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TABACO

O tabaco é obtido a partir de duas espécies vegetais, a Nicotiana tabacum e a


Nicotiana rustica, nativas dos Andes peruanos e equatorianos, da qual é extraída uma
substância chamada nicotina, seu princípio ativo. Ainda encontram-se substâncias muito
tóxicas, como por exemplo, terebintina, formol, amônia, naftalina, entre outras.
A nicotina presente nas folhas de tabaco é a substância que produz a
dependência (necessidade de consumir) e a síndrome de abstinência, gerando também a
tolerância (necessidade crescente da substância para atingir o efeito desejado).
O tabaco pode ser utilizado de diversas formas, sendo que podem ser divididos
em produtores e não produtores de fumaça. Dentre as formas que produzem fumaça
estão: cigarro, narguilé, charuto e cachimbo. As formas de apresentação do tabaco que
não produz fumaça são os preparados para mascar ou absorvidos pela mucosa oral ou
nasal.
A nicotina é bem absorvida pelas vias respiratórias, pela mucosa bucal e pele e
pouco absorvida pelo estômago. Quando inalada ela é rapidamente absorvida pela via
pulmonar e atinge o SNC alguns segundos por meio da circulação arterial.
Aproximadamente 80 a 90% da nicotina é biotransformada principalente no fígado,
sendo que a cotinina é o principal metabólito. A nicotina e seus metabólitos são
rapidamente excretados pelos rins, sendo que a velocidade de excreção da mesma
depende do pH da urina. As ações farmacológicas da nicotina são em geral
imprevisíveis, pois se fazem, ao mesmo tempo, sobre vários sistemas efetores, com
ações estimulantes e depressoras sequenciais e dose dependentes. . O uso de altas doses
de nicotina tem rápido efeito estimulante seguido de efeito depressor duradouro. Estas
diferentes ações farmacológicas interagem no mecanismo de atuação de vários
fármacos, como benzodiazepínicos, insulina e analgésicos. A nicotina, assim como
outras drogas que geram dependência, ativa o sistema dopaminérgico, ação que aumenta
o estado de atenção e sensação de bem estar, aumenta a capacidade de memória e
provoca dependência.
O tabaco apresenta também suas formas de toxicidade: aguda e crônica, sendo
que a primeira ocorre quando uma grande quantidade de tabaco é ingerida de uma única
vez. A dose letal por via oral em humanos é provavelmente menos do que 5 mg/kg.
Supõe-se que a ingestão de 40 a 60 mg de nicotina é letal para os humanos. As
intoxicações e mortes por ingestão de nicotina em seres humanos são ocasionadas
principalmente por pesticidas contendo nicotina. O envenenamento por
nicotina provoca náuseas, vômitos, dor abdominal, diarreia, dores de cabeça, sudorese e
palidez. Em casos mais graves o envenenamento leva a tonturas, fraqueza e confusão,
evoluindo para convulsões, hipotensão e coma. A morte nestes casos deve-se
geralmente à paralisia dos músculos respiratórios e/ou insuficiência respiratória. A
exposição dérmica a nicotina também pode levar à intoxicação. Tais exposições têm
sido descritas após o contato com inseticidas contendo nicotina na pele ou na roupa e,
como consequência de contato ocupacional com folhas de tabaco. Intoxicação aguda
pode ocorrer em crianças após a ingestão de materiais de tabaco. A segunda forma de
toxicidade é ocasionada pelo tabagismo, que pode provocar doenças cardiovasculares,
doença pulmonar obstrutiva crônica, cancro, úlceras pépticas e distúrbios no sistema
reprodutor.

As implicações gerais na forma de uso do tabaco no qual há a produção de


fumaça ocorrem na voz e na saúde da laringe como um todo, uma vez que o tabagismo
está relacionado a 30% das mortes por câncer. É fator de risco para desenvolver
carcinomas no esôfago, aparelho respiratório, estômago, pâncreas, cérvix uterina, rim e
bexiga.

Quanto às implicações odontológicas, a constância do uso do tabaco é um risco


para uma série de doenças bucais. Os principais danos seriam o câncer de boca, a
doença periodontal, a halitose, o escurecimento dos dentes e das mucosas. Os fumantes
têm um acúmulo maior de placa bacteriana que seria o principal fator de aparecimento
de algumas doenças, já que o tabaco agride as células da mucosa da boca diminuindo a
cicatrização e a defesa, ficando, com isso, mais sujeita à ação de bactérias, vírus e
fungo, além de conter substâncias carcinogênicas que aumentam a probabilidade do
desenvolvimento de câncer bucal. O cigarro, por exemplo, diminui a secreção salivar a
qual é extremamente importante na proteção bucal e até mesmo na diminuição do risco
de cárie. A sensação de boca seca, chamada de xerostomia, causa dificuldade na
mastigação e na deglutição dos alimentos, além de interferir na retenção de próteses
totais. Pode haver alterações no olfato e atrofia das papilas gustativas do dorso da
língua, ocasionando diminuição do paladar, especialmente de alimentos salgados, pode
haver ainda mau hálito persistente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DE ASSIS VIEGAS, Carlos Alberto. “Formas não habituais de uso do tabaco”. Jornal
Brasileiro de Pneumologia, v. 34, n.12 (2008).
DA SILVA APARECIDO, Saulo. “Malefícios causados pelo tabaco na cavidade bucal”.
Universidade Federal de Minas Gerais (2012).
NUNES, Sandra Odebrecht Vargas et al. A dependência do tabaco. Tabagismo:
Abordagem, prevenção e tratamento. Londrina: Eduel, p.41-54, 2010.

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