existência, ou seja, pode ser men-
sal, semestral, anual, trimestral, bimestral, diário etc. Além disso, é interessante
afirmarmos que, se expressarmos a taxa como “2% ao mês”, por exemplo, ela

12
1
estará na forma percentual, enquanto a expressão na forma “0,02 ao mês” re-
presenta a taxa na sua forma unitária. Utilizaremos a representação i.

Figura 01.
Para a descrição das operações algébricas no âmbito da Matemática
Financeira, utilizaremos a taxa na sua forma unitária, enquanto a
implementação numérica em alguns mecanismos específicos pode demandá-
la na forma percentual.

Juros:
Caracteriza o valor do que arcamos pelo aluguel do dinheiro no horizonte de
tempo de dada operação financeira. Em outras palavras, pode ser evidenciado
como a compensação que pagamos a um indivíduo ou instituição financeira que
ceda, de forma temporária, uma quantia de dinheiro. Para os juros, utilizaremos
a notação J.

Valor Futuro ou Montante:


Pode ser descrito matematicamente como o somatório do capital inicial mais os
juros computados durante o período de tempo. É a soma que tem como parcelas
o capital inicial e os juros. Termo proveniente do inglês Future Value. Usaremos
a notação FV ou M para representá-lo.

Tempo ou período de capitalização:


Denota a duração (meses, semestres, anos etc.) da operação financeira aborda-
da. Utilizaremos a simbologia n.

4. CONHECENDO O DIAGRAMA DE FLUXO DE CAIXA (DFC)


Já mencionamos, anteriormente, a relevância de conhecermos a ferramenta gráfica do
Diagrama de Fluxo de Caixa (DFC), que constitui uma importante disposição gráfica
para a interpretação de qualquer operação, no contexto da Matemática Financeira e da
Análise de Investimentos.

De modo geral, essa descrição geométrica trabalha, efetivamente, com as compara-


ções envolvendo as diversas entradas e saídas de caixa ao longo do tempo da ope-
ração interpretada. Antes de discutirmos em linhas específicas o DFC, vejamos uma
ilustração envolvendo tal representação gráfica.

Exemplo 4: sua herdeira quer uma boneca que custa R$ 100,00 à vista, mas que tam-
bém pode ser adquirida em duas prestações mensais (entrada no ato) no valor de R$
60,00. Se deixar de comprar à vista, você pagaria um valor muito maior? Qual seria a
taxa de juros nessa situação?

Solução: inicialmente, notemos que se trata de uma operação, até certo ponto, simples
e bastante frequente no dia a dia de quem tem filhos. Assim, poderíamos pensar, de
modo irracional e impulsivo, que se pagou R$ 120,00 (duas parcelas de R$ 60,00) para

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 13


Matemática Financeira: regimes de capitalização e taxas de juros

a boneca financiada no valor de R$ 100,00, com uma taxa de juros de 20%. Todavia,
1
apesar de aparentemente óbvio, o raciocínio não está coerente. Ao comprar e pagar a
boneca no valor de R$ 100,00 e considerando que já tenha realizado o pagamento de
R$ 60,00 (no ato), você financiou apenas a quantia de R$ 40,00, acordando com o pa-
gamento no valor de R$ 60,00 após 30 dias (ou após 1 mês). Portanto, a taxa de juros
incidente sobre a operação de compra da boneca será dada por:

50% = [(60/40 – 1) x 100%]

Por conta disso, torna-se essencial o conhecimento do Diagrama de Fluxo de Caixa.


Vejamos a Figura 02, a seguir, que nos mostra em linhas geométricas a argumentação
utilizada neste exemplo.

Figura 02. O Diagrama de Fluxo de Caixa da ilustração analisada.

R$ 100,00

R$ 40,00

0 1
0 1 Fluxo de caixa
líquido da operação

R$ 60,00
R$ 60,00 R$ 60,00

Fonte: elaborada pelo autor.

De modo específico, a representação gráfica tem como componentes principais: a


escala horizontal, além das entradas e saídas de dinheiro. Vejamos cada um deles
na sequência.

 A escala horizontal nos mostra o tempo, que pode ser visualizado em meses,
anos, semestres, bimestres, dias etc.

 Os pontos ilustrativos 0 e n são as posições relativas entre as datas de tempo. Pe-


culiarmente comentando, o 0 denota a data inicial, enquanto o ponto n descreve
o número de períodos corridos de acordo com a unidade de tempo empregada.

 As entradas de dinheiro nos mostram os recebimentos. Aqui sempre utiliza-


remos o sinal positivo, comumente denotado por setas apontadas para cima.

 De forma contrária, as saídas de caixa mostram os pagamentos. Assim, uti-


lizaremos sempre o sinal negativo para representá-las, descrito por setas
apontadas para baixo.

14
Figura 03. Convenções básicas do DFC.
1

Escala horizontal = tempo Entradas de dinheiro =


recebimentos

DFC
Entradas (setas
apontadas para cima)
Saídas de dinheiro =
pagamentos
Saídas (seta apontada
para baixo)

Fonte: elaborada pelo autor.

Para sermos um pouco mais precisos ao falar em linhas gráficas, vejamos os dois tra-
tamentos específicos que envolvem os diagramas de fluxo de caixa a seguir. Deve ficar
evidenciado que, na abordagem a seguir, temos o DFC para operações de empréstimo
e aplicação na visão da pessoa que toma determinada quantia emprestada e na visão
da pessoa que aplica dada quantia. Vejamos a Figura 04, a seguir.

Figura 04. Representações padronizadas do DFC usadas no mercado financeiro.

DFC DE UMA OPERAÇÃO DE EMPRÉSTIMO DFC DE UMA OPERAÇÃO DE APLICAÇÃO

FV = PV + J
(valor presente + juros)

PV (valor de empréstimo)

período de capitlização

0 n

período de capitlização

0 n

FV = PV + J
(valor presente + juros) PV (valor aplicado)

Fonte: elaborada pelo autor.

Vejamos mais algumas ilustrações específicas relacionadas ao DFC, no contexto de


operações da Matemática Financeira e da Análise de Investimentos.

Exemplo 5: um empréstimo realizado por Gustavo, no valor de R$ 500,00, em uma


instituição financeira, no início desse ano, deverá ser quitado mediante um pagamento
no valor de R$ 540,00, dentro do prazo de seis meses. Ele pode ser interpretado geo-
metricamente conforme nos mostra a Figura 05 (abaixo).

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 15


Matemática Financeira: regimes de capitalização e taxas de juros

Figura 05. Diagrama de Fluxo do empréstimo no valor de R$ 500,00 realizado por Gustavo.
1
R$ 500,00 (PV)

n = 6 meses
0

- R$ 540,00 (PV)

Fonte: elaborada pelo autor.

Exemplo 6: a microempresa AFA Consultoria estuda abrir um novo escritório em uma


cidade do interior paulista, o que demandará um investimento inicial de R$ 300.000,00.
Assim, os dispêndios anuais relacionados aos cinco anos de vida do negócio estão es-
timados em R$ 80.000,00 e as receitas, em R$ 200.000,00. Qual seria o diagrama de
fluxo de caixa associado a essa operação estudada pela AFA Consultoria?

Solução: nesse caso, primeiramente, vamos mostrar a descrição geométrica (DFC bru-
to) relacionada ao investimento estudado pela empresa AFA Consultoria, como segue.
Para tal, vejamos a Figura 06.
Figura 06. Diagrama de Fluxo de Caixa bruto do estudo da AFA Consultoria.
R$200.000,00
R$200.000,00

R$200.000,00

R$200.000,00

R$200.000,00

0 1 2 3 4 5 n
- R$80.000,00

- R$80.000,00

- R$80.000,00

- R$80.000,00

- R$80.000,00

- R$300.000,00

Fonte: elaborada pelo autor.

16
Com base na representação anterior (Fig. 07), nesse momento, podemos realizar o 1
contrabalanceamento das entradas e saídas de caixa, obtendo assim o diagrama de
fluxo de caixa líquido de tal operação, como pode se observar na Figura 07.
Figura 07. Diagrama de Fluxo de Caixa líquido do estudo da AFA Consultoria.

R$120.000,00

R$120.000,00

R$120.000,00

R$120.000,00

R$120.000,00
0 1 2 3 4 5 n

- R$300.000,00

Fonte: elaborada pelo autor.

5. DESCREVENDO OS REGIMES DE CAPITALIZAÇÃO


Já foi comentado que, o que se paga pelo aluguel do dinheiro, ao longo do tempo, é uma
espécie de compensação ou remuneração, que no linguajar próprio da Matemática Finan-
ceira denominamos de juros. Nessa abordagem, temos duas formas para a consideração
da evolução do dinheiro ao longo do tempo: o Regime de Capitalização Simples, Re-
gime de Capitalização Linear (RCS) ou Juros Simples, e o Regime de Capitalização
Composto, Regime de Capitalização Exponencial (RCC) ou Juros Compostos.

Todavia, antes de descrevermos as primeiras propriedades dos regimes específicos de


capitalização, definamos o significado da terminologia Regime de Capitalização.

Figura 01.
Denominamos de Regime de Capitalização o esquema pelo qual computamos
o juro associado a uma quantia quando aplicada ou tomada emprestada,
durante certo período de tempo.

De acordo com Assaf Neto (2017, p. 18), podemos evidenciar as características funda-
mentais dos dois regimes de capitalização das seguintes formas:

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 17


Matemática Financeira: regimes de capitalização e taxas de juros

1 Regime de Capitalização Simples (RCS):

Possui comportamento linear, ou seja, cresce segundo uma progressão aritméti-


ca (PA). Em outras palavras, nesse regime, os juros crescem linearmente com o
passar do tempo. Fundamentalmente, aqui, os juros são caracterizados apenas
sobre a quantia inicial da dada operação financeira (seja ela empréstimo ou apli-
cação), isto é, sobre o valor presente.

Regime de Capitalização Composto (RCC):

Tem comportamento geométrico ou exponencial (equivalente a uma progressão ge-


ométrica – PG). No regime de juros compostos, os juros são computados não ape-
nas sobre a quantia inicial (PV), mas também, nos valores acumulados até o período
imediatamente anterior. No linguajar popular surge a expressão “juros sobre juros”.

6. APLICAÇÕES DOS REGIMES DE CAPITALIZAÇÃO NA


GESTÃO FINANCEIRA
Já sabemos sobre os pontos que caracterizam, de modo primário, as distinções entre os
dois regimes de capitalização. Logo, na prática de mercado financeiro que envolve a Ma-
temática Financeira e a Análise de Investimentos, eles também apresentam relevantes e
diferentes aplicabilidades.

Conforme Assaf Neto (2007, p. 21), os juros simples apresentam aplicações bem restritas
(ou peculiares) e limitadas, visualizadas essencialmente nas operações financeiras do curto
prazo. Isso nos mostra que os juros simples são, frequentemente, empregados nas situa-
ções da gestão financeira que apresentam prazos reduzidos, sendo que não costumam
apurar o seu percentual de custo (ou rentabilidade) por esse regime, como acontece, por
exemplo, com o cheque especial, a caderneta de poupança e o cartão de crédito.

Figura 01.
Segundo Castelo Branco (2015, p. 23), nas taxas praticadas no mercado
financeiro, temos algumas taxas referenciadas no regime linear, como
o que acontece com a taxa proporcional, todavia a caracterização dos
montantes envolvendo custos efetivos e rentabilidades efetivas, levamos
em consideração o comportamento exponencial. Assim, quando falamos
especificamente que a caderneta de poupança recompensa anualmente a
uma taxa de juros de 6% ao ano para seus investidores, creditando todo mês
o rendimento proporcional de 0,5% (6% / 12 = 0,5% a.m.), usamos a ideia da
taxa proporcional ao período de capitalização (mês a mês), entretanto, para
o cômputo da rentabilidade efetiva, temos de utilizar o regime composto de
juros. Aqui temos que a taxa referenciada para essa operação é linear, mas
os rendimentos são caracterizados com base no regime exponencial de juros,
ocorrendo ao longo dos meses, juros sobre juros.

18
De outro modo, quando tratamos sobre a aplicabilidade dos juros compostos, temos 1
que ele é utilizado em larga escala no mercado financeiro, sendo que as operações se
baseiam efetivamente no regime composto de juros. Dentre elas, citamos: cartão de
crédito, financiamentos de carros, crédito imobiliário, cheque especial etc. Aqui, temos
os cálculos sendo caracterizados de forma exponencial.

É interessante sabermos que, tecnicamente, o regime composto é mais correto do que


o regime linear de juros. Por conta disso, ele apresenta grande aplicabilidade nas ope-
rações do mercado financeiro, seja nacionalmente ou não.

Os juros simples são usados na gestão financeira em operações do âmbito do


curto prazo, enquanto os juros compostos são amplamente usados inclusive para
a descrição do comportamento dos índices de preços da economia brasileira e
mundial. No mercado financeiro, entendemos por curto prazo um período inferior
a um ano, enquanto o de longo prazo é aquele superior a um ano.

7. DESCRIÇÃO DAS CAPITALIZAÇÕES USADAS NA


MATEMÁTICA FINANCEIRA
Já foi visto que o regime de capitalização pode ser interpretado como o processo pelo
qual os juros são formados, bem como incorporados ao valor inicial ou ao principal (ou
capital inicial). Em outra direção, temos dois tipos específicos de capitalização. Você os
conhece? Vamos identificar tais capitalizações?

Em verdade, quando se fala da interpretação das operações e situações no contexto fi-


nanceiro, surge o que chamamos de formas de capitalização, que também são classifica-
das em dois tipos. São elas: a Capitalização Contínua e a Capitalização Descontínua.

Neste sentido, diferenciamos as duas como segue:

Capitalização Contínua:
Para esse tipo de capitalização, o processamento se dá em intervalos de tempo
muito reduzidos, fundamentalmente, entendidos por intervalos infinitesimais, ou
seja, apresentam grande continuidade de capitalização.

Capitalização Descontínua:
Aqui temos a capitalização sendo alicerçada em períodos de tempo discretos,
isto é, para essa tipologia de capitalização os juros são formados apenas ao final
de cada período de tempo. Este é o tipo que visualizamos nas operações usuais
do mercado financeiro, tais como caderneta de poupança, cartão de crédito, che-
que especial etc.

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 19


Matemática Financeira: regimes de capitalização e taxas de juros

1 Você conseguiria imaginar o gasto que um filho poderia trazer aos seus pais ao
final dos seus primeiros 24 anos de estudo? Em verdade, se tomarmos como
referência um gasto médio mensal no valor de R$ 2.000, temos que, com base
nas conceituações e métodos da Matemática Financeira, nos primeiros 24 anos
de vida um filho dá um gasto de aproximadamente R$ 1.200.128,00.

8. A MATEMÁTICA FINANCEIRA NO FOCO DA HP 12C


Neste instante, estamos interessados em apresentar e aplicar algumas das funções
básicas na principal ferramenta de implementação dos procedimentos da Matemática
Financeira e Análise de Investimentos, que é a calculadora HP 12C. Este aparato é fun-
damental para simplificarmos o cálculo da solução de problemas no cunho financeiro.

Discutiremos, assim, a resolutiva de aplicações envolvendo porcentagem: porcentagem


sobre o total, bem como problemas relacionados às funções matemáticas básicas.

Ressaltamos que a principal diferença entre a HP 12C e as nossas calculadoras tra-


dicionais (científicas) é precisamente o mecanismo de entrada de dados, já que, na HP
12C, esse processo se baseia na Notação Polonesa Reversa (NPR), expressão oriun-
da do inglês (Reverse Polish Notation). Nela, primeiramente, entramos com os dados e,
depois, com o sinal da operação desejada.

Figura 08. Os modelos atuais da calculadora HP 12C.

Fonte: www.hp.com

Segundo Hoji (2016, p. 23), a HP 12C é um dos principais instrumentos financeiros dis-
ponibilizados no mercado. Criada na década de 80, mais precisamente no ano de 1981,
é considerada uma das calculadoras mais antigas e está entre os elementos da família
HP originada naquela década.
Figura 09. A família HP12C criada nos anos 1980.

HP 12C

HP 11C

HP 15C

HP 16C

HP 10C

Fonte: elaborada pelo autor.

20
Além disso, é relevante salientarmos de início que suas características essenciais le- 1
vam em consideração o fato de ter mais de 120 funções específicas para a gestão de
negócios, que também nos permite trabalhar, simultaneamente, com 20 Diagramas de
Fluxo de Caixa. É interessante também comentarmos que, atualmente, temos simu-
ladores gratuitos da HP 12C para computadores, bem como diversos aplicativos para
smartphones e tablets.

Figura 10. Propriedades operacionais e essenciais da HP 12C.

Apresenta mais de 120 funções específicas para a área de negócios

Trabalhamos simultaneamente com 20 DFCs

Utiliza a Notação Polonesa Reversa (NPR): entrada mais rápida de dados

Fonte: elaborada pelo autor.

9. DESCRIÇÃO FORMAL DAS PRIMEIRAS FUNÇÕES DA HP 12C


Com o objetivo inicial e básico de nos familiarizarmos com a HP 12C, poderíamos nos
indagar: como proceder para averiguar se a minha HP 12C está em perfeitas con-
dições? Para respondermos a tal indagação, com a calculadora desligada, devemos
pressionar e segurar a tecla X; em seguida, pressionamos a tecla ON e então soltamos
o X. Logo, aparecerá running no visor e depois –8,8,8,8,8,8,8,8,8,8, mostrando que a
calculadora em questão está em condições normais. Contrariamente, se essa sequên-
cia não aparecer no visor significa que a calculadora está com algum problema.

Adicionalmente, Camargos (2013, p. 34) aponta que:

 O que diferencia efetivamente a HP 12C das demais calculadoras científicas é


exatamente a maneira de inserirmos os dados.

 As calculadoras cientificas descrevem os cálculos de modo direto, ou seja, se-


guindo naturalmente os procedimentos operacionais matemáticos.

 Exemplificando, para caracterizarmos a soma envolvendo os números 5 e 4


(5 + 4) na HP 12C, inicialmente entramos com o valor 5, a seguir, com a tecla
ENTER e com o valor 4 e, por fim, clicamos em <+> e o resultado 9 aparece no
visor da calculadora.

Além disso, pontuamos que a HP 12C tem quatro memórias (X, Y, Z e T), chamadas de
memórias principais, que funcionam como uma espécie de tambor rotativo. Dessa manei-
ra, a memória X é aquela cujo conteúdo está aparecendo no visor. Todas as operações
aritméticas são efetuadas tendo como referência os conteúdos das memórias X e Y.

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 21


Matemática Financeira: regimes de capitalização e taxas de juros

Figura 11. As quatro memórias principais da HP 12C.


1

Memória X Memória Y

Memórias:
tambor rotativo

Memória T Memória Z

Fonte: elaborada pelo autor.

A tecla <ON> serve para ligarmos ou desligarmos a HP 12C, enquanto a função <CHS>
troca o sinal do número que aparece no visor (importante para a questão envolvendo
entrada e saída de caixa por meio do diagrama de fluxo de caixa identificado). Ilustran-
do, se tivermos o interesse de trocar o sinal do número 76, procedemos do seguinte
modo:

76 <CHS> resultando – 76 (no visor)

Outro ponto importante a ser comentado, teoricamente simples, é o fato de que a HP


12C pode operar com três tipos diferentes de funções, como acontece também nas
calculadoras científicas do nosso dia a dia. São elas:

01. Função Normal, escrita na face superior de cada tecla.

02. Função Amarela, <f>, escrita na parte superior de cada tecla.

03. Função Azul, <g>, escrita na face lateral inferior da tecla.

Figura 12. Tipologia de funções das teclas da HP 12C.

Tipos de Funções

Função normal Função amarela <f> Função azul <g>

Fonte: elaborada pelo autor.

A tecla <1/x> é usada para calcularmos o inverso multiplicativo de um número


real x, tal que x 0. Se acionarmos a tecla azul <g> e, a seguir, a mesma tecla <e>,
ela passará a realizar a função azul <e >.

22
De outro modo, a função <STO> serve para armazenarmos e operarmos com as 1
20 memórias fixas existentes na calculadora HP 12C, denominadas de memórias
secundárias. Tais memórias podem ser indexadas pelos dígitos de 0 a 9 ou fr .0
a .9. Além disso, a função <RCL> serve para chamarmos os valores das 20
memórias (0 a 9 ou .0 a .9) para o visor.

Vejamos mais algumas ilustrações iniciais envolvendo a parte básica da HP 12C.

Exemplo 7: armazenaremos os valores 98, – 180 e 459 nas memórias secundárias, e


indexadas pelos números 5, 7 e .2, escolhidos de modo aleatório e, na sequência, cha-
maremos novamente tais números. Para tanto, procedemos como segue:

98 <STO> 5

180 <CHS> <STO> 7

459 <STO> .2

Dessa maneira, para recuperarmos os valores armazenados nas memórias 5, 7 e .2 fazemos:

<RCL> 5 no visor aparecerá 98

<RCL> 7 no visor aparecerá – 180

<RCL> .2 no visor aparecerá 459

E qual seria o procedimento para limparmos algum valor digitado incorretamente na


HP 12C? Ou, ainda, como podemos limpar os diversos registros dela? O que é a sua
memória financeira? Para respondermos a essas perguntas, descrevemos a seguir as
teclas ou funções de limpeza constituintes na calculadora HP 12C.

FUNÇÃO <F> FUNÇÃO <F> FUNÇÃO <F> FUNÇÃO <F>


FUNÇÃO <CLX>
<FIN> <REG> <PREFIX> <PRGM>

Com tal função Com ela limpamos Aqui temos a função Com essa função Limpamos os pro-
limpamos o visor o conteúdo inserido que limpa por podemos cancelar o gramas que foram
(memória X da nas memórias completo os conte- prefixo amarelo <f> criados e armazena-
HP 12C). Deve financeiras, isto é, údos da memória ou o prefixo dos na HP 12C.
ficar evidente que ela coloca zeros principal, secundária azul <g>.
essa função limpa para as teclas <n>, e financeira. Ou
somente o conteúdo <i>, <PV>, <PMT> seja, com tal função
do visor e e <FV>. Ressalta- limpamos todos os
nada mais. mos que tal função registros armazena-
limpa apenas a linha dos na HP 12C.
financeira da
HP 12C.

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 23


Matemática Financeira: regimes de capitalização e taxas de juros

Figura 13. As teclas de limpeza na HP 12C.


1

CLX <f> <FIN> <f> <REG>

<f> <PREFIX> <f> <PRGM>

Fonte: elaborada pelo autor.

Não podemos nos esquecer de que, assim como acontece nas calculadoras científicas
tradicionais, as teclas <+>, <– >, <x> e <÷> servem para efetuarmos as operações arit-
méticas matemáticas.

Exemplo 8: vamos apresentar os cálculos envolvendo algumas operações usuais de


soma, diferença, multiplicação e divisão.

a. 12 + 49 + 5,8.

b. 37 – 12

c. 5,7 x 2,5

d. 58,2 2,6

e. 10 + (6 x 4) – 13

f. (10 + 7) x (15 – 8)

Solução: nesse caso, para computarmos os cálculos seguimos os procedimentos des-


critos a seguir:

a) 12 <ENTER> 49 <+> 5,8 <+>,


Aparece no visor o resultado final igual a 66,80.
b) 37 <ENTER> 12 <–>,
Aparece no visor o resultado final igual a 25.

c) 5,7 <ENTER> 2,5 <x>,


Aparece no visor o resultado final igual a 14,25.
d) 58,2 <ENTER> 2,6 <÷>,
Aparece no visor o resultado final igual a 22,38.

e) 10 <ENTER> 6 <ENTER> 4 <x> <+> 13 <–>,

24
1
Aparece no visor o resultado final igual a 21.

f) 10 <ENTER> 7 <+> 15 <ENTER> 8 <–><x>,

Aparece no visor o resultado final igual a 119.

Figura 01.
Para trocarmos o ponto pela vírgula na HP 12C, seguimos os passos:
- Desligue a calculadora.
- Com a calculadora desligada, pressione ao mesmo tempo as teclas ON e “.”
- Solte a tecla ON e logo após a tecla “.”

10. IMPLEMENTANDO ALGUMAS FUNÇÕES MATEMÁTICAS


BÁSICAS NA HP 12C
Apresentaremos nesse momento a implementação de algumas funções matemáticas
básicas e que são importantes na descrição de cálculos financeiras, envolvendo por
exemplo, a potenciação, radiciação e porcentagens.

Exemplo 9: vamos caracterizar na HP 12C os valores correspondentes aos números:


5 6 145/360 3 2
6 ; (1,09) ; (2,75) , (5 + 4) ÷ (8 + 5) .
Solução: neste caso, temos a seguinte disposição de passos na HP 12C.
Tabela 01. Exemplo 12.

O QUE APARECE
FUNÇÕES DESCRIÇÃO DA FUNÇÃO
NO VISOR?
Limpamos todos os registros
<f> <REG> 0,00
da calculadora

6 <ENTER> 5 <y > 7.776,00 Resultado de 65

<CLX> 0,00 Limpa o O que aparece no visor?

1.09 <ENTER> 6 <CHS> <y > 0,60 Resultado de (1,09)-6

<CLX> 0,00 Limpa o O que aparece no visor?

2.75 <ENTER> 2,75 A base

145 <ENTER> 360 <÷> <y�> 1,50 Resultado de (2,75)

<CLX> 0,00 Limpa o O que aparece no visor?

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 25


Matemática Financeira: regimes de capitalização e taxas de juros

1 O QUE APARECE
FUNÇÕES DESCRIÇÃO DA FUNÇÃO
NO VISOR?
5 <ENTER> 4 <+> 3 - -

<y�> 8 <ENTER> 5 <+> 2 <y�> <÷> 4,31 Resultado de (5 + 4)3 ÷ (8 + 5)2

Fonte: elaborado pelo autor.

Exemplo 10: vamos computar os resultados, por intermédio da HP 12C, dos números:

1 1/2 -1 / 6 7
, (1,35) ; (1,22) e .
4 56
Solução: nesse caso, temos a seguinte disposição de passos na HP 12C.
Tabela 02. Exemplo 13.

O QUE APARECE
FUNÇÕES DESCRIÇÃO DA FUNÇÃO
NO VISOR?
<f> <REG> 0,00 Limpamos todos os registros da calculadora

4 <1/x> 0,25 ¼ em fração decimal

<CLX> 0,00 Limpa o O que aparece no visor?

1.35 <ENTER> 2
1,16 (1,35)1/2 em fração decimal
<1/x> <y >

<CLX> 0,00 Limpa o O que aparece no visor?

1.22 <ENTER> - -

6 <CHS> <1/x> <y > 0,97 (1,22)-1/6 em fração decimal

<CLX> 0,00 Limpa o O que aparece no visor?

7 <ENTER> 56 <1/ 7
0,13 — em fração decimal
x> <x> 3 56
Fonte: elaborado pelo autor.

A porcentagem (%) permite que caracterizemos a porcentagem de um determinado


número. O símbolo (%) descreve uma fração com denominador igual a 100.

Exemplo 11: Alessandro é um típico brasileiro que sempre solicita algum tipo de des-
conto ou abatimento em algumas de suas compras. Assim, ao final do mês passado, ele
fez algumas pesquisas para a aquisição de um novo automóvel, sendo que, dentre as
várias ofertas que obteve, uma lhe atraiu mais atenção para com um abatimento. Espe-
cificamente, um automóvel que custaria R$47.590,00 a prazo estava com um desconto

26
de 18% se fosse pago à vista. Se Alessandro optou por tal oferta, quanto custou o carro 1
à vista para ele?

Solução: nesse caso, temos a seguinte disposição de passos.

Tabela 03. Exemplo 14.

FUNÇÕES O QUE APARECE NO VISOR? DESCRIÇÃO DA FUNÇÃO


Limpamos todos os registros da
<f> <REG> 0,00
calculadora
47590 <ENTER> 18 Valor de 18% de 47.590, ou seja, o
8.566,20
<%> valor do carro a vista para Alessandro
Fonte: elaborado pelo autor.

Exemplo 12: um eletrodoméstico adquirido pelo valor de R$ 980,00 foi vendido com
um lucro na ordem de 23% sobre o preço de compra. Qual o valor pelo qual o eletrodo-
méstico foi vendido?

Solução: nesse caso, temos a seguinte disposição de passos para a resolução do problema.
Tabela 04. Exemplo 15.

FUNÇÕES O QUE APARECE NO VISOR? DESCRIÇÃO DA FUNÇÃO


Limpamos todos os registros da
<f> <REG> 0,00
calculadora

980 <ENTER> 980,00 Preço de compra do eletrodoméstico

23 <%> <+> 1.205,40 Preço de venda do eletrodoméstico

Fonte: elaborado pelo autor.

Assim, observamos que o valor de R$ 1.205,40 representa o valor de compra acrescido


do lucro de 23% sobre o preço de aquisição do eletrodoméstico.

A porcentagem do total (%T) nos possibilita computar quanto um número representa,


percentualmente falando, em relação a outro número.

Exemplo 13: caracterizaremos em termos percentuais, o quanto 85 representa em re-


lação ao valor 214.

Solução: nesse caso, temos a seguinte disposição de passos para a resolução do problema.
Tabela 05. Exemplo 16.

FUNÇÕES O QUE APARECE NO VISOR? DESCRIÇÃO DA FUNÇÃO


Limpamos todos os registros
<f> <REG> 0,00
da calculadora
214 <ENTER> 85
39,72 Indica que 45 é igual a 30% de 150
<%T>
Fonte: elaborado pelo autor.

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 27


Matemática Financeira: regimes de capitalização e taxas de juros

Exemplo 14: Ricardo contraiu uma dívida que deve ser liquidada em quatro prestações
1
mensais. Dessa forma, considerando essa operação, caracterizaremos o valor da soma
das prestações R$ 1.550,00, R$ 3.450,00, R$ 4.720,00 e R$ 5.200,00 e a participação
percentual de cada uma delas no total das prestações. Cada um desses valores repre-
senta uma prestação de Ricardo na referida dívida contraída.

Solução: nesse caso, temos a seguinte disposição de passos para a resolução do


problema via HP 12C.
Tabela 06. Exemplo 17.

O QUE APARECE
FUNÇÕES DESCRIÇÃO DA FUNÇÃO
NO VISOR?
<f> <REG> 0,00 Limpamos todos os registros da calculadora

1550 <ENTER> 1.550,00 Valor da primeira prestação

3450 <+> 5.000,00 Soma da primeira e da segunda prestação

4720 <+> 9.720,00 Soma da primeira, da segunda e da terceira prestação

5200 <+> 14.920,00 Total

1550 <%T> 10,39 % da primeira prestação sobre o total

<CLX> 3450 <%T> 23,12 % da segunda prestação sobre o total

<CLX> 4720 <%T> 31,64 % da terceira prestação sobre o total

<CLX> 5200 <%T> 34,85 % da quarta prestação sobre o total

Fonte: elaborado pelo autor.

Observe que, com tal procedimento, podemos, nas entrelinhas de diversas operações
do mercado, computar quanto em linhas percentuais uma determinada quantia repre-
senta em um todo, assim sendo em algumas situações práticas, seja a nível pessoal ou
empresarial, nos deparamos com situações desse tipo.

A Diferença Percentual entre Dois Números (%) pode ser determinada na HP


12C a partir do momento em que digitamos o primeiro valor (valor antigo) e na
sequência o novo valor (valor atual).

Exemplo 15: se considerarmos que o preço de um equipamento, em maio de 2019, era


de R$ 230,00 e, em junho de 2019, passou a ser de R$ 274,00, vamos caracterizar a
variação percentual de preços desse referido equipamento.

Solução: nesse caso, temos a seguinte disposição de passos:

28
Tabela 07. Exemplo 18.
1
FUNÇÕES O QUE APARECE NO VISOR? DESCRIÇÃO DA FUNÇÃO
Limpamos todos os registros
<f> <REG> 0,00
da calculadora

230 <ENTER> 230,00 Valor antigo

274 <∆%> 19,13 % de aumento

Fonte: elaborado pelo autor.

Aqui, podemos observar que esse procedimento nos dá uma maneira de computarmos
os aumentos de preços ou até mesmo a redução de preços para que possamos deter-
minar facilmente índices relacionados à inflação e à deflação.

CONCLUSÃO
Vimos que a Matemática Financeira é um ramo da Matemática Aplicada que se preo-
cupa com a evolução do dinheiro ao longo do tempo, surgindo, assim, como uma im-
portante ferramenta de gestão para a maximização de resultados, sejam eles em nível
pessoal ou empresarial, no âmbito financeiro. Logo, a partir do estudo realizado nesta
unidade, temos que:

 Os juros são o que pagamos pelo aluguel do dinheiro ao longo do tempo;

 Os elementos fundamentais da Matemática Financeira são: PV, i, FV, n, J e PMT;

 O Diagrama de Fluxo de Caixa (DFC) é uma relevante disposição gráfica para


entendimento e interpretação mais detalhada, com relação às operações finan-
ceiras em geral;

 O montante ou valor futuro é calculado matematicamente como a soma envol-


vendo o valor presente e o valor do juro;

 O esquema pelo qual os juros são calculados é o que chamamos de regime de


capitalização. Temos dois tipos de regimes: o regime de capitalização simples, em
que os juros incidem apenas sobre a quantia inicial; e o regime de capitalização
composto, no qual os juros são calculados sobre o montante do período anterior;

 A HP 12C constitui uma importante ferramenta para a tratativa da resolução de


problemas de cunho financeiro.

REFERÊNCIAS
1. ALMEIDA, Jarbas Thaunahy Santos de. Matemática fi- 4. CAMARGOS, Marcos Antônio de. Matemática financei-
nanceira. Rio de Janeiro: LTC, 2016. ra: aplicada a produtos financeiros e à análise de investi-
2. ASSAF NETO, Alexandre. Matemática financeira: edição mentos. São Paulo: Saraiva, 2013. [Minha Biblioteca].
universitária. São Paulo: Atlas, 2017. 5. CASTELO BRANCO, Anísio Costa. Matemática financei-
3. HOJI, Masakazu. Matemática financeira: didática, objeti- ra aplicada: método algébrico, HP-12C, Microsoft Excel®. 4.
va e prática. São Paulo: Atlas, 2016. [Minha Biblioteca]. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2015.

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 29


Matemática Financeira: regimes de capitalização e taxas de juros

6. FEIJÓ, Ricardo Luís Chaves. Matemática financeira com descomplicada: para os cursos de economia, administração
1 conceitos econômicos e cálculo diferencial: utilização da HP- e contabilidade. São Paulo: Atlas, 2013.
-12C e planilha Excel. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015. 9. POMPEO, José Nicolau; HAZZAN, Samuel. Matemática
7. FERREIRA, Roberto G. Matemática financeira aplicada: financeira. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
mercado de capitais, administração financeira, finanças pes- 10. PUCCINI, Abelardo de Lima. Matemática financeira: ob-
soais. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2014. jetiva e aplicada. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
8. OLIVEIRA, Gustavo Faria de. Matemática financeira

30
1

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 31


Valor presente e Valor Futuro (Operações de Desconto), Juros Simples e Juros Compostos

UNIDADE 2

2
VALOR PRESENTE E VALOR FUTURO
(OPERAÇÕES DE DESCONTO), JUROS
SIMPLES E JUROS COMPOSTOS

1. DESCRIÇÃO FORMAL DO REGIME LINEAR DE JUROS (OU


JUROS SIMPLES)
Já vimos que o regime linear de juros ou juros simples são computados tendo como
referência apenas o valor inicial (valor presente, capital ou principal). Além disso, foi
colocado que os juros simples apresentam uma aplicabilidade restrita, no contexto do
mercado financeiro como um todo, particularmente, associado às operações do curto
prazo; em outras situações do mercado, ainda que de forma indireta, são utilizados
juntamente com alguns de seus conceitos derivativos, como acontece com a caderneta
de poupança.

É interessante mencionarmos que, frequentemente, os juros simples são calculados


de modo periódico, exatamente ao final de um período (mês, dia, ano etc.), de acordo
com o período de tempo previamente fixado diante de uma operação de investimento
ou empréstimo abordada.

Deve ficar evidenciado que, se temos uma taxa fixa e o aluguel do dinheiro é computado
tendo como referência o valor inicial, estamos diante do regime linear de juros.

Vejamos na sequência a descrição de modo intuitivo das principais expressões que envol-
vem o regime de juros simples e que serão o alicerce para a resolução de problemas diver-
sos via metodologia algébrica. Para tal, vamos considerar um exemplo inicial, como segue.

Exemplo 1: suponhamos que Carlos Henrique, com problemas de caixa nesse mês,
procure um banco privado a fim de efetuar um empréstimo no valor de R$ 2.000,00, e
que serão pagos 5% ao mês de aluguel por essa quantia. Dessa maneira, como pode-
mos caracterizar os valores relacionados dessa operação?

Para computarmos os valores dos juros que deverão ser pagos por Carlos Henrique ao
final do primeiro mês (primeiro período), inicialmente interpretamos que a taxa de juros
é igual a 5% e o valor presente, igual a R$ 2.000,00. Logo, basta calcularmos 5% de R$
2.000,00, ou seja:

Juros pagos por Carlos Henrique ao final do primeiro mês: (5%) x (R$ 2.000,00) x
(1) = (0,05) x (R$ 2.000,00) x (1) = R$ 100,00.

32
Lembremos que a transformação de 5% em 0,05 leva em consideração que o
símbolo % representa a fração com denominador igual a 100. Assim, quando ti-
2
vermos a % após o número, ressaltamos que ele equivale à fração .

De outro modo, no final do segundo mês, Carlos Henrique terá de pagar os juros dados
por % de R$ 2.000,00 multiplicado agora por 2 (por conta do segundo período), ou seja:

Juros pagos por Carlos Henrique ao final do segundo mês: (5%) x (R$ 2.000,00) x
(2) = (0,05) x (R$ 2.000,00) x (2) = R$ 200,00.

Seguindo esse raciocínio para o final do terceiro período ou terceiro mês, teremos:

Juros pagos por Carlos Henrique ao final do terceiro mês: (5%) x (R$ 2.000,00) x
(3) = (0,05) x (R$ 2.000,00) x (3) = R$ 300,00.

Logo, para um período n qualquer ou para o nº mês, temos que:

Juros pagos por Carlos Henrique ao final do enésimo mês: (5%) x (R$ 2.000,00) x
(n) = (0,05) x (R$ 2.000,00) x (n).

Figura 01.
Não podemos nos esquecer de trabalhar com os parâmetros n e i descritos na
mesma unidade (mês, ano, trimestre, etc.).

Nessa direção, com a ideia de generalização da descrição anterior, segundo Almeida


(2016, p. 21), podemos descrever como expressão característica para o cálculo dos
juros no regime linear a expressão matemática dada por:

J = PV x i x n

Onde:

J = valor dos juros expressos em unidades monetárias.

PV = capital. É o valor (em R$) representativo de determinado momento.

i = taxa de juros, expressa em sua forma unitária.

n = prazo.

De modo derivativo, se for de interesse caracterizarmos os parâmetros PV, i ou n, pro-


cedemos como segue:
J J J
PV = i x n i = PV x n n = PV x i

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 33


Valor presente e Valor Futuro (Operações de Desconto), Juros Simples e Juros Compostos

Vejamos mais alguns exemplos que ilustram a aplicação das expressões anteriores
vinculadas aos juros simples.
2
Exemplo 2: (adaptado de Assaf Neto [2017, p. 24]) – Alessandro realiza uma aplicação em
uma instituição financeira na ordem de R$ 30.000,00, durante o período de cinco meses a
uma taxa linear de juros de 3,5% ao mês. Quanto Alessandro obteve de rendimento?

Solução: para solucionarmos os problemas envolvendo o regime simples, primeira-


mente devemos interpretar os parâmetros conhecidos, bem como o parâmetro des-
conhecido, além de nos utilizarmos das expressões anteriores por comodidade. Aqui,
temos PV = 30.000 (valor presente), n = 5 meses (período), i = 3,5% ao mês = 0,035
a.m. (taxa de juros). Logo:

J = PV x i x n

J = 30.000 x 0,035 x 5

J = 5.250,00

Ou seja, Alessandro terá uma remuneração ou juro igual a R$ 5.250,00 com base em
tal operação.

Exemplo 3: (adaptado de Hoji, [2016, p. 30]) – um capital de R$ 2.500,00 é aplicado por


Cauã em um banco privado, durante o período de um ano, considerando uma taxa line-
ar de juros de 2% ao mês. Qual seria o valor dos juros simples obtidos nessa operação?

Solução: nesse caso, primeiramente, note que temos PV = 2.500 (valor presente), n =
1 ano = 12 meses (período), i = 2,0% ao mês = 0,02 a.m. (taxa de juros). É importante
reforçarmos que, como a taxa está dada em meses, temos de transformar o período em
meses. Daí, com base na expressão característica dos juros simples, vem que:

J = PV x i x n

J = 2.500 x 0,02 x 12

J = 600,00

Ou seja, o juro obtido por Cauã nessa operação de aplicação foi de R$ 600,00.

Exemplo 4: (adaptado de Camargos, [2013, p. 22]) – qual a taxa mensal de juros simples
que deve incidir em um capital para que ele duplique de valor no período de doze meses?

Solução: inicialmente, repare que, de acordo com o enunciado, o juro é igual ao próprio
capital inicial, ou seja, temos a equivalência J = PV. Logo, vem que:

34
J = PV x i x n
PV = PV x i x 12 2

PV
i=
PV x 12
1
i= = 0,83333...
12

Ou seja, a taxa será igual a 8,33% ao mês.

Figura 01.
Segundo Castelo Branco (2015, p. 24), na prática da gestão financeira chamamos
de ano comercial aquele que considera o mês com 30 dias e o ano com 360 dias.
Assim, o cálculo do juro é dito juro comercial ou ordinário.
De outro modo, pelo tempo exato, usamos fundamentalmente o calendário do
ano civil (365 dias) e, desta forma, o juro caracterizado aqui é dito juro exato.

Exemplo 5: ilustrando de forma peculiar, com base nos critérios apresentados, a taxa
de juros de 12% ao ano nos leva ao:

12%
Juro exato: = 0,032877% ao dia
365 dias

12%
Juro comercial: = 0,033333% ao dia
360 dias

Figura 01.
Com base no exemplo anterior, em um primeiro momento podemos pensar que
a diferença obtida entre as taxas pode ser considerada muito pequena ou até
mesmo desprezível. No entanto, para os cálculos financeiros, dependendo dos
valores associados, essa diferença pode resultar em quantias razoáveis e que
não podem ser desprezados em linhas monetárias.

2. O VALOR FUTURO OU MONTANTE NO REGIME LINEAR DE JUROS


É sabido que um capital inicial, quando sujeito a uma taxa periódica de juros por determi-
nado horizonte de tempo, gera um valor acumulado denominado de Montante ou Valor
Futuro, identificado no regime linear por FV ou M. Isso nos mostra que o valor futuro é a
soma das parcelas PV e J, ou seja, FV = PV + J x E, como no regime linear temos que J =
PV x i x n, obtemos a expressão característica do valor futuro no regime simples dada por:

FV = PV x (1 + i x n) ou M = C x (1 + i x n)

Deve ficar claro que o valor do capital inicial (PV) nessa expressão característica pode
ser visualizado como PV = FV . Além disso, Assaf Neto (2017, p. 39) nos diz que
(1 + i x n)

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 35


Valor presente e Valor Futuro (Operações de Desconto), Juros Simples e Juros Compostos

o fator (1 + i x n) é rotineiramente chamado de Fator de Capitalização (ou de Valor


Futuro – FCS) do regime linear de juros. De forma contrária, o inverso desse fator, ou
2 seja, 1 é chamado de Fator de Atualização (ou de Valor Presente – FAS).
(1 + i x n)
Vejamos alguns exemplos ilustrativos referentes ao que acabamos de apresentar com
relação ao valor futuro e expressões derivativas no âmbito dos juros simples.

Exemplo 6: (adaptado de Feijó, [2015, p. 28]) – Alessandro aplica R$ 18.000,00 à taxa


linear de juros de 1,5% ao mês, durante oito meses. Qual o valor resgatado ao final
desse período específico?

Solução: nesse caso, claramente, notamos que PV = 18.000, n = 8 meses e i = 1,5%


ao mês = 0,015 ao mês. Assim sendo, com a expressão característica do valor futuro
temos que:

FV = PV x (1 + i x n)

FV = 18.000 x (1 + 0,015 x 8)

FV = 18.000 x (1 + 0,12)

FV = 18.000 x 1,12

FV = 20.160,00

Ou seja, o valor resgatado por Alessandro é de R$20.160,00, ao final desse


período específico.

Exemplo 7: (adaptado de Feijó, [2015, p. 28]) Alessandro aplica certa quantia à taxa
linear de juros de 1,5% ao mês durante oito meses, resgatando ao final de tal período
R$ 20.160,00. Qual o valor aplicado por Alessandro?

Solução: nesse caso, notamos que FV = 20.160, n = 8 meses e i = 1,5% ao mês =


0,015 ao mês. Assim, com a expressão característica do valor futuro vem que:

FV = PV x (1 + i x n)

20.160 = PV x (1 + 0,015 x 8)

20.160 = PV x (1 + 0,12)

20.160 = 1,12 x PV
20.160
PV =
1,12
PV = 18.000

Ou seja, o valor aplicado por Alessandro é de R$18.000,00.

36
Figura 01.
Observe que, para os dois últimos exemplos, trabalhamos com a mesma expres-
são característica que relaciona PV, FV, i e n no regime linear de juros. Todavia, no 2
sexto exemplo computamos o valor de FV tendo o conhecimento de PV, enquanto
no sétimo exemplo calculamos PV conhecendo o valor de FV.

3. TAXA PROPORCIONAL E TAXA EQUIVALENTE NO


REGIME SIMPLES
É interessante pontuarmos que, para uma interpretação mais sucinta e objetiva do sig-
nificado das taxas proporcionais e equivalentes, precisamos ter em mente que qualquer
operação de cunho financeiro apresenta dois tipos de prazos, que são:

(1) O prazo vinculado à taxa de juros.

(2) O prazo de capitalização dos juros.

Vamos supor que Alessandro realize um empréstimo bancário sob a taxa de 24% ao
ano. Podemos notar que o prazo referente à taxa de juros é o ano. A seguir, identifica-
mos o período de ocorrência dos juros. Logo, ao referenciarmos que os encargos serão
computados sobre o valor presente apenas ao final de cada ano, os dois prazos consi-
derados apresentam as unidades idênticas.

Todavia, em diversas outras situações, esses prazos não estão associados à mesma uni-
dade de tempo. Ilustrando, é sabido que a operação da caderneta de poupança remunera
aos seus aplicadores a uma taxa de juros de 6% ao ano, que é utilizada ou capitalizada
ao capital inicial, mês a mês, por meio de um percentual proporcional de 0,5%. Note então
que aqui os dois prazos (o prazo da taxa e o prazo de capitalização) não são coinciden-
tes. Logo, descrevemos esses prazos diferentes na mesma unidade de tempo. Assim, ou
transformamos o prazo específico da taxa em prazo de capitalização ou, contrariamente,
o período de capitalização passa a ser descrito na unidade de tempo da taxa de juros.

Nesse sentido, devido ao seu próprio comportamento linear no âmbito dos juros sim-
ples, essa transformação é realizada por intermédio da taxa proporcional de juros.

A taxa proporcional de juros (também conhecida como taxa linear ou taxa


nominal) é a taxa computada a partir do quociente entre a taxa de juros utilizada
na operação financeira e o número de vezes em que incidirão os juros (número de
períodos de capitalização) (adaptado de Ferreira, 2014, p. 32).

Particularmente, para uma taxa de juros de 36% ao ano, se a capitalização for padroni-
zada mês a mês (ocorrerão 12 vezes juros no período de um ano), o percentual de juros
que indicará sobre o capital a cada mês será de:

Taxa proporcional = 36%


12 = 3% ao mês

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 37


Valor presente e Valor Futuro (Operações de Desconto), Juros Simples e Juros Compostos

Vejamos uma situação bem simples para fixarmos essa argumentação. Em verdade, com-
putemos os juros produzidos pelo capital de R$ 2.000,00, seguindo os dois casos a seguir:
2

 Taxa de 4% ao mês, durante 6 meses.

 Taxa de 12% ao trimestre, durante 2 trimestres.

No primeiro caso, observamos que:

{
PV = 2.000

n = 6 meses

i = 4% a.m. = 0,04 a.m.

Então,

J = 2.000 x 6 x 0,04 = R$480,00.

No segundo caso, notamos que:

{
PV = 2.000

n = 2 trimestres

i = 12% a.t. = 0,12 a.t.

Logo:

J = 2.000 x 2 x 0,12 = R$480,00

Como os juros produzidos são iguais, podemos dizer que 4% ao mês e 12% ao trimes-
tre são taxas equivalentes.

Nos juros simples, taxas proporcionais (nominais ou lineares) e taxas equivalen-


tes são consideradas a mesma coisa, sendo indiferente a classificação de duas
taxas de juros como proporcionais ou equivalentes, ou seja: juros simples: taxas
equivalentes ou taxas proporcionais.

4. FORMALIZANDO A EQUIVALÊNCIA FINANCEIRA NOS JUROS SIMPLES


De modo geral, já é sabido que a problematização da equivalência financeira funda-
mentalmente, constitui a argumentação básica da Matemática Financeira e da Análise
de Investimentos.

Capitais equivalentes
Falamos que dois ou mais capitais representativos de certa data são equivalentes
quando, a certa taxa de juros, produzem resultados iguais em uma data comum
(denominada data focal ou data comum de comparação).

38
Exemplo 8: verificaremos se R$ 438.080,00, identificado na data futura de 8 meses
(daqui a 8 meses), é equivalente ao recebimento de R$ 296.000,00 na data de hoje,
admitindo uma taxa de juros simples de 6% ao mês. 2

Solução: nesse caso, a interpretação do exemplo é mostrada na Figura 01 (abaixo).

Figura 01. Interpretação geométrica do Exemplo 8.

FV = 296.000 x (1 + 0,06 x 8) = 296.000 x (1 + 0,48) = 296.000 x (1,48)

R$ 296.000,00 R$438.080,00

0 8

438.080 438.080 438.080


PV= = =
(1=0,48) (1,48) (1+0,6 8)

Fonte: elaborada pelo autor.

Logo, devemos notar que:

FV = 296.000 x (1 + 0,06 x 8) = 296.000 x (1 + 0,48) = 296.000 x (1,48) = R$ 438.080,00

e
438.080 438.080 438.080
PV= = = = R$ 296.000,00
(1=0,48) (1,48) (1+0,6 8)

Dessa maneira, caracterizamos que R$ 296.000,00 hoje é equivalente a R$ 438.000,00


daqui a 8 meses, considerando uma taxa de juros linear igual a 6% ao mês.

Exemplo 9: uma dívida contraída por Alessandro no valor de R$ 48.000,00 vencerá


daqui a exatos 6 meses. Alessandro deseja resgatar a dívida quitando R$ 4.800,00
na data atual, R$ 14.000,00 de hoje a 2 meses, e o restante um mês após a data do
vencimento. Sendo o momento desse último pagamento definido como a data comum
de comparação dessa operação, e sabendo-se que é de 34,8% ao ano a taxa linear de
juros acordada, determine o montante do pagamento a ser feito por Alessandro.

Solução: nesse caso, a Figura 2, a seguir, nos mostra a interpretação geométrica da


situação, ou seja, o DFC da operação conforme discutido na primeira unidade.

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 39


Valor presente e Valor Futuro (Operações de Desconto), Juros Simples e Juros Compostos

Figura 02. Interpretação do DFC do Exemplo 9.

2 Dívida Original 48.000,00

4.800,00 14.000,00

0 2 6 7

Fonte: elaborada pelo autor.

Logo, com base na disposição anterior, escrevemos:

Data Focal: Momento 7 – devemos capitalizar todos os capitais (4.800,00, 14.000,00 e


48.000,00) para a data 7 (mês 7).

Logo:

48.000 x 1+( 0,348


12 )
x1 = 4.800,00 x 1+ ( 0,348
12
x7 ) + 14.000,00 x ( 1+
0,348
12 )
x5 + M

48.000 x 1+( 0,348


12 ) = 4.800,00 x ( 1+
2,436
12 ) + 14.000,00 x ( 1+
0,348
12 )
x5 + M

48.000 x (1 + 0,029) = 4.800,00 x 1,203 + 14.000,00 x 1+ ( 1,74


12 ) +M

48.000 x 1,029 = 4.800,00 x 1,203 + 14.000,00 x 1,145 + M


43.392,00 = 5.774,40 + 16.030,00 + M
M = R$27.587,60

Assim, concluímos que o valor único proposto por Alessandro, a fim de substituir
suas obrigações iniciais, é de R$ 27.587,60. Adicionalmente, notamos que tal va-
lor de R$ 27.587,60 é o que equivale às obrigações iniciais de Alessandro quando
comparado na data 7.

5. REGIME DE CAPITALIZAÇÃO COMPOSTO (OU JUROS


COMPOSTOS)
Já mencionamos que os juros simples são mensurados apenas sobre o valor inicial com
base em uma taxa previamente fixada. Contrariamente, também já comentamos que os

40
juros compostos são caracterizados sobre o valor futuro ou montante do período logo
anterior e, por conta disso, surge a antiga terminologia popular “juros sobre juros”.
2
Segundo Pompeo (2014, p. 32), no regime composto de juros, os juros são com-
putados a cada período e incorporados ao principal para a determinação dos juros
do período subsequente.

No regime composto de juros, considera-se que os juros formados em cada período de


tempo são agrupados ao capital, descrevendo então o valor futuro (capital mais juros)
daquele determinado período. Logicamente, esse referido valor futuro, por seu lado,
acumulará juros no próximo período, gerando um novo valor futuro (composto do capital
inicial, dos juros acumulados e dos juros sobre juros formados em períodos previamen-
te anteriores) e assim por diante.

Ressaltamos que, na maioria das operações que envolvem a gestão financeira, temos a
aplicabilidade do regime exponencial de juros, já que, na prática do mercado financeiro,
trabalhamos com operações em longo prazo. Nesse contexto, as operações de emprés-
timos, financiamentos, cartões de crédito, cheque especial, entre outros, se alicerçam
essencialmente nos juros compostos para os seus cálculos relacionados.

Para maiores detalhes sobre as aplicações envolvendo os juros compostos, você


pode pesquisar em Puccini (2017, p. 28 a 41), onde encontrará uma série de
ilustrações sobre o tema.

Adicionalmente, é interessante mencionarmos que, em termos técnicos, para a


prática da Matemática Financeira e Análise de Investimentos, o regime exponen-
cial de juros é superior ao regime linear de juros. Um dos motivos para isso ocorrer
se fundamenta exatamente na chance de fracionarmos os prazos associados, que
são utilizadas diretamente na gestão financeira e análise de investimentos (enten-
dimento em períodos discretos). Em verdade, quando estivermos no âmbito dos
juros compostos, podemos apurar a equivalência dos capitais, independentemen-
te da data em questão. Vejamos a Figura 3, que apresenta um comparativo gráfico
entre os dois regimes.
Figura 03. Comparativo geométrico entre os dois regimes.
Fonte: elaborada pelo autor.

Juros
Compostos

Juros
Simples

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 41


Valor presente e Valor Futuro (Operações de Desconto), Juros Simples e Juros Compostos

6. DESCRIÇÃO ALGÉBRICA DO REGIME EXPONENCIAL DE


2 JUROS
Já vimos que, no regime exponencial de juros, a mensuração dos juros transcreve sem-
pre de modo acumulativo. Com o objetivo inicial de entendermos esse comportamento
geométrico e nos familiarizarmos com as expressões específicas dos juros compostos,
consideremos o exemplo a seguir.

Exemplo 10: suponhamos que Cauã faça um investimento em um banco estatal no


valor de R$ 1.000,00, remunerado a 10% mensalmente no regime exponencial de juros.
Dessa maneira, com base nessa situação, podemos caracterizar os valores relaciona-
dos como segue:

Final do 1º mês: o capital de R$ 1.000,00 investido por Cauã nos leva ao rendimento
de R$ 100,00 (10% x R$ 1.000,00) e um valor futuro de R$ 1.100,00 (R$ 1.000,00 +
R$ 100,00). Dessa forma, podemos escrever a expressão: FV = 1.000,00 x (1 + 0,10)
= R$ 1.100,00.

Final do 2º mês: o valor futuro do mês anterior (R$ 1.100,00) é o capital para o 2º
período (mês), servindo de base para a descrição dos juros desse período a ser
recebido por Cauã. Logo, temos que FV = 1.000,00 x (1 + 0,10) x (1 + 0,10), ou
seja, FV = 1.000,00 x (1 + 0,10)2 = R$ 1.210,00. Notemos que o valor futuro obtido
por Cauã no 2º mês pode ser estratificado como:

R$ 1.000,00 capital aplicado por Cauã

R$ 100,00 juros referentes ao 1º mês (10% x R$ 1.000,00)

R$ 100,00 juros referentes ao 2º mês (10% x R$ 1.000,00)

R$ 10,00 juros sobre os juros produzidos no 1º mês (10% x R$ 100,00)

Final do 3º mês: seguindo o raciocínio anterior, mostrado nos dois primeiros pe-
ríodos, sem grandes dificuldades notamos que, para esse período, temos: FV =
1.000,00 x (1 + 0,10) x (1 + 0,10) x (1 + 0,10), ou seja, FV = 1.000,00 x (1 + 0,10)
= R$1.331,00.

Final do enésimo mês: generalizando a argumentação descrita para os primeiros


períodos ou meses, temos que o valor futuro aglomerado ao final do enésimo mês
é descrito pela expressão: FV = 1.000,00 x (1 + 0,10) x (1 + 0,10) x (1 + 0,10) x ...x
(1 + 0,10), isto é, FV = 1.000,00 x (1 + 0,10)n.

42
Portanto, temos que a expressão matemática característica dos juros compostos, asso-
ciando-se aos parâmetros n, i, PV e FV, pode ser vista sob a forma:
2
FV = PV x (1 + i) n

E, de modo derivativo, como:


FV
FV =
(1 + i)n
Aqui, dizemos que o fator (1 + i)n é o Fator de Capitalização (ou de Valor Futuro), - FCC
(i, n) a juros compostos, e o fator 1 é o Fator de Atualização (ou de Valor Presente)
– FAC (i, n) a juros compostos. (1 + i)n

Em termos geométricos, visualizamos essa contextualização como é mostrado na Fi-


gura 4 a seguir.
Figura 04. A movimentação do capital no horizonte de tempo dos juros compostos.

FV = PV x FCC ( i , n )

PV FV
n (escala de tempo)
PV FV

PV = FV x FAC ( i , n )

Fonte: elaborada pelo autor.

Se for de nosso interesse a descrição de uma expressão para o cálculo direto dos
juros no regime composto, basta partirmos de J = FV – PV que encontraremos a
expressão J = PV x [(1 + i) – 1].

Vamos trabalhar em alguns exemplos?

Exemplo 11: qual o valor de resgate de uma aplicação realizada por Alessandro, em
um banco privado, no valor de R$ 12.000,00 em um título pelo período de 8 meses com
base no regime exponencial a 3,5% a.m.?

Solução: conforme fizemos no caso dos juros simples, aqui também, inicialmente,
identificamos os parâmetros conhecidos e, e em seguida, averiguamos qual expressão
utilizar para a descrição do parâmetro desconhecido. A partir do exemplo, percebemos
que PV = 12.000,00, i = 3,5% ao mês = 0,035 a.m. e n = 8 meses. Logo, escrevemos:

FV = PV x (1 + i)n

FV = 12.000,00 x (1 + 0,035)8

FV = 15.801,71

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 43


Valor presente e Valor Futuro (Operações de Desconto), Juros Simples e Juros Compostos

Ou seja, o valor de resgate dessa aplicação é igual a R$ 15.801,71.

2 Vejamos agora como proceder com os cálculos, na HP 12C. Para tanto, temos a seguin-
te disposição de passos, na HP 12C.
Tabela 01. Exemplo 11.

O QUE APARECE DESCRIÇÃO


FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO
Limpa todos os registros da calcu-
<f> <REG> 0,00
ladora

12000 <CHS> <PV> -12.000,00 Insere o valor da aplicação

Insere o prazo da aplicação em


8 <n> 8,00
meses

Insere a taxa mensal de juros com-


3.5 <i> 3,50
postos da operação

Valor de resgate realizado por


<FV> 15.801,71
Alessandro

Fonte: elaborada pelo autor.

Deve ficar evidente que, para os cálculos na HP 12C, de acordo com a descrição
do DFC inserida na primeira unidade, devemos sempre trocar o sinal ou de PV ou
de FV, já que, se um é interpretado como uma entrada de caixa, o outro é enca-
rado como uma saída de caixa.

Exemplo 12: vamos descrever a taxa mensal composta de juros de uma aplicação de
R$ 40.000,00 realizada por Carla, ao final do ano passado, que gerou um valor acumu-
lado de R$ 43.894,63, ao final de um quadrimestre.

Solução: do exemplo, notamos que PV = 40.000,00, n = 4 meses e FV = 43.894,63.


Dessa forma, temos que:

FV = PV x (1 + i)n
3.894,63 = 40.000,00 x (1 + i)4

43.894,63
= (1 + i)4
40.000,00
1,097366 = (1 + i)4
4
√ 1,097366 = √ (1 + i)4
4

1,0235 = 1 + i
i = 0,0235 ou 2,35% ao mês

44
Ou seja, a taxa de juros mensal composta na operação financeira feita por Carla foi
igual a i = 2,35% ao mês.
2
Vejamos agora como proceder em relação aos cálculos, na HP 12C. Para isso, temos a
seguinte disposição de passos, na HP 12C:
Tabela 02. Exemplo 12.
O QUE APARECE DESCRIÇÃO
FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO
Limpa todos os registros da calcu-
<f> <REG> 0,00
ladora

Insere o valor da aplicação feita


40000 <CHS> <PV> -40.000,00
por Carla

Insere o prazo da aplicação em


4 <n> 4,00
meses

Insere o valor acumulado (valor


43.894,63 <FV> 43.894,63 futuro ou montante) obtido na
aplicação

<i> 2,35 Valor da taxa de juros

Fonte: elaborada pelo autor.

Exemplo 13: uma aplicação de R$ 22.000,00, realizada em certa data, produz o valor
futuro de R$ 26.596,40 a juros compostos de 2,4% ao mês. Qual o prazo relacionado a
essa operação financeira?

Solução: a partir do exemplo, percebemos que PV = 22.000,00, i = 2,4% ao mês =


0,024 a.m. e FV = 26.596,40. A partir disso, podemos escrever que:

FV = PV x (1 + i)n
26.596,40 = 22.000,00 x (1 + 0,024)n

26.596,40
= (1,024)n
22.000,00
1,208927 = (1,024)n
0,082400 = n x log(1,024)
0,082400
n=
log (1,024)
n = 8 meses

Portanto, o prazo da operação é igual a 8 meses.

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 45


Valor presente e Valor Futuro (Operações de Desconto), Juros Simples e Juros Compostos

A única maneira que temos de computar o prazo da operação financeira envol-


2 vendo o regime composto é usando o logaritmo decimal (de base 10). Em ver-
dade, ele constitui o único método disponível para isolarmos o parâmetro n na
expressão específica do regime composto.

Vejamos agora como proceder com os cálculos, na HP 12C. Para isso, temos a seguin-
te disposição de passos, na HP 12C:

Tabela 03. Exemplo 13.

O QUE APARECE DESCRIÇÃO


FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO
Limpa todos os registros da calcu-
<f> <REG> 0,00
ladora

22000 <CHS> <PV> -22.000,00 Insere o valor da aplicação

2.4 <i> 2,40 Insere a taxa de juros

26.596,40 <FV> 26.596,40 Insere o valor futuro ou montante

<n> 8 O prazo da operação (em meses)

Fonte: elaborada pelo autor.

Exemplo 14: vamos computar o juro pago por João Lucas envolvendo uma operação
de financiamento no valor de R$ 88.000,00 pelo período de cinco meses e a juros com-
postos de 4,5% ao mês.

Solução: observamos no exemplo que PV = 88.000,00, n = 5 meses e i = 4,5% a. m. =


0,045 a.m. Logo, temos que:

J = PV x [ (1 + i)n – 1]
J = 88.000,00 x [ (1 + 0,045)5 – 1]
J = 21.664,02
Ou seja, o juro pago por João Lucas para esse financiamento foi igual a R$ 21.664,02.

7. INTERPRETANDO TAXAS EQUIVALENTES NO


REGIME EXPONENCIAL
Já foi comentado que, no regime simples, duas taxas são chamadas equivalentes
quando são aplicadas a uma mesma quantia e geram resultados iguais. E no regime
exponencial? Como será? Aqui, no regime composto, continuamos com essa mesma
conceituação, todavia a maneira de cálculo é que se altera.

46
O fato se justifica essencialmente por conta de os juros compostos apresentarem uma
capitalização geométrica ou exponencial, então a taxa equivalente, no regime compos-
to, será mensurada pela média geométrica da taxa de juros inserida em todo o período. 2

Em linhas matemáticas, segundo Assaf Neto (2017, p. 44), a expressão específica para
a descrição da taxa equivalente composta é:
q
iq = √1+i-1
Em que temos:

q = número de períodos de capitalização.

iq = denota a taxa referente ao menor período.

i = denota a taxa referente ao maior período.

Vejamos dois exemplos que ilustram o cálculo da taxa equivalente composta.

Exemplo 15: qual a taxa semestral equivalente para juros compostos a 10% ao ano?
Vamos encontrá-la?

Solução: para resolvermos essa questão exemplo, inicialmente destacamos qual a


taxa de juros informada no exemplo, que nos levará à taxa da expressão de taxas equi-
valentes a ser computada. Assim, observemos que:

q = 2 (já que 1 ano = 2 semestres)

i = i = 10% ao ano = 0,1 a.a. [taxa anual (maior período)]

Logo, devemos encontra a taxa iq = i2 (taxa referente ao menor período). Logo, na ex-
pressão para taxas equivalentes, temos que:
q
√1+i -1 √1+i -1
2
iq = ou i2 =

i2 =√ 1 + 0,1 - 1
2
ou
i2 2
=√ 1,01 - 1
~
i2 = 1,04880 - 1 ou i2 = 0,04880 ou seja, i2 = 4,88% a.s. (ao semestre)

Então, concluímos que a taxa semestral equivalente para juros compostos a 10% ao
ano é dada, aproximadamente, por 4,88%.

Exemplo 16: caracterizaremos a taxa anual equivalente para juros compostos a


7% ao bimestre.

Solução: nesse caso, devemos encontrar o valor de i, pois o maior período em questão
é ano. Observemos também que, para o nosso exemplo, q = 6 (1 ano = 6 bimestres)
bem como iq = i6 = 7% a.b. = 0,07 a.b. Logo, utilizando-se da fórmula característica para
taxas equivalentes mostrada anteriormente, escrevemos:

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 47


Valor presente e Valor Futuro (Operações de Desconto), Juros Simples e Juros Compostos

√1 + i
6
√1 + i
q
iq = -1 ou i6 = -1
2
√1 + i
6
√1 + i
6
ou 1,07 =
√1 + i
6
0,07 = -1 ou 1 + 0,07 =

Elevando ambos os membros à potência 6, temos que:


6 6 6
(1,07) = ( 1 + i ) ou 1 + i = (1,07)6 ou i = (1,07)6 -1

i = 0,500730351 ou seja i ~
= 50,07% a.a. (ao ano)

Portanto, a taxa anual equivalente é de, aproximadamente, 50,07%.

Figura 01.
Deve ficar claro que, no regime composto, não podemos mais dividir ou multiplicar
a taxa como fazíamos no regime linear de juros para obtermos taxas equivalentes.

8. TAXA NOMINAL E TAXA EFETIVA: O QUE SÃO?


Em vários problemas do mercado financeiro, como ocorre com a caderneta de poupan-
ça, é necessário diferenciarmos taxa nominal de taxa efetiva de juros. Inicialmente,
percebemos que, quando falamos que a caderneta de poupança com aniversário na
data de hoje, gera 6% ao ano, isso não traduz a rentabilidade real dela, exatamente por
conta do entendimento da taxa nominal e da taxa efetiva de juros.

Na gestão financeira, quando mencionamos um custo efetivo (cartão de crédito, cheque


especial, financiamentos etc.) ou rentabilidade efetiva (caderneta de poupança, outros
meios de investimentos etc.), para que possa ser computado, em ambos contextos,
devemos considerar a taxa efetiva de juros.

Para sermos mais precisos ou mais específicos, conceituemos essas taxas.

Figura 01.
Taxa nominal de juros: falamos que uma taxa de juros é nominal quando a unida-
de do prazo de capitalização dos juros é distinto da unidade da taxa (adaptado de
Puccini, 2017, p. 54).
Taxa efetiva de juros: denominamos a taxa efetiva de juros como sendo a taxa
mensurada durante todo o período n, sendo caracterizada de modo exponencial
com base nos períodos de capitalização (adaptado de Puccini, 2017, p. 54).

Segundo Assaf Neto (2017, p. 46), a expressão específica para descrevermos a taxa
efetiva de juros pode ser vista como:

Taxa Efetiva (i ƒ ) = (1 + i)q -1

48
Em que temos:

i ƒ = representa a taxa efetiva de juros. 2


q = representa o número de períodos de capitalização dos juros.

i = taxa proporcional (ao período de capitalização).

Exemplo 17: (Um Caso Real – Caderneta de Poupança) – se comentarmos que a ca-
derneta de poupança, com aniversário na data de hoje, rende 6% ao ano (unidade da
taxa – anual), mas a sua capitalização é feita mês a mês, a juros compostos (unidade
da formação dos juros), a taxa de 6% ao ano é uma taxa nominal de juros, não evi-
dencia, dessa maneira, a sua rentabilidade real. Para a descrição da real rentabilidade
da caderneta de poupança em questão, torna-se necessário gerarmos a taxa efetiva,
da seguinte forma.

No caso apresentado, a taxa de juros de 6% é uma taxa nominal, já que a capitalização


é realizada mensalmente. De outra forma, notando que q = 12 (já que 1 ano = 12 me-
ses) e que i = 6% = 0,5% ao mês, escrevemos:
12

i
iƒ = (1 + q )q -1 ou iƒ = (1 + 0,06
12 ) -1
12
ou i ƒ = (1 + 0,05)12 -1

iƒ = 0,617 ao ano ou iƒ = 6,17% ao ano

Portanto, a rentabilidade efetiva da caderneta de poupança foi de 6,17% ao ano.

Exemplo 18: um banco estatal emprestou a quantia de R$ 8.000,00 a João para a aber-
tura de sua pequena empresa, durante o período de um ano, a uma taxa anual de 18%
ao ano, com capitalização bimestral. Qual a taxa efetiva anual e o valor futuro que será
devolvido por João, ao final do período?

Solução: nesse caso, percebemos que, como a capitalização é bimestral, podemos


dizer que q = 6 (1 ano = 6 bimestres) e i = 18% ao ano. Logo:

Taxa proporcional bimestral = 18% = 3% a.b. = 0,03 a.b.


6
Então:

Taxa efetiva = (i ƒ ) = (1 + i)q – 1 = (1 + 0,03)6 – 1 = 0,194

Assim, a taxa efetiva será de, aproximadamente, 19,4% ao ano. Na descrição do valor
futuro a ser devolvido por João, utilizamos a expressão característica dos juros compos-
tos, levando em consideração a taxa proporcional bimestral de 3% a.b., ou seja, temos
n = 1 ano = 6 bimestres, PV = 8.000 e i = 3% ao bimestre. Dessa forma, temos que:

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 49


Valor presente e Valor Futuro (Operações de Desconto), Juros Simples e Juros Compostos

FV = PV x (1 + i)n

2 FV = 8.000 x (1 + 0,03)6

FV = 9.552,42

Portanto, o valor futuro a ser devolvido por João será de, aproximadamente, R$ 9.552,00
e a taxa efetiva será de, aproximadamente, 19,4% ao ano.

9. INTRODUÇÃO AOS DESCONTOS


Você já solicitou algum tipo de abatimento ao comprar algum produto? Já pediu desconto
para pagar menos na antecipação de uma dívida de um empréstimo ou financiamento?

Nesse sentido, saberia interpretar de maneira formal o significado da terminologia descon-


to, em nosso cotidiano? Conseguiria distinguir os tipos de descontos que são praticados
no mundo dos negócios e operar com as suas características na resolução de problemas
envolvendo-os? Perguntas como essas ou similares é que responderemos neste momento.

Em verdade, Almeida (2016, p. 57) nos esclarece que desconto nada mais é do que
uma espécie usual de abatimento direcionado ao valor a ser pago por um título de cré-
dito com vencimento em data futura, por uma pessoa ou empresa a um banco ou outro
tipo de credor. A utilização direta desse abatimento pode ser feita com base no regime
linear de juros, surgindo os descontos simples, frequentemente, empregados nas si-
tuações do âmbito do curto prazo. Também pode ser alicerçada no regime composto de
juros, originando o que chamamos de descontos compostos.

Especificamente, no regime linear de juros, podem ser identificados dois tipos de des-
contos, que são:

 Desconto “por fora” (também chamado de desconto bancário ou descon-


to comercial).

 Desconto “por dentro” (também chamado de desconto racional).

É interessante ressaltarmos que a terminologia “desconto” faz parte do nosso cotidia-


no, seja em nível pessoal ou empresarial, principalmente, em períodos de dificuldades
financeiras ou limitação de quantidades financeiras, no sentido de ganharmos um aba-
timento, em relação a uma dívida a ser paga (empréstimo ou financiamento, por exem-
plo), antecipando o pagamento dela. Portanto, os descontos são aplicações rotineiras.

O desconto simples é uma aplicação vinculada diretamente à capitalização simples e


será o nosso objeto de estudo inicial na sequência. Todavia, primeiramente, descreve-
remos os tipos de títulos que podem comparecer nessas situações.

50
10. TIPOLOGIA DE TÍTULOS E CONCEITOS FUNDAMENTAIS
É relevante reconhecermos que, quando um indivíduo ou empresa adquire uma deter- 2
minada dívida que deverá ser paga em data futura, é rotineiro que o devedor ofereça ao
credor uma espécie de documento, comumente conhecido como título, que constitui a
comprovação direta da dívida em questão.

Dessa forma, segundo Assaf Neto (2017, p. 68), são exemplos específicos de títulos em
operações de crédito:

Nota promissória: Figura 05. Modelo de nota promissória.

Fonte: acervo do autor.


Usada entre pessoas físicas ou
entre pessoas físicas e bancos.
De modo geral, denota um título
de crédito que equivale a uma pro-
messa de pagamento em data futu-
ra. Tem, por exemplo, o valor nomi-
nal do título, a data de vencimento,
o nome e a assinatura do devedor.
Figura 06. Modelo de duplicata.
Duplicata:

Fonte: acervo do autor.


Usada por pessoa jurídica, em
função de uma pessoa física ou
jurídica, para a qual vendeu pro-
dutos a prazo ou prestou servi-
ços a serem quitados em data
futura (conforme contrato). Aqui,
podemos ter o aceite do cliente,
o valor nominal do título, a data
de vencimento etc.

Letra de câmbio:
Um tipo de título ao portador, lançado por um banco em operações de crédito dadas a
pessoas físicas ou jurídicas. Aqui, podemos ter o valor do resgate, por exemplo.
Figura 07. Modelo de letra de câmbio.
Fonte: acervo do autor.

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 51


Valor presente e Valor Futuro (Operações de Desconto), Juros Simples e Juros Compostos

Assim, observamos que, independentemente do título, todos apresentam uma data de


vencimento (data futura). Entretanto, a pessoa devedora poderá resgatar de maneira an-
2 tecipada, ganhando um abatimento que, no linguajar popular, é chamado de desconto.

De acordo com Assaf Neto (2017, p. 71), a teoria sobre descontos equivale a uma apli-
cação direta dos regimes de capitalização (juros). Logo, para a discussão da teoria se
faz relevante o conhecimento dos elementos básicos, que são: valor nominal, descon-
to e valor líquido. Vejamos a descrição de cada um deles a seguir.

Valor nominal:
Valor definido para o título de crédito em sua data de vencimento, isto é, o valor
futuro da operação.

Desconto:
Diferença entre o valor nominal do título e o seu valor líquido, descrito nos períodos
que antecedem o seu vencimento.

Valor líquido (valor descontado ou valor atual):


Valor atual na data do desconto, sendo formalmente visto como a subtração entre
o valor nominal e o desconto, ou seja, valor líquido = valor nominal – desconto.

É interessante salientarmos que os procedimentos algébricos envolvendo o desconto


podem ser realizados altivamente do regime de capitalização a ser considerado confor-
me visualizaremos logo a seguir.

11. DESCONTO SIMPLES


Segundo Assaf Neto (2017, p. 72), a teoria de descontos que leva em consideração
o regime linear de juros é aplicável, especificamente, para as operações do âmbito
de curto prazo, de modo contrário, os descontos pautados no regime exponencial são
utilizados para as situações que envolvem longo prazo. Particularmente comentando,
baseando-nos nos juros simples, temos dois tipos, supramencionados: o Desconto
"por fora" (desconto bancário ou desconto comercial) e o Desconto "por dentro" (ou
desconto racional).

Vejamos as principais propriedades deles a seguir.

11.1 DESCONTO POR FORA (OU DESCONTO BANCÁRIO OU DESCON-


TO COMERCIAL)
Assaf Neto (2017, p. 74), apresenta que o desconto por fora, desconto bancário ou
desconto comercial é aquele em que a taxa de desconto incide apenas sobre o valor
nominal. Esse tipo de desconto, no mercado financeiro, indica aplicabilidade voltada
para as operações de crédito comercial e bancário, no contexto do curto prazo.

52
Em linhas algébricas, as expressões envolvendo o cálculo do desconto bancário são muito
similares às que apresentamos no regime linear de juros. Dessa forma, se denotarmos os
elementos como segue, D = desconto, N = valor nominal, L = valor líquido recebido após o 2
desconto, i = taxa e n = período de tempo, pela natureza do desconto bancário, escrevemos:

D=Nxixn

Ou, ainda, podemos notar, sem grandes dificuldades, que:

L=N–Nxixn

Portanto:

L = N x (1 – i x n)

Vejamos dois exemplos acerca desse tipo de desconto.

Exemplo 19: caracterizaremos o desconto bancário que deverá incidir sobre um título
no valor de R$ 1.050,00, representando a obrigação de pagamento contraído por Ales-
sandro na aquisição de um eletrodoméstico, quitado noventa dias antes do vencimento,
a uma taxa de 2,5% a.m.

Solução: nesse caso, conforme trabalhado nos problemas envolvendo os regimes de


capitalização, devemos observar, incialmente, quais elementos são colocados como
conhecidos no enunciado do exemplo e identificar o parâmetro a ser computado.

Dessa maneira, de acordo com a descrição teórica e dizeres do problema, notamos que
N = 1.050, n = 90 dias e i = 2,5% a.m. = 0,025 a.m. Logo, pela expressão característica
envolvendo o desconto bancário mostrada anteriormente, temos que:

D=Nxixn

D = 1.050 x 0,025 x 90
30
D = 78,75

Portanto, o desconto obtido por Alessandro nessa operação foi de R$ 78,75, ou seja, Ales-
sandro pagará pelo eletrodoméstico a quantia de R$ 1.050,00 – R$ 78,75 = R$ 971,25.

Exemplo 20: uma nota promissória no valor de R$ 4.500,00, quitada seis meses antes
do seu vencimento, ficou simplificada à quantia de R$ 1.900,00. Qual foi a taxa mensal
utilizada nessa operação financeira?

Figura 01.
Segundo Feijó (2015, p. 68), a antecipação de pagamentos pode ser diretamente
utilizada para a obtenção de descontos atrativos e referenciada em momentos
em que a pessoa ou empresa esteja com a saúde financeira estruturada (valores
monetários disponíveis).

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 53


Valor presente e Valor Futuro (Operações de Desconto), Juros Simples e Juros Compostos

Solução: nesse caso, podemos observar que N = 4.500, n = 6 meses e L = 1.900.

2 Vamos solucionar o presente exemplo de duas formas diferentes, sendo que, em uma
delas, determinaremos a taxa por intermédio do cálculo do desconto e, na outra, utiliza-
remos diretamente a expressão do valor líquido.

1ª Forma: utilizando diretamente o conceito de desconto, temos:

D = N – L = 4.500 – 1.900 = 2.600

Então:

D=Nxixn

2.600 = 4.500 x 6 x i

Ou seja:

i = 0,09629 a.m. ou 9,629% a.m.

2ª Forma: utilizando diretamente a expressão do valor líquido, escrevemos:

L = N x (1 – i x n)

1.900 = 4.500 x (1 – i x 6)
1.900
=1–6xi
4.500
i = 0,09629 a.m. ou 9,629% a.m.

0,42222 = 1 – 6 x i
0,42222 – 1 = 6 x i
0,57778 = 6 x i
0,57778 = i
6
Logo, a taxa mensal utilizada nessa operação financeira foi de 9,629% a.m.

11.2 DESCONTO POR DENTRO (OU DESCONTO RACIONAL)


O desconto por dentro ou desconto racional, de acordo com Assaf Neto (2017, p.
76), é visto como sendo aquele em que a taxa de desconto incide sobre o valor líqui-
do ou valor descontado. Nesse momento, é relevante expor que, para o desconto por
dentro, utilizamos uma dada taxa aplicada em um valor não conhecido, situação muito
semelhante às operações financeiras relacionadas a lucros sobre vendas.

Nessa direção, chamando por (Dr) o desconto por dentro ou desconto racional, a sua
expressão matemática característica é dada por:

Dr = L x i x n

54
De outra forma, como é sabido que:

2
L+ Dr = N

Segue que o valor líquido é caracterizado pela expressão:

N
L=
1+i x n
Vejamos dois exemplos ilustrativos na sequência para nos familiarizarmos com as
expressões características do desconto racional.

Exemplo 21: vamos encontrar o desconto por dentro de uma nota promissória no
valor de R$ 6.864,00, a uma taxa de 12% ao mês. O devedor é o senhor Alessandro,
que efetuou o pagamento 36 dias antes do vencimento.

Solução: de acordo com o enunciado do exemplo, podemos observar que N = 6.864, i =


0,12 a.m. = a.d. e n = 36 dias. Assim, com base no que acabamos de apresentar acerca
do desconto por dentro, temos que:
N
L=
1+i x n
6.864
L= 0,12 x36
1+
30

L = 6.000
Portanto, podemos escrever para o cálculo do desconto que:

R$ 6.864,00 – R$ 6.000,00 = R$ 864,00.

Exemplo 22: caracterizemos a taxa a ser aplicada em um desconto por dentro, por
intermédio de uma duplicata no valor de R$ 1.200,00, de tal modo que ela se reduza a
R$ 1.000,00, no período de 45 dias antes do vencimento.

Solução: segundo o enunciado do exemplo, notamos que N = 1.200, n = 45 dias = 2,5


meses. Dessa maneira, escrevemos:
N
L=
1+i x n
1.000 = 1.200
1 + i x (2,5)
1.000 x (1 + 2,5 x i) = 1.200
Ou seja,

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 55


Valor presente e Valor Futuro (Operações de Desconto), Juros Simples e Juros Compostos

1.200
1.000.(1 + 2,5 x i) =
1.000
2
0,2
1 + 2,5 x i = 1,2 ou 2,5 x i = 0,2 ou i= ou i = 8% a.m.
2,5
Portanto, a taxa deve ser igual a 8% ao mês.

12. DESCONTOS COMPOSTOS E APLICAÇÕES


Com relação ao desconto envolvendo o regime exponencial de juros (comportamento ge-
ométrico), temos que o desconto composto é, frequentemente, utilizado em situações de
longo prazo e, analogamente ao desconto simples, associado ao regime linear de juros,
aqui também temos o desconto composto por dentro (ou desconto composto racional)
e o desconto composto por fora (ou desconto composto comercial).

A seguir, conheceremos as suas principais informações e propriedades associadas.


Vejamos as informações básicas e propriedades envolvendo-os.

12.1 DESCONTO COMPOSTO POR FORA (OU DESCONTO


COMERCIAL)
Segundo Assaf Neto (2017, p. 83), o desconto composto por fora é conhecido pela
incidência contínua da taxa de desconto sobre o valor nominal do título de crédito, que
é descontado, em cada período, dos descontos obtidos em períodos prévios.

É relevante mencionarmos que, no âmbito do mercado financeiro brasileiro, o desconto


composto por fora tem utilização prática bastante reduzida ou restrita. Dessa maneira,
as expressões características para cálculos algébricos para essa tipologia de desconto,
segundo Assaf Neto (2017, p. 84), podem ser obtidas como segue:

VF = N (1 - i)n

Onde:

V F : valor líquido (ou valor do descontado por fora).


N: valor nominal do título.

n: período.

i: taxa de juros.

Além disso, chamando DF como o valor do desconto por fora, vem que:

DF = N - VF

Ou seja,

56
DF = [1 - (1F - i)n]
2
Vamos praticar em exemplos esse tipo de desconto composto?

Exemplo 23: a ARGEPAL Ltda, uma empresa do ramo automotivo, tem o valor devido
de R$ 80.000,00 a uma instituição financeira estatal, referente a um empréstimo cujo
vencimento é para daqui a dez meses. Entretanto, com quatro meses de antecedência,
a empresa em questão decide quitar integralmente a sua dívida e solicita à instituição
financeira um abatimento. O gerente financeiro responsável pelas atividades da ARGE-
PAL Ltda na referida instituição financeira informa que trabalha de acordo com o concei-
to de desconto composto por fora, sendo sua taxa de desconto fixada previamente em
3,5% ao mês, para esse tipo específico de operação financeira. Assim, qual valor líquido
a ARGEPAL Ltda deverá pagar à instituição financeira quando da quitação antecipada
de seu empréstimo devido?

Solução: inicialmente, observemos que, segundo o enunciado do nosso exemplo, te-


mos que N = 80.000, n = 4 meses e i = 3,5% ao mês = 0,035 a.m. Deve ficar evidente
que é nosso objetivo caracterizar o valor de VF. Logo, com base na expressão caracte-
rística para , descrita anteriormente, escrevemos que:
VF = N(1 - i)n

VF = 80.000 (1 - 0,035)4

VF = 69.374,40

Portanto, o valor líquido que a ARGEPAL Ltda deve pagar de modo antecipado ao ven-
cimento de seu empréstimo no banco privado é de R$ 69.374,40.

Exemplo 24: Carlos desconta uma nota promissória a uma taxa de 3% ao mês em um
banco privado, cinco meses antes de seu vencimento. É sabido que a operação finan-
ceira em questão determinou um desconto na ordem de R$ 39.000,00 e que foi utilizado
o conceito de desconto composto por fora. Nesse contexto, qual o valor nominal da nota
promissória em que Carlos é o devedor?

DF = N[1 -(1 -i)n]


39.000 = N[1 -(1 -0,03)5]
39.000 = N x (0,141266)
N = 276.074,92
Solução: de acordo com o enunciado do exemplo, percebemos, sem grandes dificulda-
des, que DF = 39.000, n = 5 meses e i = 3% ao mês = 0,03 a.m. Além disso, temos como
intuito descrever o valor do parâmetro N. Logo, escrevemos que:

Portanto, o valor nominal do título de Carlos foi de R$ 276.074,92.

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 57


Valor presente e Valor Futuro (Operações de Desconto), Juros Simples e Juros Compostos

12.2 DESCONTO COMPOSTO POR DENTRO


2 Assaf Neto (2017, p. 87), aponta que, de forma contrária ao apresentado no desconto com-
posto por fora, o desconto composto por dentro é alicerçado no valor atual e no valor nominal
de um título de crédito, apresentando várias aplicações na gestão financeira de forma geral.

Vr = N
(1 + i)n

Resumidamente, é determinado também por intermédio das relações dos juros com-
postos ou regime exponencial de juros. Logo, o valor descontado racional ( ) equivale ao
valor presente dos regime exponencial, conforme visto anteriormente. Especificamente
falando, segundo Assaf Neto (2017, p. 87), no âmbito algébrico, escrevemos:

(
Dr = N 1 - 1
(1 + i)n (
De outro modo, foi visto que o desconto é caracterizado pela diferença entre o valor no-
minal (valor de resgate) e o valor descontado (valor presente). Logicamente, a fórmula
para o cálculo do desconto composto racional ( ) pode ser visualizada como:

( (1 1+ i) (
Dr = N 1 - n

= 15.000 ( 1 -
(1 + 0,024) (
Dr 1
5

Dr = 1.677,00

Vamos praticar em exemplos esse tipo de desconto composto?

Exemplo 25: qual é o valor do desconto racional de uma duplicata de valor nominal igual a R$
15.000,00, descontada cinco meses antes de seu vencimento, a uma taxa de 2,4% ao mês,
realizada pela empresa Virtual Ltda em um banco estatal?

Solução: aqui podemos observar, com base no enunciado, que N = 15.000, n = 5 meses e i
= 2,4% ao mês = 0,024 a.m. Além disso, é de nosso interesse computar o valor de Dr . Logo,
podemos escrever:

Portanto, o valor de desconto racional da duplicata da AFA Ltda, segundo as condições esta-
belecidas no exemplo, é igual a R$ 1.677,00.

Exemplo 26: um banco estabelece à Anelina Ltda a quantia de R$ 6.800,00, precedente do


desconto de uma nota promissória de valor nominal equivalente a R$ 9.000,00, descontada
a uma taxa de 4% ao mês, feito no segundo semestre do ano corrente. Qual foi o prazo de
antecipação executado pela empresa Anelina Ltda, perante a operação financeira?

Solução: notemos que, de acordo com o enunciado do exemplo, temos que = 6.800, N =
9.000 e i = 4% ao mês = 0,004 a.m. Além disso, é de nosso ensejo computar o valor de n, que
denota o prazo de antecipação em que foi descontada a nota promissória da Anelina Ltda.
Dessa maneira, podemos escrever:

58
N
Vr =
(1 + i)n
2
9.000
6.800 =
(1 + 0,04)n

(1,04)n = 9.000
6.800
(1,04)n = 1,323529
Nesse instante, aplicando o logaritmo na base 10 para isolarmos o parâmetro n, confor-
me apresentado na terceira unidade do nosso material (cálculo algébrico do valor de n
no regime composto), como segue:

log (1,04) = log 1,323529


n x (log 1,04) = log 1,323529
n = 7,15 meses
n = 4 meses e 4 dias

CONCLUSÃO
Nesta unidade foi possível observar algumas das principais aplicações da matemática
financeira, dentre elas algumas que certamente fazem parte do seu dia a dia. Entender
o comportamento e as práticas de juros utilizadas pelas instituições financeiras e orga-
nizações nos ajudará na interpretação correta e precisa das informações financeiras
que cercam o processo de tomada de decisão.

REFERÊNCIAS
1. ALMEIDA, Jarbas Thaunahy Santos de. Matemá- 6. FERREIRA, Roberto G. Matemática financei-
tica financeira. Rio de Janeiro: LTC, 2016. ra aplicada: mercado de capitais, administração
2. ASSAF NETO, Alexandre. Matemática financeira: financeira, finanças pessoais. 8. ed. São Paulo:
edição universitária. São Paulo: Atlas, 2017. Atlas, 2014.
3. CAMARGOS, Marcos Antônio de. Matemática 7. HOJI, Masakazu. Matemática financeira: didáti-
financeira: aplicada a produtos financeiros e à aná- ca, objetiva e prática. São Paulo: Atlas, 2016. [Mi-
lise de investimentos. São Paulo: Saraiva, 2013. nha Biblioteca].
[Minha Biblioteca]. 8. OLIVEIRA, Gustavo Faria de. Matemática fi-
4. CASTELO BRANCO, Anísio Costa. Matemática fi- nanceira descomplicada: para os cursos de eco-
nanceira aplicada: método algébrico, HP-12C, Microsoft nomia, administração e contabilidade. São Paulo:
Excel®. 4. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2015. Atlas, 2013.
5. FEIJÓ, Ricardo Luís Chaves. Matemática finan- 9. POMPEO, José Nicolau; HAZZAN, Samuel. Ma-
ceira com conceitos econômicos e cálculo diferen- temática financeira. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
cial: utilização da HP-12C e planilha Excel. 2. ed. 10. PUCCINI, Abelardo de Lima. Matemática finan-
São Paulo: Atlas, 2015. ceira: objetiva e aplicada. 10. ed. São Paulo: Sarai-
va, 2017.

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 59


Séries de Pagamentos e Sistemas de Amortização

UNIDADE 3

3
SÉRIES DE PAGAMENTOS E
SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO

1. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DAS SÉRIES DE ANUIDADES


Poderíamos iniciar a nossa tratativa, neste instante, com a seguinte indagação: qual
a importância prática das séries de pagamentos ou anuidades em operações do mer-
cado financeiro? A resposta é bem racional e direta. Feijó (2015, p. 43) expõe que as
organizações estão inquietas para comercializar seus produtos e serviços, e nós, con-
sumidores, estamos aptos para adquiri-los. Logo, as séries de anuidades compõem o
nosso cotidiano diário. Todavia, nem sempre o consumo é racional, ou seja, com base
nas reais necessidades da pessoa, e rotineiramente, ocorre por irracionalidade. Em
verdade, não poupamos para comprar à vista e, como somos irracionais, consumimos
de qualquer forma (sem coerência e planejamento).

No Brasil, de acordo com Almeida (2016, p. 104), a compra financiada é uma situação
relacionada a nossa cultura e muito usada. Desde a abertura econômica, nos anos
1990, o brasileiro tem tido acesso a uma grande variedade de produtos, essencial-
mente, importados e, por conseguinte, seja qual for o produto ou serviço, as pessoas
devem pesquisar, antes de fazer uma compra, por conta de promoções e oportunidades
de mercado. Em um contexto no qual a taxa básica de juros é, razoavelmente, alta, a
compra financiada, em geral, tem juros inseridos e pode sair mais cara do que deveria
para a pessoa compradora.

Figura 01.
No mercado brasileiro, a taxa básica de juros é a taxa SELIC, divulgada em termos
periódicos pelo Banco Central do Brasil, que é o alicerce para o cômputo dos índices
de preços e da inflação.

É relevante ressaltarmos que, no mundo globalizado atual, temos alguns agravantes


com associação da inadimplência e débitos, que é o uso do cartão de crédito de forma
desestruturada e irracional.

Segundo Ferreira (2014, p. 56), é importante ressaltarmos que os indivíduos se en-


dividam com a utilização do cartão de crédito comprando em diversas parcelas, sur-
gindo assim uma série de pagamentos. Se não houver um planejamento financeiro
prévio, isso pode comprometer as entradas futuras e, consequentemente, esses
indivíduos podem se tornar potenciais inadimplentes.
A irracionalidade do consumo faz com que os indivíduos pratiquem compras em
longo prazo, sejam em pagamentos iguais ou em variáveis.

60
As operações com cartão de cré- Figura 01. Fatores que influenciam constantemente o au-
dito estão se tornando cada vez mento da inadimplência.
mais contínuas e populares. Por

Fonte: 123rf
conta disso, é bom que alguns 3
requisitos básicos de uso sejam
seguidos e que diversos cálculos
sejam mensurados em caso de
inadimplência. Dessa forma, tor-
na-se essencial para os indivíduos
físicos ou jurídicos o conhecimen-
to dos tipos de séries de anuida-
des, bem como de suas principais
propriedades e aplicabilidades.

Com base nesse contexto, apre-


sentaremos a tipologia das séries de anuidades que são estruturadas e quais os as-
pectos o consumidor deve levar em consideração, na hora de executar determinada
compra, independentemente do número de prestações. Salientamos que as séries de
pagamentos estão, intimamente, ligadas aos sistemas de amortização. De modo geral,
antes de se escolher o sistema de amortização em si, você deve levar em consideração
a situação financeira da pessoa ou da empresa que deseja realizar o financiamento.

De outro modo, descrevemos as principais aplicabilidades e particularidades dos siste-


mas de amortização. Vamos conhecer então tal aparato?

2. CONCEITOS BÁSICOS DAS SÉRIES DE ANUIDADES,


PAGAMENTOS OU RECEBIMENTOS
Em um primeiro momento, é de extrema relevância a introdução de algumas conceitua-
ções essenciais e simples, que estão vinculadas na teoria das séries de pagamentos,
recebimentos ou anuidades, para uma plena averiguação do contexto a ser trabalha-
do em aplicações cotidianas da Matemática Financeira e da Análise de Investimentos.
Vejamos a descrição de cada um desses elementos de forma detalhada a seguir, com
base em Assaf Neto (2017, p. 88):

 Chamamos de série de pagamentos ou recebimentos, série de prestações ou


anuidades, toda sequência finita ou infinita de pagamentos ou recebimentos
em datas previamente preestabelecidas.

 Cada um destes pagamentos ou recebimentos, referenciados a uma mesma taxa


no regime geométrico de juros, será dito termo da série ou termo da anuidade.
De outro modo, o intervalo de tempo entre dois períodos é dito período e a soma
dos períodos descreve a duração da série.

 O valor atual ou valor presente de uma série de pagamentos ou anuidades é


o somatório dos valores atualizados dos seus termos. Essa soma está relaciona-
da para uma mesma data e uma mesma taxa de juros compostos.

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 61


Séries de Pagamentos e Sistemas de Amortização

 O montante ou valor futuro de uma série de pagamentos ou anuidades é


a soma dos montantes ou valores futuros dos seus termos, vinculados a uma
3 mesma data e a uma mesma taxa de juros compostos.

Como já é sabido, um Fluxo de Caixa (DFC) descreve uma série de pagamentos ou


de recebimentos que devem acontecer em dados intervalos de tempo. Isso nos indica
que, para analisarmos todo tipo de série, independentemente de suas particularidades,
devemos nos pautar no DFC que a simula.

Um ponto interessante que gostaríamos de sublinhar é que é muito comum depararmos


com operações financeiras que representaremos por um fluxo de caixa. Ilustrando, em-
préstimos e financiamentos de distintas tipologias envolvem uma sequência de desem-
bolsos de caixa para quem executa os pagamentos. Analogamente, temos os fluxos de
pagamentos/recebimentos de prestações, oriundas de compras a prazo, de investimen-
tos pessoais e/ou empresariais, de dividendos etc. Além disso, pode acontecer também
o caso em que se tem o pagamento pelo uso, sem que compareça a amortização, como
acontece com os aluguéis.

2.1 CLASSIFICANDO AS SÉRIES DE ANUIDADES


Outro ponto a ser analisado e detalhado para as séries de anuidades é com relação à
classificação delas. Dessa maneira, de acordo com Oliveira (2013, p. 88), apresenta
que, uma série de pagamentos ou anuidades é classificada de acordo com alguns cri-
térios, sendo eles:

1º critério (quanto à cardinalidade de termos):


Aqui, podemos ter uma série de pagamentos finita ou uma série infinita. Logo,
classificamos em:

 Série finita: aquela série que tem o último pagamento ou a última prestação
(apresenta um número finito de termos).

 Série infinita (ou perpétua): aquela série que não tem o último pagamento
ou a última prestação (apresenta infinitos termos).

2º critério (quanto à natureza dos termos da série):


Aqui, temos as séries uniformes e as séries não uniformes. Isto é:

 Série uniforme: quando os termos são todos iguais (ou seja, uniformes).

 Série não uniforme (ou variável): quando os termos que a compõem são
distintos (não uniformes).

62
3º critério (quanto ao intervalo de termos da série):
Aqui, temos as séries periódicas e as séries não periódicas. Portanto, classifica- 3
mos em:

 Série periódica: quando o intervalo de tempo entre dois termos consecutivos


da série é constante, ou seja, quando o ele não se altera.

 Série não periódica: quando o intervalo de tempo entre dois termos suces-
sivos se altera, ou seja, não é constante.

4º critério (quanto ao vencimento de termos da série):


Aqui, temos as séries postecipadas e as séries antecipadas. Sendo que:

 Série postecipada (ou vencida): quando os termos ocorrem ao final de cada


período. Aqui, para ficar mais evidente, temos que o primeiro termo ocorre no
final do primeiro período e assim por diante.

 Série antecipada: quando os termos ocorrerem no início de cada período.


Isso quer dizer, para ficar mais claro, que o primeiro termo ocorre no início do
primeiro período e assim por diante.

5º critério (quanto à ocorrência do primeiro termo da série):


Aqui, temos as séries diferidas e as séries não diferidas. Assim:

 Série diferida: quando o primeiro termo só ocorre após alguns períodos; a


este prazo damos o nome de prazo de diferimento ou prazo de carência.

 Série não diferida: quando não temos a existência do prazo de diferimento


ou prazo de carência.

2.2 INTERPRETANDO AS SÉRIES DE PAGAMENTOS


IGUAIS POSTECIPADAS
Vejamos agora o primeiro tipo de série muito usado no contexto da gestão financeira.
Provavelmente, você se lembrará de alguma operação financeira realizada com base
nesse tipo de série. Em um primeiro momento, ressaltamos que uma série de paga-
mentos iguais com termos vencidos apresenta as seguintes características princi-
pais e peculiares com base em Pompeo (2014, p. 91):

 Os pagamentos são periódicos e sem diferimento;

 Os termos são iguais;

 O intervalo de tempo entre cada termo é constante;

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 63


Séries de Pagamentos e Sistemas de Amortização

 Os termos ocorrem ao final dos períodos;

 O primeiro termo ocorre ao final do primeiro período.


3
Logo, segundo Almeida (2016, p. 78), cada termo da série de pagamentos ou recebi-
mentos iguais pode ser denotado por PMT (veja a tecla na HP 12C) e as demais variá-
veis serão descritas pelos símbolos já conhecidos (PV, i, n e FV). Ou seja, temos que:

PV = valor presente, valor atual, capital inicial ou principal;

FV = valor futuro ou montante;

i = taxa de juros compostos (mês, trimestre etc.);

n = número de pagamentos, recebimentos ou anuidades.

Em linhas geométricas, temos duas situações a serem interpretadas: amortização e


capitalização. Vamos entender as entrelinhas cada uma delas.

AMORTIZAÇÃO
Usando a simbologia descrita anteriormente, para essa situação no contexto das séries
de pagamentos postecipadas de termos iguais, temos o seguinte diagrama de fluxo de
caixa (DFC) relacionado (Figura 02).
Figura 02. Interpretação geométrica da amortização no contexto
das séries de pagamentos iguais postecipadas.
PV

0 1 2 3 4 n–1 n

PMT PMT PMT PMT PMT PMT


Fonte: elaborada pelo autor.

O termo amortização pode ser interpretado como o ato de saldarmos uma determi-
nada dívida, por meio de parcelas periódicas (pagamentos, recebimentos ou anui-
dades), constantes ou não.

Assim, Almeida (2016, p. 79) nos apresenta que, no contexto da amortização, o valor
presente (PV) de uma série de pagamentos iguais e termos vencidos pode ser compu-
tado pela expressão matemática:

(1 + i)n - 1
PV = PMT x ,
(1 + i)n x 1

64
(1 + i)n - 1
Onde é conhecido como o fator de valor atual, para uma série de
(1 + i)n x 1
pagamentos iguais e termos vencidos. Reforçamos que:

PV = valor presente, valor atual, capital inicial ou principal; 3

i = taxa de juros compostos (mês, trimestre etc.);

n = número de pagamentos, recebimentos ou anuidades.

Além disso, notemos, sem grandes dificuldades, que o valor dos pagamentos iguais
(PMT) na amortização é caracterizado com base na expressão derivativa:
(1 + i)n x 1
Onde é denominado de fator de recuperação de capital, para uma série
(1 + i)n - 1
de pagamentos iguais. Para fins didáticos, vejamos o exemplo a seguir.

Exemplo 1: uma loja de departamentos comercializa certo produto em seis prestações


mensais iguais no valor de R$ 72,30, sendo a primeira paga 30 dias após a aquisição
do item. Se a taxa de juros de crédito pessoal da loja é de 6,5% ao mês, qual é o preço
à vista desse produto?

Solução: Nesse caso, temos a seguinte disposição de passos, na HP 12C:

O QUE APARECE DESCRIÇÃO


FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO

<f> <REG> 0,00 Limpa os registradores

Insere o número de prestações


6 <n> 6,00
mensais

6.5 <i> 6,50 Insere a taxa mensal de juros

72.30 <CHS> <PMT> - 72,30 Valor da prestação mensal

<PV> 350,01 Preço à vista do produto

Portanto, o valor R$ 350,01 denota o valor à vista do produto ou, ainda, descreve o valor
presente da série de pagamentos relacionada em questão.
Figura 01.
Aqui não precisamos nos preocupar com a ordem de entrada dos parâmetros co-
nhecidos, ou seja, podemos seguir qualquer ordem de entrada dos parâmetros co-
nhecidos e, ao final, pedimos o parâmetro desconhecido.

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 65


Séries de Pagamentos e Sistemas de Amortização

(1+i)n - 1
A expressão matemática (1+i)n x i é também conhecida por fator de correção da
3
amortização e é descrita internacionalmente por , onde se lê: “a n-cantoneira i”.

CAPITALIZAÇÃO
Dando continuidade, também com base na nomenclatura comentada anteriormente,
para a capitalização no contexto das séries de pagamentos de termos iguais e venci-
dos, temos o seguinte Diagrama de Fluxo de Caixa (DFC) associado:

Figura 03. Interpretação geométrica da capitalização no contexto


das séries de pagamentos iguais postecipadas.

FV

0 1 2 3 4 n–1

PMT PMT PMT PMT PMT PMT

Fonte: elaborada pelo autor.

Assim, Puccini (2017, p. 198) esclarece que, no âmbito da capitalização, o Valor Fu-
turo (FV) de uma série de pagamentos iguais e termos vencidos pode ser mensurado
pela descrição matemática:

(1 + i)n - 1
FV = PMT x ,
i

Onde (1 + i) - 1 é conhecido como fator de acumulação de capital, para uma série


n

i
de pagamentos iguais. De outro modo, observamos que o valor dos pagamentos iguais
(PMT) na capitalização é caracterizado com base na fórmula derivativa:

i
PMT = FV x ,
(1 + i)n - 1

Em que i é conhecido como fator de formação de capital para uma série de


(1 + i)n - 1
pagamentos iguais.

Salientamos que nos interessaremos na resolução de situações práticas associadas


à gestão financeira, a partir da implementação numérica na HP 12C, em que apresen-

66
taremos sua praticidade e dinamismo na resolução de problemas práticos envolvendo
as séries de pagamentos iguais e de termos vencidos. Vejamos dois exemplos para
fixação dos conceitos discutidos até aqui.
3
Exemplo 2: uma instituição financeira privada, que trabalha com uma taxa de juros de
8% ao mês, concede um empréstimo de R$ 3.000,00 para o aposentado Alberto, a ser
amortizado em 6 prestações mensais iguais, a primeira vencendo em 30 dias. Determi-
ne o valor da prestação de Alberto, mês a mês.

Solução: nesse caso, temos a seguinte disposição de passos, na HP 12C:

Portanto, com base no empréstimo solicitado por Alberto, ele deverá pagar, sob o ponto
de vista da série de pagamentos iguais e de termos vencidos, o valor R$ 648,05 em
cada prestação.

O QUE APARECE DESCRIÇÃO


FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO

<f> <REG> 0,00 Limpa os registradores

8 <i> 8,00 Insere a taxa mensal

Insere o número de prestações


6 <n> 6,00
mensais

3000 <CHS> <PV> - 3000,00 Insere o valor do empréstimo

Valor da prestação mensal a ser


<PMT> 648,95
paga por Alberto

3. INTERPRETANDO AS SÉRIES DE PAGAMENTOS IGUAIS E


ANTECIPADAS
Já vimos que as séries de pagamentos iguais e de termos postecipados, que talvez seja
a que você mais se utilizou na sua vida pessoal ou empresarial. Entretanto, temos outra
tipologia de séries também, frequentemente, usada no mercado financeiro, que são as
séries de pagamentos iguais e de termos antecipados. Vamos averiguar? Inicialmente,
observemos que uma série de pagamentos iguais com termos antecipados apresenta
as seguintes características principais e peculiares:

 Os pagamentos são periódicos e sem diferimento;

 Os termos são iguais;

 Os termos ocorrem no início dos períodos;

 O primeiro termo ocorre no início do primeiro período, a primeira prestação


é paga ou recebida na data do contrato do empréstimo ou financiamento.

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 67


Séries de Pagamentos e Sistemas de Amortização

Dessa maneira, segundo Puccini (2017, p. 118), cada termo da série de pagamentos ou
recebimentos iguais pode ser denotado por PMT (veja a tecla na HP 12C) e as demais
variáveis serão caracterizadas pela simbologia já conhecida (PV, i, n e FV). Ou seja,
3 temos que:

PV = valor presente, valor atual, capital inicial ou principal;

FV = valor futuro ou montante;

i = taxa de juros compostos (mês, trimestre etc.);

n = número de pagamentos, recebimentos ou anuidades.

Em termos de implementação, aqui o raciocínio a ser utilizado é muito similar ao do


caso das séries de pagamentos iguais e postecipados. A diferença é que devemos
primeiramente falar para a HP 12C que se trata de uma série antecipada, conforme
descreveremos um pouco mais a frente.

Geometricamente, mais uma vez, temos duas situações a serem interpretadas: amor-
tização e capitalização. Vamos entender, nas entrelinhas cada uma delas, como segue
no contexto das séries antecipadas.

AMORTIZAÇÃO
Usando a simbologia descrita anteriormente, para essa operação no âmbito das séries
de pagamentos antecipadas de termos iguais, temos o seguinte Diagrama de Fluxo de
Caixa (DFC) relacionado.
Figura 04. Interpretação geométrica da amortização no con-
texto das séries de pagamentos iguais e antecipados.

PV

0 1 2 3 4 n–1 n

PMT PMT PMT PMT PMT PMT

Fonte: elaborada pelo autor.

Sobre o tema, Puccini (2017, p. 120) afirma que, no contexto da amortização, o Valor
Presente (PV) de uma série de pagamentos iguais e antecipados pode ser calculado
pela expressão matemática dada por:

(1 + i)n - 1
PV = PMT x (1 + i) x .
(1 + i)n x i

68
Além disso, observamos que o valor dos pagamentos iguais (PMT) na amortização é
caracterizado com base na expressão derivativa:

PV 3
PMT = x .
(1 + i)n - 1
(1 + i) x
(1 + i)n x i

CAPITALIZAÇÃO
Para a capitalização no contexto das séries de pagamentos de termos iguais e anteci-
pados, também com base na nomenclatura inserida anteriormente, temos o seguinte
Diagrama de Fluxo de Caixa (DFC) associado a ela.
Figura 05. Interpretação geométrica da capitalização no con-
texto das séries de pagamentos iguais e antecipados.

PV

0 1 2 3 4 n–1 n

PMT PMT PMT PMT PMT PMT

Fonte: elaborada pelo autor.

Logo, no contexto da capitalização, o Valor Futuro (FV) de uma série de pagamentos


iguais e antecipados pode ser caracterizado pela expressão matemática (Puccini 2017,
p. 122):

(1 + i)n - 1
FV = PMT x (1 + i) x .
i

Vejamos alguns exemplos práticos que envolvem a aplicabilidade das séries de paga-
mentos iguais e antecipadas, que podem aparecer no nosso cotidiano e no mercado
financeiro como um todo. Todavia, em um primeiro instante, para implementarmos nu-
mericamente na HP 12C problemas envolvendo as séries antecipadas, devemos clicar
nas funções <g> <BEG>, aparecendo no visor a palavra BEGIN, que significa “início”,
ou seja, pagamentos ou recebimentos feitos no início de cada período. Para retirarmos
dessa situação, basta pressionarmos as funções <g> <END>.

Exemplo 3: vamos caracterizar o preço à vista de um componente elétrico, comprado


em três prestações iguais, mensais e sucessivas, no valor de R $ 33,28. Sabe-se que
a primeira prestação será paga na data da compra e a taxa de juros da loja de departa-
mentos é equivalente a 6,25% ao mês.

Solução: nesse caso, temos a seguinte disposição de passos, na HP 12C:

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 69


Séries de Pagamentos e Sistemas de Amortização

O QUE APARECE DESCRIÇÃO


FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO

3 <f> <REG> 0,00 Limpa os registradores

Para resolvermos problemas com


<g> <BEG> 0,00 BEGIN
pagamentos antecipados

Introduzimos o número de paga-


3 <n> 3,00 BEGIN
mentos mensais

6.25 <i> 6,25 BEGIN Introduzimos a taxa mensal

Introduzimos o valor dos paga-


33.98 <CHS> <PMT> - 33,98 BEGIN
mentos iguais

Preço à vista do componente


<PV> 94,08 BEGIN
elétrico

Portanto, o valor R$ 94,08 descreve o valor à vista do componente elétrico ou, ainda, re-
presenta o valor presente para essa série de pagamentos iguais e de termos antecipados.

Exemplo 4: o preço à vista de uma televisão em um hipermercado é dado por R$


1.350,00 ou ele pode ser comercializado em seis prestações mensais, iguais e sucessi-
vas, sendo, a primeira paga na data da compra. Sabendo-se que o hipermercado opera
com uma taxa de juros de 7% ao mês, qual o valor da prestação mensal?

Solução: nesse caso, temos a seguinte disposição de passos, na HP 12C:

O QUE APARECE DESCRIÇÃO


FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO

<f> <REG> 0,00 Limpa os registradores

Para resolvermos problemas com


<g> <BEG> 0,00 BEGIN
pagamentos antecipados

1350 <CHS> <PV> -1.350,00 BEGIN Preço à vista do aparelho de TV

Insere o número de prestações


6 <n> 6,00 BEGIN
mensais da operação em questão

7 <i> 7,00 BEGIN Introduzimos a taxa mensal

Valor da prestação mensal da


<PMT> 264,70 BEGIN
compra do aparelho de TV

Dessa forma, com base nessa série de pagamentos iguais e de termos antecipados, R$
264,70 descreve o valor de cada prestação para a aquisição do aparelho de televisão.

70
4. INTERPRETANDO AS SÉRIES DE PAGAMENTOS VARIÁVEIS
Chegamos ao momento de trabalharmos com as séries não uniformes, ou seja, aquelas
em que os pagamentos são diferentes. Em um primeiro momento, poderíamos indagar: 3
como vamos fazer sem o PMT? De modo geral, apesar de não termos mais a opção da
função PMT que descreve nas entrelinhas, os valores dos pagamentos iguais em séries
postecipadas (ou de termos vencidos) e em séries antecipadas, aqui podemos ter tam-
bém algumas funções auxiliares que de alguma forma facilitarão o nosso entendimento
e, por conseguinte, as nossas resoluções envolvendo a tipologia de série de anuidade.

Dessa forma, convidamos você a conhecer e a implementar problemas envolvendo


esse tipo peculiar de série de anuidade.

No contexto que envolve as séries de pagamentos não uniformes (ou variáveis), temos
que o valor presente é calculado pelo somatório dos valores atualizados de cada um
de seus pagamentos referenciados a uma mesma taxa i, enquanto o valor futuro pode
ser caracterizado pelo somatório dos valores capitalizados de cada pagamento ou, ain-
da, capitalizando-se o valor presente para a data futura desejada.

Figura 06. Cálculo do valor presente e do valor futuro no contexto


das séries de pagamentos variáveis ou não uniformes.

O Valor Presente é calculado pela soma dos valores atualizados de cada um de seus ter-
mos a uma mesma taxa i.

O Valor Futuro pode ser determinado pelo somatório dos montantes de cada termo ou,
capitalizando o valor presente para a data futura desejada.

Fonte: elaborada pelo autor.

Vejamos essa argumentação, geometricamente como segue, para o caso da amortiza-


ção, ou seja, envolvendo o valor presente e os pagamentos, recebimentos ou anuida-
des distintas (não uniformes).

Figura 07. Interpretação geométrica da amortização no contexto das séries de pagamentos


variáveis ou não uniformes.

PV

1 2 3 n–1 n

PMT1 PMTn-1
PMT3
PMTn
PMT2
Fonte: elaborada pelo autor.

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 71


Séries de Pagamentos e Sistemas de Amortização

Puccini (2017, p. 134) expõe que, no âmbito da amortização, o Valor Presente (PV)
de uma série de pagamentos variáveis pode ser computado pela expressão matemá-
tica dada por:
3
PMT1 PMT2 PMT3 PMTn
PV= + + + ... .
1+i (1+i) 2
(1+i) 3 (1+i)n

De outra forma, Puccini (2017, p. 134) também explica que o Valor Futuro (FV) pode
ser obtido por intermédio da expressão matemática dada por:

FV = PMT1 x (1 + i)n-1 + PMT2 x (1 + i)n-2 + ... + PMTn

Ou, ainda, podemos caracterizar o Valor Futuro (FV) por meio da fórmula FV = PV x (1
+ i) , onde PV denota o valor presente da série em questão.

Observemos a Figura a seguir, que nos mostra a interpretação geométrica para a capi-
talização no contexto das séries não uniformes.

Figura 08. Interpretação geométrica da capitalização no contexto


das séries de pagamentos variáveis ou não uniformes.

FV

0 1 2 3 n–1 n

PMT1 PMTn–1
PMT3

PMTn
PMT2

Fonte: elaborada pelo autor.

A cunho de ilustração, observemos o exemplo abaixo.

Exemplo 5: vamos computar o valor presente de uma série de cinco pagamentos men-
sais consecutivos, nos valores de R$ 1.700,00, R$ 3.000,00, R$ 1.250,00, R$ 2.300,00
e R$ 3.550,00, respectivamente, a uma taxa de 1,32% ao mês, realizado por Alberto em
um banco estatal no fim do ano passado.

Solução: nesse caso, temos a seguinte disposição de passos, na HP 12C:

72
O QUE APARECE DESCRIÇÃO
FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO
<f> <REG> 0,00 Limpa os registradores 3
Insere a taxa mensal da operação
1.32 <i> 1,32
em questão
Valor do primeiro pagamento feito
1700 <CHS> <FV> -1.700,00
por Alberto
Prazo do primeiro pagamento fei-
1 <n> 1,00
to por Alberto
Valor atualizado do primeiro paga-
<PV> 1.677,85
mento feito por Alberto
Valor do segundo pagamento feito
3000 <CHS> <FV> -3.000,00
por Alberto
Prazo do segundo pagamento fei-
2 <n> 2,00
to por Alberto
Valor atualizado do segundo pa-
<PV> 2.922,34
gamento feito por Alberto
Valor presente dos dois primeiros
<+> 4.600,19
pagamentos feitos por Alberto
Valor do terceiro pagamento feito
1250 <CHS> <FV> -1.250,00
por Alberto
Prazo do terceiro pagamento feito
3 <n> 3,00
por Alberto
Valor atualizado do terceiro paga-
<PV> 1.201,78
mento feito por Alberto

Valor presente dos três primeiros


<+> 5.801,97
pagamentos feitos por Alberto

Valor do quarto pagamento feito


2300 <CHS> <FV> -2.300,00
por Alberto

Prazo do quarto pagamento feito


4 <n> 4,00
por Alberto

Valor atualizado do quarto paga-


<PV> 2.182,46
mento feito por Alberto

Valor presente dos quatro primei-


<+> 7.984,44
ros pagamentos feitos por Alberto

Valor do quinto pagamento feito


3550 <CHS> <FV> -3.550,00
por Alberto
Prazo do quinto pagamento feito
5 <n> 5,00
por Alberto
Valor atualizado do quinto paga-
<PV> 3.324,70
mento feito por Alberto
Valor presente dos cinco paga-
<+> 11.309,14
mentos feitos por Alberto

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 73


Séries de Pagamentos e Sistemas de Amortização

Logo, R$ 11.309,14 representa o valor presente desse fluxo de cinco pagamentos variáveis,
feitos por Alberto, quando analisados na data de hoje (data zero), ou seja, o valor seria o
equivalente do fluxo desses cinco pagamentos variáveis, quando colocados na data de hoje.
3
O QUE APARECE DESCRIÇÃO
FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO
Valor presente dos cinco paga-
11309.14 <CHS> <PV> -11.309,14
mentos feitos por Alberto

5 <n> 5,00 Insere o prazo em meses

<FV> 12.075,51 Valor Futuro

De outra forma, comentamos que, para computarmos o valor futuro, ao final do quinto
mês, pela HP 12C, podemos proceder da seguinte maneira:

Portanto, R$ 12.075,51 descreve o valor futuro (montante) da capitalização feita para o


valor presente da série de cinco pagamentos descritos anteriormente. Esse valor tam-
bém poderia ser encontrado se fizéssemos a capitalização de cada um desses paga-
mentos para a data cinco e se efetuássemos a soma deles capitalizados.

5. AS TECLAS DE ATALHO CF0, CFj, Nj, NPV E IRR PARA


ANÁLISE DE PROBLEMAS ENVOLVENDO AS SÉRIES DE
PAGAMENTOS VARIÁVEIS
É importante salientarmos que, mesmo não tendo a presença do PMT, podemos facilitar
ou simplificar os cálculos envolvendo implementações, na HP 12C, das séries de paga-
mentos variáveis ou não uniformes, com base em algumas funções especiais, também
conhecidas nesse contexto como teclas de atalho.

Para simplificação de tal abordagem, podemos usar cinco funções específicas da HP 2C,
na implementação do cálculo, envolvendo o valor presente de uma série não uniforme.
Essencialmente, as funções são CF0, CFj, Nj, NPV e IRR, em que a função <CF0> denota
o fluxo de caixa na data zero (fluxo de caixa inicial), a função <Nj> representa o número
de vezes que o valor do fluxo de caixa de ordem j (CFj) se repete em sequência, a função
<NPV> descreve o valor presente líquido e a função <IRR> caracteriza a taxa interna de
retorno. Ressaltamos que, como ponderação relevante, que toda vez que a série não uni-
forme em questão não apresenta fluxo de caixa no momento zero, isto é, se tivermos CF0 =
0, então o valor presente da série é equivalente ao valor presente líquido.

Figura 09. Interpretando o valor presente de uma série não uniforme quando CF0 = 0.

Essa informação
Valor presente da
facilita muito a re-
Série não uniforme CF0=0 série = valor pre-
solução de proble-
sente líquido
mas específicos

Fonte: elaborada pelo autor.

74
Falando em termos formais com relação à função <NPV>, a HP 12C mensura dire-
tamente o valor presente de até 20 (vinte) grupos de fluxo de caixa (excluindo o fluxo
inicial), cada grupo contendo um máximo de 99 fluxos iguais.
3

Exemplo 6: a empresa Seguradora Beta finalizou o pagamento de um dado emprésti-


mo no último ano corrente, sendo que ele foi quitado em quatro pagamentos anuais e
sucessivos nos valores de R$ 25.000,00, R$ 35.000,00, R$ 40.000,00 e R$ 50.000,00,
respectivamente. A taxa de juros vinculada à operação foi de 27% a.a. Qual o valor do
empréstimo feito pela empresa Seguradora Beta?

Solução: nesse caso, temos a seguinte disposição de passos, na HP 12C:

O QUE APARECE DESCRIÇÃO


FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO
Fluxo na data 1 (primeiro paga-
<f> <REG> 25.000,00
mento)

Fluxo na data 2 (segundo paga-


35000 <g> <CFj > 35.000,00
mento)

Fluxo na data 3 (terceiro paga-


40000 <g> <CFj > 40.000,00
mento)

50000 <g> <CFj > 50.000,00 Fluxo na data 4 (quarto pagamento)

Taxa de juros anual da operação


27 <i> 27,00
de empréstimo (em %)

Valor do empréstimo feito pela


<f> <NPV> 80.132,76
empresa Seguradora Beta

Portanto, R$ 80.132,76 representa o valor do empréstimo feito pela empresa em ques-


tão. Ou seja, é como se pensássemos em atualizar cada um desses pagamentos para
a data zero e, na sequência, somássemos todos eles. Em outras palavras, o valor R$
80.132,76 denota a equivalência dos pagamentos atualizados e somados na data zero.

Exemplo 7: Marcelo acaba de montar uma pequena empresa na área de cosméti-


cos. Em seu planejamento estratégico, descreve que o investimento tem três anos
de vida útil, podendo gerar receitas mensais conforme a Tabela 1, mostrada a se-
guir. Considerando que a taxa de desconto será equivalente a 36% ao ano, com ca-
pitalização realizada mês a mês, qual seria o valor do investimento feito por Marcelo
na data atual?

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 75


Séries de Pagamentos e Sistemas de Amortização

Tabela 01. Dados referentes ao exemplo.

MESES NÚMERO DE MESES VALOR (EM R$)

3 1 a 12 12 8.000,00

13 a 20 08 9.000,00

21 a 24 04 10.000,00

25 a 35 11 15.000,00

36 01 20.000,00

Solução: nesse caso, temos a seguinte disposição de passos, na HP 12C:

O QUE APARECE DESCRIÇÃO


FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO
<f> <REG> 0,00 Limpa os registradores

8000 <g> <CFj > 8.000,00 Valor dos fluxos do primeiro grupo

Número de vezes que esse valor


12 <g> < Nj > 12,00
se repete

9000 <g> <CFj > 9.000,00 Valor dos fluxos do segundo grupo

Número de vezes que esse valor


8 <g> < Nj > 8,00
se repete

10000 <g> <CFj > 10.000,00 Valor dos fluxos do terceiro grupo

Número de vezes que esse valor


4 <g> < Nj > 4,00
se repete

15000 <g> <CFj > 15.000,00 Valor dos fluxos do quarto grupo

Número de vezes que esse valor


11 <g> < Nj > 11,00
se repete

20000 <g> <CFj > 20.000,00 Valor do fluxo do quinto grupo

36 <ENTER> 12 < > i> 3,00 Taxa mensal (em %)

Valor do investimento na data de


<f> <NPV> 219.699,76
hoje
Fonte: elaborada pelo autor.

Portanto, concluímos que, na data atual, o valor do investimento realizado por Marcelo
seria de R$ 219.699,76.

76
6. INTRODUZINDO OS SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO
Em um primeiro instante, denominamos de amortização o ato de quitação de uma
determinada dívida. Sabemos que a disponibilidade de recursos é, sem dúvida, fator 3
preponderante na decisão da implantação de um investimento, como a construção da
casa própria, a aquisição de um equipamento industrial, a compra de um veículo, a
aquisição de uma moto etc. A prazo ou à vista, sempre é necessário que tenhamos
disponibilidade de recursos. Na ausência deles, ou se forem insuficientes, devemos
procurar os conhecidos financiamentos ou empréstimos, principalmente em instituições
financeiras privadas ou estatais.

Segundo a gestão financeira, os empréstimos podem ser de períodos curto, médio e


longo. Os empréstimos de curto e de médio prazo caracterizam-se, originalmente, por
serem saldados em até doze prestações ou pagamentos. São visualizados como ope-
rações de crédito realizadas pela organização ou pessoa, para suprir necessidades de
capital de giro ou saldar, essencialmente, dívidas rotineiras.

De outra forma, os empréstimos de Figura 10. Financiamentos comuns de nosso cotidiano.


longo prazo (financiamentos), por

Fonte: 123rf.
existirem diversas modalidades de
devolução do principal (ou do capital
emprestado) e dos encargos finan-
ceiros peculiares, têm uma tratativa
particular. Essas operações de cré-
dito têm suas condições previamen-
te fixadas por contratos bilaterais
entre a organização e/ou pessoa e a
instituição financeira financiadora.

Salientamos que o valor desses empréstimos (o principal ou capital inicial) deverá ser
devolvido à instituição financeira, juntamente com os juros cobrados na operação. As
maneiras pelas quais o principal pode ser devolvido conjuntamente com os juros são
conhecidas rotineiramente como sistemas de amortização.

Os empréstimos ou financiamentos de longo período devem ter tratamento direta-


mente, já que as maneiras mais usuais de pagamento de uma dívida são distintas
no sentido de como são obtidas as parcelas (podendo ser constantes, variáveis ou
até únicas).

Nesse momento, vamos nos familiarizar com os principais tipos de sistemas de amorti-
zação praticados no mercado financeiro brasileiro?

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 77


Séries de Pagamentos e Sistemas de Amortização

7. CONCEITOS PRELIMINARES ENVOLVENDO OS SISTEMAS


DE AMORTIZAÇÃO
3 Para melhor entendimento dos sistemas de amortização, é primordial a interpretação e o
conhecimento prévio de alguns elementos básicos para a criação de toda a tratativa teó-
rica. Esses conceitos são descritos na sequência com as suas principais especificidades.
Figura 01.
Sendo assim, de acordo com Camargos (2013, p. 99) definimos:
 Credor: indivíduo ou instituição financeira que concede o empréstimo
ou o financiamento.
 Devedor ou mutuário: indivíduo ou organização que recebe o empréstimo
ou financiamento.
 Taxa de juros: taxa contratada por ambas as partes no contrato bilateral.
 Prestação: somatório envolvendo a amortização acrescida dos juros e outros
encargos financeiros pagos em um determinado momento.
 Amortização: relaciona-se às parcelas de devolutiva do principal
(capital emprestado).
 Prazo de amortização: intervalo de tempo durante o qual serão pagas as pres-
tações de amortizações.
 Saldo devedor: trata-se essencialmente do estado da dívida (débito) em deter-
minado período.
 IOF: imposto sobre operações financeiras.
 Prazo de carência: equivale ao período compreendido entre a primeira liberação
do empréstimo ou financiamento e o pagamento da primeira amortização.
 Prazo total: considera-se a soma do prazo de carência com o prazo
 de amortização.
 Planilha: quadro em que são colocados os valores referentes ao empréstimo ou
financiamento. Constitui-se de várias colunas que apresentam, após cada paga-
mento, a parcela de juros pagos, a amortização, a prestação, os encargos finan-
ceiros (IOF, aval, comissões, taxa de abertura de crédito, etc.) e o saldo devedor.

A partir do instante que introduzimos algumas ponderações gerais bem como apre-
sentamos os principais elementos que formam a teoria da amortização, é de nosso
interesse, agora, discutirmos nas entrelinhas os principais sistemas de amortiza-
ção inseridos no âmbito do mercado financeiro, que são: Sistema de Amortiza-
ção Constante (SAC), Sistema Francês de Amortização (Price) e o Sistema de
Amortização Misto (SAM).

8. SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE (SAC)


Segundo Puccini (2017, p. 189), o Sistema de Amortização Constante (SAC) também é
conhecido como Sistema Hamburguês e passou a ser amplamente utilizado pelo Sis-
tema Financeiro de Habitação (SFH), a partir de 1971, que o adotou nos financiamentos
de compra da casa própria. Atualmente, ele é muito usado para financiamentos de lon-
go prazo. De modo geral, o SAC é caracterizado por ter todas as parcelas de amortiza-
ção do valor do principal uniformes, ou seja, elas são sempre iguais (ou constantes).

Assim, o valor da amortização é definido pela divisão do capital emprestado pelo nú-
mero de prestações de amortizações. De outra forma, os juros são computados, a
cada período, multiplicando-se o valor da taxa de juros acordada pelo saldo devedor

78
existente sobre o período imediatamente anterior, tendo valores decrescentes nos pe-
ríodos (os juros diminuem período a período). O valor de cada prestação, a cada pe-
ríodo, é equivalente à adição da amortização e dos encargos financeiros (juros, comis-
sões etc.), sendo periódica, sucessiva e decrescente em progressão aritmética (PA), 3
de razão dada pelo produto da taxa de juros pela parcela de amortização. De forma
sumarizada, temos as seguintes propriedades para o Sistema Hamburguês ou Sistema
de Amortização Constante (SAC):

 As parcelas de amortização do principal são constantes;

 Os juros têm valores decrescentes nos períodos;

 A prestação é periódica, sucessiva e decrescente em PA.

9. CONSTRUINDO A PLANILHA DO SISTEMA DE


AMORTIZAÇÃO CONSTANTE
Para montarmos a planilha relacionada ao SAC, seguimos a sequência de passos ou
etapas que descrevemos a seguir. Basicamente, a tratativa é feita com base nos aspec-
tos teóricos apontados na seção anterior.

1º passo: cálculo da parcela de amortização


O valor da parcela de amortização (A) é caracterizado diretamente pelo quociente (I)
A = PV , onde: PV = principal (valor do empréstimo ou do financiamento) e n = número
n
de amortizações.

2º passo: cálculo do saldo devedor


O valor do saldo devedor de cada período t, (Pt), é dado pela expressão matemática
(II) Pt = P t-1 – A = A x (n – t).

3º passo: cálculo do valor dos juros


O valor dos juros de cada período t, (Jt ), é dado pela expressão matemática (III) Jt =
i x Pt-1 , onde i = taxa de juros.

4º passo: cálculo do valor da prestação de cada período do SAC


O valor da prestação para cada período t, (PMTt ), é dado pela expressão caracterís-
tica (IV) PMTt = A + Jt .

Vejamos um exemplo de aplicação desse sistema.

Exemplo 8: a microempresa AFA Consultoria solicita um empréstimo em uma instituição


financeira estatal no valor de R$ 100.000,00, para a compra de um aparelho destinado
a sua UTI móvel. Dessa maneira, a instituição libera a quantia, no ato da assinatura do
contrato, pelo sistema de amortização SAC. A taxa de juros operada pela instituição é
de 6% ao mês e o principal será amortizado em cinco parcelas mensais. Dessa forma:

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 79


Séries de Pagamentos e Sistemas de Amortização

a. Construiremos a planilha da operação de crédito realizada pela AFA Consultoria.

b. Computaremos o custo efetivo (mensal) do empréstimo realizado pela


3 AFA Consultoria.

Solução: de acordo com o enunciado do exemplo, notamos que PV = R$ 100.000,00, n = 5


meses e i = 6% ao mês = 0,06 ao mês. Então, vejamos a montagem da planilha, como segue.

a. Construção da planilha

Vamos desenvolver as etapas descritas anteriormente:

1º passo:
O cálculo da parcela da amortização mensal será feito pela fórmula:

A = 100.000 = 20.000, logo A = R$ 20.000/mês.


5

2º passo:
O saldo devedor, após o pagamento de cada prestação mensal, é dado pela
fórmula (II), descrita anteriormente. Assim, escrevemos:

 Saldo devedor ao final do primeiro mês: P1 = 100.000 – 20.000 = 80.000.

 Saldo devedor ao final do segundo mês: P2 = 80.000 – 20.000 = 60.000.

 Saldo devedor ao final do terceiro mês: P3 = 60.000 – 20.000 = 40.000.

 Saldo devedor ao final do quarto mês: P4 = 40.000 – 20.000 = 20.000.

 Saldo devedor ao final do quinto mês: P5 = 20.000 – 20.000 = 0.

3º passo:
O cálculo dos juros de cada mês é feito pela fórmula (III), apresentada anterior-
mente. Logo, escrevemos:
 Juros do primeiro mês: J1 = 0,06 x 100.000 = 6.000.
 Juros do segundo mês: J2 = 0,06 x 80.000 = 4.800.
 Juros do terceiro mês: J3 = 0,06 x 60.000 = 3.600.
 Juros do quarto mês: J4 = 0,06 x 40.000 = 2.400.

 Juros do quinto mês: J5 = 0,06 x 20.000 = 1.200.

80
4º passo:
O valor da prestação mensal do SAC é dado pela expressão (IV), descrita ante-
3
riormente. Então, escrevemos:
 Prestação ao final do primeiro mês: PMT1 = 20.000 + 6.000 = 26.0000.
 Prestação ao final do segundo mês: PMT2 = 20.000 + 4.800 = 24.800.
 Prestação ao final do terceiro mês: PMT3 = 20.000 + 3.600 = 23.600.
 Prestação ao final do quarto mês: PMT4 = 20.000 + 2.400 = 22.400.

 Prestação ao final do quinto mês: PMT5 = 20.000 + 1.200 = 21.200.

A partir dos cálculos anteriores ou informações, podemos montar a planilha da


operação de crédito realizada pela AFA Consultoria, como segue na Tabela 02:

Tabela 02. Planilha da operação de crédito.

MÊS Pi A Ji PMTi

0 100.000 - - -

1 80.000 20.000 6.000 26.000

2 60.000 20.000 4.800 24.800

3 40.000 20.000 3.600 23.600

4 20.000 20.000 2.400 22.400

5 0 20.000 1.200 21.200

Total 100.000 18.000 118.000

Fonte: elaborada pelo autor.

 Uma vez montada a planilha da operação de crédito feita pela AFA, compu-
tamos o seu custo efetivo mensal. A representação gráfica do diagrama de
fluxo de caixa (DFC) na visão da instituição é mostrada na Figura a seguir.
Observe claramente que DFC é montado com base nos valores identifica-
dos para os pagamentos da Tabela.

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 81


Séries de Pagamentos e Sistemas de Amortização

Figura 11. Representação gráfica do DFC associado do exemplo.

26.000
3
24.80

23.600
22.400
21.200

1 2 3 4 5 (meses)

100.000

Fonte: elaborada pelo autor.

 Podemos solucionar o exemplo implementando na HP 12C com o cálculo


da taxa interna de retorno do fluxo de caixa apresentado anteriormente. Os
passos são apresentados a seguir:

O QUE APARECE
FUNÇÕES DESCRIÇÃO DA FUNÇÃO
NO VISOR?

<f> <REG> 0,00 Limpa os registradores

100000 <CHS> <g> <CF0 > -100.000,00 Valor empréstimo

26000 <g> <CFj > 26.000,00 Valor do primeiro pagamento

24800 <g> <CFj > 24.800,00 Valor do segundo pagamento

23600 <g> <CFj > 23.600,00 Valor do terceiro pagamento

22400 <g> <CFj > 22.400,00 Valor do quarto pagamento

21200 <g> <CFj > 21.200,00 Valor do quinto pagamento

<f> <IRR> 6,00 Custo efetivo mensal (em %)

82
Portanto, conclui-se que o custo efetivo será de 6% ao mês (equivalente à taxa interna
de retorno em questão), pois a empresa não paga qualquer outro encargo financeiro ao
banco, apenas a taxa de juros de 6% ao mês. Deve ficar evidente que a taxa de 5% ao
mês representa, essencialmente, o custo da operação de empréstimo com base no SAC. 3
Exemplo 9: para esse exemplo, trabalharemos com os mesmos dados do exemplo an-
terior, considerando, entretanto, que a instituição financeira concedeu quatro meses de
carência à AFA Consultoria e os juros serão pagos mês a mês. De outra forma, deverão
ser pagos, no ato, a taxa de abertura de crédito de 0,5% sobre o valor financiado bem
como o IOF de 3,5% sobre o valor do financiamento. Logo, pede-se:

 A montagem da planilha vinculada a essa operação de financiamento.

 A determinação do custo efetivo (anual) vinculado a essa operação de financiamento.

Solução: nesse caso, temos que:

 Utilizando-se dos cálculos do exemplo anterior, temos a planilha descrita na Tabela 03:

Tabela 03. Planilha do exemplo.

MÊS PT A JT TAC IOF PMTT


0 100.000 - *500 **3.500 4.000

1 100.000 - 6.000 - - 6.000

2 100.000 - 6.000 - - 6.000

3 100.000 - 6.000 - - 6.000

4 80.000 20.000 6.000 - - 26.000

5 60.000 20.000 4.800 - - 24.800

6 40.000 20.000 3.600 - - 23.600

7 20.000 20.000 2.400 - - 22.400

8 0 20.000 1.200 - - 21.200

TOTAL 100.000 36.000 500 3.500 140.000

* Taxa de abertura de crédito = TAC = 0,5% de 100.000 = 500;


** IOF = 3,5 de 100.000 = 3.500.

Fonte: elaborada pelo autor.

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 83


Séries de Pagamentos e Sistemas de Amortização

 O diagrama de fluxo de caixa na visão da instituição financeira para essa operação


é mostrado na figura a seguir:
Figura 12. Representação gráfica do DFC do exemplo.
3
26.000
24.800
23.600
6.000
22.400
21.200
4.000

0 1 2 3 4 5 6 7 8 (meses)

100.000

Fonte: elaborada pelo autor.

Assim, o custo efetivo do empréstimo é equivalente à taxa interna de retorno do fluxo de


caixa mostrado anteriormente. Dessa forma, vamos implementar o seu cálculo na HP
12C, como segue:

O QUE APARECE DESCRIÇÃO DA


FUNÇÕES
NO VISOR? FUNÇÃO
<f> <REG> 0,00 Limpa os registradores

100000 <ENTER> 4000


-96.000,00 Valor emprestado
<– > 96000 <CHS> <g> <CF0>
Valor dos fluxos do primeiro
6000 <g> <CFj > 6.000,00
grupo
Número de vezes que esse valor
3 <g> <Nj > 3,00
se repete

26000 <g> <CFj > 26.000,00 Valor do fluxo do segundo grupo

24800 <g> <CFj > 24.800,00 Valor do fluxo do terceiro grupo

23600 <g> <CFj > 23.600,00 Valor do fluxo do quarto grupo

22400 <g> <CFj > 22.400,00 Valor do fluxo do quinto grupo

21200 <g> <CFj > 21.200,00 Valor do fluxo do sexto grupo

84
O QUE APARECE DESCRIÇÃO DA
FUNÇÕES
NO VISOR? FUNÇÃO
<f> <IRR> 6,84 Custo efetivo mensal (em %) 3
100 < ÷ > 1 <+> 1,07 1 + a taxa mensal (forma unitária)

12 <yx > 1 <–> 100 <x> 121,28 Custo efetivo anual (em %)

10. SISTEMA FRANCÊS DE AMORTIZAÇÃO (OU TABELA PRICE)


Segundo Puccini (2017, p. 199), esse sistema também é conhecido popularmente pelas
nomenclaturas “Sistema Price ou Tabela Price2” ou “Sistema de Prestação Constan-
te”. Ele é muito utilizado nas compras a prazo de bens de consumo (com crédito direto
ao consumidor). O sistema estipula que as prestações devem ser iguais, periódicas
e sucessivas. Os juros, por incidirem sobre o saldo devedor, são decrescentes e as
parcelas de amortização assumem valores crescentes. A soma dessas duas parcelas
permanece sempre igual ao valor da prestação.

Com o auxílio da calculadora HP 12C, podemos obter, facilmente, as parcelas de capital


(amortização) e as de juros, correspondentes a cada prestação, o saldo devedor após
cada pagamento, a soma das parcelas de juros consecutivas e o valor das amortiza-
ções acumuladas até certo período. Conforme aponta Almeida (2016, p. 110), o Siste-
ma Price apresenta as seguintes características, que devem ser conhecidas para o seu
entendimento, na prática do mercado financeiro como um todo:

 Quando a taxa de juros for anual, com pagamento mensal, semestral ou trimes-
tral, usa-se a taxa proporcional ao período de pagamento;

 Quando a taxa de juros for mensal, com pagamento semestral, trimestral ou


anual, usa-se a taxa equivalente ao período de pagamento.

Exemplo 10: um empréstimo de R$ 70.000,00, feito pelo AFA Consultoria, deve ser liqui-
dado em 5 prestações mensais, pelo Sistema Price, sendo que a primeira vence um mês
após a data do contrato. A taxa de juros cobrada é de 36% ao ano. Calcule o valor das
prestações, os valores das parcelas de amortização, as parcelas de juros de cada presta-
ção e o saldo devedor após cada pagamento. Por fim, construa a planilha do empréstimo.

Solução: nesse caso, usaremos na calculadora HP 12C, a função amarela AMORT, que
permite o desdobramento das prestações iguais (PMT) em amortizações e juros. Com
essa função, também poderemos calcular o total de juros e amortizações entre duas
prestações, conforme mostrado a seguir:

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 85


Séries de Pagamentos e Sistemas de Amortização

O QUE APARECE
FUNÇÕES DESCRIÇÃO DA FUNÇÃO
NO VISOR?
<f> <REG> 0,00 Limpa os registradores
3
70000 <CHS> <PV> 70.000,00 Valor emprestado
5 <n> 5,00 Número de prestações mensais

Taxa de juros mensal (usamos a taxa proporcional


3 <i> 3,00
ao período) (ver observação acima)

<PMT> 15.284,82 Valor das prestações mensais

1 <f> <AMORT> 2.100,00 Juros referentes à primeira prestação

<x <>y> 13.184,82 Amortização referente à primeira prestação

Saldo devedor após o pagamento da primeira


RCL <PV> -56.815,18
prestação
1 <f> <AMORT> 1.704,46 Juros referentes à segunda prestação
<x <>y> 13.580,36 Amortização referente à segunda prestação
Saldo devedor após o pagamento da segunda
RCL <PV> -43.234,82
prestação
1 <f> <AMORT> 1.297,04 Juros referentes à terceira prestação
<x <>y> 13.987,78 Amortização referente à terceira prestação
Saldo devedor após o pagamento da terceira
RCL <PV> -29.247,04
prestação
1 <f> <AMORT> 877,41 Juros referentes à quarta prestação
<x <>y> 14.407,41 Amortização referente à quarta prestação
Saldo devedor após o pagamento da quarta
RCL <PV> -14.839,63
prestação
1 <f> <AMORT> 445,19 Juros referentes à quinta prestação
<x <>y> 14.839,63 Amortização referente à quinta prestação
RCL <PV> -0,00 Saldo devedor

De acordo com os cálculos apresentados, podemos construir a seguinte planilha


do empréstimo:

Tabela 04. Planilha do exemplo.

MÊS PT A JT PMTT
0 70.000 - - -

1 56.815,18 13.184,82 2.100 15.284,82

2 43.234,82 13.580,36 1.704,46 15.284,82

3 29.247,04 13.987,78 1.297,04 15.248,82

86
MÊS PT A JT PMTT

4 14.839,63 14.407,41 877,41 15.284,82


3
5 0,00 14.839,63 445,19 15.284,82

TOTAL - 70.000,00 6.424,10 76.424,10

Os dados do exemplo (PV, n e i) podem ser introduzidos em qualquer ordem na


calculadora HP 12C.

O fluxo de caixa na visão da instituição financeira é mostrado na Figura 13, a seguir.


Figura 13. DFC associado.

15.284,82

0 1 2 3 4 5 (meses)

70.000

Fonte: elaborada pelo autor.

Exemplo 11: um empréstimo de R$ 90.000,00, feito pela AFA Consultoria, deve ser
liquidado em quatro prestações trimestrais, pelo Sistema Price, a uma taxa de juros de
3,5% ao mês. Elabore a planilha do empréstimo.

Solução: observe que, nesse caso, temos que PV = 90.000,00, n = 4 trimestres e i =


3,5% ao mês = 0,035 ao mês. Além disso, da teoria sobre taxas, sabemos que a taxa
trimestral composta equivalente a 3,5% ao mês é dada por i = 10,87% ao trimestre.
Vejamos a resolução, via HP 12C, a seguir:

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 87


Séries de Pagamentos e Sistemas de Amortização

O QUE APARECE
FUNÇÕES DESCRIÇÃO DA FUNÇÃO
NO VISOR?

3 <f> <REG> 0,00 Limpa os registradores

90000 <CHS> <PV> -90.000,00 Valor emprestado

90000 <CHS> <PV> -90.000,00 Valor emprestado

4 <n> 4,00 Número de prestações trimestrais

Taxa de juros trimestral (usamos a


10.87 <i> 10,87
taxa equivalente composta)

<PMT> 28.928,89 Valor das prestações trimestrais

1 <f> <AMORT> 9.783,00 Juros referentes à primeira prestação

Amortização referente à primeira


<x <>y> 19.145,89
prestação
Saldo devedor após o pagamento da
RCL <PV> -70.854,11
primeira prestação

1 <f> <AMORT> 7.701,84 Juros referentes à segunda prestação

Amortização referente à segunda


<x <>y> 21.227,05
prestação
Saldo devedor após o pagamento da
RCL <PV> -49.627,06
segunda prestação

1 <f> <AMORT> 5.394,46 Juros referentes à terceira prestação

Amortização referente à terceira


<x <>y> 23.534,43
prestação
Saldo devedor após o pagamento da
RCL <PV> -26.092,62
terceira prestação

1 <f> <AMORT> 2.836,27 Juros referentes à quarta prestação

Amortização referente à quarta


<x <>y> 26.902,62
prestação

RCL <PV> -0,00 Saldo devedor

Portanto, temos a planilha associada mostrada na Tabela 05:

88
Tabela 05. Planilha do exemplo.

TRIMESTRE PT A JT PMTT
0 90.000 3

1 70.854,11 19.145,89 9.783,00 28.928,89

2 49.627,06 21.227,05 7.701,84 28.928,89

3 26.092,62 23.534,43 5.394,46 28.928,89

4 0,00 26.092,62 2.836,27 28.928,89

TOTAL 90.000,00 25.715,57 115.715,57

Fonte: elaborada pelo autor.

E o fluxo de caixa da instituição financeira mostrado na Figura 14, a seguir:


Figura 14. DFC associado.

28.928,82

0 1 2 3 4 (trimestres)

90.000
Fonte: elaborada pelo autor.

11. SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO MISTO (SAM)


Segundo Neto (2017, p. 207), historicamente, podemos assegurar que o Sistema de
Amortização Misto (SAM) foi desenvolvido, originalmente, para as operações de fi-
nanciamento do Sistema Financeiro de Habitação. Atualmente, é chamado também de
Sistema de Amortizações Crescentes (SACRE). Representa a média aritmética entre
o Sistema Francês (SAF) ou Price e o Sistema de Amortização Constante (SAC), e, a
partir disso, explica-se a sua conceituação. Para cada um dos valores de seu plano
de pagamentos, deve-se somar aqueles obtidos pelo SAF com os do SAC e efetuar a
divisão por dois.

Aproximadamente, até a metade do período de financiamento, as amortizações são


menores do que as do Sistema Price. Por consequência, a queda do saldo devedor
é mais acentuada e são menores as chances de resíduo ao final do contrato, como
pode ocorrer no Sistema Price. Uma das desvantagens do SAM é que suas prestações

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 89


Séries de Pagamentos e Sistemas de Amortização

iniciais são, ligeiramente, mais altas do que as do Price. Contudo, após a metade do
período, o mutuário sentirá uma queda substancial no comprometimento de sua renda
com o pagamento das prestações.
3
Vejamos, na Figura a seguir, uma comparação geométrica entre os valores dos três
sistemas de amortização discutidos anteriormente.
Figura 15. Gráfico comparativo entre os três sistemas de amortização.

Prestações

Sistema Francês

SAM

SAC

Fonte: elaborada pelo autor.


Tempo

Para finalizarmos a discussão com relação aos sistemas de amortização, é interessante


ressaltarmos que, na prática empresarial, para os financiamentos voltados para o crédi-
to imobiliário, atualmente, é utilizado o sistema SAC, enquanto que, para financiamen-
tos de carros, motos e bens em geral, utiliza-se o Price.

Figura 01.
Para maiores informações acerca da aplicabilidade dos sistemas de amortização
nas diversas operações de empréstimos e financiamentos, você pode pesquisar em
Hoji (2016, p. 112-117).

Além disso, no ponto de vista de custo, podemos mencionar que os dois sistemas são
equivalentes. Deve-se notar que, no SAC, você amortiza o saldo devedor mais rápido
do que no Price. Como os juros são pagos sobre o saldo devedor, no SAC paga-se
menos juros. No entanto, seguindo o SAC, você só pagará mais do que deve ao banco
em um período de tempo menor.

Por outro lado, podemos levar em consideração que o SAC é ideal para pessoas ou
empresas que querem reduzir o peso das parcelas, no decorrer do financiamento, pa-
gando menos por mês ao final do prazo. Já o Sistema Price é indicado para as pessoas
ou empresas que esperam aumentar a sua renda e, consequentemente, uma redução
relativa do custo da parcela em seu orçamento.

REFERÊNCIAS
1. ALMEIDA, Jarbas Thaunahy Santos de. Matemática fi- aplicada a produtos financeiros e à análise de investimentos.
nanceira. Rio de Janeiro: LTC, 2016. São Paulo: Saraiva, 2013. [Minha Biblioteca].
2. ASSAF NETO, Alexandre. Matemática financeira: edição 4. CASTELO BRANCO, Anísio Costa. Matemática financei-
universitária. São Paulo: Atlas, 2017. ra aplicada: método algébrico, HP-12C, Microsoft Excel®. 4.
3. CAMARGOS, Marcos Antônio de. Matemática financeira: ed. São Paulo: Cengage Learning, 2015.

90
5. FEIJÓ, Ricardo Luís Chaves. Matemática financeira com 8. OLIVEIRA, Gustavo Faria de. Matemática financeira
conceitos econômicos e cálculo diferencial: utilização da HP- descomplicada: para os cursos de economia, administração
-12C e planilha Excel. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015. e contabilidade. São Paulo: Atlas, 2013.
6. FERREIRA, Roberto G. Matemática financeira aplicada: 9. POMPEO, José Nicolau; HAZZAN, Samuel. Matemática
mercado de capitais, administração financeira, finanças pes- financeira. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. 3
soais. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2014. 10. PUCCINI, Abelardo de Lima. Matemática financeira: ob-
7. HOJI, Masakazu. Matemática financeira: didática, objeti- jetiva e aplicada. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
va e prática. São Paulo: Atlas, 2016. [Minha Biblioteca].

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 91


Análise de investimentos: valor presente e presente líquido, TIR e payback

UNIDADE 4

ANÁLISE DE INVESTIMENTOS:
4 VALOR PRESENTE E PRESENTE
LÍQUIDO, TIR E PAYBACK

1. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DOS INDICADORES


FINANCEIROS PARA A CARACTERIZAÇÃO DA VIABILIDADE DE
PROJETOS ORGANIZACIONAIS
Ferreira (2014) afirma que, no mundo atual e globalizado, é sabido que há intensa
competitividade entre pessoas e organizações, em, cada vez mais, faz-se de extrema
relevância a tomada de decisão gerencial com confiabilidade, principalmente, em re-
lação à prática financeira e à análise de investimentos.

Assim, indivíduos e empresas buscam ferramentas para alicerçarem suas tomadas de


decisões nas questões da gestão financeira ou análise de investimentos. Particularmen-
te, uma das decisões mais difíceis, em nível empresarial ou até mesmo pessoal, seria a
de decidir o momento certo de investir em um determinado projeto ou empreendimento.

Para isso, temos alguns indicadores financeiros que podem mensurar e auxiliar, dentre
os quais, citamos: o valor presente líquido (VPL ou NPV), a taxa interna de retorno (IRR
ou TIR), o payback, dentre outros. Salientamos que as conceituações envolvendo o
VPL e a TIR foram apresentadas na terceira unidade.

Em outras palavras, isso nos prescreve que, compreender e se familiarizar com alguns indi-
cadores relacionados às situações de investimentos, se torna um diferencial para o mercado.

Para iniciarmos esse aparato, Almeida (2016) nos informa que a orçamentação de
capital é a nomenclatura dada ao procedimento de tomada de decisões para buscar e
adquirir ativos no âmbito do longo prazo. Com esse objetivo, existem diversas técnicas
ou métodos, convenções e critérios que são, frequentemente, utilizados na identificação
desse processo de decisão. Assim, denominaremos esses procedimentos de indicado-
res financeiros para mensuração da viabilidade econômica de projetos diversos.

Em um primeiro momento, é preciso evidenciar que os indicadores para a averiguação


da viabilidade de projetos organizacionais se classificam em dois grandes grupos: os
associados à rentabilidade em si do projeto e os relacionados ao risco associado ao
projeto. Vejamos a Figura 01:

92
Figura 01. Classificação dos indicadores financeiros.

INDICADORES ASSOCIADOS À
INDICADORES ASSOCIADOS
RENTABILIDADE DO PROJETO
AO RISCO DO PROJETO
(GANHO OU CRIAÇÃO DE RIQUEZA)
4

Taxa Interna de Retorno


Valor Presente Líquido (VPL)
(TIR ou IRR)

Valor Presente Líquido Período de Recuperação do


Anualizado (VPLa) Investimento (Pay-back)

Índice Custo Benefício Ponto de Fisher

Retorno Adicional sobre


o Investimento (ROIA)

Fonte: elaborada pelo autor.

De acordo com Feijó (2015, p. 142), o valor presente líquido (VPL ou NPV), a taxa in-
terna de retorno (TIR ou IRR) e o payback são métodos, rotineiramente, usados para
mensurar a rentabilidade e analisar a viabilidade econômica das alternativas de investi-
mento em um primeiro momento.

2. VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL OU NPV) COMO


INDICADOR DA RENTABILIDADE DO PROJETO
Neste momento, descreveremos o valor Figura 02. O valor presente líquido é usado para
presente líquido de uma série de paga- medir a rentabilidade.
mentos como um indicador voltado para a
Fonte: 123rf.

caracterização da viabilidade de determi-


nados projetos organizacionais.

Segundo Assaf Neto (2017), podemos


interpretar o valor presente líquido NPV
de uma série de pagamentos (recebi-
mentos ou anuidades), descontado a
uma taxa, como sendo caracterizado pela
diferença do valor presente da série em
questão menos o fluxo de caixa na data
zero valor do fluxo inicial.

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 93


Análise de investimentos: valor presente e presente líquido, TIR e payback

Em termos matemáticos, podemos escrever que o NPV ou VPL de uma série de paga-
mentos é descrito pela fórmula característica a seguir:

CF1 CF2 CF3 CFn


NPV= + + + ... + -CF0,
4 1+i (1+i)2 (1+i)3 (1+i)n
Onde,

CF1 CF2 CF3 CFn


PV= + + + ... +
1+i (1+i) 2
(1+i) 3
(1+i)n

Ela representa, formalmente, o valor presente da série em questão. Dessa maneira,


com relação ao valor presente líquido, temos a seguinte análise para a averiguação da
atratividade do ganho adicional com relação a um dado projeto ou empreendimento.
Figura 01.
Camargos (2013) argumenta que, se NPV > 0, então haverá um ganho adicional
(expresso em valores atuais) em relação ao mesmo investimento aplicado a uma
taxa de desconto, isto é, o investimento será atrativo financeiramente falando.
De forma contrária, se NPV < 0, teremos uma perda (expressa em valores de hoje),
e o investimento não será atrativo financeiramente falando. Ou seja, constitui um
primeiro método ou critério de avaliação de investimento capital.

Figura 03. Caracterização da atratividade do projeto em análise via interpretação do VPL.

Projeto economicamente viável


NPV > 0

Projeto economicamente inviável


NPV < 0

Fonte: elaborada pelo autor.

De outra forma, a implementação do valor presente líquido no foco da HP 12C é um


procedimento simples e bem dinâmico.

Figura 01.
Para implementar na HP 12C os indicadores financeiros, você pode buscar as
seguintes referências de emuladores para computador, tablets e smartphones,
descritos a seguir:
Para computadores:
WEB 12C emulator. Disponível em: https://epxx.co/ctb/hp12c.html. Acesso em:
10 fev. 2020.
EMULADOR da Calculadora Financeira HP 12c. Superdownloads, [s.l.], 17
out. 2008. Disponível em: http://www.superdownloads.com.br/download/51/
emulador-da-calculadora-financeira-hp-12c/. Acesso em: 10 fev. 2020.
HP 12C Gold on-line - emulador da famosa calculadora financeira. Fazer Fácil,
[s.l., s.d.]. Disponível em: http://www.fazerfacil.com.br/calculadoras/hp12c.
html. Acesso em: 10 fev. 2020.

94
Para tablets e smartphones: você pode pesquisar por simulador da HP 12C
na sua loja de referência, de acordo com a marca de seu aparelho (Play Store
para Android ou Apple Store para IOS).

4
Vejamos alguns exemplos de aplicabilidade do cálculo do valor presente líquido bem
como de sua interpretação para o foco da caracterização da rentabilidade de projetos
diversos empresariais.

Exemplo 1: o microempreendedor Roberto realiza um empréstimo, equivalente a


R$10.000,00, em uma instituição financeira privada, para a reforma de seu escritório
comercial. Sabe-se que ele deve quitar em três parcelas mensais e sucessivas nos
valores de R$ 3.000,00, R$5.000,00 e R$7.500,00. Considerando que a taxa de juros
acordada é de 7% ao mês, qual o valor presente líquido associado a essa operação?

Solução: Nesse caso, temos a seguinte disposição de passos na HP 12C.

O QUE APARECE DESCRIÇÃO


FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO

Limpa os registradores da calcu-


<f> <REG> 0,00
ladora

Inserimos o valor do empréstimo


10000 <CHS> <g> <CF0 > -10.000,00
feito por Roberto

Valor do primeiro pagamento feito


3000 <g> <CFj > 3.000,00
por Roberto

Valor do segundo pagamento


5000 <g> <CFj > 5.000,00
feito por Roberto

Valor do terceiro pagamento feito


7500 <g> <CFj > 7.500,00
por Roberto

Taxa mensal de juros (%) da


7 <i> 7,00 operação de empréstimo feito
por Roberto

Valor presente líquido ou valor


atual do empréstimo feito por
<f> <NPV> 3.293,17
Roberto na instituição financeira
em questão

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 95


Análise de investimentos: valor presente e presente líquido, TIR e payback

Assim, o valor NPV = R$ 3.293,17 descreve a diferença entre a soma dos valores
atualizados dos fluxos de pagamentos menos o valor do empréstimo em questão,
de R$ 10.000,00.

Exemplo 2: uma imobiliária de Bragança Paulista (SP) colocou à venda um aparta-


4 mento por R$ 60.000,00 à vista ou em três anos de prazo, com entrada equivalente a
R$ 25.000,00 juntamente com 12 prestações mensais de R$ 1.200,00 no primeiro ano,
mais 12 prestações mensais de R$ 2.000,00 no segundo ano, e mais 12 prestações
mensais de R$ 2.500,00 no último ano. Vamos supor que seja de seu interesse adquirir
o imóvel até mesmo à vista. Nesse sentido, qual seria a sua decisão? O que decidiria se
tivéssemos as taxas de 3,5% ao mês e a de 4% ao mês?

Solução: nesse caso, temos a seguinte disposição de passos, na HP 12C, para cada
um dos casos referenciados para a taxa de juros.

 Para a taxa de juros de 3% ao mês:

O QUE APARECE DESCRIÇÃO


FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO
<f> <REG> 0,00 Limpa os registradores

3 <i> 3,00 Taxa mensal de juros (em %)

25000 <g> <CF0> 25.000,00 Valor da entrada (fluxo inicial)

1200 <g> <Nj> 1.200,00 Valor dos fluxos do primeiro grupo

12 <g> <Nj> 12,00 Número de fluxos iguais

2000 <g> <Nj> 2.000,00 Valor dos fluxos do segundo grupo

12 <g> <Nj> 12,00 Número de fluxos iguais

2500 <g> <Nj> 2.500,00 Valor dos fluxos do terceiro grupo

12 <g> <Nj> 12,00 Número de fluxos iguais

<f> <NPV> 63.149,66 Valor presente

 Dessa forma, como NPV = R$ 63.149,66, que é maior do que R$ 60.000,00 (pre-
ço à vista), a melhor opção seria a compra à vista. Se você também tivesse a
alternativa de aplicar seus recursos financeiros em um título de renda fixa em um
banco privado a uma rentabilidade de 3% ao mês seria mais interessante do que
a compra à vista.

 Para a taxa de juros de 3,5%:

96
O QUE APARECE DESCRIÇÃO
FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO
<f> <REG> 0,00 Limpa os registradores

3,5 <i> 3,50 Taxa mensal de juros (em %) 4


25000 <g> <CF0> 25.000,00 Valor da entrada (fluxo inicial)

1200 <g> <Nj> 1.200,00 Valor dos fluxos do primeiro grupo

12 <g> <Nj> 12,00 Número de fluxos iguais

2000 <g> <Nj> 2.000,00 Valor dos fluxos do segundo grupo

12 <g> <Nj> 12,00 Número de fluxos iguais

2500 <g> <Nj> 2.500,00 Valor dos fluxos do terceiro grupo

12 <g> <Nj> 12,00 Número de fluxos iguais

<f> <NPV> 59.966,38 Valor presente

Assim, para a taxa de juros igual a 3,5% ao mês, percebemos que NPV = R$ 59.966,38,
que é um valor muito próximo de R$ 60.000,00 (preço à vista), portanto, poderíamos
declarar que, nesse caso, seria indiferente comprar à vista ou a prazo com a taxa de
3,5% ao mês. Em outras palavras, temos aqui a presença da descapitalização do valor
que poderia ser investido de R$ 60.000,00.

 Para a taxa de juros de 4% ao mês:

O QUE APARECE DESCRIÇÃO


FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO
<f> <REG> 0,00 Limpa os registradores

4 <i> 4,00 Taxa mensal de juros (em %)

25000 <g> <CF0> 25.000,00 Valor da entrada (fluxo inicial)

Valor dos fluxos do primeiro


1200 <g> <Nj> 1.200,00
grupo

12 <g> <Nj> 12,00 Número de fluxos iguais

2000 <g> <Nj> 2.000,00 Valor dos fluxos do segundo grupo

12 <g> <Nj> 12,00 Número de fluxos iguais

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 97


Análise de investimentos: valor presente e presente líquido, TIR e payback

O QUE APARECE DESCRIÇÃO


FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO
2500 <g> <Nj> 2.500,00 Valor dos fluxos do terceiro grupo

4 12 <g> <Nj> 12,00 Número de fluxos iguais

<f> <NPV> 57.139,16 Valor presente

Então, como NPV = R$ 57.139,16, que é menor do que R$ 60.000,00 (preço à vista), a
melhor opção seria pela compra a prazo. Ou, ainda, temos aqui a presença da descapi-
talização do valor que poderia ser investido de R$ 60.000,00.

Exemplo 3: a Bela Face Ltda é uma pequena empresa, situada no interior paulista,
que trabalha com produtos na área de cosméticos. Neste ano, ela iniciou, de forma
bem simples e estruturada, o seu processo de expansão para cidades próximas a sua
matriz. A partir desse contexto, vamos averiguar se o projeto da empresa Bela Face
Ltda, mostrado a seguir, pode ser aceito, considerando uma taxa de juros exponencial
na ordem de 8% ao mês.

Valor do investimento inicial da Bela Face Ltda = R$ 8.000,00


Vida útil ou horizonte do projeto da Bela Face Ltda = 10 meses
Receitas líquidas mensais estimadas da Bela Face Ltda = R$ 900,00

Valor residual = R$ 2.000,00

Solução: primeiramente, vejamos a representação geométrica ou o fluxo de caixa do


projeto de expansão da Bela Face LTDA, conforme ilustramos na Figura 04:

Figura 04. Representação geométrica (diagrama de fluxo de caixa) do projeto da Bela Face Ltda.

2900=900+2.000

900

1 9 10 (meses)

8.000

Fonte: elaborada pelo autor.

98
Portanto, para averiguarmos se esse projeto é ou não atrativo, em termos de rentabili-
dade, devemos caracterizar o valor presente líquido (VPL ou NPV) e usar o critério de
tomada de decisão dele.

Para tal, solucionando no foco da HP 12C (cálculo do valor presente líquido), temos a
sequência de passos, conforme demonstrado a seguir: 4

O QUE APARECE DESCRIÇÃO


FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO

<f> <REG> 0,00 Limpa os registradores

Valor do investimento inicial do


8000 <CHS> <g> <CF0 > -8.000,00
projeto Bela Face Ltda

Valor da primeira receita líquida


900 <g> <CFj > 900,00
mensal do projeto Bela Face Ltda

Número de vezes que esse valor


9 <g> <Nj > 9,00 se repete no fluxo do projeto Bela
Face Ltda
Valor da décima receita líquida
2900 <g> <CFj > 2.900,00 mensal do projeto da Bela Face
Ltda

Taxa mensal de juros (em %) do


8 <i> 8,00
projeto Bela Face Ltda

Valor presente líquido do projeto


<f> <NPV> -1.034,54
da Bela Face Ltda

Fonte: elaborada pelo autor.

Dessa forma, como podemos observar que o NPV = – 1.034,54 < 0, concluímos que o
projeto não deve ser aceito pela Bela Face Ltda, ou seja, ele não é, financeiramente
atrativo, para a empresa. Em termos práticos, a implementação do projeto não traria
nenhuma vantagem para a Bela Face Ltda, já que ele resultaria em prejuízo.

Exemplo 4: suponhamos que a empresa em que você trabalha como gestor financeiro
deseje realizar um determinado investimento na área de marketing e estratégia. Antes
de fazê-lo, você verifica se o investimento é ou não atrativo, financeiramente, conside-
rando uma taxa de juros composta no valor de 18% ao ano.

Custo inicial do investimento = R$ 200.000,00

Custo estimado anual operacional = R$ 20.000,00

Receita estimada anual = R$ 70.000,00

Vida útil do projeto = 10 anos

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 99


Análise de investimentos: valor presente e presente líquido, TIR e payback

Solução: começamos descrevendo, em linhas geométricas, a operação, com base no


diagrama de fluxo de caixa dela, ou seja, o fluxo de caixa do projeto é mostrado na
Figura 05, a seguir:
Figura 05. Representação geométrica (diagrama de fluxo de caixa) do projeto em questão.
4

70000

10 (anos)
1

20000

200.000

Fonte: elaborada pelo autor.

Então, para averiguarmos se o projeto é ou não atrativo, em termos de rentabilidade,


devemos computar o valor presente líquido (VPL ou NPV) e usar o critério de tomada
de decisão dele.

Solucionando no foco da HP 12C (cálculo do valor presente líquido), temos a sequência


de passos mostrada a seguir.

O QUE APARECE DESCRIÇÃO


FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO
Limpa os registradores da calcu-
<f> <REG> 0,00
ladora

Valor do investimento inicial da


200000 <CHS> <g> <CF0 > - 200.000,00
empresa

Receita anual líquida estimada


50000 <g> <CFj> 50.000,00
pela empresa

Número de vezes que esse valor


10 <g> <Nj> 10,00
se repete

Taxa anual de juros (em %) do


18 <i> 18,00
projeto da empresa

Valor presente líquido do projeto


<f> <NPV> 24.704,31
da empresa

100
Portanto, como o valor presente líquido é igual a NPV = 24.704,31 > 0, concluímos que
o projeto é atrativo, ou seja, ele é financeiramente, rentável para a sua empresa, logo,
deve ser implementado.

3. CONCEITUAÇÃO FORMAL DA TAXA INTERNA DE RETORNO 4


(TIR OU IRR)
De acordo com Hoji (2016), podemos interpretar a Taxa Interna de Retorno (IRR ou
TIR) como a taxa de desconto que faz com que o valor presente líquido de um fluxo
de caixa igual seja igual a zero.

Em outras palavras, a taxa interna de retorno será caracterizada a partir do momento


em que igualamos a expressão característica do valor presente líquido a zero, ou
seja, da igualdade:

CF1 CF2 CF3 CFn


NPV= + + + ... + -CF0,
1+i (1+i)2 (1+i)3 (1+i)n
Igualando a zero, obtemos:

CF1 CF2 CF3 CFn


+ + + ... + -CF0 = 0
1+i (1+i) (1+i)
2 3
(1+i)n

Ou, ainda, sem grandes dificuldades, escrevemos:

n
CFj
CF0 = Σ (1+i)
j=1 j

Figura 01.
É relevante comentarmos que, em linhas práticas do mercado financeiro e de análise
de investimentos, a taxa interna de retorno (IRR) iguala, no momento zero, o valor
presente das entradas (recebimentos) com o das saídas (pagamentos) previstas no
fluxo de caixa em questão. Em verdade, a taxa interna de retorno, nas operações
de empréstimos ou financiamentos ou de aplicações de recursos financeiros, nada
mais é do que a taxa de juros da operação em questão.

Vejamos alguns exemplos da aplicabilidade do cálculo da taxa interna de retorno no


foco da HP 12C.

Exemplo 5: vamos computar a taxa interna de retorno vinculada a uma operação


de empréstimo feita por Cauã, em uma instituição financeira privada, no valor de R$
15.000,00, a ser liquidado em quatro prestações mensais de R$ 4.500,00, R$ 5.000,00,
R$ 3.500,00 e R$ 5.500,00.

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 101


Análise de investimentos: valor presente e presente líquido, TIR e payback

Solução: inicialmente, descrevemos, o diagrama de fluxo de caixa dessa operação to-


mando como referência a instituição financeira em que Cauã fez o empréstimo, ou seja,
faremos a representação dele na visão da instituição financeira. Observe a Figura 08.

4 Figura 06. Representação geométrica (diagrama de fluxo de caixa) do projeto.

5.500

5.000

4.500
3.500

15.000

Fonte: elaborada pelo autor.

Castelo Branco (2015) indica que a HP 12C computa esse cálculo usando a função
<IRR> (que significa Internal Rate Return), que comparece nas teclas da memória
financeira dela. Nesse sentido, a sequência de passos para a caracterização da IRR é
apresentada na sequência.

O QUE APARECE DESCRIÇÃO


FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO
Limpa os registradores da calcu-
<f> <REG> 0,00
ladora
Valor do empréstimo feito por
15000 <CHS> <g> <CF0 > -15.000,00
Cauã
Valor do primeiro pagamento feito
4500 <g> <CFj > 4.500,00
por Cauã
Valor do segundo pagamento feito
5000 <g> <CFj > 5.000,00
por Cauã
Valor do terceiro pagamento feito
3500 <g> <CFj > 3.500,00
por Cauã
Valor do quarto pagamento feito
5500 <g> <CFj > 5.500,00
por Cauã
Taxa interna de retorno mensal
<f> <IRR> 8,81
(em %)

102
Observemos que a taxa encontrada, IRR = 8,81% ao mês, seria a taxa necessária para
deixarmos equivalente o fluxo inicial (R$ 15.000,00) com a soma dos valores atualiza-
dos na data zero dos fluxos de pagamentos.

Exemplo 6: um componente eletrônico comercializado no valor de R$ 45.000,00 é total-


mente financiado para quitação em nove prestações mensais. As três primeiras devem 4
ser iguais a R$ 4.500,00, as duas seguintes, no valor de R$ 5.000,00, as três próximas,
de R$ 6.500,00 e a nona prestação, no valor de R$ 7.500,00. Dessa forma, qual a taxa
interna de retorno associada a essa operação de compra?

Solução: nesse caso, temos a seguinte disposição de passos, na HP 12C.

O QUE APARECE DESCRIÇÃO


FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO

<f> <REG> 0,00 Limpa os registradores

45000 <CHS> <g> <CF0 > -45.000,00 Valor do financiamento

4500 <g> <CFj > 4.500,00 Valor dos fluxos do primeiro grupo

Número de vezes que esse valor


3 <g> <Nj > 3,00
se repete

Valor dos fluxos do segundo


5000 <g> <CFj > 5.000,00
grupo

Número de vezes que esse valor


2 <g> <Nj > 2,00
se repete

6500 <g> <CFj > 6.500,00 Valor dos fluxos do terceiro grupo

Número de vezes que esse valor


3 <g> <Nj > 3,00
se repete

7500 <g> <CFj > 7.500,00 Valor do fluxo do quarto grupo

Taxa interna de retorno mensal


<f> <IRR> 2,16
(em %)

Deve ficar claro que a taxa IRR = 2,16% ao mês representa o custo efetivo da operação,
ou seja, a verdadeira taxa inserida na operação desse financiamento.

Figura 01.
A função <g> <CF0> da HP 12C guarda o valor do investimento inicial (valor
emprestado ou valor financiado) no registrador zero da calculadora (R0), enquanto
a função <g> <CFj> guarda os fluxos de caixa nos registradores R1, R2, R3, etc.

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 103


Análise de investimentos: valor presente e presente líquido, TIR e payback

Exemplo 7: Carlos é um típico consumidor brasileiro e comprou um objeto pelo siste-


ma de crediário (financiado). O pagamento deve ser feito em seis prestações mensais,
iguais e sucessivas, no valor de R$ 86,92. Sabendo-se que o valor financiado pela loja
equivale a R$ 340,00 e que a primeira prestação será quitada ao final do quarto mês
(três meses de carência), pede-se que você:
4

a) Desenhe o fluxo de caixa sob o ponto de vista do consumidor.

b) Identifique a taxa de juros cobrada pela loja.

Solução: nesse caso, temos que:

a) O fluxo de caixa sob o ponto de vista do consumidor Carlos é apresentado


na Figura 07, a seguir.

Figura 07. Representação geométrica (diagrama de fluxo de caixa) do projeto do exemplo.

340

4 9 (meses)

0 86,92

Fonte: elaborada pelo autor.

b) Resolvendo na HP 12C, temos a sequência de passos mostradas a seguir:

O QUE APARECE DESCRIÇÃO


FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO
<f> <REG> 0,00 Limpa os registradores
340 <g> <CF0 > 340,00 Valor financiado
0 <g> <CFj > 0,00 Valor dos fluxos do primeiro grupo
Número de vezes que esse valor
3 <g> <Nj > 3,00
se repete
86.92 <CHS> <g> <CFj > -86,92 Valor dos fluxos do segundo grupo
Número de vezes que esse valor
6 <g> <Nj > 6,00
se repete
Taxa de juros mensal cobrada
<f> <IRR> 6,91
pela loja (em %)

104
Assim, a taxa de juros, IRR = 6,91% ao mês, descreve o efetivo custo da operação em
questão levando em consideração o prazo de diferimento. Em outras palavras, observe
que o prazo de carência (períodos em que não ocorrem pagamentos) faz com que o
custo efetivo fique maior.

Exemplo 8: computemos o valor da taxa interna de retorno anual, relacionada a um 4


empréstimo feito por Carlos Henrique no valor de R$ 5.500,00, em uma instituição finan-
ceira privada, a ser liquidado em três pagamentos mensais equivalentes a R$ 1.500,00,
R$ 2.000,00 e R$ 2.500,00, respectivamente.

Solução: nesse caso, temos a seguinte disposição de passos, na HP 12C:

O QUE APARECE DESCRIÇÃO


FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO
<f> <REG> 0,00 Limpa os registradores

Valor do empréstimo feito por


5500 <CHS> <g> <CF0 > -5.500,00
Carlos Henrique
Valor do fluxo do primeiro grupo
1500 <g> <CFj > 1.500,00 de pagamento feito por Carlos
Henrique
Valor do fluxo do segundo grupo
2000 <g> <CFj > 2.000,00 de pagamento feito por Carlos
Henrique
Valor do fluxo do terceiro grupo
2500 <g> <CFj > 2.500,00 de pagamento feito por Carlos
Henrique

Taxa interna de retorno mensal


<f> <IRR> 4,12
(em %) – forma percentual

1 + a taxa interna de retorno


100 < ÷ > 1 <+> 1,04
mensal (forma unitária)

Taxa interna de retorno anual (em


12 <y > 1 <–> 100 <x> 62,33
%) – forma percentual

Exemplo 9: uma pequena empresa da área de logística deseja ampliar a sua área de
atuação. Para isso, estuda a implementação de um novo projeto estratégico de migra-
ção para outros estados. Assim, temos as seguintes informações:

Custo inicial = R$ 30.000,00

Valor residual = R$ 5.000,00

Vida econômica = 10 anos

Receita anual = R$ 13.000,00

Custo operacional anual = R$ 6.000,00

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 105


Análise de investimentos: valor presente e presente líquido, TIR e payback

Figura 01.
Segundo Castelo Branco (2015, p. 128), temos que o valor residual descreve uma
entrada de caixa diferente das padronizadas no último momento da operação
financeira em questão.

4 Qual a taxa interna de retorno (IRR) anual desse investimento realizado pela empresa
da área logística?

Solução: nesse caso, temos a seguinte disposição de passos, na HP 12C:

O QUE APARECE DESCRIÇÃO


FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO
<f> <REG> 0,00 Limpa os registradores

Investimento inicial feito pela


30000 <CHS> <g> <CF0 > -30.000,00
empresa
Valor do fluxo do primeiro grupo
7000 <g> <CFj > 7.000,00 (receita líquida anual) feito pela
empresa
Número de vezes que esse valor
9 <g> <Nj > 9,00
se repete
Valor do fluxo do segundo grupo
12000 <g> <CFj > 12.000,00
feito pela empresa
Taxa interna de retorno anual (em
<f> <IRR> 20,15 %) do projeto implementado pela
empresa

De outro modo, podemos caracterizar a taxa como segue:

O QUE APARECE DESCRIÇÃO


FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO
<f> <REG> 0,00 Limpa os registradores

Custo inicial do investimento feito


30000 <CHS> <PV> -30.000,00
por Alessandro

10 <n> 10,00 Vida econômica (em anos)

7000 <PMT> 7.000,00 Receita líquida anual

5000 <FV> 5.000,00 Valor residual

Taxa interna de retorno anual (em


<i> 20,15 %) do projeto implementado pela
empresa

106
Exemplo 10: um apartamento, em um bairro popular da cidade de Bragança Paulista
(SP), está sendo negociado por uma construtora por R$ 50.000,00 à vista ou liquidan-
do-se 30% desse valor no ato da assinatura do contrato e o restante em cinco paga-
mentos mensais, iguais e sucessivos, equivalentes a R$ 3.000,00, seguidos de mais
sete pagamentos mensais, iguais e sucessivos, de R$ 4.000,00. Qual o valor da taxa
4
de juros implícita inserida nessa operação de compra do apartamento em Bragança
Paulista (SP)?

Solução: o que deve ser evidenciado, em um primeiro momento é que a taxa implícita
de juros corresponde à taxa interna de retorno. Nesse caso, temos a seguinte disposi-
ção de passos, na HP 12C:

O QUE APARECE DESCRIÇÃO


FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO
<f> <REG> 0,00 Limpa os registradores

50000 <ENTER> 50.000,00 Valor à vista do apartamento

Valor financiado para a aquisição


30 <%> <–> <CHS> <g> <CF0 > 35.000,00
do apartamento
Valor dos fluxos do primeiro grupo
3000 <g> <CFj > 3.000,00
para pagamento do apartamento
Número de vezes que esse valor
5 <g> <Nj > 5,00
se repete
Valor dos fluxos do segundo grupo
4000 <g> < CFj > 4.000,00
para pagamento do apartamento
Número de vezes que esse valor
7 <g> < Nj > 7,00
se repete
Taxa de juros mensal (em %) do
<f> <IRR> 3,11 plano de aquisição do apartamen-
to em questão

4. A TAXA INTERNA DE RETORNO COMO INDICADOR


ASSOCIADO AO RISCO DE UM PROJETO EMPRESARIAL
A taxa interna de retorno (IRR ou TIR), segundo Camargos (2013), pode ser vista
como um indicador associado ao risco do negócio ou de dado projeto a ser implemen-
tado. O critério alicerçado na TIR também é de fácil entendimento. Entretanto, necessi-
tamos de uma conceituação inicial para que possamos descrevê-lo. Em verdade, é ne-
cessário, para atribuirmos o critério via TIR do conceito de taxa de mínima atratividade
(TMA), que descreveremos na sequência.

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 107


Análise de investimentos: valor presente e presente líquido, TIR e payback

5. FLUXO DE CAIXA E TAXA DE MÍNIMA ATRATIVIDADE


Na Contabilidade, uma projeção de fluxo de caixa demonstra todos os pagamentos (di-
reito) e recebimentos esperados em um determinado período de tempo. Dessa forma,
fluxo de caixa (cash flow) pode ser entendido como uma representação de entradas e
4 saídas de recursos financeiros no tempo. Essa forma de representação, muito utilizada
no estudo das finanças, permite uma visualização mais adequada do capital, possibi-
litando a realização de análises conforme a necessidade e interesse tanto do gestor
financeiro quanto do investidor.

A estruturação de um fluxo de caixa tem por base a Demonstração e Resultado do Exer-


cício (DRE) simplificada, conforme modelo apresentado abaixo:

DRE ANO 0 ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5

Capacidade de produção 100%

(=) Receita total 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

(-) Custo de Merc. vendidas 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

(-) Impostos 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

(=) Lucro bruto 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

(-) Despesas Financeiras 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

(-) Custos Variáveis 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

(-) Custos Fixos 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

(+) Outras Receitas 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

(=) Lucro Operacional 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

(-) Depreciação 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

(=) Lucro antes do IR 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

(-) Imposto de renda 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

(=) Lucro Líquido 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

108
DRE ANO 0 ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5

(-) Amortização 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

(+) Depreciação 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 4

(=) Fluxo de Caixa Líquido 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Fonte: elaborada pelo autor.

A fim de facilitar o entendimento, temos que o lucro bruto se refere à receita total re-
tirada dos valores dos impostos, e o lucro operacional é o lucro bruto menos as várias
despesas que sem a depreciação chega-se ao lucro antes do imposto de renda, cha-
mado de lucro tributável. Quando retiramos do lucro líquido a amortização (pagamento
da dívida) e acrescentamos a depreciação, chegamos ao fluxo de caixa líquido, base de
toda a análise financeira. É importante salientarmos que esse não é um modelo único,
mas apenas uma referência que apresentamos para nossos estudos.

Para que um investidor tenha condições de aceitar (considerar viável) ou rejeitar (con-
siderar inviável) determinado projeto de investimento, é indispensável que ele tenha,
à sua disposição, um elemento de comparação. Esse elemento de comparação, de-
nominado Taxa Mínima de Atratividade (TMA), representa o custo de oportunidade
do capital investido, que pode corresponder à taxa de aplicação básica no mercado
(caderneta de poupança, títulos do tesouro etc.), no caso de pessoas físicas, e ao custo
médio ponderado do capital, no caso de empresas.

Figura 01.
A taxa de mínima atratividade (TMA) seria a melhor taxa para uma organização,
com baixo grau de risco associado, disponível para aplicação do capital em estudo
(adaptado de Assaf Neto, 2017).

Portanto, a tomada de decisão, com relação ao ato de investir, sempre terá pelo menos
duas alternativas a serem interpretadas pela empresa ou organização: investir no ca-
pital ou investir na taxa de mínima atratividade. Segundo Hoji (2016), é preciso ficar
claro que a definição de riqueza gerada deve levar em conta somente o que excedeu
sobre aquilo que a empresa já tem, isto é, o que será obtido além da aplicação do ca-
pital na taxa de mínima atratividade (TMA). Vale ressaltar que, cada indivíduo e cada
empresa, têm uma taxa mínima de atratividade diferente. No caso de empresas, essa
taxa varia de acordo com o seu ramo de negócio e com a sua estrutura de capital.

Nesse sentido, o critério de decisão sobre a implementação ou não de um projeto via


TIR é apresentado na Figura 08.

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 109


Análise de investimentos: valor presente e presente líquido, TIR e payback

Figura 08. O critério da viabilidade de um projeto tendo como referência a taxa interna de retorno.

TIR > TMA => Indica que há mais ganho


investindo-se no projeto do que na TMA
4
Conclusão via TIR
Fonte: elaborada pelo autor.

Na gestão financeira e, por conseguinte, na análise de investimentos, tal definição há


muito defendida pelos gestores econômicos, é frequentemente conhecida como lucro
residual. No cotidiano do mercado financeiro, uma variação dessa definição de exce-
dente tem sido chamada de Valor Econômico Agregado ou Economic Value Added
(EVA). De outra forma, o alicerce de estabelecimento de uma estimativa para a TMA é
uma taxa de juros inserida no mercado financeiro. Comumente, as taxas de juros que
mais são utilizadas como TMA são:

 Selic;

 Taxa Básica Financeira (TBF);

 Taxa Referencial (TR);

 Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP);

 Taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia.

Figura 01.
Em verdade, quando se comenta sobre investimento em nível empresarial
isso significa, em linhas contábeis, um desembolso feito com o intuito de gerar
um fluxo de benefícios futuros, frequentemente superior a doze meses. Além
disso, a grande área de aplicação dos métodos de investimentos empresariais
está associada ao mecanismo de obtermos indicadores usados na seleção
de alternativas de investimentos e, mais atualmente, na compreensão e
caracterização do impacto desses investimentos no EVA (Economic Value
Added) de departamentos de negócios.

Vejamos alguns exemplos de aplicabilidade do cálculo da taxa interna de retorno sendo


visualizada como um indicador para a caracterização da viabilidade de diversos proje-
tos empresariais.

Exemplo 11: uma empresa da área computacional cuja taxa de mínima atratividade,
após o imposto de renda, é de 12% ao ano, está averiguando a viabilidade financeira
de um novo investimento. O fluxo de caixa anual do projeto de investimentos em análise
está representado no DFC mostrado na Figura 09, a seguir:

110
Figura 09. Representação geométrica do diagrama de fluxo de caixa do exemplo.

30 50 70 90 110 130 130 130 130

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

380

Fonte: elaborada pelo autor.

Considerando o contexto apresentado, caracterize os indicadores de valor presente


líquido e taxa interna de retorno e argumente sobre a atratividade do projeto, com base
nesses dois indicadores.

Solução: nesse caso, temos a seguinte disposição de passos, na HP 12C.

O QUE APARECE DESCRIÇÃO


FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO
<f> <REG> 0,00 Limpa os registradores
380 <CHS> <g> <CF0> - 380,00 Fluxo de caixa na data zero
30 <g> <CFj> 30,00 Fluxo de caixa na data 1
50 <g> <CFj> 50,00 Fluxo de caixa na data 2
70 <g> <CFj> 70,00 Fluxo de caixa na data 3
90 <g> <CFj> 90,00 Fluxo de caixa na data 4
110 <g> <CFj> 110,00 Fluxo de caixa na data 5
130 <g> <CFj> 70,00 Fluxo de caixa que se repete
Número de vezes que o último
4 <g> <Nj> 4,00
fluxo de caixa se repete
12 <i> 12,00 Taxa de juros da operação
f <NPV> 80,14 Valor presente líquido

Agora vamos determinar o valor da taxa interna de retorno como segue.

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 111


Análise de investimentos: valor presente e presente líquido, TIR e payback

O QUE APARECE DESCRIÇÃO


FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO
<f> <REG> 0,00 Limpa os registradores
380 <CHS> <g> <CF0> - 380,00 Fluxo de caixa na data zero
4
30 <g> <CFj> 30,00 Fluxo de caixa na data 1

50 <g> <CFj> 50,00 Fluxo de caixa na data 2

70 <g> <CFj> 70,00 Fluxo de caixa na data 3

90 <g> <CFj> 90,00 Fluxo de caixa na data 4


110 <g> <CFj> 110,00 Fluxo de caixa na data 5
130 <g> <CFj> 70,00 Fluxo de caixa que se repete
Número de vezes que o último
4 <g> <Nj> 4,00
fluxo de caixa se repete
Valor da taxa interna de retorno
f <IRR> 16,19
anual (em %) – forma unitária

Por fim, podemos concluir que, tanto pelo valor presente líquido NPV (já que NPV = 80,14 > 0)
quanto pela taxa interna de retorno IRR (IRR = 16,19% a.a. > 12% a.a.), podemos comprovar
que o projeto em questão é atrativo para a organização, ou seja, ele deve ser implementado.
De outro modo, concluímos que o projeto em questão é rentável e apresenta um baixo risco.

6. PAYBACK SIMPLES E PAYBACK DESCONTADO

6.1. PAYBACK SIMPLES


Quando desejamos conhecer o tempo para recuperação do investimento inicial, ou seja,
quantos períodos decorrerão até que os fluxos de caixa previstos se igualem ao investimen-
to inicial, utilizamos o indicador payback simples (PBS). Esse indicador é utilizado para
identificar o tempo de recuperação de investimento do ponto de vista contábil e não pondera
o custo do capital/taxa mínima de atratividade, sendo esse seu grande defeito. Não pode-
mos considerar um projeto como viável somente tomando como referência esse indicador.

O cálculo do payback simples é feito por meio de subtrações sucessivas entre o investimen-
to inicial e os respectivos retornos, até o momento em que os retornos superem o investi-
mento (inversão do sinal na operação). Se o resultado não for exatamente “zero”, estrutu-
ramos uma regra de três, simples, para calcularmos o tempo exato da inversão de sinal.

Exemplo 12: uma empresa fez um investimento, no momento zero, de R$ 150.000,00,


obtendo o retorno de R$ 60.000,00, do ano 1 até o ano 5, conforme o quadro a seguir.
Calcule o payback simples desse fluxo.

112
j FCj SALDO OU BALANÇO (Sj)
0 - R$ 150.000 - R$ 150.000

1 + R$ 60.000 - R$ 90.000
4
2 + R$ 60.000 - R$ 30.000

3 + R$ 60.000 + R$ 30.000

4 + R$ 60.000 + R$ 90.000

5 + R$ 60.000 + R$ 150.000

Solução: observe que, entre o segundo e o terceiro ano da vigência do projeto, a coluna
do saldo (balanço) mostra que o somatório dos fluxos de caixa se iguala ao investi-
mento inicial (o saldo passa de negativo para positivo). Para finalizar o cálculo do PBS,
elaboramos uma regra de três:

1 ------ 60.000 (a variação de 1 ano é de 60.000,00 – ano 2 para ano 3).

x ------ 30.000 (o prazo para o valor ser “zero” é x e o valor para se chegar ao zero é 30.000).

Resolvendo a regra de três, temos:

R$ 30.000 0,5 ano, que corresponde a 180 dias, portanto, o tempo de retorno
= do capital investido pelo PBS é de 2,5 anos.
R$ 60.000
6.2. PAYBACK DESCONTADO
O payback descontado (PBD) é similar ao payback simples. A diferença está no fato
de que antes de efetuarmos as subtrações sucessivas, de forma a encontrarmos o pra-
zo em que há inversão dos sinais do fluxo de caixa, é necessário calcularmos os valores
descontados a uma determinada taxa de mínima atratividade (TMA).

Esse indicador é utilizado para identificar o tempo de recuperação de investimento, con-


siderado o custo do capital/taxa mínima de atratividade. O indicador payback desconta-
do é utilizado como complemento do indicador valor presente líquido (VPL). A fórmula
para calcularmos o valor descontado é de desconto racional composto, ou a do cálculo
do capital nos juros compostos. Assim:

N
Va =
(1 + i)n

Exemplo 13: considerando o fluxo de caixa do Exemplo 12 e a taxa mínima de atrativi-


dade (TMA) de 12% ao ano, calcule o PBD.

Solução: nesse caso, temos que:

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 113


Análise de investimentos: valor presente e presente líquido, TIR e payback

Cálculo do valor presente do primeiro retorno estimado em R$ 60.000:


FC j R$ 60.000,00
Va 1 = = = R$ 53.571
(1 + TMA) (1 + 0,12)
j

4 Cálculo do valor presente do segundo retorno estimado em R$ 60.000:


FC j R$ 60.000,00
Va 2 = = = R$ 47.832
(1 + TMA) (1 + 0,12) 2
j

Cálculo do valor presente do terceiro retorno estimado em R$ 60.000:


FC j R$ 60.000,00
Va 3 = = = R$ 42.707
(1 + TMA) (1 + 0,12) 3
j

Cálculo do valor presente do quarto retorno estimado em R$ 60.000:

FC j R$ 60.000,00
Va 4 = = = R$ 38.131
(1 + TMA) (1 + 0,12) 4

Cálculo do valor presente do quinto retorno estimado em R$ 60.000:


FC j R$ 60.000,00
Va 5 = = = R$ 34.046
(1 + TMA) (1 + 0,12) 5

SALDO OU
J FCj PVj DO FCj
BALANÇO (Sj)
0 - R$ 150.000 - R$ 150.000 - R$ 150.000

1 R$ 60.000 + R$ 53.571 - R$ 96.429

2 R$ 60.000 + R$ 47.832 - R$ 48.597

3 R$ 60.000 + R$ 42.707 - R$ 5.890

4 R$ 60.000 + R$ 38.131 + R$ 32.241

5 R$ 60.000 + R$ 34.046 + R$ 66.287

Observe que, entre o terceiro e o quarto ano da vigência do projeto, a coluna do saldo
(balanço) mostra que o valor presente dos fluxos de caixa se iguala ao investimento
inicial (o saldo passa de negativo para positivo). Para finalizar o cálculo do PBD, estru-
turamos uma regra de três conforme foi feito na PBS:

(somamos os valores,
38.131 (5.890 + 32.241) ------ 1 ano
pois é a diferença deles)
5.890 ------ x
x = 5.890/38.131
x = 0,15

114
Logo:

PBD = 3+0,15 = 3,15 anos, ou seja, 3 anos, 1 mês e 24 dias (tomado como base o
ano com 360 dias). Para chegarmos a 1 mês e 24 dias, são montadas regras de três
simples novamente.
4
7. ÍNDICE BENEFÍCIO-CUSTO (IB/C)
O índice benefício-custo é o indicador que permite encontrar a relação existente entre
o valor presente dos fluxos de caixa esperados (benefícios) e o investimento inicial
(custos). Entretanto, é um indicador que não deve ser utilizado isoladamente nem para
comparar projetos, pois pode nos induzir a uma seleção não adequada. O índice bene-
fício-custo, para projetos convencionais, é dado por:

[ FCj
[
n
Σ (1 + TMA)j
j=1
IB/C =
FC0

Observe que o IB/C nada mais é do que a soma dos retornos na data zero, divididos
pelo investimento inicial sem considerarmos o seu sinal. A fórmula apresentada facilita
o cálculo, que também pode ser feito isoladamente. Nesse caso, o cálculo poderia tam-
bém ser feito por série de pagamentos, pois os retornos são todos iguais e estão distri-
buídos de forma uniforme no tempo. Infelizmente, na prática, não é isso o que ocorre.

A Tabela 01 nos mostra os elementos e a notação para o IBC.

Tabela 01. Elementos/notação.

ELEMENTOS NOTAÇÃO
Índice benefício-custo IB/C

Fluxo de caixa esperado (benefício) do j-ésimo período FCj

Fluxo de caixa (investimento no tempo zero) FC0

Períodos de avaliação n

Taxa mínima de atratividade TMA

Fonte: elaborada pelo autor.

Exemplo 14: considerando o enunciado do Exemplo 12 e a taxa mínima de atratividade


(TMA) de 12% ao ano, calcule o IB/C.

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 115


Análise de investimentos: valor presente e presente líquido, TIR e payback

[ [
n FCj
Σ
j=1 (1 + TMA)J
60.000
+
60.000
+
60.000
+
60.000
+
60.000

IB/C = = (1 + 0,12)1 (1 + 0,12)1 (1 + 0,12)1 (1 + 0,12)1 (1 + 0,12)1


FC0 150.000

4 53.571 + 47.832 + 42.707 + 38.131 + 34.046 = R$ 216.287 = 1, 44


IB/C= R$ 150.000
150.000

Podemos interpretar o índice 1,44 da seguinte forma: para cada unidade monetária (R$
1,00) investida no projeto, retornam à unidade monetária mais 0,44 centavos (R$ 0,44).

Figura 01.
Perceba que o cálculo também poderia ser realizado da forma como foi feito para o
cálculo do payback descontado, pois a lógica é a mesma.

Vejamos agora o cálculo via a HP 12C.

Cálculo utilizando a HP 12C por fluxo de caixa:

O QUE APARECE DESCRIÇÃO


FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO
<f> <CLX> 0,00 Limpa os registradores

<g><CFo> 0,00 Fluxo de caixa na data zero

<g><CFj> 60.000 Fluxo de caixa na data 1


Número de vezes que o último fluxo de
<g><Nj> 5
caixa se repete
<i> 12 Taxa de juros da operação

<f><NPV> 216.286,5721 Somatória Série de Pagamentos

÷ 150.000 Investimento

1,4419

Cálculo utilizando a HP 12C por série de pagamentos:

O QUE APARECE DESCRIÇÃO


FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO
<f> <CLX> 0,00 Limpa os registradores

<g><END> 0,00 Anuidades comuns

<FV> 0 Valor Futuro


<V
60.000 Parcela
<CHS><PMT>
<n> 5 Número de períodos

<i> 12 Taxa de juros

116
O QUE APARECE DESCRIÇÃO
FUNÇÕES
NO VISOR? DA FUNÇÃO
<PV> 216.286,5721 Somatória Série de Pagamentos

÷ 150.000 Investimento
4
1,4419

8. O MÉTODO DA ANUIDADE UNIFORME EQUIVALENTE


Segundo Assaf Neto (2017), é de extrema relevância para todo o estudo específico so-
bre aplicação de capital que seja baseado dentro do contexto de um horizonte de tempo
de planejamento uniforme.

Em outras palavras, isso nos sugere que, para os projetos poderem ser direcionados
a uma comparação, é necessário que sejam comparáveis. Todavia, sendo o VPL uma
ferramenta útil para avaliar alternativas de investimento com base na rentabilidade, ele
não responde a todas as indagações sobre a vantagem econômica de uma alternativa
em relação à outra, que tenha duração prevista distinta.

Podemos ilustrar o problema analisando duas alternativas de prazos distintos, em que


A e B poderiam ser tipos de componentes que realizam o mesmo trabalho, sendo que
A tem vida útil de 1 ano e B, de 3 anos. Observemos a Tabela 02 ilustrativa a seguir.
Tabela 02. Fluxo de caixa das alternativas A e B do exemplo.

ALTERNATIVA ANO 0 ANO 1 ANO 2 ANO 3 TIR VPL (10%)


A – R$10 R$13 30,00% R$1,82

B -R$10 R$5 R$5 R$5 23,38% R$2,43

Fonte: elaborada pelo autor.

Percebemos, no quadro, que a escolha pela taxa interna de retorno e pelo valor presen-
te líquido é discordante. Pela TIR, a alternativa A deveria ser escolhida, enquanto pelo
VPL, deveria ser a alternativa B.

Se referenciarmos o VPL como critério ótimo de seleção, a alternativa B será es-


colhida. Entretanto, argumentamos que a solução válida requer que as alternativas
sejam levadas para um horizonte econômico habitual ou comum. Para tal, seria ne-
cessário admitirmos que o componente A possa ser substituído uma ou mais vezes,
ao fim de sua vida útil, por outro idêntico, até que seu horizonte econômico seja
igualado ao da alternativa B.

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 117


Análise de investimentos: valor presente e presente líquido, TIR e payback

Figura 01.
O procedimento citado no texto é denominado frequentemente no mercado financeiro
regra da cadeia. Os horizontes econômicos das duas alternativas são igualados em
alguma data futura que seja equivalente ao mínimo múltiplo comum (m.m.c.) dos
prazos de ambas (adaptado de Assaf Neto, 2017).
4
Na presente ilustração, os horizontes se equivalem no terceiro ano, após duas substi-
tuições do equipamento A.
Figura 10. Horizonte das alternativas A e B.

$13
0
1 Quais as consequências aqui? 3 Alternativa A
$10

$5

0
1 2 3 Alternativa B
$10
Horizonte econômico
Fonte: elaborada pelo autor.

A Tabela 03 evidencia o fluxo de caixa da alternativa A, já considerando as substituições


consecutivas necessárias para igualar seu horizonte econômico ao da alternativa B.

Tabela 03. Fluxo de caixa da alternativa A após as substituições


para igualar com o horizonte da alternativa B.

ANO 0 ANO 1 ANO 2 ANO 3 VPL (10%)

Fluxo da Máquina A – R$10,00 R$13,00 - - -

1a substituição
- – R$10,00 R$13,00 -
de A

2a substituição
- - – R$10,00 R$13,00 -
de A

Fluxo de caixa
– R$10,00 R$3,00 R$3,00 R$13,00 R$4,97
líquido

Fonte: elaborada pelo autor.

Notemos que, sendo equivalentes os horizontes econômicos das duas alternativas, por
intermédio da repetição sucessiva da alternativa de menor duração, a alternativa A pas-
sa a ser mais aconselhável, dado que o VPL de A, com suas duas substituições, agora
é maior em relação ao VPL de B (R$4,97 > R$2,43).

De modo consequente, na comparação de alternativas de duração distinta, a aplica-


ção direta do método do VPL como critério de escolha, sem igualar a priori os horizontes

118
econômicos das alternativas, pode resultar em decisões incoerentes com a maximiza-
ção do valor da organização.

Como os horizontes econômicos das alternativas são igualados em um período igual ao


mínimo múltiplo comum (m.m.c.) de seus prazos, seria um trabalho cansativo aplicar-
mos essa argumentação se, por exemplo, a duração da alternativa A fosse 18 anos e 4
a de B fosse igual a 42 anos. Isso porque os horizontes econômicos seriam igualados
somente no 126º ano, o que resultaria em sete repetições sucessivas para A e três para
B, que aumentaria, de forma considerável, os cálculos envolvidos no processo.

Assim, uma metodologia alternativa, mais prática em relação à de substituições ou re-


petições sucessivas, é a conhecida como anuidade equivalente (AE). Esse indicador
financeiro, em verdade, nos mostra de que maneira seria distribuída a renda econômica
gerada pelo projeto se a associada distribuição fosse equivalente para cada ano. Em
outras palavras, equivale a dividir o VPL ao longo da vida útil do projeto, modificando-o
em uma série uniforme equivalente, que pode ser, obviamente, comparada entre proje-
tos de duração distinta.

Segundo Assaf Neto (2017), a anuidade equivalente (AE) pode ser calculada por meio
da seguinte expressão matemática:

AE = VPL
a n |K%

Onde:

a n |K% = fator de valor presente de séries uniformes =


AE = anuidade equivalente;
[ (1 + k)n -1
(1 + k) n -k [
K = custo do capital;

n = prazo de alternativas;

Na nossa ilustração, as AEs das alternativas A e B são as seguintes:

VPL = R$1,82
AEA = a = R$ 2,00 / ano
1|10%
[ (1,10)1 - 1
(1,10)1 x 0,10 [
VPLB R$2,43
AEB = = = R$ 0,98 / ano
a3|10%
[ (1,10)3 - 1
(1,10)3 x 0,10 [

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 119


Análise de investimentos: valor presente e presente líquido, TIR e payback

Como AEA é maior do que AEB , temos que a alternativa A é mais favorável. AE denota como
o VPL, criação de valor. Selecionamos a alternativa que gera mais valor por unidade de
tempo. A metodologia de AE não coloca, de forma explícita, a repetição das alternativas,
como o faz o processo de substituições sucessivas, mas sim de modo implícito.
4 De outro modo, a metodologia supõe, implicitamente, que as alternativas serão substi-
tuídas por outras equivalentes ao término de seu prazo. Essa hipótese poderá ser lógica
e terá alguma consistência, se a dinâmica das modificações tecnológicas do equipa-
mento for muito lenta e todas as outras condições permanecerem inalteradas.
Figura 01.
ROIA: é conhecido como retorno operacional sobre o investimento, sendo
encarado como o ganho extra obtido mediante determinado investimento (adaptado
de Ferreira, 2014, p. 98).
Índice IBC: é conhecido como sendo as expectativas de ganho por unidade de
capital investida no âmbito de tempo de todo o horizonte da operação (adaptado de
Oliveira, 2013, p. 104).
Ponto de Fischer: na ótica da análise de investimentos, o ponto de Fischer pode ser
encarado como a localidade em que é indiferente a escolha dos projetos (adaptado
de Pompeo, 2014, p. 110).
Para maiores detalhes e mais exemplos sobre tais indicadores, você pode pesquisar
em Puccini (2017, p. 118-143).

CONCLUSÃO
Vimos que os indicadores de mensuração da viabilidade de projetos empresariais po-
dem ser classificados segundo dois tipos, sendo que uma parte deles mensura a ren-
tabilidade do projeto em si (em que citamos o valor presente líquido), enquanto outros
descreve o risco associado ao projeto propriamente dito (em que citamos a taxa interna
de retorno). É importante ficar claro que, para tal abordagem, independentemente do
grupo em questão, se torna necessário o conhecimento pleno dos regimes de capitali-
zação, séries de anuidades e sistemas de amortização.

REFERÊNCIAS
1. ALMEIDA, Jarbas Thaunahy Santos de. Matemática fi- conceitos econômicos e cálculo diferencial: utilização da HP-
nanceira. Rio de Janeiro: LTC, 2016. -12C e planilha Excel. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
2. ASSAF NETO, Alexandre. Matemática financeira: edição 7. FERREIRA, Roberto G. Matemática financeira aplicada:
universitária. São Paulo: Atlas, 2017. mercado de capitais, administração financeira, finanças pes-
3. CAMARGOS, Marcos Antônio de. Matemática financeira: soais. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
Aplicada a produtos financeiros e à análise de investimen- 8. OLIVEIRA, Gustavo Faria de. Matemática financeira
tos. São Paulo: Saraiva, 2013. [Minha Biblioteca]. descomplicada: para os cursos de economia, administração
4. CASTELO BRANCO, Anísio Costa. Matemática financei- e contabilidade. São Paulo: Atlas, 2013.
ra aplicada: método algébrico, HP-12C, Microsoft Excel®. 4. 9. POMPEO, José Nicolau; HAZZAN, Samuel. Matemática
ed. São Paulo: Cengage Learning, 2015. financeira. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
5. HOJI, Masakazu. Matemática financeira: didática, objeti- 10. PUCCINI, Abelardo de Lima. Matemática financeira: ob-
va e prática. São Paulo: Atlas, 2016. [Minha Biblioteca]. jetiva e aplicada. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
6. FEIJÓ, Ricardo Luís Chaves. Matemática financeira com

120
4

Matemática Financeira e Análise de Investimentos 121

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